Você está na página 1de 74

DA EXISTÊNCIA E DA VALIDADE

DO CASAMENTO

1) Casamento inexistente
2) Casamento inválido
2.1) Casamento nulo
2.2) Casamento anulável
3) Casamento Putativo - Declaração de
putatividade do casamento nulo e anulável
– art. 1.561

1
CASAMENTO INEXISTENTE
Artigos 1.548 a 1.564, CC

O plano da existência antecede ao plano da


validade. Antes de verificar se o casamento é
válido, temos que averiguar se ele existe.
Existindo, o ato pode ser válido ou inválido.
Para que o casamento exista, é necessária
a presença dos elementos essenciais:
1) manifestação de vontade dos
nubentes (consentimento);
2) celebração do matrimônio com a
presença da autoridade.
2
(TJ-MG 2016) Casamento na festa junina, em
que o casal não tem nenhum vínculo, é
casamento

a) nuncupativo.
b) nulo
c) inexistente.
d) putativo.

3
CASAMENTO INVÁLIDO

O casamento inválido pode ser nulo ou anulável,


dependendo do grau de imperfeição.
Quando o casamento se realiza com infração de
impedimento imposto pela ordem pública, esta reage
violentamente fulminando de nulidade o casamento.
Nos casos em que a infração se revela mais
branda porque fere apenas o interesse de pessoas que a
lei quer proteger, o legislador apenas defere a estas
uma ação anulatória.
Caso o interessado que podia promover a ação
anulatória permaneça inerte, o casamento convalesce e
ganha validade, não mais podendo ser infirmado (Carlos
Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro, vol. VI).

4
CASAMENTO NULO
Artigos 1.548 e 1.549, CC

Art. 1.548, CC:


É nulo o casamento contraído:
I – revogado;
II – por infringência de impedimento (art. 1.521,
CC).

Quando o casamento é nulo, cabe ação declaratória


de nulidade, procedimento comum ordinário, sendo ex tunc
os efeitos da sentença, considerando-o retroativamente
como não ocorrido (art. 1.563, CC). É imprescritível.

5
Legitimados: qualquer interessado ou pelo
Ministério Público (art. 1.549,CC).

O interesse pode ser:


ECONÔMICO – herdeiros sucessíveis,
companheiro(a), os credores dos cônjuges e os
adquirentes de seus bens.

MORAL – os próprios cônjuges, ascendentes,


descendentes, irmãos, cunhados e o primeiro
cônjuge do bígamo.

SOCIAL - Ministério Público

6
Foro competente para processar e julgar a ação declaratória
de nulidade (art. 53, I, CPC):

 Domicílio do guardião de filho incapaz;

 Do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;

 Do domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo


domicílio do casal.

Trata-se de regra de competência relativa, não podendo o juiz


reconhecê-la de ofício, admitida a prorrogação de foro pelas
partes (Súmula 33 STJ).

7
CASAMENTO ANULÁVEL
Artigo 1.550, CC

A anulação do casamento visa proteger um


interesse individual.
O casamento anulável produz todos os
efeitos enquanto não anulado por decisão judicial
transitada em julgado. Se a ação não for proposta
no prazo decadencial, o ato torna-se definitivo.
A natureza jurídica da sentença é
constitutiva negativa (desconstitutiva), produzindo
efeitos ex tunc (retro-operantes), pois as partes
têm de retornar ao estado anterior.
8
CASAMENTO ANULÁVEL
Artigo 1.550, CC

É anulável o casamento:
I – de quem não completou a idade mínima para casar;
II – do menor em idade núbil, quando não autorizado por
seu representante legal;
III – por vício da vontade, nos termos do artigo 1.556 a
1.558;
IV – do incapaz de consentir ou manifestar, de modo
inequívoco, o consentimento;
V – realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro
contraente soubesse da revogação do mandato, e não
sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI – por incompetência da autoridade celebrante.

9
Art. 1.550, I, CC: É anulável o casamento de
quem não completou a idade mínima para
casar.
Legitimidade ativa:
 Cônjuge menor (artigo 1.552, I, CC).

Prazo decadencial para invalidação – 180 dias, contados


do dia em que perfez a idade de 16 anos (art. 1.560,
§1º, CC).
 Representantes legais ou ascendentes (artigo 1.552, II e
III, CC).
Prazo decadencial para invalidação – 180 dias, contados do
data do casamento (art. 1.560, §1º, CC).
Observação 1: Não se anulará, por motivo de idade, o
casamento de que resultou gravidez (art. 1.551,CC).
Apurada a gravidez, extingue-se a ação (será extinta sem
resolução de mérito por perda superveniente do interesse
de agir (CPC, art. 485). 10
Observação 2: Se a ação anulatória foi ajuizada pelos
representantes legais ou pelos ascendentes do menor,
poderá este “confirmar seu casamento” ao perfazer a
idade mínima, com efeito retroativo, desde que ainda
não tenha transitado em julgado a sentença anulatória,
“com a autorização de seus representantes legais, se
necessária, ou com suprimento judicial ” (art. 1.553,
CC).
Nesse caso, a ação será extinta e a única consequência
será a subsistência do regime da separação de bens,
se houve suprimento judicial (art. 1.641, III).

