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IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS:

Previsão Legal: Art. 1521 C.C


CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002
Institui o Código Civil.
SUBTÍTULO I
Do Casamento
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
Impedimento decorrente do parentesco consanguíneo/proibição ao incesto/visa evitar problemas congênitos á prole
II - os afins em linha reta;
Impedimento decorrente do parentesco por afinidade – art. 1595 C.C
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002
Institui o Código Civil.
SUBTÍTULO II
Das Relações de Parentesco
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
O impedimento é meramente de cunho moral e esse parentesco não se extingue com o fim do casamento ou união estável.
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
V - o adotado com o filho do adotante;
Impedimento decorrente do parentesco civil advindo da adoção; Aplica-se a mesma regra do parentesco consanguíneo;
impedimento meramente de cunho moral.
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
Impedimento decorrente do parentesco consanguíneo é possível o casamento entre colaterais de terceiro grau quando não
houver risco á prole, o que deve ser aprovado por uma junta médica formada por dois profissionais da área.
VI - as pessoas casadas;
Impedimento decorrente do vinculo matrimonial/Proibição da bigamia no direito brasileiro/ impossibilidade de famílias
paralelas no Brasil – STF/ Impossibilidade de divisão da pensão por morte entre o cônjuge e o companheiro (concubina – art.
1727 C.C).
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Nulidade absoluta do casamento:
Institui o Código Civil. CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, Institui o Código Civil.
impedidos de casar, constituem concubinato. SUBTÍTULO I
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou Do Casamento
tentativa de homicídio contra o seu consorte. Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
Impedimento decorrente de crime/O impedimento somente existe em II - por infringência de impedimento
caso de crime doloso e desde que tenha havido o transito em julgado da
sentença penal condenatória (divergência doutrinária)
Oposição por qualquer pessoa capaz até a data da celebração do DO CASAMENTO NULO
casamento (art. 1.522, CC); Previsão Legal: Art. 1.550, C.C
Tanto o Juiz como o Oficial do Registro Civil poderá conhecê-las de CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002
ofício; Institui o Código Civil.
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 SUBTÍTULO I
Institui o Código Civil. Do Casamento
SUBTÍTULO I Art. 1.550. É anulável o casamento: (Vide Lei
Do Casamento nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento
da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver
conhecimento da existência de algum impedimento, será
obrigado a declará-lo.

A. Casamento contraído por quem não completou B. Casamento contraído por menor em idade núbil, não
a idade mínima para casar. havendo autorização do seu representante legal.
Casamento do menor de 16 anos em decorrência de O maior de 16 e menor de 18 anos não necessitam de
fraude autorização judicial para se casa, mas precisa da autorização
Prazo para a ação anulatória: 180 dias; dos pais ou responsáveis legais;
Legitimidade: Menor, representantes legais ou Prazo para a ação anulatória: 180 dias;
ascendentes. Legitimidade: menor, representantes legais ou herdeiros
Regras sobre o início do prazo decadencial: necessários;
Ação proposta pelo menor: a partir do momento em que Regras sobre o início do prazo decadencial:
completar a idade núbil; Ação proposta pelo menor: a partir do momento em que
Ação proposta pelo representante legal ou ascendente: completar 18 anos;
a partir da celebração do casamento; Ação proposta pelo representante legal: a partir da celebração
O menor poderá, depois de completar a idade núbil, do casamento;
confirmar o seu casamento, com a autorização de seus Ação proposta por herdeiro necessário: a partir da data do
representantes legais, se necessária, ou com suprimento óbito do menor;
judicial. Não se anulará esse casamento quando à sua celebração
tiverem assistido os representantes legais do menor, ou se
esses representantes tiverem manifestado a sua aprovação.
C. Casamento celebrado sob coação moral D. Casamento celebrado havendo erro essencial quanto
Constitui vício da vontade ou do consentimento; à pessoa do outro cônjuge
Não se considera coação para o casamento o temor de
mal considerável a bens ou a pessoa que não seja da Error in persona;
família do contraente; No erro, a pessoa se engana sozinha;
Prazo da ação anulatória: 04 anos, contados da Art. 1.557, CC – Rol Taxativo – Situações de erro sobre a pessoa
celebração do casamento;
Legitimidade: somente do cônjuge que sofreu a coação
(ação personalíssima)
OBS: STJ - herdeiros podem dar seguimento à ação
proposta em vida pelo ascendente;
O ato poderá ser convalidado, havendo posterior
coabitação entre os cônjuges e ciência do vício (venire
contra factum proprium)
HIPÓTESES DE ERRO SOBRE A PESSOA
(ART. 1.557, CC)
Inciso I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior
torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
OBS: A honra aqui é em sentido amplo, tanto a subjetiva (autoestima) quanto a objetiva (reputação social).
Inciso II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
Inciso III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia
grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
Prazo da ação anulatória: 03 anos, contados da celebração do casamento;
Legitimidade: cônjuge que incidiu em erro (ação personalíssima);
A coabitação posterior, havendo ciência do vício, convalida o casamento (venire contra factum proprium);
E. Do incapaz de consentir e de F. Casamento celebrado por procuração, havendo revogação
manifestar de forma inequívoca a sua do mandato.
vontade Será anulável somente se a revogação for anterior à celebração do
Não incide mais para as pessoas com casamento;
discernimento mental reduzido e aos Prazo para a ação anulatória: 180 dias, contados do conhecimento
excepcionais sem desenvolvimento completo. do mandante acerca da realização do casamento;
Aplicam-se aos ébrios habituais, alcoólatras e Legitimidade: somente do mandante (ação personalíssima);
viciados em tóxicos; OBS: ao outro cônjuge não cabe o pedido de anulação (venire contra
Prazo da ação anulatória: 180 dias, contados factum proprium);
da celebração do casamento; O casamento será convalidado se houver coabitação entre os
cônjuges em qualquer hipótese;
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O CASAMENTO ANULÁVEL
Ação correta: Anulatória de Casamento;
Competência: foro de domicílio do guardião do incapaz ou do domicílio da vítima de violência doméstica e familiar;
A anulabilidade não pode ser reconhecida de ofício (princípio da não intervenção);
Não sendo proposta a ação anulatória nos prazos decadenciais previstos, o ato convalesce, passando a ser reputado válido.
CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO
Art. 1.523 C.C
Envolvem situações menos gravosas;
Visam impedir confusão patrimonial;
Não geram nulidades absolutas nem relativas, impondo apenas sanções aos nubentes: separação total legal (art. 1.641, inc. I,
do CC) e a suspensão do casamento (art. 1.524 do CC);
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002
Institui o Código Civil.
SUBTÍTULO I
Do Casamento
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha
aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da
viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou
curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas
nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-
cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou
inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

A. Viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido B. Viúva ou a mulher cujo casamento se desfez por
enquanto não fizer o inventário dos bens do casal nulidade absoluta ou relativa até dez meses depois
com a respectiva partilha do começo da viuvez ou da dissolução da sociedade
Visa evitar confusão patrimonial; conjugal.
Consequências: Imposição do Regime de Separação Visa evitar confusão sobre a paternidade dos filhos;
Obrigatória de bens e imposição de Hipoteca legal dos Consequências: Imposição do Regime de Separação
imóveis em favor dos filhos; Obrigatória de bens;
É possível aos cônjuges solicitarem a alteração do regime Provada a ausência de gravidez ou nascido o filho durante
de bens, findo o inventário e a partilha; esse período, há o afastamento da causa em razão de não
Pode ser arguida pelos parentes em linha reta de um dos haver prejuízos.;
nubentes, e pelos colaterais em segundo grau, sejam Pode ser arguida pelos parentes em linha reta de um dos
consanguíneos ou afins. nubentes, e pelos colaterais em segundo grau, sejam
consanguíneos ou afins.
C. O divorciado, enquanto não houver sido D. Tutor e o curador, bem como seus parentes
homologada ou decidida a partilha dos bens do (descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou
casal. sobrinhos) com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto
Visa evitar confusão patrimonial; não cessada a tutela ou curatela, ou não estiverem
Consequências: Imposição do Regime de Separação saldadas as respectivas contas prestadas.
Obrigatória de bens; O dispositivo tem nítido conteúdo moral; Visa a proteção
O divórcio poderá ser concedido sem a prévia partilha de patrimonial;
bens; Consequências: Imposição do Regime de Separação
Pode ser arguida pelos parentes em linha reta de um dos Obrigatória de bens;
nubentes, e pelos colaterais em segundo grau, sejam Desaparecendo o motivo de imposição da causa suspensiva,
consanguíneos ou afins. justifica-se a ação de alteração de regime de bens, a ser
proposta por ambos os cônjuges
Pode ser arguida pelos parentes em linha reta de um dos
nubentes, e pelos colaterais em segundo grau, sejam
consanguíneos ou afins.

HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO


Negócio Jurídico que exige o maior número de requisitos e solenidades;
Tem a finalidade de evitar que o casamento se realize em infração de algum dos impedimentos matrimoniais ou de alguma
das causas suspensivas;
Envolve três estágios:
i. Pedido de habilitação = requerimento + documentos (art. 1.525, CC);
ii. Proclamas = Expedição e afixação de edital (15 dias);
OBS: Havendo urgência, poderá a autoridade competente dispensar a publicação dos proclamas (art. 1.527, § único, CC).
iii. Certificado de Habilitação = Validade de 90 dias = celebração do casamento, em dia, hora e lugar previamente
designados pela autoridade que houver de presidir.
CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
Competência para a celebração – Juiz de casamentos do local onde foi processada a habilitação.
A presença pessoal dos contraentes é imprescindível.
OBS: É possível que o nubente seja representado por procurador especial.
É necessária a presença de duas testemunhas, caso o casamento seja celebrado na sede do cartório. Sendo celebrado em
local privado, ou caso um dos cônjuges não souber ou não puder escrever, é necessária a presença de quatro testemunhas.
Os nubentes deverão declarar a sua vontade de maneira livre e espontânea.
Após ouvir o consentimento dos nubentes, o presidente do ato declarará efetuado o casamento com os seguintes dizeres:
“De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em
nome da lei, vos declaro casados” (art. 1.035, CC).
Logo após o casamento, será lavrado o assento no livro de registro.
Qual é o exato momento da celebração do casamento: quando da declaração do presidente do ato ou quando do assento no
registro civil? A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes:
 Recusar a solene afirmação da sua vontade;
 Declarar que a vontade não é livre e espontânea;
 Manifestar-se arrependido;
O nubente que der causa à suspensão, não poderá se retratar no mesmo dia;
CASAMENTO EM CASO DE MOLÉSTIA GRAVE
A moléstia grave que autoriza o casamento em termos diferenciados é aquela que inviabiliza a locomoção ou remoção do
enfermo, não sendo necessário que se encontre em morte iminente.
Nesses casos, o casamento poderá ser celebrado em qualquer local, horário do dia ou da noite, desde que demonstrada a
urgência do casamento.
Para a celebração do casamento, é necessária a presença de duas testemunhas que saibam ler e escrever para assinarem o
termo de casamento.
CASAMENTO NUNCUPATIVO
É forma especial de celebração de casamento de quem esteja em iminente risco de morte e não consiga obter a presença da
autoridade celebrante, e nem a de seu substituto;
Nesse caso, os nubentes celebrarão o casamento, perante seis testemunhas, sem nenhum vínculo de parentesco com os
noivos em linha reta, ou na colateral até o segundo grau.
É vedada a celebração dessa espécie de casamento para o enriquecimento sem causa.
Sendo realizado o casamento dessa forma, as testemunhas deverão comparecer perante o juízo competente no prazo de 10
(dez) dias, atestando a idoneidade do ato.
Instaurado o procedimento de jurisdição voluntária, o juiz verificará se os contraentes poderiam ter se habilitado ao
casamento.
Verificada a idoneidade dos cônjuges, o juiz declarará válido o casamento, mandando que se registre.
CASAMENTO POR PROCURAÇÃO
É necessário instrumento público com poderes especiais para tanto;
O mandato será eficaz por apenas 90 (noventa) dias;
A revogação do mandato somente poderá ser feita por instrumento público;
Ambos os cônjuges poderão outorgar procurações para que o casamento seja celebrado, entretanto, conforme
entendimento da doutrina majoritária, o procurado não pode ser o mesmo para ambas as partes.
CASAMENTO PERANTE A AUTORIDADE CONSULAR
O casamento de brasileiro poderá ser realizado no estrangeiro, perante a autoridade consular.
Essa espécie de casamento deverá ser registrada no Brasil, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da volta de um
dos cônjuges ao país.
O registro deverá ser feito no cartório de domicílio do cônjuge ou, na falta deste, no 1º Ofício da Capital do Estado em que
passar a residir.
PROVA DO CASAMENTO
O casamento celebrado no Brasil, prova-se pela Certidão de Casamento, havendo falta ou a perda do registro, é admissível
qualquer outra espécie de prova, sendo que o casamento prova-se, também, pela posse do estado de casados (prova
indireta), configurada pelo comportamento dos cônjuges, que sempre se apresentaram socialmente como se fossem marido
e esposa e assim vistos e reconhecidos em seu meio social. A posse do estado de casados é subordinada à existência de prole
comum.
In dubio pro matrimonio – se houver dúvida quanto à existência do casamento, o julgados sempre deverá tender à existência
do casamento (art. 1.547, CC).
EFEITOS DO CASAMENTO
Os efeitos do casamento estão no plano da eficácia do negócio jurídico, como qualquer negócio jurídico, o casamento gera
deveres para ambos os cônjuges;
1º Efeito – Patronímico – Qualquer dos consortes poderá acrescentar ao seu nome o nome do outro (art. 1.565, §1º, CC);
OBS: o nome incorporado passa a ser elemento da personalidade do cônjuge;
2º Efeito – Planejamento Familiar – os cônjuges poderão planejar livremente sobre a formação da sua família, competindo
ao Estado, tão somente, propiciar os recursos educacionais e científicos necessários ao exercício desse direito.
3º Efeito – Deveres dos Cônjuges:
a) Fidelidade Recíproca; b) Vida em Comum, no domicílio conjugal;
c) Mútua assistência (patrimonial, moral, espiritual); e) Respeito e consideração mútuos;
d) Sustento, guarda e educação dos filhos;
OBS: Administração da sociedade conjugal – art. 1.570, CC
QUEBRA DA PROMESSA DE CASAMENTO
Quebra da promessa de casamento futuro – dever de indenizar?
Responsabilidade pré-negocial casamentaria – art. 187, CC – Abuso de Direito – Desrespeito aos direitos anexos;
O dever de indenizar independe de culpa – rompimento com a Boa-Fé objetiva;

APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. CASAMENTO MARCADO. ROMPIMENTO DE
NOIVADO. PRAZO RAZOÁVEL PARA DESFAZIMENTO DOS COMPROMISSOS. AUSÊNCIA DE SITUAÇÃO VEXATÓRIA. ENLACE
MATRIMONIAL. IMPRESCINDÍVEL MANIFESTAÇÃO DA LIVRE VONTADE. DANOS MORAIS NÃO INDENIZÁVEIS.
RESSARCIMENTO DAS DESPESAS. CABIMENTO. AQUIESCÊNCIA E CONCORDÂNCIA TÁCITA DO REQUERIDO COM OS
CONTRATOS FIRMADOS PELA REQUERENTE. APURAÇÃO DE VALORES. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA.
O noivado, embora simbolicamente implique um compromisso assumido pelos noivos de futuro enlace matrimonial, não
pode significar a impossibilidade de rompimento desse compromisso por uma das partes, passível de ser considerado ato
ilícito passível de indenização por danos morais, eis que nem mesmo o matrimônio, consagrado no civil e no religioso, onde
as partes assumem, literalmente, obrigações uma com a outra, quando simplesmente desfeito gera tais danos.
Todo compromisso amoroso, seja em que circunstância for, tem riscos de desfazimento, e as partes, ao assumirem tal
compromisso também assumem os riscos, de modo que o fim do romance, do namoro, do noivado ou do casamento não
pode ser imputado como ato ilícito da parte, a menos que o caso concreto demonstre situações singulares onde o causador
do fim do relacionamento tenha, efetivamente, impingido à outra uma situação vexatória, humilhante e desabonadora de
sua honra, o que, aqui, não ocorreu.
Assim, em princípio, o só rompimento da relação não gera obrigação de indenizar por danos morais, debalde os danos
materiais, obviamente, sejam devidos, mormente quando houve concordância do requerido em relação aos compromissos
financeiros assumidos pela requerida para a realização do matrimônio.
Com isso, a sentença deve ser parcialmente mantida em seu mérito, com a ressalva de que os valores devidos devam ser
apurados em liquidação de sentença. (TJMG - Apelação Cível 1.0145.12.026854-8/001, Relator(a): Des.(a) Luciano Pinto ,
17ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 21/02/2013, publicação da súmula em 04/03/2013)

