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DIREITO DAS FAMÍLIAS

1511- 1783A CC
REGRA DE OURO: Pluralidade familiar - AFETO: Família
Eudemonista.
Art. 226 CF: Família é decorrente de casamento, União estável
e família monoparental. - Rol exemplificativo.
Casamento: 1511 e seguintes - não existe hierarquia entre
entidades familiares.
União entre duas pessoas, reconhecida e regulamentada pelo
Estado formada com objetivo de constituição de uma família e
baseado no vínculo de afeto.
1511: comunhão de vida, igualdade entre os cônjuges.
STJ e STF admitem o casamento homoafetivo.
Teoria Mista Eclética: Casamento é uma instituição no
conteúdo, mas é um contrato na formação. Negócio Jurídico
Especial: Monogamia/escolha/vida.
DISPOSIÇÕES GERAIS – 1511/1516
- Celebração é gratuita
- Homoafetivo
- Casamento religioso – casamento civil (1535) - habilitação
(antes ou depois) - Em qualquer religião
CAPACIDADE PARA O CASAMENTO – 1517/1520
- Idade Núbil: 16 anos - Emancipação - precisa de
autorização dos pais ou representantes – se os pais não
autorizarem (suprimento judicial-curador especial) a
autorização dos pais é revogável até a celebração do
casamento.
- Não é possível casamento com menos de 16 anos.
Impedimentos para o casamento - NULO
1521-1522
Proibição do casamento
Causas de impedimentos (1521):
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

II - os afins em linha reta;

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi
do adotante;

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau


inclusive; (3° grau – tios com os sobrinhos- AVINCULAR- se tiver exame médico
pode casar)

V - o adotado com o filho do adotante;

VI - as pessoas casadas;

VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de


homicídio contra o seu consorte.

- Opostos até a celebração do casamento


- Rol taxativo
- Aplicam-se a União estável (a pessoa casada que esteja
separada de fato, pode constituir União Estável)
Causas Suspensivas – VÁLIDO
1523 – 1524
Não proibi o casamento, mas impõe o regime de separação
obrigatória de bens
Causas 1523:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da
sociedade conjugal;

III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha


dos bens do casal;

IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,


cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não
cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.

