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2ª FASE – DIREITO DO TRABALHO

QUESTÕES DISCURSIVAS – AULA 4


Prof. Rogério Renzetti

QUESTÃO 41

Renata é uma advogada trabalhista, que tem como hábito, esquecer dos prazos em suas ações.
Ocorre que, em um processo de alto valor, Renata perdeu o prazo para interposição de um
recurso ordinário, sendo que a outra parte interpôs o recurso ordinário.

Diante dos fatos narrados responda.

a) Diante o exposto, existe ainda algum recurso cabível para atacar o disposto na sentença de
primeiro grau?

b) No direito do trabalho é possível a aplicação das regras do Direito Processual Civil? Caso a
resposta seja positiva, indique os requisitos necessários para sua aplicação.

RESPOSTAS SUGERIDAS

a) Sim. No prazo das contrarrazões eu posso interpor o recurso adesivo na forma as Súmula nº
283 do TST.

b) Sim, é possível a aplicação das regras do CPC ao Processo do Trabalho, diante de omissão e
compatibilidade, de acordo com o art. 769, da CLT.

QUESTÃO 42
Aberta a audiência inaugural no processo trabalhista de nº xxx, a Reclamada
compareceu, tendo como preposto, o Sr. Jarbas Antunes, amigo do diretor da empresa
que tinha conhecimento dos fatos do processo e que jamais laborou na empresa. Já o
empregado estava comprovadamente doente e por essa razão não conseguiu
comparecer, tendo solicitado ao sindicato de sua categoria que o representasse
judicialmente.
Diante dos fatos narrados, analise:
a) Deverá ser decretada a revelia da Reclamada, visto que o preposto não era
empregado?
b) Deverá ser arquivado o processo, visto que o reclamante não compareceu em
audiência, mas sim o sindicato de sua categoria?
RESPOSTAS SUGERIDAS

a) Não deverá ser decretada a revelia, uma vez que o preposto não precisa ser
empregado da parte reclamada, conforme disposto no art. 843, §3º, da CLT.
b) O processo não será arquivado. O empregado poderá ser representado pelo sindicato
de sua categoria por motivo de doença ou qualquer outro motivo poderoso,
devidamente comprovado, conforme art. 843, §2º, CLT.
QUESTÃO 43
Cristian ajuizou Reclamatória Trabalhista na 7ª Vara do Trabalho de Salvador-BA, em
face de sua ex-empregadora, postulando o pagamento de horas extras, férias e adicional
de periculosidade. Após a instrução processual, foi prolatada sentença de
improcedência total da ação, sendo concedido benefício da justiça gratuita ao
reclamante. Inconformado, Cristian lhe procura para que recorra da decisão.
Considerando os fatos narrados, responda:
a) Qual o recurso que deve ser interposto, e em que prazo?
b) Cristian precisará recolher custas e fazer depósito recursal?
RESPOSTAS SUGERIDAS

a) Recurso ordinário no prazo de 8 dias úteis, conforme art. 895, I, da CLT OU art. 893,
II, da CLT.
b) Cristian é beneficiário da justiça gratuita, desta forma está isenta do pagamento de
custas e depósito recursal, na forma dos arts. 790-A e 899, §10, ambos da CLT.
QUESTÃO 44
Juan, 50 anos de idade, portador de doença grave, cardiopatia grave, pretende ajuizar
reclamação trabalhista contra a empresa Mala Direta Ltda., empresa sediada no mesmo
município do reclamante e em pleno funcionamento. Relata que foi dispensado sem
justa causa, tendo inclusive recebido uma via do Termo de Rescisão do Contrato de
Trabalho, que soma a quantia de R$ 12.800,00.
Entretanto, até o presente momento não houve o pagamento do referido valor. Juan
tem pressa em receber as verbas, pois possui dívidas e ainda não conseguiu novo
emprego.
a) Na qualidade de advogado de Juan, qual rito deverá ser adotado e por quê?
b) Seria possível fazer pedido de tramitação preferencial?
RESPOSTAS SUGERIDAS

