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Aula 03

TJDFT (Analista Judiciário - Sem


Especialidade) Direito Processual Penal -
2022 (Pós-Edital)

Autor:
Renan Araujo

06 de Fevereiro de 2022
Renan Araujo
Aula 03

Índice
1) Jurisdição
..............................................................................................................................................................................................3

2) Competência em Razão da Matéria


..............................................................................................................................................................................................8

3) Competência Territorial
..............................................................................................................................................................................................
12

4) Competência em Razão da Pessoa


..............................................................................................................................................................................................
18

5) Da Conexão e da Continência
..............................................................................................................................................................................................
24

6) Questões Comentadas - Jurisdição e Competência - FGV


..............................................................................................................................................................................................
32

7) Lista de Questões - Jurisdição e Competência - FGV


..............................................................................................................................................................................................
50

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​ JURISDIÇÃO

Conceito

O Estado, enquanto poder soberano, exerce três grandes funções: Administrativa, legislativa e
jurisdicional. A primeira é exercida pelo Executivo, a segunda pelo Legislativo e a terceira pelo
Judiciário. No estudo de Direito Constitucional vocês verão que, na verdade, cada um dos
Poderes da República exerce primordialmente uma função, e não exclusivamente. Entretanto,
para o nosso estudo, basta que vocês saibam isso.

Dentre estas funções, como eu disse acima, ao Judiciário cabe a função jurisdicional. Mas em que
consiste a função jurisdicional? Para entendermos, vamos à etimologia da palavra.

Jurisdição deriva do latim, iuris dictio, que significa DIZER O DIREITO. Partindo desta premissa,
podemos conceituar a Jurisdição como:

A atuação do Estado consiste na aplicação do Direito vigente a um caso


concreto, resolvendo-o de maneira definitiva, cujo objetivo é sanar uma crise
jurídica e trazer a paz social.

E o que seriam a CIRCUNSCRIÇÃO e a ATRIBUIÇÃO?

● Atribuição – É a “competência” conferida a autoridades administrativas para a


prática de determinada função. Assim, o Delegado de Polícia possui atribuição, e não
competência, pois o termo competência se restringe aos órgãos jurisdicionais.
● Circunscrição – A circunscrição é o espaço territorial em que uma autoridade
policial (Delegado de Polícia) exerce sua atribuição.

A finalidade da jurisdição, ou seu escopo, é trazer a paz social. Entretanto, essa é sua finalidade
social. Ela possui, ainda, pelo menos duas outras finalidades.

A jurisdição possui um escopo jurídico, que é resolver o imbróglio jurídico que perdura, dizer
quem tem o direito no caso concreto, segundo o sistema jurídico vigente. O fortalecimento do
senso de democracia participativa também se insere nesse escopo da jurisdição, quando falamos,
por exemplo, da Ação Popular (que também possui previsão para o a seara penal).

Possui também, uma finalidade política, que é a de fortalecer a imagem do Estado como
entidade soberana, que tem o poder de dizer quem está certo e fazer valer essa decisão.

Por fim, a jurisdição possui um escopo educacional ou pedagógico, que, no processo penal, tem
por finalidade transmitir à população a aplicação prática do Direito, fazendo com que a
população se torne cada vez mais consciente daquelas condutas que são penalmente tuteladas
(parte da Doutrina entende como sendo integrante do escopo social).

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Características da Jurisdição

Inércia

O Princípio da inércia da jurisdição significa que o Estado-Juiz só se movimenta, só presta a


tutela jurisdicional se for provocado, se a parte que alega ter o direito lesado ou ameaçado
acioná-lo, requerendo que exerça seu Poder jurisdicional.

Entretanto, existem exceções. Vocês não precisam saber todas. O que vocês precisam saber é
que há exceções, e isso basta. Uma delas é a possibilidade que o Juiz tem de, ex officio (sem
provocação), conceder a ordem de Habeas Corpus, sempre que a pessoa estiver presa mediante
abuso de poder ou ilegalidade. Nos termos do art. 654, § 2° do CPP:

§ 2º Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de


habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou
está na iminência de sofrer coação ilegal.

A jurisdição é inerte por alguns motivos, dentre eles:

● Um conflito jurídico pode não ser um conflito social, e não cabe ao Juiz criar um.
● Um Juiz que dá início a um processo, mal ou bem, está a indicar para qual lado tende a
julgar, e isso violaria o princípio da imparcialidade de Juiz.

Assim, não pode um Juiz dar início a um processo (salvo as raríssimas exceções legais), sob pena
de violação a este princípio da Jurisdição.1

Depois de ajuizada a ação, e consequentemente, provocado o Judiciário, a inércia da jurisdição


tem fim, e o processo é conduzido por impulso oficial (sem que haja necessidade de provocação
das partes). Entretanto, embora não haja necessidade de provocação das partes para que o
processo tramite, em algumas situações, o desenvolvimento dependerá da colaboração das
partes. Tanto é que a inércia do querelante, nas ações penais privadas, por determinado lapso
temporal, gera o fenômeno da perempção, já estudado.

Fato é que, embora a parte deva, em alguns casos, colaborar para o trâmite do processo, após a
movimentação do Estado-Juiz, a parte SEMPRE TERÁ UMA SENTENÇA. Entretanto, a simples
provocação do Estado-Juiz não garante ao autor uma SENTENÇA DE MÉRITO (Mais à frente
estudaremos as diferenças entre ambas).

1
Um Juiz não pode dar início a um processo sem que haja provocação, nem julgar um pedido que não foi feito,
porque isso seria uma burla ao princípio da inércia. Suponhamos que Pedro tenha sido denunciado pela prática de
um crime de homicídio. Não pode o Juiz, valendo-se da denúncia oferecida, condená-lo, ainda, por um roubo
cometido em outro momento, e que não fora objeto da denúncia, SIMPLESMENTE PORQUE ISSO NÃO FOI
OBJETO DA AÇÃO. Isso é o que se chama de princípio da adstrição, ou congruência, que é um dos corolários da
inércia da jurisdição.

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Caráter substitutivo

Diz-se que a jurisdição possui caráter substitutivo porque a vontade do Estado (vontade da lei)
substitui a vontade das partes. Entretanto, nem sempre isso ocorre, visto que, como já dissemos,
existem ações em que a vontade do Estado ao prestar a tutela jurisdicional não substituirá a das
partes, por coincidirem. Ex: Imaginem que o MP denuncia A, por homicídio em face de B. A, no
entanto, concorda com a punição e a reconhece como merecida e justa, não se importando em
ser preso, pois matara o assassino de seu irmão.

Definitividade

Como o próprio nome indica, meus caros alunos, a jurisdição é dotada de definitividade, ou seja,
em um dado momento, a decisão prestada pelo Estado-Juiz será definitiva, imodificável.

Claro que essa definitividade só ocorrerá se a demanda for apreciada no mérito. Se estivermos
diante de uma sentença meramente terminativa (que não aprecia o mérito da demanda), esta não
fará coisa julgada material, logo, a tutela jurisdicional prestada não será definitiva. POR ISSO SE
DIZ QUE AS SENTENÇAS DE MÉRITO SÃO DEFINITIVAS. Entretanto, alguns doutrinadores
entendem que no caso de não haver sentença de mérito, NÃO HÁ JURISDIÇÃO!

CUIDADO! Nos processos em que há sentença condenatória, esta nunca faz coisa julgada
material, pois, a qualquer tempo, pode ser promovida a revisão criminal, desde que preenchidos
alguns requisitos, nos termos do art. 621 e 622 do CPP.

Princípios da Jurisdição

Investidura

Para se exercer a Jurisdição, deve-se estar investido do Poder jurisdicional. Como esse Poder
pertence ao Estado, ele é quem delega esse Poder aos seus agentes. Essa delegação do Poder
jurisdicional se dá através da posse no cargo de magistrado, que, no Brasil, pode ser por
concurso público (art. 93, I da CF/88), ou pelo quinto constitucional (art. 94 da CF/88).

Indelegabilidade

Aqueles que foram investidos do Poder jurisdicional não podem delegá-lo a terceiros. Possui
duas vertentes: Externa e Interna.

Na sua vertente externa, significa que não pode o Poder Judiciário (a quem a CF/88 conferiu a
função jurisdicional) delegá-la a outros órgãos ou a outro Poder.

Na vertente interna, significa que, após fixadas as regras de competência para julgamento de um
processo, não pode um órgão do Judiciário delegar sua função para outro órgão jurisdicional.

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Inevitabilidade da jurisdição

Esse princípio é aplicado em dois momentos distintos. Um é a vinculação obrigatória ao


processo, e o outro é a vinculação obrigatória aos efeitos da jurisdição (ou estado de sujeição).

No primeiro caso, obrigatória ou não a utilização do Poder Judiciário (a depender do tipo de


ação penal), iniciado o processo, as partes estão vinculadas à relação processual. No caso do réu,
em momento algum ele teve opção.

No segundo caso, após obrigatoriamente vinculados a participar do processo, estes sujeitos


estão obrigados a suportar a decisão (tutela jurisdicional), gostem ou não. Esse estado de
sujeição torna os efeitos da jurisdição inevitável para as partes envolvidas.

Inafastabilidade da jurisdição (ou indeclinabilidade)

Estabelece a constituição, em seu art. 5°, inciso xxxv, que:

Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito;

Esse princípio também possui duas vertentes. A primeira refere-se à possibilidade que todo
cidadão tem, de levar à apreciação do Poder Judiciário uma demanda (nos casos de a demanda
ser uma ação penal, somente os legitimados podem oferecê-la), e de ter a prestação de uma
tutela jurisdicional (Isso não garante uma sentença de mérito, lembre-se!). A segunda vertente é a
de que o processo deve garantir o acesso do cidadão à ordem jurídica justa, na visão de que o
Estado só cumpre efetivamente seu papel quando efetivamente tutele o interesse da parte.

Assim, se o Judiciário demora 15 anos para julgar um processo criminal, não está oferecendo à
sociedade uma ordem jurídica justa.

Quando nos referimos ao acesso à ordem jurídica justa, especificamente no processo penal,
estamos falando em acesso à tutela jurisdicional adequada, que se materializa através:

⮚ Do acesso ao processo – Minimizando-se os obstáculos à propositura da demanda


(principalmente quando estivermos tratando de ação penal privada).
⮚ Defesa Satisfatória dos hipossuficientes no processo – Notadamente com a
ampliação e fortalecimento da Defensoria Pública.
⮚ Eficácia da tutela – Com o desenvolvimento das medidas cautelares assecuratórias, a
razoável duração do processo e fortalecimento dos poderes do magistrado para fazer
valer a decisão.

Princípio do Juiz natural

Esse princípio visa a evitar que a parte escolha o magistrado que irá julgar a sua causa ou, sob a
ótica inversa, que o Estado determine quem será o Juiz de uma causa após a propositura desta.
Evita-se, portanto, a escolha casuística do Juízo que irá analisar a causa.

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Territorialidade (Aderência ou improrrogabilidade)

Significa que a Jurisdição possui um limite territorial. Esse limite é o território brasileiro, as
fronteiras onde o país exerce seu poder soberano.

Isso implica dizer que TODO JUIZ TEM JURISDIÇÃO EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL.
Entretanto, por questão de organização funcional, a competência de cada (forma pela qual
exercerá seu poder jurisdicional) é delimitada de várias formas.

Assim, se uma questão afirmar que quando um Juiz de São Paulo solicita a outro, do Rio de
Janeiro, a prática de um ato processual (carta precatória) porque não tem jurisdição no Rio de
Janeiro, está ERRADA! O Juiz de São Paulo tem jurisdição em todo o território nacional, o que
ele não tem é competência fora de sua base territorial.

Espécies de Jurisdição

A doutrina enumera várias espécies de “jurisdições”, baseada nos mais diversos critérios.
Entretanto, apenas duas nos serão úteis:

⮚ Jurisdição superior e inferior – A inferior é exercida pelo órgão que atua no processo
desde o início. Já a superior é exercida em grau recursal. Frise-se que os Tribunais
podem atuar TANTO COMO JURISDIÇÃO INFERIOR COMO SUPERIOR, a depender
da demanda, pois existem demandas cuja competência originária para processo e
julgamento é dos Tribunais, como no caso de pessoas com prerrogativa de foro.
⮚ Jurisdição comum e especial – A jurisdição especial, no processo penal, é formada
pelas 02 “Justiças especiais” estabelecidas na Constituição, em razão da matéria:
Justiça Eleitoral (art. 118 a 121 da CF/88) e Militar (122 a 125). Já a jurisdição comum
é exercida residualmente. Tudo que não for jurisdição especial será jurisdição
comum, que se divide em estadual e federal. OBS: A Justiça do trabalho não possui
competência criminal.

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Competência em razão da matéria (ratione materiae) ou competência de


Jurisdição ou competência de Justiça.

Embora os termos “competência de jurisdição” e “competência de Justiça” não me agradem, eles


são usados por alguns doutrinadores, portanto, vocês devem conhecer estes termos.

Esta espécie de competência é a primeira que deve ser analisada para que possamos, no caso
concreto, definir qual o órgão Jurisdicional é competente para julgar o processo.

Esta espécie leva em consideração a natureza do fato criminoso para definir qual a “Justiça”
competente (Justiça Eleitoral, Comum, Militar, etc.).

