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1.

PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO


“Princípios são as proposições básicas que fundamentam as ciências, informando-as e
orientando-as. São as proposições que se colocam na base da ciência, informando-a e
orientando-a. Para o Direito, o princípio é o seu fundamento, a base que irá informar e inspirar as
normas jurídicas.” (Sérgio Pinto Martins)

1.1. PROTECIONISTA
Princípio Protecionista tem por finalidade igualar juridicamente empregado e empregador, em
decorrência da hipossuficiência ostentada pelo trabalhador. Princípio protecionista ou princípio da
proteção é um princípio de direito que visa a proteção da parte considerada hipossuficiente.
Profundamente relacionado com o fim a que se propõe o Direito do Trabalho, para os
doutrinadores, como por exemplo, Eduardo Couture, é considerado como o princípio primeiro e
fundamental.

➢ “IN DUBIO PRO OPERÁRIO”


Havendo dúvida na interpretação da norma jurídica, deve-se aplicar, ou mesmo interpretá-la, em
favor do operário (in dubio pro misero).

➢ NORMA MAIS FAVORÁVEL


O operador do direito, ao aplicar uma norma, deve ter em mente aquela que mais favorece ao
operário, seja na feitura da regra (legislador), no confronto entre regras concorrentes ou no
contexto de interpretação das regras jurídicas, diz Alice Monteiro de Barros, que “esse princípio
autoriza a aplicação da norma mais favorável, independentemente de sua hierarquia”, vale dizer,
caso ocorra um confronto entre uma norma Constitucional e uma norma Ordinária e, em sendo
esta mais favorável ao empregado, deverá esta ser aplicada.

➢ CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA


Com fundamento no art. 468 da CLT1, tem sua finalidade voltada para a proteção de situações
mais benéficas consolidadas. Assevera Maurício Godinho Delgado que “cláusulas contratuais
benéficas somente poderão ser suprimidas caso suplantadas por cláusula posterior ainda mais
benéfica”.

“Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições
por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente,
prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.”

1.2. GRATUIDADE
“Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do
Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão
expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.
§ 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de
recursos para o pagamento das custas do processo.”

1.3. ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA


“Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria,
inclusive em questões judiciais ou administrativas;”
1.4. CELERIDADE PROCESSUAL
O princípio da celeridade, embora comum a todos os ramos do direito processual, é um
desdobramento do princípio constitucional da duração razoável do processo (CF, art. 5-, LXXVIII)
e assume ênfase muito maior nos sítios do processo do trabalho, uma vez que, em regra, os
créditos trabalhistas nele veiculados têm natureza alimentícia.

É bem de ver que o princípio da celeridade encontra abrigo expresso no art. 765 da CLT, segundo
o qual os Juízes e os Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e
velarão pelo andamento rápido das causas

1.5. ORALIDADE
“Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e assinadas pelo
escrivão ou secretário, observado, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo.”

“Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a
leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.”

1.6. CONCENTRAÇÃO DOS ATOS NA AUDIÊNCIA


O princípio da concentração decorre da aplicação conjunta de vários princípios procedimentais
destinados a regulamentar e orientar a apuração de provas e a decisão judicial em uma única
audiência. Daí o termo “concentração”.

No processo civil, estava previsto nos arts. 331 e 450 do CPC/73 e reaparece nos arts. 334, 357 e
358 do CPC. No que concerne ao processo do trabalho, o princípio da concentração está explícito
nos arts. 849 e 852-C da CLT, in verbis:

“Art. 849. A audiência de julgamento será contínua; mas se não for possível, por motivo de força
maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira
desimpedida, independentemente de nova notificação”.

“Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência
única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar
simultaneamente com o titular”.

1.7. DA INFORMALIDADE OU DA SIMPLIFICAÇÃO DE PROCEDIMENTOS


Com efeito, o princípio da simplicidade das formas decorre dos princípios da instrumentalidade e
da oralidade, já estudados nas linhas pretéritas, e - é inegável - constitui objetivo de todo e
qualquer sistema processual, seja ele civil, penal ou trabalhista.

O art. 899 da CLT consagra expressamente que os recursos serão interpostos por simples
petição, isto é, sem os formalismos extremos exigidos nos recursos de natureza extraordinária.

Os juizados especiais cíveis e criminais também são exemplos de aplicação do princípio da


simplicidade. É importante ressaltar, porém, que as raízes deontológicas e fenomenológicas
desses órgãos da justiça comum provêm do direito processual do trabalho.

