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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA

DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS DA COMARCA DE


XXXXXXXXXXXXXXXXXX.

Ref. Processo n.º XXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXX, já devidamente qualificado nos autos do


processo em epígrafe, que promove em desfavor de EMBASA (Empresa
Baiana de Águas e Saneamento S/A), também devidamente
qualificada nos autos em epígrafe, vem respeitosamente a presença de
Vossa Excelência, por meio de seu advogado ao final subscrito, no prazo
legal, apresentar:

RÉPLICA À CONTESTAÇÃO e IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO


CONTRAPOSTO

apresentada pela ré, pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas:

I – PRELIMINARMENTE

Inicialmente, cumpre arguir sobre a malograda tentativa da requerida


em desvirtuar a realidade dos fatos, por meio de falácias
descompassadas, com o fito de descaracterizar direito nítido da parte
autora.
Destarte, tendo em vista as argumentações da requerida, que não
passam de quimeras exaradas com o fim de ludibriar a justiça e de
desconstituir direito cristalino do autor, suas afirmações não merecem
prosperar.
II – DA REALIDADE DOS FATOS
A parte autora buscou essa justiça especializada com o objetivo de fazer
cessar o mal injusto que era perpetrado em face da sua honra subjetiva
e até objetiva.
Cumpre esclarecer que a presente demanda trata de serviço essencial,
consagrado na nossa Constituição Federal, cuja privação, como é o caso
dos autos, é causa de dano moral in re ipsa, uma vez que atinge o
consumidor em sua dignidade.
Salienta que a água é um bem essencial à vida, desde a higiene,
alimentação, a saúde entre outros e a falta desse serviço, ainda mais
por todo esse período nas residências, podem causar uma série de
danos e prejuízos, ainda mais quando reside idoso com saúde
debilitada, como é o caso dos autos. (doc. Anexo)
Conforme já demonstrado, o autor não é o único morador a requerer os
serviços de água na rua de sua residência e região, foram juntados
vários protocolos de vizinhos onde os mesmos pleiteiam a ligação de
água, sendo tratado na mesma medida pela requerida, com total
desprezo.
Nesta toada, o artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor diz que
os serviços prestados por órgãos públicos ou pelas empresas,
concessionárias, permissionárias, ou qualquer outra forma de
empreendimento são OBRIGADAS a fornecer o serviço (Luz, Água,
telefone) adequado, eficiente, seguro e no nosso caso em
específico CONTÍNUO.
Ademais é jurisprudência recente e uniformizada em nosso Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado a Bahia, em caso idêntico aos autos:

Tribunal de Justiça do Estado da Bahia PODER


JUDICIÁRIO QUARTA TURMA RECURSAL -
PROJUDI PADRE CASIMIRO QUIROGA, LT. RIO
DAS PEDRAS, QD 01, SALVADOR - BA ssa-
turmasrecursais@tjba.jus.br - Tel.: 71 3372-
7460 4ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS
ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA BAHIA.
PROCESSO Nº 0002321-70.2023.8.05.0039
CLASSE: RECURSO INOMINADO RECORRENTE:
EMBASA RECORRIDO (A): RONALDO SANTOS
PINHEIRO JUÍZO DE ORIGEM: 1ª VARA DO
SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS DE
CAMAÇARI JUÍZA RELATORA: MARIA VIRGÍNIA
ANDRADE DE FREITAS CRUZ EMENTA
RECURSO INOMINADO. DECISÃO
MONOCRÁTICA (ART. 15, XI, DA RESOLUÇÃO Nº
02, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2021 -
REGIMENTO INTERNO DAS TURMAS
RECURSAIS E ART. 932 DO CPC). CONTRATO
DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE
ABASTECIMENTO DE ÁGUA E SANEAMENTO
BÁSICO. NEGATIVA DE FORNECIMENTO DO
SERVIÇO ESSENCIAL DE ESGOTAMENTO
SANITÁRIO E FORNECIMENTO DE ÁGUA. FALTA
DE PROVAS CAPAZES DE LEGITIMAR A
EXCLUSÃO DO EVENTO DANOSO DO ÂMBITO
DE RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO
FORNECEDOR. ILICITUDE CONFIGURADA.
SENTENÇA QUE CONDENOU A EMBASA POR
DANOS MORAIS EM R$ 5.000,00. SENTENÇA
QUE NÃO MERECE REFORMA. RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO. DECISÃO
MONOCRÁTICA 1. Presentes as condições de
admissibilidade do recurso, conheço-o, passando a
analisá-lo monocraticamente, com a
fundamentação aqui expressa, porquanto se trata
de matéria pacífica na jurisprudência desta Turma
Recursal (Processos nº 0011756-
05.2022.8.05.0039, nº 0017410-
49.2019.8.05.0080 e nº 0008635-
49.2023.8.05.0001), conforme Enunciado nº 103
do FONAJE, art. 932, IV do CPC e art. 15, XI, XII e
XIII do Regimento interno das Turmas Recursais
deste Estado. 2. Trata-se de recurso inominado
interposto pela ré (evento nº 35) em face da
sentença lançada nos autos que julgou procedentes
em parte os pedidos iniciais (evento nº 30) para
“CONDENAR, a demandada a PAGAR, a título de
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, a quantia de
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), corrigida
monetariamente pelo INPC, além de juros de mora
de 1% ao mês desde a data desta sentença (Súmula
362 do STJ).”. 3. A parte autora, devidamente
qualificada nos autos, afirma vício do serviço,
relativo a ausência de nova ligação e fornecimento
de água no imóvel. 4. O réu, em sua peça de
defesa, nega má prestação dos serviços, alega que a
ligação não foi efetivada em razão de
impossibilidade técnica. 5. Entendo que a sentença
vergastada fez um exame cuidadoso das questões
fáticas, como também bem aplicou o direito à
espécie, inclusive, com correta aplicação das
normas consumeristas. 6. Entende o STJ que, em
se tratando de produção de provas, a inversão, em
caso de relação de consumo, não é automática,
cabendo ao magistrado a apreciação dos aspectos
de verossimilhança da alegação do consumidor ou
de sua hipossuficiência, conforme estabelece o art.
6º, VIII, do referido diploma legal. 7. Pois bem, a
teor do art. 373, I, do CPC, é da parte autora o
ônus da prova quanto ao fato constitutivo do seu
direito. E, mesmo que se considere como sendo de
consumo a relação em discussão, a ser amparada
pelo Código de Defesa do Consumidor, a inversão
do ônus da prova em benefício do consumidor
somente deve ser determinada, quando, a critério
do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
- o consumidor - hipossuficiente (art. 6º, VIII do
CDC). 8. Em sentido contrário, cabe ao fornecedor
do serviço a comprovação de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor, nos
termos do art. 373, II, do CPC, ou mesmo a
ausência de falha na prestação do serviço e culpa
exclusiva de terceiro, nos termos do art. 14, § 3º,
do CDC. 9. In casu, da análise das provas
produzidas, verifica-se que a parte autora
demonstrou a verossimilhança de suas alegações,
