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AO JUÍZO DA 1ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE

SALVADOR – ESTADO DA BAHIA

Processo nº 8140758-40.2021.8.05.0001

GILMAR SANTANA NUNES, brasileiro, divorciado, dentista, portador


da cédula de identidade RG nº 1385702 SSP/BA, inscrito no CPF sob o nº 410.237.225-
34, residente e domiciliado na Trav. Coronel Tancredo nº 631, Centro, CEP: 68371-170,
Altamira/Pa, Vem à presença de Vossa Excelência, por seu representante constituído
interpor

RECURSO DE APELAÇÃO

em face da decisão que julgou parcialmente procedente a ação de


divórcio litígioso proposta por HELIA PRATES SANTANA NUNES, portador do
CPF 263.436.905-06, residente na Av. Sete de Setembro, 3207, ap 701, Edf. Yacth,
Salvador/Ba, CEP 40.130-000, e-mail: heliaprates@hotmail.com.br, telefone 93 9137-
2732.

Requer, desde já o seu recebimento no efeito suspensivo, com a imediata


intimação do recorrido para, querendo, oferecer as contrarrazões e, ato contínuo,
sejam os autos, com as razões anexas, remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do
Estado da Bahia e para os fins aqui aduzidos.

Termos em que pede e aguarda deferimento

Altamira/PA, 23 de fevereiro de 2023

VICTOR MONTEIRO DA SILVA


OAB/PA 29.683

MÁRCIO VANDERLEI LINO


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Telefones: (91) 99336-8558, E-mail: monteiroadvo.0@gmail.com
OAB/PA 7.008
DAS RAZÕES RECURSAIS

Apelante: GILMAR SANTANA NUNES

Apelado: HELIA PRATES SANTANA NUNES

Processo de origem n°: 8140758-40.2021.8.05.0001, 1ª Vara De Família da Comarca de


Salvador/Ba

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA CÂMARA,

EMÉRITOS DESEMBARGADORES.

01. DA ADMISSIBILIDADE
Destaca-se em primeiro momento que o recurso é cabível, vez que
discute conteúdo da r. sentença prolatada pelo egrégio juízo de piso, conforme dita a
inteligência do art. 1.009 do Código de Processo Civil.

02. DA TEMPESTIVIDADE
Nos termos dos art. 209 e 1003, § 5° do Código de Processo Civil, o prazo
para interpor o presente recurso é de 15 (quinze) dias úteis, sendo excluído o dia do
começo e incluindo o dia do vencimento nos termos do art. 225 do Código de Processo
Civil.

Pois bem, a sentença foi prolatada em 29/01/2023, sendo sua


disponibilização feito no diário eletrônico dia 01/02/2023 (Doc. Anexo –
Disponibilização Intimação 01/02/2023), logo, pelo teor do art. 4º, § 3º, Lei 11.419/2006,
a publicação ocorrerá no primeiro dia útil após a disponibilização:

Art. 4º: [...]


§ 3º Considera-se como data da publicação o primeiro dia
útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário
da Justiça eletrônico.

E o prazo somente começará a contar no dia útil seguinte ao da


publicação (artigo 4º, § 4º, Lei 11.419/2006):
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Art. 4º:(...)
§ 4º Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil
que seguir ao considerado como data da publicação.

Assim, se a disponibilização da informação no Diário ocorreu em


01/02/2023, a data da publicação foi no dia 02/02/203 e o prazo teve início no dia
03/02/2023 (sexta-feira).

Logo, pelo regramento processual do Código de Processo Civil, há duas


regras a serem observadas, senão vejamos:

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei


ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.
(...)
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão
contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do
vencimento

A lógica é simples, ainda que a aplicação pareça complexa.

Explica-se!!

Como o prazo teve início no dia 03/02/2023 (sexta-feira), se excluirá


respectivo dia, e por consequência também não se computará os dias 04/02 nem 05/02,
visto não serem dias úteis, se iniciando assim dia 06/02/2023, e findando os 15 dias em
03/03/2023. (Vide – Decreto Judiciário Bahiano – nº 31 de 17 de janeiro de 2023)

03. DO PREPARO
Informa-se que junta em anexo a devida comprovação do recolhimento
do preparo recursal (Doc. Anexo – Boleto, Comprovante de pagamento e relatório).

04. SÍNTESE PROCESSUAL


A apelada, propôs Ação de Divórcio Litigioso em face do apelante em 06
de dezembro de 2021.

O então apelante foi citado – contrário legis - para contestar a respectiva


ação, ingressando tardiamente - por achar que se realizaria alguma audiência –, se
tornando revel (Id - 222905882 Despacho)

A defesa do Apelante ingressou no processo, devendo assumir na fase


em que se encontra (art. 346 § único CPC), vindo a partir de então se alegar as fortes
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nulidades permeadas neste processo, vez que acarretaram sério prejuízo ao apelante,
pois o tornou revel, cerceando seu direito ao cumprimento ao Devido Processo Legal.

Quanto a fase, este juízo já emanou sentença processual, concedendo em


partes os pleitos da Requerente, o que será tratado em tópicos abaixo.

Vamos as razões dos pontos que merecem destaque em todo processo,


bem como na decisão final que ora se vergasta.

