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PARA A GESTÃO E
FISCALIZAÇÃO DE
CONTRATOS
Sumário
1. GESTÃO E FISCALIZAÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO ........................................... 2
1.1. Obrigatoriedade da gestão e fiscalização do contrato............................................. 2
7.1. Designação do gestor e fiscal de contrato ............................................................... 5
1.1.1. O servidor público pode recusar o encargo? ................................................... 7
1.1.2. Perfil do gestor/fiscal de Contrato ................................................................... 8
1.1.3. Quem não pode ser gestor ou fiscal de contrato? ........................................... 8
1.2. Responsabilidade do gestor e fiscal de contratos .................................................... 9
1.3. Atribuições do gestor e do fiscal de contrato ........................................................ 12
2. BOAS PRÁTICAS DE GESTÃO E FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS...................................... 14
3. ATUAÇÃO DO GESTOR NAS ALTERAÇÕES CONTRATUAIS .............................................. 26
3.1. Acompanhamento da Execução Contratual........................................................... 26
3.2. Modificação Contratual .......................................................................................... 27
3.3. Providências para a modificação do contrato:....................................................... 29
3.4. Fluxograma para a modificação contratual: .......................................................... 29
3.5. Fluxograma para a prorrogação contratual: .......................................................... 29
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei
confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
Art. 58, III - fiscalizar-lhes a execução.
Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei confere à
Administração, em relação a eles, as prerrogativas de:
III – fiscalizar sua execução;
Deixando claro que a atividade de fiscalização dos contratos é mais que um poder, é um
dever da Administração.
O Tribunal de Contas da União em seu Manual Licitações e Contratos, salienta com muita
propriedade que:
Ainda, há que se destacar, a Lei Goiana de Licitações, Lei Estadual n.º 17.928, de 27 de
dezembro de 2012, que regula os Contratos Administrativos em seu Capítulo VIII, dedicando a
Seção III à Fiscalização e Gestão dos Contratos, e que prescreve em seu art. 51, caput:
Já a Nova Lei de Licitações, trata do assunto com maiores detalhes, que serão estudados
nesse curso.
Em resumo:
§ 4º Na hipótese da contratação de
terceiros prevista no caput deste artigo,
deverão ser observadas as seguintes regras
[....]
Denominado
representantes da
Gestor do
Administração
Contrato
Nesse sentido, o art. 51 da Lei Estadual nº 17.928/2012, ainda dispõe que a designação do
gestor do contrato deve observar o seguinte:
Essa disposição estadual está de acordo com a Nova Lei de Licitações. No entanto, vale
conhecer as novidades a respeito da designação de gestores e fiscais de contratos na Lei
14.133/2021:
São deveres do servidor público cumprir as ordens superiores, exceto quando forem
manifestamente ilegais. O raciocínio empregado para a designação de fiscal de contrato é o
mesmo aplicável para o caso de nomeações para comissões sindicantes, estando também
incumbido de realizar este mister. Trata-se de obrigação adicional, indicada entre compromissos
dos agentes públicos, não havendo, portanto, possibilidade de ser recusado o encargo. A
desobediência hierárquica enseja a possibilidade de sanções administrativas ao agente, nos
termos da Lei Estadual n.º 10.460/1988 (estatuto do servidor estadual).
Em virtude do Princípio da Segregação de Funções, não podem ser indicados para fiscalizar
os servidores responsáveis o pregoeiro, ou os membros da comissão de licitação. Também as
situações de conflitos de interesses importam em óbice à designação como fiscal de contrato.
O art. 51, §1º da Lei Estadual n.º 17.928/2012, ainda descreve as seguintes vedações à
designação de servidor que:
O gestor ou fiscal de contratos, assim como todo servidor público, no exercício da função,
deve cumprir a lei e as normas regulamentares, além dos princípios e da moral ética. O exercício
irregular de suas atribuições lhe sujeita a responsabilização civil, penal ou administrativa.
Penalmente, quando praticar conduta tipificada como crime ou infração penal, previstos
no Código Penal ou na Seção III da Lei nº 8.666/1993, que trata dos crimes e das penas.
“Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que simplesmente tentados,
sujeitam os seus autores, quando servidores públicos, além das sanções penais,
à perda do cargo, emprego, função ou mandato eletivo.
Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins desta Lei, aquele que exerce,
mesmo que transitoriamente ou sem remuneração, cargo, função ou emprego
público.
§ 1o Equipara-se a servidor público, para os fins desta Lei, quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, assim consideradas, além das
fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, as demais
entidades sob controle, direto ou indireto, do Poder Público.
§ 2o A pena imposta será acrescida da terça parte, quando os autores dos
crimes previstos nesta Lei forem ocupantes de cargo em comissão ou de função
de confiança em órgão da Administração direta, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista, fundação pública, ou outra entidade controlada
direta ou indiretamente pelo Poder Público. [...]
