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CONTRATOS

ADMINISTRATIVOS
E SUAS
PECULIARIDADES
1. INTRODUÇÃO
Também previstos na Lei 8.666/93.
Os temas recorrentes são cláusulas exorbitantes e formalidades do contrato.
Os mesmos conceitos do direito privado se aplicam aos contratos
administrativos.

Todo contrato em que a Administração for parte recebe o nome de Contrato da


Administração.

Esse é o gênero do qual existem duas espécies: Os contratos regidos pelo


Direito Privado (Contratos privados da Administração) ou pelo Direito Público
(Contratos Administrativos).

Contratos privados da administração: empréstimo, locação (apesar de licitada),


arrendamento etc.

Contratos administrativos: Concessão de serviço, permissão de serviço,


consórcios públicos.
2. CONCEITO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO

Negócio jurídico bilateral, envolvendo entidade administrativa, com o objetivo


de satisfação do interesse público, sendo, por isso, regido pelo Direito Público
(cláusulas exorbitantes).

As cláusulas exorbitantes são aquelas que extrapolam as regras e


características dos contratos em geral, pois apresentam vantagem excessiva à
Administração Pública. Decorrem da supremacia do interesse público sobre o
interesse privado e colocam o Estado em posição de superioridade jurídica na
avença.

Estas cláusulas são designadas como exorbitantes, haja vista o fato de que sua
previsão em contratos privados ensejaria a nulidade contratual. Com efeito,
seria leonina e abusiva a cláusula contratual privada que permitisse a uma das
partes rescindir o contrato ou alterá-lo unilateralmente, sem a necessidade de
oitiva da outra parte. (Matheus Carvalho, Manual de D. Administrativo, 2016).
Só para relembrar:

Diferença entre cláusula leonina e contrato sinalagmático?

Uma cláusula leonina ou cláusula abusiva é um item inserido unilateralmente num contrato
que lesa os direitos da outra parte, aproveitando-se normalmente de uma situação desigual
entre os pactuantes.

Contrato sinalagmático: de origem da palavra grega "synnalagmatikos", significa uma relação de


obrigação contraída entre duas partes de comum acordo de vontades. Cada parte condiciona a
sua prestação a contraprestação da outra. Em direito, o melhor exemplo para a existência deste
instituto é o contrato bilateral (venda e compra).
As referidas cláusulas (exorbitantes) não dependem de previsão expressa no
contrato, posto que encontram-se implicitamente previstos nos referidos.

→ Não precisam estar previstas no contrato, elas estão implícitas em todos os


contratos administrativos decorrentes diretamente de lei.

São elas – cláusulas exorbitantes:


1) Alteração unilateral do contrato
(respeitado o objeto do contrato);
A alteração poderá ser feita quanto:
Quanto ao projeto. Quanto ao valor, aumentando originário; ou diminuindo.

Tem limite expresso na lei de até 25% para mais ou para menos.

A alteração acima de 25% é permitida, mas deverão ser bilaterais. Com


exceção aos contratos de reformas em que as alterações para mais podem
chegar até 50% . A diminuição continua em 25%.
Exemplo: A Administração Pública contrata uma empresa para recapeamento asfáltico de
uma via. O contrato foi o seguinte: serão recapeados 1000 km de estrada e por 100 km se
cobra 100 mil reais. Depois do contrato celebrado a Administração Pública por motivo de
interesse público devidamente justificado diz que é necessário uma ampliação do contrato
para 1.200 km de estrada. Pode fazer isso? Sim, mesmo que o particular não concorde. O
valor sobe para 120mil reais? Sim. E se a Administração Pública precisa suprimir o
contrato para somente 800 km, pode? Sim. O valor cai para 80 mil? Sim. Cumpre recordar
apenas que no caso de supressão, deve-se respeitar o limite de 25%.
Para além dos 25%, exige-se a concordância do particular.

*Indenização
Na eventual hipótese do particular já ter adquirido todos os materiais necessários a
execução da obra ou serviço, será o referido indenizado pela Administração Pública, senão
vejamos:
A lei 8.666/93, em seu art. 65, § 4° dispõe que "No caso de supressão de obras, bens ou
serviços, se o contratado já houver adquirido os materiais e posto no local dos trabalhos,
estes deverão ser pagos pela Administração pelos custos de aquisição regularmente
comprovados e monetariamente corrigidos, podendo caber indenização por outros danos
eventualmente decorrentes da supressão, desde que regularmente comprovados".

