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0 – ASPECTOS GERAIS

 A recusa do Servidor, ao receber a designação para ser FISCAL ou GESTOR,


entendemos, somente poderá ocorrer nas seguintes hipóteses:
a) For impedido (parente, cônjuge, companheiro) ou suspeito (amigo íntimo, inimigo,
recebeu presentes, tem relação de débito com a empresa ou qualquer tipo de
interesse, direto ou indireto, junto ao contratado).
b) Não detém conhecimento específico. Neste caso, deve dirigir-se por escrito à
autoridade, dizendo da situação e solicitando a substituição. Se mantido, cumprirá
o encargo. Mas, pelo menos, estará resguardado de eventual erro.
c) Há quem queira recusar por acúmulo de serviço na atividade principal. Sobre isso,
o DASP também se pronunciou: “Quanto a outros interesses do serviço, cumpre à
autoridade competente apreciá-los previamente, não cabendo ao funcionário
designado fazer a invocação dos mesmos, para exonerar-se do encargo”. (Artigo
Revista TCU - 2004).

1 – GESTOR DO CONTRATO

 Não se confunda GESTÃO com FISCALIZAÇÃO de contrato. A gestão é o serviço geral de


gerenciamento de todos os contratos; a fiscalização é pontual.
 Na gestão, cuida-se, por exemplo, do reequilíbrio econômico-financeiro, de incidentes
relativos a pagamentos, de questões ligadas à documentação, ao controle dos prazos
de vencimento, de prorrogação, etc. É um serviço administrativo propriamente dito,
que pode ser exercido por uma pessoa ou um setor. Já a fiscalização é exercida
necessariamente por um representante da Administração, especialmente designado,
como preceitua a lei, que cuidará pontualmente de cada contrato.
 Os órgãos podem implantar um serviço específico de gestão dos contratos. É bom que
isso aconteça. Permite a profissionalização. Cria especialistas na área. Entretanto, essa
medida não exclui a responsabilidade da nomeação do fiscal. A lei estabelece o dever
de nomear um fiscal específico para cada contrato.
 A área de gestão, então, terá uma visão macro, fará um gerenciamento geral. Mas o
acompanhamento pontual será sempre do fiscal, com responsabilidade própria e
exclusiva. (Artigo Revista TCU - 2004).
 IN 05/2017 - Art. 40. I - Gestão da Execução do Contrato: é a coordenação das
atividades relacionadas à fiscalização técnica, administrativa, setorial e pelo público
usuário, bem como dos atos preparatórios à instrução processual e ao
encaminhamento da documentação pertinente ao setor de contratos para
formalização dos procedimentos quanto aos aspectos que envolvam a prorrogação,
alteração, reequilíbrio, pagamento, eventual aplicação de sanções, extinção dos
contratos, dentre outros.
 IN 05/2017 - Art. 45. Após a assinatura do contrato, sempre que a natureza da
prestação dos serviços exigir, o órgão ou entidade deverá promover reunião inicial
para apresentação do plano de fiscalização, que conterá informações acerca das
obrigações contratuais, dos mecanismos de fiscalização, das estratégias para execução
do objeto, do plano complementar de execução da contratada, quando houver, do
método de aferição dos resultados e das sanções aplicáveis, dentre outros.
§ 1º Os assuntos tratados na reunião inicial devem ser registrados em ata e,
preferencialmente, estarem presentes o gestor, o fiscal ou equipe responsável pela
fiscalização do contrato, o preposto da empresa, e, se for o caso, o servidor ou a
equipe de Planejamento da Contratação.
§ 2º O órgão ou entidade contratante deverá realizar reuniões periódicas com o
preposto, de modo a garantir a qualidade da execução e os resultados previstos para a
prestação dos serviços.

 IN 05/2017 - Art. 46. As ocorrências acerca da execução contratual deverão ser


registradas durante toda a vigência da prestação dos serviços, cabendo ao gestor e
fiscais, observadas suas atribuições, a adoção das providências necessárias ao fiel
cumprimento das cláusulas contratuais, conforme o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 67
da Lei nº 8.666, de 1993.
§ 1º O registro das ocorrências, as comunicações entre as partes e demais documentos
relacionados à execução do objeto poderão ser organizados em processo de
fiscalização, instruído com os documentos de que trata o § 4º do art. 42.
§ 2º As situações que exigirem decisões e providências que ultrapassem a
competência do fiscal deverão ser registradas e encaminhadas ao gestor do contrato
que as enviará ao superior em tempo hábil para a adoção de medidas saneadoras.