a) A Reclamação Trabalhista será ajuizada pelo procedimento sumaríssimo uma vez que
o valor da causa não ultrapassa o valor de 40 salários mínimos, de acordo com o art.
852-A, CLT.
b) Sim, de acordo com o art. 1.048 do CPC, a pessoa portadora de doença grave terá
prioridade na tramitação em qualquer juízo ou tribunal.
QUESTÃO 45
Murilo, engenheiro civil, litiga com a empresa XYZ Ltda., sendo que foi designada
audiência inicial para o dia 05/04/2019. No dia 04/04/2019, Murilo sentiu-se mal e foi
levado ao Pronto Atendimento, sendo constatado que está com COVID-19, e que
precisará ficar internado por alguns dias.
O gerente da empresa soube por sua esposa, que é enfermeira do Hospital em que
Murilo foi internado, que o reclamante não iria para a audiência devido ao seu estado
de saúde, e decidiu por não comparecer também, já que seria uma perda de tempo.
Considerando os fatos narrados, responda:
a) Na qualidade de advogado de Murilo, considerando que a audiência ainda não
ocorreu, qual medida adotaria para evitar prejuízo ao seu cliente pelo não
comparecimento na audiência?
b) Agiu corretamente o gerente da empresa em não comparecer na audiência?
RESPOSTAS SUGERIDAS

a) Comparecer a audiência com outro empregado que pertença à mesma profissão de


Murilo, ou pelo seu sindicato, para comprovar o estado de saúde do reclamante, nos
termos do art. 843,§2º, CLT.
b) Não agiu corretamente o gerente, pois é obrigatória o comparecimento das partes em
audiência, com fulcro no art. 843, da CLT. O não comparecimento da reclamada importa revelia,
além da confissão quanto à matéria de fato. Previsão no art. 844, da CLT.

QUESTÃO 46

Em uma reclamatória trabalhista que tramita na 4ª Vara do Trabalho de João Pessoa, a


Reclamada foi notificada para comparecer em audiência inaugural e apresentar defesa. Porém,
ao analisar a reclamação trabalhista, o escritório de advocacia contratado para defender os
interesses da Reclamada, constatou que havia incompetência territorial, já que a ação deveria
ter sido ajuizada no local da contratação, mas o reclamante a ajuizou no seu atual domicílio.

Diante da situação apresentada, responda:

a) Qual medida judicial deverá ser adotada pelo escritório de advocacia ao constatar a
incompetência territorial?

b) Nada sendo feito pelos advogados naquele momento. Tal questão poderia ser suscitada como
nulidade em momento posterior?

RESPOSTAS SUGERIDAS

a) Apresentar exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar da


notificação, antes da audiência, com fulcro no art. 800, da CLT.

b) Não. Nesta hipótese acarretaria a preclusão, uma vez que as nulidades deverão ser declaradas
mediante provocação das partes na primeira vez que tiverem de falar nos autos ou em
audiência, de acordo com o art. 795, CLT OU art. 799, CLT.

QUESTÃO 47

Guaraci Navarro foi dispensado sem justa causa pelo seu empregador. Recebeu todas as verbas
da rescisão, mas entendia que fazia jus ao pagamento de valores a título de horas extras e a
devolução de descontos que teriam sido feitos em seu salário, sem autorização. Em razão disso,
procurou um advogado para sanar todas as duas dúvidas.
Após o contato realizado entre os advogados, o advogado da empresa começou a tratar
diretamente com o ex-empregado, e lhe informou que poderia dispensar seu advogado, e que
lhe outorgando uma procuração, poderia peticionar para solicitar a homologação do acordo
realizado.

Sobre a situação acima, responda:

a) As partes poderão estar assistidas pelo mesmo advogado?

b) Como fica o prazo prescricional para o empregado a partir do momento em que for
peticionado solicitando a homologação do acordo?

RESPOSTAS SUGERIDAS

a) Não. Cada parte deverá estar representada em juízo pelo seu advogado, de acordo com o art.
855-B, CLT.

b) O prazo ficará suspenso, de acordo com o art. 855-E, da CLT e voltará a fluir no dia útil seguinte
ao do trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do acordo.

QUESTÃO 48 – XXX EXAME

Pedro e Guilherme trabalhavam de 2ª a 6ª feira como auxiliares técnicos em uma mineradora.


Em determinada tarde de um final de semana, enquanto passeava em um shopping da cidade,
Pedro encontrou Guilherme. Por motivo fútil, eles discutiram por um lugar na fila para comprar
ingresso para uma sessão de cinema. Irritado, Pedro agrediu Guilherme, com socos e tapas, que
não reagiu e teve de ser hospitalizado para cuidar das lesões sofridas.

A notícia se espalhou rapidamente, de modo que na 2ª feira seguinte todos os empregados da


mineradora sabiam e comentavam o ocorrido. Aliás, diziam que Pedro era reincidente neste tipo
de situação, pois no passado havia agredido fisicamente outro auxiliar técnico, também colega
de trabalho, num estádio de futebol, pois torciam para times diferentes.

