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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

6ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Autos nº. 0004258-98.2021.8.16.0130

Recurso Inominado Cível n° 0004258-98.2021.8.16.0130 RecIno


Juizado Especial da Fazenda Pública de Paranavaí
Recorrente(s): FRANCISCA SÔNIA DA SILVA DOS REIS
Recorrido(s): Município de Tamboara/PR
Relator: Luciana Fraiz Abrahão

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DECLARATÓRIA. REVISÃO DO TEMPO DE


CONTRIBUIÇÃO. DESAVERVAÇÃO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA.
INSURGÊNCIA RECURSAL DA PARTE AUTORA. SERVIDORA PÚBLICA DO
MUNICÍPIO DE TAMBOARA. APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA POR IDADE
E TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ACÚMULO DE CARGOS. PLEITO DE
DESAVERBAÇÃO DO TEMPO EXCEDENTE. POSSIBILIDADE APENAS
QUANDO O EXCESSO NÃO TENHA IMPACTADO NA COMPOSIÇÃO DOS
PROVENTOS. PERÍODO PRETENDIDO QUE FOI CONSIDERADO PARA A
CONCESSÃO DOS AVANÇOS NA CARREIRA. EXISTÊNCIA DE EFEITOS
ECONÔMICOS E FINANCEIROS. PRECEDENTES DO EGRÉGIO TRIBUNAL
DE JUSTIÇA DO PARANÁ E DA TURMA RECURSAL. SENTENÇA MANTIDA
POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS NOS TERMOS DO ARTIGO 46 DA
LEI 9.099/95. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

Relatório dispensado (Enunciado 92 do FONAJE).

Voto.

Estando presentes os pressupostos processuais de admissibilidade, impõe-se o


conhecimento do recurso inominado.

No mérito, o recurso não comporta provimento, mantendo-se a sentença por seus


próprios e jurídicos fundamentos, nos termos do artigo 46 da Lei n. 9099/95.

Acrescento, no entanto, que não se é possível aferir com segurança em que contexto a
autora não teria se beneficiado, em sua vida funcional, do tempo de contribuição que pretende
ser excluído da contagem a sua aposentadoria.

Veja-se que segundo a Portaria n. 073/2016, que concedeu a aposentadoria a autora, a


inativação o ocorreu no cargo de professora, nível III, classe P.

Analisando-se a Lei Municipal n. 13/2005, o artigo 8º estabeleceu o avanço horizontal


em classes, bem como o artigo 61 fixou que a operacionalização ocorreria bienalmente, tendo
a primeira ocorrido em fevereiro de 2007.

Outrossim, consoante a regra de transição prevista no artigo 110 da mencionada Lei


municipal, garantiu-se que “os profissionais da educação da rede pública municipal de
Tamboara, detentores de cargos de docência mediante concurso público e que adquiriram a
habilitação necessária para o exercício do magistério após o ingresso na carreira, serão
enquadrados no atual Plano de Cargos, Carreira e Salário nos níveis e classes correspondentes
à sua habilitação e tempo de serviço”.

Por conseguinte, para que a autora ao longo de sua vida funcional fosse enquadrada no
nível III, classe P, computou-se um determinado tempo de carreira e, por conseguinte, de
contribuição, do qual, agora, não se pode esquivar. Aliás, não se duvida que o lapso temporal
anterior fruído para o cômputo dos avanços certamente remontam a um período anterior a 18
de janeiro de 1991 – ônus do qual não se imiscuiu –, do qual a autora agora pretende ver
declarado como termo a quo.

Não se nega que nos termos da jurisprudência pátria permite-se a realização da


desaverbação de tempo – a teor do artigo 201, § 9º, da CF –, todavia é preciso claramente
demonstrar em que medida o tempo pretendido não gerou vantagens remuneratórias ao
servidor. Sobretudo porque, a partir do momento em que o tempo averbado produz efeitos na
vida funcional do servidor, configurado está o ato jurídico perfeito, impeditivo de sua revisão
futura.

Eis os precedentes da Turma Recursal e do Egrégio Tribunal de Justiça do Paraná:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. FAZENDA PÚBLICA.


SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA RECURSAL DA PARTE
REQUERIDA. SERVIDORA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE PALMEIRA.
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. PLEITO DE DESAVERBAÇÃO
DO TEMPO EXCEDENTE. POSSIBILIDADE APENAS QUANDO O EXCESSO NÃO
TENHA IMPACTADO NA COMPOSIÇÃO DOS PROVENTOS. HIPÓTESE QUE NÃO
SE ENQUADRA O PRESENTE CASO. PERÍODO PRETENDIDO QUE FOI
CONSIDERADO PARA A CONCESSÃO DE PROGRESSÃO FUNCIONAL (AVANÇO
DIAGONAL). AVERBAÇÃO QUE SURTIU EFEITOS ECONÔMICOS E
FINANCEIROS. MATÉRIA PASSÍVEL DE CONHECIMENTO EM SEDE RECURSAL,
POR SER UM DESDOBRAMENTO DIRETO DA CAUSA DE PEDIR E DA TESE
DEFENSIVA. EFEITO DEVOLUTIVO. AUSÊNCIA DE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.
SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR - 4ª Turma
Recursal - 0001374-85.2019.8.16.0124 - Palmeira - Rel.: JUIZ DE DIREITO
DE COMARCA DE ENTRÂNCIA FINAL GILBERTO ROMERO PERIOTO - J.
14.03.2022)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PUBLICO


ESTADUAL. LIMINAR NÃO CONCEDIDA. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE NO ATO
PRATICADO PELO AGENTE COATOR. PEDIDO DE DESAVERBAÇÃO DA
CONTAGEM DO TEMPO DE SERVIÇO. PERÍODO PRESTADO AO EXÉRCITO
BRASILEIRO. IMPOSSIBILIDADE. PERÍODO PRETENDIDO QUE FOI
CONSIDERADO PARA A CONCESSÃO DO ABONO DE PERMANÊNCIA.
AVERBAÇÃO QUE SURTIU EFEITOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS. DECISÃO
MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. (TJPR - 3ª Câmara Cível - 0023928-90.2022.8.16.0000 -
Curitiba - Rel.: JUÍZA DE DIREITO SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU RENATA
ESTORILHO BAGANHA - J. 26.09.2022)
RECURSO INOMINADO. MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU. FOZ PREVIDÊNCIA –
FOZ PREV. PROFESSORA MUNICIPAL. AVERBAÇÃO DE PERÍODO LABORADO EM
SEGUNDO VÍNCULO. COISA JULGADA. DESAVERBAÇÃO DE PERÍODO
EXCEDENTE EM PRIMEIRO VÍNCULO. IMPROCEDENTE. SENTENÇA MANTIDA
POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJPR - 4ª Turma Recursal - 0000582-88.2020.8.16.0030 - Foz do Iguaçu
- Rel.: JUIZ DE DIREITO DE COMARCA DE ENTRÂNCIA INICIAL MATHEUS
RAMOS MOURA - J. 27.05.2022)

RECURSO INOMINADO. AÇÃO ORDINÁRIA. SERVIDOR PUBLICO ESTADUAL.


PRELIMINARES. CERCEAMENTO DE DEFESA E OFENSA AO CONTRADITÓRIO
NÃO VERIFICADOS. SENTENÇA IMPROCEDÊNCIA. PEDIDO DE DESAVERBAÇÃO
DA CONTAGEM DO TEMPO DE SERVIÇO. PERÍODO PRESTADO AO EXÉRCITO
BRASILEIRO. IMPOSSIBILIDADE. PERÍODO PRETENDIDO QUE FOI
CONSIDERADO PARA A CONCESSÃO DO ABONO DE PERMANÊNCIA.
AVERBAÇÃO QUE SURTIU EFEITOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS. SENTENÇA
MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. Recurso conhecido e
desprovido. (TJPR - 4ª Turma Recursal - 0037051-02.2019.8.16.0182 -
Curitiba - Rel.: JUIZ DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS
ESPECIAIS ALDEMAR STERNADT - J. 09.05.2022)

Diante do insucesso recursal, condeno a recorrente ao pagamento das despesas


processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) do valor atualizado da
causa, pela média do INPC/IGP-DI a contar do ajuizamento da ação, nos termos do artigo 55
da Lei n. 9.099/95.

Ante o exposto, esta 6ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve, por unanimidade
dos votos, em relação ao recurso de FRANCISCA SÔNIA DA SILVA DOS REIS, julgar pelo(a)
Com Resolução do Mérito - Não-Provimento nos exatos termos do voto.

O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Haroldo Demarchi Mendes, com voto, e dele
participaram os Juízes Luciana Fraiz Abrahão (relator) e Gisele Lara Ribeiro.

10 de novembro de 2023

Luciana Fraiz Abrahão


Juiz (a) relator (a)

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