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Art. 1.514.

O casamento se realiza no
Direito das Famílias momento em que o homem e a mulher
manifestam, perante o juiz, a sua vontade
de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os
Resumão de Aulas declara casados.
Natureza Jurídica do Casamento
Do Casamento
O casamento é um sacramento e um
No mundo ocidental, de forte contrato natural decorrente da
influência cristã, o casamento era natureza humana.
conhecido como o único mecanismo A doutrina majoritária conceitua
legitimo da criação posteriormente família como instituição jurídica, onde
emergiu o casamento civil. a família é uma coletividade humana
O casamento é uma entidade familiar que está subordinada a autoridade e
estabelecida entre duas pessoas condutas sociais.
humanas, merecedora de especial Sua formação e extinção depende da
proteção estatal, constituída, formal e vontade das partes, portanto, natureza
solenemente, formando uma jurídica do casamento é negocial,
comunhão de afetos (comunhão de tratando-se de negócio jurídico
vida) e produzindo diferentes efeitos especial.
no âmbito pessoal, social e
patrimonial. Características do
Art. 1.511. O casamento estabelece Casamento
comunhão plena de vida, com base na
igualdade de direitos e deveres dos Caráter personalíssimo e de livre
cônjuges escolha dos nubentes;
Solenidade da celebração;
Inexigencia da diversidade de sexos
Inadmissibilidade de submissão a
Finalidades do Casamento termo ou condição;
Estabelecimento de uma "comunhão Estabelecimento de uma comunhão de
de vida e de afeto conjugal"; vidas;
"(...) o estabelecimento de uma vida Natureza cogente das normas que
afetiva em comum, constituindo uma regulamentam;
entidade familiar formal e solene " Estrutura monogâmica;
Dissolubilidade, de acordo com a
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuito a vontade das partes.
sua celebração.
Parágrafo único. A habilitação para o
Princípios do Direito
casamento, o registro e a primeira Matrimonial
certidão serão isentos de selos,
emolumentos e custas, para as pessoas São fundamentalmente
cuja pobreza for declarada, sob as penas a) Livre união dos futuros cônjuges;
da lei.
b) Monogamia - a nulidade do casamento
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de do bígamo está prevista nos arts. 550 e
direito público ou privado, interferir na 1.548 do CC. A bigamia também é crime,
comunhão de vida instituída pela família. nos termos do art. 235 do CP.
Art. 1.515. O casamento religioso, que Requisitos para o
atender às exigências da lei para a
validade do casamento civil, equipara-se Reconhecimento da
a este, desde que registrado no registro Putatividade
próprio, produzindo efeitos a partir da
data de sua celebração. Invalidade do casamento;
Boa-fé dos nubentes ou apenas um
Art. 1.516. O registro do casamento
deles;
religioso submete-se aos mesmos
Erro desculpável
requisitos exigidos para o casamento
Declaração judicial.
civil.
§ 1º O registro civil do casamento Efeitos Relevantes do
religioso deverá ser promovido dentro de Casamento
noventa dias de sua realização, mediante
comunicação do celebrante ao ofício Presunção de paternidade dos filhos
competente, ou por iniciativa de qualquer Condição de meeiro do cônjuge
interessado, desde que haja sido Condição de herdeiro do cônjuge
homologada previamente a habilitação Nulidade de outros enlaces
regulada neste Código. Após o referido posteriores
prazo, o registro dependerá de nova A validade do casamento depende da
habilitação. manifestação de vontade dos noivos de
estabelecer o vínculo conjugal e a
§ 2º O casamento religioso, celebrado sem
declaração do celebrante de que estão
as formalidades exigidas neste Código,
eles casados.
terá efeitos civis se, a requerimento do
A nulidade do casamento deve ser
casal, for registrado, a qualquer tempo, no
reconhecida por sentença judicial
registro civil, mediante prévia
declaratória, produzindo efeito ex
habilitação perante a autoridade
tunc.
competente e observado o prazo do art.
1.532. Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
§ 3º Será nulo o registro civil do I - (Revogado) ; (Redação dada pela Lei nº
casamento religioso se, antes dele, 13.146, de 2015) (Vigência)
qualquer dos consorciados houver
II - por infringência de impedimento.
contraído com outrem casamento civil
Art. 1.549. A decretação de nulidade de
Da Capacidade do casamento, pelos motivos previstos no
Casamento artigo antecedente, pode ser promovida
mediante ação direta, por qualquer
Casamento putativo (imaginário) interessado, ou pelo Ministério Público.
