Você está na página 1de 45

Aula 05

TSE - Concurso Unificado (Analista


Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil -
2022 (Pré-Edital)

Autor:
Paulo H M Sousa

13 de Setembro de 2022

Trabalho feito pelo


Paulo H M Sousa
Aula 05

Sumário

Livro III – Fatos jurídicos ...................................................................................................................................... 2

1 – Considerações iniciais ............................................................................................................................... 2

Título II – Atos jurídicos lícitos .......................................................................................................................... 2

Título III – Atos ilícitos ...................................................................................................................................... 3

Fato ilícito em sentido estrito ....................................................................................................................... 3

Ato-fato ilícito ............................................................................................................................................. 3

Ato ilícito em sentido amplo ........................................................................................................................ 4

A) Venire contra factum proprium ............................................................................................................... 8

B) Supressio e surrectio................................................................................................................................ 8

C) Tu quoque ............................................................................................................................................... 9

D) Exceptio doli ........................................................................................................................................... 9

E) Duty to mitigate the loss .......................................................................................................................... 9

F) Nachfrist ................................................................................................................................................ 10

2 – Considerações finais ............................................................................................................................... 11

Questões Comentadas ...................................................................................................................................... 13

FCC ........................................................................................................................................................... 13

Lista de Questões .............................................................................................................................................. 38

FCC ........................................................................................................................................................... 38

Gabarito ........................................................................................................................................................... 43

FCC ........................................................................................................................................................... 43

1
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

LIVRO III – FATOS JURÍDICOS

1 – Considerações iniciais

Inicialmente, lembro que sempre estou disponível, para você, aluno Estratégia, no Fórum de Dúvidas do
Portal do Aluno e, alternativamente, também, nas minhas redes sociais:

prof.phms@estrategia.com

Comendador Sousa

@comendadorsousa

@comendadorsousa

@comendadorsousa

Comendador Sousa

Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

Na aula de hoje, você verá o tema Ato jurídico. Esse tema é bem mais leve que o negócio jurídico, um tema
mais teórico. No entanto, apesar de ser leve de estudar, cai pesado nas provas! Ou seja, hora de firmar bem
a concentração pra evitar perder questões bobas.

No mais, segue a aula pra gente bater um papo! =)

Ah, e o que, do seu Edital, você vai ver aqui?

7 Dos atos ilícitos.

Boa aula!

Título II – Atos jurídicos lícitos

Estabelece o art. 185 do Código Civil que aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-
se, no que couber, as disposições dos negócios jurídicos.

Esse dispositivo, em resumo, prevê que o que dá pra aplicar, aplica.

2
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

O ato jurídico em sentido amplo é o fato jurídico cujo suporte fático deve ser manifestado conscientemente
por meio da vontade, com um objetivo possível e lícito. Assim, caso a pessoa não exteriorize a vontade, não
existe ato jurídico.

O ato jurídico em sentido amplo se divide em dois, o ato jurídico em sentido estrito, ou ato não negocial, e
o negócio jurídico, ou ato negocial.

No ato jurídico em sentido estrito, após a manifestação da vontade, o direito pré-determina os efeitos que
a conduta terá. O direito acolhe a manifestação de vontade e pré-determina os efeitos que ela terá. Tais
efeitos são inafastáveis e invariáveis.

Ao contrário, no negócio jurídico, a manifestação da vontade é exercida dentro de certos limites, que
produzem efeitos. São os chamados efeitos voluntários. Há, aqui, um poder de autorregulamentação, ou
seja, eu mesmo posso escolher os efeitos jurídicos que eu quero.

Assim, quando eu pago a você, pratico ato jurídico em sentido estrito. Posso aplicar os elementos dos
negócios jurídicos. Em larga medida, sim.

Há necessidade de se preocupar com maiores detalhes? Não. Esses são temas avançadíssimos – não
avançados, mas super-hiper-mega-blaster avançados, mesmo –, pelo que você não precisa se preocupar.

Título III – Atos ilícitos

1 – Fatos ilícitos em sentido amplo

Em resumo, as espécies ilícitas são idênticas às lícitas, exceto em relação à conformidade/contrariedade


com o Direito.

Fato ilícito em sentido estrito

Os fatos ilícitos em sentido estrito são as situações em que há imputabilidade de uma conduta a alguém,
independentemente de culpa. São os casos de caso fortuito e força maior. Exemplo: o art. 1.251 estabelece
que:

Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono
deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro.

Muito cuidado aqui, pois nisso o Direito Civil é radicalmente diferente do Direito Penal, cuja ilicitude
depende de comportamento humano (noção comum de delito: conduta típica, antijurídica e culpável).

Ato-fato ilícito

O ato-fato ilícito é o ato humano cuja vontade é abstraída pela norma jurídica, ou seja, a vontade é
irrelevante. O exemplo são todos os danos causados por menores, pois, segundo o ECA, os menores são
inimputáveis, mas, para o Direito Civil, a vontade é irrelevante, gerando-se o dever de indenizar.

3
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

Ato ilícito em sentido amplo

O elemento distintivo do ato ilícito em sentido amplo é a “vontade determinante da conduta”. Essa conduta
pode ser tanto uma ação como uma omissão. Segundo o art. 186 do CC/2002:

Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Há de se cuidar porque a culpa não é elemento necessário da ilicitude, como dito. A vontade
de conduta é necessária, não a vontade de causar dano.

Espécies Ilícitas

Fato ilícito em Ato ilícito em


Ato-fato ilícito
sentido estrito sentido amplo

Aqui, eu tratei do ato ilícito apenas dentro da classificação da Teoria do Fato Jurídico, para distingui-lo das
demais situações de ilicitude.

Atenção! O abuso de direito não serve como excludente de ilicitude (pré-excludente de


juridicização), pelo que ele gera dever de indenizar e é ilícito. O art. 187 do CC/2002 assim
o delimita:

Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

2 – Requisitos

O elemento principal para diferenciar o ato ilícito em sentido amplo é a “vontade determinante
da conduta”. Essa conduta pode ser tanto uma ação como uma omissão. Segundo o art. 186
do Código Civil:

Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Do próprio artigo, eu posso mostrar a você os elementos que compõem o ato ilícito, quais sejam:

1. Conduta (aquele que, por ação ou omissão): deve haver uma conduta, seja
comissiva/ativa (publicar impropérios na internet), seja omissiva (não manter uma
distância mínima do veículo da frente)

4
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

2. Culpa (voluntária, negligência ou imprudência): culpa, aqui, tem sentido amplo,


abrangendo tanto a culpa em sentido estrito (negligência ou imprudência), quanto o dolo
(voluntariedade).
Assim, há culpa (dolo) quando publico voluntariamente os impropérios na internet. Há
também culpa (em sentido estrito) quando, por imprudência, dirijo próximo demais do
veículo adiante.
3. Dano (dano a outrem, ainda que exclusivamente moral): a noção de dano é ampla. O
dano pode ser material ou patrimonial (a traseira batida do seu carro) ou imaterial ou
extrapatrimonial (a sua moral, atingida na internet).
4. Nexo causal (violar direito e causar): entre a conduta e o dano deve haver uma ligação
suficiente para se imputar a responsabilidade. Por isso, não posso pedir indenização para
sua mãe, porque ela pariu você e você me xingou. O nexo causal é distante demais.

O ato ilícito, por aplicação do art. 186, deverá ser, em regra, culposo lato sensu, ao menos. O direito civil
brasileiro adota o princípio da culpa, excepcionando o princípio do risco/dano. Entende-se que não há
responsabilidade sem culpa em sentido amplo (lato sensu).

Verifica-se a existência da culpa em sentido amplo quando se exige comportamento diverso do agente e há
censura ao comportamento tomado, contrário ao ordenamento. A culpa é analisada pela censurabilidade da
conduta, ou seja, não num juízo a priori do magistrado, mas uma análise comparada da censura (probidade,
ética, moral).

Primeiro, a culpa em sentido amplo se subdivide em culpa em sentido estrito (stricto sensu) e dolo. Em
regra, não se faz a distinção entre a culpa stricto sensu e o dolo porque desnecessária; como diz o brocardo,
culpa lata dolo aequiparatur, ou seja, a culpa se equipara ao dolo, para fins de responsabilidade civil. Não
obstante, por vezes o Direito Civil distingue a culpa do dolo para imputar responsabilidade ao agente
apenas no caso de dolo.

De qualquer forma, as distinções feitas pelo Direito Penal a respeito da matéria são irrelevantes, à exceção
da culpa vs. dolo, quando cabível (art. 18, inc. II do CP/1940). Dolo eventual (e mesmo o preterdolo) e culpa
consciente são categorias inaplicáveis ao Direito Civil, felizmente. Ou o dolo é não eventual ou é culpa. A
culpa stricto sensu baseia-se em três fatores (art. 18, inc. II do CP/1940):

5
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

A. Negligência
• Conduta omissiva, passiva. Esperava-se que o agente tomasse determinada medida
(omissão genérica), mas ele não toma, se omite, permanece passivo. Exige-se prova da
ausência de prática (omissão específica).
• Exemplo é o motorista que não conserta os freios do carro, após uma revisão, e,
posteriormente, bate o carro por falta deles; o dono não coloca focinheira no cachorro,
que morde um pedestre no parque.

B. Imprudência
• Conduta comissiva, ativa. Esperava-se que o agente não tomasse determinada medida,
mas ele se arrisca e a toma, age. Ele tem uma conduta contrária à exigida pelo
ordenamento.
• Exemplo é o motorista que dirige alcoolizado e causa acidente; o dono do imóvel que
deixa coisas no parapeito da janela do prédio e elas caem sobre um passante.

C. Imperícia
• A imperícia, ou falta de perícia, é ligada às atividades técnicas, ou seja, o sujeito age
sem a qualificação ou treinamento necessários ao ato.
• Exemplo é o enfermeiro inexperiente que ministra medicamentos errados; o médico,
sem especialização, que realiza procedimento cirúrgico contra as normas médicas.

No caso de negligência, ou seja, de omissão do agente, necessário também provar


que seu ato seria apto a evitar o dano. Caso, com a ação, o dano se verificasse do
mesmo modo, não há que se falar em omissão, em negligência.

Quanto à imperícia, a rigor ela não é tecnicamente um fator; ou o agente age de


maneira negligente ou age de maneira imprudente. A imperícia é, em realidade,
imperícia por negligência ou imperícia por imprudência. De maneira mais apurada tecnicamente, portanto,
a culpa se baseia em apenas dois fatores: imprudência ou negligência.

