Você está na página 1de 82

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL - VINÍCIUS MARÇAL

CRIMES AMBIENTAIS
[1] LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS (Lei 9.605/98)
Críticas à Lei Penal Ambiental

• Miguel Reale Jr.: “A Hedionda Lei dos Crimes Ambientais”!

• a) transformou comportamentos irrelevantes em crimes: d.c.;

• b) administrativização do direito penal (populismo penal);

• c) reponsabilidade penal da PJ sem uma teoria do crime própria.

www.g7juridico.com.br
[2] Denominação excêntrica: Lei Penal em Branco ao Quadrado
•Lei penal em branco ao quadrado?
•Ocorre quando o complemento normativo reclama outro complemento
normativo. Ex.: Art. 38. ☟

•“Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente [...].” ☟

•Lei 12.651/12 (Código Florestal): dá o conceito de floresta de preservação


permanente e estabelece uma hipótese em que a APP será assim
considerada após declaração de interesse social por parte do Chefe do Poder
Executivo. ☟

•Art. 6º. Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando


declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as
áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a
uma ou mais das seguintes finalidades: [...].

www.g7juridico.com.br
[3] Concurso de pessoas e Omissão ambientalmente relevante
•Art. 2º. Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes
previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua
culpabilidade [teoria ________________ ou ________________],

•bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão


técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica,
que, *sabendo da conduta criminosa de outrem, *deixar de impedir a sua
prática, *quando podia agir para evitá-la [o omitente responde pelo resultado
em razão do nexo de ___________________ ou de __________________].

•Obs1: As pessoas indicadas no dispositivo respondem tanto por ação


como por omissão.

•Obs2: Requisitos devem ser observados para evitar a r.p.objetiva.

www.g7juridico.com.br
[4] Responsabilidade Penal da PJ na CR/88 [m.c.c.]
•Art. 173. § 5º. A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes
da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições
compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica [Lei
8.137/90] e financeira [Lei 7.492/86] e contra a economia popular [Lei 1.521/51].
•Art. 225. § 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
[Lei 9.605/98, art. 3º]

•Pode uma lei infraconstitucional estabelecer a responsabilidade penal da PJ


para outros casos diversos daqueles previstos na CR?
•Obs: a doutrina majoritária rechaça até as hipóteses constitucionalmente previstas.
•PL 236 (NCP). Art. 41. As pessoas jurídicas de direito privado serão
responsabilizadas penalmente pelos atos praticados contra a administração
pública, a ordem econômica, o sistema financeiro e o meio ambiente, nos casos
em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
www.g7juridico.com.br
[5] Natureza jurídica da PJ

•Qual é a natureza jurídica da PJ?

•Teoria da ficção jurídica (Savigny): a PJ ☟


•não tem existência real (é um ente fictício);
•não tem vontade própria;
•não pratica conduta (apenas o homem o faz);
•não pratica crimes.

•Teoria da realidade ou organicista (Otto Gierke): a PJ ☟


•é um ente autônomo (real) e distinto de seus membros;
•é dotada de vontade própria (vontade institucional);
•é sujeito de direitos e obrigações (tal como a PF);
•pode praticar crimes.

www.g7juridico.com.br
[6] Responsabilidade Penal da PJ: 5 correntes

•1ª corrente: a CR/88 não criou a responsabilidade penal


da PJ, por isso, o art. 3º da LCA é inconstitucional.
•[Paganella Boschi + LRPrado]. ☟
•Art. 225, §3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente
da obrigação de reparar os danos causados.

•2ª corrente (parte da teoria da ficção jurídica): e conclui


que a PJ não pode cometer crimes.
•[CRB, Luiz Luisi, RGreco, PJCJr., JFM, FAToledo,
Cernicchiaro, Zaffaroni e Pierangeli].

www.g7juridico.com.br
[7] Responsabilidade Penal da PJ: 5 correntes

•3ª corrente [LFG]: LCA instituiu um direito judicial


(aplicado por juiz) sancionador (pois não conta a pena com o
efeito estigmatizador típico das sanções penais).

•4ª corrente [SM] (parte da necessidade de uma Lei de


______________, como na _____________): a CR/88
previu a responsabilidade penal da PJ, o que, contudo,
depende da criação de uma teoria do crime e de normas
processuais compatíveis com a natureza fictícia das PJ’s.

•5ª corrente (parte da teoria da realidade): e conclui que a PJ


pode cometer crimes, tal como previsto na CR/88.
•[Damásio, SSShecaira, HBenjamin etc]
•Prova objetiva X prova subjetiva/oral
www.g7juridico.com.br
[8] Responsabilidade Penal da PJ: contras
•1. Desde o Direito Romano: societas delinquere non potest.
•2. PJ: não possui consciência e vontade; não pratica condutas (elemento subjetivo). A
vontade da PJ é, em verdade, a vontade das PF’s que a representam.
•3. PJ: como não é dotada de autoconsciência, não se consegue cumprir as funções da
pena (prevenção e repressão).
•4. PJ (culpabilidade): não é imputável (só o ser humano adquire capacidade de
entender o caráter ilícito de um fato e de determinar-se de acordo com esse
entendimento).
•5. PJ: atuação vinculada aos atos relacionados no seu estatuto social, aí não se
incluindo a prática de crimes;
•6. Princípio constitucional da personalidade da pena (ou intranscendência): a punição
da PJ alcançaria, ainda que indiretamente, seus integrantes.
•7. Não se pode aplicar PPL, característica indissociável do Direito Penal.
•8. Viola o princípio da subsidiariedade do Direito Penal (Dec. 6.514/2008 ☞ infrações
administrativas idênticas).
•9. Tourinho: LCA, art. 3º. As PJ’s serão responsabilizadas administrativa, civil e
penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por
decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou
benefício da sua entidade.
www.g7juridico.com.br
[9] Responsabilidade Penal da PJ: prós
•1. PJ: é um ente autônomo, dotado de consciência e vontade, razão pela qual
pode realizar condutas (“ação delituosa institucional”) e assimilar a natureza
intimidatória da pena;
•2. A vontade da PJ resulta do somatório das vontades dos seus dirigentes. Ao lado da
“vontade individual”, passa-se a ter uma “vontade institucional”;
•3. PJ: à culpabilidade penal individual clássica, deve-se somar a “culpabilidade
social” (baseada na ideia da empresa como centro de emanação de decisões);
•4. É óbvio que o estatuto social de uma PJ não prevê a prática de crimes como
uma de suas finalidades. Da mesma forma, não contém em seu bojo a
realização de atos ilícitos, o que não os impede de serem realizados
(inadimplência, p.ex.);
•5. A punição da PJ não viola o princípio da personalidade da pena. Deve-se
distinguir a pena dos efeitos decorrentes condenação, os quais também se verificam
com a punição da pessoa física;
•6. O Direito Penal não se limita à pena de prisão: LD, art. 28 + Lei 7.716, art.
4º, §2º.
•7. Argumentos de ordem pragmática. ☞
www.g7juridico.com.br
[10] Responsabilidade Penal da PJ: 4 argumentos de ordem pragmática
•a) insuficiência das sanções administrativas e civis para coibir ações empresariais
predatórias;
•b) a forte simbologia da pena criminal contribui para frear as empreitadas criminosas
ambientais praticadas pelos entes morais;
•c) a punição exclusiva da PF acaba servindo como “escudo” para impedir a
responsabilidade penal da PJ, verdadeira beneficiária do delito ambiental.
•d) tendência mundial de resp. penal das PJ’s: Inglaterra, EUA, Canadá, Nova Zelândia,
Austrália, França, Dinamarca, México, Cuba, Colômbia, Portugal, Áustria, Japão, China etc.
•Em conclusão: ☞ CULPABILIDADE SOCIAL (REsp 564.960/SC, 5ªT.STJ)☟
•“A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de delitos ambientais advém
de uma escolha política, como forma não apenas de punição das condutas lesivas ao
meio-ambiente, mas como forma mesmo de prevenção geral e especial. [...] Se a pessoa
jurídica tem existência própria no ordenamento jurídico e pratica atos no meio social
através da atuação de seus administradores, poderá vir a praticar condutas típicas e,
portanto, ser passível de responsabilização penal. VI. A culpabilidade, no conceito
moderno, é a responsabilidade social [...],”
•Em suma: “a responsabilidade penal desta, à evidência, não poderá ser entendida na
forma tradicional baseada na culpa, na responsabilidade individual subjetiva,
propugnada pela Escola Clássica, mas deve ser entendida à luz de uma nova
responsabilidade, classificada como social.”
www.g7juridico.com.br
[11] Responsabilidade Penal da PJ de Direito Público
•É possível a responsabilidade penal da PJ de direito público?
•1ª corrente: Sim. A CR/88 não restringiu.
•2ª corrente: Não, pois o Estado não pode se autopunir. ☟
•A pena terminaria por prejudicar a própria coletividade, seja em face
da lesão ao patrimônio público (multa, p. ex.); seja ainda com a
suspensão ou interdição temporária de atividades (em franco prejuízo
ao princípio da continuidade dos serviços públicos).
•Qual a posição do STJ?
•REsp 564.960/SC, Rel. Min. G. Dipp, 5ªT.STJ, DJ 13.06.05, obter
dictum:
•“Os critérios para a responsabilização da pessoa jurídica são
classificados na doutrina como explícitos: 1) que a violação decorra de
deliberação do ente coletivo; 2) que autor material da infração seja
vinculado à pessoa jurídica; e 3) que a infração praticada se dê no
interesse ou benefício da pessoa jurídica; e implícitos no dispositivo:
•1) que seja pessoa jurídica de direito privado; [...].”

