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A. Casamento contraído por quem não completou B. Casamento contraído por menor em idade núbil, não
a idade mínima para casar. havendo autorização do seu representante legal.
Casamento do menor de 16 anos em decorrência de O maior de 16 e menor de 18 anos não necessitam de
fraude autorização judicial para se casa, mas precisa da autorização
Prazo para a ação anulatória: 180 dias; dos pais ou responsáveis legais;
Legitimidade: Menor, representantes legais ou Prazo para a ação anulatória: 180 dias;
ascendentes. Legitimidade: menor, representantes legais ou herdeiros
Regras sobre o início do prazo decadencial: necessários;
Ação proposta pelo menor: a partir do momento em que Regras sobre o início do prazo decadencial:
completar a idade núbil; Ação proposta pelo menor: a partir do momento em que
Ação proposta pelo representante legal ou ascendente: completar 18 anos;
a partir da celebração do casamento; Ação proposta pelo representante legal: a partir da celebração
O menor poderá, depois de completar a idade núbil, do casamento;
confirmar o seu casamento, com a autorização de seus Ação proposta por herdeiro necessário: a partir da data do
representantes legais, se necessária, ou com suprimento óbito do menor;
judicial. Não se anulará esse casamento quando à sua celebração
tiverem assistido os representantes legais do menor, ou se
esses representantes tiverem manifestado a sua aprovação.
C. Casamento celebrado sob coação moral D. Casamento celebrado havendo erro essencial quanto
Constitui vício da vontade ou do consentimento; à pessoa do outro cônjuge
Não se considera coação para o casamento o temor de
mal considerável a bens ou a pessoa que não seja da Error in persona;
família do contraente; No erro, a pessoa se engana sozinha;
Prazo da ação anulatória: 04 anos, contados da Art. 1.557, CC – Rol Taxativo – Situações de erro sobre a pessoa
celebração do casamento;
Legitimidade: somente do cônjuge que sofreu a coação
(ação personalíssima)
OBS: STJ - herdeiros podem dar seguimento à ação
proposta em vida pelo ascendente;
O ato poderá ser convalidado, havendo posterior
coabitação entre os cônjuges e ciência do vício (venire
contra factum proprium)
HIPÓTESES DE ERRO SOBRE A PESSOA
(ART. 1.557, CC)
Inciso I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior
torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
OBS: A honra aqui é em sentido amplo, tanto a subjetiva (autoestima) quanto a objetiva (reputação social).
Inciso II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
Inciso III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia
grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
Prazo da ação anulatória: 03 anos, contados da celebração do casamento;
Legitimidade: cônjuge que incidiu em erro (ação personalíssima);
A coabitação posterior, havendo ciência do vício, convalida o casamento (venire contra factum proprium);
E. Do incapaz de consentir e de F. Casamento celebrado por procuração, havendo revogação
manifestar de forma inequívoca a sua do mandato.
vontade Será anulável somente se a revogação for anterior à celebração do
Não incide mais para as pessoas com casamento;
discernimento mental reduzido e aos Prazo para a ação anulatória: 180 dias, contados do conhecimento
excepcionais sem desenvolvimento completo. do mandante acerca da realização do casamento;
Aplicam-se aos ébrios habituais, alcoólatras e Legitimidade: somente do mandante (ação personalíssima);
viciados em tóxicos; OBS: ao outro cônjuge não cabe o pedido de anulação (venire contra
Prazo da ação anulatória: 180 dias, contados factum proprium);
da celebração do casamento; O casamento será convalidado se houver coabitação entre os
cônjuges em qualquer hipótese;
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O CASAMENTO ANULÁVEL
Ação correta: Anulatória de Casamento;
Competência: foro de domicílio do guardião do incapaz ou do domicílio da vítima de violência doméstica e familiar;
A anulabilidade não pode ser reconhecida de ofício (princípio da não intervenção);
Não sendo proposta a ação anulatória nos prazos decadenciais previstos, o ato convalesce, passando a ser reputado válido.
CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO
Art. 1.523 C.C
Envolvem situações menos gravosas;
Visam impedir confusão patrimonial;
Não geram nulidades absolutas nem relativas, impondo apenas sanções aos nubentes: separação total legal (art. 1.641, inc. I,
do CC) e a suspensão do casamento (art. 1.524 do CC);
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002
Institui o Código Civil.