Assim, a competência em razão da matéria se divide da seguinte forma:

Justiça Eleitoral

Justiça Especializada

Justiça Militar
COMPETÊNCIA
CRIMINAL EM RAZÃO
DA MATÉRIA
Justiça Federal

Justiça Comum

Justiça Estadual

Assim, existem basicamente duas ordens de competência criminal em razão da matéria: Comum e
especial. A Justiça comum se divide em Federal e Estadual. Já a Justiça Especial se divide em
Eleitoral e Militar.

Desta maneira, o primeiro passo na fixação da competência é definir à qual “Justiça” cabe julgar
o fato.

A Justiça Especial (Eleitoral e Militar) julga somente os crimes que sejam eleitorais e militares. Todos
os outros crimes são de competência da Justiça Comum. Dizemos, assim, que a Justiça comum
possui competência residual.

Mas como saber quando um crime será julgado pela Justiça Comum Federal e quando será julgado
pela Justiça Comum Estadual? Nesses casos, somente será competente a Justiça Comum Federal
se estivermos diante de uma das hipóteses previstas no art. 109 da Constituição:

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Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

(...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,


serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar
e da Justiça Eleitoral;

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a


execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste


artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei,


contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;

VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o


constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente
sujeitos a outra jurisdição;

VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade


federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a


competência da Justiça Militar;

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de


carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a
homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção,
e à naturalização;

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

(...)

§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da


República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja
parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do
inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça
Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

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Todas as causas que não se enquadrem na competência da Justiça Comum Federal, serão de
competência da Justiça Comum Estadual. Assim, a Justiça comum estadual possui competência
duplamente residual: 1) primeiro, é residual porque a Justiça Comum é residual em relação à
Justiça Especial; 2) é residual em relação à Justiça Comum Federal.

Analisando mais especificamente o CPP, verificamos que ele “passa batido” pela definição da
competência em razão da matéria (que ele chama de “natureza da infração”), limitando-se a dizer
que esta será definida conforme as Leis de Organização Judiciária. Por “Leis de Organização
Judiciária” entenda-se, atualmente, “Constituição Federal”, pois quando do advento do CPP
(1941), a definição destas normas era mera questão de organização judiciária, e não uma questão
de índole constitucional como hoje.

No entanto, o CPP trata de uma hipótese de competência em razão da natureza da infração: A


competência do Tribunal do Júri. Nos termos do art. 74 do CPP:

Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de
organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.

§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121,
§§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal,
consumados ou tentados. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

§ 2º Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração


da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada
for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada.

§ 3º Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à


competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a
desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá
proferir a sentença (art. 492, § 2º).

A competência do Tribunal do Júri está prevista, ainda, na própria Constituição Federal, em seu
art. 5°, XXXVIII, d:

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:

(...) d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

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Mas quais seriam os crimes dolosos contra a vida? Estes são os previstos no capítulo I do Título I
da parte especial do CP, compreendendo os crimes de homicídio, instigação ou induzimento ao
suicídio1, infanticídio e aborto2.

Com relação a estes crimes, entende-se que a Constituição estabeleceu uma cláusula pétrea, ou
seja, cláusula que não pode ser modificada pelo constituinte derivado. Assim, a Doutrina entende
que as hipóteses de competência do Tribunal do Júri podem ser ampliadas, mas nunca reduzidas!

Vale frisar que o Júri irá julgar os crimes dolosos contra a vida e também aqueles que sejam conexos
com estes (ex.: homicídio doloso consumado conexo com estupro = Júri julgará os dois).

Por fim, os crimes de latrocínio (roubo seguido de morte) e lesão corporal com resultado morte
não são da competência do júri, pois não são crimes dolosos contra a vida. O primeiro é crime
patrimonial; no segundo a morte deriva de culpa, não de dolo do agente.

Por fim, o Tribunal do Júri poderá ser realizado no âmbito de “qualquer Justiça”. Como assim?
Significa que podemos ter Tribunal do Júri na Justiça Estadual (o mais comum), na Justiça Federal,
etc. (ex.: Policial Rodoviário Federal morto em serviço = trata-se de competência da Justiça
Federal, pois atenta contra serviço e interesse da União, mas ao mesmo tempo é crime doloso
contra a vida, logo, será da competência do Tribunal do Júri FEDERAL).

1
Vale frisar que o art. 122 do CP, com a redação dada pela Lei 13.968/19, passou a se chamar “induzimento, instigação
ou auxílio a suicídio ou a automutilação”. Todavia, apenas quando for induzimento, instigação ou auxílio a SUICÍDIO
é que a competência será do Júri, por se tratar de crime doloso contra a vida.
2
Existem, ainda, crimes dolosos contra a vida previstos, por exemplo, na Lei de Genocídio (Lei 2.889/56). Neste caso,
a competência também será do Tribunal do Júri (STF, RE 351.487/RR).

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Competência Territorial (ratione loci)

Em razão do local da infração

A terceira e última fase para a definição da competência para julgamento de um processo


criminal, compreende a análise do local de ocorrência da infração (ou, em alguns casos, o local
do domicílio do réu), que irá determinar em que base territorial será o processo julgado
(comarca, na Justiça Estadual, e Seção Judiciária, quando for da competência da Justiça Federal).

Para definirmos a competência territorial devemos, primeiramente, saber onde o crime foi
praticado. Mas, para isso, precisamos saber qual o critério para definição do “lugar do crime”.

Nos crimes plurilocais, aplica-se, em regra, a teoria do resultado, considerando-se como local do
crime o lugar onde o resultado se consuma1. A exceção são os crimes plurilocais contra a vida,
onde se aplica a teoria da atividade.2

Assim, como regra, no processo penal, a competência territorial é definida pelo lugar em que se
consumar a infração.

Existem ainda alguns regramentos específicos, como nos crimes de competência dos Juizados
Especiais e nos atos infracionais, em que se aplica a teoria da atividade, e nos crimes
falimentares, em que se considera lugar do crime o local em que foi decretada a falência. Assim:

TIPO DE CRIME TEORIA ADOTADA


Crimes plurilocais comuns Teoria do resultado
Crimes plurilocais contra a vida Teoria da atividade
Juizados Especiais Teoria da atividade

1
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada
pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.

§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em
que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.

§ 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a
infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a
competência firmar-se-á pela prevenção.
2
Trata-se de entendimento jurisprudencial consolidado, para facilitar a produção probatória, na busca pela verdade
real. Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 209

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Crimes falimentares Local onde foi decretada a falência


Atos infracionais Teoria da atividade
Além disso, temos:

● Crime praticado no exterior e consumado no exterior - Na capital do estado em que


o réu (acusado), no Brasil, tenha fixado seu último domicílio, ou, caso nunca tenha
sido domiciliado no Brasil, na capital federal.
● Crime praticado a bordo de aeronaves ou embarcações, mas, por determinação da
Lei Penal, estejam sujeitos à Lei Brasileira - No local em que primeiro aportar ou
pousar a embarcação ou aeronave, ou, ainda, no último local em que tenha aportado
ou pousado.3
● No caso de o crime não se consumar, sendo, portanto, um crime tentado (art. 14, II
do CP) - Nessa hipótese, aplica-se o disposto no art. 70, segunda parte, do CPP,
considerando-se como lugar do crime o local onde ocorreu o último ato de
execução.

O § 3° e o art. 71 tratam do fenômeno da prevenção. O que isso significa? Quando dois ou mais
órgãos jurisdicionais são competentes para apreciar determinada demanda, a competência será
fixada naquele que primeiro atuar no caso. Assim, a competência será fixada naquele Juízo que
primeiro praticar algum ato relativo ao caso. Essa é a definição de competência fixada por
prevenção. Nos termos do art. 83 do CPP:

Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo
dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um
deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de
medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da
queixa (arts. 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c).

O caso previsto no art. 71 é extremamente relevante. Vejamos:

3
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do
Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da
Capital da República.

Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos
fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça
do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último
em que houver tocado.

Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território
brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território
nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime,
ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave.

Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a
competência se firmará pela prevenção. (Redação dada pela Lei nº 4.893, de 9.12.1965)

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Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em


território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Assim, em se tratando de crime permanente (ou crime continuado), praticado no território de


duas ou mais jurisdições, a competência será de qualquer delas, e firmar-se-á pela prevenção,
nos termos do art. 71 do CPP.

EXEMPLO: José, visando exigir pagamento pelo resgate (crime de extorsão mediante
sequestro, que é crime permanente, pois se prolonga no tempo), sequestra Maria na
cidade do Rio de Janeiro, levando-a para um cativeiro em Campinas, no qual a vítima
fica uma semana. Posteriormente, José leva a vítima para outro cativeiro, em Belo
Horizonte-MG, onde a vítima fica mais uma semana e acaba sendo libertada. Nesse
caso, a competência será do Juízo criminal de qualquer das três comarcas (Rio de
Janeiro, Campinas e Belo Horizonte), firmando-se naquele Juízo que primeiro atuar no
caso, antecipando-se aos demais. Imagine-se, por exemplo, que em Campinas tenha
sido aberta investigação e tenha sido decretada a interceptação telefônica pelo Juiz
competente. Nesse caso, este Juízo estará prevento para processar e julgar a futura
ação penal relativa a este delito.

A Lei 14.155/21 criou nova hipótese de definição da competência territorial. Vejamos o §4º do
art. 70 do CPP:

Art. 70 (...) § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de


dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito,
mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a
competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de
pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção. (Incluído
pela Lei nº 14.155, de 2021)

Como se vê, o referido artigo passou a estabelecer um critério, até então inexistente, de
competência em razão do foro do domicílio ou residência da vítima. Isso se dará no caso de
crime de estelionato quando:

⇒ Praticado mediante depósito;


⇒ Praticado mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado ou com o pagamento frustrado; ou
⇒ Mediante transferência de valores

Em caso de pluralidade de vítimas, a competência irá se firmar pela prevenção.

EXEMPLO: Maria (residente em Petrópolis-RJ) e Joana (residente em Campinas-SP)


foram vítimas de estelionato praticado por José. José se apresentava nas redes sociais
para ambas como alguém galanteador e bem-sucedido, e rapidamente conquistou o
coração de ambas. Após algum tempo, José pediu a Maria a quantia de R$ 10.000,00
emprestada, mas após receber o dinheiro via transferência bancária, desapareceu e

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não retornou contato. O mesmo fez com Joana. Nesse caso, a competência será do
foro do domicílio ou residência da vítima. Assim, tanto o Juízo criminal de
Petrópolis-RJ quanto o Juízo criminal de Campinas-SP são igualmente competentes
para julgar o caso. Todavia, imaginemos que em Campinas tenha sido iniciada
investigação e o Juízo competente tenha decretado a prisão preventiva de José.
Nesse caso, o Juízo de Campinas estará prevento para processar e julgar a futura ação
penal ajuizada, caso haja reunião dos processos.

Se dois ou mais Juízes, na mesma comarca, forem competentes para julgar a demanda, a
competência será fixada pelo critério da distribuição, ou seja, a competência será fixada naquele
órgão jurisdicional ao qual fora distribuída a ação penal. Nos termos do art. 75 do CPP:

Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma


circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou
da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia
ou queixa prevenirá a da ação penal.

Entretanto, conforme disse a vocês, tanto o critério da prevenção quanto o critério da


distribuição não passam de critérios de consolidação da competência territorial, pois a
competência daquele Juiz já existia antes da prevenção ou distribuição, tendo apenas se
consolidado quando da ocorrência de um destes fenômenos.

Em razão do domicílio do réu

Existem casos em que a competência territorial poderá ser fixada levando-se em conta o
domicílio do réu. Vejamos4:

● Não sendo conhecido o lugar da infração – Será regulada pelo lugar do domicílio ou
residência do réu.
● Se o réu tiver mais de uma residência – Prevenção.
● Se o réu não tiver residência ou for ignorado seu paradeiro - juiz que primeiro tomar
conhecimento do fato.
● Se for hipótese de crime de ação exclusivamente privada – Poderá o querelante
escolher ajuizar a queixa no lugar do domicílio ou residência do réu, ainda que

4
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.

§ 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.

§ 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar
conhecimento do fato.

Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do
réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

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conhecido o lugar da infração (ex.: Maria foi vítima de crime de ação penal privada,
praticado por José. Maria poderá escolher ajuizar a queixa-crime no lugar da infração
ou no lugar do domicílio ou residência de José).

Gostaria de chamar a atenção de vocês para um fato: O art. 73 fala em “casos de exclusiva ação
privada”. Assim, no caso de ação penal privada subsidiária da pública, não pode o querelante
optar pela comarca do domicílio do réu em detrimento da comarca do local da infração, caso
este local seja conhecido, pois esta ação não é exclusivamente privada, mas, na verdade, é
pública. Muito cuidado com isso!!

​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se
consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o
último ato de execução.
§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora
dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no
Brasil, o último ato de execução.
§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional,
será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha
produzido ou devia produzir seu resultado.
§ 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando
incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de
duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

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Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em


território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

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Competência em razão da pessoa (ratione personae)

Após definida qual “Justiça” irá julgar o processo, devemos definir a competência do órgão
Jurisdicional verificando as condições pessoais dos acusados.

Em regra, os processos criminais são julgados pelos órgãos jurisdicionais mais baixos, inferiores,
quais sejam, os Juízes de primeiro grau. No entanto, pode ocorrer de, em determinados casos,
considerando a presença de determinadas autoridades no polo passivo (acusados), que essa
competência pertença originariamente aos Tribunais. Essa é a chamada prerrogativa de função
(vulgarmente conhecida como “foro privilegiado”).

