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Aula

Prof. Haroldo L. Lacerda


1.PEÇA PROCESSUAL
Mário Guido, brasileiro, casado, auxiliar de produção, portador da CTPS n° 0026, série 001, inscrito no CPF
sob n° 800.900.800-90, e no PIS sob n° 123.456.789-10, residente e domiciliado em Porto Velho/RO, na Rua
Purpurina, 200, CEP 78.000-000, propôs, em 06/05/2022, perante a Justiça do Trabalho de Porto Velho/RO,
reclamação trabalhista, em face de sua ex-empregadora BALELA Industria Ltda., com sede em Porto
Velho/RO, na Avenida dos Pinheirais, 20, CEP 78.110-000, inscrita no CNPJ sob n° 111.222.333/0001-01.

Na peça exordial o autor informou que foi admitido em 14/08/2015 na função de auxiliar de serviços gerais e,
posteriormente, em 01/08/2018, passou a exercer a função de auxiliar de produção. A sua dispensa ocorreu
em 04/02/2022 e, na época do desligamento, seu salário era de R$ 1.700,00 por mês. O reclamante
apresentou pedidos líquidos, postulando equiparação salarial com Felix Costa , o qual laborava na função de
auxiliar de produção e que recebia remuneração no valor de R$ 1.800,00. O obreiro postulou, ainda, devolução
de descontos salariais referentes ao seguro de vida, adicional de insalubridade, face ao labor realizado em
exposição a agentes prejudiciais à saúde, em grau máximo, calculado sobre o salário mensalmente recebido, e
condenação da ré em honorários advocatícios. A soma dos valores líquidos das suas pretensões importou em
R$ 10.485,83, valor que foi atribuído à causa. A reclamação trabalhista foi distribuída para a 109ª Vara do
Trabalho de Porto Velho/RO e autuada sob o n° 00110-21.2022.5.14.0109. Notificada, a reclamada
compareceu na audiência una designada, na qual, após recusada a proposta inicial de conciliação, foi
apresentada defesa, com prejudicial de prescrição quinquenal a contar da data do ajuizamento da ação e, no
mérito, foram impugnadas, na íntegra, as pretensões formuladas na petição inicial.

Alegou-se em defesa que o labor não era insalubre, que as diferenças salariais não eram devidas porque o
paradigma tinha maior produtividade que o reclamante, que os descontos de seguro de vida foram
expressamente autorizados pelo obreiro e, ainda, impugnou-se os valores postulados a título de honorários
advocatícios. Seguiu-se a oitiva dos litigantes e duas testemunhas de cada parte. Em seguida, suspendeu-se a
audiência para realização da prova técnica, que visava verificar a existência de insalubridade no local de
trabalho do obreiro.

Realizada a perícia, o laudo foi juntado aos autos pelo perito nomeado pelo juízo, que concluiu pela existência
de insalubridade em grau médio. As partes se manifestaram sobre o laudo, e foi designada audiência para o
encerramento da instrução, na qual foi realizada a última tentativa de conciliação. Então, o Juízo da 109ª Vara
do Trabalho de Porto Velho/RO proferiu sentença declarando a prescrição dos direitos anteriores a 5 (cinco)
anos contados da data da dispensa do reclamante, deferiu o pagamento das diferenças salariais perseguidas
em razão da equiparação salarial, por entender pela ausência de prova do fato impeditivo alegado pela
reclamada, adicional de insalubridade em grau médio, em razão da conclusão do laudo pericial, calculado
sobre o salário recebido pelo reclamante, devolução de descontos realizados a título de seguro de vida, pois o
juízo entendeu que a autorização do reclamante não era suficiente para legitimar o desconto, e pagamento de
20% do valor da condenação, referente aos honorários advocatícios diante da sucumbência da reclamada.
Determinou-se ainda, o abatimento das contribuições previdenciárias resultantes do crédito do reclamante,
sendo as primeiras realizadas mês a mês, e as segundas sobre o valor total da condenação. O juízo fixou juros
e correção monetária na forma da lei, e ainda arbitrou como valor da condenação a quantia de R$ 10.959,63 e,
como custas, a importância de R$ 219,19.

Contra a decisão proferida pelo juízo de primeiro grau, a reclamada, tempestivamente, interpôs recurso
ordinário, impugnando integralmente a condenação imposta na sentença, repetindo os argumentos
apresentados na defesa e destacando os casos de violação ao texto de lei e à jurisprudência sumulada. Para
tanto, a reclamada realizou o depósito recursal no importe de R$ 8.959,63 e recolheu as custas processuais. O
referido recurso ordinário patronal foi recebido pelo juízo a quo, por despacho, no efeito meramente devolutivo,
tendo sido o reclamante notificado para oferecer suas contra-razões, que por sua vez foram regularmente
apresentadas. O processo foi distribuído ao Relator e, na seqüência, foi incluído em pauta de julgamento. Na
sessão de julgamento, o representante do Ministério Público do Trabalho declinou quanto à realização de
parecer oral e a 10ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região entendeu por conhecer do apelo
patronal e negar-lhe provimento. Em 9/6/2022 (sexta-feira) foi publicada a certidão de julgamento contendo as
mesmas razões declinadas em sentença.
Na qualidade de advogado, formule a peça processual cabível em favor da reclamada, que não se conforma
com a decisão proferida em sede de recurso ordinário.
Dados complementares: 1) A data a constar na peça processual deve corresponder ao último dia do prazo
processual respectivo à medida que deve ser adotada; 2) Demonstrar na petição, o correto preparo da medida.