2 – Abuso de direito

Somente se preenchidos esses requisitos é que você poderá ser chamado a indenizar?

Não. Atenção! O abuso de direito é equiparado ao ato ilícito. O que é abuso de direito? O art. 187 do Código
Civil assim o delimita:

Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A diferença entre eles é que o ato ilícito é ilícito na origem e no exercício, ao passo que o abuso de direito
é lícito na origem, mas ilícito no exerício.

6
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

Como saber quando o ato é lícito e quando é abusivo? Depende do caso concreto, pelo que se sua
prova for ser mais prática, trazendo um caso hipotético, ela dirá claramente que o ato é
manifestamente desproporcional, como eu fiz.

A figura do abuso de direito é velha conhecida da doutrina civilística. Segundo Francisco Amaral,

O abuso de direito consiste no uso imoderado do direito subjetivo, de modo a causar dano
a outrem. Em princípio, aquele que age dentro do seu direito a ninguém prejudica
(neminem laedit qui jure suo utitur). No entanto, o titular do direito subjetivo, no uso desse
direito, pode prejudicar terceiros, configurando ato ilícito e sendo obrigado a reparar o
dano.

Limongi França, resumindo, o define como “um ato jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício, levado a
efeito sem a devida regularidade, acarreta um resultado considerado ilícito”. O abuso de direito é um ato
==247843==

lícito na causa, mas ilícito nas consequências, ou seja, trata-se de exercício irregular de direito regular.

O instituto vem previsto especificamente no art. 187, ainda que não com o nome de “abuso de
direito”. Diz o dispositivo que também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim socioeconômico, pela boa-fé ou
pelos bons costumes. Ou seja, a ilicitude não está na conduta em si, mas no abuso dela.

Assim, a edificação de um muro é ato lícito, mas se edificado em altura incompatível com o
razoável, com o intuito manifesto de prejudicar a insolação natural ao prédio vizinho, veremos o abuso do
direito de edificar, reputado ilícito pelo art. 187. Por isso, os requisitos para a verificação do abuso de direito
são:

1. Titularidade do 2. Exercício excessivo 3. Transposição dos


direito pelo agente do direito limites impostos

4. Violação do direito
5. Nexo de causalidade
alheio

O abuso de direito pode se desdobrar em variadas situações específicas, geralmente vinculadas ao princípio
da boa-fé objetiva, como deixa claro o Enunciado 412 do CJF. O Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil
elucida que a responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se
somente no critério objetivo-finalístico.

7
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

Como se pode visualizar o abuso de direito? Em regra, fica mais fácil ver esse instituto a partir
do estudo das figuras parcelares da boa-fé objetiva, notadamente a) vedação ao
comportamento contraditório, b) supressão, surgimento, c) vedação ao desconhecimento da
lei, d) exceção de dolo, e) vedação ao agravamento do prejuízo e (f) extensão de prazo.

O Enunciado 412 da V Jornada de Direito Civil, por sua vez, estabelece que as diversas hipóteses
de exercício inadmissível de uma situação jurídica subjetiva, tais como supressio, tu quoque, surrectio e
venire contra factum proprium, são concreções da boa-fé objetiva. Posso adicionar ainda exceptio doli, duty
to mitigate the loss e Nachfrist para completar o rol do Enunciado.

A) Venire contra factum proprium

A vedação ao comportamento contraditório (da máxima latina venire contra factum proprium non potest)
tem aplicação é mais evidente no Direito dos Contratos. Ainda assim, já no Direito das Obrigações ela se
visualiza no art. 330 (“O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor
relativamente ao previsto no contrato”).

Assim, se alguém age de determinada forma, toma determinada conduta, criando uma
expectativa justa em outrem, com base na confiança, não pode, posteriormente, agir de
maneira contrária. É por isso que o art. 330 proíbe ao credor que reiteradamente recebe em
local distinto do contratado pretender cobrar do devedor, posteriormente, no local
anteriormente previsto, sem que este concorde. Igualmente, se não comparecer ao local
habitual, a mora será sua, e não do devedor que não paga, por esperar pelo credor, sem obter
resposta.

O STJ, em repetidas decisões veda o comportamento contraditório, por aplicação dos princípios da confiança
e da lealdade, deveres laterais de conduta decorrentes da cláusula geral da boa-fé objetiva. Nesse sentido
também o Enunciado 362 da IV Jornada de Direito Civil que esclarece que a vedação do comportamento
contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos
arts. 187 e 422 do CC/2002.

B) Supressio e surrectio

A supressão (supressio ou Verwirkung) é instituto intimamente ligado à vedação ao


comportamento contraditório e à caducidade. Ocorre nas situações nas quais a pessoa não
exercita seu exercício em tempo adequado, pelo que o transcurso do tempo torna seu exercício
abusivo. A supressio, assim, inibe o exercício de um direito, até então reconhecido, pelo seu
não exercício.

Já o surgimento (surrectio ou Erwirkung) é a outra face da supressão, tratando-se da situação na qual não
há direito algum, mas o exercício contrariamente à norma legal (dispositiva) ou contratual (de eficácia
relativa) que gera estabilização daquela relação jurídica para o futuro. A surrectio, assim, é a aquisição de
um direito pelo decurso do tempo, pela expectativa legitimamente despertada por ação ou
comportamento.

8
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

O art. 330, igualmente, demonstra o surgimento. Apesar de não ser direito do devedor fazer o pagamento
em local diverso do ajustado, sua reiteração faz surgir o direito. Veja que não há que se falar em costume
contra legem, vedado pelo art. 4º da LINDB, segundo a doutrina.

Assim, surrectio e supressio nada mais são do que as duas faces de uma mesma moeda, havendo apenas
uma distinção de ângulo, de perspectiva; ao passo que se extingue uma posição jurídica a uma parte, cria-se
essa mesma posição jurídica para a contraparte. O art. 330 é, assim, exemplar a respeito.

C) Tu quoque

“A ninguém é dado aproveita-se da própria torpeza” (nemo auditur propriam turpitudinem


allegans), já diz o ditado. O tu quoque é, em alguma medida, a expressão civil da perspectiva
criminal de que a ninguém é dado alegar o desconhecimento da lei.

Assim, não pode a pessoa alegar o desconhecimento de uma situação jurídica justamente para
não a observar. Trata-se da surpresa de uma parte por ato injustificado da outra.

D) Exceptio doli

Aqui, mais uma vez, há conexão do instituto da exceção de dolo à vedação ao comportamento
contraditório. A peculiaridade é que a exceptio doli se aplica às situações nas quais uma parte,
abusivamente, age com dolo, gerando prejuízo à contraparte.

Como a parte lesada se defenderá? Por meio de uma exceção, a exceção de dolo. Assim, o
lesado não questiona os termos da avença, mas apenas o dolo do outro em deixar de cumpri-la. A exceção
de contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus) e sua versão mais limitada, a exceção de
contrato parcialmente não cumprido (exceptio non exceptio non rite adimpleti contractus) são corolários da
exceptio doli.

E) Duty to mitigate the loss

A vedação ao agravamento do prejuízo ou o dever de mitigar as perdas, mais conhecida


por sua versão anglo-saxônica, duty to mitigate the loss, igualmente deriva do princípio
da boa-fé objetiva. Liga-se umbilicalmente também ao nemo auditur propriam
turpitudinem allegans. Nesse sentido, o credor tem de evitar o próprio prejuízo,
tomando medidas judiciais cabíveis para proteger seu crédito, sendo que
posteriormente não pode agravar os prejuízos do devedor ou de terceiros por conta de
sua desídia.

O STJ (REsp 758.518) aplicou esse entendimento ao caso de um credor que deixou transcorrer 7 anos para
cobrar o devedor de uma promessa de compra e venda do imóvel. Pretendia ele que o devedor devolvesse
a posse do bem e que os valores pagos fossem devolvidos. Evidentemente, o prejuízo ao devedor seria de
grande monta.

O Enunciado 629 da VIII Jornada de Direito Civil vai no mesmo sentido. Segundo ele, a indenização não inclui
os prejuízos agravados, nem os que poderiam ser evitados ou reduzidos mediante esforço razoável da vítima.
Os custos da mitigação devem ser considerados no cálculo da indenização.

9
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

F) Nachfrist

Prevista no art. 47 da CISG, a extensão do prazo (Nachfrist) estabelece um certo


prazo de carência para o vendedor cumprir sua obrigação, depois de dado um prazo
adicional pelo comprador. No tráfego internacional de mercadorias, a relevância
dessa extensão é ímpar, pois a compra e venda não é tão simples quanto aquela
regulada pelo CDC, de um consumidor a pegar um produto na prateleira.

Esse instituto pretende, em certa medida, evitar a judicialização e a cobrança de encargos que poderiam
tornar as transações internacionais inviáveis. A redação do art. 47, em seus dois parágrafos, é exemplar a
respeito:

(1) O comprador poderá conceder ao vendedor prazo suplementar razoável para o cumprimento de suas
obrigações.
(2) Salvo se tiver recebido a comunicação do vendedor de que não cumprirá suas obrigações no prazo fixado
conforme o parágrafo anterior, o comprador não poderá exercer qualquer ação por descumprimento do
contrato, durante o prazo suplementar. Todavia, o comprador não perderá, por este fato, o direito de exigir
indenização das perdas e danos decorrentes do atraso no cumprimento do contrato.

Paulo Nalin e Renata Steiner pontuam que se pode extrair dessa norma que a resolução do contrato é
automática, independendo de intervenção judicial (resolução ipso jure). Além disso, mesmo depois da
extensão do prazo, pode-se resolver o contrato sem recurso à via judicial, independentemente do
descumprimento fundamental.

3 – Excludentes de responsabilidade

Ao contrário, se preenchidos os requisitos que mencionei você será sempre chamado a indenizar?

Não. Há situações em que mesmo se verificando o cumprimento dos quatro requisitos, não se falará em
conduta ilícita. Isso ocorre em três situações.

Quais são as situações em que se exclui a ilicitude? Vejam:

A) Legítima defesa

O art. 188, inc. I, do CC/2002, prevê a legítima defesa na seara privada:

Não constituem atos ilícitos os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido.

É a chamada autotutela ou autodefesa, numa quebra do monopólio estatal do uso da violência. Segundo
Pontes de Miranda, é a aplicação da lei pelo próprio interessado, em substituição ao juiz, quando o sujeito
não respeita a norma.