- Opostos: parentes em linha reta + colaterais 2° grau


- Regime de Sep. Obrigatória (alteração do regime após
resolver a causa suspensiva)
Celebração do Casamento: 1525 – 1542
1. Entro com o processo de habilitação
Pedido
Documentos
Editais
Emite-se uma certidão de habilitação - tem efeito por 90 dias.
(1532)
2. Celebração do casamento – 1533/1542
Testemunhas:
 2 testemunhas – sede do cartório
 4 testemunhas - edifício particular
 4 testemunhas - não souber ou não puder escrever
Posso celebrar meu casamento por procuração? Sim, deve ser
feita por instrumento público (feito no cartório)
Deve conter poderes especiais
Procuração tem efeito por 90 dias, e pode ser suspensa.
 Flexibilização mínima: 1539 – em caso de moléstia grave
- já fez a habilitação
2 testemunhas – autoridade celebração no local onde estiver o
doente.
 Flexibilização máxima: 1540 – iminente risco de vida
Não estão habilitados – 6 testemunhas e celebra o casamento.
NUNCUPATIVO/EXTREMIS VITAE/IN ARTICULO MORTIS
Prova do casamento: certidão de casamento
Sistema de invalidade do casamento:
Nulo: interesse público
Anulável interesse privado
Casamento nulo: violação dos impedimentos (1521-1548)
Ação declaratória de nulidade – interessados:
Qualquer interessado
MP
Imprescritível
Casamento anulável: 1550, 1556, 557, 1558 – Causas:
Ação anulatória: só pode ser movida pela parte envolvida
Prazo: Decadencial
 Não completar idade núbil - 180 dias
 Menor que case sem consentimento- 180 dias
 Vício de vontade (ERRO ESSENCIAL – 3 anos /COAÇÃO - 4
anos)
 Incapaz – 180 dias
 Revogação da proc. - 180 dias
 Incompetência da autoridade celebrante. - 2 anos
Dissolução do Casamento: 1571 a 1582
- NULIDADE ou ANULABILIDADE
- MORTE
- SEPARAÇÃO JUDICIAL
- DIVÓRCIO
EC 66/10: “§6º. O casamento civil pode ser dissolvido pelo
divórcio.”
 Nome: posso continuar com o nome de casado mesmo após
o divórcio.
 Qualquer dos cônjuges pode requerer o divórcio. (em
situação de incapacidade quem propõe é o curador, o
ascendente e o irmão)
 Não preciso expor o motivo do divórcio. (é direito
potestativo)
DIVÓRCIO
 Divórcio com partilha
 Divórcio sem partilha (1581)
REGIME DE BENS
Regras: 1639-1688 (se aplicam a União estável e ao
Casamento)
 De ordem privada relacionadas com interesse patrimonial
nas entidades familiares.
Princípios:
 Princípio da autonomia da Vontade: as partes escolherem
 Princípio da indivisibilidade do regime: único para os dois
 Princípio da variedade de regimes: temos vários regimes
 Princípio da mutabilidade justificada: posso pedir
alteração do regime de bens, preciso apresentar uma
justificativa.
REGIMES:
1. Comunhão Universal:
2. Separação de bens:
3. Comunhão parcial: ESCOLHA (União estável: Pacto de
convivência) (Casamento: Pacto Antenupcial)
Pacto antenupcial: serve para que os cônjuges escolham outro
regime de bens.
Regras: 1653-1657
 Deve ser feito por escritura pública para ser válido.
 Deve seguir o casamento para ser eficaz.
4. Participação final nos aquestos:
Regras gerais:
1642: qualquer regime de bens, cônjuges podem LIVREMENTE:
Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o
marido quanto a mulher podem livremente:
I – praticar todos os atos de disposição e de administração
necessários ao desempenho de sua profissão, com as
limitações estabelecidas no inciso I do art. 1.647;
II – administrar os bens próprios;
III – desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido
gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem
suprimento judicial;
IV – demandar a rescisão dos contratos de fiança e
doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro
cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art.
1.647;
V – reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados
ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que
provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum
destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco
anos;
VI – praticar todos os atos que não lhes forem vedados
expressamente.
1643: qualquer dos cônjuges pode independente de
AUTORIZAÇÃO do outro praticar:
Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de
autorização um do outro:
I – comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia
doméstica;
II – obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas
coisas possa exigir.
1647: nenhum pode sem autorização do outro salvo
separação absoluta de bens.
Outorga:
Esposa: uxória
Marido: marital
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos
cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da
separação absoluta:
I – alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II – pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou
direitos;
III – prestar fiança ou aval;
IV – fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns,
ou dos que possam integrar futura meação.
 Se o cônjuge não autorizar pede que o juiz autorize.
 Sem autorização do cônjuge ou do juiz o ato é anulável.
(Ação anulatória: prazo de 2 anos decadencial, a partir do
fim do casamento pelo cônjuge ou herdeiros)
Obs. O cônjuge prejudicado pode validar por instrumento
público ou privado por autenticação.