SUBTÍTULO I
Do Casamento
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha
aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da
viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou
curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas
nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-
cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou
inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
A. Viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido B. Viúva ou a mulher cujo casamento se desfez por
enquanto não fizer o inventário dos bens do casal nulidade absoluta ou relativa até dez meses depois
com a respectiva partilha do começo da viuvez ou da dissolução da sociedade
Visa evitar confusão patrimonial; conjugal.
Consequências: Imposição do Regime de Separação Visa evitar confusão sobre a paternidade dos filhos;
Obrigatória de bens e imposição de Hipoteca legal dos Consequências: Imposição do Regime de Separação
imóveis em favor dos filhos; Obrigatória de bens;
É possível aos cônjuges solicitarem a alteração do regime Provada a ausência de gravidez ou nascido o filho durante
de bens, findo o inventário e a partilha; esse período, há o afastamento da causa em razão de não
Pode ser arguida pelos parentes em linha reta de um dos haver prejuízos.;
nubentes, e pelos colaterais em segundo grau, sejam Pode ser arguida pelos parentes em linha reta de um dos
consanguíneos ou afins. nubentes, e pelos colaterais em segundo grau, sejam
consanguíneos ou afins.
C. O divorciado, enquanto não houver sido D. Tutor e o curador, bem como seus parentes
homologada ou decidida a partilha dos bens do (descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou
casal. sobrinhos) com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto
Visa evitar confusão patrimonial; não cessada a tutela ou curatela, ou não estiverem
Consequências: Imposição do Regime de Separação saldadas as respectivas contas prestadas.
Obrigatória de bens; O dispositivo tem nítido conteúdo moral; Visa a proteção
O divórcio poderá ser concedido sem a prévia partilha de patrimonial;
bens; Consequências: Imposição do Regime de Separação
Pode ser arguida pelos parentes em linha reta de um dos Obrigatória de bens;
nubentes, e pelos colaterais em segundo grau, sejam Desaparecendo o motivo de imposição da causa suspensiva,
consanguíneos ou afins. justifica-se a ação de alteração de regime de bens, a ser
proposta por ambos os cônjuges
Pode ser arguida pelos parentes em linha reta de um dos
nubentes, e pelos colaterais em segundo grau, sejam
consanguíneos ou afins.
APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. CASAMENTO MARCADO. ROMPIMENTO DE
NOIVADO. PRAZO RAZOÁVEL PARA DESFAZIMENTO DOS COMPROMISSOS. AUSÊNCIA DE SITUAÇÃO VEXATÓRIA. ENLACE
MATRIMONIAL. IMPRESCINDÍVEL MANIFESTAÇÃO DA LIVRE VONTADE. DANOS MORAIS NÃO INDENIZÁVEIS.
RESSARCIMENTO DAS DESPESAS. CABIMENTO. AQUIESCÊNCIA E CONCORDÂNCIA TÁCITA DO REQUERIDO COM OS
CONTRATOS FIRMADOS PELA REQUERENTE. APURAÇÃO DE VALORES. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA.
O noivado, embora simbolicamente implique um compromisso assumido pelos noivos de futuro enlace matrimonial, não
pode significar a impossibilidade de rompimento desse compromisso por uma das partes, passível de ser considerado ato
ilícito passível de indenização por danos morais, eis que nem mesmo o matrimônio, consagrado no civil e no religioso, onde
as partes assumem, literalmente, obrigações uma com a outra, quando simplesmente desfeito gera tais danos.
Todo compromisso amoroso, seja em que circunstância for, tem riscos de desfazimento, e as partes, ao assumirem tal
compromisso também assumem os riscos, de modo que o fim do romance, do namoro, do noivado ou do casamento não
pode ser imputado como ato ilícito da parte, a menos que o caso concreto demonstre situações singulares onde o causador
do fim do relacionamento tenha, efetivamente, impingido à outra uma situação vexatória, humilhante e desabonadora de
sua honra, o que, aqui, não ocorreu.
