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1. O PEDIDO;
2. CAUSA DE PEDIR;
A petição inicial requer a exposição da causa petendi (art. 552º CPC), e a formulação do
pedido, e a identidade entre objetos processuais pressupõe a identidade da causa de
pedir e do pedido (art. 581/3 e 4º CPC).
O PEDIDO
O PEDIDO é a forma de tutela jurisdicional que é requerida para uma situação jurídica. No
âmbito do processo declarativo, essa tutela pode visar:
A) A apreciação da existência ou inexistência de um direito ou de um facto;
B) A constituição, modificação ou extinção da situação jurídica;
1
Na medida em que a situação jurídica se refere a um quid material (como por
exemplo a quantia pretendida ou o objeto reivindicado) ele constitui o objeto
mediato do pedido.
CARACTERÍSTICAS
O pedido formulado pelo autor, deve referir-se à tutela de uma situação jurídica de
direito material. Por exemplo: o autor não pode requerer (apenas) o reconhecimento da
legitimidade processual do réu. Esta situação equivale à falta do pedido e origina a
ineptidão da petição inicial art. 186/2/a) CPC. Em contrapartida o réu pode formular um
pedido relativo a um efeito meramente processual: é o que sucede quando, por exemplo
o réu pede a absolvição do réu da instância com base na verificação de uma exceção
dilatória.
O pedido deve referir-se a um efeito jurídico, ou seja, a uma consequência extraída de
uma norma jurídica. Dado que o tribunal não está vinculado à qualificação jurídica
fornecida pela parte, esse órgão pode corrigir o pedido erradamente formulado por esta
parte. Assim por exemplo, se o autor, numa ação de impugnação pauliana, em vez de
pedir a ineficácia do ato em relação a essa parte, e tiver pedido a declaração de nulidade
ou anulação do ato jurídico impugnado, o tribunal deve corrigir esses erros na
qualificação e apreciar aquela ineficácia.
Quando formula o pedido a parte requer uma certa tutela jurisdicional para uma
situação jurídica, isto pressupõe a possibilidade de tutela jurisdicional, ou seja, exige
que a situação alegada pela parte tenha relevância jurídica e possa obter, em abstrato, uma
tutela jurisdicional. Por isso, não é admissível um pedido através do qual a parte pede o
cumprimento pelo réu de uma conduta pertencente, por exemplo à ordem moral ou à
ordem do trato social. Esta possibilidade abstrata de tutela jurisdicional justifica, se existir
despacho liminar, o indeferimento liminar da petição inicial pela manifesta
improcedência (ou melhor, insusceptibilidade de procedência) do pedido formulado).
Com exceção das situações em que é admissível a formulação de um pedido genérico
(art. 556º CPC), o pedido deve ser certo, quer dizer, deve referir-se a um objeto
individualizado e determinado. Assim por exemplo, a parte não pode pedir a revindicação
de uma parcela de terreno sem indicar a sua área ou sua demarcação e não pode requerer
apenas a abstenção de “todo e qualquer ato ofensivo de interesses1”, sem especificar a
categoria desses atos e interesses tuteláveis.
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Ac. RE – 13/12/1984
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IDENTIDADE
CAUSA DE PEDIR
2
Ac. STJ – 15/03/2001
3
A causa de pedir coincide necessariamente com um ou vários factos jurídicos – art.
581/4/1ªparte do CPC, isto é , com um facto juridicamente qualificado. Um facto é
sempre algo contruído a partir da realidade através de um certo critério: por meio
de um critério natural delimitam-se os factos naturais, através dos elementos da previsão
das normas jurídicas definem-se os factos jurídicos. Assim um mesmo facto natural pode
constituir factos jurídicos distintos (a morte de uma pessoa, por exemplo, é valorada como
um facto jurídico distinto quando constitui fundamento para uma obrigação de
indeminização do culpado e quando desencadeia o fenómeno sucessório do de cuiús). 3
Os factos que constituem a causa de pedir devem preencher uma determinada previsão
legal, isto é devem ser subsumíveis a uma norma jurídica, mas valem independentemente
desta qualificação, dado que ela não é vinculativa para o tribunal – art. 5/3º CPC. Desta
verificação resulta que não representa qualquer alteração da causa de pedir a atribuição
de uma diferente qualificação jurídica aos mesmos factos4 e não obsta ao funcionamento
das exceções de litispendência e de caso julgado a invocação num outro processo da
mesma causa de pedir com outra qualificação legal.
Os factos que integram a causa de pedir estão necessariamente referidos a um
determinado momento. Deste modo, causas de pedir constituídas por factos ocorridos
em momentos diferentes são causas de pedir distintas5.
Por exemplo se uma ação em que o autor pedia a execução específica de um contrato-
promessa , improcedeu por falta de interpelação da contraparte, nada obsta a que possa
ser proposta uma nova ação, entre as mesmas partes e com o mesmo pedido, fundada no
incumprimento de uma interpelação posterior à decisão daquela ação.
A Professora regente faz uma introdução à teoria geral do objeto através da análise da
sua complexidade, em primeiro lugar chama a atenção à última matéria dada no último
semestre: o caso julgado, temos de saber o objeto do processo, porque aquilo que é
decidido é imutável, sendo certo que temos de saber aquilo que se pediu.
Quanto à complexidade do objeto: o objeto vai-se modelando até à contestação, o ponto
de partida é a petição inicial, sendo que a partir desta etapa o objeto vai-se tornando mais
complexo. Para que o objeto seja possível, é preciso que haja a análise dos pressupostos
3
Pelo mesmo motivos vários factos naturais podem constituir um único facto jurídico , por exemplo: o
enriquecimento sem causa pressupõe factos naturais tão distintos como: o engano do merceeiro na
morada em que as garrafas de vinho deviam ser entregues e o consumo da bebida pelos moradores.
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Ac.RP de 31/03/1998
5
Ac. STJ 2/1/1965
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de admissibilidade deste objeto. O Estado tem de ADMINISTRAR JUSTIÇA, por essa razão
eu posso compreender a interposição de condições de admissibilidade.
Quanto mais complexo é o objeto, mais dificuldade é fixar a resolução e a decisão de
mérito. Quanto aos pressupostos de admissibilidade: a lei dispõe de pressupostos e para
a complexidade do objeto, quando chego às não determinações.
Quais são os casos em que havendo cumulação objetiva, tudo escapa aos pressupostos
de admissibilidade: são aqueles em que se verifica uma cumulação superveniente: em
que o réu ou provoca uma cumulação superveniente, ou perde o poder de decisão sobre
aqueles objetos. Veja-se a defesa por exceção: mas o réu na contestação vai ter o ónus de
deduzir a defesa por exceção, a mais importante é a defesa por exceção perentória, se o
réu se limitar aos objetos que ele pode configurar, ele estaria a violar o princípio do
contraditório.
Iremos em primeiro lugar explicar o que é então a CUMULAÇÃO: a cumulação de objetos
verifica-se, quando, num mesmo processo, são apresentados vários objetos processuais
referidos a distintos efeitos jurídicos. É a diferenciação entre estes efeitos que permite
distinguir as hipóteses de cumulação objetiva das situações de concurso de objetos
processuais, pois que, neste último, também são apresentados vários objetos num único
processo, mas todos eles respeitam a um mesmo efeito jurídico.
A cumulação objetiva por ser:
I. INICIAL – se ela se verifica desde o começo da instância. A cumulação inicial
é aquela que é apresentada pelo autor na petição inicial da ação.
II. SUCESSIVA – Se ela constitui durante a pendência da causa. A sucessiva
enquadra todas as hipóteses em que ao objeto inicial da causa se cumula , por
iniciativa do autor ou do réu. qualquer outro objeto.
As condições de admissibilidade são relativamente transversais: quando falamos de
vários objetos ao mesmo tempo: preenchidos ou verificados os pressupostos dos objetos,
iremos analisar: para cada tipo de cumulação: há pressupostos processuais específicos,
um exemplo quando o autor diz “eu quero que o contrato seja declarado nulo, ou que o
tribunal anule o contrato, e que haja condenação do réu a cumprir”, não pode haver
o desencadeamento da nulidade do contrato, e a condenação do réu a cumprir, o direito
substantivo não permite esta contradição. Isto são pedidos alternativos incompatíveis.
O DIREITO PROCESSUAL não pode admitir uma alternativa que o DIREITO MATERIAL não
reconhece. Mas consegue-se salvar na verdade esta situação de cumulação objetiva,
mesmo não havendo compatibilidade, através de um pressuposto processual específico,
o que existe aqui é uma relação de subsidiariedade. A nulidade é de conhecimento
oficioso – o tribunal tem de conhecer desta nulidade, em caso de cumulação subsidiária
própria, ”quando não” (seja possível a nulidade), então (cumprimento), só podemos
deduzir esta hipótese em regime de subsidiariedade, e pedidos de conhecimento oficioso.
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AULA TEÓRICA Nº2 | ANÁLISE DO ART. 554º CPC + 555º CPC.
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Em regra, a improcedência parcial do objeto principal não justifica a apreciação do objeto subsidiário.
Se numa ação de reivindicação, for reconhecida a propriedade do autor, mas não o dever de restituição
da coisa pelo réu art. 1311/2º CC, não há que apreciar o objeto subsidiário de reconhecimento do
usufruto.
6
tribunal e à compatibilidade entre as formas do processo adequadas para
os objetos cumulados.
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Quanto ao regime do art. 555º CPC, relativo à CUMULAÇÃO DE PEDIDOS, também é uma
manifestação do princípio do dispositivo, qual é a diferença então entre a cumulação de
pedidos, e os pedidos subsidiários? É que na cumulação de pedidos todos os efeitos são
provocados em simultâneo na ordem jurídica, na subsidiária apenas existe uma
procedência de um dos pedidos, ou seja só há manifestação de um efeito jurídico, e não
de vários efeitos em simultâneo. Vão apenas provocar-se neste caso os efeitos dos pedidos
que se considerarem procedentes (na subsidiária).
Pode acontecer que a CUMULAÇÃO SUBSIDIÁRIA não esteja nem no art. 554º nem no art.
555º do CPC, ou seja que seja um pedido subsidiário impróprio, a cumulação
subsidiária torna-se imprópria, no caso da procedência do primeiro pedido, e nesse caso
então o autor diz “eu quero o segundo”.
POR EXEMPLO: O autor diz “eu quero que o contrato seja anulado, e para além disso eu
quero que o réu seja obrigado a restituir-me tudo aquilo que em função desse contrato foi
transmitido para a sua esfera jurídica”, o segundo pedido só é possível se o primeiro
pedido for procedente, aqui tem mesmo de haver compatibilidade substantiva devido à
produção dos efeitos jurídicos.
Se houver uma cumulação inicial ou subsidiaria imprópria, há um requisito de
admissibilidade comum que é a compatibilidade substantiva/material entre os pedidos,
neste caso é o direito material que determina a admissibilidade.
Não confundir pedidos mal formulados à luz do direito material, com pedidos
incompatíveis, suponha que o autor erra na formulação do pedido, o problema é: erro
do preenchimento de certa norma.
Para sistematizar:
1. Quanto ao art. 555º/1/2ªparte do CPC face aos REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE
que dizem respeito à compatibilidade substantiva, neste caso (não é a questão
da compatibilidade processual).
2. Quais são as circunstâncias que impedem a coligação? O ART. 37º CPC face ao
obstáculo à coligação – no art. 36º CPC também está regulado a coligação, mas
neste caso só se aplica o art. 37º CPC, os requisitos de admissibilidade estão
apenas no art. 37º CPC.
AINDA QUANTO À COMPATIBILIDADE PROCESSUAL: o art. 37º CPC refere que “não é
admissível” , esta construção frásica, remete-nos para os pressupostos processuais , logo
para a consequência da falta dos mesmos remeto-nos para a absolvição do réu da
instância. Sim no art. 37º CPC a lei está a preocupar-se com pressupostos processuais. ~
Nesta matéria há pressupostos que não estão tipificados, isto é, são pressupostos, mas
são especiais porque dizem respeito à coligação. O nº1 diz respeito a problemas de
incompetência absoluta, ou seja há uma exceção dilatória aqui.
Temos então de verificar a competência internacional para cada um dos pedidos, se tiver
competência internacional pode julgar todos os pedidos, não há entraves face à
compatibilidade processual. Se o tribunal não tiver competência internacional para um
dos pedidos ou para parte dos pedidos, absolve o réu da instância face aos objetos que
não tem competência, mas julga aqueles pedidos que tem competência, isto porque temos
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de ter em conta o PRINCÍPIO DO APROVEITAMENTO MÁXIMO DOS ATOS PROCESSUAIS –
aqui também entra a justificação do princípio do dispositivo – aqui não havia preferência
nos pedidos, porque não eram pedidos subsidiários.
Também temos de atender à incompatibilidade das formas do processo - as
formas do processo, as tramitações têm de ser de similares. A lei usa a expressão
compatíveis, o nº 2 do art. 37º CPC, temos aqui uma exceção fundada NA JUSTIÇA
, NA EFICIÊNCIA E A RACIONALIDADE, ora aqui se o juiz puder adequar as formas
do processo, o juiz pode fazê-lo, desde que a apreciação conjunta das pretensões
seja indispensável para a justa composição do litígio.
Quanto ao art. 37/2º CPC contém como vimos uma exceção que não está nas exceções
dilatórias do art. 577º CPC.
A forma do processo é o caminho, é evidente que é DE CONHECIMENTO OFICIOSO, art.
578º CPC, porque sem a tramitação o juiz não conhece dos vários objetos processuais.
A falta de compatibilidade sobre formas do processo (têm de ser formas harmonizadas,
e não iguais, é uma questão de compatibilidade) é então uma exceção dilatória não
nominada:
I. Há absolvição do réu da instância, e é uma exceção de conhecimento oficioso.
II. Que valores elas servem? Valores públicos, do tribunal, esta é a justificação
para ser de conhecimento oficioso. – art. 578º CPC
III. E a parte pode de algum modo ser sanar? Art. 38º CPC O juiz não pode
determinar, são as partes que têm de escolher qual a forma, (princípio do
dispositivo), se as partes não escolherem a forma do processo, então o juiz
procede à absolvição do réu da instância, porque a exceção não foi sanada
pelas partes, porque falham as condições de admissibilidade do art. 37/1º CPC.
A tramitação tem de traçar um caminho para o conhecimento dos vários objetos, o juiz
vai gerindo o processo tomando as medidas mais eficientes, se o juiz conseguir arranjar
uma tramitação comum ele pode julgar tudo no mesmo processo.
É IMPORTANTE CONJUGAR OS SEGUINTES ARTIGOS DO CPC:
O art. \186/2/c) CPC + art. 555/1º CPC – a incompatibilidade substantiva
implica a nulidade de todo o processo.
O art. 186/2/c) não aparece no art. 577º CPC (portanto no elenco das exceções
dilatórias), mas temos de olhar para o art. 186/1º CPC, para fazermos a ponte
para o art. 557/1/b) CPC, que tem tipificada a nulidade de todo o processo.
Isto vale para a CUMULAÇÃO SUBSIDIÁRIA IMPRÓPRIA, E CUMULAÇÃO INICIAL
SIMPLES.
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OBJETOS PROCESSUAIS ANÓMALOS:
NOÇÃO:
O PEDIDO de prestação vincenda é aquele em que a parte formula o pedido de condenação
da contraparte numa prestação cujo o cumprimento ainda não é exigível, ou seja, é
aquele em que a parte requer uma condenação in futurum. As ações condenatórias in
futurum encontram-se genericamente previstas no art. 10/3/b) do CPC, mas a sua
admissibilidade está regulada no art. 557º CPC.
CONSEQUÊNCIAS:
Para efeitos de determinação do valor da causa, o valor do pedido de prestações vincendas
cumula-se com o valor do pedido referido às prestações vencidas.
Neste caso o credor perde o benefício do prazo? Havendo uma obrigação a prestações,
os prazos correm em benefício do devedor. Há uma antecipação da data do cumprimento,
é uma antecipação, é uma regra de antecipação por condenação.
ADMISSIBILIDADE:
A ação de condenação in futurum é admissível sempre que a falta de título executivo no
momento do vencimento da prestação possa causar grave prejuízo para o credor (art.
557/2/in fine CC). Tal pode decorrer, nomeadamente, de uma propalada contestação ou
oposição do devedor ao cumprimento da prestação no momento do seu vencimento. Um
exemplo desta situação encontra-se prevista na lei: trata-se da admissibilidade da ação
para condenação in futurum quando se pretenda obter um despejo de um prédio no
momento em que findar o arrendamento (art.557/2º CPC).
Por exemplo: se a obrigação ainda não está vencida, a mera invocação pelo autor do seu
direito de crédito não lhe permite intentar uma ação exigindo o cumprimento da prestação,
pelo que só através da análise do interesse processual se pode determinar se o credor
pode exigir a condenação in futurum do devedor no cumprimento (futuro) dessa
obrigação. TEREMOS DE AVERIGUAR O INTERESSE PROCESSUAL.
Analisando o art. 557/2 CPC: esta sentença só vai produzir efeitos quando o contrato de
arrendamento findar. O arrendamento é um contrato duradouro e há sobreposição de
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direitos, o direito quer antecipar os conflitos jurídicos, é um contrato que no termo gera
conflitos. Quando a regra do art. 557/2 CPC refere em “casos semelhantes” quais são os
índices de semelhança? O autor tem de justificar que a impossibilidade de obter
imediatamente a prestação, e que lhe vai causar graves prejuízos, se ele conseguir
demonstrar o interesse processual na demonstração da tutela ele pode condenar o réu às
custas, no regime geral.
Ora a ação de condenação in futurum também é admissível quando, no âmbito de uma
venda a prestações, a parte, conjuntamente com a condenação relativa às prestações já
vencidas mas não cumpridas, pretender obter a condenação do comprador nas prestações
vincendas – art. 557/1º CPC . Note-se que no art. 934º CC, a falta de pagamento de uma
só prestação que não exceda a oitava parte do preço só importa a perda de benefício do
prazo relativamente às demais prestações se existir convenção nesse sentido.
Não podemos é confundir a condenação do pedido “in futurum” ( o autor diz: a obrigação
não é exigível) das sentenças de condenação “in futurum” (aqui o autor não revela que a
obrigação não é exigível, e não justifica o seu interesse processual específico, mas no
decorrer do processo descobre-se que a prestação não é exigível). Existe aqui um regime
híbrido quando à falta de interesse processual, ele ganha a ação mas paga as custas com
o regime comum, e com a improcedência da ação, se o réu mostrar que não é
fundamentada.
O autor não diz quando instaura a ação que a obrigação não está vencida, não se preenche
o art. 557º CPC – ou seja aplica-se ao art. 535º CPC.
Condenação in futurum – interligar art. 535º CPC com o art. 610º CPC – o autor pede a
ação, o réu perde mas o autor paga as custas – nomeadamente ver o art. 610/3º CPC.
(muda a regra geral do art. 527º CPC).
Art 610/1º CPC – “desde que o réu a conteste”, ligação com o art. 535º CPC - a
contestação exige o reconhecimento do réu ao dever de prestar hoje, e se essa resistência
não resulta apenas da exigibilidade irá continuar a resistir ao dever de prestar. Se o réu
diz “a obrigação não existe”. Sendo natural que o réu conteste que antecipe já o
conhecimento da existência do direito de crédito, o réu continua a poder pagar, mas o
tribunal estabiliza já se o direito de crédito existe ou não existe.
As ações condenatórias in futurum são aquelas em que o autor pede a condenação do réu
no cumprimento de uma prestação ainda não vencida e , portanto, não exigível. É
reconhecido interesse processual para instaurar uma ação de condenação para o futuro
nas situações previstas no art. 557º CPC.
Assim o autor tem interesse processual quando a falta de título executivo na data de
vencimento da prestação puder causar grave prejuízo ao autor art. 557º CPC.
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Por exemplo: suponha-se que o comodatário propala que não vai entregar a coisa
comodatada no momento do vencimento da obrigação de restituição da coisa (art.
1135/al.h) do CC) o autor pode intentar uma ação pedindo que o réu seja condenado a
restituir a coisa nesse momento.
O devedor não perde o benefício do prazo – art. 610/1/ in fine CPC, o direito processual
não transforma o direito material.
Art. 610/2º CPC – o problema não é relativamente ao prazo, é relativamente à existência
da obrigação, aqui no nº2 o devedor assume que tem uma obrigação. Aqui não há interesse
processual e dá-se a inversão do pagamento das custas: é o autor que paga as custas, é a
única consequência da falta de interesse processual ( Prof. PCS + Prof. Castro Mendes),
ao contrário do que o Professor Miguel Teixeira de Sousa ( na ausência à absolvição da
instância), o art. 610º CPC revela que de facto a consequência da falta do interesse
processual é a inversão do pagamento das custas para o autor (art. 527º CPC).
A inexigibilidade da prestação deveria obstar à procedência da ação condenatória,
exceto quando tivesse sido requerida, dentro dos condicionalismos do art. 557º CPC, a
condenação in futurum. No entanto o art. 610º/1 e2 a)CPC, contém uma exceção a essa
improcedência , pois que a inexigibilidade da obrigação nunca obsta à condenação in
futurum do devedor, havendo apenas uma diferença quanto ao pagamento das custas e
dos honorários do advogado do réu: se o réu contestar a existência da obrigação e o
tribunal concluir que ela existe, mas não só é exigível numa data futura, o réu é condenado
in futurum – art- art.610/1º CPC e paga nos termas gerais as custas do processo art. 527º
CPC, se o réu não contestar a existência da obrigação é igualmente condenado a realizar
a prestação no momento do seu vencimento – art. 610/2/a) CPC, mas as custas do
processo e os honorários do seu advogado são da responsabilidade do autor. (art. 610/3º
CPC).
Pode perguntar-se se o interesse processual exigido pelo art. 557/2ºCPC também é
imposto à parte demandada, isto é, se o réu só pode invocar contra o autor, atrvés do
pedido reconvencional direitos ainda não exigíveis se estiverem preenchidas as condições
referidas naquele preceito.
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A propósito da responsabilidade civil, o lesado nem sempre consegue identificar todos
os danos que o facto ilícito provocará. Pergunta-se: o lesado sabe que tem hoje x danos,
o que deve fazer? Por quem corre o ónus do tempo?
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§ A COLIGAÇÃO
CONCRETIZAÇÃO:
A COLIGAÇÃO contém:
I. Uma cumulação de partes principais;
II. Uma cumulação objetiva; tem de ser repartida por cada uma das partes ativas
ou passivas, isto é, tem de haver uma distribuição de vários pedidos por cada
um dos autores e réus. Por exemplo um autor pede contra um dos réus a
anulação de uma doação e contra o outro demandado a restituição dos bens
doados, entretanto transmitidos por aquele a este último.