Comunhão Parcial de Bens


1658 – 1666
 Regime legal (supletório)
 Patrimônio comum (bens comuns)
Onerosamente: por um ou ambos na constância do
casamento. Ex. FGTS, Loteria, os frutos oriundos da coisa
particular.
Bem particular: antes do casamento, recebeu a título
gratuito, como herança e doação.
Separação de Bens
Convencional: pacto antenupcial
Lei determina separação obrigatória:
 Causas suspensivas
 + 70 anos
 Suprimento judicial
Categoria dos bens particulares
Pode acontecer de ter bens comuns: Súmula 377 STF,
comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.
STJ: Aplica-se a 377 do STF, desde que haja o esforço comum,
devidamente provado.
Comunhão Universal de bens
1667-1671
- Só existem bens comuns
- Entra tudo: herança, doação, só não será bem comum a
herança e doação com cláusula de incomunicabilidade ou
ineliabilidade, precisa de uma JUSTA CAUSA para ter incidência
sobre a legítima.
Participação final aquestos
1672-1686
- Liberdade na gestão dos bens
- Regime contábil e complexo
Durante: separação bens
Final: comunhão parcial de bens, comprovação dos esforços
MEAÇÃO: metade
RELAÇÃO DE PARENTESCO
“Vínculo jurídico estabelecido entre pessoas que têm a mesma
origem biológica (mesmo tronco comum); entre um cônjuge ou
companheiro e os parentes do outro; entre as pessoas que têm
entre si um vínculo civil”.
Parentesco consanguíneo/natural: decorre do vínculo
biológico ou de sangue.
Parentesco por afinidade: é o parentesco com os parentes
do cônjuge/companheiro.
Nesse sentido, há:
• Ascendentes: sogro/sogra;
• Irmãos: cunhados;
• Descendentes: enteado/enteada.
Civil: adoção, reprodução heterológica, parentalidade
socioafetiva.
Obs.: vale lembrar que o vínculo com sogros e enteados não é
desfeito com o fim do casamento. No entanto, esse vínculo se
mantém apenas para impedir que uma pessoa se separe de
seu cônjuge/companheiro e se case com um desses parentes
por afinidade.
Parentesco
Linhas Reta: envolve ascendentes e descendentes (vide art.
1.581 do CC – o parentesco decorre dos parentescos
biológicos, por adoção, socioafetivo e por afinidade)
São parentes na linha reta:
Ascendentes:
• Pai/mãe (1º grau);
• Avô/avó (2º grau);
• Bisavô/bisavó (3º grau).
Descendentes:
• Filho(a) (1º grau);
• Neto(a) (2º grau);
• Bisneto(a) (3º grau).
Colateral: previsto no art. 1.592 do CC.
São parentes em linha colateral:
• Irmão/irmã (2º grau);
• Sobrinho/sobrinha (3º grau);
• Tio/tia (3º grau);
• Primo/prima (4º grau).
Os irmãos ainda se dividem em:
• De mesmo pai e de mesma mãe: bilaterais (ou germanos);
• De mesmo pai ou de mesma mãe: unilaterais.

