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VOLUME #07

Dos
Dos Contratos
Contratos Administrativos
Administrativos na
na Nova
Nova Lei
Lei
de
de Licitações
Licitações

e Contratos Administrativos Da Extinção dos Contratos

Por: Lindineide Oliveira Cardoso


Contratos Administrativos na NLLC 14.133/2021

Lindineide Oliveira Cardoso


Servidora de carreira da Justiça Eleitoral. Bacharel em Direito.
Especialista em Direito Processual Civil, com Formação
para o Magistério Superior na área do Direito, Especialista
em Licitações e Contratos. Larga experiência em Direito
Administrativo, com ênfase em Gestão e Fiscalização de
Contratos. Ex-Chefe da Seção de Gestão de Contratos do
Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas. Palestrante, professora e
instrutora em Gestão e Fiscalização de Contratos. Colunista do
portal Sollicita. Criadora do perfil no Instagram @o_xdagestao
onde compartilha gratuitamente conhecimento sobre o dever
de acompanhamento da execução contratual.

Apresentação
Neste sétimo volume trataremos da extinção dos contratos, demonstrando, entre
outros, que o novo marco legal não cuidou apenas de alterar a nomeclatura trazida no artigo
68 da Lei nº 8666/1993 cuja parte inicial preceitua “consituem motivo para a rescisão do
contrato:(...)”.

Explicamos o porquê do legislador adotar a expressão “extinção” e quais as condições


para que se dê o exaurimento da relação contratual, a qual pode findar-se naturalmente - por
decurso de prazo e cumprimento de obrigações - ou, de forma mais gravosa, em razão de
descumprimento das cláusulas contratuais por quaisquer das partes.

Ainda que a extinção decorrente de descumprimentos seja medida grave, in casu ela
não pode ser considerada um “tipo de sanção”, isso porque o legislador estabelece
taxativamente um rol de sanções administrativas, no qual não inclui a extinção contratual.
Além disso, o papel do fiscal e do gestor de contratos não se esvai com o fim do
contrato como demonstramos no item 1.4.

Com este sétimo volume, esperamos abordar, mais uma vez, de forma leve e didática,
tema de grande relevância para atuação prática dos responsáveis pelo acompanhamento da
fase de execução dos contratos.

A você desejamos uma ótima leitura!

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Da Extinção
dos Contratos
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Da Extinção dos Contratos


Nos termos do art. 115 da Lei nº 14.133/2021, o contrato deverá ser executado fielmente
pelas partes, de acordo com as suas cláusulas, cada parte respondendo pelas consequências de
sua inexecução total ou parcial.

De notar-se que as regras de extinção dos contratos foram ampliadas para além da simples
rescisão trazida pela quase finda Lei nº 8.666/1993, afinal a doutrina já anunciava que a
rescisão era apenas uma das hipóteses de extinção dos contratos, os quais podem exaurir-se2:

(i) por acordo entre as partes;


(ii) adimplemento das partes: exaurimento de seu objeto;
(iii) adimplemento das partes: atingimento de seu termo final de vigência;
(iv) decretação de sua invalidade (anulação);
(v) rescisão por inadimplemento das partes;
(vi) rescisão por inconveniência para a Administração Pública;
(vii) rescisão por caso fortuito e força maior; e, por expressa previsão legal;
(viii) quando a Administração não dispuser de créditos orçamentários ou quando entender que
o contrato não mais lhe oferece vantagem. .

Os contratos de fornecimento de bens e prestação de serviços contínuos se extinguem com o


advento do seu termo, por outro lado os contratos de escopo ou de resultado, findam-se com a
conclusão do objeto, caso em que deverá a Administração providenciar a readequação do
cronograma
fixado para o contrato.
Considerando o disposto no art. 111 da Lei nº 14.133/2021, ocorrerá a prorrogação
automática da vigência dos contratos por escopo quando seu objeto não for concluído no período
inicialmente estabelecido, sendo prorrogado, como dito acima, até a conclusão do objeto, caso
em que
deverá a Administração providenciar a readequação do cronograma físico-financeiro.
Além disso, quando a não conclusão do contrato decorrer de culpa do contratado:
a) será ele constituído em mora, sendo-lhe aplicáveis as respectivas sanções administrativas, e;
b) poderá a Administração optar pela extinção do contrato e, nesse caso, adotará as medidas
admitidas em lei para a continuidade da execução contratual.

