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CONTRATO E DISTRATO DE SERVIÇOS CONTÁBEIS

e
COBRANÇA DE HONORÁRIOS
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É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de qualquer forma ou por qualquer meio. (Código Penal
Brasileiro, artigo 184)
Prof. Gercino Bett Jr.

• Advogado com atuação na Área Cível e Empresarial desde 1991.


• Desde 2017:
• Ministra palestras de Responsabilidade Cível e Penal do Contador no CRC-PR e CRC-SC;
• Estuda a área de atuação do profissional contábil, oferecendo ferramentas a esse profissional na
proteção de seus serviços contábeis, baseado na quantidade de responsabilidades que são atribuídas,
não só por força da atividade, mas também pela legislação que a cada dia coloca o contador como
“fiscal” da empresa, e em alguns casos, até responsável.
• Desde 2019 ministra palestras diretamente nos Escritórios de Contabilidade informando o grau de
Responsabilidade Civil, Contratual, Tributária, Ética e Penal em que está sujeita a atividade do Contador.
Com essas palestras diretas nos Escritórios Contábeis analisava o Contrato e Distrato de cada escritório e pude
perceber que existe a necessidade de aperfeiçoamento do Contrato e Distrato Contábil, tendo como objetivo
proteger a atividade do profissional contábil e, também, em caso de inadimplência e fim da prestação de serviço,
as formas de cobrança de honorários buscando uma maior eficiência em menos tempo.

Um bom Contrato e Distrato Contábil pode mitigar


os efeitos da Responsabilidade do Contador além
de agilizar a Cobrança de Honorários em anos,
conforme veremos no decorrer da exposição.
Objetivo

Orientar e alertar o profissional contábil sobre o Contrato e Distrato Contábil e a forma de Cobrança dos
Honorários.
CONTRATO
Num Contrato, as partes contratantes acordam como devem se conduzir um em face do outro, combinando
seus interesses, constituindo, modificando ou extinguindo obrigações.

“É muito importante que a oferta de serviços seja feita mediante proposta que contenha o detalhamento
dos serviços, negociados bem antes de concretizar o Contrato.”

O contrato escrito tem por finalidade comprovar a extensão e os limites da responsabilidade técnica,
propiciando segurança para as partes em relação às obrigações assumidas.

Um contrato bem formalizado trará uma maior segurança jurídica.

A importância do contrato e distrato contábil está explícita na Resolução nº 1.590/20 do CFC, cujo art. 11
determina que “A inobservância do disposto na presente Resolução constitui infração ao Regulamento
Geral dos Conselhos de Contabilidade e ao Código de Ética Profissional do Contador, sujeitando-se o
infrator às penalidades previstas, no art. 27, alíneas “c” e “g”, do Decreto-Lei n.º 9.295/1946.”
Essa apresentação terá por base as normas do CFC, disciplinado pela Resolução CFC 1.590 de 19 de Março de
2020 que entrou em vigor em 01º de julho de 2020 – que regulamenta a obrigatoriedade do contrato de
prestação de serviços contábeis e o distrato.

Antes de analisarmos os requisitos do Contrato, o art. 4º da Resolução alerta que:

“A oferta de serviços deverá ser feita mediante proposta que contenha o detalhamento dos
serviços, a periodicidade, o valor de cada serviço, condições de pagamento, prazo de duração da
prestação de serviços, forma de reajuste, a parte dos serviços que deverá ser executada pelo
contratante (caso tenha) e outros elementos necessários para formalização do contrato”

Pois no seu parágrafo único diz:

“A inobservância ao disposto no caput obriga o profissional a realizar todo e qualquer serviço


compatível com a sua habilitação e condições de preço e prazo a serem ajustadas entre as
partes.”
Assim o parágrafo único do art. 4º da Resolução 1.590/20 teve por base o Código Civil no art. 601:

“Não sendo o prestador de serviço contratado para certo e determinado trabalho, entender-se-á que se
obrigou a todo e qualquer serviço compatível com as suas forças e condições.”
O art. 2º nos apresenta os requisitos do Contrato:

 A identificação das partes contratantes


• deve constar o endereço eletrônico das partes;
• ideal que esse endereço eletrônico seja incluído como meio oficial de comunicação entre as partes;
• verificar se quem assinou tem efetivamente poderes para tanto.
 Detalhamento dos serviços a serem prestados de forma eventual, habitual ou permanente
• somente serviços obrigatórios;
• pode ser dispensando o balancete.
 Duração do contrato
• quando passar a indeterminado, fazer a notificação.
 Valor dos honorários profissionais cobrados por cada serviço prestado, eventual, habitual ou permanente
• não pode suspender os serviços por falta de pagamento dos honorários;
• o Código de Ética Profissional do Contador impõe a fixação do valor dos serviços contábeis por
escrito.
 Prazo de pagamento
 Condições de reajuste dos honorários
• importante fazer o reajuste para manter o valor contratado, devido à desvalorização que ocorre pela
inflação.
 Responsabilidade das partes
• forma de comunição entre as partes e protocolo de documentos.
 Previsão de aditamento contratual, se necessário.
 Obrigatoriedade do fornecimento da Carta de Responsabilidade da Administração.
 Cláusula contendo a ciência do contratante relativa à Lei nº 9.613/1988
• dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização
do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades
Financeiras - COAF, e dá outras providências.
 Cláusula rescisória com a fixação de prazo de prévio aviso para encerramento da relação contratual
• vincular o Distrato com o Contrato.
 Foro para dirimir os conflitos
• cuidado quando existir Procedimento Arbitral – Lei n º 9.307/96.
INFORMAÇÕES IMPORTANTES

 Obrigatoriedade do fornecimento da Carta de Responsabilidade da Administração para fins de


encerramento do exercício
• Em caso de recusa da entrega da Carta de Responsabilidade pelo contratante, o profissional avaliará
a justificativa apresentada, os riscos para a continuidade da prestação de serviço e adotará as
salvaguardas necessárias considerando a sua responsabilidade solidária perante a prática de atos
culposos ou dolosos.
 Informação sobre o COAF
• Lei nº 12.683/2012 e Resolução CFC Nº 1.530/17 – COAF;
• O objetivo da Resolução é regulamentar a aplicação da Lei para os profissionais e organizações
contábeis, permitindo a eles que se protejam da utilização indevida de seus serviços para atos ilícitos
que lhe possam gerar sanções penais previstas em lei, além dos riscos de imagem pela associação do
seu nome a organizações criminosas;
• O profissional que descumprir a Resolução fica sujeito às sanções administrativas ético-disciplinares
no âmbito dos Conselhos de Contabilidade constantes do Art. 27 do Decreto-Lei N.º 9.295/46 e do
Código de Ética Profissional do Contador (Resolução CFC n.º 803/96), sem prejuízo das sanções e
penalidades previstas na Lei n.º 9.613/98.
 Informação sobre LGPD
• cumprir as disposições da Lei n.º 13.709/2018 - Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e
demais legislações atinentes à matéria.
INFORMAÇÕES IMPORTANTES

• A Resolução CFC n.º 1.370/11, no inciso XIV do art. 24 declara que constitui infração deixar de apresentar
prova de contratação dos serviços profissionais.

• Formas de comunicação com o Cliente (E-mail, WhatsApp).

• Indenizações por má prestação de serviço (p. ex.: não elaboração de balancete).

• Retenção de documentos (indenização civil e processo criminal CP art.305, além de infração ética).

• Em muitos contratos encontramos no objeto a palavra Orientação ou Controle – p. ex.: Controle ou


Orientação da aplicação dos preceitos da CLT, quando o correto é só mencionar que far-se-á a aplicação das
normas da CLT.
INFORMÇÕES IMPORTANTES

• Deixar sempre clara a data de entrega dos documentos e data de entrega do Balanço (protocolo).

• Paralisação das atividades – guarda de documentos – não significa a paralisação das obrigações das
atividades contábeis.

• Usar o termo que o Contrato poderá e não deverá ser rescindido por infração contratual.

• Uso do Certificado Digital (ter procuração específica e antes de qualquer alteração contratual informar
todos os sócios – e ter a confirmação da autorização).

• Contrato de prestação de serviços contábeis é considerado relação de consumo (CDC). Um ponto relevante
nesta relação de consumo é a inversão do ônus da prova, ou seja, o CDC determina que numa relação de
consumo, o ônus da prova é do fornecedor de bens ou serviços.
DISTRATO
O Distrato é a forma pela qual as partes põem fim a uma relação de prestação de serviços. É recomendado
que, no Contrato, haja a cláusula informando que o documento formal desse término é o Distrato.

Nossa explanação sobre Distrato tem por base a Resolução CFC nº 1.590/20 , na qual foram estipulados
alguns procedimentos.

CONSIDERAÇÕES SOBRE DISTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS CONTÁBEIS

Para uma melhor compreensão faremos a leitura dos artigos da nova Resolução e teceremos alguns
comentários:

Art. 6º O rompimento do vínculo contratual implica a celebração obrigatória de distrato entre as partes,
com o estabelecimento da cessação das responsabilidades dos contratantes.

Parágrafo único. Na impossibilidade da celebração do distrato, o profissional da contabilidade deverá


notificar o cliente quanto ao fim da relação contratual, com a confirmação da cessação das
responsabilidades das partes.
 