Possíveis Questões de Prova Afinidade


• 1º grau em linha reta: ascendência e descendência – sogro e
sogra / enteado e enteada. Não se pode casar com esses
parentes;
• 2º grau em linha colateral: cunhado / cunhada – é permitido
o casamento.
Os parentes por afinidade não são herdeiros e não
pedem/pagam alimentos
Impedimentos para o Casamento
Vão até o 3º grau (irmão/sobrinho).
Também constitui impedimento para o casamento os parentes
da linha reta.
No caso dos sobrinhos, é necessário verificar o Decreto-lei n.
3.200/1941.
Herdeiros
São todos os parentes em linha reta (ascendentes ou
descendentes), além dos colaterais até o 4º grau (irmãos,
sobrinhos, tios e primos) e o cônjuge/companheiro (conjuge
não é parente).
Alimentos
Podem ser solicitados aos ascendentes, descendentes e aos
irmãos.
FILIAÇÃO
Art. 227, § 6º, CF/1988: igualdade substancial entre os filhos.
Súmula 149 do STF: é imprescritível a ação de investigação
de paternidade, mas não o é a petição de herança. Vale
lembrar que a ação de petição de herança é aquela em que se
reclama uma sobrepartilha. Tal ação tem prazo prescricional de
10 anos.
Súmula 301 do STJ: recusa do suposto pai gera presunção de
paternidade.
RECONHECIMENTO DOS FILHOS
Provimento n. 63/2017 do CNJ: socioafetividade e o
reconhecimento voluntário.
Art. 1.614 do CC – prazo decadencial.
Art. 1.610. O reconhecimento não pode ser revogado, nem
mesmo quando feito em testamento.
Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido por
um dos cônjuges, não poderá residir no lar conjugal sem o
consentimento do outro.
Art. 1.612. O filho reconhecido, enquanto menor, ficará sob a
guarda do genitor que o reconheceu, e, se ambos o
reconheceram e não houver acordo, sob a de quem melhor
atender aos interesses do menor.
Art. 1.613. São ineficazes a condição e o termo apostos ao ato
de reconhecimento do filho.
Obs.: o reconhecimento de filhos é um ato jurídico em sentido
estrito e, portanto, não admite condição ou termo.
Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu
consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento,
nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à
emancipação.
Dano Moral por Abandono Afetivo
Há posicionamentos no sentido de que é admitido e outros no
sentido de que não é admitido.
Poder Familiar
O CC atual optou por utilizar a expressão “poder familiar”, que
é o conjunto de direitos e deveres do pai e da mãe em relação
aos filhos menores de 18 anos.
Os avós não possuem poder familiar sobre os netos, mas
possuem direito de visita (art. 1.589 do CC) ou podem ter
direito de guarda.
O poder familiar dos pais é:
• Irrenunciável;
• Intransferível;
• Inalienável;
• Imprescritível.
O poder familiar pode:
a) ser suspenso:
Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:
I – pela morte dos pais ou do filho;
II – pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único;
III – pela maioridade;
IV – pela adoção;
V – por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.
Art. 1.636. O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou
estabelece união estável, não perde, quanto aos filhos do
relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar,
exercendo-os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou
companheiro.
Parágrafo único. Igual preceito ao estabelecido neste artigo
aplica-se ao pai ou à mãe solteiros que casarem ou
estabelecerem união estável.
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade,
faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os
bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou
o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada
pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o
poder familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder
familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença
irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois
anos de prisão.
b) ser extinto:
• por causas naturais: morte ou maioridade;
• por causas jurídicas: adoção, emancipação ou destituição
(art. 1.638 do CC).
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a
mãe que:
I – castigar imoderadamente o filho;
II – deixar o filho em abandono;
III – praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV – incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo
antecedente.
V – entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de
adoção.
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder
familiar aquele que:
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder
familiar:
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave
ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso
envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou
discriminação à condição de mulher;
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à
pena de reclusão;
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente:
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave
ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso
envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou
discriminação à condição de mulher;
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a
dignidade sexual sujeito à pena de reclusão.
UNIÃO ESTÁVEL
A união estável é a convivência pública, contínua e duradoura,
com o intuito de constituição de família.
Na união estável, o regime é a comunhão parcial de bens.
Com base no art. 226 da CF/1988, a união estável é
considerada uma entidade familiar. Também é admitida a união
estável homoafetiva.