 IN 05/2017 - Art. 47. A execução dos contratos deverá ser acompanhada e fiscalizada
por meio de instrumentos de controle que compreendam a mensuração dos seguintes
aspectos, quando for o caso:
I - os resultados alcançados em relação ao contratado, com a verificação dos prazos de
execução e da qualidade demandada;
II - os recursos humanos empregados em função da quantidade e da formação
profissional exigidas;
III - a qualidade e quantidade dos recursos materiais utilizados;
IV - a adequação dos serviços prestados à rotina de execução estabelecida;
V - o cumprimento das demais obrigações decorrentes do contrato; e
VI - a satisfação do público usuário.
 Acórdão 1632/2009-Plenário: A Administração deve regularizar a deficiência
detectada na fiscalização dos contratos, bem como certificar-se de que os fiscais
designados para tal função exerçam efetivamente o acompanhamento das obras, nos
termos do art. 67 da Lei 8.666/1993.
 Acórdão 748/2011-Plenário: O acompanhamento e controle dos contratos
administrativos devem se dar por meio de processos organizados, inclusive com o rol
de documentos necessários à verificação prévia aos pagamentos, bem como devem
ser segregados os papéis e responsabilidades dos envolvidos na contratação,
mormente as atividades a serem desenvolvidas pelos fiscais de campo e gestores do
contrato.
 Acórdão 3576/2019-Primeira Câmara: É irregular alteração contratual para incluir, no
instrumento pactuado, serviços já previstos no edital como obrigação da futura
contratada, mas que foram omitidos na planilha orçamentária da obra.
Só se admite alteração, quantitativa ou qualitativa, decorrente de fato superveniente à
celebração do contrato, e desde que haja interesse público no aditamento.
 Após recebimento definitivo dos serviços, conforme previsto nos arts. 49 e 50 desta
Instrução Normativa, o gestor do contrato deve instruir o processo de pagamento com
a Nota Fiscal ou Fatura e os demais documentos comprobatórios da prestação dos
serviços e encaminhar para o setor competente para pagamento.
 A Nota Fiscal ou Fatura deverá ser obrigatoriamente acompanhada da comprovação
da regularidade fiscal, constatada por meio de consulta on-line ao Sicaf ou, na
impossibilidade de acesso ao referido Sistema, mediante consulta aos sítios
eletrônicos oficiais ou à documentação mencionada no art. 29 da Lei nº 8.666, de
1993.
 Constatando-se, junto ao Sicaf, a situação de irregularidade do fornecedor contratado,
deverão ser tomadas as providências previstas no § 4º do art. 3º da Instrução
Normativa nº 2, de 11 de outubro de 2010.