www.g7juridico.com.br
[12] Denúncia geral vs processo penal Kafkiano (criptoimputação)
•Nos chamados crimes de autoria coletiva, “embora a vestibular
acusatória não possa ser de todo genérica, é válida quando, apesar
de não descrever minuciosamente as atuações individuais dos
acusados, demonstra um liame entre o seu agir e a suposta prática
delituosa, estabelecendo a plausibilidade da imputação e
possibilitando o exercício da ampla defesa.” (RHC 68.903, DJe
20/05/2016)
•Dessarte, não é inepta a denúncia – geral – que apresenta uma
narrativa fática congruente, de modo a permitir o due process of law,
descrevendo conduta típica que, “atentando aos ditames do art. 41
do CPP, qualifica os acusados, descreve o fato criminoso e suas
circunstâncias. O fato, por si só, de o MP ter imputado ao
recorrente a mesma conduta dos demais denunciados não torna a
denúncia genérica, indeterminada ou imprecisa.” (HC 311.571, STJ,
DJe 15/12/2015)
•Qual a repercussão disso na LCA?
www.g7juridico.com.br
[13] Denúncia geral vs processo penal Kafkiano (criptoimputação)
•“Não se pode confundir a denúncia genérica com a denúncia geral, pois o
direito pátrio não admite denúncia genérica, sendo possível, entretanto, nos casos de
crimes societários e de autoria coletiva, a denúncia geral, ou seja, aquela que,
apesar de não detalhar minudentemente as ações imputadas aos
denunciados, demonstra, ainda que de maneira sutil, a ligação entre sua
conduta e o fato delitivo.
•Da leitura da inicial, verifica-se que os recorrentes [...] foram denunciados
apenas em virtude de serem sócios administradores da primeira
recorrente, Caiçaras Empreendimentos Imobiliários Ltda. A acusação
limitou-se a vinculá-los ao crime porque eram sócios administradores da
primeira recorrente, o que torna a denúncia genérica e inadmissível. [...]
•Recurso em habeas corpus provido em parte, para reconhecer a inépcia da
denúncia apenas com relação aos recorrentes CRISTIANO e MARIA DA
GRAÇA, sem prejuízo de oferecimento de nova inicial acusatória, desde
que observados os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal.”
•(RHC 88.264/ES, 5ª T.STJ, DJe 21/02/2018)

www.g7juridico.com.br
[14] Denúncia geral vs processo penal Kafkiano (criptoimputação)
•“A denúncia e o aditamento, apesar de descreverem a conduta delitiva consistente na
supressão de vegetação em APP, não expõem, nem mesmo de passagem, o nexo causal
entre o comportamento dos recorrentes e o fato delituoso. A acusação limitou-se a vinculá-
los ao crime ambiental porque eram sócios da empresa em que realizada a fiscalização. [...]
A mera atribuição de uma qualidade não é forma adequada para se conferir determinada
prática delitiva a quem quer que seja. Caso contrário, abre-se margem para formulação de
denúncia genérica e, por via de consequência, para reprovável responsabilidade penal
objetiva.” (RHC 70.395, DJe 14/10/2016)
•“A mera condição de sócio, diretor ou administrador de determinada pessoa jurídica não
enseja a responsabilização penal por crimes praticados no seu âmbito, sendo indispensável
que o titular da ação penal demonstre uma mínima relação de causa e efeito entre a
conduta do réu e os fatos narrados na denúncia, permitindo-lhe o exercício da ampla
defesa e do contraditório. [...]. No caso dos autos, da leitura da exordial acusatória percebe-se
que ao paciente foi imputada a prática de crime contra o meio ambiente pelo simples fato
de exercer o cargo de Diretor Presidente da Companhia Paranaense de Energia Elétrica –
COPEL, não tendo o órgão ministerial demonstrado a mínima relação de causa e efeito
entre os fatos que lhe foram assestados e a função por ele exercida na mencionada pessoa
jurídica, pelo que se mostra imperioso o trancamento da ação penal contra ele instaurada”
(STJ, HC 232751, DJe15.03.2013).
www.g7juridico.com.br
[15] Encerramento do procedimento
administrativo ambiental: necessidade?
•SV24: “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art.
1º, incisos I a IV, da Lei n 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.”
•Os delitos ambientais configuram também infrações administrativas. Assim, há
necessidade da conclusão do procedimento administrativo ambiental para a
deflagração da persecução penal?
•“2. No caso dos autos, muito embora os crimes ambientais pelos quais o paciente
foi acusado (artigos 39 e 40 da Lei 9.605/1998) sejam materiais, dependendo da
ocorrência de dano para que possam se caracterizar, não há dúvidas de que o
Ministério Público não precisa aguardar a conclusão do processo administrativo
instaurado junto ao IBAMA para deflagrar a respectiva ação penal. 3. Isso porque
as esferas administrativa e penal são independentes, razão pela qual o Parquet,
dispondo de elementos mínimos para oferecer a denúncia, pode fazê-lo,
prescindindo-se da apuração dos fatos pelo órgão administrativo competente. 4.
Eventual celebração de termo de ajustamento de conduta não impede a persecução
criminal, repercutindo apenas na dosimetria da eventual pena a ser cominada ao
autor do ilícito ambiental.” (HC 160.525/RJ, 5ªT.STJ, DJe 14/03/2013)

www.g7juridico.com.br
[1] Requisitos legais para a Responsabilização Penal da PJ
•Art. 3º. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e
penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que [1] a infração
seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu
órgão colegiado, [2] no interesse ou benefício da sua entidade.

•Exemplos (LFGeSM): R.P.P.J.


•[1] se um funcionário de uma empresa, que trabalha com motosserra, resolve,
por sua conta e risco, avançar em APP e cortar árvores nesse local proibido;
•[2] se o gerente de uma empresa autoriza o corte de árvores em uma APP, contra
os interesses da empresa, causando-lhe inclusive prejuízos enormes (perda de
incentivos fiscais, perda de contratos com a desmoralização pública).
•Cespe: “Na hipótese de o diretor de uma empresa determinar a seus
empregados que utilizem veículos e instrumentos a ela pertencentes, em
horário normal de expediente, para extraírem e transportarem madeira de lei,
sem autorização do órgão ambiental competente, destinada a construção
particular daquele dirigente, fica caracterizada a responsabilidade penal da pessoa
jurídica e da pessoa física.”
www.g7juridico.com.br
[2] Responsabilização Penal da PJ só surgiu na LCA?

•O art. 3º da LCA foi o primeiro dispositivo a


dispor sobre a responsabilidade penal da
pessoa jurídica no Brasil?

•Lei 8.213/91, art. 19, § 2º:


•(contravenção contra o meio ambiente do
trabalho imputada à PJ):

•Art. 19. [...] § 2º. Constitui contravenção


penal, punível com multa, deixar a empresa
de cumprir as normas de segurança e higiene
do trabalho.

www.g7juridico.com.br
[3] Sistema da Dupla Imputação ou das Imputações Paralelas
•Art. 3º, §ún. “A responsabilidade das PJ’s não exclui a das PF’s, autoras,
coautoras ou partícipes do mesmo fato.”
•A dupla imputação é obrigatória? Exemplo: Decisão – por maioria – do
órgão colegiado de determinada empresa. Não se sabe quem foi a favor ou
contra a conduta criminosa. Pode-se denunciar só a PJ?
•“1. Para a validade da tramitação de feito criminal em que se apura o
cometimento de delito ambiental, na peça exordial devem ser denunciados
tanto a pessoa jurídica como a pessoa física (sistema ou teoria da dupla
imputação). Isso porque a responsabilização penal da pessoa jurídica não
pode ser desassociada da pessoa física – quem pratica a conduta com
elemento subjetivo próprio. 2. Oferecida denúncia somente contra a
pessoa jurídica, falta pressuposto para que o processo-crime desenvolva-se
corretamente. 3. Recurso ordinário provido, para declarar a inépcia da
denúncia e trancar, consequentemente, o processo-crime instaurado contra
a Empresa Recorrente, sem prejuízo de que seja oferecida outra exordial,
válida.” (RMS 37.293/SP, 5ªT.STJ, DJe 09.05.13)
www.g7juridico.com.br
[4] Sistema da Dupla Imputação ou das Imputações Paralelas

•“1. O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não


condiciona a responsabilização penal da pessoa
jurídica por crimes ambientais à simultânea
persecução penal da pessoa física em tese responsável
no âmbito da empresa. A norma constitucional não
impõe a necessária dupla imputação.