*Indenização no valor da nota fiscal: material excedente.


2) Rescisão Unilateral

O poder público pode, unilateralmente, rescindir o contrato administrativo,


sendo desnecessário a concordância do particular, bem como, a propositura de
ação judicial para rescisão do referido contrato.

Corroborando ao exposto, preleciona Matheus Carvalho:

A rescisão unilateral é prerrogativa dada ao ente público contratante de por


fim à avença, independentemente, de consentimento do particular e sem
depender de decisão judicial (art.77 e seguintes da lei 8666/93). Dessa forma,
o contrato poderá ser extinto antes do prazo previamente estipulado no
acordo.

Pode se dar em razão do:


- inadimplemento do particular.
- interesse público devidamente justificado.
–É possível a rescisão unilateral de contrato administrativo pela Administração, desde
que observados os princípios constitucionais da motivação, do contraditório e da
ampla defesa, além das exigências dispostas no art. 78 da Lei 8.666/93, dentre as
quais se inclui a prévia instauração de processo administrativo.
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos;
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos e prazos;
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração a comprovar a impossibilidade
da conclusão da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados;
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento;
V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, sem justa causa e prévia
comunicação à Administração;
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem,
a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, não
admitidas no edital e no contrato;
VII - o desatendimento das determinações regulares da autoridade designada para
acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim como as de seus superiores;
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, anotadas na forma do § 1o do art.
67 desta Lei;
IX - a decretação de falência ou a instauração de insolvência civil;
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado;
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura da empresa,
que prejudique a execução do contrato;
XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento,
justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que
está subordinado o contratante e exaradas no processo administrativo a que se refere
o contrato;
(...)
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovada,
impeditiva da execução do contrato.

Rescisão unilateral de contrato permite ao contratado indenização por perdas e


danos e lucros cessantes. A rescisão do contrato administrativo por ato unilateral da
Administração Pública sob justificativa de interesse público impõe ao contratante a
obrigação de indenizar o contratado pelos prejuízos daí decorrentes.
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos casos enumerados
nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior.
3. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
Temos as seguintes características:
- Presença da Administração;
- Formal;
- Consensual;
- Comutativo;
- Adesão;
- Personalíssimo;
- Publicidade;
- Escrito.

3.1. PRESENÇA DA ADMINISTRAÇÃO

Seja sujeito ativo ou passivo; e assim, privilégio, prerrogativa, cláusula exorbitante.

Atenção!!! O simples fato da Administração Pública configurar em um dos polos de um


contrato não o caracteriza como um contrato administrativo. Os contratos civis,
aqueles regidos pelo direito privado, se submetem as limitações do direito público. As
garantias e prerrogativas só se submetem aos contratos administrativos.
(CONTRATOS PRIVADOS DA ADMINISTRAÇÃO).
3.2. FORMAL
Lembrando que temos de licitar para fazer contrato, a priori.

→ Formal: pois sua forma definida em lei é indispensável para a validade do


contrato. Esta regulamentada na lei 8666/93, art.55 e sua não observância dão
ao contrato vício de forma, o chamado Termo de Contrato ou Instrumento de
Contrato.

A validade do contrato depende da observância da formalidade do contrato.

O art. 55, da Lei 8.666 estabelece as cláusulas necessárias do contrato para que
seja considerado válido.
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do
reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do
adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento.
(...)
O termo de contrato ou instrumento de contrato é o meio, determinado por lei, para
formalização do contrato e, para que o acordo seja válido, deve conter o objeto e seus
elementos característicos, o regime de execução ou a forma de fornecimento, o
preço e as condições de pagamento, assim como os critérios e periodicidade do
reajuste de preços e as regras de atualização monetária entre a data do
adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento (Matheus Carvalho, Manual
de D. Administrativo, 2016).

Vide art. 62, da Lei 8.666


Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de
tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam
compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação, e facultativo nos
demais em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais
como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou
ordem de execução de serviço.

Pode ser substituído, por exemplo, pela carta contrato.