11
A lei 13.811/2019 e o casamento do
menor de 16 anos - Primeiras reflexões
Flávio Tartuce

Esse dispositivo (art. 1.550, I) não foi revogado,


expressa ou tacitamente, pela lei 13.811/2019, e, sendo
assim, a solução da anulabilidade ou nulidade relativa do
casamento infantil continua em vigor.
O mesmo se diga quanto à possibilidade de
convalidação do casamento, hipótese em que o ato
inválido passará a ser válido caso tenha passado
despercebida a proibição perante o Cartório de Registro
Civil. Continua em vigor, nesse contexto, o art. 1.551 do
Código Civil, segundo o qual não se anulará, por motivo
de idade, o casamento de que resultou gravidez.

12
O mesmo se diga em relação ao 1.553 da mesma
codificação, que estabelece a possibilidade de
convalidação do casamento do menor que não atingiu a
idade núbil caso este, depois de completá-la, confirme a
sua intenção de casar, com a autorização de seus
representantes legais, se for necessária, ou com
suprimento judicial. A possibilidade de convalidação, por
óbvio, dar-se-á muitas vezes após a idade núbil ou mesmo
a maioridade ser atingida, preservando uma família que
pode estar constituída e que merece proteção, conforme o
art. 226 do Texto Maior.

13
Também não estão revogados, expressa ou
tacitamente, os dispositivos que consagram regras
específicas a respeito da ação anulatória, caso do art.
1.552 do Código Civil: "A anulação do casamento dos
menores de dezesseis anos será requerida: I – pelo próprio
cônjuge menor; II – por seus representantes legais; III –
por seus ascendentes".

O mesmo se diga quanto ao prazo decadencial de


180 dias para a demanda, conforme o art. 1.560, § 1º, da
Lei Geral Privada: "Extingue-se, em cento e oitenta dias, o
direito de anular o casamento dos menores de dezesseis
anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez
essa idade; e da data do casamento, para seus
representantes legais ou ascendentes".
14
Todos esses comandos são específicos quanto
à anulação do casamento, negócio jurídico especial,
devendo prevalecer sobre as regras gerais sobre a
teoria geral do negócio jurídico, previstas na Parte
Geral da codificação privada.

Por tudo isso, não me convence a afirmação feita no


âmbito doutrinário no sentido de ser o casamento
infantil agora nulo de pleno direito, pois a lei proíbe a
prática do ato sem cominar sanção, presente a
chamada nulidade virtual, nos termos do art. 166, inc. VII,
segunda parte, do Código Civil. Esse comando geral
somente seria aplicado se não existissem todas essas
disposições específicas, que, repise-se, não foram
revogadas expressa ou tacitamente.
15
Para afastar a alegação de revogação tácita, lembro e
insisto: o casamento do menor de 16 anos já não era
admitido pelo sistema jurídico nacional.
Como última nota, não se pode dizer que a alteração
do art. 1.520 tenha criado hipótese de impedimento
matrimonial, na linha do que pontuei no início deste breve
texto.
Primeiro, porque não houve qualquer inclusão nesse
sentido no art. 1.521 do CC, sendo certo que os
impedimentos não podem ser presumidos ou subentendidos,
uma vez que a norma é restritiva da autonomia privada.
Segundo, pelo fato de se tratar de hipótese de
incapacidade que já estava prevista no sistema, pelo art.
1.517 do Código Civil. Terceiro, porque os impedimentos são
específicos, o que não é o caso.
16
Senado aprova proibição para casamento
de menores de 16 anos
9 de maio de 2019

“O art 166 não se aplica a essa condição e por não


ter tido uma hipótese clara de nulidade, a nulidade deve
ser declarada sempre por lei. Sempre foi uma causa de
anulabilidade. Por isso, não há o que sustentar nesse
momento diante dos fatos”, finaliza o professor Cesar
Peghini.

https://www.lfg.com.br/conteudos/artigos/
geral/senado-aprova-proibicao-para-casamento-
de-menores-de-16-anos

17
A nova regra da impossibilidade de
casamento do menor de 16 anos (a nova
Lei 13.881-19)
Cristiano Chaves de Farias

Não há mais, assim, qualquer possibilidade, mesmo


que excepcional, de casamento de quem não atingiu a
idade núbil (16 anos). Com isso, inclusive, o eventual
casamento de uma pessoa menor dessa idade será NULO
- e não anulável, na medida em que estará violando
proibição legal (CC, art. 166). Com isso, legitima-se,
inclusive, o Promotor de Justiça a ajuizar ações de
nulidade, na hipótese de um indevido matrimônio de
pessoa com menos de 16 anos de idade.
18
Art. 1.550, II, CC: É anulável o casamento do menor
em idade núbil, quando não autorizado por seu
representante legal.