•2. As organizações corporativas complexas da


atualidade se caracterizam pela descentralização e
distribuição de atribuições e responsabilidades, sendo
inerentes, a esta realidade, as dificuldades para
imputar o fato ilícito a uma pessoa concreta.
•☞

www.g7juridico.com.br
[4] Sistema da Dupla Imputação ou das Imputações Paralelas
•“3. Condicionar a aplicação do art. 225, § 3º, da Carta Política a uma concreta
imputação também a pessoa física implica indevida restrição da norma
constitucional. Expressa a intenção do constituinte originário não apenas de ampliar
o alcance das sanções penais, mas também de evitar a impunidade pelos crimes
ambientais frente às imensas dificuldades de individualização dos responsáveis
internamente às corporações, além de reforçar a tutela do bem jurídico ambiental.
•4. A identificação dos setores e agentes internos da empresa determinantes da
produção do fato ilícito tem relevância e deve ser buscada no caso concreto como
forma de esclarecer se esses indivíduos ou órgãos atuaram ou deliberaram no
exercício regular de suas atribuições internas à sociedade, e ainda para verificar se a
atuação se deu no interesse ou em benefício da entidade coletiva. Tal
esclarecimento, relevante para fins de imputar determinado delito à pessoa
jurídica, não se confunde, todavia, com subordinar a responsabilização da pessoa
jurídica à responsabilização conjunta e cumulativa das pessoas físicas envolvidas.
Em não raras oportunidades, as responsabilidades internas pelo fato estarão diluídas
ou parcializadas de tal modo que não permitirão a imputação de responsabilidade
penal individual. [...].” (RE 548181, Rel. Min. Rosa Weber, 1ªT.STF, DJe-213 de 30-
10-2014)

www.g7juridico.com.br
[5] Sistema da Dupla Imputação ou das Imputações Paralelas
•Qual é o atual entendimento do STJ? Ainda entende
haver concurso necessário?
•“Este Superior Tribunal, na linha do entendimento
externado pelo Supremo Tribunal Federal, passou a
entender que, nos crimes societários, não é indispensável
a aplicação da teoria da dupla imputação ou imputação
simultânea, podendo subsistir a ação penal proposta
contra a pessoa jurídica, mesmo se afastando a pessoa
física do polo passivo da ação. Precedentes.” (AgRg no
RMS 48.851/PA, 6ª T.STJ, DJe 26/02/2018)

•(Prova oral) O STF rejeita a dupla imputação nos


crimes ambientais?
•O STF não nega a dupla imputação, que está expressa
na lei. O que ele disse é que não é obrigatória!
www.g7juridico.com.br
[6] Penas – critérios para a dosimetria

•A LCA se afastou do sistema trifásico (CP, art. 68)?


•Resposta: Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei
as disposições do CP e do CPP. ☟

•Portanto, observadas as especificidades da LCA:


•1º. pena-base (art. 6º + CP, art. 59 – subsidiariamente);
•2º. circunstâncias atenuantes e agravantes;
•3º. causas de diminuição e de aumento.

www.g7juridico.com.br
[7] Penas – critérios para a dosimetria
•Art. 6º. Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade
competente observará:

•I. a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e


suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;

•II. os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da


legislação de interesse ambiental;
•[Os antecedentes não são exclusivamente penais. Engloba normas
administrativas]

•III. a situação econômica do infrator, no caso de multa [+].

•Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que


possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de
prestação de fiança e cálculo de multa.
www.g7juridico.com.br
[8] Caráter autônomo e substitutivo das P.R.D. (=CP)
•Art. 7º. As PRD são autônomas e substituem as privativas de
liberdade quando:

•I. tratar-se de crime culposo ou for aplicada a PPL inferior a 4


anos;
•[≠ CP, art. 44, I. aplicada PPL não superior a 4 anos e o crime
não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer
que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;]

•II. a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a


personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente
para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

•§ún. As PRD a que se refere este artigo terão a mesma duração


da PPL substituída. [semelhante ao CP, art. 55]
www.g7juridico.com.br
[9] Caráter autônomo e substitutivo das P.R.D.

•PERGUNTA:
•CP, art. 44. “As PRD são autônomas e
substituem as privativas de liberdade,
quando: II. o réu não for reincidente em
crime doloso;” A LCA não traz essa
exigência, assim, o reincidente em
crime doloso [ainda que no mesmo
crime] tem direito à substituição da
PPL por PRD?

•Sim, em virtude do silêncio


eloquente da LCA. Em seu silêncio, a
LCA quis afastar esse critério
impeditivo.
www.g7juridico.com.br
[10] 5 P.R.D. aplicáveis às pessoas físicas

•Art. 8º. As penas restritivas de direito são:

•I. prestação de serviços à comunidade;

•II. interdição temporária de direitos;

•III. suspensão parcial ou total de atividades;

•IV. prestação pecuniária;

•V. recolhimento domiciliar.

•☞ ☞ Comparativo com o CP ☞ ☞
www.g7juridico.com.br
[11] P.R.D.: quadro comparativo
LCA, art. 8º. As PRD [aplicáveis às CP, art. 43. As PRD são:
PF’s] são:

I. prestação de serviços à IV. prestação de serviço à comunidade


comunidade; ou a entidades públicas;

II. interdição temporária de direitos; V. interdição temporária de direitos;


IV. prestação pecuniária; I. prestação pecuniária;

III. suspensão parcial ou II. perda de bens e valores;


total de atividades;

V. recolhimento domiciliar. III. limitação de fim de semana.

www.g7juridico.com.br
[12] P.R.D. aplicáveis às pessoas físicas [prestação de serviços à comunidade]

•Art. 9º. “A prestação de serviços à comunidade consiste na


atribuição ao condenado de *tarefas gratuitas junto a parques
e jardins públicos e unidades de conservação, e,
•no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na
*restauração desta, se possível.”

•Obs1 (finalidade): preservação do meio ambiente e a


reparação do dano ambiental causado.
•Obs2: No CP ≠ localidades: entidades assistenciais, hospitais,
escolas, orfanatos [...] (CP, art. 43, IV, c.c. o art. 46, § 2.º).
•CP, art. 46, §4º. “Se a pena substituída for superior a um ano, é
facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo,
nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.”
Incide na LCA?
www.g7juridico.com.br
[13] P.R.D. aplicáveis às pessoas físicas [interdição temporária de direitos]
•Art. 10. As penas de interdição temporária de direitos são a proibição:
•[1] de o condenado contratar com o Poder Público,
•[2] de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como
•[3] de participar de licitações, pelo prazo de 5 anos, no caso de crimes dolosos, e de 3 anos, no
de crimes culposos.
•Obs1: No CP ≠ consiste na proibição:
•de exercer cargo, função, atividade pública, mandato eletivo;
•de exercer profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença
ou autorização do poder público; e
•de frequentar determinados lugares (CP, art. 43, V, c/c o art. 47).
•Obs2: [3] Art. 10 em flagrante contradição com o art. 7º, §ún. (“As PRD a que se refere este
artigo terão a mesma duração da PPL substituída”). ☟
•*Em regra, os crimes dolosos da LCA não têm pena máxima de 5 anos; e nenhum crime
culposo tem pena máxima de 3 anos. Portanto, como pode a PRD ser maior que a PPL
substituída?
•*Desproporcionalidade chapada! ☟
•Em conclusão, há forte compreensão no sentido de que os prazos mencionados no art.
10 devem ser desconsiderados, aplicando-se a regra geral do art. 7º, §ún. (LFGeSM +
Delmanto + Luís Paulo Sirvinskas).
•Ps.: não desprezem os prazos em provas objetivas!!!!
www.g7juridico.com.br
[14] P.R.D. aplicáveis às pessoas físicas [suspensão de atividades]

•Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada


quando estas não estiverem obedecendo às
prescrições legais.