Para as contrações de valores mais baixas, o instrumento de contrato não é necessário,


podendo ser substituído por uma documentação mais simples.
3.3. CONSENSUAL
Fica pronto e acabado no momento em que se manifesta a vontade. É
diferente do contato REAL, que depende da entrega do bem (contrato de
mútuo, depósito, comodato, por exemplo).
No contrato consensual a entrega do bem já faz parte da execução, o que é
posterior à sua formação.

→ Contrato consensual se perfecciona com o simples consenso das partes, a


entrega da coisa é uma mera consequência do contrato.

3.4. COMUTATIVO
Prestação e contraprestação equivalentes e pré-determinadas. Diferente do
contrato aleatório, onde as prestações são incertas, pode ser modificado.

→Comutativo: Direitos e obrigações são recíprocos entre as partes, sendo


previamente definidos no contrato.
Possuem direitos e obrigações pré-determinadas.
3.5. ADESÃO
Cláusulas pré-determinadas, não se discute cláusula contratual. Cabe a outra parte
aceitá-los ou não.

→De Adesão: as cláusulas são previamente definidas no contrato, não admitindo


rediscussão das cláusulas dispostas no contrato.

3.6. PERSONALÍSSIMO
Intuitu personae. Leva em consideração a qualidade do contratado. Por conta disso,
em regra, não se admite a subcontratação (não é vista com bons olhos, pode gerar
fraudes na licitação, exemplo: administração licita e celebra contrato com empresa X
que subcontrata com a empresa Y, por que a Y não participou da licitação? Viola o
princípio da isonomia). Desrespeitaria o dever de licitar, o princípio da isonomia e a
característica personalíssima dos contratos.

Excepcionalmente a lei admite a subcontratação, desde que observadas algumas


exigências:
Deve estar prevista no edital ou no contrato;
Precisa da anuência da Administração;
A empresa subcontratada precisa cumprir os requisitos da habilitação.
Não é possível subcontratar a totalidade do contrato, do contrário estaria
sendo fraudada a licitação.

3.7. ESCRITOS
→ Escritos: os contratos são escritos, seja por meio do instrumento de
contrato ou por documentação mais simples.

*Contrato verbal
É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal celebrado com a Administração
Pública.

Exceção →quando se tratar de pequena compra no valor de até 5% do valor do


convite, desde que seja compra de pronta entrega e pronto pagamento.

Nesse sentido, ensina Matheus Carvalho:


ATENÇÃO:
Excepcionalmente, admite-se contrato verbal, nas compras que não
ultrapassam 5% do valor máximo definido para a licitação na modalidade
convite - ou seja, 4 mil reais - desde que se trate de compra de pronta entrega
e pronto pagamento, feitas em regime de adiantamento. Isso significa que este
contrato não gera nenhuma espécie de obrigação futura (art. 60, parágrafo
único da lei 8.666/93).

3.8. PUBLICIDADE
- Publicação:
Um dos requisitos para que o contrato administrativo possa ser eficaz é a sua
publicação.

Nesse sentido, a lei dispõe que “publicação resumida do instrumento de


contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição
indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Administração até o
quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de
vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor”.
A publicação não é do contrato propriamente, mas um RESUMO.

→É obrigatória a publicação dos contratos administrativos. É um requisito de


eficácia. A lei estabelece que até o 5º dia útil do mês seguinte ao da
celebração do contrato a AP deve providenciar a publicação do contrato.
Após disso há prazo de 20 dias corridos para que a publicação aconteça de
fato.

Prazo para que a Administração providencie a publicação: Até o 5º dia útil;

Prazo para que a publicação realmente acontece: 20 dias.

A publicação não é requisito de validade, mas de eficácia.

Exemplo: imagine que a administração pública celebrou contrato de 500 mil


reais, com procedimento regular, instrumento de contrato correto, só que não
publica. É valido? Sim, só não é eficaz!
4. CLÁUSULAS DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
4.1. CLÁUSULAS NECESSÁRIAS (ART. 55)
4.1.1. Análise do art. 55
Art. 55. São cláusulas NECESSÁRIAS em todo contrato as que estabeleçam:
I - o objeto e seus elementos característicos;
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do
reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do
adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;
IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de
observação e de recebimento definitivo, conforme o caso;
V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional
programática e da categoria econômica;
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas
(cláusula necessária de garantia);
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores
das multas;
VIII - os casos de rescisão;
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão
administrativa prevista no art. 77 (inexecução total ou parcial) desta Lei;
X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para
conversão, quando for o caso;
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a
inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor;
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos
casos omissos;
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do
contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas,
todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.