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Questão 1
Em ação trabalhista, a parte reclamante postulou a condenação da empresa reclamada no pagamento de horas
extraordinárias e sua projeção nas parcelas contratuais e resilitórias especificadas na inicial. Ao pregão da Vara trabalhista
respondeu o empregado-reclamante, assistido do seu advogado.
Pela empresa, compareceu o advogado, munido de procuração e defesa escrita, que explicou ao juiz que o preposto do
empregador-reclamado estaria retido no trânsito, conforme telefonema recebido.
Na referida defesa, recebida pelo Juiz, a empresa alega que o reclamante não trabalhou no horário apontado na inicial e
argui a prescrição da ação, por ter a resilição contratual ocorrido mais de dois anos depois do ajuizamento da reclamação
trabalhista, o que restou confirmado após a exibição da CTPS e esclarecimentos prestados pelo reclamante.
Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às indagações a seguir.
a) Que requerimento o advogado do reclamante deverá fazer diante da situação descrita? Estabeleça ainda as razões do
requerimento.
b) Com base em fundamentos jurídicos pertinentes à seara trabalhista, o pedido deverá ser julgado procedente ou
improcedente?

Questão 2
Um membro do conselho fiscal de sindicato representante de determinada categoria profissional ajuizou reclamação
trabalhista com pedido de antecipação dos efeitos da tutela, postulando a sua reintegração no emprego, em razão de ter sido
imotivadamente dispensado.
O reclamante fundamentou sua pretensão na estabilidade provisória assegurada ao dirigente sindical, prevista nos artigos
543, § 3º, da CLT e 8º, inciso VIII, da Constituição da República de 1988, desde o registro de sua candidatura até 01 (um)
anos após o término de seu mandato.
O juiz concedeu, em sede liminar, a tutela antecipada requerida pelo autor, determinando a sua imediata reintegração,
fundamentando sua decisão no fato de que os membros do conselho fiscal, assim como os integrantes da diretoria, exercem
a administração do sindicato, nos termos do artigo 522, caput, da CLT, sendo eleitos pela assembléia geral.
Com base em fundamentos jurídicos determinantes da situação problema acima alinhada, responda às indagações a seguir.
a) O juiz agiu com acerto ao determinar a reintegração imediata do reclamante?
b) Que medida judicial seria adotada pelo reclamado contra esta decisão antecipatória?

Questão 3
Na audiência inaugural de um processo na Justiça do Trabalho que tramita pelo rito sumaríssimo, o advogado do réu
apresentou sua contestação com documentos e, ato contínuo, requereu o adiamento em virtude da ausência da testemunha
Jussara Freire que, apesar de comprovadamente convidada, não compareceu. O advogado do autor, em contraditório,
protestou, uma vez que a audiência é una no processo do trabalho, não admitindo adiamentos. O juiz deferiu o
requerimento de adiamento, registrou o protesto em ata e remarcou a audiência para o início da fase instrutória.
No dia designado para a audiência de instrução, a testemunha Jussara Freire não apenas compareceu, como esteve presente,
dentro da sala de audiências, durante todo o depoimento da testemunha trazida pelo autor. No momento da sua oitiva, o
advogado do autor a contraditou, sob o argumento vício procedimental para essa inquirição, ao que o advogado do réu
protestou. Antes de o juiz decidir o incidente processual, o advogado do réu se antecipou e requereu a substituição da
testemunha.
Diante da situação narrada, analise o deferimento do adiamento da audiência pelo juiz, bem como a contradita apresentada
pelo advogado do autor e o requerimento de substituição elaborado pelo advogado do réu.

Questão 4
Em reclamação trabalhista ajuizada em face da empresa “Y”, José postula assinatura da CTPS, horas extras e diferenças
salariais com fundamento em equiparação salarial e pagamento de adicional de periculosidade.
Na defesa oferecida, a empresa nega ter o empregado direito à assinatura da CTPS, dizendo ter o obreiro trabalhado como
autônomo; quanto às horas extras, nega o horário alegado, se reportando aos controles de frequência, que demonstram,
segundo alega, que o reclamante não as realizava; e, quanto às diferenças salariais, sustenta que o reclamante era mais
veloz e perfeito na execução do serviço do que o paradigma apontado.
Considerando as normas processuais sobre a distribuição do ônus da prova, estabeleça, através de fundamentos jurídicos, a
quem cabe o ônus da prova em relação a cada uma das alegações contidas na defesa apresentada pelo reclamado?

Questão 5
Vindo de sua cidade natal, Aracaju, José foi contratado na cidade do Rio de Janeiro, para trabalhar como pedreiro, em
Santiago do Chile, para empregador de nacionalidade uruguaia. Naquela cidade lhe prestou serviços por dois anos, ao
término dos quais foi ali dispensado.
Retornando ao Brasil, o trabalhador ajuizou reclamação trabalhista, mas o Juiz, em atendimento a requerimento do
reclamado, extinguiu o processo, sob o fundamento de que a competência para apreciar a questão é da justiça uruguaia,
correspondente à nacionalidade do ex-empregador.
Considere que entre Brasil, Chile e Uruguai não existe tratado definindo a questão da competência para a hipótese narrada.
a) O Juiz agiu acertadamente em sua decisão? Justifique.
b) Informe se cabe recurso da decisão proferida, estabelecendo, se for o caso, o recurso cabível e, por fim, em que momento
processual pode ser impugnada a referida decisão. Justifique a resposta.

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