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APRESENTAÇÃO
Em música, harmonia é o som que resulta quando duas ou mais notas musicais são
tocadas ao mesmo tempo. É o aspecto vertical da música, produzido pela combinação dos
componentes do aspecto horizontal. A harmonia é um elemento quase sempre presente na nossa
música. Podemos observar isto, por exemplo, através de um cantor acompanhado de um violão,
uma orquestra tocando várias notas ao mesmo tempo ou um coral com várias vozes combinadas.
A harmonia tradicional, por sua vez, está relacionada a regras específicas de nomenclatura dos
acordes e movimentação das suas notas, cujo conhecimento é de grande importância caso você
almeje escrever arranjos ou compor para grupos instrumentais tais como corais, orquestras
sinfônicas e de sopro, entre outros.
Nesta disciplina, você irá dispor de dois materiais didáticos, este e-Book e três videoaulas
complementares. Este e-Book não irá esgotar um assunto que nem mesmo grandes tratados de
harmonia com mais de 300 páginas não conseguiram esgotar. Entretanto, este material fornece
ao estudante o domínio dos conteúdos elementares e fundamentais da disciplina. Desta forma,
espera-se que, após finalizar este material, o aluno seja capaz de compor e classificar progressões
harmônicas mais simples, inclusive com modulações.
Para os alunos que desejam se aprofundar nesta área de conhecimento, é indispensável o
estudo dos materiais que constam na bibliografia. Sendo assim, este e-Book fornece um ótimo
preparo antes do estudo dos tratados mais completos de harmonia tradicional.
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - PRELIMINARES
Objetivos
Revisar os conteúdos que são pré-requisitos ao estudo da harmonia tais como intervalos e
escalas;
Entender os primeiros tópicos que fazem parte do conteúdo da harmonia que são a formação de
acordes, os acordes sobre os graus das escalas e classificação dos acordes invertidos pelo sistema
de baixo cifrado.
1.1 Intervalo
Um tom corresponde à soma de dois semitons. Em outras palavras, entre duas notas que
possuam um intervalo de um tom, existe uma nota que está a um semitom de cada uma delas.
Figura 6 – 1ªJ
Figura 7 – 4ªJ
Figura 8 – 5ªJ
Figura 9 – 8ªJ
Para os intervalos Maiores usa-se a letra “M” e para os menores “m” após o número.
Figura 10 – 2ªM
Figura 11 – 2ªm
9
Figura 12 – 3ªM
Figura 13 – 3ªm
Figura 14 – 6ªM
Figura 15 – 6ªm
Figura 16 – 7ªM
Figura 17 – 7ªm
Para os intervalos aumentados usa-se o sinal “+” ou “aum” e para os diminutos “dim”
após o número.
Os intervalos maiores e justos acrescidos de um semitom passam a ser aumentados. O
mais utilizado é a 4ª aum.
Figura 18 – 4ªaum
11
Figura 19 – 5ªdim
4ªJ + 7 = 11ªJ
Fonte: Elaborada pelo Autor
12
3ªM 6ªm
4ªJ 5ªJ
Exercícios:
1.3 Acordes
São três ou mais notas musicais tocadas simultaneamente. Na harmonia tonal, os acordes
são formados por sobreposições de terças.
13ª
11ª
9ª
7ª
5ª
3ª
Fundamental
Um acorde, mesmo na posição fundamental, pode estar com notas repetidas e isto não
altera sua classificação.
De acordo com os intervalos entre as notas das tríades, analisadas de baixo para cima,
estas podem ser classificadas da seguinte forma:
• Acorde no modo Maior - formado por uma terça maior seguida por uma menor;
3ªm
3ªM
Fá Maior
• Acorde menor - formado por uma terça menor seguida de uma maior;
3ªM
3ªm
Ré menor
3ªm
3ªm
Dó diminuto
3ªM
3ªM
Dó aumentado
Estruturalmente, as tétrades, ou acordes de sétima, são uma tríade acrescida de uma terça.
