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EXMO(A). SR(A). DR(A). JUIZ(A) DE DIREITO DA......

VARA
CIVEL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO/RJ.

(10linhas)

BETINA BACH, brasileira, divorciada, design de moda, portadora de RG nº


11.22.55.90-7, CPF nº xxx.xxx.xxx-xx, residente à Rua da Passarela, nº 55, Apt 1202,
Bairro Palmeiras, Rio de Janeiro – CEP: 22.000-000, por intermédio de seu advogado,
DR. xxxxx, advogado, inscrito na OAB/XX sob o nº XX.XXX, com escritório sediado à
XXXXXXXXXX, nº XX, sala xxxx, bairro da XXXXXX, Rio de Janeiro, CEP:
XXXXXXXX. Vem mui respeitosamente perante Vossa Excelência propor a presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.

Em face de EMPRESA AÉREA SILVER WINGS, inscrita no CNPJ (MF) nº


88.777.666/0001-55, estabelecida na Av. Aeroporto, nº 333, Rio de Janeiro / RJ, com
endereço eletrônico ficto@ficticio.com.br.

PRELIMINARMENTE

A Requerente faz jus ã concessão da gratuidade de Justiça, haja vista não


possuírem rendimento suficientes para custear as despesas processuais e honorários
advocatícios em detrimento de seu sustento e de sua família.

Destaca o dever estatal de prestar assistência gratuita a CF/88, em seu artigo 5º


LXXIV, regulamenta o necessário fornecimento de um julgamento justo e equânime
entre as partes que constituem o devido processo legal.

Com base na necessidade demonstrada, aguarda a Requente o deferimento da


justiça gratuita de modo integral.

I – DOS FATOS

BETINA BACH contratou a empresa aérea SILVER WINGS para transporte


aéreo no trecho Rio de Janeiro / Recife e Recife /Rio de Janeiro. Havia previsão de
saída do Rio de Janeiro no voo no XYZ01, às 19:45h, do dia 01/12/2019.

As passagens custaram o valor de R$ 1.235,00 (mil duzentos e trinta e cinco


reais), conforme comprovante.

O retorno estava previsto para esta Capital em 03/12/2019, no voo WW022, às


23:45h, conforme comprovam os bilhetes.

Em que pese a previsão de saída do voo para às 19:45h, a aeronave tão somente
decolou ao destino às 23:55h, ou seja, com mais de 4(quatro) horas de atraso, consoante
atesta o cartão de embarque.
Destaque-se que essa viagem tinha como propósito uma palestra a ser ministrada
por BETINA BACH, junto ao Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário, na data de
02/12/2019, no turno da manhã como se observa dos documentos apresentados.

Ao chegar à cidade de Recife, de acordo com BETINA BACH, após horas de


diálogo com funcionários da empresa contratada, enfim tomou conhecimento que suas
bagagens (duas malas) “haviam sido deslocadas para outro destino”, ou seja, foram
extraviadas.

II – DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

O caso em análise trata-se de típica relação de consumo, onde destacam-se de


forma nítida as figuras de consumidor, fornecedor e produto/serviço.

Tais figuras encontram-se elencadas no Código de Defesa do Consumidor de


forma respectiva, nos artigos 2º, 3º e §1º.

Vale ressaltar que o STJ consolidou entendimento de que “a responsabilidade


civil das companhias aéreas em decorrência da má prestação de serviços, após a entrada
em vigor da lei 8078/90, não é mais regulada pela Convenção de Varsóvia e suas
posteriores modificações (Convenção de Haia e Convenção de Montreal), ou pelo
Código Brasileiro de Aeronáutica, subordinando-se, portanto, ao Código
Consumerista”(STJ, Rel. Min. Raul Araújo, AgRg no AREsp 582.541/RS,j.23-10-
2014).

Diante do exposto, estando evidente a relação de consumo, bem como as partes


se fazem legítimas ao dissídio, deve a presente demanda ser regida pelo Código de
Defesa do Consumidor.

III – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Diante da hipossuficiência técnica das requerentes, a inversão de ônus da prova


ante as verossímeis alegações apresentadas, justamente com as provas documentais
acostadas aos autos, é medida que se impõe, conforme previsto no artigo 6°, VIII, do
Código de Defesa do Consumidor:

Art. 6° São direitos básicos do consumidor:

VIII- a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive coma inversão do


ônus de prova, a seu favor, no processo civil, quando a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, seguindo as regras
ordinárias de expectativas.

