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Registo.
PARECER
- Que registo deve ser feito com base na comunicação a que se refere o artigo 79.º do
Código das Expropriações;
- Como proceder quando o bem expropriado tenha sido fracionado e, no registo, figure
atualmente disperso por duas ou mais descrições;
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Pronúncia
1.3. Embora não falte polémica doutrinal em torno da natureza jurídica do direito de
reversão, ora qualificado como condição resolutiva tácita (de direito público) da
expropriação, ora como direito de preferência na reaquisição do bem expropriado, ora
ainda como um direito legal de compra, para a questão que nos ocupa, fundamental é
perceber o modo como este direito pode ser exercido.
1.3.1. Assim, compulsando o disposto nos artigos 74.º e seguintes do CE, temos que,
em regra, o processo de reversão comporta duas fases: uma fase administrativa, na qual
se define a existência do direito de reversão, e uma fase judicial, na qual se definem e se
procede às transferências patrimoniais inerentes3.
1
Aprovado pela Lei n.º 168/99, de 18 de setembro, e sucessivamente alterado pela Lei n.º 13/2002, de 19 de
fevereiro, pela Lei n.º 4-A/2003, de 19 de fevereiro, pela Lei n.º 67-A/2007, de 31 de dezembro, e pela Lei n.º
56/2008, de 4 de setembro.
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Expropriações por Utilidade Pública, Lisboa, 1997, p.397.
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Dissemos em regra, porque, no caso previsto no artigo 74.º/4 do CE, o interessado pode fazer valer o direito
de reversão mediante ação administrativa comum, e porque não haverá lugar à fase judicial quando haja
acordo entre o interessado e a entidade expropriante sobre os termos, condições e montante indemnizatório da
reversão (artigo 76.º-A do CE).
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1.3.2. A competência para decidir sobre a reversão e respetivos fundamentos pertence à
Administração, e a adjudicação e a investidura na posse do bem revertido competem ao
tribunal (artigos 77.º a 79.º do CE), tal como no processo de expropriação (artigo 51.º
do CE).
1.3.3. A fase judicial a que alude o 77.º do CE não é, todavia, destinada ao acertamento
jurídico do direito do requerente, ou de sindicância da legalidade substantiva da decisão
tomada pela entidade administrativa competente, mas de fixação do valor a retornar ao
expropriante e de obtenção de um título (formal) de aquisição e de especificação dos
ónus ou encargos em vigor sobre o objeto da reversão.
1.3.3.1. Isto parece o bastante para afastar o ato judicial de adjudicação da propriedade
do leque das decisões judiciais sujeitas a registo.
1.3.3.2. É que a registabilidade prevista no artigo 3.º do CRP tem como critério uma
pretensão substantivada e dirigida ao reconhecimento, constituição, modificação ou
extinção do um direito sujeito a registo e uma definição ou acertamento do direito ou do
efeito em causa, como consequência do que se averiguou.
1.4.1. Por nossa parte, entendemos que, para o registo, mais do que atentar na ligação
entre o direito de reversão e a transferência originada pela expropriação ou na intenção
de repristinação das coisas que se elicia do disposto nos artigos 75.º, 77.º e 79.º/1 do
CE, interessará notar que a situação resultante do exercício deste direito (de reversão)
poderá não coincidir, ao menos, do ponto de vista da estrutura subjetiva e do regime do
direito de propriedade, com a que existia a tempo da expropriação (artigos 74.º/2,
77.º/2, 78.º/3 e 79.º/1 do CE).
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direito de reversão pode não ser o sujeito ativo do registo que antecede a inscrição a
favor da entidade expropriante, pelo que o cancelamento desta inscrição traduziria a
extinção do direito de propriedade na esfera patrimonial do expropriante, mas não o
efeito aquisitivo documentado no ato de adjudicação.
1.4.3. Pelo que, nesta ordem de razões, propendemos a considerar, como no processo
C.P. 31/97 DSJ-CT, que, para efeitos de publicidade registal, o exercício do direito de
reversão se traduz num facto aquisitivo, a lavrar por inscrição.