Desta forma, classifica-se a tríade e adiciona-se a classificação do intervalo entre a sétima e a
fundamental. Apesar de existir uma grande quantidade de acordes de sétima possíveis, na
harmonia tradicional tonal, apenas cinco são os mais utilizados.
Sol Maior com Sol Maior com Sol menor Sol diminuto Sol diminuto
7ª Maior. 7ª menor. com 7ª menor. com 7ª menor. com 7ª diminuta.
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Ainda no contexto da harmonia tonal, um acorde está na posição fundamental quando ele
está em terças sobrepostas. Neste caso, a fundamental é a nota mais grave e nomeia o acorde. Se
no acorde aparecer uma nota que não esteja num intervalo de terça com as demais, este acorde
está invertido. Neste caso, para encontrar a nota fundamental, transpõe-se a nota, ou as notas que
não estejam no intervalo de terça, uma oitava acima ou abaixo até atingir a posição de terças
sobrepostas. Observe os exemplos:
• O acorde está na primeira inversão quando a terça está na posição mais grave;
• O acorde está na segunda inversão quando a quinta está na posição mais grave;
• O acorde está na terceira inversão quando a sétima está na posição mais grave (somente
tétrades);
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É importante observar que a inversão dos acordes é determinada somente pela nota mais
grave, ou baixo. Desta maneira, a posição das demais notas não irá fazer diferença.
Na harmonia tradicional, usamos números para indicar as inversões dos acordes. Este
sistema é conhecido como baixo cifrado e veio do período barroco, período no qual os números
representam os intervalos entre o baixo e as demais notas. A tabela abaixo demonstra esta
classificação.
Numeração
completa:
Numeração
abreviada:
Neste sistema de baixo cifrado é possível escrever somente o baixo com o número, desta
maneira, os acompanhadores poderiam saber quais notas usar para completar o acorde e
improvisarem. Além disso, neste sistema é possível indicar alterações de elevar ou abaixar em
semitons uma nota.
• Somente um acidente indica que a terça sobre o baixo deve ser alterada;
1.6.1 Escalas
• Menor primitiva
• Menor harmônica
• Menor melódica
A partir destas disposições de tons e semitons entre os graus da escala, podemos construir
qualquer tipo de escala a partir de qualquer nota.
São duas escalas, uma maior e outra menor, que possuem a mesma armadura de clave. A
escala menor está a uma 3ª menor abaixo da relativa maior, em outras palavras, ela é a escala
formada a partir do VI grau da relativa maior. Observe as figuras abaixo:
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São as tríades formadas sobre os graus da escala. Estas tríades são formadas apenas por
notas da escala. Ao classificarmos as tríades das escalas, podemos descobrir o tipo de tríade que
ocorre em cada grau de cada tipo de escala. A isto denomina-se campo harmônico. Observe:
• Na escala maior:
• Na escala menor
Devido às alterações dos graus VI e VII, as notas das tríades das escalas menores harmônica
e melódica tem uma variabilidade muito grande. Segue abaixo as possíveis disposições de
acordes do campo harmônico menor. Observe que as alterações dos graus VI e VII não aparecem
na armadura de clave, mas somente como acidentes ocorrentes.
Assim como nas tríades, podemos formar tétrades sobre os graus da escala utilizando
apenas as notas da escala. Ao classificarmos as tétrades de cada grau da escala maior, obtemos o
seguinte padrão de acordes:
No caso do modo menor, assim como nas tríades, devido à variabilidade de acordes
decorrentes das alterações dos graus VI e VII ser muito grande, segue abaixo as disposições mais
comuns de acordes do campo harmônico menor.
Observe que neste sistema de escrita os graus não descrevem a característica do acorde,
ou seja, se ele é maior, menor, diminuto, aumentado, com sétima maior ou menor, já que isto
está implícito no campo harmônico da tonalidade em questão.