A legítima defesa real exime o violador de indenização, mas não a legítima defesa putativa
(achei que ele iria me atacar e causei um dano a ele, mas ele não me atacaria) e nem a legítima
defesa excessiva (na defesa, me “empolguei” e causei mais dano do que o necessário).

10
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

B) Exercício regular de direito

O art. 188, inc. I, do CC/2002, prevê o exercício regular de direito na seara privada:

Não constituem atos ilícitos os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido.

A rigor, exercer seu direito não causa dano. Há um exercício sem fim danoso, com exercício legítimo,
responsabilidade e moderação do próprio direito. Quais são os limites ao exercício do direito? Geralmente,
a jurisprudência os fixa através da hierarquia de direitos. Assim, protestar o devedor não é abuso, mas
utilizar um carro de som em frente ao seu local de trabalho é.

C) Estado de necessidade

O art. 188, inc. II do CC/2002 prevê o estado de necessidade :

Não constituem atos ilícitos a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover
perigo iminente.

A remoção de perigo iminente ocasiona destruição da coisa alheia; porém, o ato será legítimo somente
quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável para a remoção do perigo, segundo o parágrafo único do mesmo dispositivo.

2 – Considerações finais

Chegamos ao final da aula! Uma aula leve, com pouco conteúdo, mas muita incidência em prova.

Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entre em contato comigo. Estou disponível no Fórum de Dúvidas
do Curso, e-mail e mesmo redes sociais, para assuntos menos sérios.

Aguardo você na próxima aula. Até lá!

Paulo H M Sousa

prof.phms@estrategiaconcursos.com.br

prof.phms

prof.phms

prof.phms

Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

11
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

12
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

QUESTÕES COMENTADAS

FCC

ATOS ILÍCITOS (ART. 186 AO 188)

1. (FCC / TRF - 4ª REGIÃO – 2019) Comete abuso de direito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes. Para o Código Civil, o abuso de direito constitui ato
a) lícito, mas que dá causa ao dever de indenizar.
b) lícito, mas que não produz efeitos.
c) ilícito, que dá causa ao dever de indenizar.
d) ilícito, mas que não dá causa ao dever de indenizar.
e) ilícito, porém plenamente válido e eficaz.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que o ato é ilícito, de acordo com o art. 187

Ocorre, neste caso, o abuso de direito, pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo com o fim
qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos pelo seu
fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites que lhe
são impostos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa B está incorreta, pois constitui ato ilícito.

O ato ilícito baseia-se numa conduta ou fato praticado pelo agente, sendo este passível de controle pela
vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito subjetivo
de um terceiro e lhe causa um dano, de acordo com o Art. 186: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito.”

A alternativa C está correta, pois é um ato ilícito, havendo causa ao dever de indenizar.

13
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

O ato ilícito dispõe acerca de uma conduta ou fato praticado pelo agente, sendo este passível de controle
pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito
subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

Com base no Art. 187, ocorre, o abuso de direito, pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo
com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites
que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Conforme a confirmação do ato ilícito, tem-se o Art. 927, que dispõe da obrigação do causador do dano à
reparar o dano causado, independentemente de culpa (casos específicos) ou quando o agente cometer atos
que ofereçam riscos aos direitos de terceiros.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.

A alternativa D está incorreta, pois, como previsto pelo Art. 927, quando ocorre o ato ilícito, se dá causa ao
dever de indenizar.

O ato ilícito baseia-se numa conduta ou fato praticado pelo agente, sendo este passível de controle pela
vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito subjetivo
de um terceiro e lhe causa um dano. Ferindo os direitos de outrem, tem o agente a obrigação de suprir os
danos causados.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

A alternativa E está incorreta, pois não há meios de um ato ilícito ser plenamente válido e eficaz.

O ato ilícito dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente, sendo este passível de controle
pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito
subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

2. (FCC / SEFAZ-GO – 2018) Para o Código Civil, o abuso do direito


a) é previsto como ato ilícito e gera responsabilidade ao agente ofensor, por desvio da finalidade social e
econômica do ato tido por abusivo.
b) é previsto como ato ilícito, mas não gera responsabilidade ao agente ofensor, por não se tratar de ato
ilegal.

14
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

c) é previsto como ato lícito, não gerando responsabilidade ao ofensor.


d) não é previsto no Código Civil, mas apenas na doutrina e na jurisprudência.
e) é previsto como ato ilícito, gerando apenas a possibilidade de desfazimento do ato, sem outras
cominações legais.

Comentários

A alternativa A está correta, dado que está de acordo com o Art. 187, no qual o abuso do direito é previsto
como ato ilícito e gera responsabilidade ao agente ofensor, por desvio de finalidade social econômica do ato
tido como abusivo.

Com base no Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo
com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites
que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa B está incorreta, dado que gera responsabilidade ao agente ofensor, uma vez que se configura
ato tido como abusivo.

O abuso do direito configura ato ilícito, de acordo com o Art. 187, pois excede os limites do fim para o qual
lhe é imposto.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa C está incorreta, dado que o abuso do direito é expresso como ato ilícito e gera
responsabilidade, de acordo com o Art. 187: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.”

A alternativa D está incorreta, pois há previsão da ilicitude do abuso do direito no Código Civil, em seus Art.
186 e 187:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

O ato ilícito dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente, sendo este passível de controle
pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito
subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

15
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

Ocorre, portanto, o abuso de direito dado que há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo com o
fim qual lhe é imposto, pois o ato, como citado no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim...” sendo, desta forma, o ato ilícito aquele que não é exercido seguindo os limites que lhe são
impostos, acabando por violar direitos.

Tais artigos tratam implicitamente de abuso de direito, sendo este configurado como ato ilícito.

A alternativa E está incorreta, pois a ilicitude do ato gera a possibilidade de indenização como forma ao
reparo do dano causado pelo agente, com amparo no Art 927.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

É explicito que há a obrigação do causador do dano a reparar o dano causado, independentemente de culpa
(casos específicos) ou quando o agente cometer atos que ofereçam riscos aos direitos de terceiros.

3. (FCC / MPE-PE – 2018) Leandro, na condução de sua motocicleta, para não causar mal maior, decide
deliberadamente jogá-la contra o automóvel de Roberto, provocando-lhe dano, evitando, assim, o
atropelamento de Paulo, que, imprudentemente, atravessou a rua fora da faixa de pedestre e sem se
atentar para o trânsito de veículos. Nesse caso, no tocante à colisão do veículo, Leandro terá praticado
ato
a) ilícito e injustificável em relação a Roberto, que nada tem a ver com a imprudência de Paulo.
b) lícito, desde que as circunstâncias o tornassem absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável para evitar o atropelamento de Paulo.
c) ilícito, porém justificável e legítimo, ainda que houvesse outro meio menos gravoso para evitar o
atropelamento de Paulo.
d) lícito, ainda que houvesse outro meio menos gravoso para evitar o atropelamento de Paulo.
e) que não se qualifica como lícito ou ilícito, ante a excepcionalidade da situação de perigo iminente
provocada por terceiro.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois Leandro não praticou um ato ilícito, pois na condução da motocicleta,
decide jogá-la contra o automóvel de Roberto para não causar mal maior, ou reter um perigo eminente,
como se ampara o Art. 188:

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

A alternativa B está correta, dado o fato de que Leandro praticou um ato lícito, em circunstância
absolutamente necessárias para evitar um mal maior, e não excedeu os limites do indispensável para evitar
o atropelamento de Paulo, como amparado pelo Art. 188:

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

16
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem
absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

Leandro, na condução de sua motocicleta, para não causar mal maior, decide deliberadamente jogá-la contra
o automóvel de Roberto, provocando danos, mas evitando o mal maior que seria o atropelamento de Paulo.

Paulo, por sua vez, teve uma conduta imprudentemente ao atravessar a rua fora da faixa de pedestres, sem
se atentar para o trânsito de veículos. Dados os fatos, é claro que houve a necessidade de que Leandro agisse
para evitar maiores danos, como o atropelamento.

A alternativa C está incorreta, pois o ato cometido por Leandro é lícito, mas se houvesse outro meio menos
gravoso para evitar o atropelamento de Paulo devia se optar por ele, como está expresso no Art. 188:

Art. 188. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

A alternativa D está incorreta, pois se houvesse outra forma menos gravosa para evitar o atropelamento e
Leandro não optasse por esse o ato seria ilícito, uma vez que o ato causador de dano só é lícito quando é
única opção para não gerar mal maior, como expresso no parágrafo único do Art. 188:

Art. 188. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

A alternativa E está incorreta, pois o ato cometido por Leandro se configura como lícito, pois de acordo com
o Art. 188, o ato que causa dano da coisa alheia ou lesão a pessoa como um meio para evitar um dano maior,
é lícito, porém somente será legítimo se o meio escolhido for absolutamente necessário, devendo este estar
dentro dos limites do indispensável, que foi o que ocorreu no caso, pois se não tivesse jogado sua motocicleta
no automóvel de Roberto, Leandro teria atropelado Paulo.

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

Art. 188. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

4. (FCC / TRT - 23ª REGIÃO – 2015) Carlos foi vítima de golpe por meio do qual fraudadores utilizaram-se
de documentos falsos a fim de realizar operações bancárias em seu nome. Procurada por Carlos, a
instituição financeira afirmou não ter tido culpa pelo incidente, negando-se a restituir o prejuízo. A
negativa é
a) Ilícita, configurando abuso do direito, decorrente da inobservância do princípio da boa-fé subjetiva, que
impõe às partes, dentre outros, o dever anexo de segurança, independentemente da existência do elemento
culpa.
b) Lícita, pois, para caracterização do abuso do direito, é necessária a existência do elemento culpa.

17
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

c) Lícita, por ausência de nexo de causalidade entre a atividade da instituição financeira e o prejuízo
experimentado por Carlos.
d) Lícita, pois somente comete ato ilícito aquele que, por ação ou omissão voluntária decorrente de
negligência ou imprudência, viola direito e causa dano a outrem.
e) Ilícita, configurando abuso do direito, decorrente da inobservância do princípio da boa-fé objetiva, que
impõe às partes, dentre outros, o dever anexo de segurança, independentemente da existência do elemento
culpa.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois a negativa é decorrente da observância do princípio da boa-fé objetiva,
e não subjetiva.

A boa-fé subjetiva é referente ao estado psicológico da pessoa, em suas crenças internas e convicções.
Basicamente, trata-se do desconhecimento de uma situação adversa a que acredita ser.