EXEMPLO: O art. 96, III da Constituição Federal estabelece que cabe aos Tribunais de Justiça
dos Estados e do DF, julgar os Juízes estaduais de primeiro grau, bem como os membros do MP
que atuem na primeira instância, tanto nos crimes comuns quanto nos crimes de
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (hipótese na qual serão julgados
pelo TRE local):

Art. 96. Compete privativamente:


(...) III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e
Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e
de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.

Existem inúmeras outras hipóteses previstas na Constituição Federal, nas quais há prerrogativa de
foro em razão da função exercida pelo acusado. Para facilitar a compreensão de vocês, reuni
estas hipóteses no quadro abaixo:

TRIBUNAL DESTINATÁRIO DA NORMA EMBASAMENTO


COMPETENTE CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL
Infrações penais comuns e de
responsabilidade: Juízes estaduais e do
Tribunais de
Distrito Federal e membros do
Justiça estaduais e
Ministério Público estadual ou do DF, Art. 96, III, da CF
do Distrito
nos crimes comuns e de
Federal
responsabilidade, ressalvada a
competência da Justiça Eleitoral.1
1
Mesmo em se tratando de CRIME FEDERAL, cabe ao TJ o julgamento, e não ao TRF. A ressalva constitucional é
apenas em relação à Justiça ELEITORAL. Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 214/215

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Infrações penais comuns e de


Art. 29, X, da CF
responsabilidade: Prefeito Municipal.2

TRIBUNAL DESTINATÁRIO DA NORMA EMBASAMENTO


COMPETENTE CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL
Infrações penais comuns e de
responsabilidade: Juízes federais da área
de sua jurisdição, incluídos os da Justiça
Tribunais Militar e da Justiça do Trabalho, nos
Regionais crimes comuns e de responsabilidade, Art. 108, I, “a”, da CF
Federais os membros do Ministério Público da
União (ressalva a competência da Justiça
Eleitoral)3 e Prefeitos Municipais, se
praticarem crimes na órbita federal.
Somente nas Infrações penais comuns:
Presidente da República, o
Vice-Presidente, os membros do
Art. 102, I, “b”, da CF
Congresso Nacional, seus próprios
Ministros e o Procurador-Geral da
República.
Infrações penais comuns e de
responsabilidade: os Ministros de
Estado e os Comandantes da Marinha,
Supremo
do Exército e da Aeronáutica, ressalvado
Tribunal Federal
o disposto no art. 52, I (estabelecendo a
competência do Senado Federal para
julgar os comandantes das forças
Art. 102, I, “c”, da CF
armadas em crimes de responsabilidade
conexos com os do Presidente da
República e Vice), os membros dos
Tribunais Superiores, os do Tribunal de
contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente.
Somente nas infrações penais comuns:
Governadores dos Estados e do Distrito Art. 105, I, “a”, da CF
Federal.
Superior Tribunal Infrações penais comuns e de
de Justiça responsabilidade: Desembargadores
dos Tribunais de Justiça dos Estados e Art. 105, I, “a”, da CF
do Distrito Federal, os membros dos
Tribunais de Contas dos Estados e do
Distrito Federal, os dos Tribunais

2
Nos crimes de responsabilidade PRÓPRIOS a competência para julgar o prefeito municipal é da CÂMARA DE
VEREADORES. (STF, RE 192.527/PR, bem como HC 71.991-1/MG).
3
Em relação aos magistrados e membros do MPF, o TRF a que estão vinculados será competente, mesmo em se
tratando de crime que seria de competência da Justiça Estadual. Ver, por todos, PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 214

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Regionais Federais, dos Tribunais


Regionais Eleitorais e do Trabalho, os
membros dos Conselhos ou Tribunais de
Contas dos Municípios e os do
Ministério Público da União que oficiem
perante tribunais.
Especificamente no caso dos prefeitos, há uma súmula importante (súmula 702 do STF), que
estabelece que a competência do TJ para julgar os prefeitos só se aplica em caso de crime de
competência da Justiça estadual. Sendo crime federal, a competência será do TRF; sendo crime
eleitoral, a competência será do TRE.

Mas, o foro privilegiado se aplica a todo e qualquer crime? Sempre se entendeu que sim, ou
seja, não havia diferença entre crime praticado no exercício das funções (e com elas relacionados)
ou crimes sem relação com as funções. Todavia, o STF, mais recentemente, quando do
julgamento da AP 937, fixou duas teses importantes:

⇒ O foro por prerrogativa de função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas
⇒ Após o término da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para
apresentação de alegações finais, a competência não mais se altera pelo fato de o agente
deixar de ocupar o cargo, seja qual for o motivo (renúncia ao cargo, posse em outro cargo,
etc.).

Ou seja, além de o crime ter que ter sido praticado durante o exercício do cargo, deve ter
relação com as funções desempenhadas no cargo.

Além disso, a segunda tese visa a evitar manobras processuais, como muitas vezes ocorria (o
processo seguia no Tribunal até quase a prolação da sentença, quando então o réu renunciava ao
cargo e o processo tinha que ser remetido à primeira instância).

Assim, com relação à perda do cargo durante o processo, temos o seguinte regramento
atualmente:

● REGRA - A competência também se desloca, ou seja, o Tribunal deixa de ser


competente e o processo vai para a primeira instância.
● EXCEÇÃO – Se já terminou a instrução processual, tendo já havido intimação para a
apresentação de alegações finais, a competência permanece no Tribunal, não se
deslocando.

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Conflito aparente entre a competência de foro por prerrogativa de função e a


competência do Tribunal do Júri

CUIDADO! No aparente conflito de competências entre o Tribunal do Júri e a competência de


foro por prerrogativa de função, qual prevalece? Depende.

Se a competência de foro por prerrogativa de função está prevista na CF/88, ela prevalece sobre
a competência do Júri.

Contudo, se estiver prevista apenas na Constituição Estadual, prevalece a competência do


Tribunal do Júri, conforme súmula 721 do STF, que foi convertida na súmula vinculante 45:

"A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro


por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente
pela Constituição estadual"

EXEMPLO: Paulo é Juiz de Direito e pratica um homicídio doloso. Neste caso, no


aparente conflito entre a competência constitucional do TJ para processar e
julgar Paulo (foro por prerrogativa de função) e a competência do Tribunal do Júri
(crime doloso contra a vida), prevalece a competência de foro por prerrogativa de
função, eis que esta prerrogativa de foro está prevista na Constituição Federal.
EXEMPLO 2: Júlio é Secretário Estadual de Fazenda em determinado estado
XYZ, e pratica um homicídio doloso. No estado XYZ os Secretários possuem foro
por prerrogativa de função perante o TJ (só está previsto isso na Constituição
ESTADUAL, não na Federal). Neste caso, no aparente conflito entre a
competência do TJ para processar e julgar Júlio (foro por prerrogativa de função
NÃO PREVISTO NA CF/88), e a competência do Tribunal do Júri (crime doloso
contra a vida), prevalece a competência de do Tribunal do Júri, eis que a
competência do Júri está prevista na CF/88 e a competência por prerrogativa de
função (neste caso) não.

OBS.: Os deputados estaduais possuem prerrogativa de foro perante o TJ. Isso não está previsto
expressamente na CF/88, mas entende-se que está IMPLÍCITO, pelo princípio da SIMETRIA.
Assim, caso um deputado estadual cometa crime doloso contra a vida, prevalecerá a
competência de foro por prerrogativa de função.

Todavia, é importante destacar que como o STF restringiu o foro privilegiado, entendendo que o
foro por prerrogativa de função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do
cargo e relacionados às funções desempenhadas (STF – AP 937), estas disposições sobre um
eventual conflito entre a competência do júri e a competência de foro por prerrogativa de função

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perderam bastante de sua utilidade, pois hoje só possuem razão de ser quando estamos diante
de um crime doloso contra a vida praticado durante o exercício das funções e que tenha relação
com as funções, por alguém que possui foro por prerrogativa de função.

​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

CAPÍTULO VII
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal
Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e
Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas
que devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade.
(Redação dada pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002)
§ 1º (Vide ADIN nº 2797)
§ 2º (Vide ADIN nº 2797)
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as
pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e
dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando
oposta e admitida a exceção da verdade.
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, processar e
julgar:
I - os seus ministros, nos crimes comuns;
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da
República;
III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de
Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros
diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade.

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Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o julgamento dos


governadores ou interventores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito
Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de instância
inferior e órgãos do Ministério Público.

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Da Conexão e da Continência

A conexão e a continência são fenômenos que importam na modificação da competência


previamente estabelecida.

A conexão está prevista no art. 76 do CPP:

Art. 76. A competência será determinada pela conexão:


I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo
tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora
diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as
outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias
elementares influir na prova de outra infração.

A Doutrina, em sua maioria, classifica a conexão em1:

⇒ Intersubjetiva por simultaneidade ocasional (art. 76, I do CPP) – Ocorre quando


pessoas diversas cometem infrações diversas no mesmo local, na mesma época,
mas desde que não estejam ligadas por nenhum vínculo subjetivo.
⇒ Intersubjetiva por concurso (art. 76, I do CPP) – Nesta hipótese não importa o local
e o momento da infração, desde que os agentes tenham atuado em concurso de
pessoas. Assim, exige-se para esta hipótese de conexão que os agentes tenham
agido unidos por um vínculo subjetivo, uma comunhão de esforços para a prática
das infrações penais.
⇒ Intersubjetiva por reciprocidade (art. 76, I do CPP) – Traduz a hipótese de conexão
de infrações praticadas no mesmo tempo e no mesmo lugar, mas os agentes
praticaram as infrações uns contra os outros. Exemplo: Dois crimes de lesões
corporais praticados reciprocamente entre fulano e beltrano.
⇒ Conexão objetiva teleológica (art. 76, II do CPP) – Uma infração deve ter sido
praticada para “facilitar” a outra. Assim, imaginem que um assassino tenha
espancado um vigia para entrar na casa e assassinar o dono da residência.
⇒ Conexão objetiva consequencial (art. 76, II do CPP) – Nesta hipótese uma infração é
cometida para ocultar a outra, ou, ainda para garantir a impunidade do infrator ou
garantir a vantagem da outra infração. Imaginem o caso de alguém que comete
homicídio e, logo após, mata também a única testemunha, para garantir que
ninguém poderá provar sua culpa, garantindo, assim, a impunidade do fato.
⇒ Conexão instrumental (art. 76, III do CPP) – Exige-se, nesse caso, que a prova da
ocorrência de uma infração e de sua autoria influencie na caracterização da outra
infração. Exemplo clássico é a conexão entre o crime de furto e de receptação, no

1
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 241/243

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qual a prova da existência do furto, e de sua autoria, influencia na caracterização do


crime de receptação.

A continência, por sua vez, está prevista no art. 77 do CP;

Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:


I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1º, 53,
segunda parte, e 54 do Código Penal.

Os mencionados arts. 51, § 1°, 53 e 54 do CP, referiam-se ao texto original da parte geral do
Código penal, que foi totalmente alterado pela Lei 7.209/84. Assim, atualmente, estes
dispositivos se referem às hipóteses de concurso formal e suas aplicações no caso de erro na
execução (aberratio ictus e aberratio delicti), atualmente previstos nos arts. 70, 73 e 74 do CP.

Assim, por questões didáticas, a doutrina divide a continência em:

⇒ Continência por cumulação subjetiva (art. 77, I do CPP) – É o caso no qual duas ou
mais pessoas são acusadas pela mesma infração (concurso de pessoas).
Diferentemente da hipótese de conexão, aqui há apenas um fato criminoso, e não
vários.2
⇒ Continência por concurso formal (art. 77, II do CP, c/c art. 70 do CP) – Aqui,
mediante uma só conduta, o agente pratica dois ou mais crimes, sem que tenha
tido a intenção de praticá-los.

As hipóteses de continência e conexão podem ser melhor explicadas através do gráfico abaixo:

2
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 244

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Regras aplicáveis nos casos de determinação da competência pela


conexão ou continência

O CPP prevê algumas regras que devem ser observadas quando da consolidação da
competência pela conexão ou continência.

Como regra, havendo conexão ou continência, haverá a reunião dos processos para julgamento
conjunto. Mas, qual será o Juízo competente? Isso será definido com base nas regras previstas
no CPP. Vejamos, a princípio, o art. 78:

Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão


observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição
comum, prevalecerá a competência do júri; (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948)
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação dada pela Lei nº
263, de 23.2.1948)
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações,
se as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redação dada pela Lei nº 263,
de 23.2.1948)
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; (Redação dada
pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior
graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

Assim, em resumo:

1. Havendo conexão ou continência entre um crime de competência do Tribunal do


Júri e outro crime, de competência do Juiz singular, a competência deverá ser fixada
naquele.

2. No caso de Jurisdições da mesma categoria, primeiro se utiliza o critério de fixação


da competência territorial com base na local em que ocorreu o crime que possuir pena mais
grave. Se as penas forem idênticas, utiliza-se o critério do lugar onde ocorreu o maior
número de infrações penais. Caso as penas sejam idênticas e tenha sido cometido o mesmo
número de infrações penais, ou, ainda, em qualquer outro caso, aplica-se a fixação da
competência pela prevenção (Lembram-se da prevenção, não é?)

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3. Se as Jurisdições forem de graus diferentes (Um Tribunal Superior e um Juiz singular,


por exemplo), a competência será fixada no órgão de Jurisdição superior.