2 – FISCAL TÉCNICO / FISCAL DO CONTRATO

 A Lei nº 8.666/93 – Lei de Licitações e Contratos -, no art. 67, impõe (o verbo é esse:
impor) o seguinte: “A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por
um representante da Administração especialmente designado...” (Grifamos.)
 Na verdade, o legislador estabeleceu a obrigação de as duas partes terem um
representante. Assim, a contratado elege um preposto, que deverá ser a pessoa de
contato, a quem a Administração irá se reportar sempre que necessário. E a
Administração fará o mesmo: terá um fiscal, que o professor Jorge Ulisses Jacoby
Fernandes chama de executor do contrato. Este, será a referência nos contatos do
contratado, mas, principalmente, será o responsável pela verificação da regularidade
na fase executória.
 Assim, durante uma obra, não se vai esperar o final para constatar que ela não
atendeu as especificações do contrato. Isso criará um incidente que retardará a
entrega, em prejuízo ao interesse público. A irregularidade deve ser constatada de
pronto, pelo fiscal, que periodicamente estará inspecionando a execução.
 A omissão do funcionário encarregado para o ofício – ou o incorreto cumprimento da
tarefa - pode gerar dano ao erário. Neste caso, além da responsabilidade no plano
disciplinar, por exemplo, ele sofrerá as consequências civis, atraindo para si o dever de
reparar o prejuízo. Para isso, há, na esfera federal, um processo próprio, previsto no
art. 8º da Lei nº 8.443/92: o processo de tomada de contas especial.
 Veja-se que a Lei de Licitações explica: a) o fiscal pode solicitar o assessoramento
técnico necessário; b) o fiscal deve anotar em expediente próprio as irregularidades
encontradas, as providências que determinou, os incidentes verificados e o resultado
dessas medidas.
 A falta dessas anotações pode ter graves consequências. O art. 78 da Lei, por exemplo,
no inciso VIII, faculta à Administração promover, em processo próprio, a rescisão do
contrato por cometimento reiterado de faltas. Mas não é só. O mesmo inciso
condiciona que essas faltas estejam anotadas pelo fiscal, na forma que prevê o art. 67,
§ 1º. A falta dessas anotações – ou anotações sem as formalidades do citado
dispositivo – impede a rescisão, ainda que se trata de um contratado faltoso. (Artigo
Revista TCU - 2004).
 IN 05/2017 - Art. 40. II - Fiscalização Técnica: é o acompanhamento com o objetivo de
avaliar a execução do objeto nos moldes contratados e, se for o caso, aferir se a
quantidade, qualidade, tempo e modo da prestação dos serviços estão compatíveis
com os indicadores de níveis mínimos de desempenho estipulados no ato
convocatório, para efeito de pagamento conforme o resultado, podendo ser auxiliado
pela fiscalização de que trata o inciso V deste artigo;
 LEI nº 6.496/77 – ART
Art 1º - Todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação de
quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à Agronomia
fica sujeito à "Anotação de Responsabilidade Técnica" (ART).
Art 2º - A ART define para os efeitos legais os responsáveis técnicos pelo
empreendimento de engenharia, arquitetura e agronomia.
§ 1º - A ART será efetuada pelo profissional ou pela empresa no Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), de acordo com Resolução própria do
Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA).
 LEI nº 5.194/66 – ART
Art. 7º As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do arquiteto e do
engenheiro-agrônomo consistem em:
a) desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais, paraestatais,
autárquicas, de economia mista e privada;
b) planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras, estruturas,
transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvimento da produção
industrial e agropecuária;
c) estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e divulgação
técnica;
d) ensino, pesquisas, experimentação e ensaios;
e) fiscalização de obras e serviços técnicos;
f) direção de obras e serviços técnicos;
g) execução de obras e serviços técnicos;
h) produção técnica especializada, industrial ou agro-pecuária.
 RESOLUÇÃO CONFEA Nº 1025 – ART
CAPÍTULO I
DA ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA
Art. 2º A ART é o instrumento que define, para os efeitos legais, os responsáveis
técnicos pela execução de obras ou prestação de serviços relativos às profissões
abrangidas pelo Sistema Confea/Crea.
Art. 3º Todo contrato escrito ou verbal para execução de obras ou prestação de
serviços relativos às profissões abrangidas pelo Sistema Confea/Crea fica sujeito ao
registro da ART no Crea em cuja circunscrição for exercida a respectiva atividade.
...
Art. 44. O registro da ART de cargo ou função de profissional integrante do quadro
técnico da pessoa jurídica não exime o registro de ART de execução de obra ou
prestação de serviço - específica ou múltipla.
Art. 45. O registro da ART de cargo ou função somente será efetivado após a
apresentação no Crea da comprovação do vínculo contratual.
 SÚMULA TCU 260: É dever do gestor exigir apresentação de Anotação de
Responsabilidade Técnica - ART referente a projeto, execução, supervisão e
fiscalização de obras e serviços de engenharia, com indicação do responsável pela
elaboração de plantas, orçamento-base, especificações técnicas, composições de
custos unitários, cronograma físico-financeiro e outras peças técnicas.
 Acórdão 1632/2009-Plenário: Não é pertinente a Administração esperar o término do