Por sua vez, a boa-fé objetiva expressa fatos sólidos que podem ser observados na conduta das partes, quais
devem agir com honestidade, com uma confiança harmônica para com a outra parte.

Consiste, portanto, num dever de conduta contratual ativo, a ambos os contratantes, obrigando-os à
colaboração e à cooperação mútua, levando-se em consideração os interesses um do outro, com vistas a
alcançar o efeito prático que justifica a existência jurídica do contrato celebrado.

A alternativa B está incorreta, pois a negativa é ilícita, também não sendo necessária a existência do
elemento culpa.

Com base no Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo
com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites
que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa C está incorreta, pois a negativa é ilícita.

Mas está correta a afirmativa acerca do ato ilícito, que dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido
pelo agente, sendo este passível de controle pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão
que entra em desacordo com o direito subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito

A alternativa D está incorreta, pois a negativa é ilícita, e a respeito do ato ilícito, temos o Art. 186 dispondo
que: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”, sendo, desta forma, ato ilícito definido sob
uma certa conduta ou fato exercido pelo agente, sendo este passível de controle pela vontade, um

18
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito subjetivo de um terceiro
e lhe causa um dano, mas o Código civil estabelece também que comete ato ilícito o titular de um direito
que, ao exercê-lo, excede os limites impostos pelo seu fim econômico ou social.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa E está correta, dado que a negativa é ilícita, senda configurada como abuso do direito, que é
decorrente da inobservância do princípio da boa-fé objetiva, que expressa fatos sólidos que podem ser
observados na conduta das partes, quais devem agir com honestidade, com uma confiança harmônica para
com a outra parte, e impõe às partes, dentre outros, o dever de segurança, independentemente da existência
do elemento culpa.

As afirmações são baseadas mediante ao Enunciado e à súmula a seguir:

Enunciado 26 da I jornada de direito civil – Art. 422: A cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil
impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva,
entendida como a exigência de comportamento leal dos contratantes.

Súmula 479 STJ: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.

De acordo com o Código Civil:

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

5. (FCC / SEFAZ-PE – 2015) O titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social
a) Comete ato ilícito, consubstanciado em abuso do direito, sujeitando-se à responsabilidade civil.
b) Não comete ato ilícito, mas, apenas, viola regra moral, sem consequências jurídicas.
c) Não comete ato ilícito, mas se sujeita à responsabilidade civil de natureza objetiva.
d) Comete ato ilícito, sujeitando-se a sanções administrativas, mas não à responsabilidade civil.
e) Comete abuso do direito, que a lei não reputa ato ilícito para fins indenizatórios.

Comentários

A alternativa A está correta, pois com base no Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por
ter sido exercido em desacordo com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele
que não é exercido seguindo os limites que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

19
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

Sendo a indenização amparada pelo Art. 927, que dispõe:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Neste sentido, temos o enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil do Conselho Nacional de Justiça: “Art. 187.
A responsabilidade civil decorrente do abuso de direito independe de culpa, e fundamenta-se somente no
critério objetivo-finalístico”.

A alternativa B está incorreta, dado que ocorreu o ato ilícito e o titular terá consequências, sujeitando-se à
responsabilidade civil, pois há a ocorrência do abuso de direito, como implicitamente disposto no Art. 187,

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa C está incorreta, visto que comete ato ilícito, sendo este o abuso de direito, e se sujeita também
a reponsabilidade civil. Com base no Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido
exercido em desacordo com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele
que não é exercido seguindo os limites que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa D está incorreta, pois o agente do ato ilícito não é sujeito à responsabilidade administrativa,
mas sim à responsabilidade civil.

A responsabilidade civil é a obrigação de reparar o dano que uma pessoa causa a outra. Para o direito, a
teoria da responsabilidade civil procura determinar em que condições uma pessoa pode ser considerada
responsável pelo dano sofrido por outra pessoa e em que medida está obrigada a repará-lo.

Por sua vez, o ato ilícito dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente, sendo este passível
de controle pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o
direito subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

Desta forma, o ato é ilícito como amparado pelo Art. 187:

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes

A alternativa E está incorreta, pois o abuso de direito é um ato ilícito, sendo ilegítimo o exercício de
um direito quando um titular excede manifestamente os limites impostos pela boa-fé, pelos bons costumes
ou pelo fim social ou económico desse direito, de acordo com o Art. 187: ocorre o abuso de direito pois há
ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no
Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato
ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites que lhe são impostos, de forma que acaba por violar
direitos.

20
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

E a lei, no Art. 927 do Código Civil, classifica o ato ilícito como passível de indenização.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (Arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.

6. (FCC / SEFAZ-PI – 2015) Raul, dirigindo em alta velocidade, abalroou o veículo de Daniel, que ajuizou
ação de indenização. A responsabilização de Raul se dará mediante comprovação de
a) Dano, nexo de causalidade e culpa, na modalidade subjetiva.
b) Dano e nexo de causalidade, na modalidade objetiva.
c) Dano e nexo de causalidade, na modalidade subjetiva.
d) Dano, nexo de causalidade e culpa, na modalidade objetiva.
e) Dano apenas, na modalidade objetiva.

Comentários

A alternativa A está correta, dado que entende-se por modalidade subjetiva a ideia de culpa ou dolo, nesse
caso, ocorre a culpa pois o fato ocorreu devido à falta de um dever de cuidado (culpa), e conforme disposto
pelo Art. 186, há o nexo de causalidade entro o direito violado e o dano causado a outrem.

Sendo o nexo de causalidade o vínculo fático que liga o efeito e a causa, desta forma, é a comprovação da
ocorrência de um dano efetivo, sendo este motivado por uma ação voluntária, uma negligência ou
imprudência do agente causador do dano.

O ato ilícito dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente, sendo este passível de controle
pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito
subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

A alternativa B está incorreta, pois a modalidade objetiva independe da verificação de dolo ou culpa, não se
encaixando nesse caso porque é exatamente ao contrário de responsabilidade subjetiva.

A responsabilidade subjetiva ocorre quando o causador de determinado ato ilícito atingir este resultado em
razão do dolo ou da culpa em sua conduta, sendo obrigado a indenizar do dano causado apenas caso se
consume sua responsabilidade. Por sua vez, na responsabilidade objetiva, o dever de indenizar se dará
independentemente da comprovação de dolo ou culpa, bastando que fique configurado o nexo causal
daquela atividade com o objetivo atingido.

21
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

A alternativa C está incorreta, visto que a responsabilidade do autor é subjetiva, pois esse é responsável pelo
fato praticado, nesse caso, porque tal fato resultou em consequência à falta de um devido cuidado (culpa).

A responsabilidade subjetiva ocorre quando o causador de determinado ato ilícito atingir este resultado em
razão do dolo ou da culpa em sua conduta, sendo obrigado a indenizar do dano causado apenas caso se
consume sua responsabilidade.

A alternativa D está incorreta, pois a responsabilidade ocorrente no caso é a responsabilidade subjetiva e


não objetiva.

A responsabilidade subjetiva ocorre quando o causador de determinado ato ilícito atingir este resultado em
razão do dolo ou da culpa em sua conduta, sendo obrigado a indenizar do dano causado apenas caso se
consume sua responsabilidade. Por sua vez, na responsabilidade objetiva, o dever de indenizar se dará
independentemente da comprovação de dolo ou culpa, bastando que fique configurado o nexo causal
daquela atividade com o objetivo atingido.

A alternativa E está incorreta, pois não é correto determinar apenas o dano e a responsabilidade conferida
ao caso é a responsabilidade subjetiva e não objetiva.

Deve-se apontar também a culpa e nexo de causalidade, sendo este o vínculo fático que liga o efeito e a
causa. Em suma, é a comprovação da ocorrência de um dano efetivo, sendo este motivado por uma ação
voluntária, uma negligência ou imprudência do agente causador do dano.

A responsabilidade subjetiva ocorre quando o causador de determinado ato ilícito atingir este resultado em
razão do dolo ou da culpa em sua conduta, sendo obrigado a indenizar do dano causado apenas caso se
consume sua responsabilidade. Por sua vez, na responsabilidade objetiva, o dever de indenizar se dará
independentemente da comprovação de dolo ou culpa, bastando que fique configurado o nexo causal
daquela atividade com o objetivo atingido.

7. (FCC / TJ-CE – 2014) Praticado um ato jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício, levado a efeito sem
a devida regularidade, acarreta um resultado que se considera ilícito (FRANÇA, R. Limongi. Instituições
de Direito Civil. 4. ed., Saraiva, 1991, p. 891), pode-se afirmar que o agente
a) cometeu ato ilícito que só pode determinar indenização por dano moral.
b) incorreu em abuso do direito.
c) praticou ato ilícito, mas que não pode implicar qualquer sanção jurídica.
d) realizou negócio nulo.
e) realizou negócio anulável.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois não serão apenas os danos morais que poderão ser pleiteados caso seja
verificado o abuso de direito. O agente cometeu abuso de poder uma vez que o ato tem origem lícita e
consequência ilícita, como amparado pelo Art. 186: O ato ilícito dispõe acerca de uma certa conduta ou fato
exercido pelo agente, sendo este passível de controle pela vontade, um comportamento ou uma forma de
expressão que entra em desacordo com o direito subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

22
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

A alternativa B está correta, pois trata-se do abuso de direito, sendo assim caracterizado pois o agente
praticou ato jurídico de objeto lícito, porém seu exercício culminou em um resultado ilícito.

Com base no Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo
com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites
que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa C está incorreta, dado que o ato ilícito, com a consequente lesão, acarreta o dever de
indenização. Conforme dispõem os artigos 186 e 927:

O ato ilícito dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente, sendo este passível de controle
pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito
subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano, havendo a obrigação de reparo do dano de forma
independente de culpa (casos específicos) ou quando a atividade exercida pelo autor implicar riscos ao
direito de um terceiro.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.

A alternativa D está incorreta, pois o agente não realizou um negócio nulo, tendo este cometido um ato
ilícito caracterizado como abuso de direito. De acordo com o Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há
ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no
Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato
ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites que lhe são impostos, de forma que acaba por violar
direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa E está incorreta, dado que as anulabilidades consistem por meio de vícios do negócio jurídico.
Com base no Art. 171, que dispõe:

“Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:

I - por incapacidade relativa do agente;

23
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.”