Também podemos falar em extinção da relação contratual em casos de anulação, sendo


pertinente anotar que, nos termos do artigo 147 da Lei nº 14.133/2021, constatada irregularidade
na execução contratual a decisão sobre a suspensão da execução ou sobre a declaração de
nulidade do contrato somente será adotada na hipótese em que se revelar medida de interesse
público, caso não seja possível o saneamento e com detida avaliação, entre outros, dos 11 (onze)
aspectos impostos pelo legislador, a saber:

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Art. 147. Constatada irregularidade no procedimento licitatório ou na


execução contratual, caso não seja possível o saneamento, a decisão sobre a
suspensão da execução ou sobre a declaração de nulidade do contrato
somente será adotada na hipótese em que se revelar medida de interesse
público, com avaliação, entre outros, dos seguintes aspectos:

I - impactos econômicos e financeiros decorrentes do atraso na fruição dos


benefícios do objeto do contrato;
II - riscos sociais, ambientais e à segurança da população local decorrentes
do atraso na fruição dos benefícios do objeto do contrato;
III - motivação social e ambiental do contrato;
IV - custo da deterioração ou da perda das parcelas executadas;
V - despesa necessária à preservação das instalações e dos serviços já
executados;
VI - despesa inerente à desmobilização e ao posterior retorno às atividades;
VII - medidas efetivamente adotadas pelo titular do órgão ou entidade para o
saneamento dos indícios de irregularidades apontados;
VIII - custo total e estágio de execução física e financeira dos contratos, dos
convênios, das obras ou das parcelas envolvidas;
IX - fechamento de postos de trabalho diretos e indiretos em razão da
paralisação;
X - custo para realização de nova licitação ou celebração de novo contrato;
XI - custo de oportunidade do capital durante o período de paralisação.

Parágrafo único. Caso a paralisação ou anulação não se revele medida de


interesse público, o poder público deverá optar pela continuidade do
contrato e pela solução da irregularidade por meio de indenização por perdas
e danos, sem prejuízo da apuração de responsabilidade e da aplicação de
penalidades cabíveis.

O contrato também se extingue naturalmente, quando vencido o prazo nele


estipulado, neste sentido, Matheus Carvalho explica-nos que, caso não haja qualquer
irregularidade apontada, o contrato pode ser extinto pela conclusão do objeto ou
advento do termo do contrato3. Trata-se da chamada “extinção natural” dos contratos
administrativos que ocorre com a execução do objeto do contrato ou encerramento
do seu prazo, sem que haja prorrogação.

Por outro lado, a relação contratual pode ser abalada em razão de sua inexecução
total ou parcial, causada por circunstâncias supervenientes à celebração do contrato,
o que ensejará a extinção do contrato, sendo necessária a motivação formal e
respeito ao contraditório e à ampla defesa, além da indicação de modo expresso das
consequências jurídicas e administrativas, nos trmos do art. 21 do
4
Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942.

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Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial,


decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências
jurídicas e administrativas

Vale relembrar, que nos termos do art. 106 da nova lei de licitações e contratos o contrato
pode ser extinto sem ônus para o contratante, antes do prazo nele fixado, quando este não dispuser
de créditos orçamentários para sua continuidade ou quando entender que o contrato não mais
lhe oferece vantagem. Nesta hipótese, a extinção ocorrerá na próxima data de aniversário do
contrato, desde que haja a notificação do contratado pelo contratante nesse sentido com pelo
menos 2 (dois) meses de antecedência desse dia.

1.1 Sistemática da Lei nº 14.133/2021

O contrato pode ser extinto antes de cumpridas as obrigações nele estipuladas, ou antes do
prazo nele fixado, por algum dos motivos previstos no artigo 137 da Lei nº 14.133/21, bem como
amigavelmente, sempre assegurados ao contratado o exercício do direito ao contraditório e á
ampla defesa. Nesta hipótese, aplicam-se também os artigos 138 e 139 da mesma Lei, como
veremos adiante.