•Ex.: Desenvolvimento de atividade impactante sem


licença ambiental ou em desconformidade com a obtida.

•Obs:
•A sanção do art. 11 pode ser aplicada ao
empresário individual, que é pessoa física (registrada
na junta comercial e que tem CNPJ na Receita Federal,
mas continua sendo pessoa física).
www.g7juridico.com.br
[15] P.R.D. aplicáveis às pessoas físicas [prestação pecuniária]

•Art. 12. “A prestação pecuniária consiste no pagamento em


dinheiro *à vítima ou *à entidade pública ou *privada com fim
social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a 1 nem
superior a 360 salários mínimos. O valor pago será deduzido do
montante de eventual reparação civil a que for condenado o
infrator.”
•Obs1: CP, art. 45, §1º: o pagamento pode ser realizado para a
vítima ou seus dependentes. Pergunta: Incide na LCA?
•Obs2: CP, art. 45, §2º: se o beneficiário aceitar, a prestação
pecuniária (em $) pode ser substituída por prestação de outra
natureza (prestação inominada). Pergunta: Incide na LCA?
•O descumprimento injustificado da prestação pode acarretar a
conversão em prisão?
•Sim (CP, art. 44, §4º), por se tratar de espécie de PRD (e não
de multa).
www.g7juridico.com.br
[1] P.R.D. aplicáveis às pessoas físicas [recolhimento domiciliar]
•Art. 13. “O recolhimento domiciliar baseia-se na
autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que
deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer
atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e
horários de folga em residência ou em qualquer local
destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na
sentença condenatória.”
•Crítica:
•“Inventou-se uma prisão com formato de restrição a direito.”
(GSN). ☟
•CP, art. 36: “o regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso
de responsabilidade do condenado”.
•LCA, art. 13: “o recolhimento domiciliar baseia-se na
autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado...”
•Como esse assunto cai em concurso ☞
www.g7juridico.com.br
[2] P.R.D. aplicáveis às pessoas físicas [recolhimento domiciliar]
•(MPF – 21º Concurso): Em crimes ambientais, limitação de fim de
semana é sinônimo de recolhimento domiciliar.
•(TJMG): A limitação de fim de semana prevista no art. 48 do CP é
equivalente ao ↓recolhimento domiciliar↓ estabelecido no art. 13 da LCA.
•Obs: ≠ CP, art. 48. A limitação de fim de semana consiste na obrigação
de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 horas diárias, em casa de
albergado ou outro estabelecimento adequado.
•☟na prática, pode haver semelhança semelhança☟
•“II. Se o caótico sistema prisional estatal não possui meios para que o
paciente cumpra a pena restritiva de direitos em estabelecimento
apropriado, é de se autorizar, excepcionalmente, que a mesma seja
cumprida em seu domicílio.
•III. O que é inadmissível, é impor ao paciente o cumprimento da
limitação de fim de semana em presídio, estabelecimento inadequado
para tanto.” (HC 146.558/RS, 5ª Turma do STJ, DJe 05/04/2010)

www.g7juridico.com.br
[3] 4 Atenuantes

•Art. 14. São circunstâncias que atenuam [incidem na


______ fase] a pena:
•I. baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
•II. arrependimento do infrator, manifestado pela
espontânea reparação do dano, ou limitação
significativa da degradação ambiental causada;
•III. comunicação prévia pelo agente do perigo
iminente de degradação ambiental;
•IV. colaboração com os agentes encarregados da
vigilância e do controle ambiental.

•Obs: Por analogia in bonam partem, podem incidir


as atenuantes nominadas e inominadas do CP (arts.
65 e 66).
www.g7juridico.com.br
[4] 4 Atenuantes
•Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
•I. baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
•Obs1: semelhante ao CP, art. 65, II (desconhecimento da lei).
•Masson (justificativa):
•“Embora o desconhecimento da lei seja inescusável (CP, art. 21) e não
afaste o caráter criminoso do fato, funciona como atenuante genérica.
Suaviza-se, no campo penal, a regra definida pelo art. 3º da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro: ‘Ninguém se escusa de
cumprir a lei, alegando que não a conhece’. ... Justifica-se essa atenuante
pelo fato de o ordenamento jurídico brasileiro ser composto por um
emaranhado complexo de leis e atos normativos, constantemente
revogados e em contínua modificação, dificultando por parte do cidadão
a exata compreensão do seu significado e do seu alcance.”
•(Advogado do Senado – FGV) Nos crimes previstos na Lei
9.605/98, o baixo grau de instrução ou escolaridade do agente
constitui circunstância que atenua a pena.

www.g7juridico.com.br
[5] 4 Atenuantes
•Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
•II. arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea
•*reparação do dano, ou
•*limitação significativa da degradação ambiental causada;

•Obs1 (*reparação do dano): aplica-se ao infrator que reparar o


dano APÓS o recebimento da denúncia.
•1.1: Se houver reparação voluntária e integral do dano antes do
recebimento da denúncia: arrependimento posterior (CP, art. 16
do CP).
•1.2: ≠ Delmanto [CP, art. 16 não se aplica à LCA, que considerou a
reparação do dano apenas como circunstância atenuante].

•Obs2 (*Limitação significativa da degradação ambiental):


•como não se trata de reparação integral do dano, não há falar no
art. 16 do CP.
www.g7juridico.com.br
[6] 4 Atenuantes

•Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:


•III. comunicação prévia pelo agente do perigo
iminente de degradação ambiental;

•Obs1: A comunicação é prévia; o dano ainda não


ocorreu.

•GSN: trata-se de uma atenuante preponderante ☟


•“O agente está, também, se autodenunciando. Se o
fizer de maneira espontânea, cremos que essa
comunicação pode ser tida como manifestação
positiva de sua personalidade, o que representa uma
atenuante preponderante (art. 67, CP).”
www.g7juridico.com.br
[7] 4 Atenuantes
•Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
•IV. colaboração com os agentes encarregados da
vigilância e do controle ambiental.

•Obs1: “Delação premiada ambiental” (Delmanto).


•Ex.: Se o infrator ambiental colaborar com a
vigilância ambiental indicando, p.ex., o local do
dano ambiental causado, terá sua pena atenuada. ☟

•☟“delação premiada tabajara”! ☟


•Em verdade, a medida se aproxima muito mais da
atenuante da confissão (CP, art. 65, III, d).

www.g7juridico.com.br
[8] 18 Agravantes: saraivada de críticas!! (elementares, qualificadoras ou c.a.p.)

•Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não


constituem ou qualificam o crime:
•I. reincidência nos crimes de natureza ambiental;

•Obs1: Somente agrava a pena a reincidência ambiental.

•Obs2: Não precisa ser pelo mesmo crime ambiental.

•Obs3: Aplica-se o período depurativo prevista no art. 64, I, do


CP (LCA, art. 79). ☟
•“não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento
ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de
tempo superior a 5 anos [...];”

www.g7juridico.com.br
[9] 18 Agravantes
•Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime: II. ter o agente cometido a infração:
•a) para obter vantagem pecuniária;
•[basta a intenção de obter a vantagem pecuniária, não sendo exigido o efetivo
recebimento. ≠ TRF4, AC 200570080015761 8ª T., u., 01/10/2008.]
•b) coagindo outrem para a execução material da infração;
•[c. f. irresistível; c. m. irresistível e resistível (coator: agravante / coato: atenuante
do CP, art. 65, III, c)]
•c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o
meio ambiente;
•[prato cheio para bis in idem: Art. 6º. Para imposição e gradação da penalidade, a
autoridade competente observará: I. a gravidade do fato, tendo em vista ... suas
consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;]
•d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
•[prato cheio para bis in idem: os crimes ambientais quase sempre causam danos à
propriedade alheia (pública ou privada) de modo que raramente aplicar-se-á esta
agravante]
www.g7juridico.com.br
[10] 18 Agravantes
•Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime: II. ter o agente cometido a infração:
•e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato
do Poder Público, a regime especial de uso;
•[cuidado: Art. 40. Causar dano direto ou indireto às UC (...)]
•f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
•[cuidado: não se aplica quando funcionar como elementar, qualificadora ou causa
de aumento de pena, como ocorre com o crime de poluição (art. 54, §2º, I)]
•g) em período de defeso à fauna;
•[cuidado: arts. 29, §4º, II: “Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes
da fauna silvestre [...]: Pena [...]. §4º. A pena é aumentada de metade, se o crime é
praticado: II. em período proibido à caça;” e art. 34: “Pescar em período no qual a
pesca seja proibida [...]”].
•Ps: no Brasil, em regra, a caça é proibida (exceção: autorização do P.Púb.
em caso de desequilíbrio ambiental. Ex.: número excessivo de javalis. A
pesca, em regra, é permitida (exceção: determinados locais e períodos).
www.g7juridico.com.br
[11] 18 Agravantes
•Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime: II. ter o agente cometido a
infração:
•h) em domingos ou feriados;
•[Cuidado: Crimes contra a flora: Art. 53. Nos crimes previstos nesta
Seção, a pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se: II. o crime é cometido:
e) durante a noite, em domingo ou feriado]
•i) à noite;
•[Cuidado: art. 29, §4º, III: “Matar, perseguir, caçar, apanhar,
utilizar espécimes da fauna silvestre [...]: Pena (...). §4º. A pena é
aumentada de metade, se o crime é praticado: III. durante a noite. +
crimes contra a flora.]
•j) em épocas de seca ou inundações;
•[Cuidado: Crimes contra a flora. Art. 53. (...): II. (...): d) em época
de seca ou inundação;]
www.g7juridico.com.br
[12] 18 Agravantes

•Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não


constituem ou qualificam o crime: II. ter o agente cometido a
infração:
•l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
•[Delmanto: abrangida pela alínea ‘e’ do inc. II [áreas de UC]. Ainda que se
considere a expressão da alínea ‘l’ mais abrangente, “a redundância do
legislador permanece já que, então, bastaria a previsão desta agravante, sendo
desnecessária a existência da disposta na alínea e”]
•m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de
animais;
•[Aplica-se aos crimes contra a fauna, inclusive no crime de abuso e maus
tratos de animais (art. 32), que pode ser executado com ou sem métodos cruéis]
•n) mediante fraude ou abuso de confiança;
•[Ex. de Nucci: “confiada a um empregado de longos anos a guarda de uma
propriedade, ele é descoberto danificando a floresta nativa, com intuito de
lucro. Houve, nesse caso, crime ambiental com abuso de confiança.”]
www.g7juridico.com.br
[13] 18 Agravantes
•Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime: II. ter o agente cometido a infração:
•o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização
ambiental;
•[Cuidado: inaplicável aos crimes previstos nos arts. 29, caput e §1º, I, 55, 63 e
64 da LCA: abuso da licença como elementar]
•p) no interesse de PJ mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas
ou beneficiada por incentivos fiscais;
•q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das
autoridades competentes;
•[Cuidado: Crimes contra a flora > Art. 53. (...): II. (...): c) contra espécies raras
ou ameaçadas de extinção (...). + Não se aplica ao crime do art. 29, caput e § 1º,
I a III e §2º, pois o art. 29, §4º, I, já prevê como c.a.p. a prática de tais infrações
contra espécies raras ou ameaçadas de extinção]
•r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.
•[Havendo oferecimento/recebimento de vantagem indevida, haverá concurso de
crimes de corrupção ativa e passiva com o delito ambiental, sem a agravante.]

www.g7juridico.com.br
[14] 18 Agravantes
•São aplicáveis à LCA as agravantes dos arts. 61 e 62 do CP?
•1ª (LFGeSM): Não (analogia in malam partem).
•2ª (Nucci): Sim. Desde que não conflitem com o disposto no art.
15 da LCA. Ex.: cometimento crime ambiental por motivo fútil (art.
61, II, a, CP).
•Questões
•(Cespe) Os crimes contra a fauna praticados durante a noite, aos
sábados e aos domingos aumentam as respectivas penas.
•Domingo, feriado e noite (agravantes de qualquer crime ambiental: art.
15, II, h, i);
•Domingo, feriado e noite (c.a.p. nos crimes contra a flora: art. 53, II, e);
•Noite (c.a.p. no crime do art. 29, § 4º, III).
•(FGV, Advogado do Senado) Nos crimes previstos na Lei
9.605/98, a prática do crime no domingo é circunstância que
agrava a pena, quando não constitui elementar ou qualifica o
crime.
www.g7juridico.com.br
[15] 3 Penas aplicáveis às pessoas jurídicas
•Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente
às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:
•I. multa;
•II. restritivas de direitos;
•III. prestação de serviços à comunidade.
•Obs1: Para as PFs a prestação de serviços é modalidade de PRD.
•Obs2: As PRD aplicáveis às PJ são penas principais! Ou seja: não
substitutividade + não conversibilidade.
•Obs3: Com exceção do art. 22, § 3º, não há estipulação dos limites
mínimos e máximos. >> Alguns doutrinadores: CR/88, art. 5º,
XXXIX. ☟
•Solução: LFGeSM: “aplicar a PRD de forma direta (não em
substituição de pena de prisão) utilizando como limite o máximo da
PPL cominada no tipo penal, obedecendo-se o critério trifásico do
art. 68 do CP.”
www.g7juridico.com.br
[16] Penas aplicáveis às pessoas jurídicas [multa >> quadro >>]

•Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios


do CP [No mínimo, 10 e, no máximo, de 360 dias-multa.
Valor do dia-multa: ≥ 1/30 𝑑𝑜 𝑠. 𝑚. & ≤ 5 𝑠. 𝑚.]; se
revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo,
poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o
valor da vantagem econômica auferida.

•Crítica de S.S.Shecaira:
•Para evitar que a multa da PJ fique muito aquém do
valor auferido com a infração penal, entende-se que o
legislador deveria ter utilizado uma unidade para a PF
(dias-multa) e outra para a PJ, como o dia-faturamento.

www.g7juridico.com.br
[17] Multa: critério para aplicação ≠ critério para triplicar
LCA CP
Art. 6º. Para imposição e gradação da Art. 60. Na fixação da pena de multa o
penalidade, a autoridade competente juiz deve atender, principalmente, à
observará: situação econômica do réu.
III. a situação econômica do infrator, no caso
de multa. +
Art. 19. Montante do prejuízo causado.

Art. 18. [...] Se revelar-se ineficaz, ainda §1º. A multa pode ser aumentada até o
que aplicada no valor máximo, poderá ser triplo, se o juiz considerar que, em virtude
aumentada até três vezes, tendo em vista o da situação econômica do réu, é ineficaz,
embora aplicada no máximo.
valor da vantagem econômica auferida.

www.g7juridico.com.br
[1] Penas aplicáveis às pessoas jurídicas (3 PRD)
•Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:
•I. suspensão parcial ou total de atividades; [§1º]
•II. interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
[§2º]
•III. proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele
obter subsídios, subvenções ou doações. [§3º]
•§1º. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não
estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares,
relativas à proteção do meio ambiente.
•§2º. A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra
ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em
desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou
regulamentar.
•§3º. A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios,
subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de 10 anos. >>>>

www.g7juridico.com.br
[2]

•Crítica sobre o prazo do §3º do art. 22:


•Sanção de “duvidosa constitucionalidade, uma vez que a
imensa maioria dos crimes ambientais não tem PPL superior
a 3 anos. [...] Assim, se o legislador comina uma
pena máxima de 3 anos para determinado delito,
entendendo esse patamar como suficiente para a prevenção
e reprovação do crime, o que justificaria aplicar, para a
mesma infração, uma pena de 10 anos de restrição de
direitos?
•Em obediência aos princípios da proporcionalidade
(razoabilidade) e da individualização da pena, cremos,
portanto, que esse patamar máximo de 10 anos deve ser
desconsiderado, devendo esta PRD seguir os limites
máximos da PPL cominada para a infração.” (LFGeSM)
www.g7juridico.com.br
[3] Penas aplicáveis às pessoas jurídicas (4 Prestações de serviços)
•Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa
jurídica consistirá em:
•I. custeio de programas e de projetos ambientais;
•II. execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
•III. manutenção de espaços públicos;
•IV. contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

•Obs1: por óbvio, é ≠ da prestação de serviço da PF.


•Obs2: Não há limites cominados >> limites abstratos da PPL
cominada à infração.
•Obs3: os incs. I, II e IV podem ser fixados em valores a serem
pagos de uma só vez. E quais seriam esses valores?
•Para parte da doutrina, não pode superar o limite estabelecido
para a pena de prestação pecuniária (art. 12), de 1 a 360 salários
mínimos.
www.g7juridico.com.br
[4] Pena de Morte da Empresa!
•Art. 24. A pessoa jurídica *constituída ou *utilizada,
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar
a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua
liquidação forçada, seu patrimônio será considerado
instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo
Penitenciário Nacional.
•Obs1: ⇈ Pena de morte ⇈ (cautela: apenas quando a PJ tiver
como atividade principal a prática de crimes ambientais poderá
ser extinta).
•Qual é o mecanismo para a incidência?
•1ª corrente: efeito da condenação criminal. Reclama expresso
pedido na denúncia e motivação na sentença. (Delmanto)
•2ª corrente: ação penal ou ACP proposta pelo MP. (Vladimir P.
de Freitas).