contrato para verificar se o objeto fora de fato concluído conforme o programado,
uma vez que, no momento do seu recebimento, muitos vícios podem já se encontrar
encobertos.
 Acórdão 103/2007 – Plenário: Para o acompanhamento da execução de um contrato
devem ser desenvolvidos eficientes mecanismos de fiscalização e supervisão das
obras, somente sendo autorizada a execução de serviços previamente definidos pela
Administração cujas medições devem conter a localização exata da estaca e dos
volumes efetivamente executados.
 Acórdão 2183/2007-Plenário: O acompanhamento de obra deve ser realizado
diariamente, fazendo-se constar assinatura do responsável no diário de obras com
regularidade.
 Acórdão 4447/2020-Segunda Câmara: A atestação da execução de serviços de
engenharia desacompanhada de boletins de medição, com base apenas em
documentos produzidos pela própria empresa contratada, constitui irregularidade
apta à responsabilização do fiscal do contrato, independentemente da caracterização
de dano ao erário. A autorização de pagamento sem os referidos boletins atrai
também a responsabilidade do ordenador de despesas.
 Acórdão 3157/2011-Plenário: Na execução dos contratos de conservação e
restauração rodoviária, a Administração deve exigir, como condição para o pagamento
das medições, que os quantitativos medidos sejam discriminados em relatório de
fiscalização que identifique, por meio de mapas lineares ou outros instrumentos, a
estaca e a posição geográfica inicial e final da execução de cada serviço, acompanhado
por arquivo de fotos digitais datadas e que enquadrem a indicação, com precisão
mínima de uma centena de metros, da localização em que foram obtidas, de forma a
evidenciar suficientemente a situação dos trechos concernentes antes e depois dos
trabalhos e registrar inequivocamente a realização das atividades.
 Acórdão 1731/2009-Plenário: Em se tratando de obras rodoviárias, a existência de
prova de ingerência da contratada na elaboração das medições, a constatação de
inconsistências entre medições de alguns serviços e os quantitativos executados e a
ausência de documentos como diário de obras, memória de cálculo dos serviços
executados, relatório semanal de atividades e registro de fiscalizações efetuadas por
equipes externas à obra, contrariam o disposto no art. 67, da Lei 8.666/1993 e
constituem evidências suficientes para sustentar a aplicação de multa ao fiscal da obra
em face de grave deficiência de fiscalização.
 Acórdão 1545/2008-Plenário: Na execução de contrato administrativo deve haver
documento específico para controle dos serviços prestados, para o fim de pagamento
à contratada, que deverá conter a definição e a especificação dos serviços a serem
realizados e as métricas utilizadas para avaliar o volume de serviços solicitados e
realizados.
 Acórdão 173/2012-Plenário: As medições de um contrato devem identificar
precisamente os serviços executados e os respectivos preços, bem como os
profissionais em exercício no período e a remuneração de cada um.
 Acórdão 1998/2008-Plenário: A administração não deve efetuar pagamentos a partir
de boletins de medição imprecisos, devendo exigir da empresa responsável pela
fiscalização a adequada aferição dos quantitativos faturados pela empresa executora
por meio de medição-verificação dos serviços realizados a cada etapa e a apresentação
da respectiva memória de cálculo.
 Acórdão 5902/2016-Primeira Câmara: Ao assinar os boletins de medição, ainda que
não tenha a expertise necessária para tanto, assume o subscritor a responsabilidade
em relação aos serviços medidos e por ele liquidados.
 Acórdão 2512/2019-Plenário: Os editais de licitação de obras públicas devem prever
critério objetivo de medição para a administração local, com pagamentos
proporcionais à execução financeira da obra, abstendo-se de prever o custeio desse
item como um valor mensal fixo.
 Acórdão 585/2009-Plenário: Nos processos de medição de obras rodoviárias devem
constar a memória de cálculo detalhada dos serviços executados (artigos 58, inciso III,
67, §1º, 69, 70 e 113 da Lei 8.666/1993).
 Acórdão 4593/2010-Segunda Câmara: O registro da fiscalização de obra pública é ato
vinculado, fundamental para procedimentos de liquidação e pagamento dos serviços.
É controle essencial que a administração exerce sobre o contratado, o qual propicia
aos gestores informações acerca do cumprimento do cronograma das obras e a
conformidade da quantidade e qualidade contratadas e executadas.
 Acórdão 778/2010-Plenário: Não são idôneos a comprovar a execução de
quantitativos de serviços de obra pública os documentos e declarações que aparecem
extemporaneamente, sem qualquer indício de que tenham pertencido ao processo de
execução contratual.
 Decreto 7.983/13- art. 14: A diferença percentual entre o valor global do contrato e o
preço global de referência não poderá ser reduzida em favor do contratado em
decorrência de aditamentos que modifiquem a planilha orçamentária.

3 – FISCAL ADMINISTRATIVO

 IN 05/2017 - Art. 40. III - Fiscalização Administrativa: é o acompanhamento dos


aspectos administrativos da execução dos serviços nos contratos com regime de
dedicação exclusiva de mão de obra quanto às obrigações previdenciárias, fiscais e
trabalhistas, bem como quanto às providências tempestivas nos casos de
inadimplemento;

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