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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DA 10ª

CÂMARA DE DIREITO PRIVADO DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


ESTADO DE SÃO PAULO.

PRIORIDADE:

PESSOA PORTADORA DE

DOENÇA GRAVE c/c ESTATUTO

DO IDOSO

Processo nº 2221925-05.2021.8.26.0000

Agravo de Instrumento

, representada por ser curador, qualificados nos autos do processo em


epígrafe, que move em face da BRADESCO SEGUROS SAÚDE S/A, vem,
respeitosamente, à presença de Vossas Excelências, por seus advogados que esta
subscrevem, apresentar CONTRAMINUTA, conforme as razões que acompanham a
presente.
Nestes termos,

pede Deferimento.

Santo André, 20 de outubro de 2021.

AMANDA PERBONI STOCCO PEDRO STOCCO


OAB/SP nº 263.788 OAB/SP nº 311.912
CONTRAMINUTA DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

AGRAVANTE:
AGRAVADA:
PROCESSO:

Advogado da Agravante:

Advogados da Agravada:

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Doutos Desembargadores.

I. SÍNTESE

O Agravante interpõe o presente recurso, em face da r. decisão


proferida pelo Ilustre Magistrado “a quo”, qual determinou que:

Fls. 55/86: Trata-se de pedido para que o executado seja intimada a pagar a
quantia de R$ 41.038,88, referente à diferença paga pela exequente em razão
da contratação das cuidadoras (R$ 9.288,01) e do valor da multa diária pelo
descumprimento da sentença (R$ 31.750,87), bem como para que o devedor
seja compelido a fornecer os profissionais necessários para o tratamento
"home care".

O executado, intimado para manifestar-se, apenas indicou que tem


implementado as condições necessárias para realizar o reembolso das
quantias, mas que a exequente cria empecilhos no fornecimento de dados e
documentos para tanto. Contudo não comprovou nestes autos quais as
medidas que teria implementado para permitir a facilitação do reembolso das
quantias devidas, bem com não comprovou que tenha realizado o pagamento
da diferença apontada pela exequente.

Tais fatos indicam que o executado não cumpriu minimamente a decisão


transitada em julgado nos autos principais, pois deixou de arcar com o
reembolso das quantias referentes ao pagamento das cuidadoras contratadas
pela exequente, bem como porque não comprovou o fornecimento da mão de
obra qualificada e necessária ao tratamento indicado pelo médico assistente
da exequente, conforme restou determinado nos autos principais.

Isto posto, considerando que a multa diária já havia sido fixada por ocasião da
sentença, já transitada em julgado, deve o executado ser intimado para efetuar
o pagamento exigido.

Portanto, na forma do artigo 513 §2º, intime-se a executado para que, no prazo
de 15 (quinze) dias, pague o valor indicado no demonstrativo discriminado e
atualizado do crédito (fls. 86), acrescido de custas, se houver.

Fica a parte executada advertida de que, transcorrido o prazo previsto no


art.523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para
que, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos
próprios autos, sua impugnação.

Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do artigo 523 do CPC, o débito


será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de
advogado de dez por cento.

Ademais, não efetuado o pagamento voluntário no prazo de 15 (quinze) dias,


independentemente de nova intimação do credor, poderá a parte exequente
efetuar pedido de pesquisas junto aos sistemas informatizados à disposição
do juízo, devendo comprovar o prévio recolhimento das taxas previstas no art.
2º, inc. XI, da Lei Estadual 14.838/12, calculadas por cada diligência a ser
efetuada.

No mais, certificado o trânsito em julgado da decisão e transcorrido o prazo do


art. 523, mediante o recolhimento das respectivas taxas, a parte exequente
poderá requerer diretamente à serventia a expedição de certidão, nos termos
do art. 517 do CPC, que servirá também aos fins previstos no art. 782,
§3º,todos do Código de Processo Civil.

Por fim, intime-se o executado para que, no prazo de 15 dias, forneça os


profissionais necessários ao atendimento "home care" da exequente, cujas
despesas correrão às expensas do executado, conforme já decidido nos autos
principais, sob pena de imposição de multa diária, que ora fixo em R$1.000,00
por dia, até a satisfação da obrigação. Int."

