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Aposentadoria e Pensão

de servidores: Atualizações
conforme Emenda 103/2019
Regras de Aposentadoria Voluntária
Aplicáveis aos Servidores Civis da União

2
Módulo

Políticas Públicas
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Diretoria de Desenvolvimento Profissional

Conteudista/s
José Guilherme Magalhães e Silva (conteudista, 2022);
Diretoria de Desenvolvimento Profissional.

Enap, 2022
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário 1
Unidade 1: Regras Aplicáveis e as Formas de Cálculo e de Reajuste
dos Proventos................................................................................. 4

1.1 Nova regra de aposentadoria voluntária (artigo 10, §1º, I, da EC nº 103/2019)... 7

1.2 Regras de transição (arts. 4º e 20, da EC nº 103/2019)........................................... 7

1.3 Aposentadoria especial para policiais ..................................................................... 8

1.4 Aposentadoria especial para servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva
exposição a agentes químicos, físicos ou biológicos prejudiciais à saúde, ou associação
desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação . ....... 10

1.5 Aposentadoria especial para professores.............................................................. 12

1.6 Aposentadoria especial para pessoa com deficiência.......................................... 14

Referências ...................................................................................................................... 19

Unidade 2: A Nova "Regra Geral" de Aposentadoria Voluntária


(Artigo 10, §1º, I)...................................................................................21

Referências ...................................................................................................................... 30

Unidade 3: Regras de Transição para Quem Entrou no Serviço


Público Antes da EC n° 103..................................................................31

3.1 Regras da pontuação (art. 4º)................................................................................... 32

3.2 Regras do “pedágio” (art. 20 da EC nº 103/2019)................................................... 37

Referências ...................................................................................................................... 40

Unidade 4: Abono de Permanência....................................................41

Referências ...................................................................................................................... 44
Módulo

2 Regras de Aposentadoria Voluntária


Aplicáveis aos Servidores Civis da União
Nesse módulo, são apresentadas as novas regras de Aposentadoria Voluntária
criadas pela Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019 (BRASIL, 2019), incluindo
os requisitos para concessão, formas de cálculo e de reajuste dos proventos e a
aplicabilidade aos servidores de acordo com seu cargo e sua data de ingresso no
serviço público. Se trata de um assunto importantíssimo e profundamente alterado
pela Reforma da Previdência. Por isso, é necessário que você se atualize sobre as
regras de aposentadoria, tema que pode ser tanto do seu interesse pessoal, quanto
uma pauta constante em suas rotinas funcionais.

Unidade 1: Regras Aplicáveis e as Formas de


Cálculo e de Reajuste dos Proventos

Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de identificar as regras de aposentadoria aplicáveis
ao caso concreto e, dentre tais regras, as formas de cálculo e de reajuste dos proventos.

Imagine o seguinte cenário: você, servidor civil da União, após décadas contribuindo
para a previdência, resolve se informar sobre a aposentadoria. Se informando sobre
o tema, você descobre que se encontram vigentes diversas regras de aposentadoria,
previstas nos arts. 4º, 5º, 10º, 20°, 21° e 22° da Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019
(BRASIL, 2019).

Lendo os parágrafos de cada um desses seis artigos, você descobre que existem
diferentes critérios para obtenção do benefício, além de diferentes formas de cálculo
e de reajuste dos proventos. Nesse cenário, fica fácil se confundir ao tentar entender
quando você poderá se aposentar e quanto irá receber, concorda?

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Medida entre tempo de trabalho e dinheiro recebido.
Fonte: Freepik. Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

A boa notícia é que não é tão difícil identificar as regras aplicáveis ao caso concreto.
Em síntese, você precisa se atentar a dois critérios:

A natureza das atividades realizadas: são previstos requisitos diferenciados


a servidores de determinadas carreiras, como professores da educação infantil
e do ensino fundamental e médio, agentes penitenciários ou socioeducativos e
policiais (exceto militares), bem como servidores cujas atividades sejam exercidas
com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde;

A data de ingresso no serviço público: são previstas regras de transição aos


servidores que ingressaram no serviço público anteriormente à publicação da
Reforma da Previdência (13/11/2019). Nesse caso, são aplicadas formas diferenciadas
de cálculo e reajuste dos proventos a servidores que ingressaram até 31/12/2003 e
que não optaram pelo Regime de Previdência Complementar – RPC.