ALIMENTOS
Vetores constitucionais
• Princípio da dignidade da pessoa humana.
• Solidariedade
Pessoas envolvidas
• Alimentante: devedor.
• Alimentando: credor.
Sentido amplo
Alimentos compreendem as necessidades vitais de uma
pessoa, com o objetivo de manutenção de sua dignidade
(alimentação, moradia, saúde, vestuário, lazer, educação,
cultura etc.). Tudo isso está ligado ao direito ao patrimônio
mínimo.
Obs.: existem diferenças entre os alimentos devidos no campo
das relações familiares e os alimentos indenizatórios (devidos,
por exemplo, em caso de homicídio). No caso do último, não há
que se falar em prisão civil por dívida.
CLASSIFICAÇÃO DE ALIMENTOS
Quanto à fonte
• Legais.
• Convencionais.
• Indenizatórios.
Quanto à fonte
• Civis/côngruos.
• Naturais.
Quanto ao tempo
• Pretéritos.
• Presentes.
• Futuros.
Quanto ao pagamento
• Próprios: in natura.
• Impróprios: em dinheiro.
Quanto à finalidade
• Definitivos.
• Provisórios (tutela antecipada).
• Provisionais (medida cautelar).
• Transitórios.
Art. 1.694 + art. 1.695, do CC: Para fixar os alimentos, deve-
se demonstrar as necessidades vitais para tal. Isso decorre
de um pedido de proteção do patrimônio mínimo, decorrente
da solidariedade e, conseguinte, decorrente do vínculo de
parentesco, casamento ou união estável.
O CC estabelece que a fixação dos alimentos depende da
demonstração de necessidade do alimentando e a
possibilidade do alimentante. Deve haver uma
proporcionalidade, pois o instituto dos alimentos não é
destinado ao enriquecimento, mas sim à proteção do mínimo
existencial. Assim, ao determinar o valor dos alimentos, o juiz
deve considerar uma proporção entre necessidade e
possibilidade.
CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS
Personalíssimo
Devem ser pagos somente em virtude de uma relação de
parentesco. O direito a alimentos não se transmite aos
herdeiros do credor.
Reciprocidade (art. 1.694, CC)
O CC estabelece quem pagará os alimentos. Assim, é possível
dizer que os alimentos são devidos entre as pessoas previstas
no art. 1.694, do CC.
Ou seja, os alimentos são devidos entre parentes, cônjuges e
companheiros. Mas quem são esses parentes que podem exigir
ou pagar alimentos? São eles:
• pais e filhos (art. 1.696, CC);
• descendentes e irmãos (art. 1.697, CC).
Importante: tios, sobrinhos e primos, pela lei, não são
obrigados a pagar alimentos.
Na regra do art. 1.697, a ordem para pedir alimentos é a
seguinte:
• 1º: ascendentes (mais próximos em relação aos mais
remotos);
• 2º: descendentes (mais próximos em relação aos mais
remotos);
• 3º: colaterais até o 2º grau: irmãos (primeiro os bilaterais e,
posteriormente, os unilaterais).
É possível pedir alimentos aos avós, conforme Súmula n.
596, do STJ. Tal súmula estabelece a regra dos alimentos
avoengos, que são subsidiários e complementares. Ou seja, só
se atinge os avós quando os pais não puderem ou não tiverem
condições de fazer.
O inadimplemento de alimentos gera a execução pelo
rito da penhora ou pelo rito da prisão. Nesse sentido, é o
credor quem escolherá o rito a ser utilizado. No caso do rito da
prisão, esta será pelo prazo de um a três meses, conforme o
Código de Processo Civil.
Vale lembrar que os avós também podem ser presos em uma
execução pelo rito da prisão.
Irrenunciáveis
Não se pode abrir mão dos alimentos, salvo quando se tratar
da questão do cônjuge ou companheiro.
Divisíveis (art. 1.698, CC)
Se existem vários devedores, todos devem suportar o valor dos
alimentos. Nesse sentido, se um filho gera um gasto mensal de
R$ 1.000,00, o pai é responsável por 50% desse valor e a mãe
é responsável pelos demais 50%. No entanto, deve-se levar
em consideração a questão da proporcionalidade, da
necessidade e da possibilidade de cada um.