4. Se houver conexão entre uma causa de competência da Justiça Comum e outra da


Justiça Especial, será fixada a competência nesta. Ex.: Imaginem um crime eleitoral conexo
com um crime comum. Será da competência da Justiça Eleitoral o julgamento de ambos os
processos.

Mas, no caso de continência, por exemplo, e se um dos réus tiver foro privilegiado e outro não?
O STF editou a súmula 704, afirmando que a atração de um processo por conexão ou
continência, no caso de corréu, por prerrogativa de função do outro réu, não viola a Constituição:

SÚMULA Nº 704
NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA E DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO POR CONTINÊNCIA OU CONEXÃO
DO PROCESSO DO CO-RÉU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE
UM DOS DENUNCIADOS.

Ex.: José, deputado federal, e Pedro, empresário, são acusados de praticar, em conluio, o crime
de peculato. Neste caso, cabe ao STF julgar José, por conta do foro por prerrogativa de função.
Todavia, em razão da continência, Pedro também será julgado pelo STF.

Separação de processos em hipóteses de conexão e continência

Embora a regra seja a de que, havendo conexão ou continência, todos os processos conexos ou
continentes sejam julgados pelo mesmo órgão jurisdicional, existem algumas exceções, ou seja,
existem casos em que mesmo ocorrendo conexão ou continência, não haverá reunião de
processos.

Estas hipóteses estão previstas no art. 79 do CPP:

Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e


julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum
co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152.
§ 2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu
foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem
sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando
pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória,
ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.

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Vamos analisar as hipóteses isoladamente:

⇒ Concurso entre a Jurisdição comum e militar – A única ressalva que deve ser feita é
a de que, no caso de militar que comete crime doloso contra a vida de um civil,
responde perante o Tribunal do Júri, e não perante a Justiça Militar, nos termos do
art. 82, § 2° do Código de Processo Penal Militar – CPPM.
⇒ Concurso entre crime e infração de competência do Juizado da Infância e da
Juventude – Nestas hipóteses (por exemplo, um crime cometido em concurso de
pessoas por um menor, que responde perante o ECA, e um adulto), não pode haver
reunião de processos.
⇒ Insanidade mental superveniente de um dos corréus (art. 152 do CPP) – Nesse caso,
havendo a insanidade mental do corréu sido regularmente apurada em incidente de
insanidade mental, os processos devem ser separados, pois o processo, em relação
ao corréu declarado mentalmente insano, será suspenso, nos termos do art. 152 do
CPP. Frise-se que essa insanidade mental do réu deve ser posterior ao fato
criminoso (art. 151 do CPP).
⇒ Impossibilidade de formação do conselho de sentença no Tribunal do Júri – Embora
o § 2° do art. 79 mencione o “art. 461”, com as alterações promovidas pela Lei
11.689/08, vocês devem entender como “art. 469, § 1° do CPP”. Este artigo trata
da impossibilidade de, no julgamento pelo Tribunal do Júri, formar-se o conselho de
sentença (mínimo de sete jurados), em razão das recusas legalmente permitidas
realizadas pelos advogados dos acusados. Assim, se houver, no Tribunal do Júri,
dois ou mais réus, e sendo diferentes os advogados, as recusas aos Jurados (Direito
de recusar algum jurado) impossibilitarem a formação do conselho de sentença, o
processo deverá ser desmembrado.
⇒ Separação facultativa quando os fatos criminosos tenham sido praticados em
circunstâncias de tempo e lugar diferentes, ou o Juiz entender que a reunião de
processos pode ser prejudicial ao Julgamento da causa ou puder implicar em
retardamento do processo (art. 80 do CPP) – O importante é saber que, nestas
hipóteses, a separação dos processos é discricionária, ou seja, o Juiz pode, ou não,
a seu critério, decidir pela separação dos processos.

ATENÇÃO! Existe uma outra hipótese de separação de processos, no entendimento


jurisprudencial. No caso de CRIMES DOLOSOS contra a vida praticados em concurso de
pessoas, quando um dos acusados possui foro por prerrogativa de função fixado na Constituição
Federal, ao invés de todos os acusados serem julgados perante o Tribunal (em razão da
prerrogativa de foro de um dos comparsas), haverá a separação dos processos, de forma que o
detentor de prerrogativa de foro será julgado perante o Tribunal respectivo e os demais pelo
Tribunal do Júri.

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EXEMPLO: José e Valter são contratados por Ricardo Albuquerque, deputado federal, para
matarem Lúcio, também deputado, e que é desafeto de Ricardo por questões relacionadas às
funções por eles exercidas. José e Valter executam o crime. No caso em tela, Ricardo de
Albuquerque possui foro privilegiado (como é deputado federal, a Constituição prevê que cabe
ao STF julgá-lo nos crimes comuns), mas os demais não possuem. Neste caso, Ricardo será
julgado pelo STF e os demais serão julgados pelo Tribunal do Júri.

Por que, neste caso, não há atração por continência? Não há porque as regras de continência
são infraconstitucionais, e tanto a competência do Júri quanto a do STF (por prerrogativa de
função) estão previstas na própria Constituição Federal. Assim, normas infraconstitucionais não
podem se sobrepor a normas de índole constitucional.

O art. 81 trata da hipótese de perpetuação da competência. Vejamos:

Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda
que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir
sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se
inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais
processos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou
continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver
o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao
juízo competente.

O art. 81 diz, em resumo, o seguinte: Se um Juiz recebe dois processos (reunidos por
conexão ou continência), e no processo de sua competência originária (e não aquele que lhe foi
remetido em razão da conexão ou continência) ele profere sentença absolutória ou desclassifica o
fato para outro crime, que não seja de sua competência, mesmo assim ele continua competente
para julgar o processo recebido pela conexão.

O § 1°, por sua vez, estabelece uma exceção à regra. Se houver reunião de processos para
julgamento pelo Tribunal do Júri, havendo desclassificação, absolvição sumária ou impronúncia,
deverá o Juiz remeter o processo conexo ao Juízo competente (que não era o Tribunal do Júri).3

O art. 82, por fim, estabelece que, no caso de haver conexão ou continência, mas terem
sido instaurados processos em Juízos diversos, o Juiz cuja competência é prevalente poderá
avocar (trazer para si) o julgamento dos demais processos, a qualquer tempo, salvo se já houver
sentença definitiva naqueles (já tiverem transitado em julgado). Se já tiver ocorrido o trânsito em
julgado, os processos serão reunidos posteriormente para fins de execução de pena:

Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos
diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que
corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva.

3
Isso não ocorrerá se a desclassificação ocorrer apenas no momento da quesitação formulada aos jurados (art. 492,
§1º do CPP).

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Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de


soma ou de unificação das penas.

​ DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

⮲ Arts. 69 a 91 do CPP - Regulamentação da Competência no CPP:

CAPÍTULO V
DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo
tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora
diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as
outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias
elementares influir na prova de outra infração.
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1º, 53,
segunda parte, e 54 do Código Penal.
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão
observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição
comum, prevalecerá a competência do júri; (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948)
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação dada pela Lei nº
263, de 23.2.1948)

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a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;


(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações,
se as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redação dada pela Lei nº 263,
de 23.2.1948)
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; (Redação dada
pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior
graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e
julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum
co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152.
§ 2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu
foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem
sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando
pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória,
ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda
que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir
sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se
inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais
processos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou
continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver
o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao
juízo competente.
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos
diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que
corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva.
Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de
soma ou de unificação das penas.

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EXERCÍCIOS COMENTADOS – JURISDIÇÃO E


COMPETÊNCIA
01. (FGV – 2018 – TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Paulo pretende oferecer queixa-crime em
face de Lucas em razão da prática de crime de calúnia majorada, não sendo, assim, infração de
menor potencial ofensivo. Procura, então, seu advogado e narra que Lucas o ofendeu através de
uma carta, que foi escrita na cidade A, mas só chegou ao conhecimento da vítima e de terceiros
o seu conteúdo quando lida na cidade B. Por outro lado, Paulo esclarece que atualmente está
residindo na cidade C, enquanto Lucas reside na cidade D.
Considerando as regras de competência previstas no Código de Processo Penal, é correto afirmar
que:
(A) a Comarca A é competente para julgamento, tendo em vista que o Código de Processo Penal
adota a Teoria da Atividade para definir a competência territorial para julgamento;
(B) a queixa poderá ser oferecida perante a Vara Criminal da Comarca D, ainda que conhecido o
local da infração;
(C) a queixa poderá ser oferecida perante a Vara Criminal da Comarca C, ainda que conhecido o
local da infração;
(D) a queixa somente poderia ser oferecida perante a Vara Criminal da Comarca C se
desconhecido o local da infração;
(E) o primeiro critério a ser observado para definir a competência sempre é o da prevenção.
COMENTÁRIOS
Na forma do art. 70 do CPP, a queixa poderá ser ajuizada na Comarca B, local da consumação do fato criminoso
(teoria do resultado). Vejamos:

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se


consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o
último ato de execução.

Todavia, por se tratar de crime de ação exclusivamente privada, poderá o querelante optar por ajuizar a queixa-
crime no foro do domicílio ou residência do RÉU, mesmo que conhecido o lugar da infração, na forma do art. 73 do
CPP, que é a Comarca D. Vejamos:

Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro
de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

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02. (FGV – 2017 – OAB – XXIV EXAME DE ORDEM) Na cidade de Angra dos Reis, Sérgio
encontra um documento adulterado (logo, falso), que, originariamente, fora expedido por órgão
estadual. Valendo-se de tal documento, comparece a uma agência da Caixa Econômica Federal
localizada na cidade do Rio de Janeiro e apresenta o documento falso ao gerente do
estabelecimento.

Desconfiando da veracidade da documentação, o gerente do estabelecimento bancário chama a


Polícia, e Sérgio é preso em flagrante, sendo denunciado pela prática do crime de uso de
documento falso (Art. 304 do Código Penal) perante uma das Varas Criminais da Justiça Estadual
da cidade do Rio de Janeiro.
Considerando as informações narradas, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, o advogado de Sérgio deverá
A) alegar a incompetência, pois a Justiça Federal será competente, devendo ser considerada a
cidade de Angra dos Reis para definir o critério territorial.
B) alegar a incompetência, pois a Justiça Federal será competente, devendo ser considerada a
cidade do Rio de Janeiro para definir o critério territorial.
C) alegar a incompetência, pois, apesar de a Justiça Estadual ser competente, deverá ser
considerada a cidade de Angra dos Reis para definir o critério territorial.
D) reconhecer a competência do juízo perante o qual foi apresentada a denúncia.
COMENTÁRIOS
Neste caso, o advogado deverá alegar a incompetência do Juízo, pois é competente, neste caso, a Justiça Federal, já
que no crime de uso de documento falso a competência em razão da matéria é definida tendo em conta a natureza
do órgão perante o qual foi apresentado o documento, conforme súmula 546 do STJ. Assim, se o documento foi
apresentado perante empresa pública federal, será competente a Justiça Federal, pois o crime afeta diretamente
interesses e serviços de empresa pública federal, na forma do art. 109, IV da CF/88.
Além disso, a competência territorial será da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, pois lá foi praticada e se consumou a
infração penal, na forma do art. 70 do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

03. (FGV – 2017 – ALERJ – PROCURADOR) No ano de 2013, a Constituição de determinado


Estado brasileiro passa a prever que Procuradores do Estado e Procuradores da Assembleia
Legislativa sejam julgados perante o Tribunal de Justiça pela prática de crimes comuns. Em 2016,
no território dessa unidade federativa, Jorge, Procurador da Assembleia Legislativa Estadual, vem
a cometer um crime de homicídio doloso contra a esposa. Já Tício, juiz de direito, no mesmo ano
e local, foi autor de um crime de lesão corporal seguida de morte contra Alberto. Por fim, Maria,
Senadora, também em 2016 e no mesmo Estado, praticou crime de infanticídio.
Diante da situação narrada, é correto afirmar que os órgãos competentes para julgar Jorge, Tício
e Maria serão, respectivamente:
a) Tribunal do Júri do Estado, Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal;

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b) Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal;


c) Tribunal do Júri do Estado, Tribunal de Justiça e Tribunal do Júri do Estado;
d) Tribunal do Júri do Estado, Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal;
e) Tribunal de Justiça, Superior Tribunal de Justiça e Superior Tribunal de Justiça.
COMENTÁRIOS
Para julgar Jorge (procurador da Assembleia Legislativa), que praticou um crime doloso contra a vida, será
competente o Tribunal do Júri, pois, neste caso, a competência do Júri prevalece sobre o foro privilegiado, eis que a
competência de foro por prerrogativa de função, neste caso, não está prevista na Constituição FEDERAL (Súmula
Vinculante 45).
Para julgar Tício (juiz de Direito), será competente o TJ do estado em que exerce suas funções, na forma do art. 96, III
da CF-88.
Para julgar Maria (Senadora), será competente o STF, na forma do art. 102, I, “b” da CF-88. O fato de se tratar de um
crime doloso contra a vida, aqui, não afasta a competência do STF, pois esta vai prevalecer sobre a competência do
Júri (Súmula Vinculante 45).
Todavia, é importante destacar que o STF restringiu o foro privilegiado, entendendo que o foro por prerrogativa de
função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções
desempenhadas (STF – AP 937). Assim, hoje a questão fica parcialmente prejudicada.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