Assim, em princípio, o só rompimento da relação não gera obrigação de indenizar por danos morais, debalde os danos
materiais, obviamente, sejam devidos, mormente quando houve concordância do requerido em relação aos compromissos
financeiros assumidos pela requerida para a realização do matrimônio.
Com isso, a sentença deve ser parcialmente mantida em seu mérito, com a ressalva de que os valores devidos devam ser
apurados em liquidação de sentença. (TJMG - Apelação Cível 1.0145.12.026854-8/001, Relator(a): Des.(a) Luciano Pinto ,
17ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 21/02/2013, publicação da súmula em 04/03/2013)
APELAÇÃO CÍVEL - INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - NOIVADO DESFEITO ÀS VÉSPERAS DO CASAMENTO -
TRAIÇÃO - DANOS MATERIAIS E MORAIS CARACTERIZADOS - DEVER DE INDENIZAR. A vida em comum impõe aos
companheiros restrições que devem ser seguidas para o bom andamento da vida do casal e do relacionamento, sendo
inconteste o dever de fidelidade mútua. O término de relacionamento amoroso, embora seja fato natural da vida, gerará
dever de indenizar por danos materiais e morais, conforme as circunstâncias que ensejaram o rompimento. São indenizáveis
danos morais e materiais causados pelo noivo flagrado pela noiva mantendo relações sexuais com outra mulher, na casa em
que morariam, o que resultou no cancelamento do casamento marcado para dias depois e dos serviços contratados para a
cerimônia. Recurso não provido. (TJMG - Apelação Cível 1.0024.07.529811-7/001, Relator(a): Des.(a) Gutemberg da Mota e
Silva , 10ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 31/08/2010, publicação da súmula em 21/09/2010)
REGIME DE BENS
INTRODUÇÃO E PRINCIPIOS PACTO ANTENUPCIAL
Trata-se do “conjunto de regras relacionadas com interesses As cláusulas do pacto antenupcial não podem
patrimoniais ou econômicos resultantes da entidade familiar, sendo contrariar disposições legais.
as suas normas, em regra, de ordem privada” (TARTUCE, 2017). OBS: Possibilidade de renúncia prévia à herança?
Regime Legal no Brasil – Comunhão Parcial de Bens. O conteúdo deve limitar-se à questões patrimoniais
O regime de bens inicia-se com a celebração do casamento ou o início ou é possível abranger situações existenciais?
da união estável; O pacto somente terá validade se feito por escritura
Autonomia privada: plena liberdade na escolha do regime; pública (art. 1.653, CC).
Indivisibilidade do Regime de Bens: o regime de bens é único para A produção dos efeitos decorrentes do pacto,
ambos os cônjuges; dependem da celebração válida do casamento.
Variedade do Regime de Bens: o Código Civil traz quatro Para que seja oponível contra terceiros, o pacto
possibilidades de regimes de bens aos nubentes que poderão optar deve ser registrado no Livro 03, junto ao Cartório de
por outros. Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges (art.
Mutabilidade Justificada: o regime de bens poderá ser alterado, 1.657, CC).
desde que a alteração seja requerida por ambas as partes e OBS: Quando os nubentes forem empresários,
autorizada pelo juiz. O pedido deverá ser motivado. deverão registrar o pacto perante à junta comercial;
OUTORGA CONJUGAL
ALTERAÇÃO DO REGIME DE BENS Alguns atos praticados por um dos cônjuges,
Os cônjuges deverão justificar a razão pela qual querem promover a dependem da concordância do outro (art. 1.647,
modificação do regime de bens; CC);
Enunciado 113, CJF – “É admissível a alteração do regime de bens Nomenclatura: outorga uxória (mulher) e outorga
entre os cônjuges, quando então o pedido, devidamente motivado e marital (homem);
assinado por ambos os cônjuges, será objeto de autorização judicial, Os cônjuges casados pelo regime da separação
com ressalva dos direitos de terceiros, inclusive dos entes públicos, absoluta de bens, não precisam de outorga
após perquirição de inexistência de dívida de qualquer natureza, conjugal;
exigida ampla publicidade”. É necessária a outorga conjugal para doação de
A alteração é feita por decisão judicial, mediante a prévia publicação bens móveis e imóveis;
de edital e oitiva do Ministério Público; Outorga conjugal x novos bens jurídicos;
Em relação à terceiros, o efeito da alteração do regime é ex nunc,
sendo oponível o novo regime apenas após o transito em julgado da
sentença que o reconhece;
Em relação aos cônjuges, é possível admitir o efeito ex tunc da
alteração do regime, considerando tratar-se de direito disponível;
REGIME DE BENS
No Brasil, há quatro regimes-tipo:
FILIAÇÃO
Trata-se da relação jurídica estabelecida entre pais e filhos, seja ela decorrente da consanguinidade ou outra origem.