PRELIMINARES
05. DO DESRESPEITO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL
Com data máxima vênia, a douta juíza a quo, sem espaço para qualquer
fundamento, ou sem nem ao mesmo motivar seu despacho, saltou o rito processual
(Id - 164465519 - Decisão), em desobediência ao art. 334 do CPC, vez que a parte Autora
e a parte Requerida não manifestaram acerca do desinteresse da realização da
audiência de conciliação, sendo citado o Requerido/Apelante para apresentar
contestação sem antes mesmo poder tentar conciliar.

A obrigatoriedade da audiência de conciliação ou mediação, prevista no


art. 334 do Código de Processo Civil de 2015, insere-se na ideia de promoção dos
meios consensuais como norma fundamental do sistema processual brasileiro.
“Preenchidos os requisitos da petição inicial e não sendo o caso de improcedência liminar do
pedido, o juiz deve designar a audiência de conciliação ou de mediação.”

Nos termos do § 4º do artigo 334 do CPC, admitem-se apenas duas


exceções: a recusa de ambas as partes; e se o caso não admitir autocomposição. Trata-
se, assim, de norma cogente que não está no âmbito de disponibilidade do juiz, ou
seja, fica estabelecido Lei entre as partes, não podendo destoar em momento algum
por conveniência de outrem.

Ou seja, agir de forma diversa sem nenhum fundamento, é para além de


prejudicar o Requerido, per-saltar o um rito de ordem legal e pré-constituído.

Neste compasso, o desrespeito ao imperativo normativo também dá


vazão a ofensa contra os princípio do Devido Processo Legal, pois sua dimensão mais
abrangente é ferrenhamente desrespeitada, ou seja, no sentido formal dirigido ao
processo em si, o “due process of law” obriga o juiz no caso concreto a observar os
princípios processuais na condução do instrumento estatal oferecido aos
jurisdicionados para a tutela de seus direitos materiais, que permite a ampla
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participação das partes e a efetiva proteção de seus direitos, o que na avaliação deste
causídico não aconteceu, pois o Apelante sofreu notória situação de prejuízo, por
algo que não concorreu, tanto na fase processual como no seu término, visto que na
própria sentença se reconheceu que a Apelada não provou seu direito, só obtendo
êxito por força da Revelia do Apelante.

06. DO DESREPEITO A FORMA, E SEU PREJUÍZO


O vocábulo “autocomposição” se deve a Carnelutti, que, ao tratar dos
equivalentes jurisdicionais, aí a incluiu, sendo integrado do prefixo auto, que significa
“próprio”, e do substantivo “composição”, que equivale a solução, resolução ou decisão
do litígio por obra dos próprios litigantes.1

A norma inédita do art. 3º, § 2º do novo CPC, permite sejam os litígios


resolvidos por autocomposição das partes, o que se obtém através da conciliação e da
mediação, que nada mais são formas alternativas de resolução dos conflitos de
interesses, muito prestigiadas nos sistemas jurídicos estrangeiros.

Dessa forma, veja-se, dispõe o CPC que:


Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a
direito.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução
consensual dos conflitos. (grifo nosso)

Depreende-se, portanto, que o legislador não infirma o princípio da


inafastabilidade da jurisdição, porquanto o verbo “promover” significa, tão somente,
adotar as medidas necessárias para que o conflito de interesses seja resolvido pelas
próprias partes, ABORTANDO A LIDE, que é o grande problema com que se
depara atualmente o Poder Judiciário.

Na mesma sintonia, preceitua o § 3º do art. 3º também do novo CPC: “A


conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser
estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.”

Conciliação, portanto, é um instituto que participa do funcionamento da


justiça, remontando à antiga Lei n. 968/49, que estabeleceu uma fase preliminar de
conciliação ou acordo, nas causas de desquite litigioso ou de alimentos, inclusive os
provisórios, cujo art. 1º dispunha que, nessas causas, o juiz, antes de despachar a
petição inicial, logo que esta lhe fosse apresentada, promoveria todos os meios para
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CARNELUTTI, Francesco. Derecho procesal civil y penal. Buenos Aires: EJEA, 1971. v. I.

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que as partes se reconciliassem ou transigissem, nos casos e forma em que a lei
permite a transação.2

Desta monta, a respectiva Citação para Contestação parece ignorar a


obrigatoriedade contida no Código de Processo Civil, pois ainda que o novo sistema
processual civil brasileiro tenha sofrido significativa reformulação, o direito aqui
perquirido, também se valia na velha sistemática, pois existia a regra da Audiência
Preliminar, onde o juiz poderia sanear alguns feitos abrindo inclusive espaço para
“autocomposição”. O que difere da versão vigente apenas no fato de que atualmente as
partes podem declinar da conciliação, mas devem informar com antecedência seu
desinteresse (art. 319, inc. VII e art. 334 § 4.º inc. II CPC).