04. (FGV – 2016 – MPE-RJ – TÉCNICO: NOTIFICAÇÕES E ATOS INTIMATÓRIOS) Promotor de


Justiça vinculado ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, durante férias em Vitória-ES,
entra em discussão com companheiro de excursão de viagem e acaba por desferir facadas neste
com a intenção de causar-lhe a morte, o que efetivamente ocorre. Nesse caso, será competente
para julgar o promotor de justiça pelo homicídio causado:
a) Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro;
b) Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo;
c) Tribunal do Júri do Espírito Santo;
d) Tribunal do Júri do Rio de Janeiro;
e) Superior Tribunal de Justiça.
COMENTÁRIOS
Neste caso, será competente o TJ do estado em que o Promotor de Justiça exerce suas funções, na forma do art. 96,
III da CF-88. Assim, será competente o TJ-RJ.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

05. (FGV – 2016 – MPE-RJ – TÉCNICO: NOTIFICAÇÕES E ATOS INTIMATÓRIOS) Secretaria


do Ministério Público recebe representação onde se narra a prática de um crime comum por
imputável em concurso de agentes com adolescente, além de um crime militar em conexão com
o crime comum já mencionado. Diante da conexão existente e das regras previstas no Código de
Processo Penal, é correto afirmar que:

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a) todos os delitos e autores deverão ser julgados perante a Justiça Militar;


b) todos os delitos e autores deverão ser julgados perante a Justiça Estadual comum;
c) o delito militar, apesar da conexão, será julgado na Justiça Militar, enquanto que, em relação
ao crime comum, o imputável será julgado perante juízo criminal, e o adolescente, perante juízo
da infância e juventude;
d) o delito militar, apesar da conexão, será julgado na Justiça Militar, enquanto que, em relação
ao crime comum, o adolescente e o imputável deverão ser julgados no juízo criminal;
e) em razão da conexão, o delito militar e o imputável, em relação ao crime comum, deverão ser
julgados perante o mesmo juízo criminal, enquanto o adolescente será julgado no juízo da infância
e juventude.
COMENTÁRIOS
Neste caso, o delito militar, apesar da conexão, deverá ser julgado na Justiça Militar, não havendo a reunião dos
processos, na forma do art. 79, I do CPP. Em relação ao crime comum, a despeito da continência por cumulação
subjetiva, o imputável será julgado perante juízo criminal, e o adolescente, perante juízo da infância e juventude, na
forma do art. 79, II do CPP, não havendo a reunião dos processos:

Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento,


salvo:

I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;

II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

06. (FGV – 2015 – TJ-RO – OFICIAL DE JUSTIÇA) Tourinho Filho define a competência como
“o âmbito, legislativamente delimitado, dentro do qual o órgão exerce o seu Poder Jurisdicional".
Sobre o tema, de acordo com o Código de Processo Penal, é correto afirmar que:
a) não sendo conhecido o local da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio de
residência da vítima;
b) no caso de ação penal privada, o querelante poderá preferir o foro de sua residência, ainda que
conhecido o local da infração;
c) via de regra, a competência será definida pelo local em que foi praticada a infração, ainda que
seja outro o local da consumação;
d) tratando-se de infração permanente praticada em território de duas jurisdições, a competência
firmar-se-á pela prevenção;
e) a distribuição realizada para fins de decretação da prisão preventiva anteriormente à denúncia
não prevenirá a da ação penal.
COMENTÁRIOS

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A) ERRADA: Item errado, pois neste caso a competência será definida com base no domicílio do réu, nos termos do
art. 72 do CPP.
B) ERRADA: Item errado, pois o querelante (nas ações penais exclusivamente privadas) poderá preferir o foro de
domicílio ou residência do RÉU (e não o dele próprio), ainda que conhecido o lugar da infração, nos termos do art. 73
do CPP.
c) ERRADA: Item errado, pois como regra a competência será regulada em razão do local em que se consumar a
infração, nos termos do art. 70 do CPP.
d) CORRETA: Item correto, pois esta é a previsão contida no art. 71 do CPP.
e) ERRADA: Item errado, pois a distribuição efetuada para fins de realização de qualquer diligência anterior à ação
penal (concessão de fiança, análise de requerimento de liberdade provisória, etc.) prevenirá a da ação penal, ou seja,
o mesmo Juízo a quem foi distribuída a diligência prévia estará prevento para processar a ação penal, nos termos do
art. 75, § único do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

07. (FGV - 2015 - OAB - XVIII EXAME DE ORDEM) Estando preso e cumprindo pena na cidade
de Campos, interior do estado do Rio de Janeiro, Paulo efetua ligação telefônica para a casa de
Maria, localizada na cidade de Niterói, no mesmo Estado, anunciando o falso sequestro do filho
desta e exigindo o depósito da quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais), a ser efetuado em conta
bancária na cidade do Rio de Janeiro. Maria, atemorizada, efetua a transferência do respectivo
valor, no mesmo dia, de sua conta-corrente de uma agência bancária situada em São Gonçalo.

Descoberto o fato e denunciado pelo crime de extorsão, assinale a opção que indica o juízo
competente para o julgamento.
A) Vara Criminal de Campos.
B) Vara Criminal de Niterói.
C) Vara Criminal de São Gonçalo.
D) Vara Criminal do Rio de Janeiro.
COMENTÁRIOS
O crime de extorsão é considerado formal, ou seja, consuma-se independentemente da obtenção da vantagem
indevida. Assim, a consumação de tal delito ocorre no momento e no local em que a violência ou grave ameaça é
exercida contra a vítima. Neste caso, a grave ameaça ocorreu em Niterói (local em que a vítima recebeu a ligação).
Neste momento o delito do art. 158 do CP restou consumado.

A competência, portanto, será da Vara Criminal de Niterói, nos termos do art. 70 do CPP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

08. (FGV-2010-DELEGADO-DELEGADO DE POLÍCIA-AMAPÁ) Relativamente ao tema


Jurisdição e Competência, analise as afirmativas a seguir:
I. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Se, iniciada a
execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada
pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.

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II. Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o
juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu
resultado.
III. Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição
por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, ou tratando-
se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a
competência firmar-se-á pela prevenção.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
COMENTÁRIOS
I - CORRETA: Esta é a redação do art. 70, caput, e seu § 1°, do CPP:

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se


consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o
último ato de execução.

§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora


dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no
Brasil, o último ato de execução.

II - CORRETA: Quando o último ato de execução não for praticado no Brasil, mas fora do país, a competência, no
Brasil, será do Juízo do local em que o crime tenha produzido o resultado, ou deveria produzir. Nos termos do art.
70, § 2° do CPP:

§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional,


será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha
produzido ou devia produzir seu resultado.

III - CORRETA: Para compreendermos esta questão, devemos fracioná-la em duas partes. A primeira se refere ao
caso em que “Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter
sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições(...)a competência firmar-se-á pela
prevenção”. Trata-se de previsão contida no art. 70, § 3° do CPP, nesse sentido:

§ 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando


incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de
duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

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A primeira parte, assim, está correta. A segunda parte, por sua vez, diz: “ou tratando-se de infração continuada ou
permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção”. Esta
parte está prevista no art. 71 do CPP:

Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em


território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

09. (FGV – 2014 – TJ/RJ – ANALISTA – EXECUÇÃO DE MANDADOS) Apesar de a jurisdição


ser una e indivisível, a competência traz critérios legais para definir previamente a margem de
atuação de cada magistrado. Sobre esse tema, o Código de Processo Penal dispõe que:
(A) a conexão importará em unidade de processos e julgamento no concurso entre jurisdição
comum e militar;
(B) quando a prova de uma infração influir na prova de outra infração, a competência será
determinada pela continência;
(C) não sendo conhecido o local da infração, a competência será determinada pelo domicílio ou
residência do ofendido;
(D) a teoria adotada para definição da competência territorial é a da Atividade, ou seja, relevante
será o local da ação/omissão;
(E) nos casos de ação privada, o querelante poderá preferir o foro do domicílio do réu, ainda que
conhecido o local da infração.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: Nesse caso não haverá unidade de processo e julgamento, nos termos do art. 79, I do CPP.
B) ERRADA: Item errado, pois aqui teremos conexão, na forma do art. 76, III do CPP.
C) ERRADA: Item errado, pois nos termos do art. 72 do CPP, nesse caso a competência será determinada pelo
domicílio do réu.
D) ERRADA: Em regra a competência territorial é definida pelo local em que há a consumação do delito, e não a
prática dos atos de execução, ou seja, fora adotada a teoria do resultado, nos termos do art. 70 do CPP.
E) ERRADA: Vejamos o art. 73 do CPP:

Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro
de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

Como vemos, o art. 73 fala em ação EXCLUSIVA privada, o que exclui a ação privada subsidiária da pública, portanto.
Assim, é errado dizer que em qualquer ação privada o querelante poderá escolher o foro de domicílio do réu.
ESTE FOI O ITEM DADO COMO CERTO, MAS DEVERIA TER SIDO CONSIDERADO ERRADO E, PORTANTO, TER SIDO
ANULADA A QUESTÃO.

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10. (FGV – 2011 – OAB – EXAME DE ORDEM) Quando se tratar de acusação relativa à prática
de infração penal de menor potencial ofensivo, cometida por estudante de direito, a competência
jurisdicional será determinada pelo (a)
a) natureza da infração praticada e pelo local em que tiver se consumado o delito.
b) local em que tiver se consumado o delito.
c) natureza da infração praticada.
d) natureza da infração praticada e pela prevenção.
COMENTÁRIOS
A competência, nestes casos, é determinada pela natureza da infração praticada (se federal, estadual, etc.), bem
como pelo local em que for PRATICADA a infração penal, nos termos do art. 63 da Lei 9.099/95. A Lei dos Juizados
adotou expressamente a teoria da ATIVIDADE para fins de fixação da competência ratione locii.
Assim, nenhuma das alternativas está completa, mas a letra C é a menos errada, já que não traz nenhuma
informação incorreta, ainda que deixe de trazer outras informações relevantes.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

11. (FGV - 2015 - TJ-BA - ANALISTA JUDICIÁRIO - DIREITO) Aristarco, empresário e primeiro
suplente do Senador Armando, foi denunciado, em março de 2012, por uma série de delitos de
estelionato e apropriação indébita, em concurso material, perante Juízo Criminal da Capital.
Quando da ordem judicial para que as partes se manifestassem em diligências (Art. 402 do CPP),
a Defesa de Aristarco atravessou petição, informando que, por força da morte do titular do cargo,
havia assumido o mandato de Senador da República, na véspera da determinação judicial. O Juiz
de Direito determinou a remessa dos autos ao Supremo Tribunal Federal, onde, por ordem do
Ministro Relator, foi determinada a manifestação das partes em diligências (Art. 9º da Lei nº
8.038/90). Atendidas as diligências, foram os autos encaminhados ao Ministério Público para
apresentação das alegações finais. Restituídos os autos, o Ministro Relator determinou a
manifestação da Defesa em alegações finais, oportunidade em que foi juntada a renúncia de
Aristarco à vaga de Senador da República e seu retorno à condição de empresário. Diante desse
quadro fático-processual, é correto afirmar que o processo deverá:
(A) permanecer no Supremo Tribunal Federal, para evitar abuso do direito na aludida renúncia;
(B) permanecer no Supremo Tribunal Federal, posto encerrada a instrução criminal, estando o caso
maduro para julgamento;
(C) permanecer no Supremo Tribunal Federal, para evitar fraude processual na aludida renúncia;
(D) ser remetido ao Juízo de Direito de primeira instância, onde a sentença deverá ser proferida;
(E) ser remetido ao Juízo de Direito de primeira instância, onde as alegações finais defensivas
deverão ser apresentadas.
COMENTÁRIOS

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Segundo entendimento atual do STF, o foro por prerrogativa de função só se aplica enquanto o agente ocupa o cargo
público que lhe confere tal prerrogativa. Todavia, após o término da instrução processual, com a publicação do
despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência não mais se altera pelo fato de o
agente deixar de ocupar o cargo, seja qual for o motivo (renúncia ao cargo, posse em outro cargo, etc.).
Na época, a desvinculação do cargo gerava a remessa dos autos ao Juízo que seria competente em caso de ausência
do foro por prerrogativa de função, no caso, o Juízo de Direito de primeira instância. Assim, o gabarito da Banca, na
época, foi LETRA E.
Todavia, como já explicado, hoje a competência permaneceria sendo do STF, conforme entendimento firmado no
julgamento da AP 937.
Portanto, a QUESTÃO ESTÁ DESATUALIZADA.

12. (FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Paulo reside na cidade “Y” e lá
resolveu falsificar seu passaporte. Após a falsificação, pegou sua moto e viajou até a cidade “Z”,
com o intuito de chegar ao Paraguai. Passou pela cidade “W” e pela cidade “K”, onde foi parado
pela Polícia Militar. Paulo se identificou ao policial usando o documento falsificado e este,
percebendo a fraude, encaminhou Paulo à delegacia. O Parquet denunciou Paulo pela prática do
crime de uso de documento falso. Assinale a afirmativa que indica o órgão competente para
julgamento.
A) Justiça Estadual da cidade “Y”.
B) Justiça Federal da cidade “K”.
C) Justiça Federal da cidade “Y”.
D) Justiça Estadual da cidade “K”.
COMENTÁRIOS
O delito em questão é o delito de uso de documento falso, previsto no art. 304 do CP. Vejamos:

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se
referem os arts. 297 a 302:

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Quanto à base territorial, a jurisprudência entende que é competente o Juízo do local em que ocorreu a utilização do
documento falso, no caso, a cidade “K”. Vejamos:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CIDADÃO PERUANO PRESO EM


FLAGRANTE QUANDO EMBARCAVA PARA PARIS/FRANÇA. USO DE
PASSAPORTE MEXICANO FALSIFICADO PERANTE AUTORIDADE POLICIAL
FEDERAL.