Consequentemente quando a ação comporta vários pedidos, mas essa cumulação não é
diferenciada, isto é, não se distribui por partes distintas, não há coligação, mas
litisconsórcio. Assim apesar de haver uma cumulação objetiva, existe um litisconsórcio
se os vários pedidos são formulados por todos os autores ou contra todos os réus.7
Por exemplo: se um autor pede contra dois réus a entrega de um automóvel e o pagamento
de uma indeminização, embora haja uma cumulação de pedidos art. 555º CPC, não se
conforma uma coligação, pois que os pedidos não são formulados discriminadamente
contra partes distintas.
Também existe um LITISCONSÓRCIO, e não uma coligação, quando os pedidos embora
formalmente discriminados por várias partes, apresentam um mesmo fundamento
substantivo e são essencialmente idênticos no seu conteúdo. Deste modo, por exemplo
uma ação respeitante ao pagamento de uma dívida conjunta proposta contra dois
devedores não se verifica uma coligação, porque embora a obrigação conjunta se possa
desdobrar em duas obrigações parcelares, os correspondentes pedidos são idênticos na
sua fundamentação e no seu conteúdo; semelhante identidade verifica-se entre os pedidos
do pagamento de uma certa quantia que são formulados contra sociedade e contra os seus
administradores, subsidariamente responsáveis na falta ou insuficiência do património
social.
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A distinção entre litisconsórcio e a coligação também tem sido tentada através da unidade ou
pluralidade de relações jurídicas: conforma-se um litisconsórcio se uma única relação jurídica respeita a
vários interessados, constitui-se uma coligação se são várias as relações jurídicas a vários interessados,
mas este critério é inaceitável desde logo porque ele colide com a admissibilidade da coligação, no
próprio plano do direito positivo, quando a causa de pedir (dos vários pedidos formulados) for a mesma
e a única, o que demosntra que à coligação pode subjacer uma única relação jurídica.
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O QUE DISTINGUE A CUMULAÇÃO E A COLIGAÇÃO:
A coligação envolve situações jurídicas mais complexas, As condições de
admissibilidade da coligação estão presentes no art. 36º CPC.
Porque a coligação pressupõe sempre para além de uma CUMULAÇÃO OBJETIVA, UMA
CUMULAÇÃO SUBJETIVA, quer isto dizer uma pluralidade de réus, uma pluralidade de
autores, pressupõe mais que um autor e um réu.
Para dizer que há mais um autor ou um réu, tem de haver uma formulação de pedidos
distintos para pessoas distintas.
Aquilo que distingue consequentemente os casos de coligação por exemplo dos
casos de litisconsórcio voluntário conveniente em que a obrigação é parciária, é
que na coligação eu tenho objetos distintivos configurados a réus distintos, o que
não acontece na obrigação parciária.
Outro exemplo: num centro comercial: tenho uma pluralidade de bens e serviços, eu
deles promove uma viagem de férias para um amigo e para mim. Temos um marido uma
mulher, no mesmo dia decidem ir compram um mega frigorífico mais uma aparelhagem
(mais uma série de contratos entre cônjuges). O centro comercial exige uma série de
pagamentos que não foram efetuados, no outro polo da relação jurídica existe uma série
de partes na ação (parte do autor), ou seja, na medida em dou maior complexidade à
instância, maior complexidade dou na formulação dos pedidos.
Quando existe uma pluralidade de réus: a coligação, é evidente como o caso é mais
complexo há mais requisitos de admissibilidade. Não há pedidos diferenciados quando
estamos perante cônjuges, porque são a mesma parte passiva, no caso de litisconsórcio
não há vários réus, quer dizer pode haver, mas valem apenas como uma parte.
Agora se temos obrigações contraídas por ambos os cônjuges: aplicados um
determinado tipo de regime: há cumulação porque são a mesma parte, é o direito
material que resolve por exemplo a responsabilização de dívidas por ambos os
cônjuges (art. 1691ºCC), agora se aplicarmos o art. 1696º CC ( bens que
respondem pelas dividas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges) –
aqui já há coligação, porque as partes são diferentes e os pedidos também:
cumulação objetiva ou subjetiva.
Situação diferente é se estamos perante uma coligação mista: 2 homens casados que
traem as mulheres, e as mulher colocam uma ação de divórcio com a mesma causa de
pedir? A causa de pedir é diferente.
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CLASSIFICAÇÕES:
A) QUANTO À PARTE:
Quanto à parte em que se verifica, a coligação pode ser:
1. Ativa: se a cumulação subjetiva existe entre vários autores;
2. Passiva: se essa cumulação se constitui entre vários réus.
3. Mista: se existe simultaneamente uma pluralidade de autores e de réus:
B) QUANTO À ORIGEM:
A coligação pode ser:
1. Voluntária: quando a coligação se pode verificar por iniciativa de um ou vários
autores, sem que a falta de qualquer autor ou réu implique uma situação de
ilegitimidade. Na coligação voluntária e naturalmente apenas nesta modalidade, o
tribunal declara sem efeito o processo se entender, oficiosamente ou a
requerimento de qualquer um dos réus, que é preferível que as causas sejam
instruídas, discutidas, e julgadas em processos separados – art. 37/4º CPC8~
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Exceção e a atípica e inominada ( ex vi art. 37/4º CPC – este é um pressuposto esquecido – isto não
pode impedir o juiz de proferir uma decisão em prazo razoável, pode haver inconveniente, temos um
pressuposto da inconveniência na instrução conjunta por retardamento da decisão da causa), o limite
do desejo está no art. 37/4ºCPC, sendo que o art. 535/1º CPC não dispõe uma conexão, o juiz pode em
sede cumulação simples citar o autor para escolher uma forma do processo – ratio art. 24º CRP.
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pluralidade de partes é necessária, mas é admissível uma confissão, desistência ou
transacção parcial.
C) QUANTO À CUMULAÇÃO OBJETIVA:
A coligação contém uma cumulação objetiva, porque, sempre que se configura uma
coligação, o processo comporta vários objetos.
Tal como as correspondentes cumulações objetivas, a coligação pode ser :
1. Simples: é aquela em que se pretende a condenação do réu (no caso de coligação
ativa) ou réus (no caso de coligação passiva) em vários pedidos distintos e se
deseja a satisfação de todos os pedidos cumulados.
2. Alternativa: verifica-se quando nomeadamente em relação a obrigações
alternativas art. 543º/1 CC) se pede a condenação de cada um dos réus a realizar, em
alternativa uma prestação.
D) QUANTO AO MOMENTO:
Atendendo ao momento em que se constitui, a coligação pode ser:
1. Inicial: se se verifica desde o início da ação;
2. Sucessiva: se se constitui durante a sua pendência;
Nota quanto à COLIGAÇÃO SUCESSIVA:
1. Modalidades:
A coligação sucessiva é a que se constitui durante a pendência da causa. Essa coligação
pode resultar de uma das modalidades da intervenção principal ou da apensação de ações.
2. Regime:
A coligação sucessiva pode constituir-se através da intervenção principal de um terceiro:
I. No caso da intervenção espontânea, permite-se a participação de um terceiro
que possa coligar-se com o autor da causa – art. 342º CPC.
II. No caso de intervenção provocada, a coligação sucessiva pode ser ativa ou
passiva – art. 347º CPC. – é através desta intervenção provocada que se pode
sanar a ilegitimidade do autor ou do réu que numa situação de coligação
necessária se encontra em juízo desacompanhado dos demais interessados –
art. 261º CPC
A) COMPATIBILIDADE SUBSTANTIVA:
17
(a Prof. PSC aplica analogicamente o art. 555º do CPC à coligação para a
compatibilidade substantiva).
18
Consequência de não verificação: no momento do despacho saneador, essa
inadequação formal, que é uma EXCEÇÃO DILATÓRIA INOMINADA, determina a
absolvição da instância relativamente ao pedido ou pedidos para os quais a
forma do processo empregue não é apropriada – art. 576/2ºCPC.
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1. É uma exceção dilatória a típica e nominada ( ex vi art.36º CPC – apenas
para a coligação – art. 577/f) CPC.
2. Atendendo ao art. 38º CPC: se o autor não escolher a forma não há absolvição
do réu da instância face a todos os pedidos.
3. Exceção e a atípica e inominada ( ex vi art. 37/4º CPC – este é um
pressuposto esquecido – isto não pode impedir o juiz de proferir uma decisão
em prazo razoável, pode haver inconveniente, temos um pressuposto da
inconveniência na instrução conjunta por retardamento da decisão da causa),
o limite do desejo está no art. 37/4ºCPC, sendo que o art. 535/1º CPC não
dispõe uma conexão, o juiz pode em sede cumulação simples citar o autor para
escolher uma forma do processo – ratio art. 24º CRP.
NA CUMULAÇÃO DE PEDIDOS:
Ainda quanto à extensão da competência: temos de ter em conta o art. 82/2º CPC + art.
82/3º CPC para as cumulações objetivas iniciais.
Quanto ao art. 82/2º CPC: se o autor ao cumular pedidos cuja apreciação sejam
territorialmente competentes diversos tribunais , pode escolher o autor qualquer deles
para a propositura da ação.
Quanto ao art. 82/3º CPC: Quando se cumulem pedidos entre os quais haja uma relação
de dependência ou subsidiariedade , deve a ação ser proposta no tribunal competente
para a apreciação do pedido principal.
§ A RECONVENÇÃO:
20
Por exemplo: o autor propôs uma ação, pedindo a entrega do imóvel comprado ao réu,
este pode formular, através da reconvenção, o pedido de pagamento do preço da venda.
É um dos institutos do objeto do processo, e é uma das formas de alterar
supervenientemente a configuração do objeto do processo.
II. JUSTIFICAÇÃO:
III. DELIMITAÇÃO:
B) É por isso que a invocação de uma exceção perentória não determina qualquer
alteração do valor da causa, mas a formulação de um pedido reconvencional ,
quando distinto do deduzido pelo autor, implica a sua soma ao valor inicial da
ação.
21
ter sido alegado atrvés da reconvenção. A dedução da exceção perentória é um
ónus, mas a formulação da reconvenção é uma faculdade.
22
IV. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS:
1. CONEXÃO OBJETIVA;
Fonte legal: comparação entre a pretensão do autor e do réu; - art. 266/2 CPC, as
consequências: exceção dilatória inominada- absolvição do autor do pedido
reconvencional e neste caso não é suscetível de sanação, não está previsto para
sanação como na coligação (art. 38º CPC). A absolvição do autor da instância
reconvencional: o réu pode instaurar uma ação autónoma com o objeto
reconvencional.
Exemplos:
I. O autor pede a condenação do réu na realização de uma prestação
contratual: se o réu invocar a nulidade do contrato, pode pedir através da
reconvenção, a restituição do que prestou – art. 289º CC.
II. Se o autor pedir a condenação do réu no pagamento de determinadas
prestações em dívida (num contrato de venda a prestações), o réu pode
23
excecionar o pagamentos das prestações requeridas e reconvencionar o
pedido de apreciação do pagamento da totalidade do preço,
III. Numa ação de ação de divisão de coisa comum, os réus podem pedir a
improcedência da ação e, em reconvenção, o reconhecimento da sua
propriedade sobre todo o imóvel – Ac. RC 9/01/2001.
Alínea a): quando o pedido do réu emerge do facto jurídico que serve de
fundamento à ação ou defesa.
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Explicando melhor a posição do PROFESSOR MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA:
Quanto à dedução da compensação através da reconvenção, há que diferenciar entre a
invocação de uma compensação já efetuada num momento anterior à propositura da ação
(compensação extrajudicial), e a realização, no próprio processo pendente, da
compensação entre os créditos (compensação judicial).
Na compensação extrajudicial o réu afirma que o crédito invocado pelo autor já se
encontra extinto por uma compensação efetuada extrajudicialmente: essa parte alega por
isso uma EXCEÇÃO PERENTÓRIA.
Na compensação judicial: o réu pretende provocar a compensação entre os créditos para
conseguir essa compensação judiciária, tem de se servir da reconvenção.
A Prof. PAULA COSTA E SILVA refere que a compensação seria uma exceção perentória
no montante do crédito que igualava o contra crédito: no puro encontro de contas,
sendo que na parte do contra crédito que excedia o crédito, esse excesso era uma
reconvenção – a compensação pura era tratada como EXCEÇÃO PERENTÓRIA EXTINTIVA.
A tese da Professora Paula Costa e Silva é a da compensação-exceção, esta esteira
doutrinária e jurisprudência entende que a reconvenção só deve ser utilizada para obter a
condenação do autor quanto ao excesso do crédito do réu relativamente ao crédito do
autor (neste sentido também VAZ SERRA E ANSELMO DE CASTRO). Quer dizer: se o contra-
crédito do réu for do mesmo montante ou quantitativamente inferior ao crédito do autor,
o réu deverá limitar-se a invocar a compensação como exceção perentória.
O Professor Miguel Teixeira de Sousa argumenta que esta tese é incompatível com a
admissibilidade da compensação de créditos ilíquidos – art. 847/3ºCC, dado que não é
possível aferir se um deles é quanto ao seu montante, maior ou menor que outro, o
Professor refere também que o tratamento da compensação como qualquer outra exceção
perentória implica que, não sendo alegada num processo pendente, funciona a preclusão
estabelecida no art. 573º/2 CPC, se o réu não alegar o contracrédito sobre o autor nessa
ação, fica impossibilitado de o fazer, pelo menos até ao montante em que os créditos são
compensáveis, numa ação autónoma.
O réu sempre que quiser invocar uma compensação: art. 266/2/c) CPC o articulado é
sempre tratado como reconvenção.
Veja-se uma caso em que o réu invoca a restituição das benfeitorias, trata-se como já
vimos de uma reconvenção. O autor invocou o alegado pelo réu , dizendo que “eu não
pago as benfeitorias: porque a casa está danificada: então tens de me indemnizar: ou seja
há uma compensação das indeminização pelas benfeitorias: a compensação tem de ser
qualificada como reconvenção na contestação. Sem ser na sede de réplica a compensação
civil pode ser qualificada como exceção perentória: não se pode amputar direitos das
partes. Em sede de réplica ou articulados supervenientes: tenho de conseguir qualificar a
reconvenção por compensação com outros instrumentos processuais.
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Alínea d): o mesmo acontece quanto à conexão objetiva, quando o pedido
reconvencional procura obter o mesmo efeito jurídico decorrente do
pedido formulado pelo autor.
Por exemplo: se o autor instaura uma ação de divórcio, o réu pode pedir, em reconvenção
o decretamento do divórcio a seu favor, se o autor propõe uma ação de reivindicação de
um imóvel ao réu, o réu considerando que é ele o proprietário, pode pedir a reivindicação
do mesmo imóvel | Ac. RL 27/5/1997.
2. COMPATIBILIDADE PROCESSUAL;
Fonte legal: art. 266/3 e 4º CPC + art. 93º CPC– tem as mesmas variantes da
coligação. Quanto á adequação das formas: as formas têm de ser iguais – o tribunal
tentará harmonizar as formas do processo, ou adequar.
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reconvencional não é admissível se a um dos objetos corresponder um
processo comum, e ao outro processo especial ou se para esses objetos
forem apropriados processos especiais distintos, salvo se o juiz puder
adaptar as respetivas tramitações (possibilidade de sanação).
3. COMPATIBILIDADE PROCEDIMENTAL;
Fonte legal: art. 583/1 CPC – por um lado e por outro lado os requisitos da
compatibilidade procedimental estão dispersos ao longo do CPC: a reconvenção
tem que obedecer a determinadas formalidades tal como a petição inicial
observara - art. 552º CPC.
Reconvenção observa um conjunto de formalidades procedimentais, desde logo a
reconvenção tem de estar autonomizada na contestação: um documento na contestação,
temos de ter um pedido e uma causa de pedir, e identificar o valor da ação.
A formulação da reconvenção nalguns processos especiais fica ainda dependente da sua
compatibilidade com a tramitação d processo, nomeadamente da possibilidade de respota
do autor ao pedido reconvencional do réu.
CONSEQUÊNCIAS: há formalidades que são suscetíveis de sanação, mas se faltar o pedido
da reconvenção, temos de fazer uma analogia à ineptidão da petição inicial – art. 186º
CPC.
4. NÃO EXCLUSÃO LEGAL; a reconvenção não será admissível a não ser em sede
de reconvenção, depois da contestação não é possível proceder à reconvenção.
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A parte da contestação em que po réu deduz o pedido reconvencional deve ser
equiparada a uma petição inicial , pelo que lhe é aplicável o regime previsto no
art. 552º CPC.
Primeiro: 266/2º CPC: elenca nas três alíneas quando é que é admissível ou não uma
reconvenção numa contestação na petição inicial: resulta os casos em que é admissível a
reconvenção há comparação da defesa do réu.
V . RECONVENÇÃO E AÇÃO:
Exemplo: Quando ao pagamento das custas: há que considerar, neste última caso,
o seguinte: se a reconvenção depende da procedência da ação, o autor é
responsável pelas custas relativas à reconvenção se esta não chega a ser apreciada
por a ação improceder, porque foi o autor que deu causa a esse pedido
reconvencional.
28
VI . RECONVENÇÃO E EXCEÇÃO:
A reconvenção pode consistir, em conjunto com a defesa por exceção perentória, uma
cumulação simples ou subsidiária. O pedido reconvencional constitui com defesa de
exceção perentória uma cumulação simples, se for possível a procedência de ambos.
29
COMO É QUE TERMINA O PROCESSO? Com uma decisão. Mas que tipo de decisão e como
se obtém o conteúdo da decisão? Há decisões que são mais definitivas do que outras,
umas são proferidas num contexto de urgência e outras que não são. A primeira grande
distinção: atendendo aos dados do meu sistema processual:
A) A URGÊNCIA – 1 modalidade de decisão: se é urgente a decisão o procedimento é
mais célere. Na urgência exige-se a celeridade. – Os termos da relação, que vão
contrapor a contextos de não urgência e porque o contexto de não urgência podemos
ter um procedemiento que não é caracterizado pela celeridade, mas a celeridade é um
termo de relação, e ste procedemiento há de ser aquele que serve de paradigma, o que
é que eu posso encurtar ? Temos de ter um processo padrão: esta dicottonimia vem
do processo conónico em que eu tenho uma coisa chamada: processus planarius e
que no fundo são os processo que permitem ao juiz uma comissão exauriente. (aqui
formam caso julgado, porque a decisões por refeência ao padrão que nós
conhecemos, então não formam caso julgado as decisões de urgência).
Divergência profunda com o Prof. MTS: porque é que aceitamos o efeito de
imutabilidade? Aceitamos porque: o processo que se percorreu foi o que achamos mais
adequado : criar juízos de certeza, acerca da realidade em cima da qual o juiz vai ter de
proferir uma decisão de direito: processo que permite ao juiz que permite conhecer a
realidade: sobre essa realidade ele consegue juízos de certeza, é porque o juiz consegue
atingir um juízo de certeza (afastar as dúvidas existentes). Nos casos de urgência o juiz
não pode atingir um mesmo grau de certeza, a urgência impede uma instrução plena. Aqui
a palavra é probabilidade e não certeza. – Na certeza – o juiz toma conhecimento de
alguma coisa, através de uma apreensão dinâmica. – Provavelmente a história foi assim,
esta história é a mais verosímel perante os factos, este juízo não se baseia em todos
elementos possíveis de reconstrução dos factos.
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§ NEGÓCIOS PROCESSUAIS
Quem propôs este distinção é um autor alemão que analisa o regime de vícios e da
interpretação e pergunta se se aplicam aos atos de postulação?. Esta distinção vem de um
autor Goldchmidt, Dez Procezess als Rechtslge. – O processo é uma cadeia ordenada
de atos, e existe sempre o conflito entre o réu e o autor – a processo é um estado
expetativa (aquilo que projeto para o conteúdo da decisão), qual é o a projeção ao
conteúdo provável da decisão?.
O Processo é comunicação – tem de haver persuasão do tribunal: o contraditório é a
hipótese que eu dou à parte a possibilidade de persuadir a outra parte.
Na postulação: quando apresento uma testemunha – estou a persuadir, a qualificação do
ato não passa no primeiro critério, é que o ato de apresentar a testemunha ou um
31
documento, não é um ato postulativo, porque não está a pedir, está a persuadir, mas entra
nos atos de postulação.
Ainda quanto aos atos constitutivos e postulativos (postula, postulatum – peço, rogo,
requeiro) postular é sinónimo de pedir – é importante o ato de postulação provoca o
exercício da função jurisdicional, aquilo que se pretende só é possível com a decisão, é o
juiz que nos atribui o direito. “Dá-me os factos que eu dou – te o direito” a parte pede, e
põe em marcha o poder jurisdicional, mas depende do conteúdo da decisão , o que
significa que a após a postulação segue-se o exercício da função jurisdicional, o juiz vai
decidir, há sempre decisão, nada disso acontece no ato constitutivo: onde se suprime o
exercício da função jurisdicional: determinando o juiz a absolver o ato de extinção da
ação, absorvendo esse ato da autonomia privada.
Ora o juiz Condena ou Absolve? – é isto que irá estar na sentença, tenho de arranjar uma
fundamentação para dizer que cada um destes conteúdos vai ser ditado pelo negócio
processual, os pactos de competência não têm este impacto.
§ NEGÓCIOS PROCESSUAIS: incidem sobre o pedido, aquilo que se pediu na postulação,
cruzamento entre o postulativo e o constitutivo, o juiz tem de retirar as consequências que
o direito atribui ao negócio revelado, se o autor desiste do pedido, o tribunal não tem
alternativa, absolve o réu do pedido, o efeito é AUTOMÁTICO (PREVALECE O PRINCÍPIO DO
DISPOSITIVO).
Exemplo:
A é do Sporting e odeia pessoas do Benfica. A propõe uma ação contra B que é
Benfiquista e diz:
1. B É DO BENFICA;
2. EU ODEIO PESSOAS DO BENFICA;
3. ESTAR NA PRESENÇA DE PESSOAS DO BENFICA, CAUSA-ME DANOS, PORTANTO, EU
QUERO UMA INDEMINIZAÇÃO DE B.
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Porque a confissão torna indiscutível um facto que era potencialmente
controvertido, porque a confissão é a declaração que uma parte faz na verdade
de um facto desfavorável , a confissão é um meio de prova assim sendo a
natureza dessa confissão como sendo negocial é muito discutível, a declaração
que está em causa é uma declaração de ciência, até na natureza eles não se
aproximam.
CONFESSAR O PEDIDO: Era B dizer que A tem direito à indeminização;
SERÁ QUE A CONFISSÃO DE TODOS OS FACTOS IMPLICA A CONFISSÃO DO PEDIDO?
Não!
Exemplo: continuando com o exemplo anterior: O B confessar todos os factos não
significa que B esteja a dizer que vai pagar uma indeminização a A. B pode confessar
todos os factos na esperança de que o tribunal tenha bom sensu e saiba aplicar a lei, saiba
que B não está a violar nenhum direito subjetivo, e portanto não há direito de
indeminização nos termos do art. 483º CC. O facto de se confessar todos os factos, não
significa que isso não conduza à condenação do réu no pedido.
Se a confissão do pedido equivale ao réu dizer “ o autor tem direito àquilo que está a
pedir” – a decisão do juiz será a condenação do réu no pedido.