8. (FCC / SEFAZ-PE – 2014) O titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social
a) comete ato ilícito, consubstanciado em abuso do direito, sujeitando-se à responsabilidade civil.
b) não comete ato ilícito, mas, apenas, viola regra moral, sem consequências jurídicas.
c) não comete ato ilícito, mas se sujeita à responsabilidade civil de natureza objetiva.
d) comete ato ilícito, sujeitando-se a sanções administrativas, mas não à responsabilidade civil.
e) comete abuso do direito, que a lei não reputa ato ilícito para fins indenizatórios.

Comentários

A alternativa A está correta, pois o titular de um direito que, ao exercê-lo excede os limites impostos pelo
seu fim econômico ou social comete ato ilícito, consubstanciado em abuso de direito, sujeitando-se a
responsabilidade civil.

Com base no Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo
com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites
que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa B está incorreta, pois o agente comete o ato ilícito, e além de violar regras morais, tem
consequência jurídicas, respondendo por responsabilidade civil por ter exercido o abuso de direito.

O ato ilícito dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente, sendo este passível de controle
pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito
subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Com base no Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo
com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites
que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa C está incorreta, dado que o agente comente ato ilícito, conforme dispõe o art. 187, e também
se sujeita a responsabilidade civil por ter cometido o abuso de direito.

24
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

O ato ilícito dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente, sendo este passível de controle
pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito
subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

Por sua vez, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo com o fim
qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos pelo seu
fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites que lhe
são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa D está incorreta, uma vez que o ato ilícito é sujeitado a responsabilidade civil.

O ato ilícito dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente, sendo este passível de controle
pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito
subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

A alternativa E está incorreta, pois o abuso de direito é reputado como ato ilícito e se configura para fins
indenizatórios, conforme expresso pelo art. 927, qual expõe também que os atos ilícitos são expressos nos
Art. 186 e 187.

O ato ilícito, como expresso no Art. 186, dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente,
sendo este passível de controle pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em
desacordo com o direito subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

Já com base no Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo
com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites
que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

E por fim, ambos os artigos citados configuram o ato ilícito e, implicitamente, o abuso de direito, quais, de
acordo com o Art. 927, são passíveis de indenização como meio para reparar o dano causado.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

9. (FCC / DPE-PB – 2014) Sônia é proprietária de uma pousada. Marina, sua, vizinha, cria codornas.
Segundo Sônia, o forte cheiro das codornas atrapalharia seu negócio. Por tal razão, com a intenção de
afugentar as codornas, mas também imaginando que poderia entreter seus clientes, passou, com
autorização do órgão ambiental, a criar corujas, as quais acabaram por dizimar as codornas. Sônia
cometeu ato

25
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

a) ilícito, pois agiu com dolo direto de matar as codornas, podendo Marina, em razão de tal fato, postular
indenização.
b) lícito, pois não é obrigada a tolerar atividade danosa a seus negócios.
c) lícito, pois a criação das corujas foi autorizada pelo órgão ambiental, podendo Marina, entretanto, em
razão dos prejuízos que experimentou, postular indenização.
d) ilícito, pois excedeu abusivamente os limites impostos pela boa-fé objetiva e pela finalidade social do
negócio, podendo Marina, em razão de tal fato, postular indenização.
e) imoral, porém lícito, uma vez que fundado em exercício regular do direito.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que ocorreu no caso um abuso de direito. Diante do fato, Sônia será
responsabilizada independentemente da presença do elemento subjetivo (culpa ou dolo), sendo, portanto,
um caso de responsabilidade objetiva.

Com base no Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo
com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites
que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Nesse sentido de responsabilidade subjetiva, observa-se também os seguintes enunciados:

Enunciado 37 do CJF (I Jornada de Direito Civil): "Art. 187. A responsabilidade civil decorrente do abuso do
direito independe de culpa, e fundamenta-se no critério objetivo-finalístico."

Enunciado 539 (VI Jornada de Direito Civil): "o abuso de direito é uma categoria jurídica autônoma em relação
à responsabilidade civil. Por isso, o exercício abusivo de posições jurídicas desafia o controle
independentemente de dano."

A alternativa B está incorreta, pois o ato cometido por Sônia foi ilícito, uma vez feriu o princípio da boa-fé.

O ato ilícito dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente, sendo este passível de controle
pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito
subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

A alternativa C está incorreta, pois ainda que a criação tenha sido autorizada pelo órgão responsável, Sônia
abusou de seu direito, causando danos a outrem, tornando-se assim seu ato ilícito.

26
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

O ato ilícito, com base no Art 186, trata-se de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente, sendo este
passível de controle pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo
com o direito subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

A alternativa D está correta, dado que Sônia cometeu ato ilícito na modalidade de abuso de direito. Ela tinha
o direito de criar corujas, e contava com a autorização do órgão ambiental, sendo lícitos estes dois fatos, mas
praticou de forma que entrou na esfera de direitos de um terceiro, causando danos.

O abuso de direito consiste em um ato jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício não atinge apenas o fim
que lhe é imposto, atingindo o direito de terceiros. Desta forma, o agente exercita um direito seu, mas
ultrapassa seus limites e acaba por desviar-se dos fins sociais para os quais estava voltado este direito lícito.
Desta forma, ato em si é lícito, mas perderá esta licitude (tornando-se ilícito) na medida de sua execução.

Como exposto pelo Art. 187 :

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa E está incorreta, dado que o ato pode ser considerado imoral, mas ainda assim é ilícito, visto
que houve um abuso do direito, qual caracteriza-se como um ato no qual há ilicitude por ter sido exercido
em desacordo com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido
seguindo os limites que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

10. (FCC / TRT - 16ª REGIÃO – 2014) A respeito dos atos jurídicos lícitos e ilícitos, considere:

I. Constitui ato ilícito a destruição da coisa alheia a fim de remover perigo iminente.

II. Não comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelos bons costumes.

III. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Está correto o que se afirma APENAS em :


a) II e III.
b) I e II.
c) I e III.
d) III.
e) I

Comentários

O item I está incorreto, pois de acordo com o Art. 188 do Código Civil:

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

27
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

O item II está incorreto, de acordo com o Código Civil há ilicitude na exceção da execução de um direito. O
ato se torna ilícito quando o direito em seu exercício acaba excedendo a esfera do agente e ferindo o direito
de um terceiro.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes

O item III está correto, pois de acordo com o Código Civil ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato
por ter sido exercido em desacordo com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele
que não é exercido seguindo os limites que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

A alternativa A está incorreta, dado que traz o item II, o qual é errôneo, visto que comete ato ilícito o titular
de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelos bons costumes.

A alternativa B está incorreta, pois tanto o I, que alega constituir ato ilícito a destruição de coisa alheia a fim
de remover perigo iminente, é errado pois não é constituído ato ilícito nessa circunstância, quanto o item II
estão errados, pois comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelos bons costumes, de acordo com o Art. 187.

A alternativa C está incorreta, pois o item I está incorreto.

A alternativa D está correta, pois aborda o item III, sendo este o único item verdadeiro, tendo como base o
art.186 do Código Civil.

A alternativa E está incorreta, pois o item I é incorreto.

11. (FCC / TCE-PI – 2014) Luiz Henrique mantém cerca de 200 cães em sua residência, situada em área
urbana da cidade de Teresina. O fato tem gerado reclamação dos vizinhos, que se queixam do forte
cheiro e do barulho gerado pelos animais. Luiz Henrique pratica ato
a) ilícito, pois ninguém é obrigado a conviver com animais, autorizando-se o sacrifício dos cães, em prol do
bem comum.
b) lícito, porque amparado nos poderes decorrentes do direito de propriedade.
c) lícito, tendo em vista sua relevância do ponto de vista ambiental.
d) ilícito, em razão do zoneamento da área, porém não passível de responsabilização, mesmo que provado
dano aos vizinhos, dada a relevância ambiental da prática.
e) ilícito, na medida em que excede os limites impostos pelo fim social da propriedade, e passível de
responsabilização civil, caso provado dano aos vizinhos.

Comentários

28
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

A alternativa A está incorreta, pois o fato é ilícito, dado que excede os limites do direito, contudo tal ato não
dá a ninguém o direito de sacrificar os cães.

O fato é ilícito com base no Art. 187, dado que ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido
exercido em desacordo com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele
que não é exercido seguindo os limites que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Mas a afirmativa é incorreta, visto que matar qualquer animal é crime. Como base para esta afirmação há o
artigo 32 da Lei dos Crimes Ambientais, qual prevê a detenção de três meses a um ano, além de multa, para
quem “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar” qualquer tipo de animal. Se houver a morte do
mesmo, a pena aumenta até um terço.

Quem praticar “experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos,
quando existirem recursos alternativos” também pode sofrer a mesma condenação.

Alguns animais considerados exóticos podem ser abatidos para consumo, desde que sejam criados em
cativeiro. Nessa lista entram, por exemplo, cavalo, javali, paca, capivara, avestruz, perdiz, tartaruga, jacaré.
Mas ainda que haja tais restrições contra o abate de animais, matar baratas, ratos e afins não é caracterizado
como crime, pois eles são considerados pragas e não entram na classificação de animais nativos, exóticos,
silvestres ou domesticados.

A alternativa B está incorreta, uma vez que Luiz pratica ato ilícito, independentes do seu direito de
propriedade, havendo neste caso o abuso de direito, que ocorre quando há ilicitude no ato por ter sido
exercido em desacordo com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele
que não é exercido seguindo os limites que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

A alternativa C está incorreta, pois fato é ilícito, devido ao abuso do direito que excedeu os limites impostos
pelos fins sociais, tendo como base o Art. 187: “. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.”

A alternativa D está incorreta, pois aborda que não é passível de responsabilização, essa afirmativa é falsa,
pois se provado o dano aos vizinhos cabe ao agente causador do dano a responsabilidade civil.

