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AO PRESIDENTE DO COLEGIADO RECURSAL DO INSTITUTO DE DEFESA

AGROPECUÁRIA E FLORESTAL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – IDAF


/ CORE.

AUTO DE INFRAÇÃO N.º 001628, SÉRIE E.


DELIBERAÇÃO JIAPI/GELCOF N.º 082/2021.
PROCESSO SEP N.º 82278016.
PROCESSO SIMIAM N.º 5309/2019.

JOÃO GRIGOLETO SOBRINHO E FILHOS LTDA – ME, pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º 08.967.425/0001-86,
com sede na Avenida Benedito Alves Soares, n.º 346, Centro, Vila Valério/ES,
CEP 29.785-000, vem, respeitosa e tempestivamente, à presença de Vossa
Senhoria, apresentar:

RECURSO ADMINISTRATIVO

Em face da r. Decisão proferida pela Junta de Impugnação


Administrativa de Primeira Instância da Gerência de Licenciamento e Controle
Florestal – JIAPI/GELCOF, cuja relatora fora a Sra. Carina Kelly Valois Borges
Ramos, oportunidade em que apresenta as razões de fato e de direto:

1. DOS FATOS

A Peticionante foi autuada por este órgão ambiental, o qual


formalizou o respectivo AI no dia 15/02/2019, sob a alegação de que ela
supostamente comercializou 14,3654m² de madeira nativa sem a emissão do
Documento de Origem Florestal - DOF, cuja constatação haveria sido
identificada no dia 17/09/2018, sendo classificada como infração de natureza
média.

Avenida Mem de Sá, n.º 56, 1º Andar, sala 103, Centro, São Gabriel da Palha/ES.
Tel.: (27) 3727- 0550. E-mail: martinsmagnagoadvocacia@gmail.com
Em razão de tal acontecimento, aplicou este Órgão Ambiental
Estadual a penalidade de multa, no valor de R$2.500,00 (dois mil e quinhentos
reais).

Aberta a oportunidade de defesa, a Recorrente apresentou Defesa


Administrativa, com as razões de fato e de direito. No entanto, esta não foi
conhecida, ao argumento de que foi apresentada intempestivamente.

No entanto, conforme passará a ser demonstrado, tal certificação de


intempestividade é amplamente descabida, tendo em vista que o cômputo do
prazo não foi realizado de forma correta, prejudicando a análise do recurso
interposto, e portanto, necessário o reconhecimento da tempestividade pelo
órgão julgador de primeira instância, e nova análise dos fundamentos jurídicos
apresentados, para posterior conhecimento do recurso.

2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

2.1 DA CORRETA CONTAGEM DE PRAZO

Com o devido respeito a Relatora Sra. Carina Kelly Valois Borges


Ramos, temos como não acertado o cômputo do prazo realizado, o que
prejudicou os interesse da parte Recorrente, tendo em vista que declarou como
intempestivo o recurso inicialmente manejado.

Conforme relata em seu voto, o qual foi acompanhado pelos demais


membros da JIAPI, o recurso interposto pela parte Recorrente foi considerado
intempestivo, pois cientificada do Auto de Infração em referência na data de
15/02/2019, interpôs recurso na data de 19/03/2019, ou seja, fora do prazo
de 30 (trinta) dias.

Ocorre que a contagem do prazo não se dá de qualquer modo,


existem regras específicas que devem ser pontuadas, sob pena de causar
prejuízos ao direito de recorrer, e sobretudo, ao contraditório e a ampla defesa.

Isso porque, o dia da cientificação do Auto de Infração se deu em


15/02/2019, uma sexta-feira, e portanto, a contagem do prazo teve início no
primeiro dia útil subsequente, que foi na segunda-feira, dia 18/02/2019. E da
contagem do dia 18/02/2019 a 19/03/2019, temos exatos 30 dias, o que
significa que a Defesa Administrativa foi interposta no último dia do prazo, e

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portanto, tempestiva.