Em sede de sistematização podemos dizer o seguinte:
§ A CONFISSÃO DO PEDIDO:
1. É um negócio unilateral pela qual o réu reconhece o fundamento do pedido
formulado pelo autor. Esta pode ser total ou parcial consoante o âmbito do
reconhecimento realizado pelo réu. – art. 283/1º CPC.
2. A confissão do pedido não pode ser submetida a qualquer condição. Mas quanto
à confissão de um pedido subsidiário: art. 554/1º CPC – deve entender-se que
normalmente ela só vale para o caso do pedido principal vir a improdecer.
§ DESISTÊNCIA DA INSTÂNCIA;
33
A desistência da instância apenas faz cessar o processo pendente – art. 285/2º CPC: isto
é extingue a instância sem nada definir quanto à situação jurídica tutelada. Importa
assim tutelar os interesses do réu quanto à expetativa de obtenção de uma decisão de
mérito favorável. É isso que justifica que a eficácia da desistência da instância fique
dependente de aceitação do réu – art. 286/1º CPC. Essa concordância deve ser
comunicada pelo réu ao tribunal. O réu pode ter interesse que a ação seja resolvida.
EXCEÇÃO: se o réu não contestou, se tivesse em revelia: pode sempre haver desistência
da instância mesmo sem consentimento, até à sentença podemos sempre dizer que o autor
pode desistir da instância sem consentimento do réu (quando este não contesta), porque
se o réu tivesse alguma coisa a dizer, tinha contestado.
É por isso que do lado do réu é sempre preciso consentimento da desistência da
instância.
ORA: Na desistência da instância, a desistência da instância também é um
negócio processual (extingue-se a instância sem decisão de mérito), o que
significa que não há condenação nem absolvição.
Essa diferença interessa, se aqui não há composição da ação, os autores podem
intentar o mesmo pedido numa outra ação, não impede a repetição do
julgamento da ação.
Na desistência do pedido não é assim, não pode haver repetição, o Prof. MTS entende
que na desistência do pedido assim como na confissão do pedido se atinge o DIREITO
MATERIAL: desistir do direito que invoca contra o réu, a PCS não sabemos se o direito
existe ou não existe para isso é que servia o Processo, até esse momento movimentamos
dentro do princípio da aparência, extraprocessual , a Prof. PCS refere que o que está
em causa nestes negócios é a supressão da faculdade da accionalidade da pretensão –
não se pode mais acionar esta pretensão – não pode confundir a procedência ou a
improcedência, não há juízo de concordância prática.
MTS – há um apoio na letra legal, mas a PCS diz que esta é a formulação mais correta.
I. Porque é que depois da sentença ter sido favorável ao réu, o autor desistir
da instancia é abuso?
1- Primeiro porque a contestação não é um dever, mas sim um ónus, e permitir isso
teria implicações práticas muito relevantes especialmente de cariz pecuniário.
34
pedido principal, o réu aceita a desistência está obviamente a renunciar ao pedido
reconvencional: se os dois pedidos forem completamente autónomos, diz o Prof. MTS
que não se pode ver na aceitação da desistência uma desistência do pedido
reconvencional.
A desistência da instância não cessa o direito do autor de voltar a propor a ação
atrvés da aplicação do art. 285/2º CPC – os efeitos retroagem até ao início.
§ DESISTÊNCIA DO PEDIDO:
§ TRANSAÇÃO; Não está prevista no CPC , mas no CC | art. 1248/1 – nos contratos em
especial, a transação: é um negócio processual que é celebrado com vista a por termo a
um litigio, que tem como característico o facto das partes se comporem através de
reciprocas vantagens: dizem ao juiz as partes: o réu fica a dever 799 ao autor, o autor
fica de entregar x ao réu, o juiz vai ter de condenar e absolver por referencia a
postulação originaria na ação.
As partes determinam um litígio mediante recíprocas concessões, as concessões podem
envolver extinção, modificação dos direitos no direito controvertido. Os negócios
processuais são atos constitutivos, o juiz fica vinculado ao conteúdo daquilo que foi
objeto sob revertido à sua apreciação.
Sede das matérias: negócios como confissão de pedido, desistência a ação, e transação e
que efeitos têm estes negócios no processo? O art. 283 e ss CPC – rege o principio da
autonomia privada , e tem os efeitos dos diferentes negócios, a regra mais relevante é a
que esta no art. 285 CPC, que distingue a desistência do pedido (porque se pronuncia
sobre o mérito impede a reiteração), a desistência da ação (impede a prossecução da
isntância – não versa sobre o mérito).
35
OUTRA REGRA:
Analisando o art. 291º CPC que está relacionado um dos problemas mais
interessantes dentro dos negócios processuais: a aplicação das causas de invalidade dos
negócios jurídicos as estes negócios processuais: tenho de atacar a própria decisão que
homologou.
O problema é que a este negócio processual segue uma decisão, se o negócio deixa de
existir, a decisão é afetada através dos negócios processuais: qual é o verdadeiro elemento
da caixa da pandora: não sabemos se as situações jurídicas sobre as quais recai o negócio
processual: se existem ou não estas situações: o tribunal não versa sobre a sua existência:
desistindo do pedido o autor: existia ou não as situações jurídicas: destruímos a decisão
e parece que que voltamos ao estado de dúvida e de incerteza: continuamos sem saber
se aquelas situações materiais efetivamente existiram ou não.
Intercalar: a parte não revela ao tribunal as negociações, mas a transação não são as
negociações mais sim o resultado final: temos de verificar se há legitimidade para a
transacção e verificar que aquele direito em concreto que é suscetível de negócio
processual: exemplo: não posso renunciar o direito a alimentos, instaurada uma ação de
alimentos: posso renunciar os alimentos jã passados, mas não pode renunciar ao direito
de prestação de alimentos, porque o direito a alimentos não é suscetível a negócio
processual.
A AUTO COMPOSIÇÃO SUPÕE SEMPRE: esta aferição analítica – neste sentido eu tenho de
perguntar se aquele direito admite a intervenção da autonomia privada, o direito ao
divórcio não admitia a confissão de pedido , porque não havia na altura divórcio por
mútuo consentimento. Era inegociável? Não, porque havia um regime jurídico do perdão:
a desistência do pedido era admissível: é importante porque infelizmente que só são
arbitráveis as situações jurídicas disponíveis: esta é uma conceção sintética, e não
analítica, temos de olhar para o caso concreto nestes termos. Pode divorciar-me pelo
tribunal arbitral? Não porque estamos perante direitos pessoais, e estes direito não podem
ser suscetíveis de litigância no tribunal arbitral, mas uma partilha já poderá ser litigado,
porque estamos perante direitos patrimoniais.
É preciso ter uma visão analítica: e não sintética. Temos de interpretar pretensão a
pretensão e não o direito ou regime jurídico na globalidade.
§ MEDIAÇÃO
Noção: permitir que as partes afastadas da intervenção de um tribunal, de um decisor,
sejam através da intervenção de um terceiro mediador, levadas a conseguirem compor-
se. Um exemplo: campo de ampliação penal – bens iminentemente pessoais: valor das
coimas aplicadas aos administradores dos bens e a inibição do exercício de administração:
se pensarem que a maioria dos criem pela pena que é aplicada permite a cumulação em
multa: há uma décalage imensa: o tipo de crime que vai a tribunal – a punibilidade e a
discrepância na aplicação das multas.
Por exemplo os crimes de autodeterminação sexual : compreendeu-se que a vítima
precisa para a sua recuperação : ela tem de ter domínio sobre o agente.
36
A aplicação da pena no processo criminal não consegue restaurar psicologicamente a
vítima: recupera de uma lesão de encontrar uma situação se ela achar que tem poderes
sobre o seu agressor: em concurso com o processo crime , tenha de haver um processo de
mediação. Além da vantagem do processo criminal em si: tem a possibilidade de restaurar
a estado da vítima.
Conflitos de vizinhança: o vizinho toca piano até às 21:30h: e o vizinho de baixo já não
suporta o ruído: a intervenção de terceiros é importante para haver mediação, e assim
forma-se uma autocomposição da resolução de litígios.
O Processo Civil criou uma figura intraprocessual: o juiz apercebendo-se que o conflito
está numa tabela de conflitos em que as pessoas se conseguem autocompor: consegue-se
abdicar do processo judicial para a mediação.
Havia uma alternativa antes da mediação: o juiz tenta aproximar as pessoas e conciliá-
las: não contamos ao juiz tudo aquilo que contamos a terceiro que nos pdoe ajudar a
decidi-la mas que pode ajudar que a decisão favorável: logo se elas se não conseguirem
conciliar o juiz vai ter de decidir: portanto o juiz vai tender afeiçoar o que ouviu na face
da conciliação, portanto o juiz pro vezes prefere remeter para a fase de mediação: o jiiz
não sabe o que acongteceu na face da mediação.
O CPC integra a mediação na na audiência prévia, mas aqui há um registo dos factos
pelos quais as partes não se conciliaram, neste sentido o juiz consegue assegurar melhor
o princpio da imparcialidade com a mediação.
Em princípio as valência necessárias escapam ás competências técnicas do juiz: os
conflitos familiares são absolutamente evidentes, a regulação da responsabilidade
parental: chegar ao conflito não é fácel: nem sempre é o jurista que o consegue, é o técnico
que melhor colocado está. Há uma visão mirabolista da mediação: os vários diplomas que
recaiem da isntitucionalizam deste meio: é muito barato. O processo de mediação na
Alemanha é mais caro, porque é mais eficiente, porque causa dos técnicos.
A estatísticas revelam que há muito baixas taxas de sucesso na mediação, estamos muito
baixas taxas porque os recursos são extremamente baixas: sistema suíço de justiça: a
Suiça apostou fortemente na mediação, antes de chegar a tribunal judicial têm de ser
subtidas a um processo de mediação, de entre os cplitos que não podem começar da
mediação, as taxas de sucesso são altíssimas: criou-se uma verdadeira justiça de paz. Nem
todos os tipos de conflitos conseguem recorrer ao processo de mediação. Há zonas em
que a mediação não funciona.
§ PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
ÂMBITO, MODALIDADES E FINALIDADES
37
INTRODUÇÃO | PROFESSORA PAULA COSTA E SILVA E JUIZ PAIS
DO AMARAL;
38
A PROFESSORA PAULA COSTA E SILVA: refere que é exatamente a urgência que justifica
a possibilidade do tribunal decretar outra tutela: por isso é que o PRINCIPIO DO
DISPOSITIVO não opera em pleno nestas situações.
A TUTELA CAUTELAR funda-se numa espécie de uma prova sumária: não se tem de
fazer uma prova exauriente: o que significa que o resultado desta providência é um
resultado sumário e mais o tribunal não tem de ter a certeza que o direito existe: a
parte tem de fazer prova de uma aparência boa do direito.
A concessão de uma providência cautelar depende da formulação de um juízo de
probabilidade acerca da verificação do direito invocado pelo requerente e da existência
de uma situação de perigo que exija uma tutela provisória e imediata.
Por conseguinte, o decretamento de uma providência cautelar não especificada,
enquanto medida destinada à tutela provisória de um direito e à sua efetivação prática,
mas que implica igualmente uma grave ingerência na esfera jurídica do requerido – só é
admissível quando se verifique o preenchimento dos seguintes requisitos processuais:
9
Ac TRL de 18/10/2006 e de 23/05/2007, segundo os quais apenas as lesões graves e irreparáveis ou de
difícil reparação merecem a tutela consentida pelo procedimento cautelar comum.
10
Quanto ao âmbito da prova indiciária, o Ac. do STJ de 04.10.2000 no qual se decidiu que a prova
indiciária reconduz-se à prova da existência provável e verosímil dos requisitos legais de que depende o
decretamento de uma providência cautelar.
39
pretende acautelar e controlar a efetiva instrumentalidade da providência em
relação à decisão a ser proferida na ação principal.
Sacrifica-se pois a “segurança jurídica em nome da celeridade indispensável à
efetivação da tutela do direito material a ser resguardado pela via jurisdicional” . 11
b) Periculum in mora;
11
Assim o julgador, com base nos factos sumariamente alegados, deve fazer um juízo de prognose,
“apoiado em simples critérios próprios do homo prudens , em presunções naturais ou da experiência,
quanto à probabilidade de o direito de que o requerente se arroga titular vir a ser tutelado na ação
principal de que a providência depende.
40
1. A demora;
2. Dano decorrente dessa demora;
Relativamente à demora: o procedimento cautelar visa “proteger o justo receio de
alguém se ver prejudicado por uma conduta de terceiro, inquietação que poderia ser
agravada de forma efetiva, com as delongas normas dum pleito judicial”.
Já relativamente ao dano, a providência cautelar só pode ser decretada desde que esse
seja grave e irreparável ou de difícil reparação, isto é, quando não seja viável a
reintegração do direito de forma específica, ou por equivalente no decurso de um juízo de
mérito.
Na verdade tratando-se de uma tutela csutelar decretada muitas vezes sem audiência da
parte contrária, não se poderia conceber que fosse qualquer lesão a justificqar a ingerência
na esfera jurídica do demandado, acaso lhe produzindo dano de que não pudesse ser
ressarcido em caso de injustificado recurso à providência cautelar.
Os requisitos da gravidade e da dificuldade da reparação são cumulativos.
Consequentemente, ficam afastadas da tutela cautelar as lesões que sejam facilmente
reparáveis ou que, apesar de serem irreparáveis ou de difícil reparação, não revistam uma
gravidade suficientemente forte que justifique o recurso à tutela cautelar.
c) Interesse processual;
A providência cautelar só pode ser concedida se o requerente não tiver ao seu alcance
qualquer meio processual menos gravoso que lhe permita proteger de igual forma o
direito que pretende acautelar.
Em sede cautelar o requerente da providência só terá interesse processual se
alegar e provar, pelo menos de forma indiciária, que é titular de um direito, que esse
direito do ou está na iminência de ser violado e de que existe a necessidade de se
proceder à sua reintegração, ainda que de forma provisória. Por via disso, o julgador
deve apreciar o interesse em agir do requerente da providência cautelar não só em
função do direito de que este se arroga titular, mas também através de uma análise
geral do ordenamento jurídico, de modo a apurar se existe uma outra medida
processual menos gravosa que permita uma tutela igualmente eficaz do direito
ameaçado. Trata-se consequentemente, de um importante mecanismo de proteção do
requerido contra o decretamento de eventuais providências cautelares injustificadas,
designadamente nos casos em que o requerente não tenha interesse em agir.
d) Proporcionalidade;
Funus boni iuris sumarium conditio” a urgência é mais uma vez comparativa com a
situação normal. Não pode esperar pela decisão final pericilum in mora
41
O art. 2/2º CPC: garantindo o direito de acesso aos tribunais, atribui ao titular de um
direito a possibilidade de propor a ação adequada a fazê-lo reconhecer em juízo e a
prevenir ou reparar a sua violação. Porém, a ação demora um período de tempo mais ou
menos longo, mesmo que todos os prazos sejam respeitados.
O caminho para a obtenção de uma decisão judicial definitiva, é por via de regra, longo
sinuoso e moroso. Com efeito pode suceder, que por motivos relacionados com a
excessiva litigância judicial ou com a própria complexidade da causa, o período de tempo
medeia entre a propositura da ação e o trânsito em julgado da sentença que ponha termo
definitivo ao litígio não se compadeça com a necessidade de acautelar a satisfação do
direito de autor.
Na verdade a demora constitui um defeito constitucional, um custo inevitável” do
processo judicial. Ora a segurança e a certeza da decisão judicial que pressupõem um
processo dominado pelos os princípios do dispositivo, do contraditório e do
inquisitório devem ser harmonizadas com a necessidade de se garantir a efetividade
dessa decisão, já que nada vale obter uma sentença materialmente justa, se esta não for
temporalmente exequível.
A harmonização destes dois valores, é no entanto uma “obra difícil, uma vez que o
objetivo deste processo é realizar tutela jurisdicional efetiva plena, certa e definitiva, e,
ao mesmo tempo, realizar tutela que seja efetiva. E a dificuldade apresentada resulta do
facto de a demora natural do processo institucionalizado ser, ela própria, apta para anular
todo o efeito útil da sentença, por mais certa e definitiva que a sentença seja, e por mais
contraditório que tenha sido o processo , prejudicando, por conseguinte quem dele se
serve.
Em suma: “o tempo é um fator de corrosão dos direitos”, pelo que se torna necessário
oferecer “meios de combate á força corrosiva do tempo- inimigo”, isto é, meios
adequados a prevenir a violação do direito ou a garantir a sua efetividade. Deste modo, a
ordem jurídica deve neutralizar o prejuízo irreparável ou de difícil reparação decorrente
da duração normal do processo, evitando que esse facto produza um dano ao autor que
pretende ver reconhecido o seu direito.
É exatamente neste contexto que as providências cautelares, enquanto medidas de
natureza sumária e urgente, visam antecipar ou garantir o efeito útil do reconhecimento
de um direito, ou como refere o art. 2/2º CPC ”acautelar o efeito útil da ação” –
neutralizando os prejuízos que possam advir para o interessado na tutela do seu direito
em consequência da demora normal e inevitável do processo, isto é, da “passagem
irreversível do tempo”.
As providências cautelares são um instrumento adequado a assegurar e garantir a
efetividade da tutela jurisdicional, constituindo, dessa forma a garantia da garantia
judiaria, representada pela ação definitiva.
De facto, as PROVIDÊNCIAS CAUTELARES ASSEGURAM A DEFESA PREVENTIVA DO
DIREITO, ou seja a “função declarativa preventiva não autónoma do processo civil,
pelo que constituem um “instrumento processual privilegiado para a proteção
eficaz de direitos subjetivos ou de outros interesses juridicamente relevantes”
42
No que é que se traduz:( a parte não pode esperar o tempo do decretamento de tutela
penal, não pode esperar na tutela antecipatória nem a conservatória) . Se a parte tem fazer
apenas prova da aparência do direito e esse a providência cautelar deve lhe ser decretada
a partir do momento m que é feita a prova sumaria e o juiz atinge o valor da probabilidade,
a prova o grau de prova que se exige ligada a probabilidade é a prova prima facie – de
primeira aparência .
Esse tempo de demora suscetível de acarretar consequências tais que a decisão que vier a
ser proferida já não tenha qualquer efeito útil.
Dito de outro modo: o reconhecimento da existência de um direito pode demorar tanto
tempo que a decisão, quando proferida acaba por perder o efeito prático, tornando-se
meramente platónica. Por isso a parte final do nº2 do art.2 prevê além das ações “os
procedimentos necessários para a acautelar o efeito útil da ação”.
São os procedimentos cautelares a que aludem os art. 362º ss CPC.
COM OS PROCEDIMENTOS CAUTELARES tem-se em vista a emanação duma providência
que, até última alteração do CPC, era sempre provisória ou interina, porque destinada a
durar somente enquanto não fosse proferida decisão definitiva na ação principal já
proposta ou a propor posteriormente.
Como se sabe, a demora do julgamento final e definitivo, na ação é dentro de limites
razoáveis, um facto normal impossível de remover. Mas essa demora pode em certas
circunstâncias criar um estado de perigo (periculum in mora) porque pode expor o
titular do direito a danos irreparáveis, pode na verdade suceder que até à altura da
emanação da decisão final se produzam ocorrências graves, suscetíveis de comprometer
a utilidade e a eficácia da sentença.
ADELINO DA PALMA CARLOS: define procedimento cautelar como:
1. Sendo o que se destina a evitar um prejuízo grave – periculum in mora: que
ameaça um direito subjetivo;
2. Prejuízo tão iminente que não pode esperar pela solução final de uma ação
declarativa ou executiva (ação principal) instaurada ou a instaurar em curto
prazo, e que exige a adoção de medidas urgentes depois de um breve exame e
instrução da causa summaria cognitio.
3. Durante o qual o juiz tem de convencer-se apena da probabilidade ou
verosimilhança da existência do direito fumus boni iuris, e do perigo invocados.
Atualmente, a alteração legislativa quebrou o tradicional princípio segundo o qual o
procedimento cautelar ´+e sempre dependência de uma causa principal proposta pelo
requerente;
Quando a convicção do juiz ultrapassa a mera probabilidade da existência de um direito
e se julga apto para decidir o litígio sem necessidade de uma segunda discussão, na ação
principal, pode dispensar o requerente desde que este o solicite, do ónus de propor a
ação principal;
A providência cautelar em certos casos, VISA GARANTIR UM DIREITO: é o
acontece quando o devedor está a dissipar os seus bens e por isso, se torna
43
necessário pôr fim, com brevidade, a essa situação para que o credor não veja
como inútil a sentença condenatória que lhe vier a ser favorável, por , por nessa
altura já se encontrar exaurido o património do devedor;
Quando se procura uma DECISÃO PROVISÓRIA RÁPIDA: antes da decisão
definitiva, por ser o único meio de evitar certo perigo. É o que se verifica com a
atribuição de alimentos provisórios , pois se o requerente tivesse de esperar
pela decisão dos alimentos definitivos , arriscar-se-ia a morrer de fome antes
de a ver proferida.
A decisão proferida na providência cautelar que, antes da última alteração legislativa,
era sempre tida como provisória pois devia durar somente até ser decidida a ação
principal, atualmente , em certos casos, pode ser considerada como a solução
definitiva, tornando desnecessária a instauração de uma ação principal: nos casos
em que é decretada a inversão do contencioso.
44
Conforme resulta do art. 362/1 CPC: podem ser requeridas as
seguintes providência consoante a sua finalidade:
45
POR OUTRAS PALAVRAS: a lei define várias providências cautelares específicas mas na
impossibilidade de prever todas as situações que possam desencadear, admite a
possibilidade de ser requerida uma providência cautelar diferente das previstas no CPC,
uma providência cautelar comum.
Como se compreende a providência cautelar comum só poderá ser requerida quando a
situação não for suscetível de ser acautelada por alguma das providências que se
encontram tipificadas na lei – art, 362/3º CPC.
Quer isto dizer só poderá lançar-se mão de providência cautelar comum se não houver
providência cautelar especificada (nominada) que seja adequada à situação concreta.
Nos termos do art. 362/1º CPC: a providência cautelar comum pode ser decretada se além
de existir a aparência do direito, haja fundado receio de que outrem cause lesão grave e
dificilmente reparável a esse direito (art. 368/1º CPC).
Impõe-se porém, ao juiz que se recuse a decretar a providência quando o prejuízo dela
resultante para o requerido exceda consideravelmente o dano que com ela o requerente
pretende evitar – art. 368/2º CPC.
Em suma para que possa ser decretada uma providência cautelar não especificada:
devem encontrar-se preenchidos os seguintes pressupostos:
a) PROBABILIDADE SÉRIA DA EXISTÊNCIA DO DIREITO;
b) FUNDADO RECEIO DA SUA LESÃO;
c) FALTA DE PROVIDÊNCIA CAUTELAR ESPECIFICADA QUE PREVINA O CASO
CONCRETO;
d) QUE O PREJUÍZO RESULTANTE DA PROVIDÊNCIA NÃO EXCEDA O VALOR DO DANO
QUE COM ELA SE PRETENDE EVITAR;
12
Prof. Miguel Teixeira de Sousa – Estudos sobre o Novo Processo Civil, pág. 232
46
A AMEAÇA DO PERICULUM IN MORA autoriza o tribunal a apreciar preliminarmente
e sumariamente uma relação jurídica substancial que há de ser objeto de exame
mais profundo e demorado.