Existe um caso em que não existe essa divisibilidade, mas sim
a solidariedade. Esse é o caso do idoso (aquele que tem
mais de 60 anos). (PAI IDOSO)
Nesse sentido, se um idoso com mais de 60 anos tem quatro
filhos, pode escolher de qual deles cobrará o valor total dos
alimentos. Vale lembrar que o CPC dispõe sobre o instituto do
chamamento ao processo. Nesse sentido, o filho que for
acionado para pagar o todo dos alimentos pode chamar os
demais filhos ao processo.
Os alimentos ainda são:
• intransmissíveis (art. 1.700, CC);
• irrepetíveis (não se pode pedir de volta);
• impenhoráveis (art. 1.707, CC); e
• incompensáveis (art. 1.707, CC)
Obs.: os alimentos gravídicos são aqueles devidos no curso da
gestação. Não há uma obrigatoriedade de realizar um exame
de DNA intrauterino para a fixação desses alimentos, que
podem ter como base os simples indícios de paternidade. Se,
após o nascimento, for descoberto que o filho não é de quem
pagou os alimentos gravídicos, o suposto pai não pode pedir de
volta o valor pago a título de alimentos.
Imprescritíveis
Os alimentos são imprescritíveis em relação à necessidade em
si. Ou seja, pode ser que uma pessoa nunca tenha necessitado
de alimentos ao longo de sua vida, mas isso não gera a perda
do direito a exigir esses alimentos pelo decurso do tempo.
Por outro lado, se os alimentos já foram fixados em decisão
judicial, mas não foram pagos, então há um prazo
prescricional de dois anos para se cobrar, conforme art.
206, § 2º, do Código Civil.
É importante lembrar que o art. 198, I, do CC, dispõe que não
corre prescrição contra o absolutamente incapaz (o menor de
16 anos). A prescrição prejudica o credor e beneficia o
devedor.
No entanto, o que muitos esquecem é da regra do art. 197, I,
do CC, que dispõe não correr prescrição entre ascendente e
descendente durante a vigência do poder familiar, que se
encerra quando o filho atinge a maioridade ou é emancipado.
EXTINÇÃO DOS ALIMENTOS
 A morte é uma das causas de extinção dos alimentos.
 Quando ocorre alguma alteração no binômio necessidade
x possibilidade, é possível requerer a revisão dos
alimentos (para majorar ou reduzir).
Nesses casos, é preciso uma decisão judicial, pois ninguém
pode deixar de pagar alimentos automaticamente, salvo no
caso dos cônjuges, em que o juiz fixa alimentos de maneira
temporária.
 Súmula n. 358 do STJ estabelece que os alimentos só
param quando houver o contraditório do alimentando.
Importante: se ocorre dívida de alimentos e, após ação
judicial, o devedor dos alimentos se exonera, ainda será
possível cobrar o que ficou em débito se estiver dentro do
prazo prescricional.
 Se um dos pais sempre suportou sozinho(a) os custos
com o filho, mesmo sem ter dado entrada em uma ação
de alimentos, poderá cobrar do outro o pagamento de
metade do que foi gasto ao longo da vida com aquela
criança. Nesses casos, o prazo prescricional será de 10
anos.
 A emancipação não desobriga os pais ao pagamento de
alimentos. (A RESPONSABILIDADE SERÁ SOLIDÁRIA)
 Não existe a possibilidade de deixar de pagar alimentos
automaticamente, justamente por conta da Súmula n.
358, do STJ.
GUARDA: PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS
 A guarda compartilhada é a preferencial quando
existe a necessidade de fixação de guarda. Ela se
aplica somente sobre filhos menores e não é o mesmo
que poder familiar. Vale lembrar que o poder familiar é o
poder que os pais possuem sobre os filhos.
 Ainda que divorciados, os pais ainda possuem poder
familiar, no entanto, há uma discussão acerca da guarda.
Ter a guarda compartilhada não significa que será extinta
a obrigação de pagar alimentos. Isso porque a guarda
compartilhada não se confunde com essa obrigação de