APELAÇÃO CÍVEL - INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - NOIVADO DESFEITO ÀS VÉSPERAS DO CASAMENTO -
TRAIÇÃO - DANOS MATERIAIS E MORAIS CARACTERIZADOS - DEVER DE INDENIZAR. A vida em comum impõe aos
companheiros restrições que devem ser seguidas para o bom andamento da vida do casal e do relacionamento, sendo
inconteste o dever de fidelidade mútua. O término de relacionamento amoroso, embora seja fato natural da vida, gerará
dever de indenizar por danos materiais e morais, conforme as circunstâncias que ensejaram o rompimento. São indenizáveis
danos morais e materiais causados pelo noivo flagrado pela noiva mantendo relações sexuais com outra mulher, na casa em
que morariam, o que resultou no cancelamento do casamento marcado para dias depois e dos serviços contratados para a
cerimônia. Recurso não provido. (TJMG - Apelação Cível 1.0024.07.529811-7/001, Relator(a): Des.(a) Gutemberg da Mota e
Silva , 10ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 31/08/2010, publicação da súmula em 21/09/2010)
REGIME DE BENS
INTRODUÇÃO E PRINCIPIOS PACTO ANTENUPCIAL
Trata-se do “conjunto de regras relacionadas com interesses As cláusulas do pacto antenupcial não podem
patrimoniais ou econômicos resultantes da entidade familiar, sendo contrariar disposições legais.
as suas normas, em regra, de ordem privada” (TARTUCE, 2017). OBS: Possibilidade de renúncia prévia à herança?
Regime Legal no Brasil – Comunhão Parcial de Bens. O conteúdo deve limitar-se à questões patrimoniais
O regime de bens inicia-se com a celebração do casamento ou o início ou é possível abranger situações existenciais?
da união estável; O pacto somente terá validade se feito por escritura
Autonomia privada: plena liberdade na escolha do regime; pública (art. 1.653, CC).
Indivisibilidade do Regime de Bens: o regime de bens é único para A produção dos efeitos decorrentes do pacto,
ambos os cônjuges; dependem da celebração válida do casamento.
Variedade do Regime de Bens: o Código Civil traz quatro Para que seja oponível contra terceiros, o pacto
possibilidades de regimes de bens aos nubentes que poderão optar deve ser registrado no Livro 03, junto ao Cartório de
por outros. Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges (art.
Mutabilidade Justificada: o regime de bens poderá ser alterado, 1.657, CC).
desde que a alteração seja requerida por ambas as partes e OBS: Quando os nubentes forem empresários,
autorizada pelo juiz. O pedido deverá ser motivado. deverão registrar o pacto perante à junta comercial;
OUTORGA CONJUGAL
ALTERAÇÃO DO REGIME DE BENS Alguns atos praticados por um dos cônjuges,
Os cônjuges deverão justificar a razão pela qual querem promover a dependem da concordância do outro (art. 1.647,
modificação do regime de bens; CC);
Enunciado 113, CJF – “É admissível a alteração do regime de bens Nomenclatura: outorga uxória (mulher) e outorga
entre os cônjuges, quando então o pedido, devidamente motivado e marital (homem);
assinado por ambos os cônjuges, será objeto de autorização judicial, Os cônjuges casados pelo regime da separação
com ressalva dos direitos de terceiros, inclusive dos entes públicos, absoluta de bens, não precisam de outorga
após perquirição de inexistência de dívida de qualquer natureza, conjugal;
exigida ampla publicidade”. É necessária a outorga conjugal para doação de
A alteração é feita por decisão judicial, mediante a prévia publicação bens móveis e imóveis;
de edital e oitiva do Ministério Público; Outorga conjugal x novos bens jurídicos;
Em relação à terceiros, o efeito da alteração do regime é ex nunc,
sendo oponível o novo regime apenas após o transito em julgado da
sentença que o reconhece;
Em relação aos cônjuges, é possível admitir o efeito ex tunc da
alteração do regime, considerando tratar-se de direito disponível;
REGIME DE BENS
No Brasil, há quatro regimes-tipo:

a) Comunhão Parcial de Bens (art. 1.658 a 1.666, CC);


b) Comunhão Universal de Bens (art. 1.667 a 1.671, CC);
c) Participação final nos aquestos (art. 1.672 a 1.686, CC);
d) Separação de bens (art. 1.687 a 1.688, CC);