Legitimidade ativa:
 Cônjuge que casou sem a autorização (artigo 1.555, caput, CC).

Prazo decadencial para invalidação – 180 dias, contados do dia em


que cessou a incapacidade – 18 anos (art. 1.555, caput e §1º, CC).
 Representantes legais (artigo 1.555, caput, CC).

Prazo decadencial para invalidação – 180 dias, contados do data do


casamento (art. 1.555 e §1º, CC).
 Herdeiros necessários (artigo 1.555, caput, CC).

Prazo decadencial para invalidação – 180 dias, contados da morte do


incapaz (art. 1.555 e §1º, CC).

Observação: Não se anulará o casamento quando à sua celebração


houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou tiverem,
por qualquer modo, manifestado sua aprovação (art. 1.555, §2º, CC) –
consentimento tácito.

19
Art. 1.550, III, CC:
É anulável o casamento por vício da
vontade, nos termos do artigo 1.556 a
1.558;

Art. 1.556, CC: O casamento pode ser anulado


por vício da vontade, se houve por parte de um
dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto
à pessoa do outro.

ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA DO OUTRO


= ART. 1.557, CC
COAÇÃO = ART. 1.558, CC 20
ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA
DO OUTRO CÔNJUGE (art. 1.557, CC)
O erro consiste na falsa representação da realidade.
“É aquele de tal importância que, sem ele, o ato não se
realizaria. Se o agente conhecesse a verdade, não
manifestaria vontade de concluir o negócio jurídico. Diz-
se, por isso, essencial, porque tem para o agente a
importância determinante, isto é, se não existisse, não
se praticaria o ato”. (Francisco Amaral).

PRESSUPOSTOS JUSTIFICADORES DA
ANULAÇÃO DO CASAMENTO POR ERRO:
 Que o defeito, ignorado por um dos cônjuges,
preexista ao casamento;
 Que a descoberta da circunstância, após o matrimônio,
torne insuportável a vida em comum para o cônjuge
enganado. 21
Art. 1.557, I, CC. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do
outro cônjuge: o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa
fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne
insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
A identidade pode ser física e civil.
No erro sobre a identidade física (error in corpore) o
casamento ocorre com pessoa diversa, por substituição ignorada pelo
outro cônjuge.
Identidade civil é o conjunto de atributos ou qualidades com
que a pessoa se apresenta no meio social. Algumas pessoas são tidas
como honestas, trabalhadoras, probas; outras porém, como inidôneas,
desqualificadas etc. (Carlos Roberto Gonçalves)
Cabe ao magistrado decidir se as qualidades, sobre as quais
recaiu o erro do outro cônjuge, são ou não essenciais.
Ex. Aventureiro que se apodera de identidade de outro,
apresentando-se com nome falso na sociedade (erro quanto ao seu
estado civil, origem e filiação); ser pouco afeito ao trabalho;

22
HONRA – “É a dignidade da pessoa que vive
honestamente, que pauta seu proceder pelos ditames
da moral” (Washington de Barros Monteiro)

BOA FAMA – “É a estima social de que a pessoa


goza, visto conduzir-se segundo os bons costumes”
(Washington de Barros Monteiro)

23
Tem os tribunais concedido a anulação do casamento quando:
 A mulher descobre ter se casado com cônjuge toxicômano,
sendo tal circunstância apta a inviabilizar o projeto de
convivênvia sustentável em padrões naturais ou aceitáveis
de coabitação;
 Envolvimento do réu com prática de ilícitos penais;

 A mulher mantém relações sexuais anômalas, confessando


a prática de lesbianismo;
 O marido ignorava que a esposa se encontrava apaixonada
por outro indivíduo, dando-se conta disso somente na lua-
de-mel quando passou a ser rejeitado sexualmente;
 O relacionamente sexual do casal é anormal por falta de
libido do marido em relação à esposa, sendo o quadro
patológico e de difícil solução clínica;
(Carlos Roberto
Gonçalves)

24
Tem os tribunais concedido a anulação do casamento
quando:

 Recusa da esposa ao débito conjugal;


 Casamento não consumado tendo o marido deixado
o lar conjugal poucos dias após a sua celebração;
 Induzimento de casamento pela afirmação de
paternidade, frente à gravidez da mulher;
paternidade excluída por prova pericial; erro
essencial reconhecido;
 Atividade de meretriz da mulher antes do
casamento, desconhecida pelo marido.