pagar alimentos.
 Além da guarda compartilhada, existem também as
guardas unilateral e alternada. Na unilateral, a
guarda da criança permanece com um dos genitores
e o outro exerce o direito de convivência, que é
fixado pelas visitas. Em muitos casos, utiliza-se critérios
objetivos para definir essas visitas.
 A guarda compartilhada é diferente, pois não faz
essa divisão do tempo que o menor passará com
cada um dos genitores. Na realidade, o tempo que o
menor passa com cada um deles é definido pela rotina do
dia a dia. Por conta disso, é necessário que exista um
certo nível de diálogo entre os pais.
 Já a guarda alternada é aquela que envolve uma
divisão matemática do tempo em que o menor passa
com cada um dos pais. A grande desvantagem dessa
modalidade é que o menor fica sem um lar de referência.
Multiparentalidade: gera todos os efeitos de paternidade e
maternidade. Também podem envolver os avós, que gozam do
direito de visita. Não existe uma previsão de que os avós não
podem ser presos por dívida de alimentos.
O STJ tem um julgado sobre esse tema em que dispõe não ser
cabível a prisão civil dos avós em dívida de alimentos, contudo,
levou em consideração um caso específico em que os avós
pagavam os alimentos voluntariamente.
BEM DE FAMÍLIA
Trata-se da materialização da teoria do patrimônio mínimo, que
é algo estritamente ligado ao princípio da dignidade da pessoa
humana.
Existem duas modalidades de bens de família: convencional e
legal.
O bem de família legal é aquele que decorre da Lei n.
8.009/1990, que dispõe que o bem de família do devedor não
responde por suas dívidas.
 É considerado bem de família o imóvel residencial (e os
bens móveis que estejam dentro dele) que serve como
ambiente familiar. O CC ainda prevê a regra do bem de
família convencional.
 Quando uma pessoa possui vários bens imóveis, pode
escolher um deles (registrando essa escolha no cartório)
para que sirva como bem de família e tenha essa proteção
(vide arts. 1.711 e 1.722).
O bem de família convencional é, portanto, instituído pela
vontade e deve possuir escritura pública, testamento ou
adoção.
 O valor do bem de família convencional deve ser de até
1/3 do patrimônio líquido da pessoa.
 Ele gera a impenhorabilidade e a inalienabilidade,
possuindo duração limitada à vida dos instituidores.
 Bens de alto valor não são considerados para fins de
patrimônio mínimo.
 Assim, se uma casa possui obras de arte caras e enfeites
suntuosos, isso pode ser penhorado em um eventual
processo de execução.
Súmula n. 364: “Single” (solteiro, divorciado ou viúvo). O art.
1º da Lei n. 8.009/1990 dispõe que o bem de família do
devedor não poderá ser penhorado para o pagamento de suas
dívidas. Diante disso, por entender que o bem de família é um
instituto que visa defender a dignidade da pessoa humana, o
STJ entendeu que essa proteção também se aplica ao bem
pertencente ao solteiro, ao divorciado e ao viúvo. Quando o
STJ fez uma análise da Lei n. 8.009/1990, o fez de uma
maneira teleológica, visando a verdadeira essência e finalidade
dessa lei.
Súmula n. 449: Garagem com matrícula própria é penhorável,
pois não está ligada ao imóvel.
Súmula n. 549: Estabelece que o bem de família do fiador é
penhorável.
 O STF decidiu que o bem de família no contrato de
locação comercial é impenhorável. No entanto, há uma
discussão no sentido de que essa decisão desvirtua a
essência e a finalidade do contrato de fiança.
TUTELA E CURATELA:
A tutela e a curatela envolvem cuidar de alguém considerado
incapaz.
Vale lembrar que, com base no Estatuto da Pessoa com
Deficiência (Lei n. 13.146/2015), a pessoa com deficiência é
considerada plenamente capaz, logo, não é tutelada nem
curatelada.
O incapaz é aquele previsto pela lei como tal, ou seja, o