•Obs2: Não se confunde com o art. 4º da LCA >>


www.g7juridico.com.br
[5] Desconsideração da Personalidade Jurídica
•Art. 4º. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre
que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

•Obs1: É instituto relacionado à responsabilidade


civil/administrativa. Portanto, não é sanção penal, nem efeito
da condenação [≠ Édis Milaré].

•Obs2: No direito ambiental, a medida independe do abuso de


direito & da atuação com excesso de poderes por parte dos
sócios/administradores.
•Basta a verificação de insuficiência patrimonial da PJ para
reparar ou compensar os prejuízos por ela causados à
qualidade do meio ambiente.

•Obs3: NCPC, arts. 133-137.


www.g7juridico.com.br
[6] Sursis Simples nos Crimes Ambientais

LCA CP

Art. 16. Nos crimes previstos Art. 77. A execução da p.p.l, não superior a
nesta Lei, a suspensão dois anos, poderá ser suspensa, por dois a
condicional da pena pode ser quatro anos, desde que: I. o condenado não
aplicada nos casos de seja reincidente em crime doloso; II. a
condenação a p.p.l. não culpabilidade, os antecedentes, a conduta social
superior a três anos. e personalidade do agente, bem como os motivos
e as circunstâncias autorizem a concessão do
benefício; III. Não seja indicada ou cabível a
substituição prevista no art. 44 deste Código.

www.g7juridico.com.br
[7] Sursis Especial (reparação do dano) nos Crimes Ambientais

LCA CP
Art. 17. A verificação da Art. 78, §2°. Se o condenado houver reparado o dano,
reparação a que se refere salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do
o § 2º do art. 78 do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o
CP será feita mediante juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior [§
laudo de reparação do 1º. No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar
dano ambiental, serviços à comunidade ou submeter-se à limitação de fim de
semana] pelas seguintes condições, aplicadas
e as condições a serem cumulativamente: a) proibição de frequentar
impostas pelo juiz determinados lugares; b) proibição de ausentar-se da
comarca onde reside, sem autorização do juiz; c)
deverão relacionar-se comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,
com a proteção ao meio mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
ambiente.

www.g7juridico.com.br
[8] Sursis Etário e Humanitário nos Crimes Ambientais E transação penal
•CP, art. 77, §2º (LCA, art. 79). A execução da p.p.l., não superior a 4 anos,
poderá ser suspensa, por 4 a 6 anos, desde que o condenado seja maior de
setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.
•Obs: Aplicam-se subsidiariamente as normas do CP sobre sursis (revogação
obrigatória ou facultativa; à prorrogação do período de prova etc.).

•LCA, art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta
de aplicação imediata de p.r.d. ou multa, prevista no art. 76 da Lei 9.099/95,
somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição
do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de
comprovada impossibilidade.
•É possível a transação se o infrator não reparou o dano?
•E se a transação é cumprida mas o infrator deixa de reparar o dano? Entra
em cena a SV35 (A homologação da transação penal prevista no art. 76 da LJE não
faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando-se ao MP a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de
denúncia ou requisição de inquérito policial)?
www.g7juridico.com.br
[9] Suspensão Condicional do Processo nos Crimes Ambientais
•Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei 9.099/1995, aplicam-se aos crimes de menor
potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:
•I. a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do art. referido no caput,
dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a
impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo;
•II. na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo
de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo
referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;
•III. no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1°
do artigo mencionado no caput; [proibição de frequentar determinados lugares; de ausentar-se da
comarca onde reside, sem autorização do Juiz; comparecimento pessoal e obrigatório a juízo...]
•IV. findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de
reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado
o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o
disposto no inciso III; [e a suspensão da prescrição?]
•V. esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade
dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências
necessárias à reparação integral do dano.
•Obs: prazo máximo do período de prova: 14 anos! (após esse período, fica inviável qualquer
instrução processual efetiva. Importante, por isso mesmo, a produção antecipada de provas urgentes).

www.g7juridico.com.br
[10] Apreensão e Venda de instrumentos da Infração
•Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e
instrumentos, lavrando-se os respectivos autos. §5º. Os instrumentos
utilizados na prática da infração serão vendidos [...].
•1ª corrente: Quaisquer instrumentos utilizados para a prática da infração
ambiental podem ser apreendidos e vendidos, sejam ou não permitidos o seu
porte, fabrico ou alienação (Capez).
•2ª corrente: A regra do art. 25, § 5º, não é absoluta, e deve observar se a
utilização do instrumento é reiterada em crime ambiental e se há proporcionalidade
entre o valor do proveito e do bem. “Os objetos que devem ser confiscados
são apenas aqueles usualmente utilizados na prática de delitos ambientais. Um
objeto lícito, que muitas vezes representa o sustento do agente e de sua
família, não pode ser confiscado porque, esporadicamente, foi utilizado
irregularmente e caracterizou a prática de um delito ambiental. É preciso
fazer a distinção, para não haver injustiças e abusos. Motosserras utilizadas
por madeireiras clandestinas, barcos utilizados por pesqueiros ilegais devem,
sem dúvida, ser confiscados; mas um barco de um humilde pescador, que
eventualmente pescou peixes além da quantidade permitida, não tem
necessidade de ser confiscado.” (LFGeSM)
www.g7juridico.com.br
[11] Diversas Observações Processuais
•*Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a APn é
pública incondicionada.
•É cabível HC em favor de PJ acusada de delito ambiental?
•Não. É cabível MS. HC não socorre a PJ, na qualidade de
paciente, eis que restrito à liberdade ambulatorial. (STJ, RHC
16762/MT).
•Os crimes ambientais são compatíveis com o p. insignificância?
•1ª (Impossibilidade): “bem jurídico tutelado e os princípios da
prevenção e precaução que regem o direito ambiental” (TRF-3,
RSE 2004.61.24.001001-8).
•2ª: “Esta Corte tem entendimento pacificado no sentido de que
é possível a aplicação do denominado princípio da insignificância
aos delitos ambientais, quando demonstrada a ínfima ofensividade ao
bem ambiental tutelado (AgRg no AREsp 1051541/ES, DJe
04/12/2017)
www.g7juridico.com.br
[12] Diversas Observações Processuais
•Como se realiza o interrogatório da PJ?
•Prof. Ada (incialmente): interrogatório como meio de prova > deveria ser aplicado,
por analogia, o disposto no art. 843, §1º, da CLT, que permite o depoimento do
preposto da empresa, que tenha conhecimento do fato.
•Prof. Ada (com a L. 10.792/03): > interrogatório como meio de defesa > passou a
entender que deve ser interrogado o gestor da empresa, que é quem tem interesse
em realizar a defesa da PJ, devendo-se observar todas as garantias constitucionais
(presunção de inocência, direito ao silêncio etc.).
•E se o gestor também for réu no processo?
•Serão realizados dois interrogatórios: um em sua defesa e outro em nome da PJ. Não
se pode cogitar de um único interrogatório, por economia processual, tendo em vista o art.
191 do CPP (Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente).
•E se houver conflito de interesses entre o gestor e a PJ?
•“Se houver colidência de interesses entre as defesas da sociedade e do diretor, este
não poderá representá-la no ato de interrogatório. [...]. Acaso haja incompatibilidade
entre as defesas do diretor do qual emanou a ordem e da pessoa jurídica, por certo
nesse processo a sociedade não será interrogada, a não ser que exista outro
administrador integrante do colegiado, que não tenha sido acusado.” (TRF-4, MS
2002.04.01.013843-0, DJ 26.02.2003)
www.g7juridico.com.br
[13] Competência

•Em regra:
•JE (STJ, CC 88.013), uma vez que a proteção do meio
ambiente é de competência comum da União, dos Estados
e dos Municípios, e não há regra constitucional ou legal
que determine a Justiça competente (STJ, REsp
200200848713).
•Súmula 91 do STJ: compete à JF processar e julgar os
crimes praticados contra a fauna.
•Excepcionalmente:
•JF: se o delito ambiental causar dano direto e específico a
interesse da União ou de suas entidades;
•se o delito atingir apenas interesse genérico e indireto
daqueles entes, a competência será da JE.
•>>CASUÍSTICA>>
www.g7juridico.com.br
[14] Competência da JE

•*Crime cometido em áreas de patrimônio nacional (CR,


art. 225, §4º), a saber, a Mata Atlântica (STF, RE 299.856,
e RE 300.244), a Floresta Amazônica, a Serra do Mar e o
Pantanal Mato-Grossense, que não são considerados
patrimônio da União (STJ, REsp 610.015);

•*Crimes contra a “fauna praticados em rios estaduais é


da JE, ainda que com a utilização de petrechos proibidos em
normas federais” (STJ, CC 36594/RS).