No presente recurso o Agravante requer a reforma total da r. decisão


de fls. 106/108, acima transcrita. Todavia, tais argumentos não merecem prosperar,
senão veja-se:

TEMPESTIVIDADE DA CONTRAMINUTA

DO SUPOSTO NÃO DESCUMPRIMENTO

REDUÇÃO DO VALOR DA ASTREINTE

Alega o agravante que não está descumprindo com a obrigação


imposta nos autos da ação principal, qual seja:

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial, com


resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso I do CPC, para
condenar a ré ao fornecimento de atendimento domiciliar à autora,
conforme as prescrições médicas de fls. 43/44, 97/98 e
192/193,enquanto perdurar a necessidade, e dos insumos
necessários, sob pena de multa diária de R$500,00, observado o
limite de R$30.000,00. Torno definitiva a tutela de urgência concedida
a fls. 67/68 e objeto de integração a fls. 112 e 194.
Teor da decisão da tutela de urgência:

Presentes, portanto, os requisitos legais e conforme parecer do


representante do Ministério Público de págs. 64/66, defiro a
antecipação da tutela, para garantir o tratamento “home care” da
requerente, com a realização de sessões de fonoaudiologia (3 vezes
por semana) e fisioterapia (5 vezes por semana), suporte de
Nutricionista quanto a alimentação pela sonda, Enfermeira mensal.
Médico mensal, Cuidador 24 horas por dia, bem como demais
procedimentos e materiais necessários, segundo orientação médica
(págs. 45/46), à expensas do requerido, bem como a expedição da
respectiva guia e autorizações necessárias, abstendo-se o
nosocômio de cobrar da requerente as respectivas despesas.

E em assim sendo, afirma o agravante que não poderá ser


condenado ao pagamento de astreintes em valores exorbitantes.

Afirma que a MM. Juíza limitou-se a analisar as alegações do


exequente, sem considerar que a BRADESCO SÁUDE deu cumprimento à obrigação
imposta nos autos e que o mérito da presente demanda é uma suposta ampliação de
cobertura contratual, bem como que a cláusula concernente ao procedimento de
reembolso continua válida.

.........

Afirma INVERÍDICAMENTE, constatando-se total má-fé, que


imediatamente autorizou e encaminhou prestadores referenciados para a prestação
dos serviços da segurada e que foi devidamente comprovada nos autos da ação de
origem, contradizendo suas próprias alegações de que tem feito os reembolsos
das cuidadoras contratadas pela agravada.
Afirma ainda que quanto ao reembolso não realizado, não é sua
responsabilidade, pois os cuidadores não se tratam de serviços de profissionais de
saúde, razão pela qual as empresas de “home care” não dispõe de rede para tanto,
querendo assim fugir de sua responsabilidade imposta na r. sentença já transitada
em julgado!

Insiste em afirmar que é a agravada quem passou a criar dificuldades


para o cumprimento da obrigação por parte da BRADESCO SAÚDE, negando-se a
enviar a documentação necessária para que os reembolsos solicitados fossem
realizados pela agravante.

Por fim, afirma que o valor fixado a título de astreintes é excessivo e


supera de forma acintosa o valor da obrigação principal, constituindo uma inequívoca
fonte de enriquecimento ilícito do agravado, motivo pelo qual imperiosa a integral
reforma da r. decisão agravada.

DO DESCUMPRIMENTO DA ORDEM JUDICIAL

Primeiramente cumpre informar que a Executada foi condenada na


obrigação de fazer para: “condenar a ré ao fornecimento de atendimento domiciliar à
autora, conforme as prescrições médicas de fls. 43/44, 97/98 e 192/193, enquanto
perdurar a necessidade, e dos insumos necessários, sob pena de multa diária de R$
500,00, observado o limite de R$ 30.000,00. Torno definitiva a tutela de urgência
concedida a fls. 67/68 e objeto de integração a fls. 112 e 194.”

Ocorre que, conforme verifica-se pela própria petição de fls. 48/49,


bem como pelos recibos anexos, a Executada não cumpri o quanto determinado
judicialmente, eis que a Exequente é quem tem de pesquisar, entrar em contato e
pagar as cuidadoras para, posteriormente, solicitar o reembolso para a Executada,
que por sua vez, somente efetivou o depósito após ser intimada sobre o presente
cumprimento de sentença.

A Executada não cumpri integralmente o que foi determinado


judicialmente, eis que a ordem judicial, transitada em julgado, é clara e cristalina no
sentido de ser obrigação da Executada o fornecimento das cuidadoras.

Ocorre que, a Executada transfere sua responsabilidade para a


Exequente, pois é ela (exequente) quem tem de se virar para conseguir as cuidadoras
e efetuar o pagamento, conforme comprova-se pela documentação anexa, o que não
prevalecer.