menor de 16 anos (também chamado de menor impúbere).
Além disso, também existe a figura do relativamente
incapaz, que envolve:
• O menor púbere (maior de 16 e menor de 18 anos);
• Os ébrios habituais;
• Os toxicômanos;
• Aqueles que por causa transitória ou permanente não
manifestam vontade;
• Os pródigos
Os incapazes podem praticar atos da vida civil, contudo, devem
ser representados para que isso ocorra.
Os menores serão representados primeiramente pelos
genitores, por conta do poder familiar.
Tutela
 É importante lembrar que não coexiste a tutela e o poder
familiar dos pais.
 Assim, o fenômeno da tutela sempre terá aplicação
sobre os menores, que podem ser púberes ou
impúberes.
 O tutor deve atuar sempre na proteção integral do menor.
 Os pais têm o direito de designar um tutor para os
próprios filhos. Isso porque é o tutor que tomará conta
dos aspectos existenciais e patrimoniais do menor.
 Essa escolha dos pais pode ser feita por meio de
testamento ou de documento autêntico, podendo ser
revogada. Além disso, a escolha é livre e dispensa a
homologação do juiz. Caso os pais percam o poder
familiar, não poderão nomear um tutor.
Na falta de nomeação dos pais, tem-se a chamada tutela
legítima legal (vide art. 1.731, CC). Nesse sentido, a tutela
será concedida aos parentes consanguíneos, sendo que os
ascendentes têm uma maior preferência (os mais próximos em
detrimento dos mais remotos).
Caso os ascendentes não possam ser tutores ou se não
existirem, serão chamados os colaterais até o 3º grau, que
são: irmãos, tios e sobrinhos. Nesse último caso, os mais
velhos devem exercer essa tutela.
• Irmãos órfãos devem ter um só tutor (vide art. 1.733, CC).
• Os incapazes de exercer a tutela não podem ser tutores (vide
art. 1.735, CC).
• É possível a apresentação de uma escusa do tutor
(“desculpa”). Vide arts. 1.736 e 1.739 do CC.
• O exercício da tutela é sempre fiscalizado (vide arts. 1.740 a
1.752, CC). O Ministério Público sempre irá atuar nessas
demandas.
• Com 12 anos, o menor poderá emitir opinião, contudo, isso
não significa que sua vontade será aceita.
• Os atos do tutor podem ser fiscalizados e demandam
autorização judicial (art. 1.748, CC).
• O art. 1.749 do CC dispõe sobre os atos que não podem ser
praticados, de forma alguma, pelo tutor.
• O tutor ainda deve prestar contas (vide arts. 1.755 a 1.762,
CC) e o fim da tutela se dá quando a pessoa deixa de ser
incapaz (vide art. 1.763, CC).
Curatela
Instituto aplicável aos maiores incapazes (vide art. 4º, CC),
que são:
• Ébrios habituais;
• Toxicômanos;
• Aqueles que por causa transitória ou permanente não
manifestam vontade; e
• Pródigos. O pródigo é aquele gastador compulsivo. Os
pródigos podem ser curatelados apenas sob aspectos
patrimoniais (vide art. 1.782, CC).
O curador irá tomar conta da pessoa e dos bens dela.
Podem ser:
• Cônjuge ou companheiro;
• Pai ou mãe;
• Descendentes (mais próximos possuem preferência); ou
• Pessoa escolhida pelo juiz.
A curatela é uma medida excepcional. (só vai ser utilizado se
realmente necessário)
As pessoas com deficiência são consideradas capazes.
Pontos importantes:
Curatela compartilhada (art. 1.755-A): dois curadores;
Tomada de decisão apoiada (art. 1.783-A): a pessoa
consegue manifestar vontade, mas precisa de uma segurança
para tomar suas decisões.
 Nesse caso, são designados dois apoiadores, que podem
ser fiscalizados, trocados ou responsabilizados, sendo a
decisão final do curatelado.
A idade avançada, por si só, não gera a necessidade de
curatela. No entanto, se em virtude de alguma situação ou
doença, o idoso não conseguir manifestar a sua vontade, então
é possível falar sobre curatela.

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