Para classificar os acordes nesta condição, utiliza-se os numerais romanos que indicam o
grau da escala a qual o acorde pertence, acompanhados do sistema de baixo cifrado para indicar
as inversões. Veja os exemplos abaixo:
Observe que neste e-Book, a maioria das progressões irão aparecer a 4 vozes distribuídas
nas claves de Sol e Fá como segue abaixo. Neste caso, para facilitar a classificação, você poderá
reduzir os acordes para a mesma oitava, como consta na figura a seguir:
Exercício.
Classifique a progressão de acordes abaixo:
1.7 Resumo
REFERÊNCIAS
HINDEMITH, Paul. Curso Condensado de Harmonia Tradicional. São Paulo: Vitalle, 2008.
MED, B. Teoria da Música. 4. ed. Revista e ampliada. Brasília, DF: Musimed, 1996.
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Objetivos
Compreender como obter uma rica sonoridade das progressões de acordes através das regras de
condução de vozes;
Compreender como utilizar notas estranhas ao acorde para assim obter mais riqueza e variedade
sonora nas progressões.
A maneira pela qual as vozes dos acordes estão distribuídas e como elas se movem com a
mudança de acordes, tem um grande impacto na sonoridade. Desta maneira, existem algumas
regras para nos auxiliar a obter a melhor sonoridade possível.
No estudo da Harmonia Tradicional, é comum utilizarmos a escrita coral a 4 vozes para
os acordes. Sendo assim, adotamos a nomenclatura das vozes utilizadas no canto coral. Soprano,
para a voz mais aguda, contralto para a voz abaixo do soprano, tenor para a voz abaixo do
contralto e baixo para a voz mais grave. Observe as figuras abaixo.
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Figura 59 – Distribuição das vozes na escrita coral a 4 vozes e tessitura de cada voz
soprano contralto
tenor baixo
Evite um espaçamento muito grande entre as vozes superiores ao baixo. Tente manter o
espaço entre elas no limite de uma oitava. Entretanto, quanto ao baixo, é preferível que este
tenha um espaçamento grande em relação ao tenor, podendo ultrapassar uma oitava.
Estas são as regras mais básicas. Adiante vamos estudar outras regras mais complexas e
que merecem especial atenção ao compormos progressões de acordes. Antes disso, observe que
quando a música progride de um acorde para o outro, existem 4 possíveis relações entre os pares
de vozes. Observe:
Você deve ter um cuidado especial quando as vozes se movimentam de maneira paralela,
especialmente nos intervalos de 5ª e 8ª Justas. Estas e suas oitavas equivalentes não devem se
movimentar de forma paralela.
Observe que no primeiro acorde do último compasso da figura 63, o tenor e o baixo Lá-
Mi fazem um intervalo de 5ª, pois na harmonia tradicional os intervalos são contados como se
estivessem na mesma oitava.
O próximo exemplo demonstra uma possível movimentação entre as vozes sem quintas
ou oitavas paralelas.
Quintas paralelas são aceitáveis somente nos casos em que uma 5ª Justa é seguida de uma
5ª diminuta. Entretanto, não deve ser usada uma 5ª diminuta seguida de uma 5ª Justa, como no
último compasso da figura abaixo.
Quintas e oitavas ocultas ocorrem quando um par de vozes, que não formam um
intervalo de 5ª ou 8ª, se movem na mesma direção com um salto no soprano, formando um
intervalo de 5ª ou 8ª. Isto também deve ser evitado, pois o resultado sonoro é similar ao de
quintas e oitavas paralelos. Observe, na figura abaixo, uma oitava oculta no primeiro compasso
entre baixo e soprano, e no segundo compasso uma quinta oculta entre baixo e soprano.
Entretanto, no último compasso não há oitava oculta visto que o soprano se movimenta por grau
conjunto.
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Exercício.