A nova lei lista, nos incisos do artigo 137, nove situações causadoras da extinção do
contratos, as quais, didaticamente, pode ser divididas em extinção por ato ao fato imputado ao
contratado, extinção por inviabilidade material, alheios à vontade do particular e extinção
por razões de interesse público, vejamos:

Extinção por ato ao fato imputado ao contratado, presentes nos incisos I, II, III,
IV e IX a seguir transcritos:
Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual deverá ser
formalmente motivada nos autos do processo, assegurados o contraditório e
a ampla defesa, as seguintes situações:
I – não cumprimento ou cumprimento irregular de normas editalícias ou de
cláusulas contratuais, de especificações, de projetos ou de prazos;
II – desatendimento das determinações regulares emitidas pela autoridade
designada para acompanhar e fiscalizar sua execução ou por autoridade
superior;
III – alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutura da
empresa que restrinja sua capacidade de concluir o contrato;
IV – decretação de falência ou de insolvência civil, dissolução da sociedade
ou falecimento do contratado;
IX – não cumprimento das obrigações relativas à reserva de cargos prevista
em lei, bem como em outras normas específicas, para pessoa com
deficiência, para reabilitado da Previdência Social ou para aprendiz.

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Extinção por inviabilidade material, alheios à vontade do particular, presentes


nos incisos V, VI e VII a seguir transcritos:
Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual deverá ser
formalmente motivada nos autos do processo, assegurados o contraditório e
a ampla defesa, as seguintes situações:
(...)
V – caso fortuito ou força maior6, regularmente comprovados, impeditivos
da execução do contrato;
VI – atraso na obtenção da licença ambiental, ou impossibilidade de obtê-la,
ou alteração substancial do anteprojeto que dela resultar, ainda que obtida no
prazo previsto;
VII – atraso na liberação das áreas sujeitas a desapropriação, a desocupação
ou a servidão administrativa, ou impossibilidade de liberação dessas áreas;

Extinção por razões de interesse público, justificada pela Adminstração, presente


no incisos VIIII a seguir transcrito:
Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual deverá ser
formalmente motivada nos autos do processo, assegurados o contraditório e
a ampla defesa, as seguintes situações:
(...)
VIII – razões de interesse público, justificadas pela autoridade máxima do
órgão ou da entidade contratante;

Ficarão a cargo de regulamento os critérios para verificação da ocorrência dos motivos acima
mencionados, estabelece o legislador.

1.2 Extinção por parte do contratado

Além das hipóteses acima previstas, o novo marco legal contempla hipóteses em que a
extinção do contrato será provocada pelo contratado, motivada por atos da própria
Administração quando der ensejo a:

I – supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou compras que


acarrete modificação do valor inicial do contrato além do limite permitido no art.
125 desta Lei;
II – suspensão de execução do contrato, por ordem escrita da Administração, por
prazo superior a 3 (três) meses;
III – repetidas suspensões que totalizem 90 (noventa) dias úteis,
independentemente do pagamento obrigatório de indenização pelas sucessivas e
contratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras previstas;
IV – atraso superior a 2 (dois) meses, contado da emissão da nota fiscal, dos
pagamentos ou de parcelas de pagamentos devidos pela Administração por
despesas de obras, serviços ou fornecimentos7;

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V – não liberação pela Administração, nos prazos contratuais, de área, local ou objeto, para
execução de obra, serviço ou fornecimento, e de fontes de materiais naturais especificadas
no projeto, inclusive devido a atraso ou descumprimento das obrigações atribuídas pelo
contrato à Administração relacionadas a desapropriação, a desocupação de áreas públicas
ou a licenciamento ambiental.

Vale pontuar que o rol acima não é taxativo, considerando a possibilidade de o contratado se
deparar com impedimentos outros, que não lhe sejam imputáveis, não havendo que se falar em
sua vinculação permanente à obrigação impossível de ser cumprida por circunstâncias alheias à
sua própria vontade.

As hipóteses de extinção indicadas nos itens II, III e IV acima observarão as seguintes
disposições:

I – não serão admitidas em caso de calamidade pública, de grave perturbação da


ordem interna ou de guerra, bem como quando decorrerem de ato ou fato que o
contratado tenha praticado, do qual tenha participado ou para o qual tenha
contribuído;
II – assegurarão ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento
das obrigações assumidas até a normalização da situação, admitido o
restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

Quanto ao atraso no pagamento por prazo superior a 2 (dois) meses, disciplinado pelo item IV
do artigo 137, a Instrução Normativa Seges/ME nº 77, de 4 de novembro de 2022, que dispõe
sobre a
observância da ordem cronológica de pagamento das obrigações relativas ao fornecimento de
bens,
locações, prestação de serviços e realização de obras, no âmbito da Administração Pública federal
direta, autárquica e fundacional, assim tratou do tema:

Art. 11. Ressalvada a exceção prevista no inciso I do § 3º do art. 137 da Lei


nº 14.133, de 2021, o contratado terá direito à extinção do contrato na
hipótese de atraso superior a 2 (dois) meses, contado da emissão da nota
fiscal ou de instrumento de cobrança equivalente, dos pagamentos ou de
parcelas de pagamentos devidos pela Administração por despesas de obras,
serviços ou fornecimentos. (GN)

1.3 Modalidades de extinção da relação contratual


O artigo 138 da nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos estabelece que a extinção
do contrato poderá ser:

i) determinada por ato unilateral e escrito da Administração, exceto no caso


de descumprimento decorrente de sua própria conduta;
ii) consensual, por acordo entre as partes, por conciliação, por mediação ou por
comitê de resolução de disputas, desde que haja interesse da Administração;

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iii) determinada por decisão arbitral, em decorrência de cláusula


compromissória ou compromisso arbitral, ou por decisão judicial.

As duas primeiras (unilateral da Administração e a extinção consensual) deverão ser


precedidas de autorização escrita e fundamentada da autoridade competente e reduzidas a
termo no respectivo processo.
A lei ainda estabelece que se a extinção decorrer de culpa exclusiva da Administração, o
contratado será ressarcido pelos prejuízos regularmente comprovados que houver sofrido e
terá direito a:

contratada. Sua indicação deve ser feita por escrito, antes do início da prestação dos serviços.
No instrumento de indicação deve constar, expressamente, os poderes e deveres relativos à
contratação. Ele é o contato imediato da fiscalização do contrato com a empresa, podendo a
Administração rejeitá-lo desde que justificadamente, devendo a empresa designar outro para o
exercício da atividade9.
É importante a realização de reuniões periódicas com o preposto do contrato, de modo a garantir
a qualidade da execução e os resultados previstos para a prestação dos serviços. Além disso, é
salutar que os agentes e empregados públicos evitem ordens diretas aos empregados da

I – devolução da garantia;
II – pagamentos devidos pela execução do contrato até a data de extinção;
III – pagamento do custo da desmobilização.

Fique atento!

Os emitentes das garantias contratuais devem ser notificados pela


Administração quanto ao início de processo administrativo para a apuração
de descumprimento de cláusulas contratuais.

Em razão do atributo da autoexecutoriedade8, a extinção determinada por ato unilateral da


Administração poderá acarretar, sem prejuízo das sanções previstas na Lei nº 14.133/2021, as
seguintes consequências:

I – assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se


encontrar, por ato próprio da Administração;
II – ocupação e utilização do local, das instalações, dos equipamentos, do material
e do pessoal empregados na execução do contrato e necessários à sua
continuidade;
III – execução da garantia contratual para:
a) ressarcimento da Administração Pública por prejuízos decorrentes da
não execução;
b) pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e previdenciárias, quando
cabível;
c) pagamento das multas devidas à Administração Pública;
d) exigência da assunção da execução e da conclusão do objeto do contrato

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IV – retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos


causados à Administração Pública e das multas aplicadas.

As medidas de assunção imediata do objeto do contrato e de ocupação ficarão a critério da


Administração, que poderá dar continuidade à obra ou ao serviço por execução direta ou indireta.

MUITA ATENÇÃO: a ocupação do local, instalações, equipamentos, do material e do


pessoal dependerá de autorização expressa do ministro de Estado, do secretário estadual ou do
secretário municipal competente, conforme o caso.

Fique atento!

O TCU já decidiu:
Para que a defesa, necessária em processos de rescisão contratual
unilateral, possa ser plenamente exercida, há necessidade de que o ato
da Administração potencialmente lesivo a direitos do contratado seja
adequadamente motivado e que seja observado o direito ao
contraditório”.

(TCU, Acórdão nº 1343/2009, Relator: Weder de Oliveira, Órgão


Julgador: Plenário, Julgado em 17/06/2009).

De ressaltar que a alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutura da


empresa não ensejará rescisão se não restringir sua capacidade de concluir o contrato. Ademais,
se a operação implicar mudança da pessoa jurídica contratada, deverá ser formalizado termo
aditivo para alteração subjetiva.