25
Segundo Flávio Tartuce:
 Casamento celebrado com transexual operado que
não revelou sua situação anterior;
 Com irmão gêmeo de uma pessoa;

 Com pessoa violenta;

 Com viciado em jogos de azar;

 “Pessoa idosa e ingênua que se casou com mulher


vinte e nove anos mais jovem, pensando que esta
lhe tinha afeto, quando os fatos imediatamente
posteriores à celebração demonstraram que o
interesse era apenas patrimonial” (TJRJ, Apelação
200900121641, Rio de Janeiro, 19a Câmara Cível,
Rel. Des. Cláudio Brandão, j. 04.08.2009, p.
04.11.2009).
26
TJSC - Noivo se revelou após casamento: Justiça
anulou matrimônio (11.06.2004)

O príncipe virou sapo. E a metamorfose obrigou


jovem noiva do interior catarinense a ingressar na
justiça com pedido de anulação do casamento recém
contraído.
O educado, galanteador e carinhoso noivo
transformou-se em marido grosseirão, rude e afeito a
agressões físicas contra sua companheira, menos de um
mês após as núpcias.
Tais atitudes motivaram a nubente a buscar
amparo em Comarca do Planalto Catarinense, onde
propôs ação de anulação de casamento com base no
princípio de erro essencial sobre a pessoa.
27
TJSC - Noivo se revelou após casamento: Justiça
anulou matrimônio (11.06.2004)

Ela reforçou o pedido com a informação de que o


marido, ainda noivo, teria influenciado seu desligamento
da empresa onde trabalhava, pois reunia condições de
sozinho garantir o sustento do novo lar.
Já casada, e sem o emprego, a jovem descobriu
que o marido também estava desempregado, agravando
ainda mais o convívio conturbado.

28
TJSC - Noivo se revelou após casamento: Justiça
anulou matrimônio (11.06.2004)

"Para que os casos de erro sobre a identidade do


cônjuge aproveitem a quem os alegar, mister se faz
venham revestidos de dois requisitos: de uma parte, é
necessário que a circunstância, ignorada por um dos
cônjuge, preexista ao casamento; de outra parte, impõe-
se que a descoberta da verdade, subseqüente ao
matrimônio, torne intolerável a vida em comum para o
cônjuge enganado”, transcreveu o juiz Roberto Ramos
Alvim, com base em jurisprudência do Tribunal de
Justiça, em decisão que deferiu o pleito e declarou nulo
o desastrado casamento. (Segredo de Justiça).

29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
A juíza Sirlei Martins da Costa, da 2ª Vara de Família e Sucessões de
Goiânia, julgou procedente o pedido de anulação de casamento
realizado por um rapaz recém-casado. O autor da ação alega que,
embora não mantivesse relações sexuais com a então noiva,
descobriu, durante a lua-de-mel, que a esposa estava grávida (Art.
1.557, I - CC/02)
Ela, seguidora de uma igreja evangélica, disse em audiência
que, com base em sua crença religiosa, convenceu o noivo de que não
podia manter relações com ele antes do casamento. Ainda de acordo
com a mulher, ela casou-se grávida, mas só descobriu a gravidez
durante a lua-de-mel, e assumiu que o marido não podia ser o pai.
A juíza determinou a expedição de documentos necessários
para que o cartório anule o casamento e
condenou a mulher ao pagamento das custas e
despesas processuais, além dos honorários
advocatícios. (26/08/2011) 40
NEGADA
ANULAÇÃO DE
CASAMENTO DE MULHER COM
“PSIQUIATRA” QUE TAMBÉM ERA
“PASTOR” (TJRS)
(12/08/05) 41
A decisão é da 8a. Câmara Cível do TJRS, julgando um raro caso, cheio
de intrincados detalhes, em que uma jovem mulher pediu a chancela judicial
para que fosse anulado seu casamento e ela pudesse voltar ao estado civil de
solteira. Tanto a juíza local quanto os desembargadores indeferiram o pleito.
A ação narra o casamento que teria ocorrido porque a nubente apó s
quatro meses de namoro, se impressionara com o namorado, que se
apresentava como “PASTOR DA ASSEMBLEIA DE DEUS” e “PSIQUIATRA”.
Além disso, desempenharia as funçõ es de “POLICIAL” .

42
Depois do casamento, nunca foi provada a formaçã o
profissional do marido em Medicina, nem sua vinculaçã o
religiosa, menos ainda que fosse concursado na Polícia Civil .

Ocorrido o casamento, a primeira relaçã o sexual só se


consumou cinco meses depois. E nas semanas seguintes, a jovem
esposa descobriu que o marido tinha tendências homossexuais –
situaçã o por ele pró prio admitida.