13
Ac. STJ de 12/06/1997
47
certeza: mais uma vez o juízo de certeza: é em face das provas que temos no
processo.
Voltamos á pergunta inicial e essencial da Professora PCS: Quando há certeza
faz sentido após uma providência cautelar intentar uma nova decisão?
Há divergência doutrinária: o segundo processo,nestes casos, a nossa lei passou no
CPC no sistema central a permitir a dispensa da propositura da ação principal quando
o juiz alcance a certeza, quanto àquele direito que a parte tinha de fazer prova de
aparência: conseguiu chegar-se a um verdadeiro direito e não uma mera aparência:
o processo não tinha qualquer efeito útil: então relativamente à inversão do
contencioso: é evidente que no esquema normal quem tem de propôr a ação para
que a tutela não caduque é o requerente na tutela, nos casos em que o juiz atinge o
grau de certeza, é o requerido na providência que tem de intentar uma ação: é ele que
tem de contradizer a certeza a que o juiz chegou.
48
F) INVERSÃO DO CONTENCIOSO E CONSOLIDAÇÃO DA
DECISÃO:
49
Não se exige a prova completa, sobre a existência da situação jurídica que se pretende
acautelar. Essa exigência não seria compatível com a celeridade própria da providência
cautelar e além disso, constituiria uma repetição própria da providência cautelar, e além
disso constituiria uma repetição da prova que teria de ser exigida na ação principal.
Porém tudo muda de figura, se o requerente solicita a inversão do contencioso e o juiz do
procedimento cautelar adquire a convicção segura acerca da existência do direito que tem
de ser acautelado. Agora estamos perante um juízo mais profundo do que o da simples
prova sumária.
O juiz terá de formar a convicção segura do direito que a providência se destina a
acautelar e não apenas a convicção da procedência da providência. Esta sua convicção
deve ter a consistência suficiente para fundamentar a solução definitiva do litígio.
Só nestas circunstâncias, o legislador alcança o convencimento de que não sentido exigir
do requerente a repetição da prova no âmbito da ação principal. PODE POR ISSO,
DISPENSÁ-LO DO ÓNUS DE PROPOR A AÇÃO PRINCIPAL.
O PRIMEIRO REQUISITO só pode ter sido o resultado de o requerente não se ter limitado
a apresentar prova sumária do direito que se arroga e da ameaça que sobre este direito
impede. Quer dizer: o requerente foi certamente além daquele mínimo que é exigido pelo
art. 365/1º CPC, para uma decisão provisória.
Para poder requerer a inversão do contencioso, teve de se preocupar em fazer prova
suficiente para formar a convicção do juiz acerca do direito acautelado;
B) QUE A NATUREZA DA PROVIDÊNCIA DECRETADA SEJA ADEQUADA A REALIZAR A
COMPOSIÇÃO DEFINITIVA DO LITÍGIO;
NO QUE QUE CONCERNE AO SEGUNDO REQUISITO: é necessário ter em conta que nem
sempre a providência é de molde à composição definitiva do litígio.
A este respeito, dispõe o nº4 do art. 376º CPC que o regime de inversão do contencioso
é aplicável com as devidas adaptações, à restituição provisória da posse, á suspensão de
deliberações sociais, aos alimentos provisórios, ao embrago de obra nova, bem como à
demais providências previstas na lei avulsa cuja natureza permita realizar composição
definitiva do litígio.
Estarão portanto excluídas as providências cautelares de cariz manifestamente
conservatório como são o arresto e o arrolamento, e também as providências baseadas
numa decisão precária e limitada quanto ao universo dos danos ressarcíeis.
Enquadra-se neste último caso o arbitramento de reparação provisória.
50
C) Antes de tudo porém exige-se que a inversão do contencioso seja requerida
(DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA ENTRE MTS E PCS); - A PROF. PCS ACHA QUE
NUMA QUESTÃO DE POLÍTICA LEGISLATIVA – DEVIA SER OFICIOSA – NÃO É O QUE E
ESTÁ O CÓDIGO.
A dispensa de ónus de propor a ação principal não depende da iniciativa do juiz. Deve
ser solicitada pelo requerente atrvés de requerimento. É ele que tem de avaliar se lhe
interessa ou não requerer a consolidação da decisão cautelar, ou seja, a sua potencial
definitividade.
O requerimento tem de ser apresentado até ao encerramento da audiência final , o que
significa que o requerimento pode ser feito mesmo depois dos debates – art, 369/2º CPC.
É claro que neste caso, ao requerido deve ser dada a palavra para se pronunciar sobre o
assunto.
O REQUERIMENTO está sujeito ao contraditório: do requerido. No caso de procedimento
cautelar sem contraditório prévio, o requerido terá oportunidade de se opor ao pedido
servindo-se da oposição a seguir ao decretamento da providência cautelar, sendo a
matéria da inversão do contencioso, apreciada em conjunto com a referida oposição.
A inversão do contencioso, significa que o ónus de propor a ação principal se inverte
, passando para o requerido, se quiser impugnar a existência do direito acautelado. O
requerente somente foi dispensado do ónus de propor a ação principal.
Trata-se portanto de uma dispensa de ordem processual;
A decisão cautelar proferida consolida-se se o requerido não propuser a ação, ou
tendo-a proposto, se não for demonstrado que essa decisão não podia ter vocação de
definitividade.
Durante a discussão concomitante com a atividade preparatória da legislação que veio a
dar forma ao novo CPC, deparámos com duas posições diferentes no que concerne ao
ónus da prova na ação proposta em consequência da inversão do contencioso.
1. Defendiam uns que tendo sido determinada a inversão do contencioso isso
significa que o ónus da prova dos factos alegados continua a caber ao requerente
do procedimento cautelar que, agora na ação, tem a posição de réu.
Quer dizer o requerente só não tem de propor a ação , mas continua a caber-
lhe o ónus de prova dos factos em que assenta o direito que invoca. Por isso só
tirará proveito da inversão do contencioso, se o requerido não propuser a ação
principal;
51
2. OUTROS POREM TINHA UMA POSIÇÃO DIFERENTE: em seu entender nos termos
do art. 371/1º CPC o fim da ação é o de impugnar a existência do direito
acautelado, o que significa que cabe ao autor (requerido no procedimento
cautelar) o ónus de provar a ilegalidade ou inadequação da decisão que
decretou a providência e a considerou como sendo a composição do litígio
tendencialmente definitiva;
Certamente esta dualidade de pontos de vista não apssou despercebida ao legislador
final: e por isso tendo em vista tornar o preceito mais claro veio a acrescentar algo sobre
as regras do ónus da prova; que haja decretado a providência do ónus da prova, d
Agora no nº1 do art. 371º CPC: determina que , sem prejuízo das regras sobre a
distribuição do ónus da prova, logo que transite em julgado a decisão que haja decretado
a providência cautelar e invertido o contencioso é o requerido notificado, com a
advertência de que querendo, deve intentar a ação destinada a impugnar a existência do
direito acautelado nos 30 dias subsequentes à notificação, sob pena de a providência
decretada se consolidar como composição definitiva do litígio;
A inversão do contencioso não implica a inversão das regras de distribuição do ónus da
prova previstas no art. 342º do CC.
Sendo estas de natureza substantiva, não estão dependentes da posição que as partes
ocupam no processo. Perante uma ação de simples apreciação negativa, cabe ao réu
(requerente da providência cautelar) nos termos do art. 343/1º CC, a prova dos factos
constitutivos do direito que se arroga.
A providência decretada também se consolida como composição definitiva do litígio
quando, depois de proposta a ação, o processo estiver parado mais de 30 dias por
negligência do requerente ou o réu for absolvido da instância e o autor não propuser
nova ação em tempo de aproveitar os efeitos da propositura da anterior. – art. 371/2º
CPC.
O alcance e efeitos da absolvição da instância estão previstos no art. 279/1º CPC. O
nº2 deste preceito prevê o modo de manter os efeitos civis derivados da propositura da
ação em que o réu foi absolvido da instância por sentença transitada em julgado.
52
Se o direito acautelado estiver sujeito a caducidade, esta interrompe-se com o pedido de
inversão do contencioso, reiniciando-se a contagem do prazo a partir do trânsito em
julgado da decisão que negue o pedido art. 369/3. (por exemplo as ações possessórias –
art. 1282º CC).
Isto significa que mesmo depois do pedido de inversão do contencioso, o direito
continua a estar sujeito à caducidade.
A indispensável celeridade dos procedimentos cautelares conduz a que nunca haja lugar
á citação edital – art. 366/4º CPC. Segundo este preceito, o juiz deve dispensar a
prévia audiência do requerido, quando verificar que a citação pessoal deste não é
viável.
A MOROSIDADE DAS DILIGÊNCIAS NECESSÁRIAS à confirmação da ausência do
requerido em parte incerta iriam pôr em risco a pretendida urgência e o respeito
pelos prazos previstos no art. 363/2º CPC.
A mesma exigência de celeridade dá aos procedimentos cautelares o carácter de
urgentes, precedendo os respetivos atos qualquer outro serviço judicial não
urgente – art. 363º/1 CPC.
Como consequência desta URGÊNCIA, os respetivos prazos processuais não se
suspendem durante as férias judiciais – art. 138/1 in fine CPC.
Tendo em vista esta exigência de celeridade, os procedimentos cautelares devem ser
decididos em primeira instância, no prazo máximo de 2 meses ou se o requerido não
tiver sido citado, de 15 dias – art. 363/2º CPC.
O requerido não é citado, como já ficou dito, nos casos previstos nos art. 366/1º, 378 e
393/1 CPC.
I) CONTRADITÓRIO DO REQUERIDO:
O respeito pelo princípio do contraditório, está previsto no art. 3/1 in fine do CPC.
Aí de determina que o conflito de interesses que a ação pressupõe não pode ser
resolvido sem que o réu ou o requerido seja devidamente chamado a juízo para deduzir
oposição. Este princípio que é considerado a trave mestra de todo o sistema não pode
ser perdido de vista no desenvolvimento de qualquer atividade processual.
Segundo este princípio, cada um das partes, é chamada a deduzir as suas razões (de
facto de direito) a oferecer as suas provas, a controlar as provas do adversário e a
discretear sobre o valor e resultado de uma e outras.
Porém logo no nº2 do mesmo art. 3º CPC se prevê a possibilidade de em casos
excecionais previstos na lei se poderem tomar providências contra determinada pessoa
sem que ela seja previamente ouvida.
53
Em casos excecionais podem encontrar-se precisamente os procedimentos
cautelares: a summaria cognitio justifica que possam ser decretadas certas providências
cautelares sem prévia audição do requerido. Casos existem em que é mesmo proibida a
audição do requerido. É o que acontece na restituição provisória da posse, no caso de
esbulho violente, art. 378º e também art. 1279 CC e no caso do arresto art. 393º
CPC.
Noutros casos é permitido mas não é imposto, que a providência seja decretada sem
audiência do requerido: art. 366/1 CPC.
Nos termos do art. 366/1º CPC a audiência da parte contrária só será
dispensada se essa formalidade puser em risco sério o fim ou a eficácia da
providência requerida, o que pressupõe que o juiz terá de avaliar essa
probabilidade no caso concreto que lhe depara.
Em termos gerais, a dispensa da observância do princípio do contraditório tem,
portanto, carácter excecional pois só é admitida nos casos em que se possa colocar em
risco sério o fim ou eficácia da providência.
Devemos ter em conta porém que os caso excecionais a que alude o nº2 do art.3º
CPC, apenas permitem que a contraparte não seja previamente ouvida, o que é bem
diferente de não ser ouvida, na verdade quando a providência é decretada sem a prévia
audição do requerido , o princípio do contraditório não será definitivamente
postergado, visto que será observado em momento ulterior, dando então oportunidade
ao requerido de se defender, impugnando a decisão por meio de recurso ou deduzindo
oposição.
O Prof. MTS não aceita que uma decisão de providencia cautelar no âmbito da inversão
do contencioso , não admite que se forme caso julgado, a PCS analisa a decisão em si,
e admite que não obstante que possa haver impugnação da inversão do contencioso,
admite que ao atingir um grau de certeza , então poderá formal caso julgado material.
Quais os efeitos retroativos da decisão que impugnou a inversão do contencioso?
- Se tiver efeitos retroativos: então é o Prof. MTS que tem razão;
- Se não tiver efeitos retroativos: a Prof. PCS tem razão.
O código não resolve: Prof. Diogo tenderá a dar razão à Porf, PCS. Para não desproteger
o recorrente da providência cautelar.
54
Que grau de probabilidade o juiz atingiu naquele concreto processo? conversa entre
Cristo e Pilatos: problema da prova: aquilo que leva ao julgamento de cristo: JNRJ – o
governador pilatos não podia aceitar o REX, (não haviam reis em roma – mas só
imperadores), cristo morre, era preciso punir porque ele desafia o poder político: em
contraposição a ROMA. Quem és tu?
Qual é o grau de convicção do tribunal? O tribunal tem a certeza absoluta que as coisas
não podiam ter acontecido de maneira diferente? Não, mas a história é a história que vejo
possível sobre os factos que foram provados neste processo: não no mundo aberto, mas
no mundo do concreto de processo.
Professora Paula Costa e Silva: não formam o caso julgado material porque não compõe
o conflito, são meramente instrumentais, a composição lá dirá na ação principal. Exemplo
impreciso: o tribunal decretou o arresto dos bens do devedor: mas ele é mesmo devedor?
Neste caso ainda não analisámos a legitimidade e os pressupostos processuais, o conflito
vai ser resolvido depois: o tribunal atribui alimentos provisórios : efetivamente o direito
alimentos existe? Mas no procedimento cautelar ainda não sabemos, por isso é que
não se pode formar caso julgado material, o argumento não é um bom argumento:
Nunca há caso julgado sobre aquilo que não se decide, mas sobre aquilo que se decidiu,
qual é o efeito de decisão?
Que efeito tem aquela concreta decisão, as decisões cautelares, têm de ser maleáveis, o
juiz decide sempre sobre uma prova sumária, a possibilidade de alteração tem de estar
sempre em cima da mesa, são decisões que têm esta particularidade: é a instabilidade e
probabilidade, enquanto o caso julgado pressupõe a certeza e estabilidade, é
incompatível com as características naturais do procedimento cautelar a noção e o regime
do caso julgado material. (Regra Geral).
AGORA QUANTO AOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS: qual é a decisão que recai sobre
alimentos provisórios?– está mais próxima daquilo que vai ser a ação principal
relativamente a um caso de arresto.
Será mesmo necessária uma ação principal, quando essa ação vai apenas reiterar
a ação cautelar, quando a decisão cautelar recai sobre uma ação idêntica ? Qual a
reação do requerido? Portanto inverte – mos o contraditório – passa a ser o
requerido a inverter. Onde estava o requerente na providência passamos a ter o
réu na ação principal, o réu vai tentar destruir a decisão da ação cautelar.
55
O PROBLEMA DO ART. 376/4º CPC: O REGIME DA INVERSÃO DO CONTENCIOSO SÓ SE
APLICA ENTÃO ÀS MEDIDAS CAUTELARES PREVISTAS NO ART.?
Não é tecnicamente rigoroso: A prof. excluir a possibilidade de que uma decisão que
compõe um conflito face a uma ação cautelar que não é antecipatória: como é que
poderia haver uma antecipação da decisão sobre o direito de crédito por a providência
conservatória?
Esta é a posição da nossa lei e da maior parte da doutrina, a PCS – só em concreto é que
posso saber em que dados dispõe o tribunal face aqueles que será – não posso excluir
uma incompatibilidade substantiva quanto a posição creditícia e debitória face a uma ação
cautelar. NÃO HÁ UM INCOMPATIBILIDADE PELA NATUREZA DAS COISAS.
Não se restringia a inversão do contencioso às providências antecipatórias, era em
todas as providências cautelares, só o juiz em concreto é que perante a prova que é
produzida nos pode dizer, se está ou não em condições de proferir uma decisão sobre
o direito de crédito e sobre o arresto, o juiz acaba por ter os mesmo elementos na ação
cautelar – é uma incongruência fazer um corte na inversão do contencioso, o juiz pode
decidir de imediato – a Prof. Não concorda ninguém esta antecipar nada, o juiz esta a
decidir em que determinou determinada convicção para decidir um conflito.
Esta decisão de restringir o contraditório foi tímida, porque o regime do art. 16 do
processo experimental: contencioso administrativo, foi o CPC que andou a reboque do
contesiso administrativo.
Qual é a evolução peregrina do contencioso administrativo: a parte tem de requer que
haja inversão do contencioso, tem de estar proposta uma ação principal para que o juiz
possa inverter. Mas o processo é a apenas a soma das partes? Como é que isto fica em
termos de responsabilidade processual? A ação principal não é necessária e quem paga as
custas? É pouco razoável face ao princípio do dispositivo, não há razão para que a parte
que não queira a inversão do contencioso, a parte prejudicada. O requerido terá depois
forma de se opor.
É UMA análise casuística: não por motivações face à natureza das coisas. Há outros
valores em concurso com o princípio do dispositivo: PCS. Através do art. 369º CPC –
verificamos e depois vamos encontrar a ação principal no art. 371º CPC está também
no art. 370º CPC (meios de impugnação da decisão que inverteu o contencioso)
56
ii. Quando impugna a própria decisão proferida, o juiz quando a providencia
cautelar (decreta a tutela pedida e ao inverte o contensioso, portanto ela é
estável) – a parte não impugna a inversão do conteis oso sem impugnar a
decisão da providência cautelar.
Eu impugno dois atos distintos: atribui os alimentos e não tenho dúvida, tenho a certeza
que este direito existe, quando a parte impugna a inversão do contesioso: é não há
elementos no processo para o juiz chegue a um patamar de certeza, a parte está a impugnar
uma certeza.
O art. 371º CPC a parte requerida no procedimento cautelar em que houve inversão do
contesioso pode agora instaurar uma ação para destruir a providência cautelar, esta ação
vai demonstrar que afinal o direito acautelante não existia. Qual é a incongruência deste
regime segundo a Prof. PCS – a decisão prevista no art. 370 , é uma decisão proferida em
recurso, e ainda que assim não fosse a decisão proferida por um tribunal que não é
requerida ela forma caso julgado se não for requerida.
O art. 371º CPC, é uma peculiaridade: tem uma ação destinada a destruir uma decisão
instaurada perante um tribunal inferior, quando o tribunal superior disse que havia direito
acautelante. Temos um conflito hierárquico, ainda temos um conflito entre a formação
de estabilidade da decisão e a destruição desta estabilidade – devia-se ter suprimido o
art. 370º CPC, se a parte quer impugnar , impugna tudo. A própria técnica da providência
cautelar conhecia a via da dupla impugnação: cabendo à parte escolhar:
A consequência: se o tribunal atinge um modo de certeza: essa era a bela intenção, essa
foi consagrada de uma forma pobre – a lei dispõe que só pode ser decretada a inversão
quando a tutela permitir compor um litígio, se eu peço um arresto a tutela é
conservatória – a providência requerida não permite.
Prof. Paula Costa e Silva: problema mais grave: temos uma dificuldade explicativa:
andamos a ter de brincar com as palavras quando se quer introduzir os verdadeiros
problemas: ilude-se um problema técnico que se viola o caso julgado formado, manipula-
se esse problema escondendo-se pelas palavras.
§ A CONTESTAÇÃO
57
2. NARRAÇÃO;
3. CONCLUSÃO;
CONFORME DO ART. 572º CPC: na contestação deve o réu:
1. Individualizar a ação;
2. Expor as razões de facto e de direito por que se opõe à pretensão do autor;
3. Expor os FACTOS ESSENCIAIS em que se baseiam as exceções deduzidas;
especificando-as separadamente, sob pena de os respetivos factos não se
considerarem admitidos por acordo, por falta de impugnação.
4. Apresentar um rol de testemunhas – e requer outros meios de prova, tendo
havido reconvenção, caso o autor replique, o réu é admitido a alterar o
requerimento probatório inicialmente apresentado, no prazo de 20 dias a contar
da notificação da réplica.
QUER DIZER SE SE O RÉU ALÉM DE IMPUGNAR os factos articulados pelo autor, invocar
alguma exceção, deve destacar esta e nela expor factos essenciais que a fundamentam.
C) Segue-se então a CONCLUSÃO: deve conter a formulação do respeito pedido que
pode ser a absolvição da instância ou absolvição total do pedido.
58
Atendendo ao ART. 572/C) “QUANTO AO EXPOR OS FACTOS ESSÊNCIAS – ART. 5º CPC”
– podemos atender ao art. Ao art. 552/1/d) CPC e fazer um paralelo para o art. 186/1/a)
CPC, sendo que se a petição/contestação for inepta , é nulo todo o processo: art. 186/1 +
2º CPC e a consequência: absolvição da instância: art. 577/b) CPC.
B ) MODALIDADES DE CONTESTAÇÃO:
I. Defesa por impugnação:
Na contestação cabe tanto a defesa por impugnação como por exceção – art. 571º
CPC.
I. A defesa por impugnação: ou defesa direta: é aquela em que o réu nega
frontalmente os factos alegados pelo autor, ou sem negar a realidade dos
factos, contradiz o efeito jurídico, que o autor deles pretende tirar. Por
outras palavras: a réu ataca de frente, contradizendo-os os factos aduzidos
pelo autor, ou sem atacar esses factos contradiz a aplicação que o autor faz
do direito aos factos (defesa indireta).
Na petição inicial: o autor formula determinado pedido que constituirá o efeito
jurídico, dos factos de que articulou. O réu defende-se por impugnação negando a
exatidão dos factos narrados pelo autor, alegando pro conseguinte, que os factos se
passaram de modo diferente, e sendo assim, o autor não pode obter efeito jurídico que
teve em vista ao propor a ação.
II. DEFESA POR IMPUGNAÇÃO INDIRETA: O réu também pode, em vez de atacar
diretamente os factos, aceitá-los como estão descritos mas alegar que tais
factos não justificam o pedido formulado pelo autor, ou seja não conduzem
ao efeito jurídico que procura alcançar:
No primeiro caso, o réu apresenta uma versão dos factos diferente da do autor. No
segundo caso a posição do réu não difere da do autor quanto à versão dos factos, mas
difere quanto ao regime jurídico.
Por outras palavras: num caso de divergência entre o autor e o réu , situa-se no âmbito
dos factos, no outro caso, a divergência diz respeito ao tratamento jurídico: que o
autor pretende para os factos narrados.
É o que se extrai no nº2 do art. 571º CPC: conforme dispõe este preceito o réu defende-
se por impugnação quando contradiz os factos articulados na petição ou quando afirma
que esses factos não podem produzir efeito jurídico pretendido pelo autor.