Percebam, Excelências, o Novo Código de Processo Civil encontra-se em


processo de construção acerca de sua aplicação, precisando, como qualquer Código
Novo, se solidificar nos tribunais, logo denota-se opiniões vacilantes sobre alguns
pontos específicos do respectivo Código, porém, quanto ao que aqui se reza, é claro e
evidente o pedido de obediência a imperatividade do Código de Processo Civil, pois
a própria Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados emitiu o
enunciado de nº 61 que assim dispõe:

Somente a recusa expressa de ambas as partes impedirá a


realização da audiência de conciliação ou mediação
prevista no art. 334 do CPC/2015, não sendo a manifestação
de desinteresse externada por uma das partes justificativa
para afastar a multa de que trata o art. 334, § 8º.

Outrossim, é claro o regramento processual, Excelências, a legislação


processual civil determina em seu artigo 334 que se a petição inicial atender a todos os
requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido (art. 332), o
juiz designará audiência de conciliação ou de mediação, com antecedência mínima
de trinta dias, devendo ser citado o réu com pelo menos vinte dias de antecedência. A
intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado.

Senão, vejamos:
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não
for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará
audiência de conciliação ou de mediação com antecedência
mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo
menos 20 (vinte) dias de antecedência.
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J. E. Carreira Alvim. Teoria geral do processo /– 21. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense, 2018.

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Assim, percebe-se que a realização da audiência de conciliação ou de
mediação é A REGRA, também de acordo com o art. 27 da lei 13.140/2015.3

Deste modo, considera-se que a realização da audiência está no âmbito


da disposição conjunta das partes, elas podem celebrar negócio jurídico, no curso do
processo ou antes dele, excluindo de antemão a realização de tal ato (art. 190 CPC).

A não ocorrência da audiência deve ser exceção, nas hipóteses do § 4º


do artigo 334, o qual deve ser interpretado em conjunto com o art. 166, caput do
CPC/2015, no que diz respeito, sobretudo, à autonomia da vontade das partes.

Portanto Preclaro Julgadores, o desrespeito a forma com a NÃO


iniciação do processo pela audiência de conciliação (id 164465519 – Decisão), trouxe o
prejuízo processual da Revelia, o que não deveria ter acontecido, sendo reconhecido
em sede de sentença a sucumbência da parte Apelante somente por este fato (revelia).

07. CONSEQUENTE NULIDADE PROCESSUAL


O ato é considerado relativamente nulo quando praticado com
inobservância de forma legal que tenha como escopo preservar o interesse das partes.
A lei prevê que determinados atos processuais têm que seguir certa forma visando
principalmente uma garantia aos próprios litigantes do cumprimento da promessa
constitucional do devido processo legal4.

O próprio direito dos sujeitos processuais estará garantido com a


previsão de formas para os atos processuais, sem os quais seria impossível conceder o
mínimo de segurança às partes nas atividades processuais.

Na mesma sintonia prevê o Código de Processo Civil em seu Art. 278,


que “A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à
parte falar nos autos, sob pena de preclusão”.

Desse modo, este momento oportuno, Excelências, pois o salto no


procedimento efetuado neste processo retirou da parte Apelante o direito de
autocomposição, estando no presente processo com sério prejuízo, pois sua Revelia
fora decretada, e consequecialmente este foi o único motivo para fazer a parte
Apelante sucumbir.

3
MEDINA, José Miguel Garcia. Guia prático do novo processo civil brasileiro/ José Miguel Garcia Medina e Janaina Marchi
Medina. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016. p. 89.
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4
Theodoro Jr., Curso, n. 283, p. 324.

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Desse modo Excelências, verifica-se que não foi respeitado a Norma
Legal sobre o rito comum, o que por consequência trouxe prejuízo a parte Apelante,
uma vez que o mesmo com Revelia decretada restou sucumbente em sede de sentença,
justamente pelo prejuízo advindo do desrespeito às regras do jogo, já que a parte
apelada não logrou êxito em comprovar matérias por ela alegada.

08. DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO A QUO DA 1ª VARA DE FAMÍLIA


DE SALVADOR BAHIA; DA PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DO RÉU NOS
AUTOS
Bem, é de conhecimento notório que com advento do Novo Código de
Processo Civil, houve a alteração da ordem hierárquica de competência, onde antes o
foro da mulher era privilegiado em relação ao do homem, hoje não mais.

Com a alteração, a Lei 13.105/15 conservou tão somente o privilégio de


foro para aquele que restou como guardião de eventual filho menor incapaz, senão
vejamos:

(...) Art. 53. É competente o foro:


I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento
e reconhecimento ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
(...)

Ora, não é o caso dos autos, ainda que pese o fato de nenhuma
manifestação defensiva do Apelante até o presente momento, deve ser considerado o
que a própria apelada alega em sua inicial, ipsi litteris:

“(...) IX - DOS FILHOS


Do relacionamento das partes nasceram dois filhos, Vinicius Prates
Santana Nunes e Giuliele Prates Santana Nunes, os quais já são
maiores de idade e independentes, como resta comprovado nos
autos através das certidões de nascimento.
Destaca-se que atualmente a Requerente reside com a filha Giuliele
Prates Santana Nunes na cidade de Salvador, como citado
inicialmente, pois está sem trabalhar, não possui qualquer renda
para se manter considerando que os bens existentes são do casal e
a renda de locação está sendo recebida de forma exclusiva pelo
Requerido. (...)” (grifo nosso)

Pecou a parte requerente, ora apelada, pois tendo conhecimento do fato


de não haver filhos menores, a regra de competência obrigatoriamente deve ser
observada, e no caso em concreto, não foi, pois apelada residia na comarca de
Altamira/PA, e para tanto, deve recair assim sobre alínea “b” do inc. I do art. 53 do
Código de Processo Civil:
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(...) Art. 53. É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento
e reconhecimento ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no
antigo domicílio do casal;

Ainda que não se considerasse a alínea “b” mencionada, persistiria o foro


da comarca de Altamira, pois mesmo que nenhuma das partes residissem no antigo
domicílio, seria respeitado como foro o domicílio do réu, ou seja, Altamira/Pa.