A Exequente apenas concordou em efetuar tais pagamentos de


maneira particular e diretamente para as cuidadoras em razão da gravidade do estado
clínico que se encontra.

Ocorre que, ao assumir tais pagamentos a Exequente ainda corre o


risco de ser processada na esfera trabalhista em razão de suposto vínculo
empregatício, pois é ela quem efetua diretamente os pagamentos para as cuidadoras,
o que não se pode admitir.

Diante do exposto, comprova-se, uma vez mais, que a Executada não


cumpri integralmente a ordem judicial desde novembro de 2020 até a presente data,
uma vez que NÃO fornece as cuidadoras, nos termos em que foi condenada.

Desta forma, requer desde já, a intimação da Executada para efetuar


o pagamento do valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) referente ao limite da multa
imposta, nos termos da r. sentença de fls. 242/246, confirmada pelo v. acórdão de fls.
294/299, devidamente atualizado quando do efetivo pagamento, em 15 (quinze) dias,
sob pena de incidência de multa de 10% e de honorários de advogado de 10%,
previstos no artigo 523, § 1º do CPC.

Alega a Executada que é a Exequente quem vem dificultando o


pagamento dos reembolsos, eis que supostamente não cumpre com suas exigências,
com relação a apresentação de algumas documentações, a realização da solicitação
via site/aplicativo, dentre outras, afirmando estar pendente de análise 3 pedidos, nos
valores de R$ 5.720,00, R$ 7.370,00 e R$ 1.200,00.

Contudo tais alegações padecem de veracidade, eis que a Exequente


vem cumprindo com todas as exigências para que os reembolsos sejam realizados,
indo além inclusive do que foi determinado na r. sentença, posto que conforme já
mencionado anteriormente, a obrigação da Executada é de FAZER, de fornecer as
cuidadoras e NÃO a de reembolsar as despesas com essas. Ela quer que a
Exequente assuma as suas responsabilidades.

NOVO DESCUMPRIMENTO DA DECISÃO DE FLS. 106/108

Não envio das cuidadoras desde 26/08/2021 até a presente data - 43 dias

Multa diária de R$ 1.000,00, que totaliza na presente data R$ 43.000,00

Reembolso das despesas que a Exequente tem tido com a contratação das
cuidadoras
A decisão de fls. 106/108 determinou que:

"Logo, acolho dos embargos, para suprir a omissão existente na


decisão de fls. 93/94, para determinar que o executado forneça, às
suas expensas, todos profissionais necessários ao tratamento "home
care", conforme deferido na sentença, sob pena de multa diária".

A Executada agravou da referida decisão, com relação a imposição


da multa de R$ 30.000,00 fixada na r. sentença, contudo as razões do recurso não
impugnou especificadamente a nova multa diária de R$ 1.000,00, imposta na referida
decisão.

Desde a data da decisão a Executada continua descumprido a ordem,


não tendo cumprido com a sua obrigação de fazer, a de enviar as cuidadoras, em
assim sendo, requer seja a Executada intimada a efetuar o pagamento da multa
imposta, qual totaliza a importância de R$ 43.000,00 (quarenta e três mil reais),
devidamente atualizada quando do efetivo pagamento, com a devida inclusão
das multas vincendas, em 15 (quinze) dias, sob pena de incidência de multa de 10%
e de honorários de advogado de 10%, previstos no artigo 523, § 1º do CPC.

No mais, tendo em vista o não envio das cuidadoras, a Exequente


está tendo de contratar diretamente as profissionais, e em assim sendo tem realizado
administrativamente o pedido de reembolso para a Executada dos referidos valores,
o que tem sido extremamente desgastante, contrariando a ordem de Vossa
Excelência.

Além do reembolso de R$ 9.020,74 (nove mil e vinte reais e setenta


e quatro centavos), que foi pedido, deferido e está sendo executado nos presentes
autos, a Exequente continua aguardando o pagamento de diversos reembolsos
posteriores pela Executada, eis que ela nunca forneceu as cuidadoras.

Sendo assim, caso a resposta dos seus últimos pedidos de


reembolso sejam indeferidos administrativamente pela Executada, informa desde já,
que os executará nos presentes autos.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer seja NEGADO PROVIMENTO ao Agravo


de Instrumento interposto pela Agravante.

Nesses termos,

pede deferimento.

Santo André, 20 de outubro de 2021.

AMANDA PERBONI STOCCO PEDRO STOCCO


OAB/SP nº 263.788 OAB/SP nº 311.912

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