A 8ª Câ mara ao decidir pela nã o anulaçã o do casamento


fez referir, no acó rdã o, que “o erro sobre a pessoa – onde incide o
homossexualismo – a ensejar a anulação do casamento, é aquele
que, após o seu conhecimento, torna insuportável a vida em
comum”.
43
Ou seja, a revelaçã o feita pelo réu, à esposa apó s o
casamento, de que era homossexual “não tornou insuportável a
vida em comum e não foi a causa determinante da separação – esta
ocorrida, segundo o próprio depoimento pessoal da autora, porque
o réu passou a ter uma vida noturna sem a companhia da
depoente”.

O desfazimento do vínculo conjugal, assim, nã o será


possível na via da anulaçã o – mas apenas através da açã o de
separaçã o judicial e, posteriormente, do divó rcio. (Proc. em
segredo de justiça).

44
(10/03/11)

Descoberta de traição após


núpcias não enseja anulação do
casamento (TJSC)
45
A 3ª Câmara de Direito Civil do TJ/SC manteve sentença
da comarca de Itajaí, que julgou improcedente o pedido de
anulação de casamento ajuizado por uma mulher que descobriu
ter sido traída pelo marido, uma semana após as núpcias, com
outro rapaz.

Segundo a autora, o marido viajou a trabalho e se


hospedou na casa de um amigo, com quem acabou por manter
relações sexuais. O fato chegou ao conhecimento de familiares
e amigos dos recém-casados.

“É certo que o cometimento de adultério é reprovável


pela sociedade, contudo tal acontecimento ensejaria a
possibilidade de pleitear a separação judicial ou o divórcio,
porém não autoriza a anulação do casamento e os seus
consequentes efeitos”, entendeu o relator da matéria,
desembargador substituto Saul Steil.
46
A questão do erro essencial sobre a pessoa do
cônjuge, capaz de tornar a vida matrimonial insuportável
ao ser descoberto, só se aplica em situações registradas
antes da data do casamento.

Em casos como o presente, esclareceu o relator, a


solução passa necessariamente pelo pedido de separação
ou divórcio. A decisão foi unânime.

(Os dados do processo não foram fornecidos pela fonte).

Fonte: Tribunal de Justiça de Santa Catarina

47
Art. 1.557, II, CC. Considera-se erro
essencial sobre a pessoa do outro
cônjuge: a ignorância de crime, anterior
ao casamento, que, por sua natureza,
torne insuportável a vida conjugal;

Justifica-se a anulação porque o ato praticado


revela o mau caráter e a periculosidade do agente,
causando constrangimento ao cônjuge no meio onde vive.
Confirgura-se a hipótese legal quando o crime
tenha ocorrido antes do casamento. A sentença
condenatória pode ter sido prolatada posteriormente.
A gravidade do crime não deve ser aferida segundo
um padrão objetivo, mas, sim, na medida do sofrimento
experimentado pelo cônjuge enganado. Ex. Crime de
estupro, homicídio, traficante de drogas.
48
Art. 1.557, III, CC. Considera-se erro essencial sobre a pessoa
do outro cônjuge: a ignorância, anterior ao casamento, de
defeito físico irremediável que não caracterize deficiência, ou
de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança,
capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua
descendência;
DEFEITO FÍSICO IRREMEDIÁVEL – defeito capaz de
tornar inatingível um dos fins do casamento, que é a satisfação
sexual.
Ex.: hermafroditismo ou sexo dúbio, deformações genitais,
infantilismo, vaginismo ou atresia dos órgãos genitais femininos,
ausência da vagina congênita; impotência ‘coeundi’, física ou psíquica,
ou mesmo relativa, se ocorrer apenas com relação à consorte e não
com outras mulheres (Maria Helena Diniz).

49
Só a impotência coeundi ou instrumental autoriza a
anulação do casamento.
O mesmo não ocorre com a impotência generandi (do
homem, para gerar filhos) incapacidade para a fecundação e
com a concipiendi (da mulher para conceber), incapacidade
para a concepção, porque a procriação não é o único objetivo
do casamento.
A irremediabilidade é caracterizada pela
impossibilidade de tratamento médico ou cirúrgico e pela
ineficácia do tratamento ministrado por longo tempo, bem
como pela recusa ao tratamento adequado. Admitem-se todos
os meios de prova do defeito físico irremediável, inclusive a
testemunhal, sendo porém a mais indicada a pericial, que só
deve ser dispensada se for impossível a sua realização.

MOLÉSTIA GRAVE E TRANSMISSÍVEL, PELO


CONTÁGIO OU HERANÇA
Ex. AIDS, sífilis, tuberculose, lepra, hemofilia.

50
Legitimidade ativa:

 Cônjuge que incidiu em erro (artigo 1.559, CC).

 Prazo decadencial para invalidação – 3 anos, contados do data da


celebração do casamento (art. 1.560, III, CC).

