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Desde a Roma antiga se tem que a pessoa jurídica não pode ser punida
penalmente, posto que é um direito “construído” (toda a dogmática) para
pessoas físicas.
Não seria um ser artificial, mas um ser real e vivo e que atua como os
seres vivos, embora de modo distinto. Para essa teoria, a empresa teria
vontade, e essa não seria simplesmente a soma de vontades dos
administradores e sócios. Por isso, teria capacidade de delinquir.
Nas lições de Washington de Barros Monteiro, “a pessoa jurídica tem
assim realidade, não a realidade física [peculiar às ciências naturais],
mas a realidade jurídica, ideal, a realidade das instituições jurídicas.”
Mas há quem rejeite essa interpretação, afirmando que o texto quis dizer
“respectivamente”: pessoas físicas com conduta e consequência penal e
pessoa jurídica com atividade e consequência administrativa.
De qualquer modo, a lei dos crimes ambientais (9605/98), em seu art. 3º,
previu a possibilidade de punição penal da pessoa jurídica.
Hoje, porém, o STF e STJ estão pacificados que uma coisa independe
da outra. Pode haver punição só da pessoa física, só da pessoa jurídica
ou de ambas.
REVISÃO DA DOGMÁTICA
ZAFFARONI ensina que “en el derecho penal stricto sensu las personas
jurídicas no tienen capacidad de conducta, porque el delito se elabora
sobre la base de la conducta humana individual, (...) porque el delito
según surge de nuestra ley es una manifestación individual humana.”
Para Claus ROXIN, o crime demanda um “comportamento humano
relevante no mundo exterior, dominado ou ao menos dominável pela
vontade. Efeitos causados por animais ou poderes da natureza não
constituem ações em sentido jurídico-penal, o mesmo podendo dizer-se
dos atos de uma pessoa jurídica.”
E para que exista crime, é necessário que uma pessoa “capaz de ação
em sentido jurídico-penal”, por isso, “as pessoas jurídicas e
associações não são capazes de ação em sentido natural.”
Para João MESTIERI, “a pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo por
ser incapaz de ação [...]. Pelos atos delitivos praticados em nome da
sociedade respondem os indivíduos diretamente responsáveis pelos
fatos incriminados, e não todos os diretores, como já se pretendeu no
Direito Penal Econômico brasileiro.”
Partes
AGTE.(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL AGDO.(A/S) : PETRÓLEO BRASILEIRO S/A -
PETROBRAS ADV.(A/S) : JUAREZ CIRINO DOS SANTOS E OUTRO(A/S) INTDO.(A/S) : LUIZ
EDUARDO VALENTE MOREIRA INTDO.(A/S) : HENRI PHILIPPE REICHSTUL
Ementa
EMENTA AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PENAL.
CRIME AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA. CONDICIONAMENTO À
IDENTIFICAÇÃO E À PERSECUÇÃO DA PESSOA FÍSICA. Tese do condicionamento da
responsabilização penal da pessoa jurídica à simultânea identificação e persecução penal da pessoa
física responsável, que envolve, à luz do art. 225, § 3º, da Carta Política, questão constitucional
merecedora de exame por esta Suprema Corte. Agravo regimental conhecido e provido.
RE 548181
HC 92921
HC 192204
Órgão julgador: Segunda Turma
Relator(a): Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 17/05/2022
Publicação: 15/09/2022
Ementa
Habeas corpus. Trancamento de processo penal. Excepcionalidade reconhecida. 2. Denúncia oferecida
contra o presidente de sociedade empresária causadora de dano ambiental apenas em razão da posição
de direção. Inexistente, no caso concreto, qualquer narrativa fática que especifique conduta comissiva ou
omissiva a ser enquadrada nos tipos penais indicados. Vedação à responsabilidade penal objetiva.
Precedentes da Corte. 3. Ordem concedida para determinar o trancamento do processo penal.
A mais recente posição do Supremo Tribunal Federal
– Perdemos a batalha