"Imaginando não ocorrer causa obstativa, Art. 1.550. É anulável o casamento:
o cônjuge, justificado pela sua boa-fé,
I - de quem não completou a idade mínima
contraiu vínculo aparentemente válido,
para casar;
ignorando por completo a existencia de
causa de nulidade ou anulabilidade II - do menor em idade núbil, quando não
incidente no seu casamento". autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos
arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou parte de instituições privadas ou
manifestar, de modo inequívoco, o públicas.
consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele
Art. 1.566. São deveres de ambos os
ou o outro contraente soubesse da
cônjuges:
revogação do mandato, e não sobrevindo
coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade I - fidelidade recíproca;
celebrante
§ 1º Equipara-se à revogação a invalidade
II - vida em comum, no domicílio
do mandato judicialmente decretada.
conjugal;
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
(Vigência)
§ 2º A pessoa com deficiência mental ou III - mútua assistência;
intelectual em idade núbia poderá
contrair matrimônio, expressando sua
vontade diretamente ou por meio de seu IV - sustento, guarda e educação dos
responsável ou curador. (Incluído pela filhos;
Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de
V - respeito e consideração mútuos.
idade, o casamento
de que resultou gravidez.
Art. 1.567. A direção da sociedade
conjugal será exercida, em colaboração,
Diferenças Entre pelo marido e pela mulher, sempre no
interesse do casal e dos filhos.
Casamento Nulo e Anulável
Diz respeito a natureza do vicio que o
Parágrafo único. Havendo divergência,
macula: em ambas as hipóteses o
qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao
casamento existe, foi celebrado e
juiz, que decidirá tendo em consideração
produziu efeitos e vai continuar
existindo. aqueles interesses.

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e


mulher assumem mutuamente a condição Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a
de consortes, companheiros e concorrer, na proporção de seus bens e
responsáveis pelos encargos da família. dos rendimentos do trabalho, para o
sustento da família e a educação dos
§ 1º Qualquer dos nubentes, querendo,
filhos, qualquer que seja o regime
poderá acrescer ao seu o sobrenome do
patrimonial.
outro.
§ 2º O planejamento familiar é de livre
decisão do casal, competindo ao Estado Art. 1.569. O domicílio do casal será
propiciar recursos educacionais e escolhido por ambos os cônjuges, mas um
financeiros para o exercício desse direito, e outro podem ausentar-se do domicílio
vedado qualquer tipo de coerção por conjugal para atender a encargos
públicos, ao exercício de sua profissão, ou disposição dos bens imóveis, desde que
a interesses particulares relevantes. particulares.
Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges Art. 1.657. As convenções antenupciais
estiver em lugar remoto ou não sabido, não terão efeito perante terceiros senão
encarcerado por mais de cento e oitenta depois de registradas, em livro especial,
dias, interditado judicialmente ou pelo oficial do Registro de Imóveis do
privado, episodicamente, de consciência, domicílio dos cônjuges.
em virtude de enfermidade ou de
acidente, o outro exercerá com União Estável
exclusividade a direção da família,
A natureza humana é de viver em
cabendo-lhe a administração dos bens
grupos, a constituição de uma família
surge como uma consequência lógica,
motivo, pelo qual valorizar uniões
O Pacto antenupcial consiste em
espontaneamente formados,
um negócio jurídico formal,
hodiernamente; considera-se
lavrado em escritura pública
perfeitamente natural, embora no
condicionado ao casamento, nos
Brasil, não ter sido sempre assim.
ermos do 1.653
Assim a natureza jurídica do pacto
antenupcial é de um negócio
Numa perspectiva histórica, a "união
jurídico solene, condicionado ao
estável" pode ser agrupada em
casamento, por meio do qual as
momentos visivelmente distintos, que
partes escolhem o regime de bens
partem da ampla, rejeição com
que lhes aprouver, segundo o
absoluta ausência de tutela jurídica,
princípio autonomia privada.
atravessando o silencioso
Os negócios jurídicos formais ou
constrangimento da simples
solenes são aqueles que exigem,
tolerância, passando pela aceitação
para sua validade, a observância da
natural.
forma prevista em lei, como é o caso
No Brasil, até o início do sec. XX,
do casamento.