REGIME DA SEPARAÇÃO LEGAL DE BENS


Embora a regra seja a liberdade na escolha do regime de bens, em alguns casos, a lei impõe o regime da separação de bens;
São hipóteses em que os nubentes DEVERÃO se casar pelo regime da separação legal de bens (art. 1.641, CC):
a) pessoas que contraírem o casamento com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento,
constantes do art. 1.523, CC;
b) pessoa que tenha idade superior a 70 anos, o que vale tanto para o homem quanto para a mulher;
c) todos os que dependerem de suprimento judicial para casar, inclusive nos casos de ausência de autorização dos
representantes legais.
Se eleito por pacto antenupcial, outro regime de bens, tal convenção será nula;
O objetivo da norma é a proteção patrimonial;
Enunciado 261, CJF – “A obrigatoriedade do regime da separação de bens não se aplica a pessoa maior de sessenta anos,
quando o casamento for precedido de união estável iniciada antes dessa idade”.
Súmula 377, STF - “No regime da separação legal comunicam-se os bens adquiridos na constância do casamento”.
OBS: podem os nubentes, atingidos pelo art. 1.641, inciso II, do Código Civil, afastar, por escritura pública, a incidência da
Súmula 377?
INCONSTITUCIONALIDADE DO INCISO II DO ART. 1.641, CC
INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE - DIREITO CIVIL - CASAMENTO - CÔNJUGE MAIOR DE SESSENTA ANOS - REGIME DE
SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS - ART. 258, PARÁGRAFO ÚNICO DA LEI 3.071/16 - INCONSTITUCIONALIDADE - VIOLAÇÃO
DOS PRINCÍPIOS DA IGUALDADE E DA DIGNIDADE HUMANA.
- É inconstitucional a imposição do regime de separação obrigatória de bens no casamento do maior de sessenta anos, por
violação aos princípios da igualdade e dignidade humana. (TJMG - Arg Inconstitucionalidade 1.0702.09.649733-5/002,
Relator(a): Des.(a) José Antonino Baía Borges , ÓRGÃO ESPECIAL, julgamento em 12/03/2014, publicação da súmula em
21/03/2014)
SÚMULA 377, STF – PROVA DO ESFORÇO COMUM – STJ
Embargos de divergência no recurso especial. Direito de família. União estável. Casamento contraído sob causa suspensiva.
Separação obrigatória de bens (CC/1916, art. 258, II; CC/2002, art. 1.641, II). Partilha. Bens adquiridos onerosamente.
Necessidade de prova do esforço comum. Pressuposto da pretensão. Moderna compreensão da Súmula 377/STF. Embargos
de divergência providos. 1. Nos moldes do art. 1.641, II, do Código Civil de 2002, ao casamento contraído sob causa
suspensiva, impõe-se o regime da separação obrigatória de bens. 2. No regime de separação legal de bens, comunicam-se os
adquiridos na constância do casamento, desde que comprovado o esforço comum para sua aquisição. 3. Releitura da antiga
Súmula 377/STF (No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento), editada
com o intuito de interpretar o art. 259 do CC/1916, ainda na época em que cabia à Suprema Corte decidir em última
instância acerca da interpretação da legislação federal, mister que hoje cabe ao Superior Tribunal de Justiça. 4. Embargos de
divergência conhecidos e providos, para dar provimento ao recurso especial” (STJ, EREsp 1.623.858/MG, 2.ª Seção, Rel. Min.
Lázaro Guimarães (Desembargador convocado do TRF 5.ª Região), j. 23.05.2018, DJe 30.05.2018).
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE DIVÓRCIO - REGIME DE SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS - CASAMENTO SOB A
ÉGIDE DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 - RELEITURA DA SÚMULA 377 DO STF - COMUNICABILIDADE DOS BENS - EXIGÊNCIA DA
PROVA DO ESFORÇO COMUM - PARTILHA DOS BENS ADQUIRIDOS DURANTE A CONSTÂNCIA DO CASAMENTO É MEDIDA
QUE SE IMPÕE - RECURSO NÃO PROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.
- O Superior Tribunal de Justiça modificou o entendimento e apresentou uma moderna compreensão da Súmula 377/STF,
exigindo comprovação do esforço comum para os bens se comunicarem.
- A jurisprudência majoritária deste eg. Tribunal de Justiça tem admitido a comunicabilidade dos bens adquiridos na
constância do casamento, havendo prova do esforço comum, em correta aplicação da súmula 377 do STF.
- O art.374, II CPC dispõe que independe de provas os fatos admitidos no processo como incontroversos.
- A pretensão da apelada restou comprovada, sendo devido lhe conferir o direito à partilha dos bens adquiridos durante o
seu matrimônio.
- Recurso não provido. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.22.083072-3/001, Relator(a): Des.(a) Ivone Campos Guilarducci
Cerqueira (JD Convocado) , 8ª Câmara Cível Especializada, julgamento em 18/08/2022, publicação da súmula em
19/08/2022)
REGIME DA SEPARAÇÃO CONVENCIONAL DE BENS
Trata-se de regime que não admite a comunicação de qualquer bem, seja ele adquirido antes ou após o casamento;
A opção deve ser feita por meio de pacto antenupcial;
A administração dos bens compete exclusivamente a cada um dos cônjuges, razão pela qual, não há necessidade de outorga
conjugal para venda ou imposição de ônus reais; Não há aplicação da Súmula 377, STF;
Ambos os cônjuges devem contribuir para as despesas do casal na proporção de seus proventos;
REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS
É o regime legal no Brasil, em que rata-se de regime no qual se comunicam os bens havidos durante o casamento, com
exceção dos incomunicáveis (art. 1.658, CC) e cria presunção absoluta de esforço comum;
São bens incomunicáveis (art. 1.659, CC):
a) Os bens que cada cônjuge já possuía ao casar e aqueles havidos por doação ou sucessão, bem como os sub-rogados
no seu lugar.
b) Os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens
particulares.
c) As obrigações anteriores ao casamento, caso das dívidas pessoais que cada cônjuge já possuía ao casar.
d) As obrigações decorrentes de ato ilícito, salvo reversão em proveito do casal.
e) Os bens de uso pessoal de cada um dos cônjuges; os livros e os instrumentos de profissão.
f) Os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
g) As pensões, meios-soldos e montepios, bem como outras rendas semelhantes e que têm caráter pessoal
São bens comunicáveis (art. 1.660, CC):
a) Os bens adquiridos na constância do casamento a título oneroso, ainda que em nome de somente um dos cônjuges.
b) Os bens adquiridos por fato eventual com ou sem colaboração do outro cônjuge.
c) Os bens adquiridos por doação, herança ou legado em favor de ambos os cônjuges.
d) As benfeitorias necessárias, úteis e voluptuárias em bens particulares de cada cônjuge.
e) Os frutos civis (rendimentos) ou naturais decorrentes de bens comuns ou particulares de cada cônjuge percebidos na
constância do casamento, ou pendentes quando cessar a união.
SALDO DE FGTS – COMUNICABILIDADE – STJ
Diante do divórcio de cônjuges que viviam sob o regime da comunhão parcial de bens, não deve ser reconhecido o direito à
meação dos valores que foram depositados em conta vinculada ao FGTS em datas anteriores à constância do casamento e
que tenham sido utilizados para aquisição de imóvel pelo casal durante a vigência da relação conjugal. Diverso é o
entendimento em relação aos valores depositados em conta vinculada ao FGTS na constância do casamento sob o regime
da comunhão parcial, os quais, ainda que não sejam sacados imediatamente à separação do casal, integram o patrimônio
comum do casal, devendo a CEF ser comunicada para que providencie a reserva do montante referente à meação, a fim de
que, num momento futuro, quando da realização de qualquer das hipóteses legais de saque, seja possível a retirada do
numerário pelo ex-cônjuge” (STJ, REsp 1.399.199/RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe
Salomão, j. 09.03.2016, DJe 22.04.2016).
PREVIDÊNCIA PRIVADA – COMUNICABILIDADE – TJMG
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - DIVÓRCIO - COMUNHÃO PARCIAL DE BENS - VEÍCULO - DÍVIDAS - BENS MÓVEIS - LIQUIDAÇÃO DE
SENTENÇA - RECURSOS DO FGTS - PLANOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA (VGBL E PGBL) - COMUNICABILIDADE. No regime da
comunhão parcial de bens, todos os bens adquiridos na constância do casamento integram o patrimônio do casal, sujeitando-
se à partilha. Os bens móveis e utensílios do lar adquiridos durante a união estável sujeitam-se à partilha. Os proventos do