1.8. DA BUSCA DA VERDADE REAL


Este princípio processual deriva do princípio do direito material do trabalho, conhecido como
princípio da primazia da realidade.

Embora haja divergência sobre a singularidade deste princípio no sítio do direito processual do
trabalho, parece-nos inegável que ele é aplicado com maior ênfase neste setor da
processualística do que no processo civil.

Corrobora tal assertiva o disposto no art. 765 da CLT, que confere aos Juízos e Tribunais do
Trabalho ampla liberdade na direção do processo. Para tanto, os magistrados do trabalho “velarão
pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao
esclarecimento delas”.

1.9. DA INDISPONIBILIDADE OU DA IRRENUNCIABILIDADE


Este princípio constitui adaptação do princípio da indisponibilidade e irrenunciabilidade do direito
material do trabalho no campo do processo do trabalho.

Justifica-se a peculiaridade do princípio da indisponibilidade nos sítios do processo do trabalho,


pela considerável gama de normas de ordem pública do direito material do trabalho, o que implica
a existência de um interesse social que transcende a vontade dos sujeitos do processo na
efetivação dos direitos sociais trabalhistas e influencia a própria gênese da prestação jurisdicional
especializada. Numa palavra, o processo do trabalho tem uma função precípua: a efetiva
realização dos direitos sociais indisponíveis dos trabalhadores.

É claro que as normas de direito processual de qualquer ramo são, em regra, de natureza
absoluta e de ordem pública, mas nos sítios do processo do trabalho a indisponibilidade do direito
processual assume importância mais enfática, tendo em vista a inferioridade econômica do
trabalhador destinatário, em regra, de créditos de natureza alimentícia como um dos sujeitos da
relação jurídica processual.

1.10. DA CONCILIAÇÃO
“Art. 764. Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho
serão sempre sujeitos à conciliação.
§ 1- Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus
bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos.
§ 2- Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitral,
proferindo decisão na forma prescrita neste Título.
§ 3- É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de
encerrado o juízo conciliatório.”

No mesmo sentido, o art. 831 da CLT estabelece uma condição intrínseca para a validade da
sentença trabalhista, ao determinar que ela somente “será proferida depois de rejeitada pelas
partes a proposta de conciliação”

1.11. DA NORMATIZAÇÃO COLETIVA


A Justiça do Trabalho brasileira é a única que pode exercer o chamado poder normativo, que
consiste no poder de criar normas e condições gerais e abstratas (atividade típica do Poder
Legislativo), proferindo sentença normativa (rectius, acórdão normativo) com eficácia ultra partes,
cujos efeitos irradiarão para os contratos individuais dos trabalhadores integrantes da categoria
profissional representada pelo sindicato que ajuizou o dissídio coletivo.

Essa função especial (competência) conferida aos tribunais trabalhistas é autorizada pelo art. 114,
§ 2-, da CF, segundo o qual:

“Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às


mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça
do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho,
bem como as convencionadas anteriormente.”

O princípio da normatização coletiva não é absoluto, pois encontra limites na própria Constituição,
nas leis de ordem pública de proteção ao trabalhador (CF, art. 7°; CLT, arts. 8- e 444) e nas
cláusulas (normas) anteriores previstas em convenções e acordos coletivos que disponham sobre
condições mínimas de determinada categoria profissional (CF, art. 7-, XXVI).

2. CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DO TRABALHO


2.1 CONDIÇÕES PARA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO SUBSIDIARIEDADE
“Art. 8º, § 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho.” CLT - > CC

“Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito
processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.” CLT
- > CPC

“Art. 889 - Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não
contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a
cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.” CLT -> Lei do Executivo Fiscal
6.860/80

“Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos,
as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.” CPC

Convenção Coletiva de trabalho X Acordo coletivo de Trabalho


Convenção coletiva de trabalho: Sindicato dos trabalhadores + Sindicato da Categoria
Econômica (Obriga a todos).
Acordo coletivo de trabalho: Sindicato dos trabalhadores + uma ou mais empresas (obriga
somente os envolvidos).

2.2. JUS POSTULANDI


Capacidade postulatória, também chamada de jus postulandi, é a capacidade para postular em
juízo. Trata-se de autorização reconhecida a alguém pelo ordenamento jurídico para praticar atos
processuais.