(...)

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3. Conquanto tenha o acusado, no caso, sido denunciado por falsificação e uso de


documento falso, em razão do que foi exposto, a competência se firma por este
último. Quanto ao momento consumativo, esta Corte tem entendido que o crime
de uso de documento falso se consuma na ocasião e lugar em que o agente
efetivamente utiliza o documento, consciente da falsidade, não tendo relevância
o local onde se deu a falsificação.

(...)

(CC 106.631/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em


23/06/2010, DJe 02/08/2010)

Como o documento falsificado é o passaporte, que é um documento relacionado à fiscalização de fronteiras, há o


interesse da União na causa, de forma que a competência ratione materiae será da Justiça Federal. Não se trata,
apenas de “documento emitido por órgão federal” (Polícia Federal), pois o STJ entende que importa a autoridade
perante quem é apresentado o documento, e não o órgão que emitiu o documento falsificado. No caso em tela,
temos todo um contexto de interesse da União, que envolve a fiscalização das fronteiras nacionais, por isso, embora
apresentado o documento perante a autoridade estadual (PM), teremos competência da Justiça Federal.
Logo, teremos que o Juízo competente será a Justiça Federal da cidade K.
Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

13. (FGV – 2010 – OAB – III EXAME UNIFICADO) Tendo como referência a competência ratione
personae, assinale a alternativa correta.
(A) Caio, vereador de um determinado município, pratica um crime comum previsto na parte
especial do Código Penal. Será, pois, julgado no Tribunal de Justiça do Estado onde exerce suas
funções, uma vez que goza do foro por prerrogativa de função.
(B) Tício, juiz estadual, pratica um crime eleitoral. Por ter foro por prerrogativa de função, será
julgado no Tribunal de Justiça do Estado onde exerce suas atividades.
(C) Mévio é governador do Distrito Federal e pratica um crime comum. Por uma questão de
competência originária decorrente da prerrogativa de função, será julgado pelo Superior Tribunal
de Justiça.
(D) Terêncio é prefeito e pratica um crime comum, devendo ser julgado pelo Tribunal de Justiça
do respectivo Estado. Segundo entendimento do STF, a situação não se alteraria se o crime
praticado por Terêncio fosse um crime eleitoral.
COMENTÁRIOS
Para resolvermos esta questão devemos saber o seguinte: No conflito entre a competência da Justiça especial e a
Justiça comum, ainda que se trate de foro por prerrogativa de função, prevalece a competência da Justiça especial,
nos termos do art. 78, IV do CPP.
Além disso, os vereadores não possuem prerrogativa de foro perante o TJ local.
Por fim, o Governador de estado possui foro especial por prerrogativa de função, devendo ser julgado, nos crimes
comuns, perante o STJ, nos termos do art. 105, I, a da Constituição.

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Todavia, é importante destacar que o STF restringiu o foro privilegiado, entendendo que o foro por prerrogativa de
função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções
desempenhadas (STF – AP 937). Assim, hoje a questão fica parcialmente prejudicada.
Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

14. (FGV - 2014 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIII - PRIMEIRA FASE) Carolina,
voltando do Paraguai com diversas mercadorias que configurariam o crime de contrabando, entra
no país pela cidade de Foz do Iguaçu (PR). Em lá chegando, compra uma passagem de ônibus
para a cidade de São Paulo e segue, posteriormente, para o Rio de Janeiro, sua cidade natal,
quando é surpreendida por policiais federais que participavam de uma operação de rotina na
rodoviária. Os policiais, então, apreendem as mercadorias e conduzem Carolina à Delegacia
Policial.
Na hipótese, assinale a alternativa que indica o órgão competente para proceder ao julgamento
de Carolina.
a) A Justiça Federal de Foz de Iguaçu.
b) A Justiça Federal do Rio de Janeiro.
c) A Justiça Federal de São Paulo.
d) Qualquer das anteriores, independentemente da regra da prevenção
COMENTÁRIOS
Para resolvermos esta questão, basta utilizarmos o verbete nº 151 do STJ:

A COMPETENCIA PARA O PROCESSO E JULGAMENTO POR CRIME DE


CONTRABANDO OU DESCAMINHO DEFINE-SE PELA PREVENÇÃO DO JUIZO
FEDERAL DO LUGAR DA APREENSÃO DOS BENS.

Assim, a competência para o processo será da Justiça Federal do Rio de Janeiro.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

15. (FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VI - PRIMEIRA FASE) A Constituição
do Estado X estabeleceu foro por prerrogativa de função aos prefeitos de todos os seus
Municípios, estabelecendo que “os prefeitos serão julgados pelo Tribunal de Justiça”. José,
Prefeito do Município Y, pertencente ao Estado X, está sendo acusado da prática de corrupção
ativa em face de um policial rodoviário federal.
Com base na situação acima, o órgão competente para o julgamento de José é
a) a Justiça Estadual de 1ª Instância.
b) o Tribunal de Justiça.
c) o Tribunal Regional Federal.
d) a Justiça Federal de 1ª Instância.

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COMENTÁRIOS
No caso em tela a competência para o processo e julgamento do delito será da Justiça Federal de segunda instância,
ou seja, o TRF.

Isso porque, embora a prerrogativa de foro esteja prevista apenas na Constituição estadual, não há choque com a
competência do Júri.

Quando se diz que o TJ tem competência para julgar os Prefeitos, isso se restringe aos crimes comuns, não abrange
os crimes federais e eleitorais, que serão da competência do TRF e do TRE, respectivamente. Vejamos a súmula 702
do STF:

SÚMULA 702, STF: A COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA PARA JULGAR


PREFEITOS RESTRINGE-SE AOS CRIMES DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
COMUM ESTADUAL; NOS DEMAIS CASOS, A COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA
CABERÁ AO RESPECTIVO TRIBUNAL DE SEGUNDO GRAU.

Todavia, é importante destacar que o STF restringiu o foro privilegiado, entendendo que o foro por prerrogativa de
função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções
desempenhadas (STF – AP 937).
Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

16. (FGV - 2014 - TJ-GO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA E OFICIAL DE JUSTIÇA)
Em relação à competência no processo penal, é correto afirmar que:
(A) é da competência da Justiça Federal o julgamento de contravenções penais, desde que
conexas com delitos de competência da Justiça Federal;
(B) compete à Justiça Estadual processar e julgar as ações penais relativas a desvio de verbas
originárias do Sistema Único de Saúde (SUS), independentemente de se tratar de valores
repassados aos Estados ou Municípios por meio da modalidade de transferência “fundo a fundo”
ou mediante realização de convênio;
(C) compete à Justiça Estadual o julgamento de ação penal em que se apure a possível prática de
sonegação de ISSQN pelos representantes de pessoa jurídica privada, ainda que esta mantenha
vínculo com entidade da administração indireta federal;
(D) compete à Justiça Federal processar e julgar acusado da prática de conduta criminosa
consistente na captação e armazenamento, em computadores de escolas municipais, de vídeos
pornográficos oriundos da internet, envolvendo crianças e adolescentes;
(E) compete à Justiça Estadual processar e julgar crime consistente na apresentação de Certificado
de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) falso a agente da Polícia Rodoviária Federal, em
rodovia que cruza três Estados.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: Segundo entendimento do STJ, a Justiça Federal não possui jurisdição sobre as contravenções penais,
por expressa previsão constitucional, devendo estas serem julgadas pela Justiça Estadual, ainda quando sejam
conexas a crimes de competência da Justiça Federal:

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(...) 1. Apesar da existência de conexão entre o crime de contrabando e


contravenção penal, mostra-se inviável a reunião de julgamentos das infrações
penais perante o mesmo Juízo, uma vez que a Constituição Federal
expressamente excluiu, em seu art. 109, IV, a competência da Justiça Federal para
o julgamento das contravenções penais, ainda que praticadas em detrimento de
bens, serviços ou interesse da União. Súmula nº 38/STJ. Precedentes.

2. Firmando-se a competência do Juízo Federal para processar e julgar o crime de


contrabando conexo à contravenção penal, impõe-se o desmembramento do
feito, de sorte que a contravenção penal seja julgada perante o Juízo estadual.

(...)

(CC 120.406/RJ, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA


(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
12/12/2012, DJe 01/02/2013)

B) ERRADA: O STJ entende a competência, neste caso, será da Justiça Federal, pois se trata de verba sujeita à
fiscalização federal:

(...) 1. Segundo o posicionamento do Supremo Tribunal Federal e desta Corte de


Justiça, compete à Justiça Federal processar e julgar as causas relativas ao desvio
de verbas do Sistema Único de Saúde - SUS, independentemente de se tratar de
repasse fundo a fundo ou de convênio, visto que tais recursos estão sujeitos à
fiscalização federal, atraindo a incidência do disposto no art. 109, IV, da Carta
Magna, e na Súmula 208 do STJ.

2. O fato de os Estados e Municípios terem autonomia para gerenciar a verba


financeira destinada ao SUS não elide a necessidade de prestação de contas
perante o Tribunal de Contas da União, nem exclui o interesse da União na
regularidade do repasse e da correta aplicação desses recursos.

3. Portanto, a competência da Justiça Federal se mostra cristalina em virtude da


existência de bem da União, representada pelas verbas do SUS, bem como da sua
condição de entidade fiscalizadora das verbas federais repassadas ao Município.

(...)

(AgRg no CC 122.555/RJ, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO,


julgado em 14/08/2013, DJe 20/08/2013)

C) CORRETA: O STJ entende que o crime de sonegação tributária de ISSQN, quando cometido por pessoa jurídica de
direito privado, não provoca a competência da Justiça Federal, eis que ausente o interesse da União:

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(...) 1. O suposto crime tributário - consistente em sonegação de imposto sobre


serviço de qualquer natureza (INSS) - cometido, em tese, por fundação privada em
detrimento do Distrito Federal não atrai a competência da Justiça Federal,
porquanto ausente qualquer violação a bem, serviço ou interesse da União, de
suas autarquias ou empresas públicas.

(...) (CC n. 114.274/DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe

de 25/6/2013).

D) ERRADA: O STJ entende que só haverá competência da Justiça Federal se restar comprovada a transnacionalidade
do delito, o que não é apontado pela questão:

(...) Assim, não estando evidenciada a transnacionalidade do delito - tendo em


vista que a conduta do investigado, a ser apurada, restringe-se, até agora, à
captação e ao armazenamento de vídeos, de conteúdo pornográfico, ou de cenas
de sexo explícito, envolvendo crianças e adolescentes, nos computadores de duas
escolas -, a competência, in casu, é da Justiça Estadual.

(...)

(CC 103.011/PR, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, TERCEIRA SEÇÃO,


julgado em 13/03/2013, DJe 22/03/2013)

E) ERRADA: A competência, neste caso, será da Justiça Federal, pois apesar de se tratar de documento emitido por
órgão estadual (DETRAN), houve violação a interesse da União (apresentação perante policial rodoviário federal).
Vejamos:

(...) 1. A competência para processamento e julgamento do delito de uso de


documento falso deve ser fixada com base na qualificação do órgão ou entidade
perante o qual foi apresentado o documento falsificado, sendo certo que os
serviços ou bens da entidade são efetivamente lesados, pouco importando, em
princípio, a natureza do órgão responsável pela expedição do documento.

2. No caso dos autos, tendo o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo


(CRLV) falso sido apresentado à Polícia Rodoviária Federal, órgão da União, em
detrimento de seu serviço de patrulhamento ostensivo das rodovias federais,
previsto no art. 20, II, do Código de Trânsito Brasileiro, afigura-se inarredável a
competência da Justiça Federal para o processamento e julgamento da causa, nos
termos do art. 109, IV, da Constituição Federal.

(...)

(CC 124.498/ES, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira, 3ªS, DJe

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1.2.2013)

Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

17. (FGV – 2014 – TJ/RJ – ANALISTA – EXECUÇÃO DE MANDADOS) Um magistrado de


primeiro grau que exerce sua jurisdição junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
passava suas férias em Salvador, na Bahia, quando, durante um evento festivo, acabou por entrar
em confronto corporal com outro indivíduo, vindo a causar a morte deste dolosamente. Será
competente para julgar o magistrado pelo homicídio doloso praticado:
(A) o Tribunal do Júri de Salvador;
(B) o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro;
(C) o Superior Tribunal de Justiça;
(D) o Tribunal do Júri do Rio de Janeiro;
(E) o Tribunal de Justiça da Bahia.
COMENTÁRIOS
Nesse caso será competente o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, pois os Juízes possuem prerrogativa de foro,
devendo ser julgados, nos crimes comuns, pelo Tribunal de Justiça a que estão vinculados, nos termos do art. 96, III
da Constituição:

Art. 96. Compete privativamente:

(...)

III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e


Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.