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou
deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente
concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou
inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro
expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de
obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto
da licitação: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
Administração, dando causa à instauração de licitação ou à celebração de
contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário: Pena -
detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 92. Admitir, possibilitar
ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação
contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos
celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da
No âmbito civil, o Estatuto do Servidor dispõe que o servidor público também responde:
Assim, caso o gestor e/ou fiscal, por sua ação ou omissão, gerar prejuízos aos cofres
públicos, ao patrimônio ou ao erário público, deverá ressarcir os prejuízos, a título de
indenização, nos termos do Código Civil (Lei 10.406/2002):
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito ( arts. 186 e 187 ), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
O gestor/fiscal de contratos poderá ser responsabilizado tanto por sua ação ou omissão,
admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer ato ilegal, pelo exercício irregular de suas
atribuições. Diante do rigor legal, a missão do agente público é sempre árdua, e muitas vezes
arriscada! Porém o exercício da função de gestor e fiscal de contratos nos confere o poder de
fazer bem feito e com honestidade, o que muitos não o fariam!
Cabe ao servidor público designado para essas funções zelarem pela ética, exercerem a
eficiência e probidade na realização dos gastos públicas! O papel do gestor e do fiscal de
contratos têm máxima importância para a moralização da administração pública. Capacite-se e
esteja preparado para atuar com honestidade e transparência, assim, estará protegido e
protegerá o patrimônio e os interesse de toda a coletividade.
a) Ler, estudar e conhecer o inteiro teor do contrato sob sua responsabilidade, inclusive
eventuais aditivos e apostilas, dando especial atenção quanto a:
Objeto da contratação;
Forma de execução;
Forma de fornecimento de materiais e prazo de entrega ou prestação de
serviços;
Cronograma de serviços;
Obrigações da contratante e da contratada;
Condições de pagamento;
Regras de fiscalização;
Sanções administrativas.
b) Identificar as cláusulas contratuais que merecerão maior atenção durante
acompanhamento do contrato;
c) Verificar se há Modelo de Gestão do Contrato e Matriz de Riscos;
d) Conhecer a proposta comercial da contratada com todos os seus itens, condições e
preços;
e) Conhecer o processo de contratação, especialmente o projeto básico, termo de
referência, estudos e projetos preliminares à contratação e/ou execução, o edital de
licitação, e outros documentos relevantes à interpretação e gestão do contrato;
f) Verificar se:
A nota de empenho foi emitida previamente?
O contrato ou outros instrumentos hábeis estão devidamente assinados?
O extrato do contrato foi publicado, na forma legal?
Houve a formalização da nomeação do gestor/fiscal do contrato?
Foram cumpridas as exigências legais ou contratuais necessárias ao início da
execução do contrato (exemplo: apresentação de garantia de execução)?
Sugerimos que o Gestor do Contrato, autuar um processo no Sistema SEI, com o tipo:
“Gestão e Fiscalização”, bem como relacionar o processo ao processo originário da contratação.
Todos os documentos e evidências gerados durante a fase de execução do contrato, serão
juntados nesse processo, a começar pela cópia da portaria de designação do gestor/fiscal e
documentos relacionados.
Assim, o gestor/fiscal de contratos deverá:
• Atuar proativa e tempestivamente
• Documentar atuação por escrito
• Colecionar provas de sua atuação (não omissão)
• Tornar informações públicas
É interessante manter uma pasta, eletrônica e/ou impressa, destinada a colecionar todos
os documentos e evidências gerados durante a fase de execução do contrato, com cópia dos
documentos que possam ser facilmente acessados durante a fiscalização da execução
contratual, especialmente:
Contrato, termo aditivo, apostilas e suas respectivas publicações;
Proposta de preços da contratada, acompanhada, se for o caso, da planilha de
composição de custo e formação de preço, relação de materiais ou equipamentos,
etc;
Termo de Referência, Projeto Básico, Edital e/ou outros documentos relacionados
à fase de licitação e necessários à gestão contratual;
Coletânea de legislação geral e específica aplicável à contratação;
Portaria ou outro ato de nomeação do gestor; o Relação nominal de todos os
funcionários que irão prestar serviços e comprovação de regularidade do vínculo
trabalhista com a contratada;
Relação de materiais, máquinas e equipamentos (insumos) exigidos ou necessários
à execução contratual
Nessas comunicações realizadas é muito importante que o gestor mantenha registro, tanto
para arquivar o histórico da execução do contrato quanto para fazer prova em momentos
futuros (a exemplo da instrução de processos administrativos para aplicação de penalidades à
contratada ou para a apuração de responsabilidades de servidores públicos).
Caso não seja conveniente realizar uma reunião prévia, o gestor poderá enviar uma “carta
de boas-vindas” ao contratado, que na verdade objetivará apresentar as regras de comunicação
entre as partes, frisar que a fiscalização do contrato será permanente, etc. O Gestor poderá usar
esta carta para repassar ao contratado outras informações que seriam discutidas numa reunião,
conforme sugerido acima. É importante que tal documento informe a forma que a contratada
poderá sanar suas dúvidas e/ou contatar o gestor/fiscal do contrato.