A maternidade é sempre certa, a paternidade é presunção que decorre da situação de casados?
Presunção relativa de maternidade.
“Responsabilidade civil. Indenização. Dano moral. Troca de bebês na maternidade. Entidade hospitalar que tem o dever
de zelar pela correta identificação dos recém-nascidos. Negligência verificada. Responsabilidade da ré caracterizada. Dano
moral configurado. Verba arbitrada que, contudo, revela-se excessiva. Redução determinada. Distribuição dos ônus da
sucumbência mantida. Incidência da Súmula n.º 326 do STJ. Recurso provido em parte” (TJSP, Apelação 9217539-
61.2008.8.26.0000, Acórdão 6484645, 1.ª Câmara de Direito Privado, Urupês, Rel. Des. Elliot Akel, j. 05.02.2013, DJESP
27.02.2013).
PRESUNÇÃO DE PATERNIDADE
Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos (Art. 1.597, CC):
a) nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;
b) nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e
anulação do casamento;
OBS: De acordo com decisão do STJ, essa presunção tem incidência à União Estável (Informativo nº. 508).
OBS2: Presunção de Filiação em caso de novas núpcias da mulher – art. 1.598, CC
c) havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
d) havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
e) havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido;
A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a presunção da paternidade (art. 1.599, CC);
Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade, nem a sua confissão
(art. 1.600 e 1.602, CC);
Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível (art.
1.601, CC).
RECONHECIMENTO DA PATERNIDADE
O reconhecimento dos filhos poderá se dar por ato voluntário ou judicial.
O reconhecimento voluntário decorre da autonomia privada do pai e é irrevogável;
O reconhecimento poderá ser feito:
a) No registro do nascimento;
b) por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
c) por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
d) por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e
principal do ato que o contém.
Para o reconhecimento do filho maior de idade, é necessário o seu consentimento. O filho menor poderá impugnar a sua
paternidade, nos quatro anos posteriores à obtenção da maioridade ou da emancipação. O reconhecimento judicial de
paternidade dá-se por meio de ação investigatória. A Ação de investigação de paternidade é imprescritível. São legitimados
para proporem a ação o filho e o Ministério Público. Os legitimados passivos são o pai ou seus herdeiros em caso de
falecimento.
OS NETOS PODEM INVESTIGAR DIRETAMENTE A RELAÇÃO COM O AVÔ?
“Civil e processual. Ação rescisória. Carência afastada. Direito de família. Ação declaratória de reconhecimento de relação
avoenga e petição de herança. Possibilidade jurídica. CC de 1916, art. 363. I. Preliminar de carência da ação afastada (por
maioria). II. Legítima a pretensão dos netos em obter, mediante ação declaratória, o reconhecimento de relação avoenga e
petição de herança, se já então falecido seu pai, que em vida não vindicara a investigação sobre a sua origem paterna. III.
Inexistência, por conseguinte, de literal ofensa ao art. 363 do Código Civil anterior (por maioria). IV. Ação rescisória
improcedente” (STJ, AR .336/RS, rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 24-8-2005, DJ 24-4-2006, p. 343, 2.ª Seção).
Qualquer pessoa que tiver justo interesse poderá contestar a Ação de investigação de paternidade;
Entre todas as provas, o exame de DNA é a mais importante.
Súmula 301, STJ: “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris
tantum de paternidade”
É proibida a condução coercitiva do investigado para a realização do exame de DNA.
O foro competente para processar e julgar a Ação de investigação de paternidade é o domicílio do réu.