No processo civil, salvo exceções previstas em lei, o Jus postulandi é conferido


monopolisticamente aos advogados. Trata-se, aqui, de um pressuposto processual referente às
partes, pois estas devem estar representadas em juízo por advogados.
Nos domínios do processo do trabalho, como já vimos, a capacidade postulatória é facultada
diretamente aos empregados e aos empregadores, nos termos do art. 791 da CLT, in verbis:

“Art. 791. Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça


do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.”

Pode-se dizer, portanto, que o jus postulandi, no processo do trabalho, é a capacidade conferida
por lei às partes, como sujeitos da relação de emprego, para postularem diretamente em juízo,
sem necessidade de serem representadas por advogado.

SÚMULA Nº 425 - JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE.

O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos
Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado
de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

3. ORIGENS HISTÓRICAS DA JUSTIÇA DO TRABALHO


A primeira fase histórica do direito processual do trabalho, pois diz respeito aos três períodos de
sua institucionalização. No primeiro período, destacam-se os Conselhos Permanentes de
Conciliação e Arbitragem (1907), no segundo os Tribunais Rurais de São Paulo, criados pela Lei
n. 1.869, de 10 de outubro de 1922, e, por fim, no terceiro período surgiram as Comissões Mistas
de Conciliação e as Juntas de Conciliação e Julgamento (1932).

A segunda fase histórica do direito processual do trabalho é caracterizada pela


constitucionalização da Justiça do Trabalho, porquanto as Constituições brasileiras de 1934 e
1937 passaram a dispor, expressamente, sobre a Justiça do Trabalho, embora como órgão não
integrante do Poder Judiciário.

A terceira fase histórica do direito processual do trabalho decorre do reconhecimento da Justiça


do Trabalho como órgão integrante do Poder Judiciário. Isso se deu pelo Decreto-Lei n. 9.777, de
9 de setembro de 1946, que dispôs sobre sua organização, o que foi recepcionado pela Carta de
1946 (art. 122). Assim, a Justiça do Trabalho passou a ser composta pelos seguintes órgãos: I -
Tribunal Superior do Trabalho; II - Tribunais Regionais do Trabalho; III - Juntas ou Juizes de
Conciliação e Julgamento.

4. ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA
Com o advento da Emenda Constitucional n. 24, de 9 de dezembro de 1999, que extinguiu a
representação classista, a organização e a composição dos órgãos da Justiça do Trabalho
passaram por uma considerável transformação. Assim, a Justiça do Trabalho passou a ser
integrada pelos seguintes órgãos:

I - o Tribunal Superior do Trabalho;


II - os Tribunais Regionais do Trabalho; e
III - Juízes do Trabalho.

5. COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO


Jurisdição – “É o poder que o juiz tem de dizer o direito nos casos concretos a ele submetidos,
pois está investido desse poder pelo Estado.” (Sérgio Pinto Martins)
Competência – “É a parte da jurisdição atribuída a cada juiz, ou seja, a área geográfica e o setor
do Direito em que vai atuar, podendo emitir suas decisões. É o limite da jurisdição.” (Sérgio Pinto
Martins)

Art. 144, CF/88 “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: [...]”

Emenda Constitucional nº 45/2004 instituiu o princípio que veio permitir aos tribunais de Justiça
dos Estados disporem em resolução, pela maioria absoluta de seus membros, sobre a divisão e a
organização judiciárias, cuja alteração, entretanto, só pode ser feita de cinco em cinco anos
(ampliou a competência material da Justiça do Trabalho).

6. COMPETÊNCIA TERRITORIAL E FUNCIONAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO


A competência em razão do lugar (ratione loci), também chamada de competência territorial, é
determinada com base na circunscrição geográfica sobre a qual atua o órgão jurisdicional.
Geralmente, a competência ratione loci é atribuída às Varas do Trabalho, que são os órgãos de
primeira instância da Justiça do Trabalho. A competência territorial das Varas do Trabalho é
determinada por lei federal.

CLT “Art. 650 - A jurisdição de cada Junta de Conciliação e Julgamento abrange todo o território
da Comarca em que tem sede, só podendo ser estendida ou restringida por lei federal.

Parágrafo único. As leis locais de Organização Judiciária não influirão sobre a competência de
Juntas de Conciliação e Julgamento já criadas até que lei federal assim determine.

Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade
onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha
sido contratado noutro local ou no estrangeiro.

§ 1º - Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da
localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e,
na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a
localidade mais próxima.

§ 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo,


estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado
seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário.
§ 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do
contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração
do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.”