Além disso, o termo de rescisão, sempre que possível, será precedido de:

I. Balanço dos eventos contratuais já cumpridos ou parcialmente cumpridos;


II. Relação dos pagamentos já efetuados e ainda devidos;
III. indenizações e multas

Ainda nos termos do artigo 131, da Lei 14.133/2021, “a extinção do contrato não configura
óbice para o reconhecimento do desequilíbrio econômico-financeiro, hipótese em que
será concedida indenização por meio de termo indenizatório”9.

1.4 A manutenção dos papéis dos gestores e fiscais


Quando do encerramento do contrato não podemos dizer que as atividades ligadas a gestores e
fiscais também se exaurem. Pelo contrário, persistem obrigações essenciais ligadas às
consequências
relacionadas ao términoda relação. Cite-se a transição contratual, se for ocaso, cumprindo à
fiscalização e a gestão do contrato cercar-se de providências aptas à continuidade da prestação
dos serviços.

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A execução de garantias, o pagamento ou recebimento de indenizaçãos, as notificações


aos órgãos responsáveis pera a devida apuração de ilícitos penais, entre outras tantas.
A Instrução Normativa nº 05/2017, quanto aos serviços continuados, assim se posiciona:

Art. 69. Os fiscais do contrato deverão promover as atividades de transição


contratual observando, no que couber:
I - a adequação dos recursos materiais e humanos necessários à continuidade do
serviço por parte da Administração;
II - a transferência final de conhecimentos sobre a execução e a manutenção do
serviço;
III - a devolução ao órgão ou entidade dos equipamentos, espaço físico, crachás,
dentre outros; e
IV - outras providências que se apliquem.
Art. 70. Os fiscais deverão elaborar relatório final acerca das ocorrências da fase de
execução do contrato, após a conclusão da prestação do serviço, para ser utilizado
como fonte de informações para as futuras contratações.
Além disso, é função do gestor do contrato, com auxílio da fiscalização a elaboração de
relatório final com informações sobre a consecução dos objetivos que tenham justificado a
contratação e eventuais condutas a serem adotadas para o aprimoramento das atividades da
Administração10.
1.5 Modelo de cláusula contratual11
A cláusula de extinção contratual figura como obrigatória nos termos do inciso XIX do
artigo
92 do novo marco legal. Sendo assim, adotamos como sugestão, sem prejuízo das adaptações
necessárias, um dos modelos disponibilizados pela Câmara Nacional de Modelos de
Licitações e
Contratos da Consultoria-Geral da União:

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CLÁUSULA XXXXX – DA EXTINÇÃO CONTRATUAL (art. 92, XIX)


X.1. O contrato se extingue quando cumpridas as obrigações de ambas as partes,
ainda que isso ocorra antes do prazo estipulado para tanto.
X.2. Se as obrigações não forem cumpridas no prazo estipulado, a vigência ficará
prorrogada até a conclusão do objeto, caso em que deverá a Administração
providenciar a readequação do cronograma fixado para o contrato.
X.3. Quando a não conclusão do contrato referida no item anterior decorrer de
culpa do contratado:
a) ficará ele constituído em mora, sendo-lhe aplicáveis as respectivas
sanções administrativas; e
b) poderá a Administração optar pela extinção do contrato e, nesse
caso, adotará as medidas admitidas em lei para a continuidade da execução
contratual.
OU
X.4. O contrato se extingue quando vencido o prazo nele estipulado,
independentemente de terem sido cumpridas ou não as obrigações de ambas as
partes contraentes.
OU
X.5. O contrato se extingue quando vencido o prazo nele estipulado,
independentemente de terem sido cumpridas ou não as obrigações de ambas as
partes contraentes.
X.6. O contrato pode ser extinto antes do prazo nele fixado, sem ônus para o
contratante, quando esta não dispuser de créditos orçamentários para sua
continuidade ou quando entender que o contrato não mais lhe oferece vantagem.
X.7. A extinção nesta hipótese ocorrerá na próxima data de aniversário do
contrato, desde que haja a notificação do contratado pelo contratante nesse sentido
com pelo menos 2 (dois) meses de antecedência desse dia.
X.8. Caso a notificação da não-continuidade do contrato de que trata este subitem
ocorra com menos de 2 (dois) meses da data de aniversário, a extinção contratual
ocorrerá após 2 (dois) meses da data da comunicação.
X.9. O contrato pode ser extinto antes de cumpridas as obrigações nele
estipuladas, ou antes do prazo nele fixado, por algum dos motivos previstos no
artigo 137 da Lei nº 14.133/21, bem como amigavelmente, assegurados o
contraditório e a ampla defesa.
X.9.1. Nesta hipótese, aplicam-se também os artigos 138 e 139 da mesma
Lei.
X.9.2. A alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura da
empresa não ensejará a rescisão se não restringir sua capacidade de
concluir o contrato.
X.9.2.1. Se a operação implicar mudança da pessoa
jurídica contratada, deverá ser formalizado termo aditivo para
alteração subjetiva.
X.10. O termo de rescisão, sempre que possível, será precedido:
X.10.1.Balanço dos eventos contratuais já cumpridos ou parcialmente cumpridos;
X.10.2.Relação dos pagamentos já efetuados e ainda devidos;