de que o fornecimento do serviço essencial de
fornecimento de água em sua unidade residencial
vinha sendo, de forma prolongada e injustificada,
negado pela parte ré, causando-lhe prejuízos
devidamente respaldados e contabilizados a partir
dos fatos e provas processuais, e violando o
postulado do respeito à dignidade da pessoa
humana, tendo a parte ré se negado a reparar a
ilicitude administrativamente, forçando-a à
demanda judicial. 10. A parte autora juntou
documentos suficientes para embasar sua
pretensão, como o protocolo de atendimento,
tentativas administrativas, resolução do suposto
problema, e, ainda assim, a acionada se manteve
inerte, omitindo a prestação de serviço essencial, e,
dessa forma, constatada a falha na prestação do
serviço, deve a parte autora ser reparada dos danos
sofridos. 11. Por outro lado, a parte ré falhou em
trazer ao processo elementos mínimos de convicção
de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do
pleito autoral, ou da absoluta impossibilidade de
ser responsabilizada pelos danos resultantes da
violação a este direito, vez que sua resposta
processual não trouxe aos autos fundamentos
jurídicos válidos para legitimar a exclusão de sua
responsabilidade. 12. Inclusive, impende destacar
que a recorrente somente efetuou a ligação do
fornecimento de água mediante decisão judicial.
13. Com isso, uma vez constatada a conduta lesiva
e definida objetivamente pelo julgador, pela
experiência comum, a repercussão negativa na
esfera do lesado, surge à obrigação de reparar o
dano moral. 14. Na situação em análise, a parte
autora não precisava fazer prova da ocorrência
efetiva dos danos morais decorrentes dos fatos. Os
danos dessa natureza se presumem pela
desatenção na efetividade do serviço contratado na
forma ressaltada nos autos, não havendo como
negar que, em razão do evento, ele sofreu angústia,
desconforto e transtornos, tendo a esfera íntima
agredida ante a atividade negligente da ré, já que
se trata de serviço essencial. 15. Com base nessas
premissas, tendo-se em mente que a indenização
deve ter, sim, caráter punitivo, penalizando a
conduta imprópria, desleixada e negligente, como a
adotada pela parte ré, desestimulando a prática de
novos atos ilícitos, é de se entender que o valor da
condenação deve ser mantido em R$ 5.000,00
(cinco mil reais), com base nos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade e com o
entendimento desta Turma Recursal: RECURSO
INOMINADO. O NOVO REGIMENTO DAS TURMAS
RECURSAIS, RESOLUÇÃO Nº 02/2021,
ESTABELECEU A COMPETÊNCIA DO RELATOR
PARA JULGAR MONOCRATICAMENTE MATÉRIAS
COM UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA OU
ENTENDIMENTO SEDIMENTADO. CONDIÇÕES DE
ADMISSIBILIDADE PREENCHIDAS.
FORNECIMENTO DE ÁGUA - EMBASA. A
CONCESSIONÁRIA, DEVIDAMENTE INFORMADA,
DEMOROU A EFETIVAR LIGAÇÃO DA REDE.
DANO MORAL CARACTERIZADO. SITUAÇÃO QUE
ULTRAPASSA O MERO ABORRECIMENTO.
QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO EM
RESPEITO AOS CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE, BEM COMO AO CARÁTER
COMPENSATÓRIO, PEDAGÓGICO E PUNITIVO DA
CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO. (Classe: Recurso Inominado,Número do
Processo: 0000415-30.2023.8.05.0141,Relator (a):
MARY ANGELICA SANTOS COELHO,Publicado em:
10/05/2023 ) 16. Realizado julgamento do Recurso
do processo acima epigrafado, com fulcro no
Enunciado nº 103 do FONAJE, art. 932, IV do CPC
e art. 15, XI, XII e XIII do Regimento interno das
Turmas Recursais deste Estado,
monocraticamente, decido no sentido de
CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso
interposto, para manter a sentença pelos seus
próprios fundamentos. 17. Condeno a recorrente
vencida ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios, estes arbitrados em 20%
(vinte por cento) sobre o valor da condenação.
Salvador, Sala das Sessões, data lançada pelo
sistema. MARIA VIRGINIA ANDRADE DE FREITAS
CRUZ Juíza Relatora