Não caminha desprotegido o que observa a Lei, vez que o próprio


Superior Tribunal de Justiça, em análise de temas similares, se faz valer a nova
disposição de competência, nas palavras do Ministro Marco Buzzi:

"Em conflitos similares, a jurisprudência da Segunda Seção


caminha no sentido de que à luz do disposto no artigo 53, I,
"b", do CPC/15, as ações de divórcio, quando não houver
filhos incapazes, devem ser processadas e cumpridas no foro
do último domicílio do casal. (grifo nosso)
Na hipótese dos autos, como bem acentuou o r. Juízo
suscitante, "Os documentos acostados pelo autor, portanto,
demonstram que o casal tinha seu último domicílio na cidade
paulista, eis que a permanência transitória da divorcianda em
razão dos filhos desta estarem radicados nesta cidade em
razão do trabalho e do estudo não pode ser considerada para
fins de domicílio conjugal", evidenciando a competência do r.
Juízo suscitado5”

Na mesma linha, outros julgados que dão ênfase a regra processual aqui
observada, vejamos:

Conflito Negativo de competência. Juízos de família da


comarca da Capital e da Regional da Barra. Divórcio litigioso.
Art. 53, inciso I, “b” do NCPC. 1. Trata-se a demanda de
origem de divórcio litigioso inicialmente distribuída para a 4ª
Vara de Família da Comarca da Capital tendo sido declinada
a competência para a Regional da Barra da Tijuca, distribuída
para a 3ª Vara de Família. 2. Para apreciação das demandas
de divórcio é competente o foro do último domicílio do casal
se ainda nele reside a parte, a teor do item ¿b¿ do inciso I do
art. 53 do NCPC. 3. Ausência de filhos incapazes ou pedido de
alimentos que ocasionariam a aplicação das regras dos incisos
¿a¿ e inciso II, respectivamente, do citado dispositivo. 4.
Procedência do conflito negativo para determinar a
competência do Juízo suscitado. (TJ-RJ - CC:
00184181520228190000 202200800311, Relator: Des(a).
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5
STJ - CC: 193735 SC 2022/0394501-0, Relator: Ministro MARCO BUZZI, Data de Publicação: DJ 03/02/2023)
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MARCOS ALCINO DE AZEVEDO TORRES, Data de
Julgamento: 15/12/2022, VIGÉSIMA SÉTIMA CÂMARA
CÍVEL)

AÇÃO DE DIVÓRCIO Exceção de incompetência


Acolhimento pelo Juízo de Primeiro Grau Para a ação de
divórcio é competente o foro do último domicílio do casal,
desde que não haja filho incapaz - No caso dos autos, o
último domicílio do casal foi na cidade de Feira de
Santana/BA; da união nasceram dois filhos, atualmente,
maiores de idade - Aplicação do art. 53, inciso I, alínea "b", do
Código de Processo Civil - Decisão mantida AGRAVO NÃO
PROVIDO. (agravo 2238856-83.2021.8.26.0000. Relator: ELCIO
TRUJILLO. DJ de 11.2.2022)

Conflito negativo de competência. Foros Regionais.


Competência funcional. Possibilidade de declinação de ofício.
Ação de divórcio sem pedido de alimentos (ou oferta). União
em que não adveio o nascimento de filhos. Competência
estabelecida no foro do último domicílio do casal.
Incidência da regra elencada pelos artigos 53, inciso I, alínea
b, do CPC, 26, inciso I, a, da Resolução nº 01/71, e 53, inciso II,
da Resolução nº 02/76 do TJSP. Conflito procedente para
declarar a competência do MM. Juízo suscitado, da 2ª Vara da
Família e Sucessões do Foro Regional de Pinheiros. (Conflito
de Competência nº PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Agravo de
Instrumento nº 2223692-44.2022.8.26.0000 - Guararapes - Voto
nº - 0009754-34.2021.8.26.0000, Câmara Especial TJ/SP, Rel.
Des. Lidia Conceição, julgado em 24 de março de 2021,
julgaram procedente o conflito, votação unânime).

São claras as regras do jogo, assim como é evidente que a parte apelada
se equivocou ao protocolar ação na comarca de Salvador, vez que tendo ciência da
inexistência de filhos menores e da inovação legislativa do CPC de 2015, ainda sim
optou pelo equívoco, sabendo que poderia sofrer respectiva exceção de
incompetência.

Superado a clara incompetência – ainda que relativa – da comarca de


Salvador, é necessário que se enfrente o fato que a primeira manifestação do
Requerido nestes autos é esta Apelação, ou seja, o ora apelante nunca pode se
manifestar sobre a respectiva a respectiva regra de competência especial.