Orientação Jurisprudencial 149/TST-SDI-II - Hipótese do art. 651, § 3º, da CLT. Impossibilidade de


declaração de ofício de incompetência relativa.

Não cabe declaração de ofício de incompetência territorial no caso do uso, pelo trabalhador, da
faculdade prevista no art. 651, § 3º, da CLT. Nessa hipótese, resolve-se o conflito pelo
reconhecimento da competência do juízo do local onde a ação foi proposta
Foro de Eleição: CC “Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar
domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.”

KOMPETENZKOMPETENZ
Competência mínima, residual ou atômica. É o instituto pelo qual todo juiz tem competência para
analisar sua própria competência, de forma que nenhum juiz é totalmente incompetente, pois ao
verificar sua incompetência - absoluta - tem competência para reconhecê-la.

7. ELEMENTOS DA AÇÃO
Para que a ação possa existir validamente é preciso que reúna alguns elementos sem os quais
não haverá uma adequada relação jurídica processual entre o Estado-juiz e aquele que invoca a
prestação jurisdicional.

São elementos da ação: as partes, a causa de pedir e o pedido.

7.1. PARTES
As partes são as pessoas ou entes que se dizem titulares (ou “representantes” dos titulares) dos
direitos ou interesses materiais deduzidos em juízo, geralmente, coincidindo a titularidade material
com a processual.

As partes são os elementos subjetivos da ação, isto é, dizem respeito àqueles que figuram nos
pólos ativo e passivo da relação jurídica processual. Alguns autores preferem chamar as partes de
sujeitos. Daí a expressão “sujeitos da ação”.

LITISCONSÓRCIO ATIVO: Quando há pluralidade de pessoas (ou entes com capacidade


processual) no polo ativo;

LITISCONSÓRCIO PASSIVO: Quando há pluralidade de pessoas (ou entes com capacidade


processual) no polo passivo;

LITISCONSÓRCIO MISTO: Quando, porém, há pluralidade de pessoas no polo passivo e ativo ao


mesmo tempo.

TERMINOLOGIA DO DIREITO PROCESSUAL TRABALHISTA:


a. na ação trabalhista
b. no dissídio coletivo
c. no inquérito para apuração de falta grave

7.1.1. CAPACIDADE DE SER PARTE


Adquirida a personalidade jurídica, o indivíduo passa a ter direitos e deveres.

“Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo,
desde a concepção, os direitos do nascituro.” - Código Civil

INCAPACIDADE PLENA: CC “Art. 3 º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os


atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.”
INCAPACIDADE RELATIVA: CC “Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira
de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os
viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir
sua vontade; IV - os pródigos.”

EXCEÇÃO: Menor Aprendiz.

"Art. 402. Considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o trabalhador de quatorze até
dezoito anos." - CLT

"Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição
de aprendiz, a partir dos quatorze anos." - CLT

7.1.2. LEGITIMIDADE DE PARTE (ad causam) ATIVA E PASSIVA


A legitimidade das partes (legitimatio ad causam) é a titularidade ativa ou passiva da ação.

“Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.” - CPC/15

8. CAPACIDADE POSTULATÓRIA
“Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça
do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.

§ 1º - Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-se representar por


intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados
do Brasil.

§ 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por advogado.

§ 3o A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada,
mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado,
com anuência da parte representada.” - CLT

9. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Nos termos do art. 14 da Lei n. 5.584, de 26 de junho de 1970, na Justiça do Trabalho, a
Assistência Judiciária a que se refere a Lei n. 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, será prestada pelo
Sindicato da categoria profissional a que pertencer o trabalhador.

O § 1- do art. 14 da Lei n. 5.584 estabelece que a assistência judiciária é devida a todo


trabalhador que perceber salário igual ou inferior ao dobro do salário mínimo legal, ficando, porém,
assegurado idêntico direito ao trabalhador de maior salário, uma vez provado que sua situação
econômica não lhe permita demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família.

Com a Reforma Trabalhista, agora é devido honorários de sucumbência, o que intimida alguns
trabalhadores a entrarem com ações trabalhistas.

“Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não
sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.”

10. SUCESSÃO PROCESSUAL


Na sucessão processual, uma parte sai da relação processual e em seu lugar entra outra pessoa,
que vai assumir a titularidade da ação, seja no polo ativo, seja no passivo. A sucessão de parte
pode decorrer de ato inter vivos ou causa mortis.

