Você está na página 1de 16

DIREITO DE

FAMÍLIA
PROFESSORA KÁTIA ALMEIDA DA SILVA
CAUSAS SUSPENSIVAS
 Art. 1.523. Não devem casar:
 I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário
dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
 II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até
dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
 III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos
bens do casal;
 IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou
sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou
curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
O casamento pode ser visualizado sob três planos
distintos: o da existência, o da validade e o da eficácia.
O conceito de invalidade abrange o de nulidade e o de
anulabilidade.
INVALIDADE DO CASAMENTO

 CASAMENTO NULO:
 Casamento nulo é aquele que, embora existente é inválido e ineficaz, pois
decorre "da falta de qualquer dos requisitos legais da formação do ato ou de
expressa disposição da lei (AMARAL, 2003, p. 524)”.

 Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:


 I - (Revogado) ; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
 II - por infringência de impedimento.
 O Julgador, o Ministério Público e qualquer interessado.
 A nulidade atende a um interesse social e, por isso, podem ser reconhecida ex officio pelo julgador, ou
seja, independentemente da provocação de qualquer interessado.
 Qualquer pessoa, inclusive o Ministério Público, pode requerer a nulidade do casamento.
  
 A declaração judicial de invalidade do casamento nulo possui eficácia ex tunc e gera efeitos
retroativos à data da cerimônia, que recai sobre os cônjuges. Não prejudica, entretanto, o terceiro de
boa-fé que adquiriu direitos a título oneroso do casal.
  
 A nulidade do casamento é imprescritível
 Nulidade absoluta – a invalidade pode ser requerida a qualquer tempo.
 A nulidade em direito de família tem características próprias, e o seu reconhecimento deve ser
promovido mediante ação própria – declaratória de nulidade.
 CASAMENTO ANULÁVEL
 Art. 1.550. É anulável o casamento: (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
 I - de quem não completou a idade mínima para casar;
 II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
 III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558 ;
 IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o
consentimento;
 V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da
revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
 VI - por incompetência da autoridade celebrante.
 § 1 o . Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.
 § 2 o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá
contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu
responsável ou curador. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
 Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por
parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
 O artigo 1.556 do CC permite a anulação do casamento por erro essencial quanto
a pessoa do outro cônjuge. O erro quanto à pessoa deve ser essencial, capaz de
tornar insuportável a continuidade da vida em comum dos cônjuges.
  
 Os casos de error in persona, no casamento, são, entre outros:
 a) identidade do cônjuge;
 A identidade da pessoa do outro cônjuge pode ser física ou jurídica.
 No caso de identidade física, é possível o casamento efetuado com pessoa
diversa, pela aparência física.
 Exemplo:
 • Um rapaz contrai casamento com uma moça que é irmã gêmea daquela com
quem gostaria realmente de ter se casado; ou
 • Um homem se casa com uma pessoa que efetuou a operação de mudança de
sexo e falsificou os seus documentos pessoais;
 A noção de identidade alcança também a honra e a boa fama. O desconhecimento
de que o cônjuge praticava atos contrários à moral e aos bons costumes, por
exemplo:
 • Prostituição;
 • Aliciação de menores para prostituição ou venda de drogas;
 • Atos homossexuais, entre outros.
 b) a ignorância de condenação do outro cônjuge por crime anterior ao
casamento, que torne insuportável a vida em comum;
 O cônjuge que foi condenado pela prática de um crime e que deixou de comunicar
isso ao outro nubente pode ter o seu casamento anulado por tal fato.
 f) A ignorância de moléstia grave e transmissível capaz de colocar em risco a
vida ou a saúde do cônjuge que não é portador da doença, bem como da sua
descendência;
 O cônjuge que não alertado pelo outro acerca da doença anteriormente contraída,
transmissível por contágio ou por herança hereditária, pode pleitear a
anulação do casamento. Exemplo:
 Aquele que se casa com uma pessoa portadora do vírus da AIDS, que não
comunica a doença antes da realização do casamento.
 d) A ignorância de defeito físico irremediável do outro cônjuge;
 Também se torna possível a anulação do casamento por defeito físico irremediável
de um dos cônjuges, desconhecido pelo outro até a realização do matrimônio
civil.
 É o que sucede com a impotência na prática das relações sexuais. Exemplos:
 • Impotência coeundi
 A impossibilidade funcional de manter relações sexuais (cópula).
 Entretanto, NÃO HÁ ANULAÇÃO DO CASAMENTO POR ERRO:
 • Impotência generandi – que é a incapacidade de fecundação, por esterilidade
masculina; e
 • Impotência concipiendi, que é a incapacidade de fecundação, por esterilidade
feminina.
 A coitofobia é considerada como causa para a anulação do matrimônio.
 e) a ignorância de doença física ou mental grave que, por sua natureza, torna
insuportável a vida em comum. Exemplos: Lepra, sífilis, AIDS, epilepsia.
 A ação de anulação do casamento por erro quanto à pessoa deve ser proposta em 3
anos, a partir da realização do matrimônio e é de iniciativa exclusiva daquele que
laborou em erro ou de seu representante legal.
  
 f) Coação
 A coação física ou moral irresistível é mal injusto, grave e iminente que leva a vítima
a praticar ato jurídico diverso daquele que ela realizaria caso estivesse na plenitude de
sua liberdade em declarar a vontade.
 Se o consentimento de um dos cônjuges por ocasião da celebração do casamento civil
foi obtido a partir de grave ameaça consubstanciada em um fundado temor de mal
iminente à vida, saúde ou honra sua ou de seus familiares, cabe anulação do casamento.
 A ação para propor a ineficácia do matrimônio civil tem o prazo de 4 anos, contados da
sua realização, e é de iniciativa exclusiva da vítima da coação ou de seu representante
legal.
Casamento Putativo

 Casamento putativo ou aparente é o matrimônio civil celebrado com boa-fé, ao


menos, de um dos nubentes.
 Trata-se a princípio de casamento aparentemente regular, que se encontra, eivado
(manchado) com alguma causa de nulidade ou de anulabilidade, desconhecida por um ou
por ambos os cônjuges.
 Podemos dar como exemplo: o rapaz que se casa com a sua irmã, desconhecendo tal fato.
 O casamento putativo beneficia ao cônjuge de boa-fé, estendendo-se sobre ele os efeitos
decorrentes de um matrimônio regular. Poderá exigir o cumprimento do pacto antenupcial
por parte do cônjuge culpado.
 O cônjuge de má-fé não poderá se beneficiar dos efeitos pessoais e patrimoniais do
casamento putativo, pois conhecia o fato impeditivo do matrimônio, tornando-se culpado
pela sua realização. Perderá, ainda, todas as vantagens recebidas do cônjuge inocente.
 Os filhos havidos do casamento putativo são equiparados aos filhos havidos do casamento
regular, para todos os fins de direito.
  
BEM DE FAMÍLIA
  BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO

 Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública


ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família,
desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da
instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial
estabelecida em lei especial.
 Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por
testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de
ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.
 Exceções a Impenhorabilidade
 Nesses casos mesmo havendo bem de família o bem poderá ser penhorado, sendo
eles:
 Dividas tributárias e de condomínio anteriores e posteriores a instituição do bem
de família voluntário;
 Dívidas anteriores à instituição do bem de família voluntário.
BEM DE FAMÍLIA LEGAL
 Por outro lado, o bem de família legal vem estabelecido na Lei 8.009/90 que
dispõe:
 Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é
impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal,
previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou
filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas
nesta lei.
 Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se
assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos
os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a
casa, desde que quitados.

Você também pode gostar