Diante da situação retratada e dos termos da CLT, responda às indagações a seguir:

A) Caso Pedro fosse dispensado por justa causa, em razão da ofensa física praticada contra
Guilherme, que tese você, contratado por Pedro, advogaria em favor dele para tentar reverter
a modalidade de dispensa? Justifique.

B) Se a empresa tivesse rompido o contrato de Pedro e este não retornasse à sede do ex-
empregador na data designada para receber seus direitos, que medida judicial você, contratado
como advogado(a) da empresa, adotaria? Justifique.

RESPOSTAS SUGERIDAS

a) Deve ser sustentado que a agressão contra colega de trabalho de mesmo nível somente pode
caracterizar falta grave e ensejar a dispensa por justa causa se for praticada no serviço, na forma
do Art. 482, alínea j, da CLT, o que não foi o caso.

b) Ajuizar ação de consignação em pagamento para ofertar as verbas devidas, na forma do Art.
539 do CPC.

QUESTÃO 49 – XXX EXAME

Em sentença prolatada por uma Vara do Trabalho, o juiz condenou a empresa ao pagamento
dos adicionais de insalubridade e periculosidade ao reclamante, já que a perícia realizada nos
autos comprovou que havia agente agressor à saúde do trabalhador e que as condições de
trabalho geravam acentuado risco de morte. Na sentença, o juiz ainda condenou o ex-
empregador a devolver ao autor o valor dos honorários do assistente técnico contratado pelo
trabalhador.

Inconformada, a empresa contrata você, como advogado(a), para recorrer.

Considerando a situação posta, os termos da CLT e o entendimento consolidado do TST,


responda às indagações a seguir.

A) Que tese jurídica você apresentaria em relação ao deferimento dos adicionais de


periculosidade e insalubridade? Justifique.

B) Que tese jurídica você apresentaria em relação à condenação de devolução dos honorários
do assistente técnico? Justifique.

RESPOSTAS SUGERIDAS

a) Deverá ser apresentada a tese de que não cabe o pagamento simultâneo de ambos os
adicionais, conforme o Art. 193, § 2º, da CLT OU NR 16 item 16.2.1.

b) Deverá ser apresentada a tese de que a indicação de assistente técnico é facultativa e, por
isso, a parte arcará com os honorários desse profissional, não cabendo, portanto, esse
ressarcimento, na forma do Art. 826 da CLT OU Art. 3º, parágrafo único, da Lei nº 5.584/70 OU
Súmula 341 do TST.

QUESTÃO 50 – XXX EXAME

Percival é dirigente sindical e, durante o seu mandato, a sociedade empresária alegou que ele
praticou falta grave e, em razão disso, suspendeu-o e, 60 dias após, instaurou inquérito judicial
contra ele. Na petição inicial, a sociedade empresária alegou que Percival participou de uma
greve nas instalações da empresa e, em que pese não ter havido qualquer excesso ou
anormalidade, a paralisação em si trouxe prejuízos financeiros para o empregador.

Considerando a situação apresentada, os ditames da CLT e o entendimento consolidado dos


Tribunais, responda aos itens a seguir.

A) Caso você fosse contratado por Percival para defendê-lo, que instituto jurídico preliminar
você apresentaria?

B) Que tese de mérito você apresentaria, em favor de Percival, na defesa do inquérito?

RESPOSTAS SUGERIDAS

a) A tese a ser apresentada é a de que ocorreu decadência, porque, entre a suspensão e a


instauração do inquérito, o prazo máximo é de 30 dias, conforme prevê o Art. 853 da CLT e
Súmula 403 do STF, que não foi respeitado.

b) Na defesa dos interesses do trabalhador deverá ser sustentado que a adesão simples e
pacífica à greve é um direito dos grevistas e não caracteriza falta grave, na forma da Súmula 316
do STF OU artigo 6º, I, da Lei 7.783/89.

QUESTÃO 51

Juvêncio empregado da empresa COPA S/A foi eleito para ocupar o cardo de diretor, através da
assembleia geral convocada para tal fim. De acordo com o fato narrado, responda:
a) Qual é o efeito jurídico no contrato de trabalho de Juvêncio?

b) A empresa COPA S/A deverá efetuar os depósitos fundiários na conta vinculada de Juvêncio?