O STF entente, ainda, que a competência do Júri fica afastada neste caso, pois prevalece a competência por
prerrogativa de foro estabelecida pela Constituição Federal.
Todavia, é importante destacar que o STF restringiu o foro privilegiado, entendendo que o foro por prerrogativa de
função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções
desempenhadas (STF – AP 937). Assim, hoje a questão fica parcialmente prejudicada.
Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

18. (FGV – 2013 – ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/MT – PROCURADOR) Determinado servidor


público, com foro por prerrogativa de função no Tribunal de Justiça fixado exclusivamente pela
Constituição Estadual, pratica dolosamente um aborto em sua namorada, mesmo diante da
divergência desta.
Diante dessa situação hipotética, o servidor deveria ser processado e julgado perante
a) o Tribunal de Justiça, desde que não aposentado quando do processamento da ação penal.

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b) o juízo de primeiro grau da Vara Comum, pois o STF já se posicionou pela inconstitucionalidade
do foro por prerrogativa de função fixado na Constituição Estadual.
c) o juízo de primeiro grau da Vara Comum, pois o crime foi praticado por motivos particulares,
não tendo sido motivado pela função que exerce.
d) o Tribunal do Júri, por ser tratar de crime doloso contra a vida.
e) o Tribunal de Justiça, ainda que não mais exercesse a função quando da propositura da ação
penal.
COMENTÁRIOS
No caso, temos um crime doloso contra a vida, de competência CONSTITUCIONAL do Tribunal do Júri. A competência
do Tribunal do Júri só resta afastada pela competência por prerrogativa de função quando esta se encontra prevista
na própria Constituição Federal. Se o foro por prerrogativa de função estiver previsto apenas na Constituição
Estadual prevalecerá a competência do Tribunal do Júri, nos termos do verbete nº 721 da súmula de jurisprudência
do STF:

SÚMULA 721 DO STF

A COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DO JÚRI PREVALECE


SOBRE O FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ESTABELECIDO
EXCLUSIVAMENTE PELA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL.

Todavia, é importante destacar que o STF restringiu o foro privilegiado, entendendo que o foro por prerrogativa de
função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções
desempenhadas (STF – AP 937). Assim, hoje a questão fica parcialmente prejudicada.
Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

19. (FGV – 2015 – OAB – XVI EXAME DE ORDEM) Juan da Silva foi autor de uma contravenção
penal, em detrimento dos interesses da Caixa Econômica Federal, empresa pública. Praticou,
ainda, outra contravenção em conexão, dessa vez em detrimento dos bens do Banco do Brasil,
sociedade de economia mista.
Dessa forma, para julgá-lo será competente
a) a Justiça Estadual, pelas duas infrações.
b) a Justiça Federal, no caso da contravenção praticada em detrimento da Caixa Econômica
Federal, e Justiça Estadual, no caso da infração em detrimento do Banco do Brasil.
c) a Justiça Federal, pelas duas infrações.
d) a Justiça Federal, no caso de contravenção praticada em detrimento do Banco do Brasil, e
Justiça Estadual pela infração em detrimento da Caixa Econômica Federal.
COMENTÁRIOS
Em ambos os casos será competente a Justiça Estadual. Isto porque a Justiça Federal não tem competência para o
julgamento de contravenções penais, nos termos do art. 109, IV da Constituição Federal.

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Além disso, em relação à segunda infração penal, não há competência da Justiça Federal porque o Banco do Brasil é
uma sociedade de economia mista, não uma empresa pública federal, como a CEF.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

20. (FGV – 2015 – OAB – XVII EXAME DA OAB) Durante 35 anos, Ricardo exerceu a função de
juiz de direito junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Contudo, no ano de 2012, decidiu se
aposentar e passou a morar em Florianópolis, Santa Catarina. No dia 22/01/2015, travou uma
discussão com seu vizinho e acabou por ser autor de um crime de lesão corporal seguida de morte,
consumado na cidade em que reside.

Oferecida a denúncia, de acordo com a jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores, será
competente para julgar Ricardo
a) o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.
b) uma das Varas Criminais de Florianópolis.
c) o Tribunal de Justiça de Santa Catarina.
d) o Tribunal do Júri de Florianópolis.
COMENTÁRIOS
O foro por prerrogativa de função dos Juízes só vigora quando os magistrados estão em atividade. Uma vez
aposentados não há que se falar em foro por prerrogativa de função. Assim, e considerando-se que a lesão corporal
seguida de morte não é um crime doloso contra a vida (o resultado morte ocorre por culpa, não por dolo), Ricardo
será julgado por uma das Varas Criminais de Florianópolis.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

21. (FGV – 2012 – OAB – EXAME DE ORDEM) A Constituição do Estado “X” estabeleceu foro
por prerrogativa de função aos Prefeitos de todos os seus Municípios, estabelecendo que “os
prefeitos serão julgados pelo Tribunal de Justiça". José, Prefeito do Município “Y”, pertencente
ao Estado “X”, mata João, amante de sua esposa. Pergunta-se, qual o órgão competente para o
Julgamento de José?
a) Justiça Estadual de 1ª Instância;
b) Tribunal de Justiça;
c) Tribunal Regional Federal;
d) Justiça Federal de 1ª Instância.
COMENTÁRIOS
Aqui temos um conflito entre a competência constitucional do júri e a competência de foro por prerrogativa de
função.
Ocorre que a competência do júri não pode ser afastada por prerrogativa de função prevista exclusivamente na
Constituição estadual. Contudo, a competência dos TJs para julgar os prefeitos está prevista também na Constituição
Federal (art. 29, X). Temos um caso, portanto, em que a própria Constituição Federal excepciona a competência do
Júri.
Competente, portanto, neste caso específico, seria o Tribunal de Justiça.

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A Banca, originalmente, deu a alternativa A como correta. Posteriormente, anulou a questão.


Todavia, é importante destacar que o STF restringiu o foro privilegiado, entendendo que o foro por prerrogativa de
função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções
desempenhadas (STF – AP 937). Assim, hoje a questão fica parcialmente prejudicada.
Assim, a questão foi ANULADA.

22. (FGV – 2012 – OAB – EXAME DE ORDEM) A Justiça Brasileira recebeu Carta Rogatória
encaminhada pelo Ministério das Relações Exteriores a pedido da Embaixada da Romênia, com o
fim de verificar a possível ocorrência de crime de lavagem de dinheiro do empresário brasileiro Z.
A quem compete a execução da Carta Rogatória?
a) Aos Juízes Federais.
b) Ao Superior Tribunal de Justiça.
c) Aos Juízes Estaduais.
d) Ao Supremo Tribunal Federal.
COMENTÁRIOS
Embora quem conceda o “exequatur” à carta rogatória seja o STJ, a execução da carta compete aos Juízes Federais
de primeira instância, nos termos do art. 109, X da Constituição Federal:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

(...) X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução


de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a
homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção,
e à naturalização;

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

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EXERCÍCIOS PARA PRATICAR – JURISDIÇÃO E


COMPETÊNCIA

01. (FGV – 2018 – TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Paulo pretende oferecer queixa-crime em
face de Lucas em razão da prática de crime de calúnia majorada, não sendo, assim, infração de
menor potencial ofensivo. Procura, então, seu advogado e narra que Lucas o ofendeu através de
uma carta, que foi escrita na cidade A, mas só chegou ao conhecimento da vítima e de terceiros
o seu conteúdo quando lida na cidade B. Por outro lado, Paulo esclarece que atualmente está
residindo na cidade C, enquanto Lucas reside na cidade D.
Considerando as regras de competência previstas no Código de Processo Penal, é correto afirmar
que:
(A) a Comarca A é competente para julgamento, tendo em vista que o Código de Processo Penal
adota a Teoria da Atividade para definir a competência territorial para julgamento;
(B) a queixa poderá ser oferecida perante a Vara Criminal da Comarca D, ainda que conhecido o
local da infração;
(C) a queixa poderá ser oferecida perante a Vara Criminal da Comarca C, ainda que conhecido o
local da infração;
(D) a queixa somente poderia ser oferecida perante a Vara Criminal da Comarca C se
desconhecido o local da infração;
(E) o primeiro critério a ser observado para definir a competência sempre é o da prevenção.

02. (FGV – 2017 – OAB – XXIV EXAME DE ORDEM) Na cidade de Angra dos Reis, Sérgio
encontra um documento adulterado (logo, falso), que, originariamente, fora expedido por órgão
estadual. Valendo-se de tal documento, comparece a uma agência da Caixa Econômica Federal
localizada na cidade do Rio de Janeiro e apresenta o documento falso ao gerente do
estabelecimento.

Desconfiando da veracidade da documentação, o gerente do estabelecimento bancário chama a


Polícia, e Sérgio é preso em flagrante, sendo denunciado pela prática do crime de uso de
documento falso (Art. 304 do Código Penal) perante uma das Varas Criminais da Justiça Estadual
da cidade do Rio de Janeiro.

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Considerando as informações narradas, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de


Justiça, o advogado de Sérgio deverá
A) alegar a incompetência, pois a Justiça Federal será competente, devendo ser considerada a
cidade de Angra dos Reis para definir o critério territorial.
B) alegar a incompetência, pois a Justiça Federal será competente, devendo ser considerada a
cidade do Rio de Janeiro para definir o critério territorial.
C) alegar a incompetência, pois, apesar de a Justiça Estadual ser competente, deverá ser
considerada a cidade de Angra dos Reis para definir o critério territorial.
D) reconhecer a competência do juízo perante o qual foi apresentada a denúncia.
03. (FGV – 2017 – ALERJ – PROCURADOR) No ano de 2013, a Constituição de determinado
Estado brasileiro passa a prever que Procuradores do Estado e Procuradores da Assembleia
Legislativa sejam julgados perante o Tribunal de Justiça pela prática de crimes comuns. Em 2016,
no território dessa unidade federativa, Jorge, Procurador da Assembleia Legislativa Estadual, vem
a cometer um crime de homicídio doloso contra a esposa. Já Tício, juiz de direito, no mesmo ano
e local, foi autor de um crime de lesão corporal seguida de morte contra Alberto. Por fim, Maria,
Senadora, também em 2016 e no mesmo Estado, praticou crime de infanticídio.
Diante da situação narrada, é correto afirmar que os órgãos competentes para julgar Jorge, Tício
e Maria serão, respectivamente:
a) Tribunal do Júri do Estado, Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal;
b) Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal;
c) Tribunal do Júri do Estado, Tribunal de Justiça e Tribunal do Júri do Estado;
d) Tribunal do Júri do Estado, Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal;
e) Tribunal de Justiça, Superior Tribunal de Justiça e Superior Tribunal de Justiça.
04. (FGV – 2016 – MPE-RJ – TÉCNICO: NOTIFICAÇÕES E ATOS INTIMATÓRIOS) Promotor de
Justiça vinculado ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, durante férias em Vitória-ES,
entra em discussão com companheiro de excursão de viagem e acaba por desferir facadas neste
com a intenção de causar-lhe a morte, o que efetivamente ocorre. Nesse caso, será competente
para julgar o promotor de justiça pelo homicídio causado:
a) Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro;
b) Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo;
c) Tribunal do Júri do Espírito Santo;
d) Tribunal do Júri do Rio de Janeiro;
e) Superior Tribunal de Justiça.

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05. (FGV – 2016 – MPE-RJ – TÉCNICO: NOTIFICAÇÕES E ATOS INTIMATÓRIOS) Secretaria


do Ministério Público recebe representação onde se narra a prática de um crime comum por
imputável em concurso de agentes com adolescente, além de um crime militar em conexão com
o crime comum já mencionado. Diante da conexão existente e das regras previstas no Código de
Processo Penal, é correto afirmar que:
a) todos os delitos e autores deverão ser julgados perante a Justiça Militar;
b) todos os delitos e autores deverão ser julgados perante a Justiça Estadual comum;
c) o delito militar, apesar da conexão, será julgado na Justiça Militar, enquanto que, em relação
ao crime comum, o imputável será julgado perante juízo criminal, e o adolescente, perante juízo
da infância e juventude;
d) o delito militar, apesar da conexão, será julgado na Justiça Militar, enquanto que, em relação
ao crime comum, o adolescente e o imputável deverão ser julgados no juízo criminal;
e) em razão da conexão, o delito militar e o imputável, em relação ao crime comum, deverão ser
julgados perante o mesmo juízo criminal, enquanto o adolescente será julgado no juízo da infância
e juventude.

06. (FGV – 2015 – TJ-RO – OFICIAL DE JUSTIÇA) Tourinho Filho define a competência como
“o âmbito, legislativamente delimitado, dentro do qual o órgão exerce o seu Poder Jurisdicional".
Sobre o tema, de acordo com o Código de Processo Penal, é correto afirmar que:
a) não sendo conhecido o local da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio de
residência da vítima;
b) no caso de ação penal privada, o querelante poderá preferir o foro de sua residência, ainda que
conhecido o local da infração;
c) via de regra, a competência será definida pelo local em que foi praticada a infração, ainda que
seja outro o local da consumação;
d) tratando-se de infração permanente praticada em território de duas jurisdições, a competência
firmar-se-á pela prevenção;
e) a distribuição realizada para fins de decretação da prisão preventiva anteriormente à denúncia
não prevenirá a da ação penal.