Em suma: no domínio da defesa por impugnação a contestação pode apresentar-se como
impugnação dos factos ou como impugnação do efeito jurídico;
POR EXEMPLO: Se o proprietário de uma casa, alegando que a arrendou ao réu, pretende
que este lhe pague a importância correspondente à renda devida pelo tempo em que a
habitou, na contestação pode o réu defender-se negando ter habitado esse imóvel ou ,
reconhecendo que o habitou, alegar que o fez não por via de um contrato de
arrendamento, mas a título de comodato e por isso não deve o pagamento de qualquer
renda.
59
II . DEFESA POR EXCEÇÃO:
O réu defende-se por exceção quando alega factos que obstam à apreciação do mérito da
ação, ou que servindo de causa impeditiva, modificativa ou extintiva do direito
invocado pelo autor, determinam a improcedência total ou parcial do pedido. – art.
571/2/2ªparte CPC.
Este preceito legal utiliza a palavra exceção em sentido geral por forma a abranger tanto
as exceções dilatórias e as exceções perentórias.
Na defesa por exceção o réu não nega a realidade dos factos articulados pelo autor,
nem contradiz o efeito jurídico que procura extrair desses factos. O réu opõe-lhe contra
factos.
Este modo de defesa supõe a alegação de factos novos. O réu sai para fora do terreno
em que o autor se colocou e socorre-se de factos diferentes daqueles que servem de
fundamento à petição. E pode fazê-lo seguindo uma de duas vias:
i. O réu alega factos que obstam à apreciação do mérito da causa, invocando
por exemplo, a litispendência ou a falta de determinado pressuposto
processual como, por exemplo, a ilegitimidade ou a incompetência do
tribunal em razão da matéria; | Exceções dilatórias.
Num e noutro caso a defesa é indireta, porque o réu não ataca de frente a causa de
pedir, não procura destruí-la, o seu ataque é de flanco, serve-se de um facto novo ou
inutiliza a instância (exceção dilatória) ou inutiliza o pedido (exceção perentória).
As exceções que obstam a que o tribunal conheça o mérito da causa e que dão lugar à
absolvição da instância ou á remessa para o tribunal competente – são as chamadas
dilatórias: art. 576/2º CPC.
As exceções que consistem na alegação de factos impeditivos, modificativos ou
extintivos do direito invocado pelo autor tomam a designação de exceções perentórias.
Importam se forem provadas, a absolvição total ou parcial do pedido – art. 576/3º
CPC.
Como resulta do preceito: as exceções são classificadas em conformidade com o efeito
que podem produzir:
1. Absolvição da instância (ou remessa do processo para outro tribunal).
2. Absolvição (total ou parcial) do pedido;
EXCEÇÕES DILATÓRIAS:
A) Enumeração:
60
As exceções dilatórias como próprio nome parece indicar, obstam a que se entre na
apreciação da relação jurídica material, por faltar alguma coisa a essa pronúncia final,
elas não afetam o direito de ação – elas adiam, a decisão do litígio.
Em vez de extinguirem a ação, apenas retardam ou adiam o respetivo conhecimento
do mérito, embora afastem a possibilidade do conhecimento do mérito da causa naquele
momento, não afasta definitivamente. Quer dizer a absolvição não obsta a que se possa
propor outra ação sobre o mesmo objeto: art. 279/1 CPC.
61
Nos termos da alínea e) do mesmo art. 278º/1º CPC: o juiz deve ainda abster-se de
conhecer do pedido e absolver o réu da instância quando julgue procedente alguma
outra exceção dilatória – as que se encontram mencionadas no art. 577º CPC.
A absolvição da instância não obsta a que se proponha outra ação sobre o mesmo
objeto – art. 279/1 CPC.
Na verdade não se tendo chegado a conhecer o mérito da causa, nenhum
obstáculo existe a que o autor proponha uma nova ação contra o mesmo réu,
com o mesmo pedido e a mesma causa de pedir. Aliás se a ação vier a ser
proposta e o réu citado dentro do prazo de 30 dias, a contar do transito em
julgado.
Tratando-se de caso julgado, o que se pretende evitar com esta exceção é que o
tribunal seja colocado na situação de reproduzir uma decisão anterior. Quer dizer
que foi proferida decisão sobre o mérito da causa. Não é portanto possível dar ao
autor a oportunidade de instaurar uma outra ação com o mesmo objeto:
pretende-se deste modo preservar a imagem do tribunal, evitando que seja
colocado na situação contraditória. A instância deve ser julgada extinta, por
força do art. 277/a) CPC.
EXCEÇÕES PERENTÓRIAS:
A) Enunciado:
62
Neste sentido dispõe o art. 573/1º CPC: que toda a defesa deve ser deduzida na
contestação, excetuados os incidentes que a lei mande deduzir em separado.
Trata-se do princípio da concentração ou de preclusão. – os factos que não forem
alegados dentro do prazo para a apresentação da defesa já não o poderão ser. Fica
precludida a sua a sua invocação para além desse prazo: não poderá ser atendidos os
meios de defesa que o réu venha a legar posteriormente e se tais factos viessem a ser
considerados na fundamentação da decisão , isso constituiria um vício da sentença que
conduziria à sua nulidade por excesso de pronuncia – art. 615/1/alínea d) in fine
CPC.
Para não correr o risco de preclusão dos meios de defesa, o réu não poderá ,limitar – se
a invocar certa exceção dilatória mas terá ainda de alegar todos os outros meios de
defesa (direta ou indireta) ao seu alcance. Na verdade se a exceção viesse a ser
improcedente, teria deixado espacar a única oportunidade que lhe concede para
defender.
O réu não pode limitar-se a arguir, por exemplo, a incompetência do tribunal ou a falta
de um qualquer pressuposto , mas deve impugnar também os factos alegados pelo autor,
se for caso disso, para evitar o risco de preclusão desse modo de defesa. Esta defesa,
que se pode dizer eventual , costuma iniciar-se com a expressão “à cautela….” Que é
bem elucidativa quanto à preocupação demonstrada.
Na contestação – deve o réu individualizar a ação expor razões de facto e de direito
porque se opõe à pretensão do autor e expor os factos essenciais em que se baseiam as
exceções deduzidas especificando-as separadamente – art. 572º CPC.
Atrvés do princípio da concentração pretende-se obrigar o réu a agir de boa-fé: com esta
mesma finalidade se obriga o réu a fazer nítida separação entre a defesa por
impugnação e a defesa por exceção – para que a contraparte não seja apanhada
desprevenida.
ÓNUS DE IMPUGNAÇÃO:
Outro princípio da defesa que o réu deve observar na contestação é o que consiste no
ónus de impugnação dos factos articulados pelo autor: ao contestar deve o réu tomar
posição definida sobre os factos que constituem a causa de pedir invocada pelo autor –
art. 574/1º CPC.
Consideram-se admitidos por acordo os factos que não forem impugnados, salvo se
estiverem em oposição com defesa considerada no seu conjunto, se não for admissível a
confissão sobre eles ou se só puderem ser provados pro documento escrito: a admissão
dos factos instrumentais pode ser afastada por prova posterior – art. 574/2º CPC, ainda
os artigos art. 354/b) e art. 364/1º CC .
Ao elaborar a contestação o réu tem de tomar posição definida perante os factos que o
autor alega como causa de pedir , contradizendo os que não considera verdadeiros. Se
não o fizer os factos sobre não tomou posição, isto é, os factos que não impugnou são
63
considerados admitidos por acordo. Porém em relação aos factos instrumentais a
admissão por acordo é suscetível de ser afastada por prova posterior. Quer dizer a não
impugnação dos factos essências articulados pelo o autor equivale a uma confissão
tácita. Significa portanto, que tais factos não terão de ser objeto de prova, pois o réu já
os admitiu.
No que diz respeito aos factos instrumentais, se não forem impugnados também são
considerados admitidos por acordo, mas ainda poderão ser objeto de prova, o que quer
dizer que a sua admissão não se consolidou de modo definitivo.
A necessidade de impugnação estende-se aos factos essenciais alegados pela parte
contrária em qualquer outro articulado.
Segundo dispõe o art. 587/1º CPC a falta de apresentação da réplica ou a
falta de impugnação de novos factos alegados pelo réu tem o efeito previsto
no art. 574º CPC.
64
Não podem considerar-se admitidos por acordo mesmo que não impugnados, os factos
sore os quais não é admissível confissão. É o que se verifica com ao factos realtivos a
direitos indisponíveis – art. 354/b) CC.
Não podendo tais factos ser confessados pela parte, não faria sentido que a falta de
impugnação pudesse conduzir à sua admissão por acordo, doutro modo atrvés de não
impugnação as partes alcançariam um meio de disporem de direitos que a lei subtraiu à
vontade dos respetivos titulares. Estando em causa direitos indisponíveis os factos
alegados pelo autor terão sempre de ser objeto de prova.
3. Quando os factos só puderem ser provados pro documento escrito – também não
se consideram admitidos por acordo os factos que embora não impugnados , só
possam ser provados por documento escrito. Exigindo a lei que prova não
poderá ser feita por outro meio e portanto igualmente o não pode ser pela
admissão por acordo resultante de não impugnação do facto – art. 364/1 do CC –
Exemplo: a prova do casamento por exemplo: que só pode ser feita por meio de
certidão passada pelo registo civil: não pode ser substituída na ação de divórcio por
acordo das partes: quer dizer que se a autora alegar na petição inicial que é casada com
o réu e este nada disser a tal respeito na contestação, nem por isso se considera provado
o casamento entre ambos. A prova só poderá ser feita pro meio de documento escrito.
IMPUGNAÇÃO POR NEGAÇÃO:
Se o réu declarar que não sabe se determinado facto é real a declaração equivale a
confissão quando se trate de facto pessoal ou de que o réu deva ter conhecimento e
equivale a impugnação no caso contrário – art. 574/3º CPC.
Na verdade o réu pode não estar em condições de tomar posição definida perante todos
os factos articulados na petição inicial. É o acontece quando ignora determinados factos
em relação aos quais é suposto que não deva ter conhecimento. Neste caso, não poderá
nega-los, embora também os não admita. Basta alegar que não sabe se tais factos são ou
não verdadeiros (reais, como refere o preceito). Tudo é diferente se o réu não podia
desconhecer dos factos, neste caso à declaração de desconhecimento não é atribuído o
sentido de negação quando se trata de factos pessoais ou de que o réu deva ter
conhecimento.
O que o réu não pode ignorar um facto cuja prática lhe é imputada. O mesmo se passa
quanto a um facto pessoal: só pode nega-lo ou confessá-lo.
A declaração de que não sabe se o mesmo é verdadeiro não vale como impugnação.
Se o autor por exemplo alegar que a porta de sua casa foi destruída pelo réu à
machadada ou se alegar que o réu provocou um ferimento por lhe ter batido com um
pau, não vale como impugnação a afirmação do réu que desconhece se o facto é ou não
real. Esta afirmação não pode ser tida como impugnação. Tratando-se de um facto
pessoa o réu só pode tomar uma de deus posições: ou o confessa ou nega. Nunca poderá
alegar que desconhece se o facto é ou não verdadeiro.
Se o fizer esta posição vale como confissão de facto;
65
Se o réu alega que não sabe se determinado facto é ou não real essa atitude pode ser
entendida como confissão ou como negação do facto, equivale a confissão quando se
trata de um facto pessoal ou de que o réu deva ter conhecimento.
Significa que nas situações de negação : QUANDO SE TRATA DE UM FACTO QUE NEM É
PESSOAL NEM É DAQUELES QUE O RÉU NÃO PODIA IGNORAR.
O ónus de impugnação isto é, o dever de tomar posição definida perante os factos não é
aplicável aos incapazes , ausentes e incertos, quando representados pelo MP ou por
advogado oficioso. Também não lhe é aplicável o preceituado no número anterior – art.
574/4º CPC.
ANÁLISE DA PROF. PCS | JUIZ JORGE PAIS DO AMARAL E PROF. MIGUEL TEIXEIRA DE
SOUSA
NUM SENTIDO MAIS AMPLO: a revelia significa a omissão de um ato processual ou a falta
de comparência em juízo: art. 7/3º , art. 385/1º , 594/2º,.
Resulta de uma específica forma de o réu se comportar:
1. Uma vez que o réu nada faz na ação, não contesta, não constitui uma ação: mas
ele sabe que contra ele existe uma pendência da ação?
Se o réu, além de não deduzir qualquer oposição, não constituir mandatário nem intervier
de qualquer forma no processo, verificará o tribunal se a citação foi feita com as
formalidades legais e mandá-la-á repetir quando encontre irregularidade – art. 566º CPC.
CRÍTICA: as modalidades de citação não dão as garantias que davam nas garantias do
citando antigamente. – As evoluções são sempre no sentido de mais celeridade: maior
eficácia: isto quer dizer o quê? Processos julgados mais depressa? Porque é que que é que
66
isto é relevante? Tudo para a revelia: o autor não pode esperar, tem de ter a adjudicação
do direito, a citação tem de ser cada vez mais simples.
O alívio das garantias leva a UMA SIMPLIFICAÇÃO DA CITAÇÃO – este tipo de movimento
tem essas explicações por detrás, não há nada pior do que um processo fiscal: como é que
provamos que fomos citados? Ónus da prova não deveria ser para o réu, o juiz vai ter de
certificar QUE O RÉU RECEBEU E FOI BEM CITADO , mas há muitos réus que dizem
“não fui citado”, e foram – também em homenagem do interesse do autor o juiz terá de
certificar-se disto.
Resulta do art. 566º CPC a possibilidade ocorrerem dois tipos de situações quando se
verifica que o réu não apresentou contestação:
Aqui neste caso, dado que o réu não se manifestou por qualquer forma, torna-se
necessário averiguar se foi regulamente citado. A completa inércia do réu leva
o tribunal a ter dúvidas quanto ao seu conhecimento acerca da pendência da ação.
Por isso o tribunal deve verificar não só se a citação faltou, mas também se foram
observadas as formalidades legais.
Detetando qualquer irregularidade no ato da citação, o juiz ordenará que esse ato
seja repetido, se a citação tiver sido efetuada com observância das regras previstas
na lei, a falta de contestação provocará a revelia absoluta do réu.
O réu neste caso evidenciou, pelo seu comportamento no processo, que tomou
conhecimento de que foi proposta a ação contra si. Embora não tenha contestado
a ação, juntou procuração passada a advogado, junto documentos, escolheu
domicílio ou interveio por qualquer outra forma de processo.
A) CONFISSÃO TÁCITA DOS FACTOS: o Código diz-nos que é uma CONFISSÃO FICTA –
é um meio de prova, a confissão como meio de prova é aceitação de prova
favorável à contraparte e desfavorável para a outra – a questão na revelia: há uma
67
ausência de declaração, sendo que o que se discute é: aquilo é uma declaração de
ciência ou de vontade? A Prof. PCS refere que: forma-se prova ou consideram se
provados os factos por ausência de contestação por parte do réu.
Quando a revelia tem este efeito ELA DIZ-SE OPERANTE: quando tem como efeito a
confissão dos factos. A revelia, portanto, opera o efeito de serem tidos como confessados
pelo o réu os factos alargados pelo autor na petição inicial.
É chamada revelia operante. Significa isto que os factos constantes da petição inicial,
porque não controvertidos, isto é, porque não impugnados, são considerados admitidos
por acordo, e por esse motivo, já não necessitam de se provados.
Apesar de o réu não ter apresentado contestação, mesmo assim pode o juiz providenciar
pelo suprimento de qualquer irregularidade ou deficiência da petição inicial nos termos
do art. 590º/1 CPC.
Não tendo sido a ação sido contestada, não haverá necessidade de o juiz proferir despacho
destinado a identificar o objeto do litígio e a enunciar as questões essenciais de facto que
constituem o tema de prova, conforme resulta, a contrario sensu, do disposto no art.
596/1º CPC.
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Na fundamentação da sentença serão tomados em consideração os factos provados, que
são a totalidade dos factos com interesse para a decisão, que foram alegados pelo autor –
art. 607º/3º CPC, a esses factos será aplicado o direito.
Por outro lado pode acontecer que os factos alegados pelo autor apesar de se
considerarem provados, por efeito da revelia, sejam insuficientes para julgar
procedente a ação. Neste caso o réu será absolvido do pedido.
Neste caso a defesa apresentada por um dos réus aproveita aos que não contestaram. Isto
acontece tanto no caso de litisconsórcio necessário como no litisconsórcio voluntário.
Considerou o legislador que não faria sentido que na mesma ação, os mesmos factos
pudessem ser considerados como não provados em relação a um dos réus, porque os
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impugnou e como provados em relação aos restantes réus, que não ofereceram
contestação.
Além disso não deve retirar-se aos réus a possibilidade de delegar em um deles o
encargo de contestar no interesse de todos.
Porém a revelia é afastada em relação aos factos impugnados pelo contestante. Quanto
aos factos não impugnados por este aplicar-se- à o disposto no art. 574/1 e 2º CPC. Por
outras palavras , o réu revel apenas beneficiará dos efeitos da contestação do co – réu em
relação aos factos pro este impugnados, como se compreende.
b) QUANDO O RÉU OU ALGUM DOS RÉUS FOR INCAPAZ, SITUANDO-SE A CAUSA NO
ÂMBITO DA INCAPACIDADE, OU HOUVER SIDO CITADO EDITALMENTE E PERMANEÇA
NA SITUAÇÃO DE REVELIA ABSOLUTA.
A exceção aproveita também o réu que tenha sido citado editalmente, sempre que não
apresente contestação no prazo legal, não constitua advogado ou não tenha intervenção
no processo dentro do mesmo prazo, permanecendo, portanto, na situação de revelia
absoluta prevista no art. 566º CPC. – Quando a citação foi feita editalmente – art. 155/ e
6 – justifica-se a inoperância da revelia por se ficar na dúvida sobre se o réu tomou ou
não conhecimento da ação proposta contra si. Na maior parte dos caos o réu não chega a
ter conhecimento. Se porém, constituir advogado ou tiver qualquer intervenção no
processo dentro do prazo previsto para a contestação já não beneficiará da exceção,
porque se concluirá que tomou conhecimento da ação a tempo de contestar.
Ratio: pretende pois a lei evitar que as partes consigam indiretamente um efeito que não
poderiam obter pela via de negócio jurídico.
d) QUANDO SE TRATE DE FACTOS PARA CUJA PROVA SE EXIJA DOCUMENTOS ESCRITO.
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Exigindo a lei um documento escrito para prova de determinado facto, não pode a falta
de contestação ser considerada suficiente para que tal facto seja tido como provado – art.
364º CC.
POR EXEMPLO: se a lei exige a celebração de escritura pública para o contrato invocado
pelo autor na petição inicial, a falta de contestação não pode conduzir à prova de que se
realizou esse mesmo contrato. Por outras palavras: a falta de contestação não é suficiente
para que a alegação feita pelo autor, quanto à realização do contrato, seja tida como prova
que este se realizou por escritura pública.
§ REVELIA PARCIAL: Para que HAJA COLIGAÇÃO: se a causa de pedir for a mesma, o
juiz não pode relativamente ao mesmo facto – com alguns réus em revelia – aos que estão
revelia aproveita ação dos que estão em revelia.
É a coerência decisória que impõe esta decisão: há uma instabilidade nas regras das
compartes: ainda que inoperante a revelia tem efeitos no processo: não na composição
da ação mas na tramitação processual: porque a existência da revelia inoperante implica
que vai ter sido produzida prova, os factos estão sob necessidade de instrução, não
há aquela fase saneamento prévia, não existe audiência prévia.
Pouco importa a minha conduta porque estes factos nunca podem levar à consequência
que o autor pretende – esta é a conduta na composição da ação.
§ A PROVA
FUNÇÃO: a prova tem por função transformar atrvés de elementos racionais e controláveis
a incerteza, sobre um facto numa decisão sobre a veracidade ou falsidade. Como os factos
são alegados em juízo, a função da prova é a demonstração – ou melhor, a demonstração
convincente, de uma afirmação de facto. Dado que a verdade desta afirmação depende da
sua correspondente realidade ou seja da sua corroboração ou falsificação dos factos, a
prova de uma afirmação de facto pressupõe a formação da convicção do julgador sobre
a correspondência entre o afirmado e o acontecido.
Para a demonstração de verdade de um facto pode ser necessário utilizar certas regras
técnicas ou científicas. Se estas regras não forem de conhecimento comum e não
integrarem a experiência normal da vida, a parte e o tribunal podem socorrer-se da prova
pericial – art. 358º CC.
Esta prova destina-se a realizar a prova atrvés de pessoas com especiais conhecimentos
técnicos e científicos, que são os peritos.
Para efeitos de prova: considera-se qualquer facto jurídico isto é qualquer facto que
integra uma previsão legal. Neste sentido podem constituir objeto de prova, enquanto
factos jurídicos, não só os acontecimentos suscetíveis de serem determinados no tempo e
no espaço (que são os factos materiais), mas também os factos hipotéticos (como a
situação do lesado se não tivesse existido a lesão), e ainda estados anímicos (que
constituem estados psíquicos) relativos por exemplo à vontade (com a intenção do
agente), ao conhecimento (como situação de erro do declarante) e ao sentimento (com a
amizade ou a cólera).
O OBJETO DA PROVA: pode recair sobre factos positivos (que são aqueles que se referem
a uma ação ou a algo que aconteceu) ou negativos ( que são relativos a uma omissão ou
a algo que não sucedeu). A prova também pode incidir sobre um facto simples, (como
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por exemplo a velocidade do automóvel causador do acidente), mas frequentemente há a
necessidade de provar um facto complexo (como por exemplo a comunhão duradoura de
vida em condições análogas às dos cônjuges referida noa rt. 1871/1/c) CC).
DIREITO PROBATÓRIO:
Meios de prova:
1. TÍPICOS/ATÍPICOS: consoante se encontrem previstos na lei ou dela não sejam
conhecidos, São os seguintes os meios de prova típicos:
a) A CONFISSÃO: ART. 352º A 361º CC;
b) OS DOCUMENTOS: ART. 362 A 387º CC;
c) A PERITAGEM: ART. 388 A 389º CC;
d) INSPEÇÃO JUDICIAL: ART. 390º CC + 391º.
e) AS TESTEMUNHAS ART. 292 A 396º CC
f) E AINDA A APRESENTAÇÃO DE COISAS.
Os meios de prova atípicos: são aqueles que não estão previstos na lei o que podem ser
utilizados sem observância do procedimento probatório: os poderes inquisitórios do
tribunal permitem a utilização da prova atípica.
Nos termos do art. 345/2º CC as partes podem admitir um meio de prova diverso dos
legais quando o objeto do processo não for um direito indisponível e não haja violação
de razões de ordem pública;
Outros meios de prova forma-se no próprio processo pendente: pense-se por exemplo, na
prova testemunhal.
73
As provas que preexistem à sua utilização em processo chamam-se pré-constituídas,
aquelas que só se formam no decurso da ação denominam-se provas constituendas; art.
415/2º CPC.
Este procedimento regula a utilização dos meios prova admissíveis para a demonstração
da realidade dos factos. O regime do direito probatório formal consta da legislação
processual: art. 423º a 526º CPC.