Encontre os movimentos paralelos proibidos na progressão abaixo:
É importante ter em mente que numa tríade, as notas mais importantes são a fundamental
e a terça. Já numa tétrade, as notas mais importantes são a fundamental, a terça e a sétima. Em
Ambos os tipos de acordes, a quinta é a nota menos importante, a qual pode ser omitida em
algumas progressões sem, no entanto, alterar a classificação do acorde. Observe na figura abaixo
a ausência da quinta no último acorde de cada compasso.
6
5
Agora que já estudamos vários exemplos de progressões a 4 vozes, e tendo em mente que
notas do acorde podem ser omitidas, vamos observar algumas progressões a 2 e 3 vozes. Observe
que, no caso das progressões a 2 vozes, mais notas deverão ser omitidas, onde muitas vezes
teremos apenas a tônica duplicada. Adiante alguns casos serão demonstrados.
São notas que apesar de escritas nos acordes não pertencem a eles. É importante saber
identificá-las para não se confundir durante a classificação dos acordes. Este tipo de nota aparece
com frequência nas composições, pois dão um efeito sonoro distinto, acrescentando mais
variedade à música. Geralmente as notas estranhas “resolvem" numa nota vizinha pertencente ao
acorde.
A nota de passagem é uma nota estranha utilizada para conectar duas notas que estão
separadas por um intervalo de 3ª maior ou menor, ou, em alguns casos, por um intervalo de 2ª
maior. Também pode ser utilizada mais de uma nota de passagem para conectar notas que
estejam a um intervalo maior que o de 3ª. Observe que a nota de passagem fica no tempo fraco
do acorde a que ela pertence e resolve por grau conjunto. Observe o exemplo abaixo:
É quando uma nota do acorde se move para uma nota estranha por grau conjunto e
retorna para a mesma nota. Pode ser ascendente, descendente, ou ambas, por duas notas vizinhas.
Observe:
2.4.3 Suspensão
É uma nota de um acorde anterior que é mantida enquanto as outras notas se movem com
a mudança de acorde. Desta forma, ela se torna uma nota estranha no tempo forte do novo acorde
e então resolve em grau conjunto descendente, numa nota pertencente ao novo acorde. Ela pode
estar ligada ou não à nota anterior. Observe.
Figura 75 – Suspensão
2.4.4 Retardo
Figura 76 – Retardo
38
2.4.5 Apogiatura
É uma nota estranha que ocorre no tempo forte do acorde, é antecedida por grau disjunto
e resolve em grau conjunto de modo ascendente ou descendente. Observe.
Figura 77 – Apogiatura
2.4.6 Escapada
É uma nota estranha ao acorde que ocorre na sua parte fraca, afastando-se da nota do
acorde por grau conjunto e aproximando-se da nota do próximo acorde na direção oposta e por
grau disjunto. É geralmente uma nota curta. Observe.
Figura 78 – Escapada
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2.4.7 Antecipação
É uma nota estranha que antecipa a nota do próximo acorde. Ela ocorre na parte fraca do
tempo de um acorde, afastando-se da nota deste por grau conjunto ou disjunto e mantendo-se
como nota do próximo acorde. Observe.
Figura 79 – Antecipação
Atividade
Classifique as notas estranhas na progressão abaixo:
Até agora, vimos exemplos somente no formato da música coral, entretanto, as mesmas
regras harmônicas também se aplicam à outras formações nas quais os acordes podem aparecer
de outras maneiras que não sejam em “blocos", como foi demonstrado até agora. Por exemplo, é
comum aparecer a melodia sozinha, em uma linha melódica com um acompanhamento
harmônico no qual os acordes podem ser tocados tanto em blocos como também de modo
arpejado. Observe os exemplos:
2.5 Resumo
Nesta Unidade, analisamos como manter um bom espaçamento entre as notas das
diferentes vozes e que devemos evitar que os pares de vozes se movam em quintas e oitavas
paralelas. Além disso, vimos que é possível usar notas estranhas ao acorde, garantindo mais
liberdade e variedade para as suas progressões. Entretanto, ao usar as notas estranhas, você
aprendeu que elas devem resolver numa nota pertencente ao acorde. As leituras das referências
bibliográficas irão ser muito úteis caso o leitor deseje um maior aprofundamento nestes
conteúdos.