07. (FGV - 2015 - OAB - XVIII EXAME DE ORDEM) Estando preso e cumprindo pena na cidade
de Campos, interior do estado do Rio de Janeiro, Paulo efetua ligação telefônica para a casa de
Maria, localizada na cidade de Niterói, no mesmo Estado, anunciando o falso sequestro do filho
desta e exigindo o depósito da quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais), a ser efetuado em conta
bancária na cidade do Rio de Janeiro. Maria, atemorizada, efetua a transferência do respectivo
valor, no mesmo dia, de sua conta-corrente de uma agência bancária situada em São Gonçalo.
Descoberto o fato e denunciado pelo crime de extorsão, assinale a opção que indica o juízo
competente para o julgamento.

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A) Vara Criminal de Campos.


B) Vara Criminal de Niterói.
C) Vara Criminal de São Gonçalo.
D) Vara Criminal do Rio de Janeiro.
08. (FGV-2010-DELEGADO-DELEGADO DE POLÍCIA-AMAPÁ) Relativamente ao tema
Jurisdição e Competência, analise as afirmativas a seguir:
I. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Se, iniciada a
execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada
pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
II. Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o
juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu
resultado.
III. Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição
por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, ou tratando-
se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a
competência firmar-se-á pela prevenção.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
09. (FGV – 2014 – TJ/RJ – ANALISTA – EXECUÇÃO DE MANDADOS) Apesar de a jurisdição
ser una e indivisível, a competência traz critérios legais para definir previamente a margem de
atuação de cada magistrado. Sobre esse tema, o Código de Processo Penal dispõe que:
(A) a conexão importará em unidade de processos e julgamento no concurso entre jurisdição
comum e militar;
(B) quando a prova de uma infração influir na prova de outra infração, a competência será
determinada pela continência;
(C) não sendo conhecido o local da infração, a competência será determinada pelo domicílio ou
residência do ofendido;
(D) a teoria adotada para definição da competência territorial é a da Atividade, ou seja, relevante
será o local da ação/omissão;

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(E) nos casos de ação privada, o querelante poderá preferir o foro do domicílio do réu, ainda que
conhecido o local da infração.

10. (FGV – 2011 – OAB – EXAME DE ORDEM) Quando se tratar de acusação relativa à prática
de infração penal de menor potencial ofensivo, cometida por estudante de direito, a competência
jurisdicional será determinada pelo (a)
a) natureza da infração praticada e pelo local em que tiver se consumado o delito.
b) local em que tiver se consumado o delito.
c) natureza da infração praticada.
d) natureza da infração praticada e pela prevenção.
11. (FGV - 2015 - TJ-BA - ANALISTA JUDICIÁRIO - DIREITO) Aristarco, empresário e primeiro
suplente do Senador Armando, foi denunciado, em março de 2012, por uma série de delitos de
estelionato e apropriação indébita, em concurso material, perante Juízo Criminal da Capital.
Quando da ordem judicial para que as partes se manifestassem em diligências (Art. 402 do CPP),
a Defesa de Aristarco atravessou petição, informando que, por força da morte do titular do cargo,
havia assumido o mandato de Senador da República, na véspera da determinação judicial. O Juiz
de Direito determinou a remessa dos autos ao Supremo Tribunal Federal, onde, por ordem do
Ministro Relator, foi determinada a manifestação das partes em diligências (Art. 9º da Lei nº
8.038/90). Atendidas as diligências, foram os autos encaminhados ao Ministério Público para
apresentação das alegações finais. Restituídos os autos, o Ministro Relator determinou a
manifestação da Defesa em alegações finais, oportunidade em que foi juntada a renúncia de
Aristarco à vaga de Senador da República e seu retorno à condição de empresário. Diante desse
quadro fático-processual, é correto afirmar que o processo deverá:
(A) permanecer no Supremo Tribunal Federal, para evitar abuso do direito na aludida renúncia;
(B) permanecer no Supremo Tribunal Federal, posto encerrada a instrução criminal, estando o caso
maduro para julgamento;
(C) permanecer no Supremo Tribunal Federal, para evitar fraude processual na aludida renúncia;
(D) ser remetido ao Juízo de Direito de primeira instância, onde a sentença deverá ser proferida;
(E) ser remetido ao Juízo de Direito de primeira instância, onde as alegações finais defensivas
deverão ser apresentadas.

12. (FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Paulo reside na cidade “Y” e lá
resolveu falsificar seu passaporte. Após a falsificação, pegou sua moto e viajou até a cidade “Z”,
com o intuito de chegar ao Paraguai. Passou pela cidade “W” e pela cidade “K”, onde foi parado
pela Polícia Militar. Paulo se identificou ao policial usando o documento falsificado e este,
percebendo a fraude, encaminhou Paulo à delegacia. O Parquet denunciou Paulo pela prática do
crime de uso de documento falso. Assinale a afirmativa que indica o órgão competente para
julgamento.

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A) Justiça Estadual da cidade “Y”.


B) Justiça Federal da cidade “K”.
C) Justiça Federal da cidade “Y”.
D) Justiça Estadual da cidade “K”.
13. (FGV – 2010 – OAB – III EXAME UNIFICADO) Tendo como referência a competência ratione
personae, assinale a alternativa correta.
(A) Caio, vereador de um determinado município, pratica um crime comum previsto na parte
especial do Código Penal. Será, pois, julgado no Tribunal de Justiça do Estado onde exerce suas
funções, uma vez que goza do foro por prerrogativa de função.
(B) Tício, juiz estadual, pratica um crime eleitoral. Por ter foro por prerrogativa de função, será
julgado no Tribunal de Justiça do Estado onde exerce suas atividades.
(C) Mévio é governador do Distrito Federal e pratica um crime comum. Por uma questão de
competência originária decorrente da prerrogativa de função, será julgado pelo Superior Tribunal
de Justiça.
(D) Terêncio é prefeito e pratica um crime comum, devendo ser julgado pelo Tribunal de Justiça
do respectivo Estado. Segundo entendimento do STF, a situação não se alteraria se o crime
praticado por Terêncio fosse um crime eleitoral.

14. (FGV - 2014 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIII - PRIMEIRA FASE) Carolina,
voltando do Paraguai com diversas mercadorias que configurariam o crime de contrabando, entra
no país pela cidade de Foz do Iguaçu (PR). Em lá chegando, compra uma passagem de ônibus
para a cidade de São Paulo e segue, posteriormente, para o Rio de Janeiro, sua cidade natal,
quando é surpreendida por policiais federais que participavam de uma operação de rotina na
rodoviária. Os policiais, então, apreendem as mercadorias e conduzem Carolina à Delegacia
Policial.
Na hipótese, assinale a alternativa que indica o órgão competente para proceder ao julgamento
de Carolina.
a) A Justiça Federal de Foz de Iguaçu.
b) A Justiça Federal do Rio de Janeiro.
c) A Justiça Federal de São Paulo.
d) Qualquer das anteriores, independentemente da regra da prevenção
15. (FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VI - PRIMEIRA FASE) A Constituição
do Estado X estabeleceu foro por prerrogativa de função aos prefeitos de todos os seus
Municípios, estabelecendo que “os prefeitos serão julgados pelo Tribunal de Justiça”. José,
Prefeito do Município Y, pertencente ao Estado X, está sendo acusado da prática de corrupção
ativa em face de um policial rodoviário federal.

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Com base na situação acima, o órgão competente para o julgamento de José é


a) a Justiça Estadual de 1ª Instância.
b) o Tribunal de Justiça.
c) o Tribunal Regional Federal.
d) a Justiça Federal de 1ª Instância.

16. (FGV - 2014 - TJ-GO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA E OFICIAL DE JUSTIÇA)
Em relação à competência no processo penal, é correto afirmar que:
(A) é da competência da Justiça Federal o julgamento de contravenções penais, desde que
conexas com delitos de competência da Justiça Federal;
(B) compete à Justiça Estadual processar e julgar as ações penais relativas a desvio de verbas
originárias do Sistema Único de Saúde (SUS), independentemente de se tratar de valores
repassados aos Estados ou Municípios por meio da modalidade de transferência “fundo a fundo”
ou mediante realização de convênio;
(C) compete à Justiça Estadual o julgamento de ação penal em que se apure a possível prática de
sonegação de ISSQN pelos representantes de pessoa jurídica privada, ainda que esta mantenha
vínculo com entidade da administração indireta federal;
(D) compete à Justiça Federal processar e julgar acusado da prática de conduta criminosa
consistente na captação e armazenamento, em computadores de escolas municipais, de vídeos
pornográficos oriundos da internet, envolvendo crianças e adolescentes;
(E) compete à Justiça Estadual processar e julgar crime consistente na apresentação de Certificado
de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) falso a agente da Polícia Rodoviária Federal, em
rodovia que cruza três Estados.

17. (FGV – 2014 – TJ/RJ – ANALISTA – EXECUÇÃO DE MANDADOS) Um magistrado de


primeiro grau que exerce sua jurisdição junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
passava suas férias em Salvador, na Bahia, quando, durante um evento festivo, acabou por entrar
em confronto corporal com outro indivíduo, vindo a causar a morte deste dolosamente. Será
competente para julgar o magistrado pelo homicídio doloso praticado:
(A) o Tribunal do Júri de Salvador;
(B) o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro;
(C) o Superior Tribunal de Justiça;
(D) o Tribunal do Júri do Rio de Janeiro;
(E) o Tribunal de Justiça da Bahia.
18. (FGV – 2013 – ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/MT – PROCURADOR) Determinado servidor
público, com foro por prerrogativa de função no Tribunal de Justiça fixado exclusivamente pela

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Constituição Estadual, pratica dolosamente um aborto em sua namorada, mesmo diante da


divergência desta.
Diante dessa situação hipotética, o servidor deveria ser processado e julgado perante
a) o Tribunal de Justiça, desde que não aposentado quando do processamento da ação penal.
b) o juízo de primeiro grau da Vara Comum, pois o STF já se posicionou pela inconstitucionalidade
do foro por prerrogativa de função fixado na Constituição Estadual.
c) o juízo de primeiro grau da Vara Comum, pois o crime foi praticado por motivos particulares,
não tendo sido motivado pela função que exerce.
d) o Tribunal do Júri, por ser tratar de crime doloso contra a vida.
e) o Tribunal de Justiça, ainda que não mais exercesse a função quando da propositura da ação
penal.
19. (FGV – 2015 – OAB – XVI EXAME DE ORDEM) Juan da Silva foi autor de uma contravenção
penal, em detrimento dos interesses da Caixa Econômica Federal, empresa pública. Praticou,
ainda, outra contravenção em conexão, dessa vez em detrimento dos bens do Banco do Brasil,
sociedade de economia mista.
Dessa forma, para julgá-lo será competente
a) a Justiça Estadual, pelas duas infrações.
b) a Justiça Federal, no caso da contravenção praticada em detrimento da Caixa Econômica
Federal, e Justiça Estadual, no caso da infração em detrimento do Banco do Brasil.
c) a Justiça Federal, pelas duas infrações.
d) a Justiça Federal, no caso de contravenção praticada em detrimento do Banco do Brasil, e
Justiça Estadual pela infração em detrimento da Caixa Econômica Federal.
20. (FGV – 2015 – OAB – XVII EXAME DA OAB) Durante 35 anos, Ricardo exerceu a função de
juiz de direito junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Contudo, no ano de 2012, decidiu se
aposentar e passou a morar em Florianópolis, Santa Catarina. No dia 22/01/2015, travou uma
discussão com seu vizinho e acabou por ser autor de um crime de lesão corporal seguida de morte,
consumado na cidade em que reside.

Oferecida a denúncia, de acordo com a jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores, será
competente para julgar Ricardo
a) o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.
b) uma das Varas Criminais de Florianópolis.
c) o Tribunal de Justiça de Santa Catarina.
d) o Tribunal do Júri de Florianópolis.

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21. (FGV – 2012 – OAB – EXAME DE ORDEM) A Constituição do Estado “X” estabeleceu foro
por prerrogativa de função aos Prefeitos de todos os seus Municípios, estabelecendo que “os
prefeitos serão julgados pelo Tribunal de Justiça". José, Prefeito do Município “Y”, pertencente
ao Estado “X”, mata João, amante de sua esposa. Pergunta-se, qual o órgão competente para o
Julgamento de José?
a) Justiça Estadual de 1ª Instância;
b) Tribunal de Justiça;
c) Tribunal Regional Federal;
d) Justiça Federal de 1ª Instância.
22. (FGV – 2012 – OAB – EXAME DE ORDEM) A Justiça Brasileira recebeu Carta Rogatória
encaminhada pelo Ministério das Relações Exteriores a pedido da Embaixada da Romênia, com o
fim de verificar a possível ocorrência de crime de lavagem de dinheiro do empresário brasileiro Z.
A quem compete a execução da Carta Rogatória?
a) Aos Juízes Federais.
b) Ao Superior Tribunal de Justiça.
c) Aos Juízes Estaduais.
d) Ao Supremo Tribunal Federal.

GABARITO

1. ALTERNATIVA B
2. ALTERNATIVA B
3. ALTERNATIVA A
4. ALTERNATIVA A
5. ALTERNATIVA C
6. ALTERNATIVA D

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7. ALTERNATIVA B
8. ALTERNATIVA E
9. ANULADA
10. ALTERNATIVA C
11. SEM RESPOSTA (DESATUALIZADA)
12. ALTERNATIVA B
13. ALTERNATIVA C
14. ALTERNATIVA B
15. ALTERNATIVA C
16. ALTERNATIVA C
17. ALTERNATIVA B
18. ALTERNATIVA D
19. ALTERNATIVA A
20. ALTERNATIVA B
21. ANULADA
22. ALTERNATIVA A

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