OBS: Caso haja cumulação com pedido de alimentos, o foro competente será o do domicílio do autor. (Súmula nº. 1, STJ).
PATERNIDADE SOCIOAFETIVA
Genitor x Pai; Adoção à Brasileira;
Filiação. Anulação ou reforma de registro. Filhos havidos antes do casamento, registrados pelo pai como se fossem de sua
mulher. Situação de fato consolidada há mais de quarenta anos, com o assentimento tácito do cônjuge falecido, que sempre
os tratou como filhos, e dos irmãos. Fundamento de fato constante do acórdão, suficiente, por si só, a justificar a
manutenção do julgado. — Acórdão que, a par de reputar existente no caso uma ‘adoção simulada’, reporta-se à situação de
fato ocorrente na família e na sociedade, consolidada há mais de quarenta anos. Status de filhos. Fundamento de fato, por si
só suficiente, a justificar a manutenção do julgado.Recurso especial não conhecido” (STJ, REsp 119.346/GO, rel. Min. Barros
Monteiro, julgado em 1.º-4-2003, DJ 23-6-2003, p. 371, 4.ª Turma).
Necessária a configuração da posse do estado de filho.
A paternidade/maternidade socioafetiva pode ser reconhecida pela via judicial ou administrativa.
Pela via judicial, é necessário a propositura de uma Ação declaratória de paternidade/maternidade socioafetiva.
Pela via extrajudicial, o reconhecimento voluntário, de filhos socioafetivos poderá se dar diretamente no Cartório de Registro
Civil.
Paternidade x Ascendência genética. / Multiparentalidade.
COPARENTALIDADE
Decorre da autonomia privada das partes;
Trata-se de situação na qual, por contrato, as partes ajustam a concepção de filhos, assumindo todos os deveres e
obrigações respectivos.
Não há entre os contratantes relação de afeto, apenas convergência de vontades.
PARTO ANÔNIMO
Projeto de Lei nº. 3.320/2008;
Visa evitar o abandono de recém-nascidos e os abortos clandestinos;
Após o parto, a genitora entregará o bebê para o Estado, que terá a função de coloca-lo em família substituta.
ALIMENTOS
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III, CF) – Visa a preservação da vida e da integridade física dos indivíduos.
Princípio da Solidariedade – A reciprocidade da prestação alimentar demonstra a mitigação da individualidade e a
proeminência dos interesses e direitos da coletividade.
CONCEITO E ASPECTOS GERAIS
Alimentos são o conjunto de prestações necessárias para que determinado indivíduo possa viver com dignidade.
Engloba todo o necessário para a subsistência e, também, suprimentos para satisfação intelectual e preservação do padrão
de vida.
Não há determinação legal de valor mínimo ou máximo;
Corrente tradicional: binômia necessidade - possibilidade;
Corrente moderna: trinômia necessidade – possibilidade - proporcionalidade;
FONTES OBRIGACIONAIS
Em geral, os alimentos possuem quatro fontes obrigacionais distintas:
Lei – decorre do vínculo de parentesco (art. 1.694, CC) e do casamento/união estável;
Testamento – legado de alimentos (art. 1.920 e 1.928, §único, CC);
Sentença judicial – decorrente de ato ilícito (art. 950, CC);
Contrato
CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS
Norma de Ordem Pública – As partes não podem afastar, por ato de autonomia, as normas que regulam o direito a
alimentos.
Direito Personalíssimo – Os alimentos destinam-se à manutenção do indivíduo, por isso é um direito pessoal, ou seja, só
pode ser exercido pelo próprio alimentando.
Incedibilidade – Não é possível ceder o crédito alimentar.
Incompensabilidade – Os créditos alimentares não são passíveis de compensação.
Divisibilidade – Quando várias pessoas forem chamadas para prestar alimentos, todas deverão concorrer na proporção de
seus recursos.
Solidariedade passiva na prestação alimentar ao idoso – Nos termos do Estatuto da Pessoa Idosa, a obrigação alimentar é
solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.
Reciprocidade - O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros (art. 1.696, CC). Na falta dos ascendentes cabe a
obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais
(art. 1.697, CC).
Alternatividade – o alimentante poderá prestar alimentos:
a) Em espécie;
b) In natura;
c) Parte em espécie, parte in natura;
OBS: Possibilidade de exoneração, redução ou majoração da pensão alimentícia.