A sucessão processual da parte, quando esta é pessoa física, ocorre com a morte. Assim,
falecendo empregado ou empregador durante o processo, serão substituídos pelo espólio, que é,
segundo já vimos, representado pelo inventariante. Nestes casos, opera-se o incidente processual
da habilitação, devendo o juiz determinar a suspensão do feito e proferir decisão.

É de se destacar, porém, que a morte do empregador pessoa física (ou constituído em empresa
individual) não implica, necessariamente, a extinção do contrato de trabalho (CLT, art. 483, § 2°),
mas, se a morte ocorrer no curso do processo, deverá o juiz intimar o espólio, como sucessor da
parte, que passará a ser representado pelo inventariante.

“Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos
por seus empregados.” - CLT

“Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os


contratos de trabalho dos respectivos empregados.” - CLT

“Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e


448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os
empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor.” - CLT

11. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL


Substituição processual consiste numa legitimação extraordinária, autorizada pela lei, para que
alguém pleiteie, em nome próprio, direito alheio em processo judicial.

“Art.195 § 2º - Argüida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por
Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado na forma deste
artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho.” -
CLT

“Art. 872 Parágrafo único - Quando os empregadores deixarem de satisfazer o pagamento de


salários, na conformidade da decisão proferida, poderão os empregados ou seus sindicatos,
independentes de outorga de poderes de seus associados, juntando certidão de tal decisão,
apresentar reclamação à Junta ou Juízo competente, observado o processo previsto no Capítulo II
deste Título, sendo vedado, porém, questionar sobre a matéria de fato e de direito já apreciada na
decisão.” - CLT

“Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:


III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria,
inclusive em questões judiciais ou administrativas;” - CF/88
12. DISTRIBUIÇÃO
Distribuição é o ato pelo qual é designado o órgão jurisdicional no qual o processo terá seu
desenvolvimento.

Ocorre a distribuição quando dois ou mais juízes da mesma categoria e localidade são igualmente
competentes para processar e julgar a demanda. Trata-se da competência cumulativa que, pela
distribuição, a lei visa evitar. Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser
distribuídos onde houver mais de um juiz competente, de maneira alternada, obedecendo à
rigorosa igualdade em consonância com o princípio do juiz natural.

“Art. 286. Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza:


I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada;
II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda
que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da
demanda;
III - quando houver ajuizamento de ações nos termos do art. 55, § 3º , ao juízo prevento.” - CPC.

13. CITAÇÃO
Citação é o chamamento do réu a juízo, para defender-se no processo.

CITAÇÃO NO PROCESSO CIVIL:


“Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para
integrar a relação processual.

Parágrafo único. A citação será efetivada em até 45 (quarenta e cinco) dias a partir da propositura
da ação.” - CPP

CITAÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO:


“Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta
e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao
mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida,
depois de 5 (cinco) dias.” - CLT

FORMAS DE CITAÇÃO:
“Art. 246. A citação será feita preferencialmente por meio eletrônico, no prazo de até 2 (dois) dias
úteis, contado da decisão que a determinar, por meio dos endereços eletrônicos indicados pelo
citando no banco de dados do Poder Judiciário, conforme regulamento do Conselho Nacional de
Justiça.” - CPP
A antiga lei falava em: Postal (AR), meio eletrônico, oficial de justiça, edital, hora certa, carta
precatória/rogatória.

14. PETIÇÃO INICIAL


A existência jurídica de um processo depende da existência de uma petição inicial (forma de
exteriorização da demanda). A inércia é uma das características da jurisdição e seu exercício
depende da provocação do interessado por meio da petição inicial.

14.1. PETIÇÃO INICIAL ESCRITA


“Art. 319. A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o
endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.” CPP

“Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.

§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes,
a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado
e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
[...]
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo serão julgados extintos sem
resolução do mérito.” - CLT

14.2. PETIÇÃO INICIAL VERBAL


“Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
[...]
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e assinadas pelo
escrivão ou secretário, observado, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo.”

MODALIDADES DO PEDIDO:
a) CERTO: “Art. 322. O pedido deve ser certo. § 1º Compreendem-se no principal os juros
legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários
advocatícios.” - CPP
b) DETERMINADO: “Art. 324. O pedido deve ser determinado. § 1º É lícito, porém, formular
pedido genérico.” - CPP

RITOS/PROCEDIMENTOS
a) SUMÁRIO: até 2 salários mínimo
b) SUMARÍSSIMO: até 40 salários mínimos
c) ORDINÁRIO: acima de 40 salários mínimos

14.3. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL


“Art. 330
1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido
genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.” - CPP

14.4. ADITAMENTO À PETIÇÃO INICIAL


“Art. 329. O autor poderá:
I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de
consentimento do réu;
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com
consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste
no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar.” - CPP

15. AUDIÊNCIA
A audiência consiste no ato praticado sob a presidência do juiz a fim de ouvir ou de atender às
alegações das partes.