RESPOSTAS SUGERIDAS

a) o contrato de trabalho ficará suspenso, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente


à relação de emprego, por força da Súmula nº 269, TST.

b) Não será obrigatório os depósitos fundiários. Contudo, poderá equiparar os seus diretores
não empregados aos demais trabalhadores sujeitos ao regime do FGTS, de acordo com o art. 16
da Lei nº 8.036/1990.

QUESTÃO 52
Jonas foi contratado em 2010 e foi demitido em 2019, na condição de piloto de
helicóptero, para prestar serviços a um fazendeiro, que mantém sua propriedade para
diversão familiar. Durante o pacto contratual realizava seu mister no período noturno,
transportando o fazendeiro e seus parentes. Jonas procurou você como advogado(a)
para sanar algumas dúvidas e até mesmo ajuizar uma reclamatória trabalhista em
relação aos direitos que entende que não foram respeitados pelo empregador. Diante
desse quadro, responda aos itens a seguir:
a) Jonas faz jus ao pagamento do FGTS jamais recolhido e do adicional noturno sonegado
pelo empregador?
b) Caso a fazenda seja aberta para hóspedes aos finais de semana e Jonas tenha que
realizar passeios turísticos com pessoas estranhas a família, haverá alteração no seu
enquadramento profissional?
RESPOSTAS SUGERIDAS

a) A relação jurídica mantida entre Jonas e o fazendeiro é de natureza doméstica. Até o


advento da LC n° 150/2015 o doméstico não tinha direito ao adicional noturno e ao
FGTS. Portanto, não faz jus o trabalhador ao pagamento do FGTS e adicional noturno
até a data da LC. Após essa data o direito é devido.
b) Sim. Nesta hipótese Jonas não será enquadrado como empregado doméstico e sim, como
empregado urbano regido pela CLT. O art. 1º, caput da LC nº 150/2015 veda a prestação das
atividades relacionadas a finalidade lucrativa do empregador.

QUESTÃO 53

A empresa saúde + LTDA., determina por regulamento empresarial que seus trabalhadores não
fumem no local de trabalho, já que se trata de ambiente hospitalar. Eduardo, supervisor,
descumpre a determinação, razão pela qual fora dispensado por justa causa. Diante dos fatos
narrados responda.

a) Qual a modalidade de dispensa por justa causa deve ser aplicada para Eduardo? Justifique.

b) Caso Eduardo, trinta dias após a inobservância da norma interna, se ausente do serviço sem
qualquer motivo, por dois dias e em consequência o empregador resolva por bem, dispensá-lo
por justa causa, afirmando a importância de finalmente puni-lo em decorrência do
descumprimento da norma. Agiria com correção o empregador? Justifique.

RESPOSTAS SUGERIDAS

a) Trata-se de dispensa por justa causa decorrente de ato de indisciplina, já que se refere ao
descumprimento de uma ordem que deve ser observada por todos os empregados. Exegese do
art. 482, "h", da CLT.

b) Não. O fato de o empregador não impor a pena de justa causa no momento que o empregado
fumou nas dependências da empresa operou-se o perdão tácito. Um dos requisitos para a
validade da justa causa é a imediatidade na aplicação da pena.

QUESTÃO 54
Ana Bella, beneficiária da justiça gratuita, ingressou com ação trabalhista em face da
empresa Artificial LTDA., postulando o pagamento de adicional de insalubridade, por
entender que labora em condições insalubres. No curso do processo foi determinada a
realização de perícia. Sobre o tema responda:
a) A quem cabe o pagamento dos honorários do perito?
b) É possível que o juiz determine o adiantamento dos valores para que o perito realize
a perícia?
RESPOSTAS SUGERIDAS

ADI nº 5766
a) Segundo o art. 790-B da CLT, quem é o responsável pelo pagamento dos honorários
periciais é a parte sucumbente na pretensão objeto da perícia. Logo, caso Ana Bella seja
a parte sucumbente no pedido, o fato de ser beneficiária da justiça gratuita obsta que
ela seja responsabilizada pelo pagamento dos honorários do perito, por força da ADI nº
5.766/2021 que afastou a cobrança do beneficiário da justiça gratuita.
b) Não. O art. 790-B, §3º, da CLT dispõe que o juízo não poderá exigir adiantamento de
valores para realização de perícia, indo ao encontro do entendimento do Tribunal
Superior do Trabalho, que considerava ilegal a cobrança antecipada de honorários
periciais.

TRABALHO não dá trabalho.

Rogério Renzetti

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