Observação: A coabitação do cônjuge que incidiu em erro, havendo a


ciência do vício, valida o ato, ressalvada a hipótese do inciso III do
art. 1.557 (art. 1.559, CC).

“O dispositivo, ao prever que a coabitação sana a invalidade, adota a


vedação do comportamento contraditório ( venire contra factum
proprium non potest), proibindo que aquele que coabitou, ou seja,
que manteve relação sexual com o outro cônjuge ou com ele viveu,
ingresse com a ação anulatória do casamento. O sentido ético da
norma é, portanto, indiscutível, pela relação com a boa-fé objetiva”
(Flávio Tartuce, Direito de Família, 2017).

51
(OAB/2011) João foi registrado ao nascer com o gênero masculino. Em 2008,
aos 18 anos, fez cirurgia para correção de anomalia genética e teve seu
registro retificado para o gênero feminino, conforme sentença judicial. No
registro não constou textualmente a indicação de retificação, apenas foi
lavrado um novo termo, passando a adotar o nome de Joana. Em julho de
2010, casou-se com Antônio, homem religioso e de família tradicional
interiorana, que conheceu em janeiro de 2010, por quem teve uma paixão
fulminante e correspondida. Joana omitiu sua história registral por medo de
não ser aceita e perdê-lo. Em dezembro de 2010, na noite de Natal, a tia de
Joana revela a Antônio a verdade sobre o registro de Joana/João. Antônio, não
suportando ter sido enganado, deseja a anulação do casamento. Conforme a
análise da hipótese formulada, é correto afirmar que o casamento de Antônio
e Joana
a) só pode ser anulado até 90 dias da sua celebração.
b) poderá ser anulado pela identidade errônea de Joana/João perante Antônio
e a insuportabilidade da vida em comum.
c) é inexistente, pois não houve a aceitação adequada, visto que Antônio foi
levado ao erro de pessoa, o que tornou insuportável a vida em comum do
casal.
d) é nulo; portanto, não há prazo para a sua arguição.
52
Art. 1.558, CC: É anulável o casamento em virtude de
coação, quando o consentimento de um ou de ambos os
cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de
mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a
honra, sua ou de seus familiares.

Coação é toda ameaça ou pressão injusta exercida


sobre um indivíduo para forçá-lo, contra a sua vontade, a
praticar um ato ou realizar um negócio.

O art. 1.558, CC, trata da coação moral ou


relativa (vis compulsiva), que constitui vício do
consentimento. É uma coação psicológica.

Já a coação física ou absoluta (vis absoluta), é a


que se caracteriza pelo uso da violência atual, tornando o
casamento inexistente, rem razão da ausência de
manifestação da vontade.
53
Legitimidade ativa:
 Cônjuge que sofreu a coação (artigo 1.559, CC).

Prazo decadencial para invalidação – 4 anos, contados


do data da celebração do casamento (art. 1.560, IV,
CC).
Observação: A coabitação do cônjuge que sofreu a coação,
havendo a ciência do vício, valida o ato (art. 1.559, CC).

 “O dispositivo, ao prever que a coabitação sana a


invalidade, adota a vedação do comportamento
contraditório (venire contra factum proprium non
potest), proibindo que aquele que coabitou, ou seja, que
manteve relação sexual com o outro cônjuge ou com ele
viveu, ingresse com a ação anulatória do casamento. O
sentido ético da norma é, portanto, indiscutível, pela
relação com a boa-fé objetiva” (Flávio Tartuce, Direito de
Família, 2017).

54
Art. 1.550, IV, CC: É anulável o casamento:
do incapaz de consentir ou manifestar, de modo
inequívoco, o consentimento.
Faz-se menção, a toda evidência, aos incapazes
relativamente por causa psicológica (CC, art. 4.).
§2º A pessoa com deficiência mental ou
intelectual em idade núbia poderá contrair
matrimônio, expressando sua vontade
diretamente ou por meio de seu responsável ou
curador (incluído pela Lei 13.146, de 6/7/2015 –
Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Nota-se o objetivo de plena inclusão social da pessoa
com deficiência, especialmente para os atos
existenciais familiares, afastando-se a tese de que o
casamento poderia ser-lhe prejudicial (Flávio Tartuce).

55
Legitimidade ativa:
 Cônjuge incapaz e representante legal.
Prazo decadencial para invalidação – 180
dias, contados da data da celebração do
casamento (art. 1.560, I, CC).

56
Art. 1.550, V, CC: É anulável o casamento: realizado pelo
mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da
revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre
os cônjuges.
§1º Equipara-se à revogação a invalidade do mandato
judicialmente decretada (incluído pela Lei 13.146, de 6/7/2015 –
Estatuto da Pessoa com Deficiência).
“A nulidade absoluta ou relativa do mandato gera a anulação do
casamento. Cite-se o caso em que a procuração não foi celebrada
por escritura pública, conforme exige o art. 1.542 do CC, gerando a
nulidade absoluta do mandato, por desrespeito à forma e à
solenidade (art. 166, IV e V do CC)”. (Tartuce)
Legitimidade ativa:
 Cônjuge mandante (artigo 1.560, §2º, CC).
Prazo decadencial para invalidação – 180 dias, contados da data
em que o mandante tiver conhecimento da celebração (art. 1.560,
§2º, CC).