Posto isto, requer, desde já, a aplicação da inversão de ônus de prova.

IV – DA ILICITUDE PRATICADA PELA REQUERIDA

Conforme exposto, as Requerentes contrataram os serviços de transporte aéreo da


Requerida nos termos já informados, porém, embora a cobrança tenha sio realizada de
forma correta, houveram defeitos na prestação dos serviços que acarretaram os dados a
que se requer tiveram reparo.
O código de Defesa do Consumidor determina que “É direito básico do consumidor a
efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais” (art. 6°, VI, CDC).

O Código Civil é cristalino quando dispõe sobre a necessidade de reparar os danos


causados, conforme se observa no artigo 186:

Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar, direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

Igualmente e de forma complementar, o art. 927, do mesmo códex, reitera a previsão do


dever de reparar, consubstanciado na responsabilidade civil objetiva, senão vejamos:

art. 927 – Aquele que, por dito ilícito (arts.186 e 187), causar danos a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único – Haverá obrigação de reparar o dano, independente


de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.

Relembre-se, inclusive, que o direito de resposta e de indenização moral, material ou à


imagem é oriundo da Carta Magna de 1988, em seu artigo 5°, V ao dispor que “É
assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem.

Outrossim, entende o STJ em casos como o presente, que “o dano moral decorrente de
atraso de voo opera-se in re ipsa. [...] o desconforto, a aflição e os transtornos
suportados pelo passageiro não precisam ser provados, na medida em que derivam do
próprio fato” (STJ, 4° Turma, Rel. Min. Raul Araújo, AgRg no Ag 1306693/RJ, j. 16-8-
2011).

Destarte, sob os ângulos jurisdicional, legal e constitucional, nota-se que o ato ilícito
praticado pela empresa requerida nos moldes de que fora apresentado inicialmente são
fatores gravíssimos e suficientes a ensejar o dever de indenizar, e que, embora
desnecessária a comprovação de culpa em situações desta índole, é certo que ela
constitui, ao menos, capacidade elementar de agravar as consequências do ato, fatos
presentes no presente pleito.

V – DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

A responsabilidade civil visa reprimir o dano causado pelo agente em face do indivíduo
lesado material ou moralmente.

Vê-se que a responsabilidade civil apresenta duas espécies distintas sendo a


responsabilidade subjetiva e a responsabilidade objetiva.

A responsabilidade civil subjetiva emana do ato ilícito, além de trazer a necessidade de


caracterizar como requisitos fundamentas a culpa, o dano e o nexo causal entre este e
aquela.
No caso em tela, é evidente a existência da responsabilidade objetiva, como sendo
aquela em que o dano deverá ser o reparado independentemente de culpa, conforme os
ditames do parágrafo único do artigo 927 do Código Civil:

Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos


especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

O Código de Defesa do Consumidor dispõe ainda, por seu artigo 14, que a
responsabilidade do fornecedor de serviços é objetiva, prescindindo da demonstração de
culpa:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente existência de culpa,


pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação de serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.

Diante do exposto, fica evidenciado o ato ilícito, a lesividade e a necessidade de reparar


o dano, que se dá independentemente da existência de culpa.

VI – DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS

Como já fora exposto inicialmente, a Requerente adquiriu da empresa Ré. No entanto


requer que o presente caso, seja aplicado o julgado no Tribunal de Justiça de Santa
Catarina:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS


MATERIAIS E MORAIS. TRANSPORTE AÉREO.
CANCELAMENTO DE VOO. VIAGEM POSTERGADA EM
CERCA DE 13 (TREZE) HORAS. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. RECURSO DA RÉ. RESPONSABILIDADE
CIVIL. CANCELAMENTO INCONTROVERSO. FALHA NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EVIDENCIADA.
JUSTIFICATIVAS PARA O CANCELAMENTO QUE
SUPOSTAMENTE COMPROVADAS. ÔNUS QUE
INCUMBIA AO FORNECEDOR DE SERVIÇOS. SUPOSTA
NECESSIDADE DE PROCEDER MANUTENÇÃO NA
AERONAVE QUE CONSUBSTANCIA FORTUITO
INTERNO, ABARCADO PELO RISCO DO NEGÓCIO. ATO
ILÍCITO CONFIGURADO, DANO MORAL. OCORRÊNCIA.
FRUSTRAÇÃO DAS EXPECTATIVAS DO CONSUMIDOR.
(...) VALOR FIXADO ADEQUADAMENTE EM PRIMEIRA
INSTÂNCIA (R$15.000,00 A CADA AUTOR). REDUÇÃO
DESCABIDA. INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOAS
DESDE A CITAÇÃO. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA
54 DO STJ. HONORÁRIOS RECURSAIS ARBITRADOS.
SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 0303248-
10.2017.8.24.0082, da Capital – Continente, rel. Des. Saul Steil,
Terceira Câmara de Direito Civil, j. 28-08-2018).
Faz-se imperioso destacar que o dano moral deve atender a alguns objetivos precípuos,
quais sejam: a) ressarcir os prejuízos morais decorrentes da violação de um bem jurídico
tutelado; b) coibir, punir e prevenir a prática reiterada de comportamentos deste gênero
por parte do infrator, que agem de forma contrária a legislação e aos consumidores,
prestando-lhes um serviço incompatível com o a fragilidade que ;e inerente à parte mais
fraca da relação de consumo.

Diante de todo o exposto, pugna a Requerente pelo pagamento de R$ 1235,00 (mil


duzentos e trinta e cinco reais) somados a R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais), a
título de danos materiais, devidamente corrigidos, visto a ausência de prestação de
serviço nos moldes contratados e R$5.000,00 (cinco mil reais), a título de danos morais,
atentando-se a tríplice função do dano, ressarcindo, punindo e prevenindo.

VII – DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

O Novo Código de Processo Civil, em seu art. 85 e seguintes, dispõe a cerca dos
honorários sucumbenciais, nos exatos termos; “A Sentença condenará o vencido a pagar
honorários ao advogado vencedor”.

Tendo em vista que os honorários correspondentes aos alimentos do advogado, é de


suma importância enaltecer esta questão antes de adentrar ao mérito questionado.

Pugna portanto, que a empresa Requerida seja condenada ao pagamento de honorários


sucumbenciais ao procurados da Requerente, bem como, que haja a majoração de tais
honorários em caso de ascensão destes autos ao Tribunal de Justiça deste Estado.

VIII – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

A – O Recebimento e processamento da presente demanda;

B – A Citação da Requerida no endereço informado, para querendo, responder no prazo


legal, sob pena de revelia e confissão;

C – A Concessão dos benefícios de justiça Gratuita, assegurado pela CF/88, art. 5º,
LXXIV e art. 98 e seguintes do Código de Processo Civil de 2015;

D – Designação de audiência de conciliação, com fulcro ao art. 334 do Código de


Processo Civil;

E – Que seja deferida a inversão do ônus da prova, diante do art. 6º, VIII, do Código de
Defesa do Consumidor;

F – Sejam julgados procedentes os pedidos, para condenar a Requerida ao pagamento de


R$ 1235,00 (mil duzentos e trinta e cinco reais) somados a R$ 750,00 (setecentos e
cinquenta reais), a título de danos materiais, devidamente corrigidos, visto a ausência de
prestação de serviço nos moldes contratados e R$5.000,00 (cinco mil reais), a título de
danos morais, atentando-se a tríplice função do dano, ressarcindo, punindo e
prevenindo, totalizando R$6985,00 (seis mil novecentos e oitenta e cinco reais).

G – A produção de todos os tipos de provas cabíveis, em especial a prova documental


(documentos na nuvem, online), depoimento pessoal da Requerida, oitiva de
testemunhas e todas as outras provas que se fizerem necessárias à busca da verdade;

H – E por fim, pugna pela condenação da Requerida ao pagamento de honorários


sucumbenciais em 20% (vinte por cento) conforme dispõe o art. 855, dada a natureza da
causa e o trabalho desenvolvido, nos termos do caput do CPC.

Dá-se a causa o valor de R$6985,00 (seis mil novecentos e oitenta e cinco reais)

Termos em que

Pede Deferimento

Cidade, data

Dr. xxxxxxx

OAB/XX XX.XXX

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