MODALIDADES DE PROVA:
1. PROVA DIRETA;
A prova pode ser direta ou indireta. A prova direta é aquela em que é demonstrado o
próprio objeto da prova (facto x controvertido e deve ser provado, e a prova incide sobre
o facto x).
2. PROVA INDIRETA;
PRESUNÇÕES LEGAIS:
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facto presumido é apenas gnoseológica: o juiz é levado a inferir para a lei um facto
desconhecido de um outro que é conhecido.
É por isso que as presunções legais não são meios de prova, dado que não formam a
convicção sobre a realidade de um facto, mas antes meios de dispensa de prova
(do facto presumido).
O fundamento das presunções legais, encontra-se na normalidade das coisas, isto é «, no
que acontece normalmente. Torne-se como exemplo a presunção da titularidade do
correspondente direito real com base na posse de uma coisa é normalmente titilar de um
direito real sobre ela que se estabelece a presunção daquela titularidade.
Quando funciona uma presunção legal, a parte invoca um certo facto e prova um facto
diferente, que é um facto instrumental em relação àquele facto. Ou seja, a parte pode
invocar o facto presumido e provar o facto instrumental , porque deste se infere, por
presunção legal – art. 349º + 350º CC, aquele facto presumido.
Embora as presunções naturais não sejam, dado o seu casuísmo, legalmente catalogáveis,
a lei pode tipificar algumas presunções, que, por serem ilidíveis mediante contraprova (e
não atrvés da prova em contrário: art. 350/2ºCC) podem ser qualificadas como presunções
naturais: é o que se encontra no art. 1871/2ºCC, quanto às presunções de paternidade dado
que este preceito admite que uma contraprova qualificada (porque se exige que a dúvida
seja séria) é suficiente para ilidir a presunção a paternidade.
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A prova prima facie pressupõe uma dupla operação, antes do mais o tribunal
deve verificar a adequação causal entre o facto instrumental e o objeto da prova,
isto é deve certificar-se da aptidão daquele facto para a inferência do facto que
constituiu o thema probandum. Depois, caso admita essa adequação, deve
apreciar e avaliar, nos termos gerais, a prova realizada quanto ao facto
instrumental.
As presunções naturais não podem ser utilizadas nos casos em que não é admitida a
prova testemunhal: art. 351º CC. Com esta remissão – para os art. 393º e 395º CC
pretende excluir -se a utilização daquelas presunções para a prova de factos que só podem
ser provados documentalmente ou de factos contrários a outros que se encontram
plenamente provados pro documento ou por outro meio com força probatória plena. –
Como por exemplo a confissão judicial escrita ao abrigo do art. 358/1º CC.
GRAUS DE PROVA;
§ NOÇÃO:
A finalidade da prova é a formação da convicção do tribunal sobre a realidade de um
facto. Segundo o grau de convicção exigida pelo tribunal – isto é, segundo a exigência
respeitante á fundamentação desta convicção – pode distinguir-se a prova stricto sensu,
a mera justificação e o princípio de prova;
£ EQUIVALÊNCIA DO MEIO:
O grau de prova não depende dos meios de prova utilizados pelas partes, pois que
qualquer destes meios é suscetível de fundamentar qualquer convicção do tribunal. Assim
por exemplo a prova pericial é apta a formar no espírito do julgador uma convicção tão
firme como a prova documental;
Os meios de prova regem-se pelo princípio da equivalência ou substituição mútua.
§ MOMENTO DA RELEVÂNCIA:
O grau de prova estabelece a medida da convicção que é necessária para que o tribunal
possa julgar determinado facto como provado. Ele releva apenas depois da produção e da
apreciação da prova: só após o tribunal considerar que a parte cumpriu o ónus da prova
relativamente a certo facto é que importa verificar se essa prova é suficiente para que o
facto possa ser dado como provado.
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Prova stricto sensu
É a que se fundamenta na convicção da realidade do facto – exige uma convicção que não é
compatível com a admissão de que a realidade pode ser distinta daquela que se considera provada.
Fundamento
Esta prova não impede que o tribunal forme a sua convicção com base na probabilidade
estatística da realidade do facto. O que é relevante é que o grau de convicção permita excluir,
segundo o padrao que na vida prática é tomado como certeza, outra configuração da realidade que
foi considerada provada.
A prova de um facto com fundamento numa regra de probabilidade não implica que o tribunal
considera que esse facto é provável, mas que o facto é verdadeiro – emvez de uma afirmação do
tipo “o facto x é provável”, o que é decidido pelo tribunal é que o facto x está provado – o que é
equivalente a ser verdadeiro.
Portanto, a probabilidade fundamenta a apreciação da prova, mas não é transposta para o facto
dado como provado. Um fato considerado provado com base numa regra de probabilidade é um
facto verdadeiro e não um facto provavelmente verdeiro.
Ex: a realização de um teste de ADN permite estabelecer a filiação com alta probabilidade,
mas o tribunal declara que o autor é filho do réu ou da ré – e não que o é provavelmente.
São vários os preceitos que se referem a uma prova que, apesar de se basear numa
probabilidade, não admite dúvida do tribunal – ex: 217/1 CC + 1839/2
Mera justificação
Basta-se com a demonstração de que o facto é verosímil ou plausível, ou seja, só exige que o
tribunal forme a convicção da probabilidade do facto.
Enquanto a prova stricto sensu exige uma convicção sobre a realidade do facto, a mera
justificaçao requer apenas o convencimento da plausibilidade do facto – o que é plausível é
provável com uma certa margem de incerteza ou dúvida, pelo que a mera justificação exige do
tribunal, não uma convicção sobre a realidade do facto, mas sobre a sua probabilidade – a
probababilidade aqui é o próprio quid sobre o qual incide a convicção do tribunal.
Admissibilidade
A mera justificação só é suficiente nas situações previstas na lei – porque é um grau de prova
menos exigente.
É o que acontece, atendendo à celeridade exigida para o seu decretamento e ao seu caráter
provisório, nas providências cautelares que apenas exigem uma probabilidade séria de existência
do direito – 387/1 + 1884/2 CC. É também o que se encontra no reconhecimento pelo tribunal da
averiguação oficioso da viabilidade da açao de investigação da maternidade ou paternidade, no
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renascimento da presunção de apternidade através da prova de que no período legal da conceçao
existiram relações entre os cônjuges que tornam verosímil a paternidade do marido (1831/1 CC).
A mera justificação assenta numa certa probabilidade sobre a verificação de um acontecimento
e, por esse motivo, encontra-se frequenteente prevista quando é exigida ao tribunal uma certa
prognose sobre um acontecimento futuro – ex: providencias cautelares quanto à probabilidade
séria do reconhecimento do direito na respetiva açao
Princípio de prova
O começo da prova é o menor grau de prova – vale apenas como fator corroborante para a
prova de um facto.
Admissibilidade
O princípio da prova não é suficiente para estabelecer qualquer proa, mas pode coadjuvar, em
conjugação com outros elementos, a prova de um facto.
Ex: quando o regime de produção de prova no processo onde a prova foi realizada oferecer às
partes garantias inferiores às do processo onde se pretende invocar essa prova, os depoimentos e
perícias produzidos naquele primeiro processo só valem no segundo como princípio de prova –
421.º.
Ex2: a oposição à execução suspende o processo de execução quando o opoente tiver
impugnado a assinatura do documento particular que serve de título executivo e tiver apresentado
um documento que constitui princípio de prova da não genuidade dessa assinatura – 733.º.
Deve também valorar-se como princípio de prova a recusa da parte em prestar depoimento ou
esclarecimentos – 357/2 CC + 418.º. Esta conduta é livremente apreciada pelo tribunal, mas não
é suficiente para determinar, por si, qualquer resultado probatório.
Inadmissibilidade
Por vezes a lei exclui o próprio vaor de princípio de prova – 1603/1 CC estabelece que a prova
da maternidade ou paternidade realizada no processo preliminar de publicação não vale sequer
como começo de prova em açao de investigação de maternidade ou paternidade; os arts 1811 e
1868 dispoem que as declarações prestadas durante o processo de averiguação oficosa da
maternidade ou paternidade não constituem sequer princípio de prova em qualquer outra açao.
Quanto aos graus de prova, de facto dizem respeito aos graus de convencimento do juiz–
a lei faz depender possibilidade de o juiz decidir de forma legitima ou lícita que um certo
facto deve ser considerado provado,
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1. PROVA STRICTO SENSU – o juiz tem de ter a certeza (de um ponto de vista externo
o juiz tem de justificar a certeza, porque é que atingiu aquele grau de certeza,
fazendo uma valoração, isto não tem nada a haver com a verdade 14) quanto à
versão de facto para que possa comprovar o facto. Para adjudicar desta forma
processual: é necessário que atinja um grau de certeza.
A prova stricto sensu não impede que o tribunal forme a sua convicção com base na
probabilidade estatística da realidade do facto. O que é relevante é que o grau
de convicção permita excluir segundo o padrão que na vida prática é tomado
como certeza, outra configuração da realidade que foi considerada como provada.
São vários os preceitos legais que se referem a uma prova que apesar de se basear
numa probabilidade, não admite qualquer dúvida do tribunal: Assim por exemplo o
art. 217/1 CC define a declaração negocial tácita como aquela que deduz os factos
que a revelam com toda a probabilidade e o art. 1839/2º CC exige que o autor de uma
declaração de impugnação da paternidade prove que de acordo com as circunstâncias,
a paternidade do marido da mãe é manifestamente improvável.
A derrota da certeza probatória advém do caso julgado.
Ora enquanto a prova stricto sensu exige uma convicção sobre a realidade do facto, a
mera justificação requer somente o convencimento da verosimilhança ou
plausibilidade do facto. O que é verosímil ou plausível é provável com uma certa
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A verdade não permite classificações: formal ou material? Verdade: no processo – precisamos da
palavra. O grande vigarista chega a um aaldeia doente: os dois irmãos ficamna dúvida: hospitalizar o
doente ou expulsar o fraudolento? Os irmãos socorreram a um monge, ele vai fazer um interrotatório
ao vigarista, o vigarista é tão manipulador que consegue converte ro padre a oecador, ele foi
santificado: a jsutiça terrena divina ele foi considerado um santo, o que Deus lhe fez depois da morte,
nós não sabemos. Ou seja somos humanos: juiz humano: falível, poderá ser manipulado, poderá ser
enganado, é contigente. A certeza é tida através dos concretos meios de rpova, esta certeza é suscetível
de derrota.
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margem de incerteza ou de dúvida, pelo que a mera justificação exige ao tribunal, não
uma convicção sobre a realidade do facto, mas sobre a sua probabilidade.
Prof. MTS: enquanto a prova stricto sensu a probabilidade do facto é um meio para a
aformação da convicção do tribunal, na mera justificação essa probabilidade é o
próprio quid sobre o qual incide a convicção do tribunal.
A mera justificação porque é um grau de prova menos exigente que a prova stricto
sensu só é suficiente nos casos previstos na lei. É o que acontece à atendendo à
celeridade exigida para o seu decretamento provisório, nas providencias cautelares
, que exigem apenas uma probabilidade séria da existência de um direito - art. 387º
CC.
VEJAMOS NA PRÁTICA:
1. E se for parte na causa, a testemunha não comparece? Inicio da prova: a ausência
da parte pode ser prejudicada, é um início de prova relativamente à prova que a
beneficia. EU não posso partir da resistência da parte (falta de cooperação da
parte) e dizer: está provado que.. nas ações de investigação da paternidade: a
ciência não nos dá a certeza, a ciência dá-nos a probabilidade;
2. O réu recusa-se a fazer o teste do ADN? Posso declarar então que o réu é o pai da
criança? Não, poderá ser apenas um início de prova: nos casos de falta da
cooperação da parte poderá levar a uma coisa pior: inversão do ónus da prova:
a contraparte fica obrigada a destruir o facto que se deu como provado.
INVERSÃO DO ÓNUS DA PROVA dá-se ou poderá dar-se quando existe a violação da
cooperação judicial por uma das partes, normalmente o requerido, nestes casos temos de
interligar com a prova inicial: os tribunais entendem que recusa em cooperar com o
tribunal também depende do caso concreto: vejamos: a recusa é legítima (os tribunais
sempre entenderam assim), porque interfere com a liberdade e integridade física (abrir a
boca no caso do teste de ADN?). Temos de perguntar no caso concreto se a recusa é
legitima no sentido de ponderar qual o valor que prevalece no conflito: como é óbvio que
neste caso a reconhecimento da paternidade prevalece, porque a violação da integridade
física neste caso nem se põe.
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Adoções falsas: este mecanismo consiste numa facilidade numa inversão do ónus da
prova neste caso.
Não podemos confundir graus de prova - prova legal tabulada. regime de prpva livre
apreciação da rpova : prova legal e a contraprova: CC a regra é que que toda a prova é
libvremente apreciada pelo juiz: quer dizer que o juiz quando a prova está a ser produzida
é livre como decide se acredita ou não na prova, o juízo que o juiz faz sobre a sua própria
convicção é um juízo motivado racionalmente: como é que cereta trpova foi avaliada pela
credibilidade?
Há casos em que não é assim: há casos em que a lei tabela o valor de uma prova: o
juiz não pode antepor o seu covnenciomento processual ao meio de prova: se o facto em
concreto puder considerar-se provado a que a lei da força probatória pelna:o juiz não pode
dizer: mas eu não acho que é assim? (então tem de fazer prova em contrário – demonstrar
que certo documento é falso – perante uma prova plena:) prova do contrário -Destrui a
força probatória daquele meio – o juiz tem de receber a destruição do meio de rpova.
Contraprova:
não tem de fazer prova do contrário:força probatória bastante: não tenho de fazer prova
do contrário para destruir a prova tenho de criar dúvida na mente do juiz: isto basta com
a criação da dúvida: o juiz tem de fundamentar a decisão: o advogado que destrói a
testemunha: não atacamos o facto: mas atacamos a própria testemunha – e a sua
credibilidade, não foi fazer prova em contrário: mas criou dúvida no processo.
Graus de prova NÃO CONFUNDIR com força dos meios probatórios – disntiguem na
pelna com a destruição, na bastante com o lançamento da duvida no decicor:
Acertar os factos e quais são os factos relevantes neste processo? Depois adjudicamos o
direito: por isso é que os professores podem ir para o Supremo.
DIREITO À PROVA
I – ENQUADRAMENTO
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ordenar a prova pericial (477 e 487/2), determinar a inspeção judicial (490/1) e ordenar a
notificação de uma pessoa que não foi indicada como testemunha (526/1).
Limites
O direito à prova cede perante provas il´ciitas e provas proibidas: as ilícitas são as obtidas de
forma ilegal ou cuja produção constitui um ilícito; as provas proibidas são aquelas que, apesar de
não serem il´ciitas, não podem ser produzidas em processo.
Provas ilícitas
Serão provas ilícitas, pex, todas as aquelas que são conseguidas pelos métodos previstos no
32/8 CRP (aplicadas por analogia ao processo), como é o caso do depoimento de um detetive
particular cuja atividade desrespeitou a privacidade da pessoa observada e, em geral, todas as
situações em que a prova tenha sido obtida com desrespeito da intimidade e da dignidade da
pessoa humana.
São igualmente ilícitas as provas cuja produção em juízo constitui, ela própria, uma ilicitude
– ex: quebra do segredo profissional ou junção de diário íntimo
Em regra, estas provas não podem ser valoradas pelo tribunal. Contudo, o 32/8 CRP considera
que a prova só deve ser qualificada como nula quando a intromissão na vida privada, no domicilio,
na correspondência ou nas telecomunicações deva ser considerada abusiva. Assim, não é nula a
prova que resulta da junção de uma cassete que contém a gravação das declarações ameaçadoras
que uma das partes proferiu para que ficassem gravadas no serviço voice-mail da outra; também
não é prova ilícita a fotografia, obtida acidentalmente por um dos cônjuges, que mostra o outro
numa cena amorosa com terceiro.
Provas proibidas
Também implicam uma proibição de valoração.
Ex: a prova testemunhal não é admitida para provar um facto contrário àquele que se encontra
plenamente provado por doc (393/2 CC)
Ex2: as declarações proferidas no processo de averiguação oficiosa da maternidade ou
paternidade não podem ser utilizadas numa posterior açao de reconhecimento de maternidade ou
paternidade
Consequências
Dever de colaboração
Todas as pessoas, ainda que não sejam partes na causa, têm em matéria de prova o dever de
prestar a sua colaboração para a descoberta da verdade, respondendo ao que lhes for perguntado,
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submetendo-se às inspeções necessárias, facultando o que for requisitado e praticando os atos que
forem determinados (417/1).
Este dever de cooperação é expressão do dever de colaboração com a administração da justiça
(202/3 CRP + 9/1) e pode concretizar uma obrigação de informação (573 CC), de apresentação
de coisas e de documentos.
A violação deste dever conduz à aplicação de várias sanções, nomeadamente a condenação em
multa e o recurso aos meios coercitivos que sejam admissíveis (417/2/1ª pparte), como a
apreensão de documentos e a comparência da testemunha sob custódia.
No caso de o recusante ser uma das partes na causa, o valor da recusa é livremente apreciada
pelo tribunal, excepto se ela implicar a inversão do ónus da prova – 417/2/2ª parte + 344/2 CC).
O direito à prova cede perante interesses superiores – é por isso que é legítima a recusa de
colaboração se a obediência importar violação da integridade física ou moral das pessoas
(417/3/a), intromissão na vida privada ou familiar, no domicílio, na correspondência ou nas
telecomunicações (alínea b) ou violação do sigilo profissional ou de funcionários públicos ou do
segredo do Estado (alínea c).
Dever de motivação
O direito à prova implica um correlativo dever de omtivaçao da decisão de facto através de
argumentos legais e racionais – este dever enquadra-se no dever geral de fundamentação das
decisões judiciais (205/1 CRP + 154.º) e constitui um elemento essencial para o controlo da
correção da decisão pelo próprio tribunal, pelas partes e pelo eventual tribunal de recurso.
Nesta motivação, o tribunal deve especificar os fundamentos que conduziram à formação da
sua convicção sobre a veracidade ou não veracidade de certo facto. Pex, é necessário que o
tribunal indique os fatores que corroboram a credibilidade atribuída a uma testemunha, sendo
certo que para tal fundamentação nunca pode bastar uma remissão genérica para a prova
produzida pelas partes ou investigada pelo tribunal.
II – CONTRATOS PROBATÓRIOS
Os contratos probatórios são os negócios processuais pelos quais as partes regulam os factos
carecidos de provaou a repartição do ónus da prova de um determinado facto ou indicam os
meios de prova admissíveis para a prova de um certo facto – podem então ser contratos sobre o
objeto da prova, o ónus ou os meios.
Conteúdo
Objeto da prova
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Os contratos sobre o objeto da prova definem quais os factos sobre os quais deve recair a
produção de prova das partes. Normalmente, as partes indicam em simultâneos os factos que
admitem por acordo e aqueles que consideram controvertidos, restringindo naturalmente o objeto
da prova a estes últimos.
Tais contratos probatórios são possíveis no âmbito do chamado processo civil simplificado –
2/1 DL 211/91
Ónus da prova
Estes estão previstos no 345/1 CC, invertendo a repartição legal do ónus e atribuem o risco da
falta ou insuficiência da prova à parte que não é legalmente onerada.
Ex: as partes acordam que, no caso de mau funcionamento da coisa vendida, cabe ao vendedor
a prova da inexistência de qualquer defeito.
Meios de prova
Os contratos sobre os meios de prova podem admitir um meio de prova diferente daqueles que
estão legalmente previstos para a prova do facto ou excluir um meio de prova legalmente
admissível para essa prova (345/2 CC). As partes podem convencionar, pex, que determinado
facto, apesar de para ele ser admissível a prova testemunhal, só pode ser provado
documentalmente.
As partes podem convencionar que a comprovação da autoria e integridade de um documento
eletrónico pode ser realizada através de uma assinatura digital que não satisfaz os requisitos legais
(3/4 DL 290-D/99).
Requisitos
Requisito comum
Os contratos probatórios apresentam certos requisitos que são comuns a todos eles e outros
requisitos que são específicos de alguns deles.
É requisito comum a todos os contratos probatórios a circunstância de só poderem recair sobre
situações jurídicas disponíveis (345/1 e 2 1ª parte).
Requisitos específicos
Os contratos sobre o ónus da prova e os meios de prova não podem agravar sensivelmente a
posição probatória das partes (345/1 e 2/1ª parte CC) - ou seja, à parte onerada não pode ser
ecessivamente dificultada a prova do facto, porque isso pode traduzir-se na própria dificuldade
de exercer o correspondente direito.
Além disso, os contratos sobre os meios de prova não podem contrariar disposições legais de
ordem pública (345/2 CC). São de ordem pública e, por isso, inderrogáveis, todos os poderes
probatórios do tribunal (436/1 + 477 + 489/2), a forma ad substantiam (220 + 364/1 e 393/1 CC),
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a indamissiblidade de prova testemunhal em substituição de doc ad substantiam ou ad
probationem (393/! CC) e ainda as inabilidades para depor como testemunha – 495 e 496.
Pelo mesmo motivo, estão excluídos os acordos pelos quais as partes definem o valor
probatório de um meio de prova – 358+371 + 376 + 377 + 389 + 391 + 396 CC.
Os contratos sobre o objeto da prova não podem dispensar o documento escrito legalmente
exigido para a prova do facto.
Eficácia
Os contratos probatórios, quando válidos, são cinvulativos tanto para as partes que os
celebramcomo para o tribunal em causa.
Este deve respeitar o objeto de prova definido pelas partes, os meios de prova por elas
convencionados e observar, numa situação de non liquet, a repartição convencional do ónus da
prova.
ÓNUS DA PROVA
I – MODALIDADES
O ónus da prova preenche uma função distinta consoante seja entendido em sentido objetivo ou
subjetivo. Em sentido objetivo respeita às consequências da não realização da prova, isto é, da
falta de convicção do tribunal sobre a realidade de um facto. Esta é a situação de non liquet.
A dúvida insanável sobre um facto pode verificar-se tanto em processos nos quais vigora o
princípio da disponibilidade das partes sobre o objeto do processo – como sucede no direito pt
(5/3) – como em processos submetidos à inquisitoriedade do tribunal. Mesmo que seja concedido
ao tribunal o poder de investigar os factos relevantes para a decisão da causa, podem surgir
dúvidas irredutíveis sobre a realidade desses factos, que devem ser superadas através das regras
do ónus da prova objetivo.
Esta importância decorre da circunstância da situação de dúvida insanável sobre a realidade dos
factos não isentar o tribunal do dever do proferimento de uma decisão (8/1 CC). Assim, atendendo
a este dever de adminstraçao de justiça mesmo no caso de non liquet, há que determinar o
conteúdo da decisão sobre o facto – essa é a função das regras relativas ao ónus da prova objetivo.