Imprescritibilidade – o direito subjetivo de requerer alimentos é imprescritível.
OBS: Prescreve em dois anos a pretensão para haver prestações alimentares.
OBS2: Os alimentos são impenhoráveis.
Transmissibilidade – A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor.
OBS: A transmissibilidade somente será possível se a obrigação alimentar houver sido instituída antes do falecimento do
prestador.
OBS2: O inventariante não poderá ser preso em razão do débito alimentar.
Irrenunciabilidade – Existindo necessidade, os legitimados poderão requerer alimentos a qualquer tempo, considerando ser
direito fundamental.
OBS: Admite-se a renúncia entre cônjuges na ação de divórcio.
OBS2: É nula a cláusula de renúncia prévia aos alimentos constante de pacto antenupcial ou escritura pública de união
estável.
Irrepetibilidade – Mesmo constatado que os alimentos não eram devidos, eles não precisarão ser restituídos.
DEVER DE SUSTENTO E OBRIGAÇÃO ALIMENTAR
Dever de sustento – Decorre da autoridade parental. Trata-se do conjunto de deveres que competem aos pais, ao lado da
educação e da assistência, de maneira que devem os genitores cuidar de sua prole em todos os aspectos materiais e
existenciais.
OBS: Presunção de necessidade dos filhos: relativa ou absoluta?
Obrigação alimentar – incide em hipótese de parentes maiores e decorre da conjugalidade e das relações de parentesco. É
imprescindível a prova da necessidade.
Súmula 358, STJ:“o cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial,
mediante contraditório, ainda que nos próprios autos”.
CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS
Alimento Naturais – São aqueles indispensáveis à subsistência do alimentando.
Alimentos Civis (ou côngruos) – Visam à manutenção da condição social do alimentando.
Alimentos Compensatórios – trata-se de uma compensação devida por um dos ex-cônjuges ao outro, com o objetivo de
reparar a perda do poder aquisitivo do ex-consorte em razão da separação ou do divórcio.
Alimentos Transitórios – são aqueles devidos ao ex-cônjuge com vistas a suportar sua reinserção no mercado de trabalho
após a dissolução do vínculo conjugal.
Alimentos Gravídicos – são os alimentos devidos ao filho que já foi concebido mas ainda não nasceu. Visa dar o amparo
financeiro necessário no curso da gravidez.
ALIMENTOS AVOENGOS
Trata-se do dever dos avós, de participarem do sustento de seus netos de forma subsidiária e complementar.
Caberão alimentos avoengos sempre que:
a) O genitor estiver morto ou for declarada a sua ausência;
b) O genitor estiver incapacitado para o exercício de atividade laborativa;
c) O genitor não possuir recursos necessários para suprir as necessidades do filho.
Os avós não tem dever de sustento e, por isso, obrigam-se, apenas, pelos alimentos naturais.
A obrigação alimentar pertence a todos os parentes do mesmo grau, de maneira que pode haver a formação de
litisconsórcio entre avós paternos e maternos.
ALIMENTOS INTUITO FAMILIAE E INTUITO PERSONAE
Alimentos intuito familiae – são aqueles fixados em benefício de todos os alimentados.
Alimentos intuito personae – são aqueles fixados atendendo as necessidades específicas do alimentado.
MODOS DE PAGAMENTO DOS ALIMENTOS EM ESPÉCIE
Desconto em folha de pagamento – Em regra, os alimentos são fixados em percentual dos rendimentos do alimentante. Há
maior segurança no recebimento dos alimentos. A correção do valor da pensão alimentícia está vinculada ao índice de
correção salarial do alimentante.
OBS: Fixação da pensão alimentícia sobre renda líquida do alimentante.
OBS2: 13º salário e adicional de férias integram a base de cálculo da pensão alimentícia.
OBS3: os alimentos incidem apenas sobre verbas remuneratórias, não incidindo sobre verbas indenizatórias.
Pagamento em espécie (direto) – Ocorre quando o alimentante é profissional liberal. Nesse caso, em regra, há vinculação do
valor da pensão alimentícia ao valor do salário mínimo.