Não se olvida aqui sobre o teor da súmula 33 do STJ: “A incompetência


relativa não pode ser declarada de ofício”. Logo, mesmo este juízo tendo conhecimento da
Lei, não poderia ele declinar de ofício ao real juízo competente por força da respectiva
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sumula.

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Nesse viés, logo, não se teve a oportunidade de alegar exceção de
incompetência em sede preliminar de contestação, visto que o apelante foi declarado
Revel, sendo este recurso sua primeira manifestação nestes autos. E nesse ponto é bom
que se lembre que a devolutividade do recurso de apelação não está adstrita à revisão
dos fatos e das provas do processo, mas alcança também, especialmente, as
consequências jurídicas que lhes atribuiu a instância anterior. Sendo assim, não
apenas as matérias de ordem pública podem ser alegadas pelo réu revel em sua
apelação, mas qualquer argumento jurídico que possa alterar o resultado do
julgamento (AgInt no REsp 1.848.104)6.

Ora, não se pode entender a presunção de veracidade na revelia como


um limite ao exercício da dialética, se primando pelo viés defensivo, é necessário que
a defesa técnica exerça em sua completude os seus interesses, ou seja, a presunção de
veracidade sobre os fatos não subtrai do revel a possibilidade de discutir suas
consequências jurídicas.

Deste modo, requer-se que este juízo ante instigação do apelado, decline
a ação ao juízo competente, seguindo o disposto em lei, seguindo assim as regras do
jogo, numa clara intenção de se respeitar os direitos dispostos em nosso ordenamento
pátrio.

09. DA NULIDADE DE CITAÇÃO DO REQUERIDO/APELANTE

Antes de caminhar enfim ao mérito, merece destaque à última das


preliminares, aqui aventadas.

Nos termos do art. 238 do CPC, a Citação é o ato pelo qual são
convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação
processual, indispensável para a validade do processo, e nesse sentido ensina a
boa doutrina:
A citação é indispensável para a validade do processo e
representa uma condição para concessão da tutela
jurisdicional, ressalvadas as hipóteses em que o processo é
extinto sem afetação negativa da esfera jurídica do
demandado (indeferimento da petição inicial e improcedência
liminar). Não se trata de requisito de existência do processo. O
processo existe sem a citação: apenas não é válido, acaso
desenvolva-se em prejuízo do réu sem a sua participação.7
6
STJ - RtPaut no REsp: 1848104 SP 2019/0337828-6, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de
Publicação: DJ 02/02/2021
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7
MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. 3ª
ed. Revista dos Tribunais, 2017. Vers. ebook. Art. 239

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Pois bem, o apelante teve conhecimento da presente ação apenas quando
ouviu comentários familiares de seus filhos, onde diziam que a “mãe venceu a ação”,
sendo qualquer outra afirmação desconhecida pelo apelante, pois nunca foi chamado a
estes autos de forma coesa e legal, não sendo regularmente citado nos termos da lei,
não podendo ser aplicado os efeitos da REVELIA.
Reitera-se e explica-se!
O Presente recurso é o primeiro momento em que o Apelante comparece
nesse nestes autos, devendo assim recebê-lo no estado que se encontra. E nesse espaço
onde foi declarada sua revelia, há de se apontar que o ato de citação é totalmente ilegal
pois não respeitou a respectiva forma.
De início, colaciona-se o que juntou o oficial de justiça do Estado do Pará
(id - 199079223 -p 5):

Primeiro ponto, o embasamento para ato de intimação eletrônica no


estado do Pará tomado pelo respectivo oficial, foi de uma Portaria Conjunta do ano de
2020, de nº 4 (Doc. Anexo – Portaria Conjunta nº 4/2020-GP), que autorizava respectiva
citação por WhatsApp nos seguintes termos:
Art. 4º Quanto aos oficiais de justiça, o magistrado Diretor do
Fórum e a Vice-Presidência, no âmbito do 1º e 2º grau,
deverão elaborar escala de plantão para o período
regulamentado neste ato, de acordo com a necessidade e a
conveniência das unidades judiciárias, ficando o cumprimento
dos mandados restritos às medidas urgentes.
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Parágrafo único. O cumprimento dos mandados pode se dar
por meios eletrônicos, dispensada a coleta da assinatura do
destinatário, devidamente certificada. (grifo nosso)

Ante isso é de se observar o tenebroso cenário de 2020, onde o caos da


pandemia assolou todo o mundo, nem mesmo se podia haver transeuntes nas ruas de
todas as cidades deste país, optando por bem o Tribunal Paraense em suspender as
atividades de “rua” dos oficiais de justiça, quando tornou possível essa forma de
citação.

Porém, um detalhe, respectiva portaria conjunta for inteiramente


revogada por outra portaria do ano de 2022 (Doc. Anexo - PORTARIA Nº 3229/2022-
GP, DE 29 DE AGOSTO DE 2022), que institui o trabalho preferencial e pessoal dos
servidores do tribunal paraense ante a melhoria no cenário pandêmico, ou seja, se
constata a primeira irregularidade no presente ato citatório destes autos.