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Estas regras não permitem solucionar as situações de non liquet, ou seja, não resolvem a dúvida
do tribunal, mas definem qual a decisão que o tribunal deve tomar apesar da dúvida sobre a
realidade do facto. Por isso, são regras de decisão: perante a dúvida irredutível sobre a realidade
do facto que é pressuposto da aplicação de uma norma jurídica, o tribunal decide como se
estivesse provado o facto contrário.
Ex: autor afirma que entregou ao réu certa quantia monetária; se o tribunal não adquirir a
convicção da veracidade desta afirmação, decide como se estivesse provado que o autor não
entregou qualquer quantia ao réu.
Isto implica uma ficção jurídica – perante a falta de prova do facto, o tribunal ficciona que se
encontra provado o facto contrário e toma-o como fundamento da sua decisão – em vez de deixar
em aberto a aplicação de uma norma pela impossibilidade de saber se os factos que integram a
sua previsão se verificaram realmente, o tribunal recusa a aplicação da norma com o fundamento
ficcionado e que esses factos não se verificaram.
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factos como provados – o 413 diz que o juiz tem de atender a todas as provas produzidas no
processo independentemente da parte que as produziu.
Refere-se à determinação da parte onerada com a prova do facto, isto é, à repartição do ónus da
prova pelas partes da açao. Estas regras definem a atuação das partes em juízo, sendo por isso
regras de conduta.
Ao contrário do ÓNUS DA PROVA OBJETIVO – cuja aplicação se estende aos processos regidos
pela disponibilidade das partes e pela inquisitoriedade judiciária – o ónus da prova subjetivo só
se aplica aos processos submetidos a essa disponibilidade isto porque define a conduta
probatória da parte e delimita o âmbito do conhecimento do tribunal (5.º/3).
Por isso, os poderes inquisitórios do tribunal diminuem a importância do ónus da prova
subjetivo.
Como funcionam?
Entre o ónus de prova subjetivo e objetivo existe a seguinte relação: a decisão de um non liquet,
de acordo com a regra do ónus da prova objetivo, acompanha a repartição determinada pelo ónus
da prova subjetivo, pois que o tribunal, ao ficcionar como provado o facto contrário daquele que
devia ter sido provado, decide contra a parte onerada com a prova.
II – REPARTIÇÃO
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A repartição do ónus da prova condiciona a atividade probatória da parte, pois que em
coadunação com o ónus de alegação, incumbe à parte o ónus da prova relativamente aos factos
cuja subsunção a uma norma jurídica lhe atirbui um efeito favorável.
Critérios gerais
Os factos constitutivos devem ser provados pela parte que, com fundamento neles, alega uma
situação jurídica – 342 CC, e a prova dos factos impeditivos, modificativos ou extintivos incumbe
à parte contra a qual é invocada uma situação jurídica (342/2 CC).
Desta regra resulta uma importante consequência: não é a parte que nega os factos invocados
pela contraparte que está onerada com a prova de que esses factos não são verdadeiros, mas a
parte que os alega que tem esse ónus.
Os factos impeditivos, modificativos ou extintivos devem ser provados pela parte que, com
esse fundamento, nega a situação subjetiva afirmada pela contraparte (342/2).
Também quanto a estes factos vale a regra de que é sobre a parte que os alega em seu benefício
que recai o ónus da prova – porque não seria aceitável que recaísse sobre a parte que invoca uma
situação jurídica o ónus de provar que não só estão preenchidos todos os elementos constitutivos,
como também não se verificam nenhuns factos impeditivos, modificativos ou extintivos
Ex: o mutuante que pede a restituição da quantia mutuada deve provar o respetivo contrato de
mútuo, mas não tem de demonstrar que esse contrato não está inquinado por nenhum vício
atinente à capacidade dos outorgantes, à forma da sua celebração ou à formação e emissão das
declarações negociais.
Factos negativos
Ainda que o facto constitutivo, impeditiv, modificiativo ou extintivo seja um facto negativo,
continua a aplicar-se, quanto à sua prova, a regra do 342/1 e 2: a prova cabe a quem invoca o
direito ou exceção.
Ex: na açao de resolução do contrato baseada no incumprimento da obrigação, incumbe ao
autor provar este inadiplamneto do devedor
Ex2: na açao de ESC pertence ao autor provar a falta de causa justificativo do locupletamento
No entanto, há que ponderar que a prova de um facto negativo pode ser bastante complicada
– suponha-se que, com vista à resolução do contrato com fundamento no inadimplemento do
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devedor, há que provar esse incumprimento – se a prestação consistir num non facere, a proa do
incumprimento é fácil, bastando pex mostrar a obra que o devedor se obrigou a não realizar; se
porém consistir numa prestação de dare ou de facere, não é fácil demonstrar o incumprimento,
dado que se nalguns casos o que não sucedeu pode deixar conseq visíveis, nem sempre é assim.
Ex: se o médico não tratou a tempo o seu paciente, o agravamento do estaod de saúde do
doente é visível
Ex2: se o comprador não pagar o preço devido, não ocorrem em regra quaisquer alterações ao
mundo exterior
Apreciação negativa
Como nas açoes de simples apreciação negativa a alegação dos factos constitutivos dasituaçao
negada pelo autor compete à parte passiva, é o réu a parte onerada com a demonstração desses
factos constitutivos (343/1 CC), cabendo ao autor, nos termos gerais, a prova dos factos
impeditivos, modificativos ou extintivos da situação jurídica para que é requerida a apreciação
negativa – 584/2.
Portanto, a regra do 343 CC não isenta o autor de provar os factos que invoca como
fundamento do seu pedido de apreciação negativa.
Ex: na açao negativa de servidão, cabe ao autor provar os factos que fundamentam a
inexistência ou extinção da servidão e ao réu demonstrar os factos dos quais resulta a sua
constituição.
Isto significa que, nas açoes de simples apreciação negativa, a solução fornecida, quanto à
repartição do ónus da prova, é a de distribuir a prova dos factos por ambas as partes, consoante a
sua relevância para a procedência ou improcedência da açao.
Esta repartição do ónus da prova nas açoes de simples apreciação negativa compreende-se
mais facilmente lembrando que o réu deve utilizar a reconvneçao para pedir, caso deseje, a
apreciação positiva do direito negado pelo autor (266/2/a) – ou seja, para que o réu obtenha o
reconhecimento do dirieto negado pelo autor, não basta que impugne o pedido do autor, pois que
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a improcedência de uma açao de apreciação negativa não implica o reconhecimento de qualquer
situação jurídica, mas apenas o não reconhecimento da inexistência da situação jurídica.
Ex: a improcedência da açao de apreciação negativa da paternidade implica que não é
reconhecido que o réu não seja filho do autor, mas não determina o reconhecimento de que o é
efetivamente.
Critérios especiais
Em caso de dúvida, o 342/3 CC estabelece que os factos devem ser considerados constitutivos
do direito – esta solução justifica-se porque pretende impor a prova à aprte que alega a situação
subjetiva e não àquela que a nega.
Prazo de caducidade
Algumas das situações em que se poderiam suscitar dúvidas sobre a qualificação do facto são
resolvidas pela lei. Assim:
a) Nas ações que devam ser propostas dentro de certo prazo a contar da data em que
o autor teve conhecimento de certo facto, caberá ao réu a prova de o prazo já ter decorrido (343/2).
Quer dizer, o prazo de propositura da açao é considerado pela perspetiva do seu decurso e, por
isso, é qualificado como um facto extintivo, pelo que pex incumbe ao réu provar que já decorreram
dois anos a contar da data em que o cônjuge ofendido ou o seu representante legal teve
conhecimento do facto que fundamenta o pedido de divórcio – 1786/1 CC.
Condição e termo
Se o direito invocado pelo autor estiver sujeito a condição suspensiva ou a termo inicial, cabe-
lhe a prova de que a condição se verificou ou o termo se venceu, mas se o direito estuver sujeito
a condição resolutiva ou a termo final, incumbe ao réu provar a verificação da condição ou o
vencimento do prazo – 343/3 CC.
Portanto, a condição suspensiva e o termo final são qualificados como factos extintivos e, por
isso, tratados também quanto ao ónus da prova como exceções peremptórias.
Inversão
Verifica-se a inversão do ónus da prova quando não é sobre a parte normalmente onerada com
a prova do facto que recai o ónus de o demonstrar, mas sobre a contraparte que incide o ´nus de
provar o facto contrário.
Se o ónus da prova se inverte, este não acompanha o ónus de alegação, pois que a prova não
incumbe à parte favorecida com a demosntraçao do facto e onerada com a alegação, mas à parte
que pode beneficiar do facto contrário. O ónus da prova ivnerte-se nos casos do 344 CC.
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A inversão implica uma modificação do thema probandum, pois que a prva exigível a cada
uma das partes é a contrária daquela que pode ser imposta à contraparte.
Ex: se a inversão do ónus da prova recai sobre um facto constitutivo do direito alegado pelo
autor (ex a culpa do réu no incumprimento), incumbe ao demandado provar o contrário desse
facto constitutivo – inexistência de culpa ou uma causa de exclusão da culpa.
Presunções legais
O ónus da prova inverte-se quando haja uma presunção legal, pois que a parte que tem a seu
favor a presunção escusa de provar o facto a que ela conduz – à parte só incumbe provar o facto
probatório (que constitui base da presunção), porque da prova desse facto deduz-se o facto que
cosntitui o thema probandum.
À contraparte incumbe a ilisao da presunção, que consiste na demonstração de que, apesar da
prova do facto probatório, o facto presumido não é verdadeiro.
Ex: a ilisao da presunção da titularidade do direito baseada na posse implica a prova de que
apesar da parte ser possuidor da coisa, não é titular de qualquer direito real sobre ela.
Frustração da prova
O ónus da prova também se inverte quando uma das partes tiver culposamente tornado
impossível a prova à parte onerada – 344/2.
Ex: médico, demandado numa açao de responsabilidade civil, destruiu a ficha clinica de que
o autor se poderia servir para fazer prova da inadequação do tratamento – é ao médico que
incumbe fazer prova da sua adequação à situação clínica do demandante.
A impossibilidade culposa da prova exige uma conduta negligente ou dolosa da parte, que
pode verificar-se antes ou durante a pendência do processo onde a prova devia ser realizada.
Quanto à mera negligencia, poder-se-ia objetar que a inversão do ónus da prova constitui uma
sanção demasiado pesada para o comportamento da parte – mas deverá atender-se a que essa
inversão é determinada mais como uma consequência da situação objetiva – que é a
91
impossibilidade da contraparte usar certo meio de prova – do que como uma sanção para a conduta
negligente da parte.
A inversão do ónus sanciona mais o resultado causado do que a conduta causadora.
Há que demarcar a situação em que a parte torna impossível a produção da prova pela
contraparte por culpa própria, da eventualidade em que a aprte se recusa a depor ou a prestar
informações ou esclarecimentos (357/2).
Esta distinção impõe-se pelas diferentes consequências definidas para cada uma dessas
situações – enquanto aquela impossibilidade culposa determina a inversão do ónus da prova
(344/2/1ª parte CC), a recusa do depoimento ou do esclarecimento é livremente apreciada pelo
tribunal para efeitos probatórios (357/2 CC).
Ambas as situações têm expressão no 417/2, pelo que o preceito é aplicável nos dois casos.
Assim, pex, se a parte recusa entregar um documento que provadamente se encontra em seu
poder, a remissão do 430.º para o 417/2 deve ser entendida como feita para a inversão do ónus da
prova imposta pelo 344/2 CC.
Em contrapartida, a recusa do depoimento pela parte é, como se dispõe no 357/2 CC,
livremente apreciada pelo tribunal, pelo que a referencia à livre apreciação do 417.º/2/2ª parte se
refere a essa mesma hipótese.
APRECIAÇÃO DA PROVA
I – CRITÉRIOS LEGAIS
92
Prova legal
No sistema da prova legal, o valor da prova realizada através de um dos meios de prova está
legalmente prefixado, pelo que o tribunal está vinculado a atribuir a essa prova o respetivo valor
legal. Este valor pode ser positivo ou negativo:
Positivo: quando a lei impõe que o tribunal atribua à prova realizada determinado
valor
Negativo: quando a lei proíbe a a atribuição de qualquer valor à prova produzida
Valor positivo
A lei pode atribuir à prova produzida um valor tarifado ou fixo, que é variável consoante a
prova que for suficiente para impugnar aquela prova. Neste contexto, é possível distinguir as
seguintes modalidades de prova:
a) Prova bastante: a impugnação da prova é conseguida através da contraprova,
que consiste na colocação em dúvida da veracidade do facto (346.º CC).
Ex: valor probatório da letra e assinatura de um documento particular, cuja autenticidade pode
ser questionada com a mera impugnação pela parte contra quem o documento é apresentado (374
CC), ou seja, com a criação no espírito do julgador de dúvidas sobre essa autenticidade.
93
Ex: presunção de má fé do terceiro que adquiriu o direito após o registo da açao de simulação
não pode ser ilidida, mas pode provar-se que o interessado adquiriu antes do registo e, com isso,
impugnar a própria base da presunção.
Valor negativo
A lei pode proibir a atribuição de qualquer valor probatório a um determinado meio de prova
– é pex o caso das provas ilícitas, designadamente as obtidas mediante tortura, coação, ofensa da
integridade física ou moral da pessoa.
Prova livre
Neste sistema o valor a conceder à prova realizada através dos meios de prova não está
legalmente prefixado, dependendo da convicção que o julgador formar sobre a atividade
probatória da parte – 655/1 (ver).
Admissibilidade
A prova realizada através de alguns meios de prova é avaliada segundo o princípio da livre
apreciação – é o caso da prova pericial (389 CC), a inspeção judicial (391) e a prova testemunhal
(396).
Também são livremente apreciados pelo tribunal a confissão judicial não escrita e a confissão
extrajudicial não constante de documento, feita a terceiro ou contida em testamento (358/3 e 4),
o reconhecimento não confessório (361), o documento escrito a que falta algum dos requisitos
exigidos pela lei (366), os juízos pessoais do documentador cosntantes de doc não autentivo
(371/1), a importância dos vícios exteriores do documento para a sua força probatória (371/2 e
376/3) e ainda a recusa de depoimento ou de esclarecimento pela parte (357/2 + 519/2).
A livre apreciação está excluída quando a lei exija, para a exitencia ou prova do facto, qualquer
formalidade especial (655/2).
Ex: a prova livre não é admitida para a prova de trnasmissao da propriedade de um imóvel,
porque esta alienação exige escritura pública (875 CC).
Avaliação
Na impossibilidade de submeter a apreciação da prova a critérios objetivos (como os que
exigem uma demonstração por leis científicas), a lei apela à convicção intima ou subjetiva do
tribunal. Esta convicção exigida para a demonsrtaçao do facto deve respeitar as leis da ciência e
do raciocínio e assenta frequentemente em regras ou máximas de experiencia.
Algumas destas regras correspondem ao senso comum e baseiam-se na normalidade das
coisas, mas outras referem-se a conhecimentos específicos na área da ciência, da técnica, da
indústria ou do comércio.
94
Ex: tribunal conclui que se certo homem e mulher vivem maritalmente um com o outro, que
mnatêm relações sexuais um com o outro, o que se pode constatar pelo comportamento normal
entre pessoas normais
Ao contrário dos factos relevantes para a decisão da causa, as regras de experiência podem ser
usadas pelo tribunal, ainda que não sejam alegadas pelas partes. Elas integram o acervo de
conhecimentos necessários para a avaliação da prova, pelo que o tribunal não pode ficar
dependente da posição das partes – não releva a falta de alegação das máximas de experiência
pelas partes e não vale quanto a essas máximas o ónus de impugnação, pelo que nunca se
consideram admitidas por acordo.
A expressão da relevância destes factos para apreciação da prova e da sua subtração à
disponibilidade das partes é a faculdade de o tribunal ordenar oficiosamente a prova pericial (579
e 589/2 – ver).
Algumas regras da experiência são retiradas da experiência comum – a prova de que uma
pessoa se encontrava em determinado lugar num certo momento permite inferir que ela não se
poderia encontrar em qualquer outro sítio (prova de alibi).
Outras regras implicam conhecimentos específicos, que devem ser fornecidos ao tribunal
através da prova pericial – ex: testes de ADN
Estas regras da experiência também relevam na modalidade de presunções judiciais na
avaliação da prova prima facie.
Ex: se o autor instaurar uma açao de indemnização em que alega a negligencia do cirurgião
demandado, a prova da existência de uma compressa e de vários instrumentos cirúrgicos no corpo
do autor pode demonstrar, segundo as normais regras da experiência, a negligência daquele
médico.
Ex2: se o autor foi atropelado quando circulava pelo passeio, pode presumir-se que a culpa do
acidente pertence ao condutor do veículo.
NOTA: é importante não confundir estas regras da experiência com preconceitos ou pré-juízos
– caso da coutada do macho ibérico.
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Valor
A prova livre, apesar de resultar da livre convicção do juiz, tem necessariamente um valor
(embora não predeterminado legalmente): se o tribunal formar a convicção sobre a realidade do
facto, a prova realizada cede perante contraprova (346 CC) – por isso, a prova livre é sempre
prova bastante.
II – VALORAÇÃO DA PROVA
Prova documental
Documentos escritos
São os que corporizam, em escrita normal ou cifrada, uma declaração de ciência ou de vontade.
Estes documentos podem ser autênticos ou particulares (363/1):
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Quando a lei exigir, como forma ad substantiam, documento autêntico, autenticado ou
particular, esse meio de prova não pode ser substituído por qualquer outro ou por documento que
não seja de força probatória superior (364/1 CC).
Se resultar da lei que o documento é exigido apenas para prova da declaração (ad
probationem), esse documento pode ser substituído por confissão expressa, judicial ou
extrajudicial, desde que nesse caso a confissão conste de documento de igual ou superior valor
probatório (364/2).
Valor probatório
Na avaliação da prova realizada através de um documento escrito, há que distinguir entre duas
realidades:
Força probatória formal: respeita ao valor probatório do documento como
documento, ou seja a autenticidade ou genuinidade do documento apresentado.
A força probatória formal dos documentos autênticos é a de prova plena, presumindo-se que
o documento provém da autoridade ou oficial público a quem é atribuído (370CC).
Esta presunção só pode ser ilidida através da prova do contrário (370/2), ou seja a prova de
que o documento não provém da autoridade ou oficial público a quem é atribuída a sua autoria,
mas o tribunal também pode excluir aquela presunção quando for manifesta, pelos sinais
exteriores do documento, a sua falta de autenticidade – 370/2.
Importa referir que só estão abrangidos pelo valor da prova plena os factos praticados ou
atestados pela entidade documentadora (371/1). Essa força probatória só abrange a prática ou
atestação do facto – ou seja, só fica provado que foi praticado ou atestado determinado facto pela
entidade documentadora -, pelo que ela não se estende à veracidade de qualquer desses factos.
Ex: vendedor afirma perante o notário que recebeu o preço da coisa vendida e se o notário
atesta a declaração, o valor de prova plena só abrange o facto do vendedor ter emitido a declaração
97
e do notário o ter atestado – não abrange o facto do vendedor ter efetivamente recebido o preço
da coisa.
Ex2: o atestado de residência passado pelo Presidente da Junta de Freguesia baseia-se nas
ifnroamçoes prestadas por dois comerciantes e não em factos de conhecimento direto e funcional
do atestante, pelo que apesar de ser documento autêntico, não goza de força probatória plena nos
termos do 371/1, estando por isso sujeito à livre apreciação do tribunal.
98
não sabe se são verdadeiras, incumbindo à parte que apresentar o documento a prova da sua
veracidade (374/2).
Os documentos particulares não assinados (ainda que escritos) são livremente apreciados pelo
tribunal.
Ex: as cotas (notas que não conta da execução de certos atos de expediente da secretaria do
tribunal) correspondem a documentos particulares sujeitos à livre apreciação do tribunal.
No entanto existem exceções a esta regra:
Os registos e outros escritos onde habitualmente alguém tome nota dos
pagamentos que lhe são efetuados fazem prova contra o seu autor, se indicarem inequivocamente
o recebimento de algum pagamento (380/1)
A nota escrita pelo credor ou por outrem segundo instruções dele, em esguimento,
à margem ou no verso do documento que ficou em poder do credor, ainda que não esteja datada
nem firmada, faz prova do facto anotado se favorecer a exoneração do devedor – 381/1
Os livros de escrituração mercantil
Todos estes fazem prova plena contra o autor, que tem o ónus de realizar a prova do contrário
(380/1 + 381/3/1ª parte + 44.º/2 CCom
99
As fotocópias particulares – aquelas cuja conformidade com o original não está atestada por
uma autoridade – fazem prova plena dos factos e das coisas que representam, se a parte contra
quem forem apreesnetadas não impugnar a sua exatidão (368 CC). Assim, enquanto o valor
probatório das cópias oficiais só é ilidido mediante o confronto com o original (385, 386 e 387
CC), o valor probatório das cópias particulares é destruído com a mera impugnação da sua
exatidão pela parte contra quem forem apresentadas – 368.º.
Reproduções mecânicas
As reproduções fotográficas ou cinematográficas, os registos fonográficos e, de um modo
geral, quaisquer reproduções mecânicas de factos ou de coisas fazem prova plena dos factos e das
coisas que representam, se a parte contra quem forem apresentadas não impugnar a sua exatidão
(368.º). Neste caso, incumbe à parte que apresenta o doc o ónus de provar a sua exatidão.
Documentos tecnológicos
São aqueles cuja elaboração, reprodução ou transmissão resultam do uso de meios
tecnológicos. A determinação do seu valor probatório levanta vários problemas.
Os telegramas cujos originais tenham sido escritos e assinados, ou apenas assinados, pela
pessoa em nome de quem são expedidos, ou por outrem a seu rogo, são considerados documentos
particulares – 379.º.
Assim, os não assinados pela pessoa em nome de quem são enviados ou por outrem a seu rogo
(ex: telegramas telefonados) não possuem essa força probatória. Excetuam-se, porém, no âmbito
das relações comerciais, os telegramas que não assinados pelo expedidor, se provar terem sido
expedidos ou mandados expedir pela pessoa designada como expedidos, os quais têm a força
probatória reconhecida aos documentos particulares – 97/1 CCom. Por analogia isto vale para os
telexes.
Qual o valor probatório dos documentos transmitidos por telecópia (ou telefax)?
Não existindo qualquer preceito específico, temos de distinguir duas situações:
A telecópia é oficial (enviada por notário ou outro depositário público
autorizado): a sua força probatória é a do original (383/1)
A telecópia é particular: o seu valor probatório é o de prova plena dos factos e
coisas que representa, mas ssa força é ilidida com a mera impugnação da sua exatidão (368.º).
Os documentos eletrónicos são aqueles que são emitidos por um computador ou por um seu
terminal com base em dados armazenados na sua memória ou numa memória central – ou seja,
são os documentos que reproduzem estes dados de uma forma que pode ser percebida pelos
sentidos.
100
Neste contexto, importa considerar o correio eletrónico, que é cada vez mais utilizado como
forma de comunicação quer entre particulares e os serviços públicos, quer entre os particulares.