Ainda cabe destacar que a Nova Lei de Licitações seguiu disposições da Lei 8.666/1993
quanto às condições de recebimento:
a) Verifique a qualidade dos materiais e/ou dos serviços entregues, podendo exigir sua
substituição ou refazimento, quando não atenderem aos termos do que foi contratado;
Nos termos da Direito Financeiro, só pode haver o pagamento de despesa após sua regular
liquidação.
A liquidação da despesa é a apuração do valor devido à contratada (crédito da contratada).
Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua
regular liquidação.
Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido
pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do
respectivo crédito.
§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:
I - a origem e o objeto do que se deve pagar;
II - a importância exata a pagar;
III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.
§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados
terá por base:
I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;
II - a nota de empenho;
III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do
serviço.
Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade
competente, determinando que a despesa seja paga.
Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada em
documentos processados pelos serviços de contabilidade.
De acordo com a Lei 8.666/1993 o prazo de pagamento será de até 30 dias, sendo
que a nova Lei de Licitações não fixa prazo.
Segundo a Lei 8.666/1993:
Após verificada a perfeita entrega do objeto contratado (as exigências do edital e contrato
foram atendidas em sua integralidade), atestar as notas fiscais/faturas (ou outro documento
hábil), que valerá como autorização para que o setor financeiro proceda o pagamento respectivo
ao Contratado.
A Glosa de Pagamento equivale a censurar, criticar, suprimir ou anular, dentre outras
acepções. Trata-se de juízo de reprovabilidade que alguém tem em relação a algo. Segundo com
o art. 62 da Lei nº 4.320/64, a liquidação da despesa consiste em ato unilateral da Administração,
praticado com o objetivo de apurar a importância exata a pagar.
Nesses moldes, se durante o procedimento de liquidação da despesa, com base nos
registros gerados pela fiscalização do contrato, for comprovado que a contratada executou o
objeto em condições quantitativas ou qualitativas inferiores àquelas contratadas e pelas quais
esteja cobrando em sua nota fiscal/fatura, cumprirá à Administração glosar a diferença do valor
cobrada indevidamente.
Glosa então significa anular ou rejeitar parte de uma cobrança porque indevida. No caso, a
cobrança indevida a ser glosada é caracterizada pela inadequação do objeto executado em face
dos termos e das especificações contratadas.
A retenção por sua vez, é a guarda de valores devidos a outrem. No caso dos
contratos, a Administração Pública tem o dever de realizar as retenções legais devidas.
Embora seja pouco praticado, o registro de ocorrências não é novidade legislativa! A Lei
8.666, previa:
Nesse sentido estão as principais obrigações do Gestor, nos termos da Lei Estadual
17.928/2012:
Portanto, a fim de mitigar tal risco, é boa prática que o gestor proceda ao Registro de
Ocorrências e também faça avaliações mensais do contrato.
Como vimos no início do curso, o Contrato Administrativo assim como qualquer outro
contrato, pela regra geral, é imutável, por se constituir lei entre as partes (Pacta sunt servanda).
Portanto, nenhuma das partes pode arbitrariamente modificar as condições contratuais.
Assim, reafirmamos que as alterações contratuais devem ser vistas como exceção!
Portanto, ao planejar uma Contratação a Administração deve cuidar de realizar estudos prévios
consistentes, avaliar bem a oportunidade e a necessidade da contratação, evitar erros no
projeto básico e especificações técnicas, e inclusive, prever a ocorrência de fatos futuros (riscos)
que poderão levar à necessidade de alteração contratual.
Nesse sentido, devemos sempre buscar contratar da forma mais adequada possível,
evitando ao máximo necessitar modificar as condições contratuais, para que os contratos sejam
executados nos exatos termos e condições inicialmente pactuadas!
Portanto, a alteração contratual serve para atender ao interesse público, e não para corrigir
erros substanciais na elaboração dos projetos básicos e termos de referência! A modificação do
contrato será nula quando:
a) desmotivada;
É importante frisar que no que se refere às modificações contratuais, vemos que o novo
regime de contratações públicas (Lei 14.133/2021) não promoveu alterações substanciais
perante à lei antiga (Lei 8.666/1993), como veremos a seguir.
Qualitativas
Unilaterais
Quantitativas
Substituição da garantia;
Alterações Contratuais
Alteração do regime de
execução ou do modo de
fornecimento;
Alteração da forma de
Consensuais pagamento;
Restabelecimento do
equilíbrio econômico-
financeiro.
Supressão do objeto
além do limite
estabelecido em lei
Verificar se estão
presentes os requisitos Comprovação por
Justificativa técnica
de modificação documentos de todos os
quanto à necessidade
requisitos
• Fato superveniente, etc..
Ausência de
Respeito ao prazo
Justificativa por interrupção de prazo
Previsão contratual máximo de vigência
escrito de vigência do
contratual
contrato
Manutenção das
Condições de Interesse da
condições de
execução do contratada em Instrução processual
habilitação da
contrato satisfatórias prorrogar
contratada
Aditivo contratual
Parecer jurídico formalizado pela
prévio Autoridade
Competente