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LEGISLAÇÃO APLICADA
Capítulo VIII - Das hipóteses de extinção dos contratos desmobilizações e mobilizações e outras previstas;
(artigos IV - atraso superior a 2 (dois) meses, contado da emissão
137 a 139) da nota fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de
CAPÍTULO VIII pagamentos
DAS HIPÓTESES DE EXTINÇÃO DOS CONTRATOS devidos pela Administração por despesas de obras,
Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, serviços ou
a qual deverá ser formalmente motivada nos autos do fornecimentos;
processo, V - não liberação pela Administração, nos prazos
assegurados o contraditório e a ampla defesa, as contratuais, de área, local ou objeto, para execução de
seguintes obra,
situações: serviço ou fornecimento, e de fontes de materiais
I - não cumprimento ou cumprimento irregular de naturais
normas editalícias ou de cláusulas contratuais, de especificadas no projeto, inclusive devido a atraso ou
especificações, descumprimento das obrigações atribuídas pelo
de projetos ou de prazos; contrato à
II - desatendimento das determinações regulares Administração relacionadas a desapropriação, a
emitidas pela autoridade designada para acompanhar e desocupação de
fiscalizar áreas públicas ou a licenciamento ambiental.
sua execução ou por autoridade superior; § 3º As hipóteses de extinção a que se referem os incisos
III - alteração social ou modificação da finalidade ou da II, III e IV do § 2º deste artigo observarão as seguintes
estrutura da empresa que restrinja sua capacidade de disposições:
concluir o I - não serão admitidas em caso de calamidade pública,
contrato; de grave perturbação da ordem interna ou de guerra,
IV - decretação de falência ou de insolvência civil, bem como
dissolução da sociedade ou falecimento do contratado; quando decorrerem de ato ou fato que o contratado
V - caso fortuito ou força maior, regularmente tenha
comprovados, impeditivos da execução do contrato; praticado, do qual tenha participado ou para o qual tenha
VI - atraso na obtenção da licença ambiental, ou contribuído;
impossibilidade de obtê-la, ou alteração substancial do II - assegurarão ao contratado o direito de optar pela
anteprojeto que dela resultar, ainda que obtida no prazo suspensão do cumprimento das obrigações assumidas
previsto; até a
VII - atraso na liberação das áreas sujeitas a normalização da situação, admitido o restabelecimento
desapropriação, a desocupação ou a servidão do
administrativa, ou equilíbrio econômico-financeiro do contrato, na forma
impossibilidade de liberação dessas áreas; da alínea
VIII - razões de interesse público, justificadas pela “d” do inciso II do caput do art. 124 desta Lei.
autoridade máxima do órgão ou da entidade contratante; § 4º Os emitentes das garantias previstas no art. 96
IX - não cumprimento das obrigações relativas à reserva desta
de cargos prevista em lei, bem como em outras normas Lei deverão ser notificados pelo contratante quanto ao
específicas, para pessoa com deficiência, para reabilitado início de
da processo administrativo para apuração de
Previdência Social ou para aprendiz. descumprimento de
§ 1º Regulamento poderá especificar procedimentos e cláusulas contratuais.
critérios para verificação da ocorrência dos motivos Art. 138. A extinção do contrato poderá ser:
previstos no I - determinada por ato unilateral e escrito da
caput deste artigo. Administração, exceto no caso de descumprimento
§ 2º O contratado terá direito à extinção do contrato nas decorrente de
seguintes hipóteses: sua própria conduta;
I - supressão, por parte da Administração, de obras, II - consensual, por acordo entre as partes, por
serviços ou compras que acarrete modificação do valor conciliação, por mediação ou por comitê de resolução de
inicial do disputas, desde que haja interesse da Administração;
contrato além do limite permitido no art. 125 desta Lei; III - determinada por decisão arbitral, em decorrência de
II - suspensão de execução do contrato, por ordem cláusula compromissória ou compromisso arbitral, ou
escrita da Administração, por prazo superior a 3 (três) por decisão
meses; judicial.
III - repetidas suspensões que totalizem 90 (noventa) § 1º A extinção determinada por ato unilateral da
dias Administração e a extinção consensual deverão ser
úteis, independentemente do pagamento obrigatório de precedidas de
indenização pelas sucessivas e contratualmente autorização escrita e fundamentada da autoridade
imprevistas competente e