Segundo ponto, no presente caso, a citação ocorreu por WhatsApp, sem


qualquer prova robusta da titularidade da conta por parte do Apelante, em manifesta
contrariedade à previsão expressa do CPC, que disciplina os meios idôneos que
devem ocorrer a citação:

Art. 246. A citação será feita preferencialmente por meio


eletrônico, no prazo de até 2 (dois) dias úteis, contado da
decisão que a determinar, por meio dos endereços eletrônicos
indicados pelo citando no banco de dados do Poder
Judiciário, conforme regulamento do Conselho Nacional de
Justiça.

Dessa forma, para validade da citação por meios eletrônicos de citação,


deve ser regulado por lei, o que não ocorre no presente caso, não existe no tribunal
paraense uma regulamentação legal sobre a citação pelo aplicativo WhatsApp, no
entanto, para que seja efetivada a citação pelo meio eletrônico, deverá ser observada a
necessidade de existência de cadastro da parte que será citada nos sistemas de
processo em autos eletrônicos, para recebimento de citações e intimações eletrônicas.

Além disso, caso a citação eletrônica não seja devidamente confirmada,


os meios citatórios seguirão a forma anteriormente estabelecida sendo, ainda,
oportunizada à parte citada eletronicamente a justificativa plausível para o não
recebimento da citação eletrônica, em observância ao contraditório e ao devido
processo legal.
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Portanto, equivocou-se o no ato citatório, vez que nem ao menos foram
observados alguns os cuidados em relação a identificação do Requerido, naquele
momento (Id -199079223 - Pág. 6), veja-se:

Pelo “print screen” juntado pelo respectivo oficial de justiça, não se


consegue comprovar o número de telefone do Apelante, não se consegue comprovar o
teor do mandado de citação, vez que o Requerido tem outro processo de natureza
indenizatório em tramite naquela comarca.

Não há nem mesmo a comprovação cabal de identidade do Apelante,


pois não foi pedido fotos dos documentos de identificação do mesmo, e aqui um
detalhe, respectivo aparelho também fica nas dependências da clínica de odontologia onde
possivelmente uma funcionária poderia muito bem ter respondido a mensagem em desatenção
apelante.

E sob esse argumento, o Superior Tribunal de Justiça entendeu pela


possibilidade da citação pelo aplicativo WhatsApp desde que contenha elementos
indutivos da autenticidade do destinatário, como número do telefone, confirmação
escrita e foto individual:

“[...] 7. Como cediço, a tecnologia em questão permite a troca de arquivos de


texto e de imagens, o que possibilita ao oficial de justiça, com quase igual
precisão da verificação pessoal, aferir a autenticidade da conversa. É
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possível imaginar-se, por exemplo, a exigência pelo agente público

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do envio de foto do documento de identificação do acusado, de um
termo de ciência do ato citatório assinado de próprio punho, quando
o oficial possuir algum documento do citando para poder comparar
as assinaturas, ou qualquer outra medida que torne inconteste
tratar-se de conversa travada com o verdadeiro denunciado.” [...]
(HC 644.543/DF, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, j.
09/03/2021)

É de se analisar, Excelências, o próprio CNJ, ao se debruçar sobre o tema,


se pronunciou positivamente aos meios eletrônicos para intimações, excluindo
expressamente esta possibilidade às citações:

A intimação via aplicativo WhatsApp foi oferecida como


ferramenta facultava, sem imposição alguma às partes. Sua
utilização foi idealizada para a realização de intimações e
não de citações. (PROCEDIMENTO DE CONTROLE
ADMINISTRATIVO - 0003251-94.2016.2.00.0000)

Portanto, manifestamente ilegal a citação realizada por WhatsApp,


conforme precedente sobre o tema:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - Inventário e partilha -


Pedido de citação por meio do aplicativo whatsapp -
Inviabilidade - Citação por meio eletrônico, disciplinada pelo
art. 246, V, do CPC, depende da regulamentação legal
específica - Lei nº 11.419/2006, relativa à informatização do
processo judicial, condiciona a prática de atos processuais
eletrônicos ao prévio credenciamento perante o Poder
Judiciário e ao uso de assinatura eletrônica, o que resta
inviabilizado na via indicada - Documentos juntados que não
comprovam, inequivocamente, a titularidade da conta do
aplicativo atribuída à citanda - Recurso desprovido. (TJSP;
Agravo de Instrumento 2112063-36.2020.8.26.0000; Relator (a):
Marcus Vinicius Rios Gonçalves; Órgão Julgador: 6ª Câmara
de Direito Privado; Foro Central Cível - 8ª Vara da Família e
Sucessões; Data do Julgamento: 18/06/2020; Data de Registro:
18/06/2020)

AÇÃO PENAL. CRIME DE TRÂNSITO. SENTENÇA


CONDENATÓRIA. PRELIMINAR DE NULIDADE
ACOLHIDA. CITAÇÃO POR WHATSAPP. INVALIDADE.
AFRONTA AO ARTIGO 66 DA LEI N. 9.099/1995. REFORMA
DO JULGADO PARA DECLARAR NULO O PROCESSO
DESDE O ATO, INCLUSIVE. (TJSP; Apelação Criminal
0070115-03.2017.8.26.0050; Relator (a): Fernanda Afonso de
Almeida; Órgão Julgador: 1ª Turma Recursal Criminal; Foro
de Santos - 1.VARA FAMILIA; Data do Julgamento:
30/08/2019; Data de Registro: 30/08/2019)
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Ademais, a lei nº 11.419/2006, que regula a informatização do processo
judicial, condiciona a prática de atos processuais por meio eletrônico ao prévio
credenciamento perante o Poder Judiciário, bem como ao uso de assinatura eletrônica,
o que não ocorre no presente caso.