trabalho recebidos, por um ou outro companheiro, na vigência da união estável, compõem o patrimônio comum do casal, a
ser partilhado na separação. O direito à meação se aplica aos valores do FGTS, que tenha sido auferidos durante a constância
da união estável, ainda que o saque daqueles valores seja realizado posteriormente à separação do casal. Conforme as regras
atinentes ao regime da comunhão parcial de bens, sujeitam-se a partilha todas as dívidas ativas e passivas. Os planos de
previdência privada aberta (VGBL e PGBL) podem ser objeto de contratação por qualquer pessoa física ou jurídica,
tratando-se de regime de capitalização no qual caberá ao investidor, com ampla liberdade e flexibilidade, deliberar sobre
os valores de contribuição, resgates antecipados ou parcelamento até o fim da vida e portanto tem natureza de
investimento, devendo ser partilhados na dissolução do casamento por não estarem abrangidos pela regra do inc. VII do
art. 1.659 do Código Civil. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.17.041882-6/002, Relator(a): Des.(a) Renato Dresch , 4ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 24/02/2022, publicação da súmula em 25/02/2022)
A administração do patrimônio comum compete a qualquer um dos cônjuges.
As dívidas contraídas no exercício da administração, obrigam os bens comuns e particulares do cônjuge que os administra, e
os do outro cônjuge na razão do proveito que houver auferido.
Os bens da comunhão respondem pelas obrigações contraídas pelo marido ou pela mulher para atender aos encargos da
família, às despesas de administração e às decorrentes de imposição legal.
OBS: as dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges na administração de seus bens particulares e em benefício destes
não obrigam os bens comuns.
É necessária a outorga conjugal, tanto para a disposição dos bens comuns quanto dos particulares;
REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS
Trata-se de regime de bens no qual se comunicam tanto os bens anteriores quanto os posteriores à celebração do
casamento, onde há comunicação de heranças e doações, sendo necessário pacto antenupcial, assim com é necessária a
outorga conjugal e a lei determinam os bens que são incomunicáveis por esse regime;
São incomunicáveis os seguintes bens (art. 1.668, CC):
a) Bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade, e os correspondentes sub-rogados.
b) Bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva.
c) As dívidas anteriores à união, salvo se tiverem como origem dívidas relacionadas com os preparativos do casamento
(aprestos), ou aquelas que se reverterem em proveito comum.
d) As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges a outro, com cláusula de incomunicabilidade.
e) Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659 do CC (bens de uso pessoal, livros, instrumentos de profissão,
proventos do trabalho de cada um e pensões em geral).
OBS: Os frutos dos bens incomunicáveis são comunicáveis, desde que percebidos na constância do casamento.
REGIME DA PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTROS
Trata-se de regime de bens no qual, na constância do casamento, há uma completa separação de bens mas, ocorrendo a
dissolução do casamento, aproxima-se do regime da comunhão parcial de bens, em que cada parte possui patrimônio
próprio, cabendo, à época da dissolução do casamento, direito à metade dos bens onerosamente adquiridos na constância
da união, em que a partilha depende de prévia comprovação do esforço e a administração dos bens caberá ao cônjuge que
for seu titular.
São incomunicáveis (art. 1.674, CC):
a) Os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram.
b) Os bens que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade.
c) As dívidas relativas a esses bens.
OBS: Presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens móveis
DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO E DA SOCIEDADE CONJUGAL
INTRODUÇÃO
Ementa Constitucional nº 66/2010
Art. 226, §6º, CF – Redação Anterior Art. 226, §6º, CF – Redação Atual
“O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia
“O casamento civil pode ser dissolvido pelo
separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou
divórcio”.
comprovada separação de fato por mais de dois anos”.
A separação judicial e extrajudicial ainda são possíveis?
O INSTITUTO DA SEPARAÇÃO REMANESCE NO ORDENAMENTO JURÍDICO?
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. EMENDA CONSTITUCIONAL N° 66/10. DIVÓRCIO DIRETO. SEPARAÇÃO
JUDICIAL. SUBSISTÊNCIA. 1. A separação é modalidade de extinção da sociedade conjugal, pondo fim aos deveres de
coabitação e fidelidade, bem como ao regime de bens, podendo, todavia, ser revertida a qualquer momento pelos cônjuges
(Código Civil, arts. 1571, III e 1.577). O divórcio, por outro lado, é forma de dissolução do vínculo conjugal e extingue o
casamento, permitindo que os ex-cônjuges celebrem novo matrimônio (Código Civil, arts. 1571, IV e 1.580). São institutos
diversos, com conseqüências e regramentos jurídicos distintos. 2. A Emenda Constitucional n° 66/2010 não revogou os
artigos do Código Civil que tratam da separação judicial. 3. Recurso especial provido (STJ, REsp 1.247.098/ MS, 4.ª Turma,
Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 14.03.2017, DJe 16.05.2017)
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO CIVIL. DIVÓRCIO. EXIGÊNCIA DE PRÉVIA SEPARAÇÃO JUDICIAL. NECESSIDADE.
ARTIGO 1.580 DO CÓDIGO CIVIL. ARTIGO 226, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. SUPERVENIÊNCIA DA EMENDA
CONSTITUCIONAL 66/2010. MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. (STF. RE nº. 1167478/RJ, Tribunal
Pleno. Rel. Min. Luiz Fux. j. 06/06/2019, DJ 21/06/2019).
A CULPA NA SEPARAÇÃO E NO DIVÓRCIO
O Código Civil de 1916 e a discussão da culpa para fins de separação e divórcio.
Permanência da discussão sobre culpa em duas situações: alimentos e usucapião familiar?
O cônjuge culpado pela separação ou pelo divórcio poderá receber apenas os alimentos naturais (art. 1.694, §2º, CC) –
Mútua assistência – Solidariedade familiar.
O cônjuge que abandona o lar conjugal pode perder a sua meação para o outro pela via da usucapião (art. 1.240-A, CC) -
Solidariedade familiar x culpa.
FORMAS DE EXTINÇÃO DO VÍNCULO CONJUGAL
(ART. 1.571, CC)
O vínculo conjugal entre as partes poderá ser rompido:
a) Pela morte de um dos cônjuges;
b) Pela nulidade ou anulação do casamento;
c) Pela separação Judicial;
d) Pelo divórcio;
 MORTE DE UM DOS CÔNJUGES  INVALIDADE DO CASAMENTO
A morte põe fim à existência da pessoa natural Se há defeito ou impedimento, o vínculo conjugal deve ser dissolvido por
e, consequentemente, encerra o vínculo meio do reconhecimento de sua invalidade e não pelo divórcio.
conjugal. Com a morte de um dos cônjuges, há Tecnicamente, a constituição do vínculo conjugal se daria apenas nos
a alteração do estado civil do outro, que passa casos de casamento válido.
a ser VIÚVO (A). Nos termos do que dispõe o Com a declaração de invalidade, os cônjuges retomam o estado civil de
art. 1.571, §1º, CC, a morte presumida de um SOLTEIRO caso fosse esse o estado que sustentavam antes do
dos cônjuges é apta a gerar a dissolução do casamento.
vínculo conjugal. A sentença de nulidade do casamento retroagirá à data da sua
celebração, ressalvados os direitos do terceiro de boa-fé.
SEPARAÇÃO
Põe fim, apenas, à sociedade conjugal, não sendo capaz de romper o vínculo matrimonial.
Nos termos do Código de Processo Civil, admite-se tanto a separação judicial quanto a extrajudicial.
Enunciado nº. 514, CJF: “A Emenda Constitucional n. 66/2010 não extinguiu o instituto da separação judicial e
extrajudicial”.
PROCEDIMENTO PARA AS AÇÕES DE DIVÓRCIO E SEPARAÇÃO
 CONSENSUAL  LITIGIOSO
O divórcio e a separação judicial poderão ser requeridos em Recebida a petição inicial, o juiz analisará os pedidos de
petição assinada por ambos os cônjuges, na qual deverá constar tutela de urgência. Antes da instauração definitiva do
(art. 731, CPC): procedimento, com a apresentação de defesa pelo réu,
a) Descrição e partilha dos bens comuns; o juiz deverá designar audiência de conciliação. É
b) Disposição acerca da pensão alimentícia entre os cônjuges; possível que o processo seja suspenso, pelo tempo que