Como forma de demonstrar a contagem correta do prazo, nos


fundamentamos na Lei n.º 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regulamenta a
contagem dos prazos no processo administrativo, cujo entendimento e
interpretação uníssona e no caso de a cientificação oficial preceder dia não útil,
a doutrina administrativa ensina que a exegese correta do art. 66 é aquela que,
combinando seu caput com o §1º, entende que o prazo processual
administrativo começa a contar no primeiro dia útil subsequente ao da ciência.
Vejamos:

Portanto, combinado o caput do art. 66 e o § 1º, podemos concluir que a


contagem do prazo despreza o dia da cientificação e começa a contar no dia
seguinte, desde que o dia seguinte seja dia útil, ou seja, não se começa
contagem de prazo em fim de semana, feriado e dia que não haja
expediente, inclusive se o expediente for encerrado mais cedo. (g.n.)

Ademais, é plausível que, no que diz respeito à contagem de prazos,


na omissão da Lei n.º 9.784/99, se aplique subsidiariamente aos processos
administrativos as regras do Código de Processo Civil – a mais completa lei
procedimental brasileira em matéria não-penal. Nesse sentido, destaca-se o
seguinte precedente:

LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA. NATUREZA INTERLOCUTÓRIA.


AGRAVO DE INSTRUMENTO. CABIMENTO. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA
SISTEMÁTICA RECURSAL PREVISTA NO CPC. 1. A sistemática recursal
prevista no CPC é aplicável subsidiariamente a todo o ordenamento
jurídico, inclusive aos processos regidos por Leis especiais, sempre que
não houver disposição especial em contrário. 2. Cabe Agravo de
Instrumento contra decisão concessiva ou indeferitória em liminar de Mandado
de. Segurança.
3. REcurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. (STJ,
REsp 1.204.087, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin; DJE de
03/02/2011)(g.n.).

Desta feita, as regras de contagem do CPC – diferentemente daquelas


do Código de Processo Penal – seguem a mesma sistemática de exclusão do dia
do começo e inclusão do dia do vencimento, apenas trazendo normas
complementares das quais a Lei n.º 9.784/99 não tratou.

O Código de Processo Civil traz solução expressa quando prevê a


regra art. 184, §2º, onde dispõe que os prazos somente começam a correr do

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primeiro dia útil após a intimação. Assim, como a cientificação oficial se deu
numa sexta-feira (15/02/2019), o termo inicial do prazo será na segunda-feira
(18/02/2019).

Portanto, entre o dia 15/02/2019 a 18/02/2019 decorreram exatos


30 (trinta) dias, o que faz da Defesa Administrativa da empresa Peticionante ser
plenamente tempestiva, não podendo prevalecer o parecer da Relatora Sra.
Carina Kelly Valois Borges Ramos, devendo, portanto, ser reconsiderado o
julgamento do AI, determinando novo julgamento em primeira instância.

Ou caso essa Junta de Segunda Instância entenda por analisar a


Defesa Administrativa em seu mérito, e aprecia-la, a peticionante não vê
prejuízo, diante da teoria da causa madura.

3. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a recorrente João Grigoleto Sobrinho & Filhos


LTDA – ME, o seguinte:

a) Seja desconsiderada a certificação de intempestividade da Defesa


Administrativa, em razão da demonstração da tempestividade, uma vez que o
prazo iniciou no dia 18/02/2019, e não no dia 15/02/2019, por ter sido a
cientificação oficial se dado em uma sexta-feira.

b) Reconhecida a tempestividade, requer sejam os autos retornados a


JIAPI, para novo julgamento.

c) Ou caso Vossas Senhorias integrantes do CORE decidam pela


apreciação do mérito da Defesa Administrativa, diante da teoria da causa
madura, pugna a Recorrente pela procedência da Defesa Administrativa em
todos os seus termos.

NESTES TERMOS,
PEDE DEFERIMENTO.

Vila Valério/ES, 27 de julho de 2021.

TACIANO MAGNAGO
OAB/ES 23.152

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