2. Como atrás se disse, pressuposto do exercício do direito de reversão é que o bem não
tenha sido aplicado ao fim que determinou a expropriação ou que, entretanto, tenham
cessado as finalidades da expropriação, contudo, essa falha de destinação não significa
que entre um período e o outro, isto é, que entre o ato de expropriação e o ato de
reversão, o bem não tenha sido objeto de benfeitorias ou de modificações relevantes,
como o fracionamento do bem expropriado ou a sua anexação.
2.1. E pode também suceder que a ficha de registo respetiva tenha sido inutilizada, em
face da colocação efetiva do bem ao serviço da finalidade pública entretanto extinta e a
pretexto do regime de dominialidade.
2.2. Assim, mesmo que se queira atribuir à reversão a natureza jurídica de condição
resolutiva tácita, a verdade é que o exercício deste direito não é de molde a apagar a
realidade material existente, ou a dar azo a qualquer correção da realidade registal
atinente ao bem expropriado; antes se impõe, em face do disposto nos artigos 75.º/1 e
77.º/1/b) do CE, que tal realidade seja considerada no processo de reversão e que neste
se alcance a necessária sobreposição física e registal do prédio a reverter.
2.3. Com efeito, ao registo predial convém, antes de mais, que a realidade material
sobre que versa o direito de reversão venha identificada no ato de adjudicação em
termos que permitam localizar ou criar o suporte descritivo do prédio e as menções
(atualizadas) que dele devam constar.
2.4. E claro que ao serviço de registo competirá lidar com as vicissitudes do objeto da
expropriação retratadas no registo, se necessário for, através de averbamentos de
desanexação ou de anexação, de forma a que passe a figurar o bem objeto do direito de
reversão, com os sinais descritivos indicados no ato judicial de adjudicação.
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2.5. Daí que, num caso como o da consulta, coubesse a abertura de uma nova descrição,
resultante da anexação das parcelas que perfazem o prédio expropriado, sendo que a
retificação que houver de ser feita pedirá também, em termos de técnica e nos termos
explicitados no despacho judicial adrede proferido, que se crie a descrição nova,
mediante anexação das parcelas anteriormente desanexadas ao remanescente descrito
sob o n.º ... 4.
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A execução da retificação projetada na consulta demandará que, com referência à anotação no diário do
pedido de retificação ou do auto de verificação da inexatidão, e em conformidade com os documentos judiciais
pertinentes, se realizem os seguintes atos:
- Anexação das parcelas que compõem o prédio adjudicado, implicando, quanto ao prédio X, averbamento de
desanexação de parcela para anexação aos prédios Y e Z; quanto ao prédio Y, averbamento de anexação ao
prédio Z e a parcela do prédio X; e quanto ao prédio X, averbamento de anexação ao prédio Y e a parcela do
prédio X, com abertura de nova descrição;
- Transcrição do registo (ap. … de 2011/02/21) na nova ficha;
- Inutilização das fichas Y e Z;
-Retificação do conteúdo da inscrição, para que passe a constar o facto (aquisição) titulado nos documentos
apresentados e as menções correspondentes.
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Publicado no Diário da República, II Série, nº 53, de 4 de março de 1998.
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Assim concebido, o direito de propriedade não será apenas causa do direito de reversão, mas uma espécie de
direito «ressuscitado», que inclui, como faculdade, a própria reversão.
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3.2. Dada a ligação existente entre o direito de reversão e a transferência originada pela
expropriação, os herdeiros do expropriado assumem a qualidade de interessado que
pertencia ao de cuius e, dessa forma, atuam como titulares de uma situação jurídica
ativa do falecido (expropriado).