c) Acordo acerca da guarda e visita dos filhos menores; se fizer necessário, para que as partes se submetam à
d) O valor da pensão alimentícia dos filhos; mediação judicial ou atendimento multidisciplinar. O
OBS: Se as partes não acordarem quanto a partilha, ela será mandado de citação deverá estar desacompanhado da
feita posteriormente ao divórcio. petição inicial, constando apenas os dados relevantes
OBS2: Havendo incapazes / vulneráveis, deve haver a para a audiência de conciliação e mediação. Não há
intervenção do Ministério Público. limite para o fracionamento da audiência de
conciliação/mediação.
 EXTRAJUDICIAL A citação deve ser feita na pessoa do réu, não sendo
Não havendo nascituro e incapazes/vulneráveis, a separação e o admitida a citação postal ou por edital.
divórcio poderão ser realizados pela via extrajudicial (Escritura É obrigatório que a parte esteja acompanhada por seu
Pública). A Escritura Pública independe de homologação judicial advogado/defensor na audiência de
e é título hábil para promover o registro dos bens, bem como conciliação/mediação.
fazer levantamento de valores. É obrigatória a participação do Sendo infrutífera a conciliação/mediação, passarão a
advogado. incidir as normas do procedimento comum.
A Escritura Pública de Separação/Divórcio é gratuita àqueles que OBS: Havendo incapazes/vulneráveis, deve haver a
declararem que não possuem condições de arcar com os intervenção do Ministério Público. Mesmo quando não
emolumentos. for parte, o Ministério Público deve intervir nas ações
Provimento nº. 100, CNJ – a escritura pública de em que for parte vítima de violência doméstica e
Separação/Divórcio poderá ser feita pela via digital ou familiar.
eletrônica, se forem respeitados os requisitos de validade. OBS2: Quando o processo tratar acerca de fato
relacionado a abuso ou alienação parental, o juiz, ao
tomar o depoimento do incapaz/vulnerável, deverá
estar acompanhado de especialista.
 SEPARAÇÃO DE FATO  OUTRAS QUESTÕES RELEVANTES
A separação de fato caracteriza-se pelo distanciamento corporal Uso do nome de um dos cônjuges pelo outro;
ou afetivo entre os cônjuges.
Constatada a separação de fato, cessam para os cônjuges, os Divórcio unilateral (ou impositivo);
deveres conjugais e os efeitos da comunhão de bens.
O separado de fato pode manter união estável com terceiro. Separação de corpos;
A separação de fato, afeta o regime sucessório (art. 1.830, CC).
É a data da separação de fato que põe fim ao regime de bens.
UNIÃO ESTÁVEL
ASPECTOS HISTÓRICOS
Ausência de Tutela (até início do Século XX) – concubinato - A união livre era considerada ilícita, impedindo o seu
reconhecimento como família.
Tutela de Natureza Previdenciária – Lei nº. 4.297/63 – garantia à companheira de ex-combatente segurado do Instituto de
Aposentadoria e Pensões, de recebimento da pensão mensal desde que tivesse convivido maritalmente com o segurado por
prazo não inferior a 05 anos.
Tutela de Natureza Obrigacional – Para vedar o enriquecimento ilícito do homem, a mulher podia propor uma ação
indenizatória por serviços domésticos prestados.
OBS: Evolução jurisprudencial nesse período para reconhecer a existência de uma sociedade de fato entre as partes,
assumindo a companheira a posição de sócia na relação concubinária, tendo direito a uma parcela do patrimônio comum, na
proporção do que contribuiu.
Súmula 380, STF: “Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial,
com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum”.
Súmula 382, STF: “A vida em comum sob o mesmo teto, more uxório, não é indispensável à caracterização do
concubinato”.
Tutela Constitucional – A Constituição de 1988 reconhece a União Estável como entidade familiar, dando-lhe a proteção do
Direito de Família.
A UNIÃO ESTÁVEL NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
Conversão do Concubinato em União Estável; União Estável x Concubinato no Código Civil – art. 1.727, CC.
OBS: Concubinato puro x concubinato impuro.
Há hierarquia entre União Estável e Casamento? – Facilitação da União Estável em Casamento (art. 226, §3º, CF).
LEIS ESPECÍFICAS SOBRE A UNIÃO ESTÁVEL PÓS CONSTITUIÇÃO
Lei nº. 8.971/94 – Reconhece diversos direitos à companheira como alimentos e herança. A relação de companheirismo só
restaria comprovada se o casal estivesse convivendo há mais de 05 anos ou se da união adviesse prole comum (fixação de
critérios objetivos de reconhecimento).
Lei nº. 9.278/96 – Retirada dos parâmetros objetivos de reconhecimento ao estabelecer que “É reconhecida como entidade
familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de
constituição de família”.
CONCEITO DE UNIÃO ESTÁVEL
Trata-se de relação afetiva que gere uma união pública, contínua e duradoura entre duas pessoas, sejam elas do mesmo sexo
ou não, que tenha por objetivo a constituição de família.
São quatro os elementos caracterizadores da União Estável:
a) Publicidade; c) Estabilidade;
b) Continuidade – animus de permanência; d) Objetivo de constituição de família;
OBS: União Estável x Namoro;
IMPEDIMENTOS PARA A CONFIGURAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL
Aplicam-se à União Estável, os mesmos impedimentos para o Casamento (art. 1.723, §1º, CC).
OBS: É permitida a constituição de União Estável por pessoa que esteja separada de fato ou judicialmente.
As causas suspensivas não impedem a constituição de União Estável.
EFEITOS PESSOAIS DA UNIÃO ESTÁVEL
Estado Civil; Direitos e Deveres entre companheiros – art. 1.724, CC; Uso do Patronímico;
EFEITOS PATRIMONIAIS DA UNIÃO ESTÁVEL
Pacto de Convivência;
Mudança do regime de bens na União Estável – Independência de autorização judicial;
OBS: União Estável x Namoro qualificado;
DIREITO CIVIL. DEFINIÇÃO DE PROPÓSITO DE CONSTITUIR FAMÍLIA PARA EFEITO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO
ESTÁVEL. O fato de namorados projetarem constituir família no futuro não caracteriza união estável, ainda que haja
coabitação. Isso porque essas circunstâncias não bastam à verificação da affectio maritalis. O propósito de constituir família,
alçado pela lei de regência como requisito essencial à constituição da união estável - a distinguir, inclusive, esta entidade
familiar do denominado "namoro qualificado" -, não consubstancia mera proclamação, para o futuro, da intenção de
constituir uma família. É mais abrangente. Deve se afigurar presente durante toda a convivência, a partir do efetivo
compartilhamento de vidas, com irrestrito apoio moral e material entre os companheiros. É dizer: a família deve, de fato,
estar constituída. Tampouco a coabitação, por si, evidencia a constituição de uma união estável (ainda que possa vir a
constituir, no mais das vezes, um relevante indício). A coabitação entre namorados, a propósito, afigura-se absolutamente
usual nos tempos atuais, impondo-se ao Direito, longe das críticas e dos estigmas, adequar-se à realidade social. Por
oportuno, convém ressaltar que existe precedente do STJ no qual, a despeito da coabitação entre os namorados, por
contingências da vida, inclusive com o consequente fortalecimento da relação, reconheceu-se inexistente a união estável,
justamente em virtude da não configuração do animus maritalis (REsp 1.257.819-SP, Terceira Turma, DJe 15/12/2011). REsp
1.454.643-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 3/3/2015, DJe 10/3/2015).
PARENTESCO E FILIAÇÃO
CONCEITO E ASPECTOS GERAIS
É o vínculo entre pessoas que descendem umas das outras (linha reta) ou de um tronco comum (linha colateral ou
transversal). Configura-se também como parentesco, o vínculo legal que liga um dos cônjuges/companheiros aos parentes
do outro.
Na linha reta, o parentesco não tem limite de graus;
Na linha colateral, o parentesco limita-se ao 4º grau.
O parentesco por afinidade é limitado aos ascendentes, descendentes e irmãos do cônjuge/companheiro.
Os cônjuges/companheiros não são parentes entre si.
ESPÉCIES
O parentesco pode ser:
a) Consanguíneo (ou natural) – é aquele existente entre pessoas que mantém entre si, vínculo biológico.
b) Por Afinidade – é aquele existente entre o cônjuge/companheiro e os parentes do outro.
c) Civil – é aquele decorrente de outra origem que não seja a consanguinidade ou a afinidade.
CONTAGEM DE GRAU
LINHA RETA ASCENDENTE