PROVAS CONSTITUENDAS
A confissão só é eficaz se for feita por pessoa com capacidade e poder para dispor do direito a
que o facto confessado se refere (353/1) – ex: o credor confessar o recebimento da prestação
contratual realizada pelo devedor, a confissão equivale à disposição do seu direito de crédito e,
por isso, exige aquela capacidade e disponibilidade.
A confissão não é admissível se for declarada insuficiente por lei ou recair sobre facto cujo
reconhecimento ou investigação a lei proíba (354/a) CC), como sucede pex quando a lei exige,
como forma da declaração negocial, documento autêntico, autenticado ou particular (364/1CC).
A confissão também não é admissível se recair sobre factos relativos a direitos indisponíveis
(354/b) CC), como pex os que se referem ao estado das pessoas ou se incidir sobre factos
impossíveis ou notoriamente inexistentes – 354/c).
Modalidades
101
Quanto ao modo de realização, a confissão pode ser judicial ou extrajudicial (355/1 CC). A
confissão judicial é a que é feita em juízo, quer de forma espontânea, se for realizada por iniciativa
do confitente, quer de maneira provocada, se realizada em depoimento de parte (552) ou em
resposta a esclarecimentos pedidos pelo tribunal (265/3 + 462 CC).
A confissão extrajudicial é aquela que é feita fora do processo – 355/4.
Características
A confissão é irretratável e indivisível. A irretratabilidade significa que a confissão, uma vez
realizda, não pode ser retirada (567/1) – com exceção da confissão feita nos articulados, enquanto
a parte contrária a não tiver aceite especificadamente – 567/2
Da indivisibilidade decorre que a confissão só pode ser acite ou rejeitada na integra – 360CC.
Assim, o autor ou réu que quer aproveitar-se da parte da confissão que lhe é favorável tem de
aceitar também a parte que lhe é desfavorável, embora possa fazer prova contra a parte da
confissão que lhe é desfavorável – 360CC.
Ex: se o réu confessar que comprou um automóvel ao autor, mas que já pagou o preço, o autor
não pode aceitar a confissão dessa compra e rejeitar a afirmação do pagamento daquele preço,
embora possa provar que esta última afirmação não é verdadeira.
Valoração
O valor da confissão é diferente, mediante a confissão seja judicial ou extrajudicial. Assim:
A confissão judicial tem valor probatório distinto consoante seja:
Escrita: valor de prova plena contra o confitente (358/1 CC)
Não escrita: valor de prova livre (358/4); por isso, ainda que o
depoimento da parte seja prestado na audiência final, ele deve ser reduzido a escrito para que dele
se possa extrair força probatória plena
A confissão extrajudicial depende do meio pelo qual é comunicada ao
tribunal:
102
Exarada em doc autêntico ou particular: considera-se provada
nos termos aplicáveis a estes documentos (369 a 372 e 273 a 379) – no entanto, terá força
probatória plena se dirigida à contraparte ou a um seu representante (358/2) e força probatória
livre, se feita a terceiros ou contida em testamento (358/4)
Não escrita: tem o valor de prova livre (358/4)
Provada por testemunhas: livremente apreciada pelo tribunal
(358/3CC)
Prova pericial
Consiste na perceção e apreciação de factos através do parecer de uma pessoa especialmente
qualificada num certo domínio técnico ou cientifico, que é o perito (388). A prova pericial é
utilizada quando seja necessário recorrer a regras de experiência que não são conhecidas do
tribunal ou quando os factos relativos a pessoas não devam ser objeto de inspeção judicial – 388
+ 612/1
Valoração
Pode ser requerida pelas partes (475 + 487/1) ou oficiosamente pelo tribunal (477 + 487/2).
É livremente apreciada pelo tribunal – 389 + 489.
103
Consiste na perceção direta e imediata pelo tribunal dos factos relativos a coisas ou a pessoas,
apesar de, quanto a estes últimos, ela não poder ser usada quando haja que salvaguardar a
intimidade privada e familiar e a dignidade da pessoa humana (390 CC). O tribunal pode solicitar
a assessoria técnica para a sua elucidação sobre a averiguação e interpretação dos factos que se
propõe observar – 492/1.
A força probatória desta prova é livremente fixada pelo tribunal (391 CC).
Prova testemunhal
Consiste no depoimento de uma pessoa que emite uma declaração de ciência relativa a um ou
a vários factos.
É admissível em todos os casos em que não seja direta ou indiretamente afastada (392). Está
excluída nas seguintes situações:
Contra ou em substituição do conteúdo de doc autêntico ou particular – para prova
de convenções adicionais ou contrárias ao conteúdo desses documentos (394/1 C)
Contra meio de prova com força probatória plena – 393/2 CC
Contra documento exigido pela lei ad probationem ou ad substantiam (393/1)
Para demonstração, pelos próprios simuladores, do acordo simulatório e do
negócio dissimulado (394/2CC) – isto pode traduzir consequências iníquas, nomeadamente
porque ela favorece que um dos simuladores, conhecendo aquela limitação imposta à sua
contraparte, se aproveite dessa circunstância para retirar certos benefícios. Assim sendo, admite-
se uma interpretação restritiva do 394/2 para que a prova testemunhal possa ser utilizada para
determinar o alcance dos doc referidos à simulação ou para completar ou consolidar o começo da
prova que neles se possa fundar.
Há uma zona cinzenta que não constitui crime de perjúrio, mas depende da perceção da
realidade de cada um – é uma questão subjetiva.
Valoração
É apreciada livremente pelo tribunal (396.ºCC). Dada a falibilidade do testemunho, a prova
testemunhal exige do tribunal a mais arguta perspicácia na sua apreciação.
104
Valoração
É livremente apreciada pelo tribunal.
Condições
Só é amdissível se estiverem preenchidas determinadas condições:
105
a) O processo em que as provas foram produzidas não pode excluir a possibilidade
de aprovietmento noutro processo – 363/4: as provas realizadas nos procedimentos cautelares
nunca podem ser usadsa noutros processos
b) Tem de ter sido observada a audiência contraditória no processo em que foram
produzidas – 421.º/1, pelo que, se o réu tiver permanecido revel no processo em que a prova foi
produzida, ela não pode ser utilizada em nenhum outro processo.
c) As garantias das partes no processo onde a prova foi realizada não pode ser
ingerior às do processo em que se pretende fazer valer a prova produzida
d) O processo em que foi realizada não pode ter sido anulado na parte referente à
prova que se pretende invocar no outro processo
Nos processos regidos pela disponibilidade das partes, o ónus da prova objetivo coincide com o
subjetivo – a dúvida sobre a realidade de um facto é resolvida contra a parte a quem o facto
aproveita (346 CC + 414), ou seja, é resolvida contra a parte nerada com a sua prova – 342/1 e 2
CC
Assim, perante a falta ou insuficiência da prova, o tribunal ficciona a prova do facto contrário
e decide com base nele.
Ex: ao autor da açao de indemnização incumbe a prova do dano (342/1 CC), pelo que se o
autor não provar esse facto, o tribunal decide como se estivesse provada a inexistência de qualquer
prejuízo.
Concretização
É o tipo de açao declarativa instaurada pelo autor que determina aordem da apreciação pelo
tribunal da prova quanto ao facto constitutivo e impeditivo, modificativou ou extintivo.
Se o autor instaura uma açao de apreciação positiva, de condenação ou constitutiva, cabe-lhe
a prova do facto constitutivo da sj alegada e apenas perante esta prova se devolve à parte passiva
a prova do facto impeditivo, modificativo ou extintivo – 342/1 e 2CC.
Por isso, a posição probatória do réu depende da prova produzida pelo autor. Se este não prova
o facto constitutivo, a açao é julgada improcedente (346CC), mesmo que o réu não prove qualquer
facto impeditivo, modificativo ou extintivo. Porém, se o autor realiza a prova do facto
constitutivo, o réu pode:
Impugnar por contraprova ou por prova em contrário
Provar, em correspondência com o respetivo ónus de alegação, o facto
impeditivo, modificativo ou extintivo da sj invocada pelo autor – 342/2
106
Se o autor não realiza a prova do facto constitutivo, a açao e julgada improcedente, o réu é
absolvido do pedido e fica estabelecida a inexistência desse facto constitutivo e não a existência
de qualquer facto contrário ou incompatível.
Ex: se o autor não prova o facto constitutivo do direito de propriedade sobre a coisa
reivindicada, fica determinado que ele não é o proprietário, mas não fica decidido que o
demandado o é.
Critérios especiais
A lei fornece alguns critérios especiais no julgamento no non liquet, que se caracterizam por,
diferentemente do critério geral, o tribunal não decidir a dúvida sobre o facto contra aparte
oenrada com a prova. Alguns desses preceitos determinam a presunção de um facto:
94/2 + 926, 1145, 1252/2, 1359/2 CC
107
No entanto, estas presunções não devem ser equiparadas a presunções legais, uma vez que não
é habitual que a lei refira que estas presunções se destinam a resolver umasituaçao de incerteza
sobre o facto presumido. Portanto, a dúvida a que se alude nesses precietos só pode ser a que
decorre de uma contraprova que é oposta a uma prova – 346CC
Se assim é, então as presunções referidas não invertem o ónus da prova quanto ao facto
presumido, limitando-se a estabelecer qual o reflexo que a contraprova produz na prova realizada
sobre o facto – ex: o 11245/1 estabelece que em caso de duvida o mútuo se presume oneroso – se
a parte provou o facto oneroso e a contraparte impugna por contraprova, não é suficiente porque
na dúvida é sempre considerado oneroso
Isto permite afirmar que não há distinção entre os preceitos que estabelecem aquelas
presunções e os que, não contendo referência literal a presunções, resolvem de forma semelhante
certas sit de dúvida sobre um facto.
108
réu tem contabilidade organizada, depende de um documento do réu: o autor pede
ao tribunal que ordene ao réu a juntar CONTABILIDADE: PROVA EM PODER
DA PARTE CONTRÁRIA: o réu recusa a juntar esta documentação;
3. Força probatória e os juízos de conhecimento do tribunal;
4. Meios de prova; - ler o código:
Aquele que parece ser o mais importante princípio processual que se precipita
sobre o denominado DIREITO PROBATÓRIO FORMAL É O PRINCÍPIO DA
OFICIOSIDADE: OU DE LIVRE INICIATIVA DO TRIBUNAL: o que se traduz na
atribuição de importantes poderes instrutórios ao tribunal.
O tribunal por sua iniciativa, pode determinar a prestação de informações por parte de
serviços administrativos – art. 418/1º CPC, bem como requisitar informações , pareceres
técnicos, plantas e desenhos, objetos ou outros documentos julgados necessários ao
esclarecimento da verdade: art. 436º CPC, ordenar a realização de per´ciia por mais
do que um perito – art. 468º /1/a) CPC.
Pode ainda ordenar a competência pessoal de qualquer das partes para prestação de
depoimento – art. 452º CPC. Também ordenar a comparência de peritos para prestarem
esclarecimentos sobre o relatório pericial na própria audiência final – art. 604º CPC.
Estes poderes inquisitórios podem, recair sobre factos instrumentais, mesmo que não
tenham sido articulados pelas partes – art. 602/2/f CPC, e art. 5/2º CPC, mas já não sobre
factos essenciais que não tenham sido articulados.
109
A recusa em colaborar não implica necessariamente que o facto se tenha pro provado
contra o recusante (se for parte). Não ocorre uma imediata inversão do ónus da prova: a
lei determina apenas que neste caso, o tribunal aprecia livremente o valor da recusa para
efeitos probatórios: art. 417/2/2ªparte do CPC: + art. 344/2º CPC. Todavia o ónus da
prova inverte-se se a parte recusante culposamente tornou impossível a prova da
contraparte.
Há limites que a lei impõe ao dever de colaborar para a descoberta da verdade , no sentido
em que se torna por vezes inexigível o cumprimento desse dever de cooperação. Quer
dizer que a recusa em colaborar é legítima quando essa colaboração: art. 417º CPC/3.
Art. 415º/1º CPC: prevê com efeito que as provas não são admitidas nem produzidas sem
audiência contraditória: da parte a quem hajam sido opostas: por exemplo: a parte deve
ser notificada da apresentação de documentos (provas pré-constituídas), pela
contraparte conjuntamente com o último articulado ou depois dele – art. 427º CPC.
Quanto às provas contituendas a parte deve ser notificada para todos os atos de
preparação e produção de prova – e será admitida a intervir nesse mesmo ato – art. 415º
CPC.
Isto significa que os atos de produção das provas constituendas tenham lugar perante o
tribunal (tribunal de juiz singular ou perante o tribunal coletivo: nos casos em que mesmo
110
na sanções ordinárias , este se constitui para julgar a matéria de facto) excetuados os casos
em que a produção de prova seja antecipada - art. 419º CPC.
E quer isto também dizer que o tribunal deve recorrer à fonte de prova que tenha esta
mais perto dos factos cuja veracidade ou inveracidade é suscetível de ser demonstrada.
Aquele CONTACTO DIRETO (o mais direto possível com as pessoas e as coisas que servem de
fontes de prova: princípio da imediação) postula dois outros princípios: o PRINCÍPIO DA
ORALIDADE e o PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO.
De facto, no decorrer do processo o autor disse coisas ao tribunal: aconteceu isto, aquilo,
y, x , v…. por isso eu quero que o réu seja condenado a atribuir x, há uma atribuição
a uma situação de facto, e isto é crucial a todo o processo, relativamente a qual não se irá
renunciar.
Agora quanto aos factos que o juiz pode considerar na decisão, temos de ter em conta o
art. 5º CPC , sendo que o destinatário da norma é o juiz. O juiz vai dizer os factos que
considera provados, e os factos que considera não provados: o juiz tem os factos todos
que o autor lhe deu, e que o réu lhe deu: é ao abrigo do princípio do : tu dás-me os factos
e eu dou-te o direito: que a sentença terá de ter assente. Ora o réu tenta destrui-los de
uma forma que destrói a narração: o juiz vai ter de olhar para história narrada de forma
neutra: o processo não é uma tourada sem regras, mas sim com regras, o autor e réu
nunca são amigos.
II. Chegados aqui, a realidade impõe-se: ora não podemos ter visões idealizadas
no processo: não podemos idealizar o espaço. Não nos podemos esquecer que
o processo é um espaço de tensão, e que o processo intervém na patologia:
111
assim sendo o juiz pergunta: o que é que não me contaram? Porque é que as
testemunhas essenciais não apareceram? E depois irá enquadrar uma forma
agnóstica aquilo que pode ter sido a realidade, ele vai tentar descrever a
história narrada e interliga-la no processo.
E como é que o juiz o irá fazer? Através da entrada em ação das provas que ele, o Sr.
juiz avaliou: sendo que é a parte mais difícil do processo, é pegar numa prova que é
contraditória: (parte da persuasão e não na constituição), nunca estamos em terreno
neutro. Voltando à análise da prova contraditória que como será de prever constitui uma
terrível tarefa para o nosso juiz: ora o juiz olha para a testemunha (certo), mas o juiz é
uma pessoa, tem pré-compreensões: qual é a função do juiz e de todos nós? Distanciar-
se e perceber até que ponto ele está a ser contaminado: no modo como vai reconstruir
a realidade.
Porque é que o juiz não deu relevância aquela testemunha? A atividade do juiz
pressupõe uma enorme falibilidade humana – por causa das suas compreensões. Então
como é que na decisão se bloqueia em tudo isto: na matéria das garantias fundamentais:
há um princípio que é a imparcialidade: diz-se que o decisor tem de ser imparcial:
como é que se garante a imparcialidade? Há coisas que não estão na regra: nem nas regras.
Ora o juiz garante a imparcialidade atrvés da FUNDAMENTAÇÃO, sendo certo que todas as
respostas, têm de ter em conta o princípio da imparcialidade, quando o decisor relata a
decisão : ora o juiz vai ter de fundamentar as respostas que dá: e o juiz vai ter de explicar
duas coisas difíceis de fazer:
i. Porque razão considera «certo facto provado ou não provado» e vai ter de
desempatar a prova que foi produzida: vejamos: a testemunha A escreveu
um determinado curso das coisas, a testemunha B escreve mais ou menos ou
da mesma forma o decurso das coisas, mas há incongruências: a senhora dos
óculos (para ver o mapa da autoestrada que tinha desenhado): contradição
neste processo, entre as testemunhas: conflito entre as duas testemunhas: qual
das testemunhas que é mais credível? É a esta pergunta que o juiz vai ter de
responder.
Olhando para a decisão temos de te uma radiografia do juiz: e temos de sindicar essa
parte da decisão: o juiz pronunciou-se sobre a MATÉRIA DE FACTO: e agora vou
verdadeiramente ver com que factos que tenho decidir: o que é que o juiz agora faz?
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Os factos não surgem no processo desligados no contexto: os factos surgem em
conexão com alguma coisa: e a grande regra aqui é que o juiz não está vinculado
à fundamentação jurídica que a parte lhe deu.
O juiz tem de verificar os factos alegados pelas partes: porque as partes não
contam/narram todos os factos possíveis.
Agora quanto ao desconhecimento de uma realidade física: no caso de uma
empreitada: há aqui uma violação do Estado de informar: porque não disse que
estava lá um muro de cinzas, que elevou extremamente o preço do terreno: erro
na base não dá , mas eventualmente dá responsabilidade pré-contratual: vamos lá
discutir: entendendo que se pode desencadear responsabilidade de violação de
deveres de informação na parte pré-contratual: porque o processo não é
idealizável, o processo é estratégia: no contrato estava escrito que o empreiteiro
tinha de verificar o solo, mas a decisão era injusta: pelo menos havia concurso.
Que factos pediram: perguntei ao sistema: que regras podem justificar os factos
pedidos: pelo meio há uma coisa fundamental: a própria fundamentação: ar dramático
da fundamentação: problemas a propósito do caso julgado e aquilo que atinge a
imutabilidade extraprocessual:
O mais relevante: caso julgado significa que uma certa coisa atinge um estatuto
de imutabilidade: indemniza ou não indemniza? Há uma altura em que a
discussão pergunta: em que a justiça do homem esgota os seus meios?
III. O terceiro problema do caso julgado impõe-se neste campo: O caso julgado
atinge estes fundamentos da decisão, ou o caso julgado atinge decisão em
si? Ou seja no caso concreto a própria indeminização? Temos de perguntar
então o que é que atinge a IMUTABILIDADE DA DECISÃO:
Até onde é possível voltar a discutir uma decisão: o fundamento para a decisão
pode voltar a ser utlizado noutro processo?
VEJAMOS UM CASO CONCRETO – o projeto do TGV: não obstante que durante um ano e
meio e (porque o Estado tinha prerrogativa de pedir a execução imediata do contrato
entre a atribuição do visto do TC: uma vez adjudicada a linha de alta velocidade:
criaram-se meios para a constituição desta linha férrea: as despesas eram no valor de
190 milhões: que estão a ser realizadas estas despesas: e o processo andava entre o TC e
o Estado: o TC recusou o visto: vejamos os factos:
1. O Estado nem me mandou o contrato, ou seja nem sei do que estou a falar;
2. Ninguém fez demonstração
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3. Há uma clausula do contrato que é anulável: então eu não posso visar o contrato:
(porque AP mandou uma fotocópia do contrato).
Depois vem outro tribunal confrontado com um pedido indemnizatório: se tenho uma
causa de impossibilidade que se insere numa esfera de risco do credor, há de haver uma
primeira consequência e segunda consequência. E há contrapartidas?
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outros aspetos essenciais que levam à recusa de visto: a interpretação do ato do
juiz: qual é o fundamento essencial da decisão.
1. Tudo tem de ter sido exauriente; (total) – paixão; só aceitamos que uma coisa
se torna indiscutível se tudo se pôde discutir;
2. Aquilo é que vale: aquilo é que é o direito;
CASO PRÁTICO:
Artigo|564.º
(Cálculo da indemnização)
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FIXAÇÃO DA INDEMNIZAÇÃO CORRESPONDENTE SERÁ REMETIDA PARA
DECISÃO ULTERIOR.
Acórdão: Quanto à indeminização por danos futuros: o decisor não tem elementos
probatórios que demonstrem a probabilidade do dano: o senhores renunciaram ao
recurso.
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determinados pressupostos que irá vigorar com determinados pressupostos até 2030:
suponham o seguinte: em 2011 acontece uma coisa: o Ministro das Finanças vai à
televisão: e diz: Portugal tem de pedir ajuda externa: não tem como pagar aos
funcionários públicos.
Ora na A22 (é do Algarve) – quando se refere que não pode haver portagens: ( atenção
que se introduzir uma portagem da autoestrada: o tráfico tende a desviar-se )– quer dizer
que o preço contratual sofre uma alteração profunda: a possibilidade de retorno pelo
particular deixa de existir:
A partir de 2014 choveram ações: não há retorno das portagens nas autoestradas. Os
tribunais agora têm um contrato de concessão é até em 2030: os tribunais estão a
pronunciaram-se em 2014, em 2015, o tribunal terá de averiguar as consequências de
introdução de uma portagem: estas decisões proferidas podem ser alteradas?
PODEM SER ALTERADAS: não há caso julgado face a momento futuro: como é obvio:
se o tribunal advir dizer que tem certeza: então tem certeza sobre aquilo que não existe:
a imutabilidade só surge quando se discute tudo o que há para discutir:
Segunda coisa: tudo aquilo a que não se pode ter certeza: tudo isso está fora do caso
julgado: onde é que isto nos vai levar: por enquanto as premissas que a Prof. deu tem
sido seguidas em termos justificados pelos tribunais: o que está implicar uma grande
convulsão na Escola de Lisboa: face a este concreto instituto: o desafio é : pensar no
caso julgado: o FUTURO A DEUS PERTENCE.
§ Esta decisão não ter efeito de caso julgado: mas valer como um efeito de decisão. A
Força relativa à decisão que foi referida: é a posição do Prof. Castro Mendes + PCS: a
imutabilidade da decisão do TC: tem haver com a tutela da imagem do TC:
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LIMITES DO CASO JULGADO:
A) LIMITE TEMPORAL: art. 621º CPC + art. 628º CPC: (transito em julgado):
EXCEÇÕES:
1. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL; imaginem que na pendência desta ação o credor cede um
crédito a um terceiro, por via do mecanismo da substituição processual, esta ação produz
efeitos quanto às partes constituídas:
2. A SENTENÇA ABSOLUTÓRIA EM SEDE DE LITISCONSÓRCIO VOLUNTÁRIO;
C) LIMITES MATERIAIS:
Três posições:
1. Caso julgado só é integrado pela decisão;
2. É integrado por todos os fundamentos que foram ditos pelas partes;
3. Decisão e pelos fundamentos lógicos e precedentes daquela decisão;
Exemplo: ação de nulidade do testamento: tem três vícios: imagine que a decisão de
nulidade considera procedente o primeiro fundamento e não os outros dois, no caso
julgado integro procedente um vício: os argumentos procedentes daquela decisão os
argumentos que levaram à declaração de nulidade: para efeitos desta terceira tese – na
verdade o contrato já é nulo.
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