A alternativa E está correta, dado que o exercício de um direito que excede os limites impostos pelos fins
sociais ou econômicos, pela boa-fé ou pelos bons costumes é uma espécie de ato ilícito, mas não é
duplamente ilícito, sendo lícito no conteúdo, porém ilícito nas consequências

O Abuso de direito gera responsabilidade objetiva. Não há a necessidade que se comprove a intenção de
prejudicar, ou seja, o dolo ou a culpa. Havendo dano e o nexo de causalidade, estará configurada a
responsabilidade por abuso de direito. Com base no Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no
ato por ter sido exercido em desacordo com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187:

29
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

“excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é
aquele que não é exercido seguindo os limites que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

12. (FCC / DPE-PB – 2014) Durante partida de futebol, Filipe envolveu-se em uma briga e passou,
abruptamente, a desferir pontapés em todos a seu redor, atingindo inclusive o árbitro, Mário, que
tentava separar a contenda. Muito ferido, Mário ajuizou ação de indenização contra Filipe. Por sua vez,
este fez prova de que não teve a intenção de acertar Mário. O pedido deverá ser julgado
a) Procedente, pois Filipe agiu com culpa, devendo ser responsabilizado subjetivamente.
b) Improcedente, pois Filipe provou não existir um dos elementos para a responsabilização civil.
c) Procedente, pois Filipe agiu com culpa, devendo ser responsabilizado objetivamente.
d) Procedente, pois Filipe agiu em abuso do direito, devendo ser responsabilizado objetivamente.
e) Procedente, pois Filipe agiu em abuso do direito, devendo ser responsabilizado subjetivamente.

Comentários

A alternativa A está correta, pois no caso não se enquadra a responsabilidade objetiva da forma que é
apontada pela lei, mas sim a responsabilidade subjetiva, assim como jogar futebol não é por sua natureza
uma implicação de risco ao direito de outrem.

A responsabilidade subjetiva ocorre quando o causador de determinado ato ilícito atingir este resultado em
razão do dolo ou da culpa em sua conduta, sendo obrigado a indenizar do dano causado apenas caso se
consume sua responsabilidade. Por sua vez, na responsabilidade objetiva, o dever de indenizar se dará
independentemente da comprovação de dolo ou culpa, bastando que fique configurado o nexo causal
daquela atividade com o objetivo atingido. Neste caso não há abuso de direito, mas um ato ilícito
fundamentada apenas em uma conduta lesiva a outrem, causando-lhe um dano por culpa do autor,
respondendo subjetivamente ao ato ilícito.

O ato ilícito dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente, sendo este passível de controle
pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito
subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Mediante a confirmação da ilicitude do ato, deve-se buscar amparo no Art. 927 para se ter a confirmação de
que o dano causado é passível de obrigação de indenizar, para que seja suprido o dano.

Art. 927 Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.

30
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

A alternativa B está incorreta, visto que o pedido deve ser julgado procedente, uma vez que Felipe agiu com
culpa, devendo responder mediante responsabilidade subjetiva. A responsabilidade subjetiva ocorre quando
o causador de determinado ato ilícito atingir este resultado em razão do dolo ou da culpa em sua conduta,
sendo obrigado a indenizar do dano causado apenas caso se consume sua responsabilidade.

A alternativa C está incorreta, dado o fato de que Felipe deve ser responsabilizado subjetivamente, e a
alternativa traz que deve ser responsabilizado objetivamente.

Para que se visualize a diferença entre os dois conceitos, temos que a responsabilidade subjetiva ocorre
quando o causador de determinado ato ilícito atingir este resultado em razão do dolo ou da culpa em sua
conduta, sendo obrigado a indenizar do dano causado apenas caso se consume sua responsabilidade. Por
sua vez, na responsabilidade objetiva, o dever de indenizar se dará independentemente da comprovação de
dolo ou culpa, bastando que fique configurado o nexo causal daquela atividade com o objetivo atingido.

A alternativa D está incorreta, pois em nenhum momento a questão menciona que Filipe agiu em legítima
defesa. O enunciado é claro: "Filipe envolveu-se em uma briga"... não expressa se ele foi a vítima inicial ou o
agente provocador da briga. Desta forma, não havendo a previsão de legítima defesa, não se pode concluir
que houve abuso de direito.

A alternativa E está incorreta, pois Felipe não agiu com abuso de direito e sim com culpa.

Para caracterizar-se o abuso de direito, deve ocorrer a ilicitude no ato por este ter sido exercido de forma a
extrapolar os próprios limites, chegando a atingir o direito de terceiros, como exposto pelo Art. 187:
“Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”

13. (FCC / TRT - 19ª REGIÃO – 2014) A fim de justificar o alto preço de imóvel, João afirma a José que o
terreno possui linda vista para o mar. Convencido por tal argumento, José compra o imóvel, pagando
o preço pedido por João. Cerca de ano e meio depois, embora sem o objetivo de prejudicar José, e não
obstante não tivesse tal intenção quando realizou a venda, João adquire o terreno da frente e edifica
prédio que retira de José a vista para o mar. João cometeu ato
a) lícito, pois não teve o objetivo de prejudicar José.
b) ilícito, pois, ao quebrar a expectativa que havia incutido em José, ofendeu os limites impostos pela boa-fé
objetiva.
c) ilícito, pois a lei proíbe que o vendedor construa nas proximidades do imóvel alienado pelo prazo de 5
anos.
d) lícito, pois está amparado pelo direito de propriedade.
e) lícito, pois não tinha intenção de comprar o terreno da frente quando da realização da venda.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado o fato de que João cometeu ato ilícito, ainda que sem intenção de
prejudicar, acabando por ferir a boa-fé.

31
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

O ato ilícito dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente, sendo este passível de controle
pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em desacordo com o direito
subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

A alternativa B está correta, pois é fato que João cometeu ato ilícito por abuso de direito.

A venda do bem é legal, assim como a compra do terreno em frente à casa de José também é, mas ocorre
que o mesmo se tornou inválido, pela edificação de um prédio que retira de José a vista para o mar, ferindo
assim a boa-fé.

João vendeu o terreno com vista para o mar e por causa disso elevou o preço de venda. Contudo ele mesmo
comprou o terreno da frente e edificou, retirando a vista do mar que José tinha, com isso frustrou as
expectativas do comprador.

Segundo a doutrina, é proibido o comportamento de criar certa expectativa, em razão de conduta indicativa
de determinado comportamento, e depois cometer atos que venham a ferir a expectativa criada em um
terceiro, pois há quebra dos princípios de lealdade e de confiança se vier a ser praticado tal ato, com surpresa
e prejuízo à contraparte (no caso em si, a quebra da expectativa ocorreu no ato de João edificar e
impossibilitar a vista para o mar que havia sido prometida ao José).

O princípio da vedação do comportamento contraditório é decorrente da aplicação da cláusula geral da boa-


fé objetiva art. 422: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé” e se insere na modalidade de abuso de direito.

A boa fé objetiva expressa fatos sólidos que podem ser observados na conduta das partes, quais devem agir
com honestidade, com uma confiança harmônica para com a outra parte.

Art. 187: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites imposto pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

O abuso de direito ocorre pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo com o fim qual lhe é
imposto, tendo cujo exercício extrapolado os limites, tornando-se assim ilícito.

A alternativa C está incorreta, não existe legislação vigente que iniba a construção em território próximo ao
terreno alienado, mas o ato de João não deixa de ser ilícito por ir contra a boa-fé e quebrar os princípios de
lealdade e de confiança, sendo proibido o comportamento de criar certa expectativa, em razão de conduta
indicativa de determinado comportamento, e depois cometer atos que venham a ferir a expectativa criada
em um terceiro, pois há quebra dos princípios de lealdade e de confiança se vier a ser praticado tal ato, com
surpresa e prejuízo à contraparte (no caso em si, a quebra da expectativa ocorreu no ato de João edificar e
impossibilitar a vista para o mar que havia sido prometida ao José).

A alternativa D está incorreta, pois o ato cometido por João é ilícito, visto que é entendido como
comportamento contraditório, resguardado pelo Art. 422: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim
na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”, colocando-se então

32
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

em abuso de direito. Ser amparado pelo direito de propriedade não deixa de ser uma verdade, porém, o caso
em questão, se sobrepõe o fato de ferir a boa-fé.

O princípio da boa-fé objetiva dispõe acerca da aplicação da doutrina no abuso de direito relacionado a
matéria contratual, e permite a ampliação da responsabilidade civil tanto nas fases pré contratuais, como
nas fases pós contratuais.

A alternativa E está incorreta, pois independentemente se o agente (no caso, João) possuía ou não a intenção
de prejudicar terceiros (José), esse feriu a boa-fé no momento em que ignorou evento passado de criar
expectativa em outrem para usufruir de seu bem conforme sua vontade, assim enquadrando em abuso de
direito, excedendo o limite da boa-fé, conforme previsto no Art. 187, sendo, desta forma, caracterizado como
um ato ilícito.

Para melhor entendimento, o ato ilícito dispõe acerca de uma certa conduta ou fato exercido pelo agente,
sendo este passível de controle pela vontade, um comportamento ou uma forma de expressão que entra em
desacordo com o direito subjetivo de um terceiro e lhe causa um dano.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

14. (FCC / TRT - 15ª REGIÃO – 2013) Fábio é proprietário de um sítio no qual planta hortaliças. Roberto,
seu vizinho, cria abelhas para a produção de mel. Segundo Fábio, porém, as abelhas de Roberto
atrapalham a venda das hortaliças, afugentando seus clientes. Por tal razão, Fábio passou a utilizar
agrotóxicos que, embora de venda permitida, sabidamente, além de protegerem a lavoura, matam as
abelhas do vizinho. Depois de dizimadas as abelhas, Fábio voltou a utilizar os agrotóxicos que utilizava
anteriormente e que não eram nocivos às abelhas de Roberto. Fábio cometeu ato
a) lícito, pois os agrotóxicos eram de venda permitida.
b) lícito, pois não é obrigado a tolerar atividade de vizinho que lhe traz prejuízos.
c) ilícito, pois, ao utilizar agrotóxico que dizimou as abelhas, quando poderia utilizar outro, seu ato excedeu
manifestamente os limites impostos pela boa- fé, podendo Roberto postular indenização.
d) lícito, pois o ordenamento jurídico protege a livre iniciativa.
e) ilícito, pois agiu com dolo de prejudicar Roberto. Este, no entanto, não poderá postular indenização, pois
Fábio agiu em legítima defesa de sua propriedade.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois o fato é que Fábio cometeu ato ilícito, pois ele exerceu os limites de seu
direito, não importando se o agrotóxico utilizado é de venda permitida ou não.

Com base no Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo
com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites
que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

33
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

A alternativa B está incorreta, dado o fato de que o ato foi ilícito, pois a conduta de Fábio foi contraria à
ordem jurídica e lesiva ao direito subjetivo individual, criando o dever de reparar o prejuízo, como amparado
pelos Art. 186 e 927:

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.

A alternativa C correta, pois Fábio cometeu ato ilícito ao utilizar agrotóxico que dizimou as abelhas, quando
poderia utilizar outro que não acarretasse o mesmo fim. Dado os fatos, é claro que seu ato excedeu
manifestamente os limites impostos pela boa-fé, podendo Roberto requerer uma indenização.