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reduzidas a termo no respectivo processo. 8.212, de 24 de julho de 1991.


§ 2º Quando a extinção decorrer de culpa exclusiva da Art. 122. Na execução do contrato e sem
Administração, o contratado será ressarcido pelos prejuízo das responsabilidades contratuais e legais,
prejuízos o contratado poderá subcontratar partes da obra, do
regularmente comprovados que houver sofrido e terá serviço ou do fornecimento até o limite autorizado, em
direito a: cada caso, pela Administração.
I - devolução da garantia; § 1o O contratado apresentará à Administração
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a documentação que comprove a capacidade técnica do
data de extinção; subcontratado, que será avaliada e juntada aos autos do
III - pagamento do custo da desmobilização. processo correspondente.
Art. 139. A extinção determinada por ato unilateral da § 2o Regulamento ou edital de licitação
Administração poderá acarretar, sem prejuízo das poderão vedar, restringir ou estabelecer condições para
sanções a subcontratação.
previstas nesta Lei, as seguintes consequências: § 3o Será vedada a subcontratação de pessoa
I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e física ou jurídica, se aquela ou os dirigentes desta
local em que se encontrar, por ato próprio da mantiverem vínculo de natureza técnica, comercial,
Administração; econômica, nanceira, trabalhista ou civil com dirigente
II - ocupação e utilização do local, das instalações, dos do órgão ou entidade contratante ou com agente
equipamentos, do material e do pessoal empregados na público que desempenhe função na licitação ou atue
execução na scalização ou na gestão do contrato, ou se deles
do contrato e necessários à sua continuidade; forem cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
III - execução da garantia contratual para: colateral, ou por anidade, até o terceiro grau, devendo
a) ressarcimento da Administração Pública por prejuízos essa proibição constar expressamente do edital de
decorrentes da não execução; licitação.
b) pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e Art. 123. A Administração terá o dever de
previdenciárias, quando cabível; explicitamente emitir decisão sobre todas as solicitações
c) pagamento das multas devidas à Administração e reclamações relacionadas à execução dos contratos
Pública; regidos por esta Lei, ressalvados os requerimentos
d) exigência da assunção da execução e da conclusão do manifestamente impertinentes, meramente
objeto do contrato pela seguradora, quando cabível; protelatórios ou de nenhum interesse para a boa
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o execução do contrato.
limite dos prejuízos causados à Administração Pública e Parágrafo único. Salvo disposição legal
das ou cláusula contratual que estabeleça prazo
multas aplicadas. especíco, concluída a instrução do requerimento,
§ 1º A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II a Administração terá o prazo de 1 (um) mês
para decidir, admitida a prorrogação motivad
que
poderá dar continuidade à obra ou ao serviço por a por igual período.
execução direta
ou indireta.
§ 2º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o ato
deverá ser precedido de autorização expressa do
ministro de
Estado, do secretário estadual ou do secretário municipal
competente, conforme o caso.quitação das obrigações
trabalhistas vencidas relativas ao contrato;
III - efetuar o depósito de valores em conta
vinculada;
IV - em caso de inadimplemento, efetuar
diretamente o pagamento das verbas trabalhistas, que
serão deduzidas do pagamento devido ao contratado;
V - estabelecer que os valores destinados a
férias, a décimo terceiro salário, a ausências legais e a
verbas rescisórias dos empregados do contratado que
participarem da execução dos serviços contratados
serão pagos pelo contratante ao contratado somente na
ocorrência do fato gerador.
§ 4o Os valores depositados na conta vinculada
a que se refere o inciso III do § 3o deste artigo são
absolutamente impenhoráveis.
§ 5o O recolhimento das contribuições
previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no

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