REVISÃO E EXONERAÇÃO DOS ALIMENTOS
A sentença que fixa os alimentos não faz coisa julgada material, mas apenas formal.
Havendo o advento de fato novo que impacte a condição financeira das partes, é possível pedir a revisão ou, até mesmo, a
exoneração dos alimentos.
Novo casamento do credor de alimentos – o novo casamento, união estável ou concubinato do cônjuge credor de alimentos
faz cessar o dever alimentar.
OBS: O novo casamento do alimentante não modifica sua obrigação alimentar.
Nascimento de novo filho do devedor de alimentos – o nascimento de prole do alimentante é fator que impacta no valor
dos alimentos, considerando a igualdade substancial.
Procedimento indigno do credor em relação ao devedor – extingue-se a obrigação alimentar nos casos em que o credor
tenha comportamento indigno contra o devedor (art. 1.814, I e II, CC).
PRISÃO DO DEVEDOR DE ALIMENTOS
O descumprimento voluntário e inescusável da obrigação legal de pagar alimentos enseja a prisão civil do devedor.
A medida apenas poderá ser ordenada em face das três últimas parcelas em atraso e aquelas vencidas no curso do processo,
aplicando-se o procedimento comum de execução por quantia certa para as demais parcelas vencidas.
Súmula 309, STJ: “o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações
anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo”.
Sem prejuízo da prisão, é possível a inscrição do nome do devedor de alimentos nos cadastros restritivos de crédito.
A prisão poderá ser decretada de trinta a noventa dias.
Se a dívida não for paga até o esgotamento do prazo da prisão a execução, automaticamente, se transformará em penhora.
AUTORIDADE PARENTAL
Com o advento da Constituição Federal, a criança e o adolescente ganharam especial proteção do Estado, sendo
reconhecidos como pessoa em desenvolvimento.
Mudança nas perspectivas das relações paterno/materno-filiais, antes, hierárquica e patriarcal, e, agora, democrática,
possibilitando-se o diálogo e a mútua compreensão.
DEVERES CONSTITUCIONAIS DA AUTORIDADE PARENTAL
Dever de Assistência – A criação está diretamente ligada ao suprimento das necessidades biopsíquicas do menor,
antecedendo o seu nascimento e perdurando até que alcance a maioridade
Dever de Educação – Compreende a educação formal e a informal, ou seja, o dever dos pais de matricular os filhos em
instituição de ensino e acompanhar o seu desenvolvimento.
OBS: Homeschooling;
OBS2: Autonomia progressiva do menor x autoridade parental;
OBS3: Educação digital e sharenting;
INÍCIO, DESENVOLVIMENTO E FIM DA AUTORIDADE PARENTAL
Início da autoridade parental – a autoridade parental se inicia com a concepção, sendo imposto aos pais, desde então, os
deveres de cuidado e proteção com os filhos. A incidência da autoridade parental finaliza-se com a maioridade dos filhos.
Amplitude da autoridade parental – as decisões relevantes para a vida do filho devem ser tomadas em conjunto por ambos
os pais, considerando que decorrem do poder familiar e não da guarda.
Autoridade parental como dever jurídico – a autoridade parental é um poder-dever imposto a ambos os pais, competindo a
eles criar e educar os filhos.
OBS: Havendo divergência entre os pais, eles deverão recorrer ao juiz, de maneira que a decisão de nenhum deles tem
preponderância sobre a do outro.
Deveres infraconstitucionais da autoridade parental (art. 1.634, CC):
a) Dirigir a criação e a educação dos filhos;
b) Exercer a guarda unilateral ou compartilhada;
c) Conceder ou negar consentimento para que os filhos possam se casar;
d) Conceder ou negar consentimento para que os filhos possam viajar para o exterior;
e) Conceder ou negar consentimento para que os filhos mudem sua residência permanentemente para outro
Município;
f) Nomear tutor para os filhos, por testamento ou outro documento idôneo, se o outro dos pais não estiver vivo ou não
puder exercer o poder familiar;
g) Representar o filho até os 16 anos de idade e assisti-lo após essa idade, nos atos em que for parte, suprindo-lhe o
consentimento;
h) Reclamar o filho de quem quer que ilegalmente o detenha;
i) Exigir que os filhos lhe prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
Extingue-se o poder familiar (art. 1.635, CC):
a) pela morte dos pais ou do filho;
b) pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único, CC;
c) pela maioridade;
d) pela adoção;
e) por decisão judicial, na forma do artigo 1.638, CC;
A autoridade parental poderá ser suspensa (art. 1.637, CC):
a) pelo descumprimento dos deveres inerentes aos pais;
b) pela ruína dos bens dos filhos;
c) pela colocação em risco da segurança do filho;
d) pela condenação em virtude de crime que exceda 2 (dois) anos de prisão.