(TJ-BA - RI: 00023217020238050039 CAMAÇARI,


Relator: MARIA VIRGINIA ANDRADE DE FREITAS
CRUZ, QUARTA TURMA RECURSAL, Data de
Publicação: 26/06/2023)
Além de tudo excelência, o fornecedor dos serviços deve informar ao
consumidor, pelo princípio da informação, de todos os problemas com
o abastecimento, de forma clara e precisa, conforme o próprio Código
de Defesa do Consumidor:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
III - a informação adequada e clara sobre os
diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição,
qualidade, tributos incidentes e preço, bem como
sobre os riscos que apresentem.

No caso dos autos, Excelência, o Autor segue sem água, sem ter
nenhuma informação concreta do problema, sem ter sido alertado por
qualquer impossibilidade técnica além de não ter a resolução do
problema em tempo adequado, lesando, com isso, o direito do
consumidor e ferindo a dignidade humana, princípio constitucional
que deve ser protegido pelo judiciário.
Como dito, a parte demandada não se prestou a resolver a questão de
maneira administrativa, tratando com desdém os requerimentos da
parte autora, que se sentiu extremamente constrangida.

III – DO PEDIDO CONTRAPOSTO

Esta pretensão fere de morte a vedação de RECONVENÇÃO, pelo canal


do Juizado Especial, sendo que a postulação do Réu, prevista no
art. 31 da Lei nº 9.099/95, deve limitar-se à matéria prescrita no
art. 3º do mesmo digesto, em cujo dispositivo não se encontra a
possibilidade de onerar o autor da demanda.
A prestadora do serviço ao celebrar contrato de concessão de serviços
públicos para o abastecimento de água potável (por tubulação ou
caminhão pipa), assume a obrigação de assegurar o acesso a este bem
de tamanha importância a dignidade humana.
O artigo 10, da Lei nº 7.783/1989, estabelece o abastecimento de água,
como uma das atividades primordiais.
Art. 10 - São considerados serviços ou atividades essenciais:
I - Tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de
energia elétrica, gás e combustíveis;
Analisando a nossa legislação, não restam dúvidas que a empresa
responsável pelo fornecimento de água encanada é obrigada a prestar
um serviço minimante digno, sob pena de ter que indenizar eventuais
danos materiais e/ou morais, causados aos consumidores.
É de se admirar, como uma empresa do porte da demandada vem ao
judiciário cobrar do consumidor por um serviço público de sua inteira
responsabilidade e vai ser mensalmente arrecadado do usuário.
No mais, não é justo o consumidor arcar com despesas de extensão de
rede, serviço este público que conforme amplamente exposto é de
responsabilidade total da concessionária ré, tendo e vista que a mesma
irá beneficiar vários outros moradores do bairro, bem como será
incorporado ao seu patrimônio.
Neste sentido é o entendimento dos Tribunais:
Apelação – Ação de anulação de débito cumulada
com repetição de indébito – Prestação de serviços –
Água e esgoto – Prolongamento da rede pública –
Repasse dos custos ao consumidor –
Impossibilidade – Devolução de maneira simples –
Parcial procedência. As obras de ampliação da rede
de água e esgoto devem ser custeadas pela
autarquia ou concessionária responsável, não só
porque se beneficiam com a cobrança posterior de
tarifas, mas também porque a infraestrutura de
água e esgoto é inerente à natureza do serviço que
presta, considerando que, após a ampliação, a nova
rede passa a integrar o patrimônio da prestadora de
serviço - A Deliberação 106/2009 da ARSESP tem
caráter administrativo, pois, não amparada por
norma jurídica específica prevista no ordenamento
jurídico vigente. Dessa forma, não possui força de
lei, motivo pelo qual não pode obrigar o usuário, nos
termos do art. 5º, inciso II, da Constituição Federal.
Há precedentes desta Corte - Não se há de falar em
restituição em dobro, uma vez que a questão é
controvertida e somente foi solucionada após o
pronunciamento judicial, devendo a restituição se
dar de maneira simples. Além disso, não ficou
evidente má-fé da ré, ainda que indevida a
cobrança. Apelação provida em parte.

(TJ-SP - AC: 10159376220208260477 SP 1015937-


62.2020.8.26.0477, Relator: Lino Machado, Data de
Julgamento: 16/09/2021, 30ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 16/09/2021)

Posto isso, o pedido contraposto não merece prosperar, uma vez que
as informações nele contidas são totalmente distorcidas evidenciando
a má fé dos Requeridos, principalmente por se tratar de um bem
fornecido por prestadora de serviço público, a qual subordina-se à
obrigação estabelecida no artigo 37, §6º da Magna-Lex.

IV – CONCLUSÃO

Ante o exposto, verifica-se que os argumentos trazidos na peça


contestatória se revelam insuficientes e ineficazes para rechaçar os
pedidos formulados pelo autor, pelo que se ratifica, em sua inteireza, o
teor da pretensão trazida pelo requerente no petitório inaugural, para
o fim de que sejam julgados procedentes os pedidos, nos exatos termos
da inicial;
Requer a juntada dos documentos em anexo;
Pugna pela total improcedência do pedido contraposto.

Nesses termos,

Pede deferimento.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, 20 de julho de 2023.

xxxxxxxxxxxx
OAB/BA xxxxxxxxxx

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