Pelo contrário, sequer há prova suficiente da titularidade da conta que


se efetivou a citação, não permitindo a conclusão acerca da ciência relativa aos atos
praticados.

Desta forma, requer seja reconhecida a nulidade da citação, com retorno


do processo ao cômputo do prazo para defesa, tornando sem efeito todos os atos
posteriores.

10. DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS ARBITRADOS DE MANEIRA NÃO


PROPORCIONAL; NÃO OBSERVÂNCIAS AOS CRITÉRIOS LEGAIS PRÉ-
ESTABELECIDOS.
Está esculpido no Código de Processo Civil, art. 85, § 2:
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao
advogado do vencedor.
(...)
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo
de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o
valor atualizado da causa, atendidos:(...)

Neste espaço, é de se pontuar que a sentença ora vergastada não


observou o ditame legal, condenando a parte Ré em honorários sucumbenciais
diretamente embasado no valor da causa atualizado.

Pois bem, em que pese os acertos costumeiros do juízo a quo, é necessário


dizer que pecou neste momento, vez que não se observou a regra processual, tampouco
observou o que dispõem a jurisprudência consolidada pelo Superior Tribunal de
Justiça REsp 1.746.072/PR.

Veja-se, um olhar minimamente atento sobre a redação do dispositivo


legal parece ceifar por completo a interpretação de escolha alternativa entre os três
critérios de base de cálculo, seja pelo grau crescente de abstração empregado
sequencialmente entre um benefício efetivo obtido (condenação ou proveito
econômico) até que se chegue a um valor estimativo atribuído no momento do
ajuizamento (valor da causa), seja porque o próprio dispositivo dá azo à aplicação
sucessiva, na medida em que deixa claro que somente quando não é possível a
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mensuração do proveito econômico é que deve ser utilizado o valor da causa como
base de cálculo.

É necessária a exclusão do critério alternativo, pois o critério sucessivo


desponta como a mais interessante solução, tanto que a ideia de gradação, no sentido
de que a base de cálculo deve ser obrigatória e sucessivamente o valor da condenação,
do proveito econômico obtido, e, por último, o valor atualizado da causa, ganhou
força no STJ, a exemplo do paradigmático REsp 1.746.072/PR, cuja citação tem ecoado
nas decisões da Corte Cidadã:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CÓDIGO DE


PROCESSO CIVIL DE 2015. JUÍZO DE EQUIDADE NA FIXAÇÃO
DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. NOVAS
REGRAS: CPC/2015, ARTIGO 85, §§2º E 8º. REGRA GERAL
OBRIGATÓRIA (ARTIGO 85, §2º). REGRA SUBSIDIÁRIA
(ARTIGO 85, §8º). PRIMEIRO RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
SEGUNDO RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. O novo Código
de Processo Civil — CPC/2015 promoveu expressivas mudanças na
disciplina da fixação dos honorários advocatícios sucumbenciais na
sentença de condenação do vencido. 2. Dentre as alterações,
reduziu, visivelmente, a subjetividade do julgador, restringindo as
hipóteses nas quais cabe a fixação dos honorários de sucumbência
por equidade, pois: a) enquanto, no CPC/1973, a atribuição
equitativa era possível: a.1) nas causas de pequeno valor; a.2) nas de
valor inestimável; a.3) naquelas em que não houvesse condenação
ou fosse vencida a Fazenda Pública; e a.4) nas execuções,
embargadas ou não (artigo 20, §4º); b) no CPC/2015 tais hipóteses
são restritas às causas: b.1) em que o proveito econômico for
inestimável ou irrisório ou, ainda, quando b.2) o valor da causa for
muito baixo (artigo 85, §8º). 3. Com isso, o CPC/2015 tornou mais
objetivo o processo de determinação da verba sucumbencial,
introduzindo, na conjugação dos §§2º e 8º do artigo 85, ordem
decrescente de preferência de critérios (ordem de vocação) para
fixação da base de cálculo dos honorários, na qual a subsunção do
caso concreto a uma das hipóteses legais prévias impede o avanço
para outra categoria. 4. Tem-se, então, a seguinte ordem de
preferência: 1) primeiro, quando houver condenação, devem ser
fixados entre 10% e 20% sobre o montante desta (artigo 85, § 2º); 2)
segundo, não havendo condenação, serão também fixados entre 10%
e 20%, das seguintes bases de cálculo: 2.a) sobre o proveito
econômico obtido pelo vencedor (artigo 85, §2º); ou 2.b) não sendo
possível mensurar o proveito econômico obtido, sobre o valor
atualizado da causa (artigo 85, §2º); por fim, 3) havendo ou não
condenação, nas causas em que for inestimável ou irrisório o
proveito econômico ou em que o valor da causa for muito baixo,
deverão, só então, ser fixados por apreciação equitativa (artigo 85,
§8º). 5. A expressiva redação legal impõe concluir: 5.1) que o §2º do
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referido artigo 85 veicula a regra geral, de aplicação obrigatória, de