Observação: Por revogação do mandato não se anula casamento


no qual sobreveio coabitação dos cônjuges (art. 1.550, V, CC).
57
Art. 1.550, VI: É anulável o casamento: por
incompetência da autoridade celebrante.
A lei não distingue se se trata da incompetência em
razão do lugar ou da matéria. Predomina na doutrina a
opinião de que somente acarreta a anulabilidade a
incompetência ratione loci – quando o celebrante preside
a cerimônia nupcial fora do território de sua circunscrição.
Se, porém, o presidente do ato não é autoridade
competente ratione materiae, ou seja, não é juiz de
casamentos, o casamento não é anulável, mas
inexistente, salvo na hipótese prevista no art. 1.554, CC,
que considera subsistente o casamento celebrado por
pessoa que, embora não possua a competência exigida na
lei, exerce publicamente as funções de juiz de
casamentos, aplicando à hipótese a teoria da aparência
(Carlos Roberto Gonçalves).

58
Art. 1.554, CC: Subsiste o casamento celebrado por
aquele que, sem possuir a competência exigida na lei,
exercer publicamente as funções de juiz de
casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato
no registro civil.

Legitimidade ativa:
 Cônjuges

Prazo decadencial para invalidação – 2 anos, a contar


da data da celebração do casamento (art. 1.560, II,
CC).

59
 CASAMENTO NULO – Art. 1.548,CC –
Ação de nulidade – Procedimento Comum
Ordinário – Sentença declaratória – Efeitos
“ex tunc” – Imprescritível – Retorna ao
estado civil anterior.

 CASAMENTO ANULÁVEL – Art. 1.550, CC


– Ação de anulação – Procedimento Comum
Ordinário – Sentença constitutiva negativa
(desconstitutiva) – Prazos decadenciais (180
dias a 4 anos) – Retorna ao estado civil
anterior.
60
CASAMENTO NULO CASAMENTO ANULÁVEL
Fundamenta-se em razões de Fundamenta-se em razões de
ordem pública; ordem privada;
Pode ser declarado a Somente poderá ser invocada
requerimento do MP ou de por aquele a quem aproveite;
qualquer interessado;

Não é suscetível de É suscetível de confirmação;


confirmação;
Não convalesce pelo passar do Submete-se a prazos
tempo; decadenciais;
Não produz efeitos; Produz efeitos, enquanto não
for anulado;
Reconhecido através de ação Reconhecido através de ação
meramente declaratória. desconstitutiva, sujeita a prazo
decadencial.
Nélson Rosenvald 61
DA EXISTÊNCIA E DA VALIDADE
DO CASAMENTO

1) Casamento inexistente
2) Casamento inválido
2.1) Casamento nulo
2.2) Casamento anulável
3) Casamento Putativo - Declaração de
putatividade do casamento nulo e anulável
– art. 1.561

62
Declaração de putatividade
do casamento nulo e anulável

A palavra putare , em latim, significa imaginar.

O cônjuge, imaginando não concorrer causa


obstativa, justificado pela sua boa-fé, contraiu vínculo
aparentemente válido, ignorando por completo a
existência de causa de nulidade ou anulabilidade
incidente no seu casamento.

Casamento putativo é aquele nulo ou anulável,


contraído de boa-fé, e que tem os seus efeitos
preservados em face de quem atuou segundo o princípio
da confiança.

63
Reconhecimento da
putatividade

Dada a dimensão ético-social do instituto sob


análise, o juiz, no bojo de um processo de nulidade
ou anulação do casamento, não depende de
provocação da parte interessada para o
reconhecimento da putatividade.
Pode fazê-lo de ofício, preservando os efeitos
do matrimônio inválido. Assim, no dispositivo da
sentença, poderá, acolhendo o pedido, declarar nulo
ou anular o casamento impugnado, preservando os
seus efeitos em favor do cônjuge(s) inocente(s),
independentemente de requerimento específico nesse
sentido (Pablo Stolze).
64
Efeitos jurídicos do
casamento putativo
Se um dos cônjuges estava de boa-fé
ao celebrar o casamento, os seus efeitos civil
só a ele e aos filhos aproveitarão.

Se ambos os cônjuges estavam de má-


fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos
civis só aos filhos aproveitarão.