15.1. MODALIDADES DE AUDIÊNCIA


a) Inicial (conciliação ou prazo para contestação);
b) Instrução (produção de provas);
c) Encerramento de Instrução (depende do cumprimento de diligências);
d) Julgamento (contagem do prazo recursal);
e) UNA (conciliação, defesa, impugnação, provas, julgamento/sentença).

“Art. 813 - As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na
sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas,
não podendo ultrapassar 5 (cinco) horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente.” - CLT

“Art. 816 - O juiz ou presidente manterá a ordem nas audiências, podendo mandar retirar do
recinto os assistentes que a perturbarem.” - CLT

PRESENÇAS:
“Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado,
independentemente do comparecimento de seus representantes, salvo, nos casos de
Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se
representar pelo Sindicato de sua categoria “ - CLT

EMPREGADO (hipótese de substituição):


“Art. 843 - § 2º Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não
for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro
empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato.” - CLT

EMPREGADOR (hipótese de substituição):


“Art. 843 - § 1º É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro
preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente.” - CLT

AUSÊNCIAS:
“Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da
reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à
matéria de fato.” - CLT

AUSÊNCIA DO RECLAMANTE -> Aud. Inicial ou UNA: ARQUIVADO


-> Aud. Instrução: CONFISSÃO FICTA
AUSÊNCIA DO RECLAMADO -> Aud. Inicial ou UNA: REVELIA E CONFISSÃO FICTA
-> Aud. Instrução: CONFISSÃO FICTA
“Art. 732 - Na mesma pena do artigo (perda do prazo de 6 meses) anterior incorrerá o reclamante
que, por 2 (duas) vezes seguidas, der causa ao arquivamento de que trata o art. 844.”

Súmula 122/TST - “A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel,
ainda que presente seu advogado munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia mediante a
apresentação de atestado médico, que deverá declarar, expressamente, a impossibilidade de
locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da audiência”.

15.2. CARACTERÍSTICAS DA AUDIÊNCIA


“Art. 825 - As testemunhas comparecerão à audiência independentemente de notificação ou
intimação.
Parágrafo único - As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento da
parte, ficando sujeitas a condução coercitiva, além das penalidades do art. 730, caso, sem motivo
justificado, não atendam à intimação

Art. 829 - A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo íntimo ou inimigo de
qualquer das partes, não prestará compromisso, e seu depoimento valerá como simples
informação.

Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.

Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a
leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.

Art. 848 - Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o presidente, ex


officio ou a requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar os litigantes.
§ 1º - Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar-se, prosseguindo a instrução
com o seu representante.
§ 2º - Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver.

Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente
de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de
conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.
Parágrafo único - O Presidente da Junta, após propor a solução do dissídio, tomará os votos dos
vogais e, havendo divergência entre estes, poderá desempatar ou proferir decisão que melhor
atenda ao cumprimento da lei e ao justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse
social.” - CLT

16. RESPOSTA DO RÉU


MODALIDADES:
a) Exceção;
b) Contestação;
c) Reconvenção.

16.1. EXCEÇÃO
Exceção é uma defesa contra defeitos, irregularidades, ou vícios do processo, que impedem seu
desenvolvimento normal, não se discutindo o mérito da questão.
São três as modalidades de exceção: a) suspeição; b) incompetência; e) impedimento.

SUSPEIÇÃO (causa subjetiva)


O instituto da Suspeição delimita as hipóteses em que o magistrado fica impossibilitado de exercer
sua função em determinado processo, devido a vínculo subjetivo (relacionamento) com algumas
das partes, fato que compromete seu dever de imparcialidade.

Por exemplo, é considerado suspeito o juiz que tem relação de proximidade com participante da
ação judicial sob sua jurisdição, seja por amizade ou inimizade, por tê-las aconselhado, ser credor
ou devedor das mesmas, for sócio de empresa interessada no processo, dentre outras.

IMPEDIMENTO (causa objetiva)


No instituto do Impedimento, a lei relaciona expressamente os casos em que o magistrado fica
impossibilitado de atuar, independe de sua intenção no processo ou de sua relação com as partes.