Art. 7º No distrato de prestação de serviços deve constar a responsabilidade do contratante de recepcionar seus
documentos que estejam de posse do profissional ou organização contábil signatária do distrato.
 
Parágrafo único. O contratante poderá indicar representante legal para recepcionar os documentos, mediante autorização por
escrito. (Caso no Contrato as partes tenham determinado um e-mail oficial, serve como notificação)
 
Art. 8º O profissional rescindente deverá comunicar ao novo responsável técnico contratado sobre fatos de que
deva tomar conhecimento. ( A assinatura do novo responsável técnico deve constar na comunicação)

Art. 9º A forma e o prazo de devolução de livros contábeis e auxiliares, documentos e arquivos das obrigações
fiscais entregues ao Fisco, inclusive os arquivos eletrônicos, deverá estar estabelecida em cláusula rescisória do
distrato de prestação de serviços. (O prazo de entrega dos documentos tem que ser razoável)
 
Parágrafo único. Fica a cargo do profissional rescindente a elaboração das demonstrações contábeis do período
correspondente à sua responsabilidade técnica, salvo disposição expressa em contrário no distrato de prestação de serviços.
 
Art. 10. Ao profissional rescindente caberá o cumprimento das obrigações tributárias acessórias cujo período de
competência tenha decorrido na vigência do contrato de prestação de serviços, ainda que o prazo de
vencimento da exigência seja posterior ao da vigência do mencionado contrato, salvo expressa disposição
contratual em sentido contrário.
INFORMAÇÕES IMPORTANTES

• O rompimento do vínculo contratual implica a celebração obrigatória de distrato entre as partes, com o
estabelecimento da cessação das responsabilidades dos contratantes. E na impossibilidade da celebração do
distrato, o profissional da contabilidade deverá notificar o cliente quanto ao fim da relação contratual, com a
confirmação da cessação das responsabilidades das partes.

• No Distrato de Prestação de Serviços Profissionais e Transferência de Responsabilidade Técnica deve


constar, se possível, a qualificação do novo responsável técnico e, não sendo possível, determinar um prazo
para apresentação deste profissional.

• Constar a responsabilidade do cliente em recepcionar seus documentos que estejam de posse do antigo
responsável técnico. (Na entrega de documentos tem que existir um tempo hábil para que o cliente exerça o
direito de conferência de tais documentos)
• Em suma, deve-se discriminar todas as obrigações distratadas, a suspensão de responsabilidade técnica, as
possíveis dívidas ou serviços remanescentes e responsabilidades futuras.

• Havendo dívida: mencionar forma de pagamento e incluir anuentes-fiadores e/o sócios como coobrigados.

• Rescisão: antecedência mínima de comunicação.

• Recomendo no Distrato ter a assinatura de duas testemunhas.

• Caso não apresente o Responsável Técnico como devo proceder?

• Por fim, caso a Receita Estadual se recuse a transferir a responsabilidade técnica por causa de impostos em
atraso do Cliente entendo que cabe Mandado de Segurança.
COBRANÇA
DOS
HONORÁRIOS
O Contrato e o Distrato Contábil bem elaborados facilitam e agilizam na hora de eventuais controvérsias.
Sendo necessária uma demanda judicial, o tempo é bem menor quando a cobrança de honorários for por
título executivo extrajudicial e não através de um processo de conhecimento – Ação de Cobrança.

Ocorre que o contrato somente poderá ser executado como título executivo extrajudicial se cumprir alguns
requisitos legais:

• Este documento deverá estar assinado pelas partes, e para se tornar um documento público, deverá ser
levado para registro em cartório.

• Outra situação que torna o contrato um título executivo extrajudicial é a assinatura das partes e as
assinaturas de duas testemunhas, logo se percebe que a assinatura das testemunhas pode substituir o
registro em cartório.

• Lembrando que testemunhas com vínculo de parentesco com as partes podem ser questionadas
judicialmente.

• Não estando revestido destas formalidades legais o contrato para execução judicial, deverá passar por
um processo de conhecimento alongando o prazo de decisão da controvérsia existente e satisfação do
crédito.
EXECUÇÃO

Código de Processo Civil no Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:

I – (...);
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas;

OBS: Se não tiver os requisitos acima, tem que entrar com um Processo de Conhecimento de Ação de
Cobrança.

PRESCRIÇÃO OCORRE EM 5 ANOS ART. 206 § 5º

II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus
honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato.
SITE gbjadvocacia.com.br.
E-MAIL gbjadvocacia@gmail.com
TELEFONE (41) 9 9112 4805

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