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que os honorários advocatícios sucumbenciais devem ser fixados
no patamar de dez a vinte por cento, subsequentemente calculados
sobre o valor: 1) da condenação; ou 2) do proveito econômico
obtido; ou 3) do valor atualizado da causa; 5.2) que o §8º do artigo
85 transmite regra excepcional, de aplicação subsidiária, em que se
permite a fixação dos honorários sucumbenciais por equidade, para
as hipóteses em que, havendo ou não condenação: 1) o proveito
econômico obtido pelo vencedor for inestimável ou irrisório; ou 2) o
valor da causa for muito baixo. 6. Primeiro recurso especial provido
para fixar os honorários advocatícios sucumbenciais em 10% sobre o
proveito econômico obtido. Segundo recurso especial
desprovido" (REsp 1746072/PR, relatora ministra Nancy Andrighi,
relator acórdão ministro Raul Araújo, 2ª Seção, julgado em
13/2/2019, DJe 29/3/2019).

Desse modo, Excelências, destaca-se que a organização disposta no


preceito legal não foi observada na sentença, causando locupletamento indevido da
advogada da parte Apelada.

Caso fosse observado o ditame legal, os honorários seriam embasados


primordialmente de 2 (dois) vetores: O valor da condenação e o proveito econômico
da parte vencedora.

Pois bem, nobre julgadores, caso fossemos criar um valor de condenação,


seria possível aferir que, com a condenação em 50% dos bens a serem partilhados, que
numa conta aritmética dariam o valor total de R$ 6.855.000,00 (seis milhões oitocentos
e cinquenta e cinco mil reais), ou seja, uma condenação em 50% resta o valor de R$
3.427.500 (três milhões quatrocentos e vinte e sete mil e quinhentos reais).

Sendo assim, a condenação em honorários sucumbenciais em no


percentual de 10%, atingiria o valor de R$ 342.750 (trezentos e quarenta e dois mil
setecentos e cinquenta reais)

Já no 2º (segundo) vetor - proveito econômico da parte vencedora-


também se chegaria ao percentual de 50% do valor da causa, ou seja, metade de R$
6.855.000,00 (seis milhões oitocentos e cinquenta e cinco mil reais).

A condenação em honorários sucumbenciais no percentual de 10% do


valor total da causa atualizado, data máxima vênia, está equivocada, pois respectiva
condenação deve apenas prevalecer quando não for possível mensurar o proveito
econômico obtido pela parte, o que não é o caso em questão, dada as possibilidades
acima ventiladas.
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Nesse interim, está é a indignação do Apelante, requerendo reforma da
sentença para que determine de forma justa os honorários sucumbenciais.

11. DAS RAZÕES DE MÉRITO


Em que pese decretação de revelia do Apelante, nos autos deste
processo, é necessário se dizer, e se apontar que os bens elencados na inicial,
concernentes a 4 veículos automotores, e a avaliação dos bens são totalmente
inverossímeis.

Primeiro porque a mera juntada de declaração não garante a propriedade


dos veículos, o que de fato não é, tendo o apelado vendido respectivos veículos no
passado.

Segundo, porque os valores dos imóveis são totalmente desarrazoados,


partida de uma premissa de avalição feita por profissional particular, contratado pela
parte apelada.

Portando, impugna-se, respectiva parcela da sentença.

12. DOS PEDIDOS


Por estas razões REQUER:

A. O recebimento do presente recurso nos seus


efeitos ativo e suspensivo, nos termos do Art. 1.012 do CPC, com fins de suspender
respectiva liquidação e execução da sentença, que estão sendo combatidos no mérito
recursal.

B. A total procedência do recurso para acolhida das


preliminares e anular a decisão vergastada de modo de se cumprir o rito processual
que não foi observado, devendo-se tornar nulo o ato de citação para contestar, quando
deveria ser para audiência de conciliação.

C. No mesmo norte, requer-se também acolhida da


preliminar aventada, para que no momento de retratação, este juízo decline de sua
competência para remeter os autos à comarca da Altamira/PA.

D. Que seja acolhida a preliminar de nulidade da


citação, ante a flagrante arbitrariedade e divergência do entendimento do Superior
Tribunal de Justiça, anulando assim o ato, bem como os subsequentes.
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E. Que seja reformada o decisum para que considere
o art. 85, § 2º do CPC, no intuito de arbitrar honorários sucumbenciais apenas sobre o
proveito econômico da parte Apelada e não sobre o valor da causa, o que traz sérios
prejuízos ao Apelante e locupletamento da advogada da apelada.

F. A condenação do recorrido ao pagamento das


despesas processuais e sucumbência.

Requer sustentação oral das razões aventadas.

Nestes termos, pede deferimento.

Altamira/Pa, 27 de fevereiro de 2023

VICTOR MONTEIRO DA SILVA


OAB/PA 29.683

MARCIO VANDERLEI LINO


OAB/PA 7.008
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