As causas de impedimento também decorrem do dever de imparcialidade do juiz, mas se referem


à sua relação com o processo.

INCOMPETÊNCIA (causa objetiva)


Indica que um juiz ou uma juíza reconheceu que não tem competência legal para julgar o
processo. Isso ocorre quando o fato em questão não pode ser analisado naquela vara. Com essa
decisão, o processo é automaticamente enviado para outra unidade.

A exceção de incompetência apresenta três modalidades: a) por matéria; b) por território; c) por
pessoa.

a) Matéria: deve ser apresentada nas preliminares da Contestação (nulidade absoluta)


b) Território: deve ser apresentada em peça autônoma (nulidade relativa)
c) Pessoal: (nulidade absoluta)

“Art. 799 - Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com
suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência.
§ 1º - As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa.
§ 2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se
terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no
recurso que couber da decisão final.” - CLT

“Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar
da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta exceção,
seguir-se-á o procedimento estabelecido neste artigo.

§ 2o Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o reclamante e, se existentes,


os litisconsortes, para manifestação no prazo comum de cinco dias.” - CLT

● AUTOR: Excipiente
● RÉU: Excepto/Exceto

17. CONTESTAÇÃO
Contestação é a impugnação da pretensão do autor, a defesa do réu. A contestação é a forma
mais usual e contundente de resposta do réu. É uma espécie de reação do réu à ação do autor.
Na linguagem comum, contestação significa negação, resistência, discussão, debate.

Diferentemente do processo civil, que confere ao réu o prazo de quinze dias para a contestação
do réu (CPC, art. 335)125, no processo do trabalho, aberta a audiência (UNA ou inicial), o juiz
proporá a conciliação e, não havendo acordo, o reclamado terá 20 (vinte) minutos para aduzir sua
defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes (CLT,
arts. 846 e 847). De lege lata, portanto, o reclamado tem vinte minutos para apresentar a sua
contestação em audiência, sob pena de revelia.

“Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a
leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. (Redação
dada pela Lei nº 9.022, de 5.4.1995)

Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial
eletrônico até a audiência.” - CLT

17.1. PRINCÍPIOS DA CONTESTAÇÃO


a) CONCENTRAÇÃO: Réu deve alegar toda a matéria de defesa na contestação, seja
processual, seja material. Este princípio tem como base dois aspectos: economia
processual e o combate ao excesso de formalismo.
b) IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA: O réu deve se manifestar especificamente sobre todos
os fatos alegados pelo autor na inicial. Caso aquele que está se defendendo deixe de se
manifestar sobre algum fato alegado pelo autor, tal fato fica passível de ser presumido
como verdadeiro, ou seja, o silêncio do réu pode significar sua confirmação do afirmado
pelo autor. Sendo assim, é mais seguro ao réu que se manifeste sobre absolutamente tudo
que for possível se manifestar em relação à petição inicial.
c) EVENTUALIDADE: A eventualidade implica que o réu deve alegar todas as suas defesas
possíveis e imagináveis (se coerentes e cabíveis) na contestação pois, caso o juiz não
acolha um dos seus argumentos, poderá acolher outro. É comum inclusive que se leia este
tipo de expressão em contestações: “Caso Vossa Excelência não acolha o argumento
exposto, o que se admite em razão do principio da eventualidade, o réu expõe também um
segundo argumento”.

17.2. PRELIMINARES
São matérias prejudiciais de conhecimento de mérito da ação. Representam matérias de ordem
processual, que impedem o exame do mérito da questão.

“Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da
citação; II - incompetência absoluta e relativa; III - incorreção do valor da causa; IV - inépcia da
petição inicial; V - perempção; VI - litispendência; VII - coisa julgada; VIII - conexão; IX -
incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; X - convenção de
arbitragem; XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; XII - falta de caução ou de
outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII - indevida concessão do benefício de
gratuidade de justiça.” - CPC

17.3. PRELIMINARES (PREJUDICIAIS) DE MÉRITO


As prejudiciais de mérito que podem ser arguidas na defesa são a prescrição e a decadência.
Caso reconhecidas, o processo será extinto com resolução do mérito. Isso quer dizer que foi
proferida decisão de procedência ou improcedência. Dessa maneira, não há possibilidade de ser
ajuizada a ação novamente.

“ Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social:

XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
contrato de trabalho;” - CF

“Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato
de trabalho.” - CLT

Súmula 156/TST - “PRESCRIÇÃO. PRAZO. Da extinção do último contrato começa a fluir o prazo
prescricional do direito de ação em que se objetiva a soma de períodos descontínuos de trabalho”.

17.4. DEFESA DE MÉRITO


“Art. 818. O ônus da prova incumbe:
I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
reclamante.”

Fatos impeditivos são os que provocam a ineficácia dos fatos constitutivos alegados pelo
autor. Aqui o réu não ataca o direito alegado pelo autor, apenas opõe um fato que impede o
exercício daquele direito. Exemplos: o reclamante pede pagamento de aviso prévio, alegando ter
sido despedido sem justa causa, e o reclamado reconhece a despedida, mas alega que ela se deu
em virtude de ato de improbidade do reclamante (CLT, art. 482, u); o reclamante pede equiparação
salarial, apontando o paradigma (CLT, art. 461, caput), e o reclamado se defende alegando e
provando que a empresa possui quadro de carreira homologado pelo Ministério do Trabalho e
Emprego que assegura promoção alternada por antiguidade e merecimento (CLT, art. 461, § 2°), o
que impedirá a apreciação do fato constitutivo do direito à equiparação salarial.

Fatos modificativos são os que implicam alteração dos fatos constitutivos alegados pelo
autor. Aqui o réu chega a reconhecer parcialmente o direito alegado pelo autor, mas opõe um fato
que altera a relação jurídica material alegada pelo reclamante. Exemplos: ao alegar que o
reclamante era trabalhador autônomo e não empregado, o reclamado atrai para si o ônus de
provar o fato modificativo do direito do autor, qual seja, a existência de uma relação jurídica de
natureza autônoma diversa da relação empregatícia; o reclamante pede o pagamento de horas
extras por ter trabalhado como bancário em jornada superior a seis horas diárias e o reclamado
reconhece a jornada superior a seis horas, mas alega um fato modificativo no sentido de que o
reclamante passou a ocupar cargo de gerente-geral da agência durante o período vindicado na
petição inicial.

Fatos extintivos são os que eliminam, extinguem ou tornam sem valor a obrigação
assumida pelo réu, por não ser ela mais exigível. Exemplo: o reclamante pede o pagamento de
saldo de salários, e o reclamado alega que efetuou o respectivo pagamento, tendo o ônus de
provar o fato extintivo do direito do autor (colacionar aos autos o correspondente comprovante de
quitação). A renúncia, a transação, a prescrição e a decadência são também fatos extintivos do
direito do autor.

18. RECONVENÇÃO
A reconvenção é uma das modalidades de resposta do réu. Não se trata de defesa, pois esta
concerne apenas às exceções e à contestação. Cuida-se, isto sim, de um contra-ataque do réu
em face do autor dentro do mesmo processo. Dito de outro modo, a reconvenção é uma ação que
o réu propõe, em face do autor, dentro do mesmo processo em que o primeiro é demandado.

“Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria,
conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.

§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar
resposta no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito
não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.

§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.

§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro.

§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face
do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de
substituto processual.

§ 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação.” - CPC

● RECONVINTE (RECLAMADO)
● RECONVINDO (RECLAMANTE)

19. COMPENSAÇÃO E RETENÇÃO


No processo do trabalho, a compensação e a retenção também são consideradas contestação
(defesa) indireta do mérito, uma vez que constituem fatos extintivos do direito alegado pelo autor.

Na compensação, que é forma indireta de extinção das obrigações, duas pessoas reúnem
reciprocamente as qualidades de credor e devedor. Assim, sempre que o reclamado entender que
é credor do reclamante poderá requerer ao juiz que a dívida do empregado possa ser
compensada com os eventuais créditos deste.

A compensação, todavia, restringe-se à dívida de natureza trabalhista, como adiantamentos


salariais, aviso prévio, danos causados pelo empregado oriundos da relação empregatícia. Não se
admite a compensação de dívida de natureza civil ou comercial.

A retenção, como o próprio nome está a dizer, consiste no direito que o reclamado tem de reter
alguma coisa do reclamante até que este quite sua dívida em relação àquele. A retenção, tal como
a compensação, deve ser requerida pelo reclamado na contestação (CLT, art. 767), sob pena de
preclusão
“Art. 767 - A compensação, ou retenção, só poderá ser argüida como matéria de defesa.” - CLT

20. RECONHECIMENTO DO PEDIDO


“Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;

II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;

III - homologar:

a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;” - CPC

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