A Empresa deve manter todos os requisitos da habilitação durante a


execução do contrato (art. 55, inc. XIII). Descumprindo alguma delas
estará inadimplente, dando causa à rescisão do contrato.

A administração, nestes casos, pode aplicar as sanções do art. 87 ou


rescindir o contrato.
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração
poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes
sanções:
I - advertência;
II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no
contrato;
III - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento
de contratar com a Administração, por prazo não superior a 2
(dois) anos;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes
da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria
autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o
contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.

Continuando com artigo 55:


§ 2o Nos contratos celebrados pela Administração Pública com pessoas físicas
ou jurídicas, inclusive aquelas domiciliadas no estrangeiro, deverá constar
necessariamente cláusula que declare competente o foro da sede da
Administração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o disposto no §
6o do art. 32 desta Lei (caso em que o pagamento é feito com produto de
financiamento concedido por organismo financeiro internacional de que o
Brasil faça parte ou por agência estrangeira de cooperação...).

§ 3o No ato da liquidação da despesa, os serviços de contabilidade


comunicarão, aos órgãos incumbidos da arrecadação e fiscalização de tributos
da União, Estado ou Município, as características e os valores pagos, segundo o
disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964 (lei de normas
gerais de direto financeiro, explica a liquidação).contratado estar irregular.

4.1.2. Quanto à cláusula necessária de garantia (art. 55, VI)


Garantia (art. 55, VI): A Administração não só pode como deve exigir garantias
do contratado (doutrina: poder-dever), a fim de lastrear um eventual
descumprimento contratual. Para compensar os prejuízos no caso de
descumprimento.
Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde que prevista no instrumento
convocatório, poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e
compras.
§ 1o Caberá ao CONTRATADO optar por uma das seguintes modalidades de garantia:
I - caução em dinheiro OU em títulos da dívida pública, devendo estes ter sido emitidos sob a
forma escritural, mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia
autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme
definido pelo Ministério da Fazenda;
II - seguro-garantia;
III - fiança bancária.

Forma da garantia: A lei dá quatro alternativas:


Caução em dinheiro;
Título da dívida pública (TDP);
Fiança bancária;
Seguro-garantia, que nada mais é do que um contrato de seguro, vale dizer, um seguro
que cobre um eventual inadimplemento. Quem escolhe a forma de garantia é o
contratado e não o Poder Público.
§ 2o A garantia a que se refere o caput deste artigo não excederá a CINCO POR CENTO do valor
do contrato e terá seu valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalvado o previsto no
parágrafo 3o deste artigo.
Valor da garantia: No máximo 5% do valor do contrato. Excepcionalmente os contratos
de grande vulto, de alta complexidade ou de riscos financeiros para a Administração,
podem ter garantia fixada em até 10% do valor do contrato.
§ 3o Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo alta
complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis, demonstrados através de
parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia
previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para ATÉ DEZ POR CENTO do valor
do contrato. § 4o A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída após
a execução do contrato e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente. § 5o Nos
casos de contratos que importem na entrega de bens pela Administração, dos quais o
contratado ficará depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses
bens.

4.1.3. Quanto à cláusula necessária de prazo do contrato (art. 55, IV)


Duração do contrato (art. 55, inc. IV): Todo contrato deve ter prazo determinado (art.
57). O prazo deve ser o do crédito orçamentário, ou seja, de no máximo 12 meses,
que é o prazo da Lei Orçamentária Anual, que é o prazo do exercício financeiro. Essa é
a regra.
Exceções (eu vejo 03):
Objeto do contrato estiver previsto no Plano Plurianual, o contrato poderá ter prazo de
até quatro anos (PPA);
Serviço de prestação contínua. Se houver vantagem quanto ao preço para a
administração, o prazo poderá ser de até 60 meses, excepcionalmente poderá chegar
até 72 meses;

OBS: A lei diz que nesses casos, em caso de excepcional interesse público, é possível
uma prorrogação por mais 12 meses. Exemplo: Coleta de lixo. A Regra é 60 meses,
mas pode chegar até 72 meses. .

Programas e equipamentos de informática: poderá chegar a 48 meses.

Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos
respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos: I - aos projetos cujos
produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais
poderão ser prorrogados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha
s

O prazo pode ser maior se o objeto do contrato estiver previsto no Plano Plurianual
(ver isso na CR: art. 165 e ss, LDO, LOA e PPA), que são as metas e ações previstas ao
longo dos quatro anos de mandato. Nesses termos, o contrato pode ter prazo de até
quatro anos (PPA). (não coincidentes com o mandato do presidente – os seus 03
últimos e um ano do próximo administrador) ido previsto no ato convocatório;
Se liga nesta:
Se liga nesta:
4.2. CLÁUSULAS EXORBITANTES (ART. 58)
4.2.1. Previsão legal e conceito
Também chamadas de “cláusulas de privilégio”, são aquelas que
extrapolam, exorbitam, ultrapassam os limites aceitáveis no âmbito
dos contratos de Direito Privado.

Essas cláusulas garantem à Administração algumas prerrogativas,


dando a ela tratamento desigual.

As cláusulas estão explicitadas no art. 58 do diploma e são as


seguintes:
a) Alteração unilateral do contrato (art. 58, I);
b) Rescisão unilateral do contrato (art. 58, II);
c) Fiscalização do contrato (art. 58, III);
d) Aplicação de sanções (art. 58, IV);
e) Ocupação provisória de bens (art. 58, V).
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei
confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
I - MODIFICÁ-LOS, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de
interesse público, respeitados os direitos do contratado;
II - RESCINDI-LOS, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79
(hipóteses) desta Lei;
III - FISCALIZAR-LHES a execução;
IV - aplicar SANÇÕES motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
(advertência, multa, suspensão temporária, impedimento e declaração de
inidoneidade).
V - nos casos de serviços essenciais, OCUPAR PROVISORIAMENTE bens móveis,
imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da
necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo
contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo.
§ 1o As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos
administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do
contratado.
§ 2o Na hipótese do inciso I (alteração unilateral do contrato) deste artigo, as
cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se
mantenha o equilíbrio contratual.
Relembrando:
Alteração unilateral do contrato
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas
justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor
adequação técnica aos seus objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo
ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;

Deve ser respeitado o objeto do contrato:


A alteração poderá ser feita quanto:
Quanto ao projeto. Quanto ao valor, aumentando originário; ou diminuindo.

Tem limite expresso na lei de até 25% para mais ou para menos.
A alteração acima de 25% é permitida, mas deverão ser bilaterais.
Com exceção aos contratos de reformas em que as alterações para mais
podem chegar até 50% a diminuição continua em 25%.
Art. 79. A RESCISÃO do contrato poderá ser:
I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos casos enumerados
nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior;
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo no processo da licitação,
desde que haja conveniência para a Administração;
III - judicial, nos termos da legislação;
IV - (VETADO)
§ 1o A rescisão administrativa ou amigável deverá ser precedida de autorização escrita
e fundamentada da autoridade competente.
§ 2o Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a XVII do artigo anterior, sem
que haja culpa do contratado, será este ressarcido dos prejuízos regularmente
comprovados que houver sofrido, tendo ainda direito a:
I - devolução de garantia;
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da rescisão;
III - pagamento do custo da desmobilização.
§ 3o (VETADO)
§ 4º (VETADO).
§ 5o Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação do contrato, o cronograma de
execução será prorrogado automaticamente por igual tempo.
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração
poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes
SANÇÕES:
I - advertência;
II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no
contrato;
III - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento
de contratar com a Administração, por prazo não superior a 2
(dois) anos;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes
da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria
autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o
contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.
4.3. EXCEPTIO NON ADIMPLETI CONTRACTUS
Trata-se da cláusula presente nos contratos onerosos de Direito Privado que permite a
qualquer dos contraentes suspender a execução de sua parte no contrato enquanto a outra
parte não cumpre sua obrigação.

A doutrina clássica de Hely não admitia o uso dessa defesa pelos particulares quando do
descumprimento contratual da Administração, sob o argumento de afronta ao princípio da
continuidade do serviço público.

Essa ideia foi superada pela Doutrina moderna de Celso Antônio (JSCF concorda), que
corretamente assevera que não são todos os contratos administrativos que se referem a serviços
públicos.