Com base no Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo
com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites
que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A alternativa D está incorreta, pois o ato cometido por Fábio foi ilícito. A legislação brasileira protege, de
fato, a livre iniciativa, mas no caso em questão o que aconteceu foi que Fábio excedeu os limites da boa-fé
objetiva.

O artigo 1º da Constituição Federal eleva à condição de princípio fundamental a livre iniciativa, lado a lado
com os valores sociais do trabalho.

Art. 1° CF: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

A livre iniciativa envolve o livre exercício de qualquer atividade econômica, a liberdade de trabalho, ofício ou
profissão além da liberdade de contrato. Mas ainda que seja protegida pelo ordenamento, deve a livre
iniciativa respeitar os limites do direito, para que não ocorra o abuso de poder, que foi o ocorrido no caso
de Fábio e Roberto.

A alternativa E está incorreta, dado o fato de que a conduta de Fábio foi voluntária, sendo caracterizada
como dolosa. É certo que ele teria o direito de utilizar um agrotóxico permitido pela lei, mas ao optar por
produto um que também mata as abelhas de seu vizinho, extrapolou o seu direito, atingindo a esfera de um
terceiro, e por fim cometendo abuso de direito com base no art. 187.

34
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

Art.187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Nesse caso, a responsabilidade é objetiva. Cabe-se assim indenização, de acordo com o estabelecido pelo
Art. 927:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.

15. (FCC / DPE-SP – 2013) Em relação ao abuso do direito, analise as assertivas abaixo.

I. O legislador inseriu o abuso do direito no Código Civil entre os atos ilícitos, definindo-o como hipótese
de responsabilidade civil.

II. Configura hipótese de responsabilidade civil subjetiva pelo exercício de um direito lícito, porém
manifestamente excessivo em relação aos limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé
ou pelos bons costumes, independentemente de dano.

III. O reconhecimento do abuso do direito pelo exercício inadmissível de posição jurídica exige a ocorrência
de dano patrimonial ou extrapatrimonial a ser indenizado ou compensado pelo titular do direito.

IV. É possível o reconhecimento do abuso do direito pelo exercício inadmissível de posição jurídica por
ofensa à boa-fé objetiva, como ocorre nas hipóteses de venire contra factum proprium, supressio, surrectio
e tu quoque.

V. É uma cláusula geral que tem fundamento constitucional no princípio da solidariedade, dentre outros,
e que exerce a função limitativa, restritiva ou de controle da boa-fé objetiva.

Está correto APENAS o que se afirma em :


a) III, IV e V.
b) I, IV e V.
c) I, III e IV.
d) II, III e IV.
e) II, III e V.

Comentários

O item I está correto, pois o abuso de direito está entre os atos ilícitos, cabendo como consequência a
responsabilidade civil.

No art. 187 configura-se o abuso de direito como:

35
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo com o fim que lhe foi
imposto. Desta forma, o agente exercita um direito, mas acaba por exceder seus limites e desvia-se dos fins
econômicos ou sociais para os quais estava voltado este direito.

Para fim de complemento, dispõe-se também acerca do Art. 187, o enunciado 413 da V Jornada de Direito
Civil que reforça a orientação do atual código quanto ao princípio da sociabilidade, presente no mencionado
artigo: “Os bons costumes previstos no art. 187 do CC possuem natureza subjetiva, destinada ao controle da
moralidade social de determinada época; e objetiva, para permitir a sindicância da violação dos negócios
jurídicos em questões não abrangidas pela função social e pela boa-fé objetiva”.

O item II está incorreto, de acordo com o Código Civil:

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

É importante ressaltar que o artigo 187 não fala em culpa, pois para que se caracterize o abuso de direito
basta que a pessoa seja titular de um direito e que, na utilização de sua liberdade, exceda os seus limites.

De acordo com o conteúdo disposto pelo Art. 187, a responsabilidade será objetiva, ou seja, independente
de culpa, dado que no conceito da responsabilidade objetiva o dever de indenizar se dará
independentemente da comprovação de dolo ou culpa, bastando que fique configurado o nexo causal
daquela atividade com o objetivo atingido.

Ainda tratando-se da responsabilidade civil, tem-se o enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil do Conselho
Nacional de Justiça: “Art. 187. A responsabilidade civil decorrente do abuso de direito independe de culpa,
e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico”.

O item III está incorreto, pois o reconhecimento do abuso do direito pelo exercício inadmissível de posição
jurídica não exige a ocorrência de dano patrimonial ou extrapatrimonial.

Com base no Art. 187, ocorre o abuso de direito pois há ilicitude no ato por ter sido exercido em desacordo
com o fim qual lhe é imposto, pois o ato, como dito no Art. 187: “excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim...” comprovando, desta forma, que o ato ilícito é aquele que não é exercido seguindo os limites
que lhe são impostos, de forma que acaba por violar direitos.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Ainda tratando-se do abuso de direito, dispõe o enunciado 539 da VI Jornada de Direito Civil do Conselho
Nacional de Justiça que: “Art. 187. O abuso de direito é uma categoria jurídica autônoma em relação à
responsabilidade civil. Por isso, o exercício abusivo de posições jurídicas desafia controle
independentemente de dano”.

O item IV está correto, pois de acordo com o Código Civil:

36
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Ainda tratando-se da boa-fé objetiva e do abuso de direito, dispõem acerca os seguintes enunciados:

Enunciado 24 da I Jornada de Direito Civil do Conselho Nacional de Justiça: Art. 422: em virtude do princípio
da boa-fé, positivado no art. 422 do novo Código Civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de
inadimplemento, independentemente de culpa.

Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil do Conselho Nacional de Justiça: Art. 187: a responsabilidade civil
decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico.

Enunciado 362 da IV Jornada de Direito Civil do Conselho Nacional de Justiça: “A vedação do comportamento
contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos
artigos 187 e 422 do Código Civil”.

Conclui-se, desta forma, que uma das principais funções do princípio da boa-fé é limitar o exercício do direito
subjetivo, vedando ou punindo, quando o ato se caracterizar como uma forma de abuso da posição jurídica.

Carlos R. Gonçalves descreve os conceitos correlatos à boa-fé objetiva da seguinte forma:

Venire contra factum proprium: protege uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição jurídica
em contradição com o comportamento assumido anteriormente.

Suppressio: um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não poderá mais sê-lo, por
contrariar a boa-fé.

Surrectio: é a outra face da suppressio. Acarreta o nascimento de um direito em razão da contínua da prática
de certos atos.

Tu quoque: proíbe que uma pessoa faça contra outra o que não faria contra si mesma, consistindo em
aplicação do mesmo princípio inspirador da exceptio non adimpleti contractus.

O item V está correto, dado que o abuso de direito tem fundamento constitucional no princípio da
solidariedade, dentre outros, e que exerce a função limitativa, restritiva ou de controle da boa-fé objetiva.

As cláusulas gerais resultaram da idealização do legislador de que as leis rígidas, definidoras de tudo e para
todos os casos, são necessariamente insuficientes e culminam, de forma regular e não almejada, em
situações de grave injustiça. Há uma cláusula geral que exige um comportamento condizente com a
probidade e boa-fé objetiva, sendo esta o art. 422, e a cláusula proclamadora da função social do contrato,
sendo este o art. 421. Ambos os artigos são possibilidades criadas pelo legislador, para que a doutrina e a
jurisprudência definam o seu alcance, para que haja uma interpretação própria na regra concreta a ser
aplicada no caso.

De acordo com o Código Civil:

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

37
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

A alternativa B está correta, uma vez que traz os itens I, IV e V.

Alternativas A, C, D e incorretas, consequentemente.

LISTA DE QUESTÕES
FCC

1. (FCC / TRF - 4ª REGIÃO – 2019) Comete abuso de direito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes. Para o Código Civil, o abuso de direito constitui ato
a) lícito, mas que dá causa ao dever de indenizar.
b) lícito, mas que não produz efeitos.
c) ilícito, que dá causa ao dever de indenizar.
d) ilícito, mas que não dá causa ao dever de indenizar.
e) ilícito, porém plenamente válido e eficaz.

2. (FCC / SEFAZ-GO – 2018) Para o Código Civil, o abuso do direito


a) é previsto como ato ilícito e gera responsabilidade ao agente ofensor, por desvio da finalidade social e
econômica do ato tido por abusivo.
b) é previsto como ato ilícito, mas não gera responsabilidade ao agente ofensor, por não se tratar de ato
ilegal.
c) é previsto como ato lícito, não gerando responsabilidade ao ofensor.
d) não é previsto no Código Civil, mas apenas na doutrina e na jurisprudência.
e) é previsto como ato ilícito, gerando apenas a possibilidade de desfazimento do ato, sem outras
cominações legais.

3. (FCC / MPE-PE – 2018) Leandro, na condução de sua motocicleta, para não causar mal maior, decide
deliberadamente jogá-la contra o automóvel de Roberto, provocando-lhe dano, evitando, assim, o
atropelamento de Paulo, que, imprudentemente, atravessou a rua fora da faixa de pedestre e sem se
atentar para o trânsito de veículos. Nesse caso, no tocante à colisão do veículo, Leandro terá praticado
ato
a) ilícito e injustificável em relação a Roberto, que nada tem a ver com a imprudência de Paulo.
b) lícito, desde que as circunstâncias o tornassem absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável para evitar o atropelamento de Paulo.
c) ilícito, porém justificável e legítimo, ainda que houvesse outro meio menos gravoso para evitar o
atropelamento de Paulo.
d) lícito, ainda que houvesse outro meio menos gravoso para evitar o atropelamento de Paulo.

38
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

e) que não se qualifica como lícito ou ilícito, ante a excepcionalidade da situação de perigo iminente
provocada por terceiro.

4. (FCC / TRT - 23ª REGIÃO – 2015) Carlos foi vítima de golpe por meio do qual fraudadores utilizaram-se
de documentos falsos a fim de realizar operações bancárias em seu nome. Procurada por Carlos, a
instituição financeira afirmou não ter tido culpa pelo incidente, negando-se a restituir o prejuízo. A
negativa é
a) Ilícita, configurando abuso do direito, decorrente da inobservância do princípio da boa-fé subjetiva, que
impõe às partes, dentre outros, o dever anexo de segurança, independentemente da existência do elemento
culpa.
b) Lícita, pois, para caracterização do abuso do direito, é necessária a existência do elemento culpa.
c) Lícita, por ausência de nexo de causalidade entre a atividade da instituição financeira e o prejuízo
experimentado por Carlos.
d) Lícita, pois somente comete ato ilícito aquele que, por ação ou omissão voluntária decorrente de
negligência ou imprudência, viola direito e causa dano a outrem.
e) Ilícita, configurando abuso do direito, decorrente da inobservância do princípio da boa-fé objetiva, que
impõe às partes, dentre outros, o dever anexo de segurança, independentemente da existência do elemento
culpa.