LINHA RETA DESCENDENTE

LINHA COLATERAL – IRMÃOS


LINHA COLATERAL – TIOS E PRIMOS

LINHA COLATERAL – TIO-AVÔ E SOBRINHO-NETO

FILIAÇÃO

Trata-se da relação jurídica estabelecida entre pais e filhos, seja ela decorrente da consanguinidade ou outra origem.
A maternidade é sempre certa, a paternidade é presunção que decorre da situação de casados?
Presunção relativa de maternidade.
“Responsabilidade civil. Indenização. Dano moral. Troca de bebês na maternidade. Entidade hospitalar que tem o dever
de zelar pela correta identificação dos recém-nascidos. Negligência verificada. Responsabilidade da ré caracterizada. Dano
moral configurado. Verba arbitrada que, contudo, revela-se excessiva. Redução determinada. Distribuição dos ônus da
sucumbência mantida. Incidência da Súmula n.º 326 do STJ. Recurso provido em parte” (TJSP, Apelação 9217539-
61.2008.8.26.0000, Acórdão 6484645, 1.ª Câmara de Direito Privado, Urupês, Rel. Des. Elliot Akel, j. 05.02.2013, DJESP
27.02.2013).
PRESUNÇÃO DE PATERNIDADE
Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos (Art. 1.597, CC):
a) nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;
b) nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e
anulação do casamento;
OBS: De acordo com decisão do STJ, essa presunção tem incidência à União Estável (Informativo nº. 508).
OBS2: Presunção de Filiação em caso de novas núpcias da mulher – art. 1.598, CC
c) havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
d) havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
e) havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido;
A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a presunção da paternidade (art. 1.599, CC);
Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade, nem a sua confissão
(art. 1.600 e 1.602, CC);
Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível (art.
1.601, CC).
RECONHECIMENTO DA PATERNIDADE
O reconhecimento dos filhos poderá se dar por ato voluntário ou judicial.
O reconhecimento voluntário decorre da autonomia privada do pai e é irrevogável;
O reconhecimento poderá ser feito:
a) No registro do nascimento;
b) por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
c) por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
d) por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e
principal do ato que o contém.
Para o reconhecimento do filho maior de idade, é necessário o seu consentimento. O filho menor poderá impugnar a sua
paternidade, nos quatro anos posteriores à obtenção da maioridade ou da emancipação. O reconhecimento judicial de
paternidade dá-se por meio de ação investigatória. A Ação de investigação de paternidade é imprescritível. São legitimados
para proporem a ação o filho e o Ministério Público. Os legitimados passivos são o pai ou seus herdeiros em caso de
falecimento.
 OS NETOS PODEM INVESTIGAR DIRETAMENTE A RELAÇÃO COM O AVÔ?
“Civil e processual. Ação rescisória. Carência afastada. Direito de família. Ação declaratória de reconhecimento de relação
avoenga e petição de herança. Possibilidade jurídica. CC de 1916, art. 363. I. Preliminar de carência da ação afastada (por
maioria). II. Legítima a pretensão dos netos em obter, mediante ação declaratória, o reconhecimento de relação avoenga e
petição de herança, se já então falecido seu pai, que em vida não vindicara a investigação sobre a sua origem paterna. III.
Inexistência, por conseguinte, de literal ofensa ao art. 363 do Código Civil anterior (por maioria). IV. Ação rescisória
improcedente” (STJ, AR .336/RS, rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 24-8-2005, DJ 24-4-2006, p. 343, 2.ª Seção).
Qualquer pessoa que tiver justo interesse poderá contestar a Ação de investigação de paternidade;
Entre todas as provas, o exame de DNA é a mais importante.
Súmula 301, STJ: “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris
tantum de paternidade”
É proibida a condução coercitiva do investigado para a realização do exame de DNA.
O foro competente para processar e julgar a Ação de investigação de paternidade é o domicílio do réu.
OBS: Caso haja cumulação com pedido de alimentos, o foro competente será o do domicílio do autor. (Súmula nº. 1, STJ).
PATERNIDADE SOCIOAFETIVA
Genitor x Pai; Adoção à Brasileira;
Filiação. Anulação ou reforma de registro. Filhos havidos antes do casamento, registrados pelo pai como se fossem de sua
mulher. Situação de fato consolidada há mais de quarenta anos, com o assentimento tácito do cônjuge falecido, que sempre
os tratou como filhos, e dos irmãos. Fundamento de fato constante do acórdão, suficiente, por si só, a justificar a
manutenção do julgado. — Acórdão que, a par de reputar existente no caso uma ‘adoção simulada’, reporta-se à situação de
fato ocorrente na família e na sociedade, consolidada há mais de quarenta anos. Status de filhos. Fundamento de fato, por si
só suficiente, a justificar a manutenção do julgado.Recurso especial não conhecido” (STJ, REsp 119.346/GO, rel. Min. Barros
Monteiro, julgado em 1.º-4-2003, DJ 23-6-2003, p. 371, 4.ª Turma).
Necessária a configuração da posse do estado de filho.
A paternidade/maternidade socioafetiva pode ser reconhecida pela via judicial ou administrativa.
Pela via judicial, é necessário a propositura de uma Ação declaratória de paternidade/maternidade socioafetiva.
Pela via extrajudicial, o reconhecimento voluntário, de filhos socioafetivos poderá se dar diretamente no Cartório de Registro
Civil.
Paternidade x Ascendência genética. / Multiparentalidade.
COPARENTALIDADE
Decorre da autonomia privada das partes;
Trata-se de situação na qual, por contrato, as partes ajustam a concepção de filhos, assumindo todos os deveres e
obrigações respectivos.
Não há entre os contratantes relação de afeto, apenas convergência de vontades.
PARTO ANÔNIMO
Projeto de Lei nº. 3.320/2008;
Visa evitar o abandono de recém-nascidos e os abortos clandestinos;
Após o parto, a genitora entregará o bebê para o Estado, que terá a função de coloca-lo em família substituta.
ALIMENTOS
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III, CF) – Visa a preservação da vida e da integridade física dos indivíduos.
Princípio da Solidariedade – A reciprocidade da prestação alimentar demonstra a mitigação da individualidade e a
proeminência dos interesses e direitos da coletividade.
CONCEITO E ASPECTOS GERAIS
Alimentos são o conjunto de prestações necessárias para que determinado indivíduo possa viver com dignidade.
Engloba todo o necessário para a subsistência e, também, suprimentos para satisfação intelectual e preservação do padrão
de vida.
Não há determinação legal de valor mínimo ou máximo;
Corrente tradicional: binômia necessidade - possibilidade;
Corrente moderna: trinômia necessidade – possibilidade - proporcionalidade;
FONTES OBRIGACIONAIS
Em geral, os alimentos possuem quatro fontes obrigacionais distintas:
 Lei – decorre do vínculo de parentesco (art. 1.694, CC) e do casamento/união estável;
 Testamento – legado de alimentos (art. 1.920 e 1.928, §único, CC);
 Sentença judicial – decorrente de ato ilícito (art. 950, CC);
 Contrato
CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS
Norma de Ordem Pública – As partes não podem afastar, por ato de autonomia, as normas que regulam o direito a
alimentos.
Direito Personalíssimo – Os alimentos destinam-se à manutenção do indivíduo, por isso é um direito pessoal, ou seja, só
pode ser exercido pelo próprio alimentando.
Incedibilidade – Não é possível ceder o crédito alimentar.
Incompensabilidade – Os créditos alimentares não são passíveis de compensação.
Divisibilidade – Quando várias pessoas forem chamadas para prestar alimentos, todas deverão concorrer na proporção de
seus recursos.
Solidariedade passiva na prestação alimentar ao idoso – Nos termos do Estatuto da Pessoa Idosa, a obrigação alimentar é
solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.
Reciprocidade - O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros (art. 1.696, CC). Na falta dos ascendentes cabe a
obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais
(art. 1.697, CC).
Alternatividade – o alimentante poderá prestar alimentos:
a) Em espécie;
b) In natura;
c) Parte em espécie, parte in natura;
OBS: Possibilidade de exoneração, redução ou majoração da pensão alimentícia.
Imprescritibilidade – o direito subjetivo de requerer alimentos é imprescritível.
OBS: Prescreve em dois anos a pretensão para haver prestações alimentares.
OBS2: Os alimentos são impenhoráveis.
Transmissibilidade – A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor.
OBS: A transmissibilidade somente será possível se a obrigação alimentar houver sido instituída antes do falecimento do
prestador.
OBS2: O inventariante não poderá ser preso em razão do débito alimentar.
Irrenunciabilidade – Existindo necessidade, os legitimados poderão requerer alimentos a qualquer tempo, considerando ser
direito fundamental.
OBS: Admite-se a renúncia entre cônjuges na ação de divórcio.
OBS2: É nula a cláusula de renúncia prévia aos alimentos constante de pacto antenupcial ou escritura pública de união
estável.
Irrepetibilidade – Mesmo constatado que os alimentos não eram devidos, eles não precisarão ser restituídos.
DEVER DE SUSTENTO E OBRIGAÇÃO ALIMENTAR
Dever de sustento – Decorre da autoridade parental. Trata-se do conjunto de deveres que competem aos pais, ao lado da
educação e da assistência, de maneira que devem os genitores cuidar de sua prole em todos os aspectos materiais e
existenciais.
OBS: Presunção de necessidade dos filhos: relativa ou absoluta?
Obrigação alimentar – incide em hipótese de parentes maiores e decorre da conjugalidade e das relações de parentesco. É
imprescindível a prova da necessidade.
Súmula 358, STJ:“o cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial,
mediante contraditório, ainda que nos próprios autos”.
CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS
Alimento Naturais – São aqueles indispensáveis à subsistência do alimentando.
Alimentos Civis (ou côngruos) – Visam à manutenção da condição social do alimentando.
Alimentos Compensatórios – trata-se de uma compensação devida por um dos ex-cônjuges ao outro, com o objetivo de
reparar a perda do poder aquisitivo do ex-consorte em razão da separação ou do divórcio.