•*“O fato de o IBAMA ser responsável pela administração


e a fiscalização da APA, conforme entendimento desta
Corte Superior, não atrai, por si só, a competência da
Justiça Federal.” (STJ, HC 38.649/SC)
www.g7juridico.com.br
[15] Competência da JF
•*Crime ocorrido em UC federal, como parques nacionais (STJ, CC
88.013);
•*Crime praticado em ilha costeira de propriedade da União;
•*Crime ocorrido em terreno de marinha, por se tratar de bem da União
(STJ, AGREsp 942.957);
•*Quando o delito ocorrer em águas de propriedade da União (CR, art.
20, III e VI), especificamente: a) em rio interestadual (STJ, CC 35.058); b)
em lago de usina hidrelétrica formado por rios interestaduais (STJ, CC
45.154); c) no mar territorial brasileiro (STJ, CC 33.333);
•*Crime ambiental envolvendo espécie da fauna em perigo de extinção,
tendo em vista o manifesto interesse do IBAMA, já que lhe incumbe, além
de elaborar o levantamento e a listagem dos animais em vias de extermínio,
a concessão de autorização prévia para a captura e a criação de tais
espécimes (STJ, CC 37.137).
•*Quando presente a internacionalidade, como p. ex.: no caso dos delitos
dos arts. 30, 31 e 29, III, caracterizando o tráfico internacional de animais
(TRF4, AC 200671150010947).
www.g7juridico.com.br
[1] Crime do art. 29
•Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar ↓espécimes da fauna silvestre↓,
nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da
autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena. detenção de 6 meses a 1
ano, e multa.
•Obs1: Se o agente possuir a permissão, licença ou autorização e agir dentro dos
limites concedidos, não haverá crime >> ex. reg. dir. (CP, art. 23, III).
•Obs2 (objeto material): É a fauna silvestre em qualquer fase de desenvolvimento
(ovos, larvas, filhotes, adultos): § 3º. “São espécimes da fauna silvestre todos
aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas
ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos
limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.” Exs.: aves,
mamíferos, répteis, anfíbios.
•Obs2: animais domésticos ou domesticados, cães p.ex.
•CUIDADO!!! “Os insetos também estão protegidos pela legislação penal, por
serem considerados animais. Possuem o corpo constituído por anéis ou segmentos
que os dividem em três partes: cabeça, tórax e abdome. Entre os insetos estão,
p.ex., as borboletas (...), as abelhas (...), os grilos (...) e as cigarras (...)”. (Vladimir &
Gilberto Passos de Freitas)
www.g7juridico.com.br
[2] Crime do art. 29
•O tipo utiliza a expressão espécimes, no plural. E se a conduta atingir um
único animal o fato é típico?
•1ª Corrente (VERG&JPBJr): Embora a lei faça referência a espécimes, no plural,
é de se entender como típica a morte ou aprisionamento de um só animal.
•2ª Corrente (Milaré + Delmanto + LRPrado): Como o tipo penal utiliza a
expressão espécimes, no plural, se a conduta atingir um único animal o fato é
atípico.
•Figuras derivadas do § 1º. Incorre nas mesmas penas:
•I. quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo
com a obtida;
•II. quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
•III. quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro
ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa
ou em rota migratória, bem como produtos [botas e roupas com couro de jacaré] e objetos
[penas] dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida
permissão, licença ou autorização da autoridade competente. [busca-se evitar o
comércio ilegal]
www.g7juridico.com.br
[3] Crime do art. 29
•§2º. No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não
considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as
circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Ex.: ☟
•Animal silvestre como bicho de estimação (papagaio) > não
ameaçado de extinção > circunstâncias judiciais favoráveis >
perdão judicial.

•§6º. As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de


pesca.
•O art. 29 alcança a fauna silvestre aquática [exemplos:
*matar tartarugas marinhas que estejam na praia: 29, caput; *vender
ou exportar seus ovos, filhotes ou cascos: 29, §1º, III].
•Contudo, os crimes de pesca estão tipificados, separadamente,
nos arts. 34, 35 e 36 (considera-se pesca ...)

www.g7juridico.com.br
[4] Crime do art. 29
•§ 4º. A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:
•I. contra *espécie rara ou *considerada ameaçada de
extinção, ainda que somente no local da infração;
•II. em período proibido à caça;
•III. durante a noite;
•IV. com abuso de licença;
•V. em unidade de conservação;
•VI. com emprego de métodos ou instrumentos capazes de
provocar destruição em massa.

•§ 5º. A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre


•do exercício de caça profissional. ☟
•Caça profissional é a exercida com habitualidade, intenção de
lucro e de forma predatória (ex.: caçadores de jacarés, no Pantanal).

www.g7juridico.com.br
[5] Art. 37

•Art. 37. Não é crime o abate de animal,


quando realizado:
•I. em estado de necessidade, para saciar a fome
do agente ou de sua família;
•II. para proteger lavouras, pomares e rebanhos
da ação predatória ou destruidora de animais,
desde que legal e expressamente autorizado pela
autoridade competente;
•III. Vetado
•IV. por ser nocivo o animal, desde que assim
caracterizado pelo órgão competente.
•I = estado de necessidade
•II e IV = exercício regular de direito.
www.g7juridico.com.br
[6] Art. 37
•(FCC) Pedro, em estado de necessidade, para saciar sua fome e de sua família,
composta por esposa e cinco filhos, abateu animal da fauna amazônica. Segundo a
LCA, tal fato:
•a) é tipificado como crime.
•b) é tipificado como contravenção penal.
•c) é tipificado como crime, sendo a situação descrita circunstância atenuante da
pena.
•d) não é considerado crime.
•e) é tipificado como crime, sendo a ação penal neste caso pública condicionada à
representação.
•(Cespe) Com relação aos crimes contra o meio ambiente, a fauna e a flora, assinale
a opção correta.
•a) Abater um animal para proteger lavoura é um ato que independe de autorização.
•b) O abate de animal, ainda que este seja considerado nocivo pelo órgão
competente, é considerado crime.
•c) Os crimes contra a fauna praticados durante a noite, aos sábados e aos domingos
aumentam as respectivas.
•d) Se um indivíduo, em estado de necessidade, abate um animal para saciar a sua
fome, sua conduta não será considerada crime.
www.g7juridico.com.br
[7] Crime do art. 30
•Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios [sapos] e
répteis [crocodilos, cascavel] em bruto, sem a autorização da autoridade
ambiental competente: Pena. reclusão, de um a três anos, e multa.
•Obs1: A exportação devidamente autorizada será atípica.
•Obs2: “em bruto” (in natura; sem manufatura ou transformação em
produtos ≠ art. 29, 1º, III).
•Obs3: Não está abrangida a comercialização nacional (tráfico
interno) de peles e couros de anfíbios e répteis. Pergunta: Mas, nesses
casos, há crime?
•Art. 29, § 1º, III.
•Obs4: Crime de competência da JF.

•O tipo reclama a intenção de lucro?