qualquer tentativa de constituição de
Art. 1.639: o estatuto do casal pode ser família fora dos cânones do
definido por escolha do regime de bens matrimonio era destinatária da mais
distintos daqueles tipificados no CC e, profunda repulsa social A união livre
para efeito de fiel observância do simplesmente não era considerada
disposto no art. 1528. como família e a sua concepção era de
uma relação ilícita, comumente
Art. 1.654. A eficácia do pacto
associada ao adultério e que deveria
antenupcial, realizado por menor, fica
ser rejeitada e proibida.
condicionada à aprovação de seu
o "tratamento oblíquo das uniões
representante legal, salvo as hipóteses de
estáveis tem como marco mais
regime obrigatório de separação de bens.
longínquo o decreto n. 2681, de 1912,
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula que previu direito indenizatório à
dela que contravenha disposição absoluta concubina por morte do companheiro
de lei. em estradas de ferro"
Aceitação da "união livre" como fato
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que
social, que determinou uma tutela da
adotar o regime de participação final nos
natureza obrigacional se efetivou com
aquestos, poder-se-á convencionar a livre
do concubinato como um fato jurídico,
ensejador da produção de efeitos casamento, relativamente ao imóvel
tutelados pelo ordenamento, seu deu destinado a residência de família
via "construção jurisprudencial" STF em 2011 reconheceu a união
Embora a tutela não fosse estável entre pessoas do mesmo sexo.
compreendida, naquele momento,
como instituto de direito de família, os Requisitos Básicos da União
reflexos patrimoniais foram Estável
aproximados aos gerados pela relação
derivada de uma união conjugal. Coabitação
Súmula 380 Durabilidade
Comprovada a existência de sociedade Continuidade
de fato entre os concubinos, é cabível a Publicidade da relação e objetivo de
sua dissolução judicial, com a partilha constituição familiar
do patrimônio adquirido pelo esforço
comum. Elementos da União Estável
Considerava o esforço comum entre
Continuidade das relações sexuais
ambos, formava no campos dos fatos,
ausência do casamento e de
uma sociedade, o que autorizaria, na
impedimento matrimonial
sua eventual dissolução, a partilha dos
Notoriedade de afeições
bens.
Honorabilidade
Com a edição do STF da sumula 382,
Lealdade
que dispensou a vida em comum sob o
Coabitação
mesmo teto como pressuposto de
Assistência mútua
caracterização de concubinato, A CF
reconhece a união estável como
entidade familiar.
Espécies de "União de Fato"
União entre duas pessoas livres que União estável - União duradoura, sem
querem estabelecer uma comunhão casamento, entre duas pessoas livres
plena de vida sem estarem casados. Concubinato (cc, art. 1.727 adulterino e
incestuoso)
Art. 1.723 É reconhecida como entidade
familiar a união estável entre o homem e a
mulher, configurada na convivência
Efeitos Jurídicos
pública, contínua e duradoura e Patrimoniais Decorrentes
estabelecida com o objetivo de
constituição de família.
da União Estável
Fixação de alimentos
Lei 9.278/96 Diretos aos benefícios previdenciários
Possibilidade de dependência para
A lei revogou parcialmente a lei 8.71/94
efeitos tributários
quanto a alimentos e pequena
Dever de assistência
alteração em termos sucessório. A
Direitos sucessórios
nova lei estabeleceu, que durante a
união, os conviventes, devem-se Art. 1.723. É reconhecida como entidade
mutuamente alimentos: e que familiar a união estável entre o homem e a
dissolvida a união por morte de um dos mulher, configurada na convivência
conviventes o sobrevivente terá pública, contínua e duradoura e
direito real de habilitação enquanto estabelecida com o objetivo de
viver ou não constituir nova união ou constituição de família.
§ 1º A união estável não se constituirá se
ocorrerem os impedimentos do art. 1.521;
não se aplicando a incidência do
inciso VI no caso de a pessoa casada se
achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523
não impedirão a caracterização da união
estável.
Art. 1.724. As relações pessoais entre os
companheiros obedecerão aos deveres de
lealdade, respeito e assistência, e de
guarda, sustento e educação dos filhos.
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato
escrito entre os companheiros, aplica-se
às relações patrimoniais, no que couber, o
regime da comunhão parcial de bens.
Art. 1.726. A união estável poderá
converter-se em casamento, mediante
pedido dos companheiros ao juiz e
assento no Registro Civil.
Art. 1.727. As relações não eventuais entre
o homem e a mulher, impedidos de casar,
constituem concubinato.

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