REFERÊNCIAS
Objetivos
3.1.1 Os graus I e V
No contexto da música tonal, toda música, ou subdivisões de uma música, visa resolver e
finalizar no I grau, ou seja, na tônica. Na grande maioria dos casos, a tônica é antecedida do grau
V ou V7, em outras palavras, o acorde dominante. Isto porque a resolução de 5ªJ descendente é
muito forte, visto que o V grau exerce este intervalo sobre a tônica e também porque a 3ª deste
grau é a sensível da escala, estando a um semitom da tônica exercendo sobre ela uma forte
relação de resolução.
Figura 83 – Resolução V7 – I
3.1.2 O grau II
É muito utilizado como antecedente do grau V. O grau II resolve com uma 5ªJ
descendente no grau V.
Figura 84 – Progressão II – V - I
3.1.3 O grau VI
Também é comum ser usado antes do grau II, já que está a uma 5ªJ acima deste.
Figura 85 – Progressão VI – II – V – I
O III grau também pode ser usado antes do VI, já que está a uma 5ªJ acima deste.
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Apesar do grau VII estar a uma 5ªJ do III, ele atua mais frequentemente como um
substituto do acorde dominante - já que corresponde à 3ª, 5ª e 7ª do V7 - resolvendo mais
frequentemente no I do que no III.
3.1.5 O IV grau
O IV grau pode ser utilizado no lugar, ou após o grau II, antecedendo a dominante.
Embora não esteja a um intervalo de 5ªJ da dominante como o grau II, como ele está a um tom
abaixo da dominante, exerce a função de sub-dominante que também tem uma forte relação com
a tônica e a dominante.
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IV VII
III VI II V I
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Entretanto, as sequências podem ser alteradas para adicionar mais variabilidade à música
e obter diferentes efeitos expressivos como, por exemplo, o III indo para o IV e o V indo para o
VI, são variantes bem frequentes na literatura musical. Observe como pode ficar o esquema:
IV VII
III VI II V I
IV VII
VII III VI II V I
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Tenha em mente que, numa sequência, alguns acordes podem ser repetidos, precedidos
pela própria inversão, a sequência pode começar e terminar de qualquer ponto ou até mesmo um
acorde preceder outro de modo diferente do esquema. Tenha também em mente que os acordes
do esquema podem estar invertidos e isto não afeta a sequência.
3.3 Cadências
É o termo utilizado para denominar os diferentes tipos de resoluções harmônicas, sendo que
umas soam mais conclusivas do que outras. Os tipos de cadências são:
Denominamos de Cadência Autêntica (CA) as resoluções do V(7) ou VII no I. Ela pode ser
desmembrada em dois tipos:
A Cadência Autêntica Perfeita (CAP) - Ocorre quando temos a progressão V(7) – I, onde
os dois acordes estão na posição fundamental e a nota da melodia (voz superior) do I é a tônica;
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Figura 94 – CAP no 3º movimento da Sonata para piano Hob XVI: 43 de Joseph Haydn
A Cadência Autêntica Imperfeita (CAI) ocorre quando temos uma CA que não é perfeita.
Seguem os exemplos com as diversas possibilidades:
• Ambos os acordes estão na posição fundamental, mas a nota da melodia não é a tônica;
Figura 95 – CAI no primeiro movimento da Sonata para piano K 333 de W.A. Mozart
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Figura 96 – CAI na Valse Noble do Carnaval Op. 9 de Robert Schumann (compassos 5-8)
Observe que nem toda resolução V-I é uma cadência autêntica. A cadência ocorre apenas
quando o grau I aparece como objetivo de uma progressão de acordes. O mesmo pode-se dizer
dos demais tipos de cadência adiante. Observe na figura abaixo que as progressões V – I não são
uma cadência, pois o I aparece como um acorde intermediário na sequência, não como o
objetivo.