Alimentos Transitórios – são aqueles devidos ao ex-cônjuge com vistas a suportar sua reinserção no mercado de trabalho
após a dissolução do vínculo conjugal.
Alimentos Gravídicos – são os alimentos devidos ao filho que já foi concebido mas ainda não nasceu. Visa dar o amparo
financeiro necessário no curso da gravidez.
ALIMENTOS AVOENGOS
Trata-se do dever dos avós, de participarem do sustento de seus netos de forma subsidiária e complementar.
Caberão alimentos avoengos sempre que:
a) O genitor estiver morto ou for declarada a sua ausência;
b) O genitor estiver incapacitado para o exercício de atividade laborativa;
c) O genitor não possuir recursos necessários para suprir as necessidades do filho.
Os avós não tem dever de sustento e, por isso, obrigam-se, apenas, pelos alimentos naturais.
A obrigação alimentar pertence a todos os parentes do mesmo grau, de maneira que pode haver a formação de
litisconsórcio entre avós paternos e maternos.
ALIMENTOS INTUITO FAMILIAE E INTUITO PERSONAE
Alimentos intuito familiae – são aqueles fixados em benefício de todos os alimentados.
Alimentos intuito personae – são aqueles fixados atendendo as necessidades específicas do alimentado.
MODOS DE PAGAMENTO DOS ALIMENTOS EM ESPÉCIE
Desconto em folha de pagamento – Em regra, os alimentos são fixados em percentual dos rendimentos do alimentante. Há
maior segurança no recebimento dos alimentos. A correção do valor da pensão alimentícia está vinculada ao índice de
correção salarial do alimentante.
OBS: Fixação da pensão alimentícia sobre renda líquida do alimentante.
OBS2: 13º salário e adicional de férias integram a base de cálculo da pensão alimentícia.
OBS3: os alimentos incidem apenas sobre verbas remuneratórias, não incidindo sobre verbas indenizatórias.
Pagamento em espécie (direto) – Ocorre quando o alimentante é profissional liberal. Nesse caso, em regra, há vinculação do
valor da pensão alimentícia ao valor do salário mínimo.
REVISÃO E EXONERAÇÃO DOS ALIMENTOS
A sentença que fixa os alimentos não faz coisa julgada material, mas apenas formal.
Havendo o advento de fato novo que impacte a condição financeira das partes, é possível pedir a revisão ou, até mesmo, a
exoneração dos alimentos.
Novo casamento do credor de alimentos – o novo casamento, união estável ou concubinato do cônjuge credor de alimentos
faz cessar o dever alimentar.
OBS: O novo casamento do alimentante não modifica sua obrigação alimentar.
Nascimento de novo filho do devedor de alimentos – o nascimento de prole do alimentante é fator que impacta no valor
dos alimentos, considerando a igualdade substancial.
Procedimento indigno do credor em relação ao devedor – extingue-se a obrigação alimentar nos casos em que o credor
tenha comportamento indigno contra o devedor (art. 1.814, I e II, CC).
PRISÃO DO DEVEDOR DE ALIMENTOS
O descumprimento voluntário e inescusável da obrigação legal de pagar alimentos enseja a prisão civil do devedor.
A medida apenas poderá ser ordenada em face das três últimas parcelas em atraso e aquelas vencidas no curso do processo,
aplicando-se o procedimento comum de execução por quantia certa para as demais parcelas vencidas.
Súmula 309, STJ: “o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações
anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo”.
Sem prejuízo da prisão, é possível a inscrição do nome do devedor de alimentos nos cadastros restritivos de crédito.
A prisão poderá ser decretada de trinta a noventa dias.
Se a dívida não for paga até o esgotamento do prazo da prisão a execução, automaticamente, se transformará em penhora.
AUTORIDADE PARENTAL
Com o advento da Constituição Federal, a criança e o adolescente ganharam especial proteção do Estado, sendo
reconhecidos como pessoa em desenvolvimento.
Mudança nas perspectivas das relações paterno/materno-filiais, antes, hierárquica e patriarcal, e, agora, democrática,
possibilitando-se o diálogo e a mútua compreensão.
 DEVERES CONSTITUCIONAIS DA AUTORIDADE PARENTAL
Dever de Assistência – A criação está diretamente ligada ao suprimento das necessidades biopsíquicas do menor,
antecedendo o seu nascimento e perdurando até que alcance a maioridade
Dever de Educação – Compreende a educação formal e a informal, ou seja, o dever dos pais de matricular os filhos em
instituição de ensino e acompanhar o seu desenvolvimento.
OBS: Homeschooling;
OBS2: Autonomia progressiva do menor x autoridade parental;
OBS3: Educação digital e sharenting;
INÍCIO, DESENVOLVIMENTO E FIM DA AUTORIDADE PARENTAL
Início da autoridade parental – a autoridade parental se inicia com a concepção, sendo imposto aos pais, desde então, os
deveres de cuidado e proteção com os filhos. A incidência da autoridade parental finaliza-se com a maioridade dos filhos.
Amplitude da autoridade parental – as decisões relevantes para a vida do filho devem ser tomadas em conjunto por ambos
os pais, considerando que decorrem do poder familiar e não da guarda.
Autoridade parental como dever jurídico – a autoridade parental é um poder-dever imposto a ambos os pais, competindo a
eles criar e educar os filhos.
OBS: Havendo divergência entre os pais, eles deverão recorrer ao juiz, de maneira que a decisão de nenhum deles tem
preponderância sobre a do outro.
Deveres infraconstitucionais da autoridade parental (art. 1.634, CC):
a) Dirigir a criação e a educação dos filhos;
b) Exercer a guarda unilateral ou compartilhada;
c) Conceder ou negar consentimento para que os filhos possam se casar;
d) Conceder ou negar consentimento para que os filhos possam viajar para o exterior;
e) Conceder ou negar consentimento para que os filhos mudem sua residência permanentemente para outro
Município;
f) Nomear tutor para os filhos, por testamento ou outro documento idôneo, se o outro dos pais não estiver vivo ou não
puder exercer o poder familiar;
g) Representar o filho até os 16 anos de idade e assisti-lo após essa idade, nos atos em que for parte, suprindo-lhe o
consentimento;
h) Reclamar o filho de quem quer que ilegalmente o detenha;
i) Exigir que os filhos lhe prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
Extingue-se o poder familiar (art. 1.635, CC):
a) pela morte dos pais ou do filho;
b) pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único, CC;
c) pela maioridade;
d) pela adoção;
e) por decisão judicial, na forma do artigo 1.638, CC;
A autoridade parental poderá ser suspensa (art. 1.637, CC):
a) pelo descumprimento dos deveres inerentes aos pais;
b) pela ruína dos bens dos filhos;
c) pela colocação em risco da segurança do filho;
d) pela condenação em virtude de crime que exceda 2 (dois) anos de prisão.
Haverá a perda da autoridade parental (art. 1.638, CC) quando o pai ou a mãe:
a) Castigar imoderadamente o filho;
b) Deixar o filho em abandono;
OBS: art. 244, CP;
c) Praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
d) Incidir, reiteradamente, nas faltas que impliquem a suspensão do poder familiar (art. 1.637, CC);
e) Entregar de forma irregular o filho para fins de adoção;
f) Praticar contra o outro genitor, filho, filha ou outro descendente homicídio, feminicídio ou lesão corporal grave ou
seguida de morte resultante de violência doméstica, familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher,
estupro/estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão.
ASPECTOS PATRIMONIAIS
Administração e usufruto dos bens dos filhos – os pais são os usufrutuários e administradores legais dos bens dos filhos,
salvo se houver a indicação de outro administrador pelo doador ou testador. A administração será exercida pelos pais até
que os filhos completem 16 anos. Após essa idade, as atribuições serão compartilhadas com o filho.
 HIPÓTESES EM QUE OS PAIS ESTARÃO EXCLUÍDOS DA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS
 Quanto aos bens que o menor adquirir por força de atividade profissional;
 Quanto aos bens e valores dos quais o menor já era titular quando foi reconhecido, judicial ou voluntariamente;
 Quanto aos bens que o filho tenha recebido por herança ou doação, com cláusula de impedimento para usufruto e
administração dos pais;
 Quanto aos bens que o filho herdou, herança esta que um dos pais foi excluído, seja por deserdação ou indignidade.
GUARDA
Guarda unilateral – é aquela exercida por apenas um dos pais, cabendo ao outro o direito de visitas.
Guarda alternada – é aquela em que os pais revezam períodos exclusivos de guarda, cabendo ao outro o direito de visitas.
Nidação ou aninhamento – é aquela em que a criança permanece no domicílio em que vivia o casal, enquanto casados, e os
pais revezam na companhia dela.
Guarda compartilhada – é aquela em que, tanto o pai quanto a mãe são guardiões dos filhos, sendo corresponsáveis pela
condução da vida dos menores.
OBS: possibilidade do genitor não guardião ajuizar ação de prestação de contas.
Guarda com terceiros – na falta de possibilidade dos pais, é possível que a guarda seja exercida por terceiros, devendo ser
considerado, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade.
CONVIVÊNCIA FAMILIAR
O direito à convivência decorre do parentesco,sendo que é tanto direito dos pais conviverem com seus filhos quanto direito
dos filhos conviverem com seus pais, por isso a convivência, portanto, é dever, ultrapassando a esfera de liberdade, além
que a convivência não pode ser prejudicial para o filho.
A convivência pode ser entendida como obrigação de fazer, de maneira que o juiz poderá fixar multa pelo seu
descumprimento, sendo que o direito à convivência não se restringe aos pais, podendo se estender a outros familiares como
avós, tios, padrastos/madrastas, irmãos, etc.
ALIENAÇÃO PARENTAL
Trata-se de qualquer ato que interfere na formação psicológica da criança ou do adolescente para que esses rejeitem o
genitor ou depreciem os vínculos parentais.
Sujeitos ativos – pais, avós ou qualquer pessoa que detenha o menor sob sua autoridade, guarda ou vigilância.
Qualquer um dos atores processuais (partes, MP, psicólogo, assistente social) pode requerer a instauração do incidente
processual, o juiz poderá, de ofício, instaurar o incidente de alienação e o foro competente para apreciação é a Vara de
Família do domicílio da criança ou adolescente. O processo terá prioridade de tramitação.

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