Assim, hoje se admite a invocação da exceptio, mas de forma mitigada e desde que o contrato
não se refira a prestação de serviço público (há quem não faça essa ressalva do serviço público).

Conforme o art. 78, XV do Estatuto, mesmo que a Administração esteja inadimplente, o


contratado é obrigado a prestar o serviço pelo prazo de até 90 dias. Vencidos os 90 dias a
empresa pode suspender a prestação do serviço, ou até mesmo exigir a rescisão contratual por
culpa da Administração, exigindo indenização. Ou seja, aplica-se a cláusula da exceção do
contrato não cumprido apenas depois de decorrido o prazo de 90 dias da inadimplência da
Administração (ver acima).
A Exceptio non adimpleti contractus não se trata de cláusula exorbitante, uma
vez que também é prevista nos contratos comuns. Hely dizia que essa cláusula
não se aplicava aos contratos administrativos, e considerava a sua ausência
uma cláusula exorbitante dos contratos administrativos.

Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:


XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela
Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas
destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave
perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito
de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja
normalizada a situação;

OBS1: Há quem defenda que, em casos excepcionais, deva-se admitir a exceção


ou até mesmo a rescisão contratual antes desse lapso temporal, via ação com
tutela cautelar (José dos Santos).

OBS2: A exceptio pode ser invocada PELA ADMINISTRAÇÃO, quando do


descumprimento contratual por parte do contratado.
Pergunta:
Pergunta:
O que é a exceptiono rite adimpleti contractus?
Exceção non rite adimpleti contractus é a exceção que tem qualquer dos
figurantes do contrato bilateral, para se recusar a adimplir, se não lhe
incumbia prestar primeiro, até que o figurante contra quem se opôs, por
ter prestado insatisfatoriamente, satisfatoriamente preste.

Como caiu em prova?


A exceptiono rite adimpleti contractus tem como pressuposto:

a) descumprimento total do contrato


b) a prorrogação do contrato
c) descumprimento parcial do contrato

d) a extinção do contrato.​

Resposta: Letra C.
5. EXTINÇÃO CONTRATUAL
Pode ser por:
a) Conclusão do objeto;
b) Advento do termo contratual;
c) “Rescisão” (coloquei entre aspas por que não me parece muito técnico
denominar tais possibilidades de rescisão... só no direito administrativo
mesmo);
d) Anulação.

5.1. CONCLUSÃO DO OBJETO


É a via normal. Exemplo: Término da construção contratada.

5.2. ADVENTO DO TERMO CONTRATUAL


Quando o prazo do contrato vence.
5.3. “RESCISÃO”
Cinco hipóteses:
a) Rescisão administrativa;
b) Rescisão judicial;
c) Rescisão amigável ou consensual;
d) Rescisão de pleno direito;
e) Rescisão por arbitragem.

5.3.1. Feita de forma unilateral pela Administração.


Pode ser feita em razão de interesse público ou por motivos de força maior que
impossibilitem a execução do contrato, caso no qual deverá ser indenizado o
contratado dos eventuais prejuízos sofridos.
Art. 79. A RESCISÃO do contrato poderá ser:
I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos casos enumerados
nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior;

Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:


I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos;
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos e prazos;
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração a comprovar a
impossibilidade da conclusão da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos
estipulados;
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento;
(...)

No contrato de CONCESSÃO, essa rescisão se chama “ENCAMPAÇÃO”.


Também é possível a rescisão unilateral por descumprimento de cláusula
contratual pelo contratado. Nesse caso, cabe ao contratado pagar indenização.
No contrato de CONCESSÃO, essa extinção se chama “CADUCIDADE”.

5.3.2. Rescisão judicial


Ocorre quando o CONTRATADO não mais quer o contrato, e como não pode
rescindir de forma unilateral, deve ir à via judicial. É comum quando a inexecução
do contrato se baseia na teoria da imprevisão e quando a Administração não
realiza a rescisão amigável.

5.3.3. Rescisão amigável ou consensual


Quando as partes decidem pôr, mediante acordo, termo ao contrato.
5.3.4. Rescisão de pleno direito
Aquela que decorre de circunstâncias estranhas à vontade das partes.
Exemplo: morte, incapacidade civil etc.