65
Casamento inválido
contraído de boa-fé
por ambos os cônjuges

66
Casamento inválido (putativo) contraído
de boa-fé por ambos os cônjuges
(Pablo Stolze)

 Invalidado o casamento, os direitos e deveres


conjugais, como fidelidade recíproca e coabitação
deverão cessar para os dois consortes;

67
Casamento inválido (putativo) contraído
de boa-fé por ambos os cônjuges
 No que tange aos alimentos, por princípio de
solidariedade aliado à eticidade imanente ao casamento
contraído, é justo que sejam fixados, segundo a
necessidade dos cônjuges, observado o critério da
proporcionalidade, mesmo após a sentença que invalida
o matrimônio;

 O direito à herança quedar-se-á extinto a partir da


prolação da sentença de nulidade (ou anulação),
porquanto, a par da boa-fé presente na situação
concreta, direitos de outros herdeiros entram em linha de
colidência com o interesse da viúva ou viúvo, que teve
desfeito o casamento com o autor da herança. No
entanto, se a morte ocorre quando ainda em curso a
ação de invalidade, o direito sucessório do cônjuge
sobrevivente é mantido.

68
Casamento inválido (putativo) contraído
de boa-fé por ambos os cônjuges
 Quanto aos bens, a partilha deverá ser feita segundo o
regime de bens escolhido. Com isso adota-se uma
solução justa, segundo a projeção que os próprios
cônjuges fizeram antes de convolarem o matrimônio
inválido, evitando-se, ainda, o enriquecimento sem causa
de qualquer dos dois.

 Quanto ao nome, o cônjuge que adotara o sobrenome do


outro poderá mantê-lo, situação a ser aferida pelo juiz no
caso concreto.

 Emancipação havida por conta do casamento, deverá a


mesma ser preservada em virtude da boa-fé dos
cônjuges, não havendo retorno à situação de
incapacidade.

69
Casamento inválido
contraído de boa-fé
por um dos cônjuges

70
Casamento inválido (putativo) contraído
de boa-fé por um dos cônjuges
 Anulado ou declarado nulo os deveres conjugais deverão
cessar.

 Persiste o dever de alimentar em favor, tão somente, do


cônjuge de boa-fé. Ainda que o outro necessite da
pensão, essa não será devida, uma vez que tinha ciência
da impossibilidade jurídica na celebração do matrimônio.

 O direito à herança também restará extinto, a partir da


prolação da sentença de nulidade (ou anulação), e, se a
morte ocorrer quando ainda em curso a ação de
invalidade, o direito sucessório do cônjuge de boa-fé
sobrevivente é mantido.

71
Casamento inválido (putativo) contraído
de boa-fé por um dos cônjuges

 Questão delicadíssima na seara sucessória verifica-se


quando há coflito de direitos entre o cônjuge inocente,
favorecido pelos efeitos da putatividade, e o primeiro
cônjuge do bígamo.

Ex. Deoclécio, casado, ainda convivendo com a sua


esposa, em uma de suas muitas viagens, enamora-se por
Jurema, casando-se com ela.
A pobre Juju, de nada sabia, configurando típica situação
de casamento putativo.
Três meses depois, Deoclécio morre, deixando vultoso
patrimônio, antes mesmo de se invalidar o casamento
contraído.
Como ficará a concorrência dos direitos sucessórios entre
a primeira e a segunda mulher?
72
Casamento inválido (putativo) contraído de boa-fé
por um dos cônjuges

Por imperativo de equidade, recomenda-se a


divisão do patrimônio deixado por ele (herança),
resguardando-se o direito próprio de meação de cada uma
delas em face dos bens amealhados em conjunto com o
falecido.
A herança, no entanto, deixada por ele, deverá ser
dividida.

 Quanto aos bens, o consorte inocente terá o direito de


haver de volta tudo o que concorreu para a formação do
patrimônio comum, inclusive as doações feitas ao outro,
podendo inclusive, segundo o regime de bens, fazer jus à
meação do patrimônio trazido pelo culpado.
No que tange aos bens adquiridos pelo esforço
comum, deverão ser partilhados, segundo o princípio que
veda o enriquecimento sem causa.
73
Casamento inválido (putativo) contraído de boa-fé
por um dos cônjuges

 Quanto ao nome, o cônjuge culpado perderá o direito de


usá-lo, podendo o inocente mantê-lo se houver fundada
justificativa.

 Quanto as efeitos da emancipação decorrente do


casamento, deverão eles ser mantidos apenas em favor do
cônjuge inocente. O culpado retornará à situação de
incapacidade.

 O cônjuge de boa-fé poderá ainda, segundo as regras


gerais da responsabilidade civil, pleitear reparação por
danos morais em virtude de haver sido induzido a contrair
um casamento que imaginava ser perfeitamente válido e
eficaz, mas que padecia de indesejável vício invalidante,
sem prejuízo da indenização pelos danos materias
também verificados.
74

Você também pode gostar