Haverá a perda da autoridade parental (art. 1.638, CC) quando o pai ou a mãe:
a) Castigar imoderadamente o filho;
b) Deixar o filho em abandono;
OBS: art. 244, CP;
c) Praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
d) Incidir, reiteradamente, nas faltas que impliquem a suspensão do poder familiar (art. 1.637, CC);
e) Entregar de forma irregular o filho para fins de adoção;
f) Praticar contra o outro genitor, filho, filha ou outro descendente homicídio, feminicídio ou lesão corporal grave ou
seguida de morte resultante de violência doméstica, familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher,
estupro/estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão.
ASPECTOS PATRIMONIAIS
Administração e usufruto dos bens dos filhos – os pais são os usufrutuários e administradores legais dos bens dos filhos,
salvo se houver a indicação de outro administrador pelo doador ou testador. A administração será exercida pelos pais até
que os filhos completem 16 anos. Após essa idade, as atribuições serão compartilhadas com o filho.
HIPÓTESES EM QUE OS PAIS ESTARÃO EXCLUÍDOS DA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS
Quanto aos bens que o menor adquirir por força de atividade profissional;
Quanto aos bens e valores dos quais o menor já era titular quando foi reconhecido, judicial ou voluntariamente;
Quanto aos bens que o filho tenha recebido por herança ou doação, com cláusula de impedimento para usufruto e
administração dos pais;
Quanto aos bens que o filho herdou, herança esta que um dos pais foi excluído, seja por deserdação ou indignidade.
GUARDA
Guarda unilateral – é aquela exercida por apenas um dos pais, cabendo ao outro o direito de visitas.
Guarda alternada – é aquela em que os pais revezam períodos exclusivos de guarda, cabendo ao outro o direito de visitas.
Nidação ou aninhamento – é aquela em que a criança permanece no domicílio em que vivia o casal, enquanto casados, e os
pais revezam na companhia dela.
Guarda compartilhada – é aquela em que, tanto o pai quanto a mãe são guardiões dos filhos, sendo corresponsáveis pela
condução da vida dos menores.
OBS: possibilidade do genitor não guardião ajuizar ação de prestação de contas.
Guarda com terceiros – na falta de possibilidade dos pais, é possível que a guarda seja exercida por terceiros, devendo ser
considerado, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade.
CONVIVÊNCIA FAMILIAR
O direito à convivência decorre do parentesco,sendo que é tanto direito dos pais conviverem com seus filhos quanto direito
dos filhos conviverem com seus pais, por isso a convivência, portanto, é dever, ultrapassando a esfera de liberdade, além
que a convivência não pode ser prejudicial para o filho.
A convivência pode ser entendida como obrigação de fazer, de maneira que o juiz poderá fixar multa pelo seu
descumprimento, sendo que o direito à convivência não se restringe aos pais, podendo se estender a outros familiares como
avós, tios, padrastos/madrastas, irmãos, etc.
ALIENAÇÃO PARENTAL
Trata-se de qualquer ato que interfere na formação psicológica da criança ou do adolescente para que esses rejeitem o
genitor ou depreciem os vínculos parentais.
Sujeitos ativos – pais, avós ou qualquer pessoa que detenha o menor sob sua autoridade, guarda ou vigilância.
Qualquer um dos atores processuais (partes, MP, psicólogo, assistente social) pode requerer a instauração do incidente
processual, o juiz poderá, de ofício, instaurar o incidente de alienação e o foro competente para apreciação é a Vara de
Família do domicílio da criança ou adolescente. O processo terá prioridade de tramitação.