5. (FCC / SEFAZ-PE – 2015) O titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social
a) Comete ato ilícito, consubstanciado em abuso do direito, sujeitando-se à responsabilidade civil.
b) Não comete ato ilícito, mas, apenas, viola regra moral, sem consequências jurídicas.
c) Não comete ato ilícito, mas se sujeita à responsabilidade civil de natureza objetiva.
d) Comete ato ilícito, sujeitando-se a sanções administrativas, mas não à responsabilidade civil.
e) Comete abuso do direito, que a lei não reputa ato ilícito para fins indenizatórios.

6. (FCC / SEFAZ-PI – 2015) Raul, dirigindo em alta velocidade, abalroou o veículo de Daniel, que ajuizou
ação de indenização. A responsabilização de Raul se dará mediante comprovação de
a) Dano, nexo de causalidade e culpa, na modalidade subjetiva.
b) Dano e nexo de causalidade, na modalidade objetiva.
c) Dano e nexo de causalidade, na modalidade subjetiva.
d) Dano, nexo de causalidade e culpa, na modalidade objetiva.
e) Dano apenas, na modalidade objetiva.

7. (FCC / TJ-CE – 2014) Praticado um ato jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício, levado a efeito sem
a devida regularidade, acarreta um resultado que se considera ilícito (FRANÇA, R. Limongi. Instituições
de Direito Civil. 4. ed., Saraiva, 1991, p. 891), pode-se afirmar que o agente
a) cometeu ato ilícito que só pode determinar indenização por dano moral.
b) incorreu em abuso do direito.

39
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

c) praticou ato ilícito, mas que não pode implicar qualquer sanção jurídica.
d) realizou negócio nulo.
e) realizou negócio anulável.

8. (FCC / SEFAZ-PE – 2014) O titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social
a) comete ato ilícito, consubstanciado em abuso do direito, sujeitando-se à responsabilidade civil.
b) não comete ato ilícito, mas, apenas, viola regra moral, sem consequências jurídicas.
c) não comete ato ilícito, mas se sujeita à responsabilidade civil de natureza objetiva.
d) comete ato ilícito, sujeitando-se a sanções administrativas, mas não à responsabilidade civil.
e) comete abuso do direito, que a lei não reputa ato ilícito para fins indenizatórios.

9. (FCC / DPE-PB – 2014) Sônia é proprietária de uma pousada. Marina, sua, vizinha, cria codornas.
Segundo Sônia, o forte cheiro das codornas atrapalharia seu negócio. Por tal razão, com a intenção de
afugentar as codornas, mas também imaginando que poderia entreter seus clientes, passou, com
autorização do órgão ambiental, a criar corujas, as quais acabaram por dizimar as codornas. Sônia
cometeu ato
a) ilícito, pois agiu com dolo direto de matar as codornas, podendo Marina, em razão de tal fato, postular
indenização.
b) lícito, pois não é obrigada a tolerar atividade danosa a seus negócios.
c) lícito, pois a criação das corujas foi autorizada pelo órgão ambiental, podendo Marina, entretanto, em
razão dos prejuízos que experimentou, postular indenização.
d) ilícito, pois excedeu abusivamente os limites impostos pela boa-fé objetiva e pela finalidade social do
negócio, podendo Marina, em razão de tal fato, postular indenização.
e) imoral, porém lícito, uma vez que fundado em exercício regular do direito.

10. (FCC / TRT - 16ª REGIÃO – 2014) A respeito dos atos jurídicos lícitos e ilícitos, considere:

I. Constitui ato ilícito a destruição da coisa alheia a fim de remover perigo iminente.

II. Não comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelos bons costumes.

III. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Está correto o que se afirma APENAS em :


a) II e III.
b) I e II.
c) I e III.
d) III.

40
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

e) I

11. (FCC / TCE-PI – 2014) Luiz Henrique mantém cerca de 200 cães em sua residência, situada em área
urbana da cidade de Teresina. O fato tem gerado reclamação dos vizinhos, que se queixam do forte
cheiro e do barulho gerado pelos animais. Luiz Henrique pratica ato
a) ilícito, pois ninguém é obrigado a conviver com animais, autorizando-se o sacrifício dos cães, em prol do
bem comum.
b) lícito, porque amparado nos poderes decorrentes do direito de propriedade.
c) lícito, tendo em vista sua relevância do ponto de vista ambiental.
d) ilícito, em razão do zoneamento da área, porém não passível de responsabilização, mesmo que provado
dano aos vizinhos, dada a relevância ambiental da prática.
e) ilícito, na medida em que excede os limites impostos pelo fim social da propriedade, e passível de
responsabilização civil, caso provado dano aos vizinhos.

12. (FCC / DPE-PB – 2014) Durante partida de futebol, Filipe envolveu-se em uma briga e passou,
abruptamente, a desferir pontapés em todos a seu redor, atingindo inclusive o árbitro, Mário, que
tentava separar a contenda. Muito ferido, Mário ajuizou ação de indenização contra Filipe. Por sua vez,
este fez prova de que não teve a intenção de acertar Mário. O pedido deverá ser julgado
a) Procedente, pois Filipe agiu com culpa, devendo ser responsabilizado subjetivamente.
b) Improcedente, pois Filipe provou não existir um dos elementos para a responsabilização civil.
c) Procedente, pois Filipe agiu com culpa, devendo ser responsabilizado objetivamente.
d) Procedente, pois Filipe agiu em abuso do direito, devendo ser responsabilizado objetivamente.
e) Procedente, pois Filipe agiu em abuso do direito, devendo ser responsabilizado subjetivamente.

13. (FCC / TRT - 19ª REGIÃO – 2014) A fim de justificar o alto preço de imóvel, João afirma a José que o
terreno possui linda vista para o mar. Convencido por tal argumento, José compra o imóvel, pagando
o preço pedido por João. Cerca de ano e meio depois, embora sem o objetivo de prejudicar José, e não
obstante não tivesse tal intenção quando realizou a venda, João adquire o terreno da frente e edifica
prédio que retira de José a vista para o mar. João cometeu ato
a) lícito, pois não teve o objetivo de prejudicar José.
b) ilícito, pois, ao quebrar a expectativa que havia incutido em José, ofendeu os limites impostos pela boa-fé
objetiva.
c) ilícito, pois a lei proíbe que o vendedor construa nas proximidades do imóvel alienado pelo prazo de 5
anos.
d) lícito, pois está amparado pelo direito de propriedade.
e) lícito, pois não tinha intenção de comprar o terreno da frente quando da realização da venda.

14. (FCC / TRT - 15ª REGIÃO – 2013) Fábio é proprietário de um sítio no qual planta hortaliças. Roberto,
seu vizinho, cria abelhas para a produção de mel. Segundo Fábio, porém, as abelhas de Roberto
atrapalham a venda das hortaliças, afugentando seus clientes. Por tal razão, Fábio passou a utilizar

41
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

agrotóxicos que, embora de venda permitida, sabidamente, além de protegerem a lavoura, matam as
abelhas do vizinho. Depois de dizimadas as abelhas, Fábio voltou a utilizar os agrotóxicos que utilizava
anteriormente e que não eram nocivos às abelhas de Roberto. Fábio cometeu ato
a) lícito, pois os agrotóxicos eram de venda permitida.
b) lícito, pois não é obrigado a tolerar atividade de vizinho que lhe traz prejuízos.
c) ilícito, pois, ao utilizar agrotóxico que dizimou as abelhas, quando poderia utilizar outro, seu ato excedeu
manifestamente os limites impostos pela boa- fé, podendo Roberto postular indenização.
d) lícito, pois o ordenamento jurídico protege a livre iniciativa.
e) ilícito, pois agiu com dolo de prejudicar Roberto. Este, no entanto, não poderá postular indenização, pois
Fábio agiu em legítima defesa de sua propriedade.

15. (FCC / DPE-SP – 2013) Em relação ao abuso do direito, analise as assertivas abaixo.

I. O legislador inseriu o abuso do direito no Código Civil entre os atos ilícitos, definindo-o como hipótese
de responsabilidade civil.

II. Configura hipótese de responsabilidade civil subjetiva pelo exercício de um direito lícito, porém
manifestamente excessivo em relação aos limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé
ou pelos bons costumes, independentemente de dano.

III. O reconhecimento do abuso do direito pelo exercício inadmissível de posição jurídica exige a ocorrência
de dano patrimonial ou extrapatrimonial a ser indenizado ou compensado pelo titular do direito.

IV. É possível o reconhecimento do abuso do direito pelo exercício inadmissível de posição jurídica por
ofensa à boa-fé objetiva, como ocorre nas hipóteses de venire contra factum proprium, supressio, surrectio
e tu quoque.

V. É uma cláusula geral que tem fundamento constitucional no princípio da solidariedade, dentre outros,
e que exerce a função limitativa, restritiva ou de controle da boa-fé objetiva.

Está correto APENAS o que se afirma em :


a) III, IV e V.
b) I, IV e V.
c) I, III e IV.
d) II, III e IV.
e) II, III e V.

42
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083
Paulo H M Sousa
Aula 05

GABARITO

FCC

1. TRF - 4ª REGIÃO – 2019 C


2. SEFAZ-GO – 2018 A
3. MPE-PE – 2018 B
4. TRT - 23ª REGIÃO – 2015 E
5. SEFAZ-PE – 2015 A
6. SEFAZ-PI – 2015 A
7. TJ-CE – 2014 B
8. SEFAZ-PE – 2014 A
9. DPE-PB – 2014 D
10. TRT - 16ª REGIÃO – 2014 D
11. TCE-PI – 2014 E
12. DPE-PB – 2014 A
13. TRT - 19ª REGIÃO – 2014 B
14. TRT - 15ª REGIÃO – 2013 C
15. DPE-SP – 2013 B

43
TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciário - Área Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pré-Edital) 43
www.estrategiaconcursos.com.br

Trabalho feito pelo


2390083

Você também pode gostar