5.3.5. Rescisão por arbitragem


Leis modernas tem admitido a arbitragem para solução de conflitos. No
que tange à 8.666, há quem admita, se prevista no contrato (JSCF).

5.4. ANULAÇÃO
Ocorre quando existe ilegalidade no contrato ou mesmo no
procedimento que o antecedeu (licitatório ou de justificação). A
anulação opera efeitos EX TUNC, devendo, no entanto, serem
ressarcidos eventuais prejuízos do contratado, desde que não tenha
dado causa ao vício que inquinou o contrato.
Teorias da Imprevisão

As hipóteses supervenientes que afetam o contrato e não estão


previstas são denominadas de “teorias da imprevisão”

Nesse sentido, preleciona Matheus Carvalho (Manual de D.


Administrativo, 2016, p. 534). “Ocorre nos casos em que há uma
situação fática não prevista quando da celebração do contrato, portanto
imprevisível, que venha a alterar o equilíbrio econômico-financeiro do
contrato, com reflexos em sua execução”.
Exemplos:
Caso Fortuito (ato humano) e Força Maior (eventos da natureza) – são
situações imprevisíveis, ou se previsíveis, são inevitáveis, por exemplo,
incêndio, enchente. Nesse caso, é necessário a recomposição de preços.

Interferências imprevistas – são situações preexistentes à celebração do


Situação preexistente ao contrato, mas que só se manifesta durante a execução
do contrato, desequilibrando a execução do contrato.

Fato da administração – a Administração Pública atua enquanto contratante,


por exemplo, quando deixa de fazer algo que lhe era atribuído para fins de
viabilizar a execução do contrato. Refere-se a uma ação ou omissão da
Administração Pública na condição de sujeito da relação do contrato.
Conforme ensina Matheus Carvalho (Manual de D. Administrativo, 2016, p.
535): No fato da administração, “o desequilíbrio contratual é causado por uma
atuação específica da Administração que incide sobre o contrato e impede a
sua execução”.
Exemplo: Não desapropria o terreno no local em que a obra seria executada.

Fato do príncipe – o desequilíbrio contratual também é causado pelo poder


público e, por esta atuação, haverá necessidade de recomposição do preço.
Ocorre que, neste caso, há uma atuação extracontratual (geral e abstrata) do
ente estatal que termina por atingir diretamente a relação contratual.
→ No fato do príncipe, a atuação do Poder Público, nesse caso, é fora
da relação contratual, porém incidirá seus efeitos de forma indireta no
contrato.
Exemplo: um caso no qual a Administração Pública Federal contrata
uma empresa para realizar o transporte de servidores e, em atuação
subsequente, triplica a alíquota de determinado tributo que incide
sobre o combustível, onerando a prestação do serviço pactuado. Ou
ainda uma situação de determinado município que contrata empresa
para realizar transporte público. Depois de formalizado o contrato, o
município editou uma lei exigindo que fosse concedido passe livre para
todas as pessoas de até 18 anos. Essa lei municipal é uma lei geral que
atinge a todos, mas que interfere no contrato de transporte,
desequilibrando-o. Será necessária a recomposição dos preços (ou
revisão de preços) das tarifas ajustadas.

Obs.1: Tanto quando da incidência do fato da administração quanto do


fato do príncipe, há necessidade de equilíbrio financeiro da relação
contratual.
6. PRESCRIÇÃO

PRESCRIÇÃO. CONTRATO ADMINISTRATIVO

Nos contratos administrativos, a prescrição em favor do Estado deve ser


contada a partir da data em que ele se torna inadimplente ao deixar de
efetuar o pagamento no tempo pactuado, ocasionando a lesão do direito
subjetivo da parte (teoria da actio nata). Na hipótese, execução de obras
referentes à canalização de um arroio, essa prescrição deve ser contada da
certidão de serviço expedida após a suspensão das obras por opção do
município, pela qual ele reconheceu quantitativos e preços dos serviços
realizados. Também não é caso de aplicação do art. 4º, parágrafo único, do
Dec. n. 20.910/1932, só incidente na hipótese de o município manter-se
inerte após o protocolo do requerimento de pagamento, o que não se
verificou no caso dos autos.

Precedentes citados: REsp 819.562-SP, DJe 10/9/2010, e REsp 444.825-PR, DJ


27/9/2004. REsp 1.174.731-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 12/4/2011. (Informativo 469 – 2ª Turma).

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