3.5. Além disso, impondo-se a satisfação de uma indemnização e, se for o caso, do valor
correspondente às benfeitorias realizadas no prédio (artigos 78.º e 79.º do CE), a menos
que alguma construção jurídica vingue em torno da ideia de que se trata de uma situação
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Referência útil neste domínio parece-nos ser o acórdão n.º 127/2012 do TC, no qual se sublinhou que «… seja
qual for o entendimento jurídico-constitucional de expropriação que se perfilhe, a expropriação implica a
privação de um concreto objeto de propriedade. Através dela, o proprietário é privado de uma concreta posição
jurídica, garantida pela Constituição, com base no pressuposto de que a expropriação serve o interesse público
e é necessária à realização de um fim de interesse público determinado».
Donde, segundo o decisor constitucional, «… a garantia de um direito de reversão não significa que o bem
expropriado continua a ser propriedade dos expropriados, ou que a transação esteja sujeita a uma cláusula
resolutiva de prossecução dos fins de utilidade pública justificativos do ato expropriativo. E assim é porque a
expropriação se configura inequivocamente como um ato extintivo de direitos subjetivos constituído sobre
determinados bens, pelo que o direito de propriedade não perdura na esfera jurídica do expropriado após a
consumação da expropriação».
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Como se refere no acórdão do STA, processo n.º 041983, de 2003/10/15, uma vez que a recuperação do
bem tem de ser total, não podendo ser divisível em termos de possibilitar a cada interessado recuperar uma
quota indivisa, havendo apenas alguns interessados que queiram exercer esse direito, assumirão estes os
encargos que competiam àqueles que não o quiseram fazer.
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jurídica (passiva) não hereditária abrangida pela sucessão, caberá sempre apurar a
proveniência das quantias envolvidas9.
3.6. Mas, seja como for, também aqui cumprirá que o registo se ocupe de refletir os
termos do ato de adjudicação, devendo o extrato do registo cingir-se a esse conteúdo,
sem lhe acrescentar, portanto, um regime do direito que não esteja patenteado no ato
judicial, sobre o qual, é sabido, nenhum poder-dever de sindicância lhe compete10.
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Isto na certeza de que a herança integra os bens deixados no momento da abertura da sucessão, os que
foram sub-rogados no lugar de bens da herança por meio de troca direta e os adquiridos com dinheiro ou
valores da herança, desde que a proveniência do dinheiro ou valores seja devidamente mencionada no
documento de aquisição (artigo 2069.º do CC).
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Note-se que, no caso relatado na consulta, a adjudicação é feita às três requerentes sem qualquer alusão à
sucessão ou à proveniência das quantias pagas à entidade expropriante.
Também nenhuma referência é feita aos cônjuges das requerentes, e, realmente, quer tivesse de se entender
que o bem integra a herança indivisa, quer se diga que é bem adquirido pelo herdeiro por virtude da
titularidade do direito de reversão adquirido por sucessão, não vemos por que deveria o cônjuge do herdeiro
casado na comunhão de adquiridos comungar dessa titularidade (cfr. artigo 1728.º do CC).
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“Se o conservador não viu o erro, nada impede que o interessado o tenha notado e […] envie o
requerimento solicitando a sua reparação. Ora, recebido este, terá de ser apresentado, sendo então a
retificação efetuada com base nele.”. Mouteira Guerreiro, Noções de Direito Registral, 1993, p. 263.
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Considerando o caso descrito na consulta, não custa admitir que a retificação se fundamente em
desconformidade com o título (quer quanto à distinção do facto sujeito a registo, quer quanto ao objeto do
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Encerramento
Cremos que tanto basta para dar resposta às questões colocadas, mas não para vincular
o serviço consulente ou substitui-lo no dever de decisão do caso concreto, já que,
consabidamente, é este quem, em primeira instância, decide e se responsabiliza pela
técnica registal e pela qualificação jurídica dos factos.
direito a inscrever) e se enquadre na previsão de gratuitidade, posto que, para nós, o despacho judicial
produzido após o ato de adjudicação não serviu senão para reforçar o que já se extraia da conjugação dos
elementos de identificação do prédio e da identidade dos sujeitos indicados na decisão judicial comunicada.