Figura 98 – Exemplos de progressões V – I em que não há cadência na Sonata para piano Op. 2,
nº 3 de L.V. Beethoven (compassos 5-8)
Figura 99 – CD no segundo movimento da Sonata para piano Hob XVI: 49 de Joseph Haydn
(compassos 106-108)
A Meia Cadência (MC) ocorre quando a cadência encerra no grau V, que pode ser
precedido por qualquer outro acorde. Este tipo de cadência é muito usada no final de um trecho
musical a ser repetido, principalmente quando o início da música está no grau I onde o V grau
antes da repetição cria um link com o início da música. Observe.
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Figura 100 – MC no terceiro movimento Sonata para Piano Hob XVI: 49 de Joseph Haydn
Ocorre quando a função de um acorde está mais para outra tonalidade do que para a do
trecho musical em questão. Observe no exemplo abaixo que o penúltimo acorde aparece como o
dominante da tonalidade de Mi bemol Maior, apesar da música estar escrita na tonalidade Lá
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bemol Maior.
Figura 102 – Acorde com função secundária no segundo movimento da Sonata para piano Hob
XVI: 43 de Joseph Haydn (compassos 4-8)
Observe que não houve uma mudança de tonalidade, visto que ainda escutamos o acorde
de Mi bemol como o V de Lá bemol. Neste caso, aconteceu que o acorde de Si bemol Maior com
sétima tonicalizou o acorde de Mi bemol, atuando apenas como um Dominante Secundário.
Observe, nos exemplos abaixo, que qualquer grau de uma tonalidade pode ser tonicalizado por
um dominante secundário, ou seja, ser resolvido pelo seu acorde dominante - um acorde maior
com 7ª uma 5ª acima - que não pertence à tonalidade principal. A escrita adotada para estes
acordes é V/(grau tonicalizado). Observe isto no exemplo anterior e no próximo.
Figuras 103 – Tonicalização na Canção sem Palavras Op. 19, nº 4 de Felix Mendelssohn
(compassos 4-10)
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Observe na figura abaixo os acordes dominantes secundários dos graus de uma escala
Maior. Veja que eles são acordes Maiores (com ou sem sétima) uma quinta Justa acima dos
acordes a resolver.
Figura 104 – Acordes dominantes secundários dos graus da escala de Sol Maior
Atividade
Classifique as tonicalizações na progressão abaixo:
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3.5 Modulação
Ocorre quando um novo centro tonal entra em cena num trecho musical. Não é bem clara
a diferença entre uma modulação e uma tonicalização, pois os dois processos são bem
semelhantes, entretanto, neste curso vamos considerar como modulação quando a mudança de
tonalidade é mais duradoura, e tonicalização quando apenas um acorde da tonalidade original é
tonicalizado por seu dominante secundário. Observe os exemplos comparativos:
Figura 106 – Exemplo de modulação (observe como escrevemos o acorde responsável pela
modulação)
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Uma maneira bem comum de realizar modulações é utilizar acordes comuns às duas
tonalidades para fazer uma espécie de transição. Observe, no exemplo anterior, que o acorde de
Fá no terceiro compasso é tanto o grau V da tonalidade do início quanto o grau I após a
modulação. Agora observe uma modulação entre um trecho musical e compare com as
tonicalizações que ocorrem nas figuras 102 e 103.
57
Figura 107 – Modulação no primeiro movimento da Sonata para piano K 545 de W.A. Mozart
7
58
Atividade
3.6 Resumo
REFERÊNCIAS
ZAMACOIS, Joaquín. Curso de Formas Musicales. Madrid: S.A. Idea Books, 2002.