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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da _______ª Vara Cível da

Comarca de/Marília

Luzia da Silva, estado civil..., profissão..., portadora da Cédula de Identidade


RG nº ...., inscrito no CPF/MF sob o nº ....., usuária do endereço eletrônico....,
residente e domiciliada em Rua...., número...., bairro....., CEP...., na cidade de
Marília/SP, vem, respeitosamente
perante Vossa Excelência, por seu advogado (a) que a esta subscreve, com
escritório em Rua...., número...., bairro....., CEP...., na cidade de......, com base
no art. 186 do Código Civil e demais dispositivos aplicáveis à espécie, propor a
presente

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS POR ATRASO


DE VOO

em face da empresa Linhas Aéreas Portuguesas Ltda., pessoa jurídica de


direito privado, inscrita sob o CNPJ XXXXXXXXXXX, com sede à Rua:
XXXXXX, nº XXXXX, Bairro XXXXXX, na cidade de XXXXXXXX – SP, CEP:
XXXXXXX, pelos fatos e fundamentos que passa a expor

PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA


 
In casu, a parte autora não possui condições de pagar as custas e despesas do
processo sem prejuízo próprio, conforme consta da declaração de
hipossuficiência em anexo.
Ademais, há previsão no artigo 5°, XXXIV, LXXIV e LXXVII, CF/88 e artigos 98
e 99, CPC/15, consoante inteligência do parágrafo único, do artigo 2° da Lei n.°
7510/86, estabelecem normas para a concessão da assistência judiciária aos
legalmente necessitados, recepcionadas por todas as Constituições que lhe
sucederam, em seu artigo 4°, §1°, somado ao artigo 1° da Lei n.° 7115, de 29
de agosto de 1983, que dispõe sobre a prova documental nos casos que
indica, autorizam a concessão do benefício da gratuidade judiciária frente à
mera alegação de necessidade, que goza de presunção – juris tantum – de
veracidade, milita em seu favor a presunção de veracidade da declaração de
pobreza por ela firmada.
Pelo exposto, com base na garantia jurídica que a lei oferece, postula a Parte
Autora a concessão do benefício da justiça gratuita, em todos os seus termos,
a fim que sejam isentos de quaisquer ônus decorrentes do presente feito.

I – DOS FATOS
Luzia da Silva teria de ir a Portugal para participar de um curso de
especialização, com duração de dois meses. 
No primeiro dia do curso haveria uma prova para avaliar os conhecimentos dos
alunos.
Para viajar para Portugal, Luzia teve que comprar uma passagem, a qual
escolheu a empresa Linhas Aéreas Portuguesas Ltda. para poder viajar até seu
destino.
Luzia escolheu por ir antes, com antecedência de dois dias para o seu destino,
tendo assim um tempo melhor para que não tivesse imprevistos que
prejudicassem seu cronograma. 
Contudo o voo foi cancelado por falha da companhia aérea. Após mais de seis
horas no aeroporto sem qualquer assistência, a companhia aérea encaminhou
Luzia a um hotel. Como seu embarque se deu com 48 horas de atraso, chegou
a Portugal atrasada, sem possibilidade de descanso para a realização da prova
inicial. Luiza não poderia deixar de fazer a prova pois implicaria em desistência
do curso.

II. DO DIREITO
 
Ante todo o exposto é notório e indiscutível a má prestação de serviço pela Ré,
seja pelo atraso do voo.
A relação em comento é indiscutivelmente consumerista, na qual se aplica as
normas do CDC. Dessa forma, sabendo que nos termos do art. 14 da Lei
8078/91, a responsabilidade da Ré (fornecedora) pela má prestação do serviço
(transporte aéreo) é objetiva, baseada na teoria do risco da atividade; e ainda,
que a Ré não prestou o serviço a contento (da forma contratada), logo resta
indiscutível o dever da Ré em indenizar o Autor pelos danos sofridos.
Além dos danos materiais sofridos e demonstrados de forma clara
anteriormente, há ainda os danos morais experimentados pelo Autor, que são
verificados, tanto no desamparado da Ré (única responsável por todo o
transtorno) com o Autor; quanto na angústia de poder perder a prova e por ter
cansaço excessivo para conseguir executar a prova com tranquilidade. Enfim, a
situação experimentada pelo Autor, configura de forma clara, latente dano
moral.
Em casos semelhantes à justiça brasileira, é unânime a responsabilização civil
das Companhias Aéreas pelos atrasos ocorridos em seus voos. Assim decide o
Egrégio Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.


TRANSPORTE AÉREO DE PESSOAS. FALHA DO
SERVIÇO. ATRASO EM VOO. REPARAÇÃO POR DANOS
MORAIS. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. QUANTUM INDENIZATÓRIO RAZOÁVEL.
SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1.
O Superior Tribunal de Justiça entende que a
responsabilidade civil das companhias aéreas em decorrência
da má prestação de serviços, após a entrada em vigor da Lei
8.078/90, não é mais regulada pela Convenção de Varsóvia e
suas posteriores modificações (Convenção de Haia e
Convenção de Montreal), ou pelo Código Brasileiro de
Aeronáutica, subordinando-se, portanto, ao Código
Consumerista. (…) 3. Não se mostra exagerada a fixação,
pelo Tribunal a quo, em R$10.000,00 (dez mil reais) a título de
reparação moral em favor da parte agravada, em virtude dos
danos sofridos por ocasião da utilização dos serviços da
agravante, motivo pelo qual não se justifica a excepcional
intervenção desta Corte no presente feito. (…).

Também decide no mesmo sentido, o distinto Tribunal de Justiça de Minas


Gerais:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – TRANSPORTE AÉREO –


CODECON – ATRASO DE VÔO – RESPONSABILIDADE
OBJETIVA DO FORNECEDOR DE SERVIÇOS – DEVER DE
INDENIZAR – DECISÃO QUE SE MANTÉM. É passível de
indenização por dano moral o atraso no vôo causado por
companhia aérea, ainda que ocorrido em virtude de caso
fortuito/força maior, pois a responsabilidade do fornecedor
pelos serviços prestados é objetiva, não podendo ser
imputado ao consumidor os riscos inerentes aos serviços
prestados pela empresa aérea.
 

III. DO DANO MORAL


 
A obrigatoriedade de reparar o dano moral está consagrada na Constituição
Federal, precisamente em seu art.5°, onde a todo cidadão “assegurado o
direito de resposta, proporcionalmente ao agravo, além de indenização por
dano material, moral ou imagem” (inciso V) e também pelo seu inciso X, onde
“são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação.”
 

IV. DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


 
O caso em análise trata-se de típica relação de consumo, onde destacam-se
de forma nítida as figuras de consumidor, fornecedor e produto/serviço.
Tais figuras encontram-se elencadas no Código de Defesa do Consumidor de
forma respectiva, nos artigos 2º, 3º e § 1º, conforme expõe:

Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza


produto ou serviço como destinatário final.

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

III – DO PEDIDO

Ante o exposto, pede e requer o autor a Vossa Excelência:

1) A CITAÇÃO da Ré para comparecer à audiência de conciliação designada,


ciente da possibilidade de sua imediata convolação em audiência de instrução
e julgamento, oportunidade em que poderá apresentar defesa nos termos da
lei; sob pena de sofrer os efeitos da revelia.
2) A CONDENAÇÃO DA RÉ a pagar ao Autor a quantia de R$......... à títulos de
danos morais; 
3) A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII da lei 8078/90.
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos,
especialmente provas documentais.
 
Dá à causa o valor de R$.....
Nestes termos,
pede deferimento.

Cidade, data.

Advogado, assinatura/OAB
.
 

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