•Não. Logo, cometerá o crime alguém que (p.ex.), gratuitamente,
encaminhe couros de jacaré para amigos nos EUA, a fim de que sejam
utilizados na confecção de roupas.
www.g7juridico.com.br
[7] Crime do art. 30

•Necessária diferenciação:

•*Se o agente exporta a pele ou


couro de anfíbios e répteis em bruto
(in natura):
•art. 30;

•*Se o agente exporta produtos ou


objetos confeccionados com a pele ou o
couro dos anfíbios e répteis (ex.
bolsas e sapatos de jacaré):
•art. 29, §1º, III. (pena menor)

www.g7juridico.com.br
[8] Crime do art. 31

•Art. 31. Introduzir espécime animal no País [= importar], sem parecer


técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:
Pena. detenção, de três meses a um ano, e multa.
•Obs1 (objeto material): espécime animal [toda e qualquer, não se
restringe, pois, aos animais silvestres].
•Obs2: Mero transporte dos espécimes dentro do território nacional.
•Obs3: JF.
•Obs4 (objeto jurídico): O equilíbrio ambiental e a incolumidade
pública.
•“Se o animal exótico não tiver predador no Brasil, poderá ter uma
disseminação exagerada. Poderá também ser um predador voraz e
exterminar espécimes aqui existentes. Por outro lado, a introdução de
animais destinados ao consumo humano, sem fiscalização e parecer
das autoridades competentes, pode comprometer seriamente a saúde
da população. Cite-se, por exemplo, o mal da vaca louca e a gripe
aviária, que acometem alguns animais exóticos.” [LFG]
www.g7juridico.com.br
[9] Crime do art. 32
•Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos
ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena. detenção, de três meses a um ano, e multa.
•Obs1: CR, art. 225, § 1º. [...] incumbe ao Poder Público: VII. proteger a fauna e a flora,
vedadas, na forma da lei, as práticas que [...] submetam os animais a crueldade.
•Obs2: Já se entendeu cruéis as seguintes práticas: farra do boi (RE 153.531), as rinhas
de galo (ADI 3.776) e as vaquejadas (ADI 4.983).
•☟Ativismo congressual: efeito backlash☟
•CR, art. 225, § 7º (EC 96/17). Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º
deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que
sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal,
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro,
devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais
envolvidos.
•https://www.dizerodireito.com.br/2017/06/breves-comentarios-ec-962017-emenda-da_7.html
•O art. 64 da LCP está revogado? [Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a
trabalho excessivo ...].
•Sim: VERGeJPBJr + Lélio Braga Calhau.
•Não: Nucci + Sirvinskas: o art. 32 somente protege os animais silvestres. Por isso, o art. 64
continua em vigor, devendo ser aplicado aos maus-tratos contra animais não silvestres
(ex.: cães).
www.g7juridico.com.br
[10] Crime do art. 32
•§1º. Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou
cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando
existirem recursos alternativos.
•[incrimina-se a vivissecção: a experiência em animal vivo] ☟
•“Nem mesmo cientistas e professores estão, portanto, autorizados a
causar sofrimentos desnecessários nos animais, se dispuserem de recursos
alternativos para realizar suas aulas, pesquisas e estudos. Apenas quando
for inevitável a utilização de animais (não houver nenhum recurso
alternativo) e quando o objetivo da experiência revelar um interesse
socialmente mais relevante do que a proteção da integridade física do
animal é que será lícita a vivissecção.” (LFG&SM) ☟
•Mesmo assim, observando-se o disposto no art. 14, § 5º, da Lei
11.794/08: “experimentos que possam causar dor ou angústia desenvolver-se-ão
sob sedação, analgesia ou anestesia adequadas”.
•(MP-SC – Promotor de Justiça): Somente com a presença do professor
da disciplina especifica é admitida, nos estabelecimentos de ensino
fundamental, a prática da vivissecção de animais.
www.g7juridico.com.br
[11] Crime do art. 32
•§2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre
morte do animal.
•LFGeSM:
•“No caso de animais silvestres, apenas se aplica a
causa de aumento de pena se a morte do animal for culposa
(crime preterdoloso).
• Se o agente pretende, com os maus-tratos ou
crueldade, matar o animal, haverá o delito do art. 29, caput,
com a agravante do art. 15, II, m (emprego de método cruel).
•No caso de animais domésticos, domesticados ou exóticos,
o crime pode ser doloso ou preterdoloso, aplicando-se a
majorante ainda que o agente tenha praticado os maus-tratos
ou abuso com a intenção de provocar a morte do animal.”

www.g7juridico.com.br
[12] Crime do Art. 49
•Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo
ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos [praças,
parques etc.] ou em propriedade privada alheia: Pena. detenção, de
três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
•Obs1: destruir plantas ornamentais de sua própria propriedade.
•Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de 1 a 6 meses, ou
multa. ☟
•Obs2: Inconstitucionalidade: “Em função do princípio da intervenção
mínima, não se pode admitir um tipo penal incriminador que diga respeito a,
por exemplo, maltratar plantas ornamentais de forma culposa, sem qualquer
intenção, mas em virtude de pura negligência. Seria o ápice do abuso do
Estado no intervencionismo na vida privada de cada um.” (Nucci)
•Obs3: Miguel Reale Jr:
•“Para total espanto, admite-se também a forma culposa. Assim,
tropeçar e pisar por imprudência na begônia do jardim do vizinho é
crime.”
www.g7juridico.com.br
[13] Crime do art. 54
•Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que
•resultem ou possam resultar em *danos à saúde humana,
•ou que *provoquem a mortandade de animais ou a *destruição significativa
da flora: Pena. reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
•Trata-se de crime formal e de perigo abstrato?
•“A LCA deve ser interpretada à luz dos princípios do desenvolvimento
sustentável e da prevenção, indicando o acerto da análise que a doutrina e a
jurisprudência têm conferido à parte inicial do art. 54 da Lei n. 9.605/1998,
de que a mera possibilidade de causar dano à saúde humana é idônea a
configurar o crime de poluição, evidenciada sua natureza formal ou, ainda,
de perigo abstrato.” (AgRg no AREsp 956.780/AM, 5ªT.STJ, DJe
05/10/2016). ☟
•“A ausência de indicação do efetivo dano à saúde das pessoas não implica o
reconhecimento de falta de justa causa, porquanto a conduta tipificada no art.
54 da Lei n. 9605/98 se trata de crime formal, que não exige resultado
naturalístico.” (RMS 50.393/PA, 5ªT.STJ, DJe 20/09/2017)
•≠ casos de mortandade de animais ou destruição significativa da flora =
resultado naturalístico (crime material: reclama dano!).
www.g7juridico.com.br
[14] Crime do art. 54

•Diz o tipo: “poluição de qualquer natureza”


(atmosférica; hídrica; do solo). Abarca a poluição sonora?
•“CRIME AMBIENTAL. ... PESSOA JURÍDICA.
POLUIÇÃO SONORA. [...] 1. A emissão de som, quando
em desacordo com os padrões estabelecidos, provocará a
degradação da qualidade ambiental. 2. A conduta narrada na
denúncia mostra-se plenamente adequada à descrição típica
constante no art. 54, caput, e § 2º, I [‘Se o crime: I. tornar uma
área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;’], da Lei
n. 9.605/98, c/c o art. 3º, III, da Lei n. 6.938/81, pois
descreve a emissão pela pessoa jurídica de ruídos acima dos
padrões estabelecidos pela NBR 10.151, causando, por
conseguinte, prejuízos à saúde humana, consoante preconiza
a Resolução do Conama n.01/1990.” (AgRg no REsp
1442333/RS, 6ªT.STJ, DJe 27/06/2016)
www.g7juridico.com.br
[15] Crime do art. 54
•Obs (em qualquer caso): A poluição deve ser causada em níveis
tais que
•resultem ou possam resultar em *danos à saúde humana,
•ou que *provoquem a mortandade de animais ou a *destruição
significativa da flora.
•Caso contrário, mesmo havendo poluição, não haverá crime☟
•Não se adequa “ao tipo penal a conduta de poluir, em níveis
incapazes de gerar prejuízos aos bens juridicamente tutelados [...].
Não resta configurada a poluição hídrica, pois mesmo que o
rompimento do talude da lagoa de decantação tenha gerado a
poluição dos córregos referidos na denúncia, não se pode ter como
ilícita a conduta praticada, pois o ato não foi capaz de gerar efetivo
perigo ou dano para a saúde humana, ou provocar a matança de
animais ou a destruição significativa da flora, elementos essenciais
ao tipo penal.” (RHC 17.429/GO, 5ªT.STJ, DJ 01/08/2005).
• Em consequência ☞
www.g7juridico.com.br
[16] Crime do art. 54

•Se a poluição sonora não for em níveis


que possa prejudicar a saúde humana:
•Contravenção de perturbação do trabalho ou
sossego alheio (LCP, art. 42).

•A emissão de gás, fumaça ou vapor que


não resulte ou possa resultar em dano à
saúde humana, nem tampouco
provoque a mortandade de animais ou a
destruição significativa da flora:
•LCP, art. 38.
www.g7juridico.com.br
[17] Crime do art. 54

•§ 3º. Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior


quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade
competente, medidas de precaução em caso de risco de dano
ambiental grave ou irreversível.

•Obs: Consagra o princípio da precaução.

•O dano preexistente afasta o crime?


•Não afasta! “O dano grave ou irreversível que se pretende evitar com
a norma prevista no artigo 54, § 3º, da Lei nº 9.605/98 não fica
prejudicado pela degradação ambiental prévia. O risco tutelado
pode estar relacionado ao agravamento das consequências de
um dano ao meio ambiente já ocorrido e que se protrai no
tempo.” (HC 90023, 1ªT.STF, DJe-157 de 07-12-2007)
www.g7juridico.com.br

Você também pode gostar