Para diferenciar as regras e eleger a mais benéfica ao caso concreto, é preciso


estar atento a dois critérios:

A forma de cálculo: cada regra apresenta uma forma de cálculo, em outras


palavras, um valor de referência a ser considerado na composição dos proventos de
aposentadoria. As regras da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019) permitem quatro situações:

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• (I) Proventos calculados de acordo com a totalidade da última remuneração
(aplicável apenas a quem ingressou no serviço público até 31/12/2003 e não
optou pelo RPC);

Isso não quer dizer que, após a aposentadoria, o interessado receberá em


seu contracheque o mesmo valor que recebia enquanto ativo. De acordo
com o art. 4º, §8º, da EC nº 103/2019, é considerado como remuneração "o
valor constituído pelo subsídio, pelo vencimento e pelas vantagens pecuniárias
permanentes do cargo, estabelecidos em lei, acrescidos dos adicionais de caráter
individual e das vantagens pessoais permanentes" (BRASIL, 2019). Não entram
nesse cálculo alguns valores comumente recebidos pelos servidores, tais
como auxílios (alimentação, transporte, moradia etc) e verbas indenizatórias
(diárias, por exemplo).

• (II) Proventos calculados de acordo com 100% da média aritmética das


remunerações adotadas como base para contribuições previdenciárias de
julho/1994 em diante (aplicável apenas a quem ingressou no serviço público
até 13/11/2019);

• (III) Proventos calculados de acordo com 60% da média aritmética das


remunerações adotadas como base para contribuições previdenciárias de
julho/1994 em diante, acrescido de 2% da média para cada ano que exceda
20 anos de contribuição;

• (IV) Proventos calculados de acordo com 100% da média aritmética das


remunerações adotadas como base para contribuições previdenciárias de
julho/1994 em diante, excluídas do cálculo 20% dessas contribuições, sendo
essas excluídas as menores contribuições do período (apenas nas regras do
“direito adquirido”, ou seja, as regras revogadas, mas cujos requisitos foram
cumpridos até 12/11/2019).

A forma de reajuste: se refere ao “gatilho” que irá ensejar reajustes nos proventos
de aposentadoria. Há duas possibilidades:

• (I) Aposentadoria com paridade: proventos revistos na mesma proporção e


na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores
em atividade, sendo também estendidos aos aposentados quaisquer
benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em
atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação
do cargo ou função em que se deu a aposentadoria, na forma da lei (texto
adaptado do art. 7º da EC nº 41/2003) (BRASIL, 2003) (aplicável apenas a
quem ingressou no serviço público até 31/12/2003 e não optou pelo RPC);

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• (II) Aposentadoria sem paridade: proventos reajustados na mesma data e
com o mesmo índice em que se der o reajuste dos benefícios do Regime
Geral de Previdência Social.

A seguir, veja uma breve síntese das diversas regras de aposentadoria voluntária
previstas na EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019), agrupadas de acordo com a extensão de
sua aplicabilidade aos diversos grupos que compõem o funcionalismo público da União.

1.1 Nova regra de aposentadoria voluntária (artigo 10, §1º, I,


da EC nº 103/2019)

Regra aplicável a todos os servidores civis da União, independentemente da data


de ingresso no serviço público. Os proventos são calculados de acordo com 60%
da média aritmética das remunerações adotadas como base para contribuições
previdenciárias de julho/1994 em diante (ou a partir da competência inicial, caso
posterior), acrescido de 2% para cada ano que exceda 20 anos de contribuição. Os
proventos são reajustados na mesma data e com o mesmo índice em que se der o
reajuste dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

Em seu parágrafo segundo o art. 10 da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019) prevê requisitos


diferenciados de aposentadoria para os servidores que exerçam determinadas
atividades, conforme exposto ao longo da presente unidade.

1.2 Regras de transição (arts. 4º e 20, da EC nº 103/2019)

Aos servidores que ingressaram no serviço público até 12 de novembro de 2019


(véspera da publicação da reforma), aplicam-se também regras de transição, que
apresentam requisitos de idade e tempo de contribuição, geralmente menores do
que a regra geral. As formas de cálculo e de reajuste dos proventos variam de acordo
com a data de ingresso no serviço público, conforme quadro abaixo.

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Ingresso no serviço público Forma de cálculo Forma de reajuste

Até 31/12/2003
Art. 4º ou Art. 20: Totalidade da última
Com paridade
remuneração

Entre 01/01/2004 e Art. 4º: 60% do cálculo da média


12/11/2019 aritmética das remunerações adotadas
como base para contribuições
previdenciárias de julho/1994 em
diante (ou a partir da competência
inicial, caso posterior), acrescido de
2% para cada ano de contribuição que Sem paridade
exceder 20 anos de contribuição;
Art. 20: 100% do cálculo da média
aritmética das remunerações adotadas
como base para contribuições
previdenciárias de julho/1994 em
diante (ou a partir da competência
inicial, caso posterior)

Regras de transição arts. 4º e 20, da EC nº 103/2019.


Fonte: Brasil (2019). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

Em relação ao ingresso no serviço público até a data de 31 de dezembro de 2003,


existe uma ressalva, pois ocorre desde que o servidor não tenha optado pelo Regime
de Previdência Complementar (RPC).

Para os professores da educação infantil e do ensino fundamental, os requisitos de


idade e tempo de contribuição (e a pontuação, no caso do art. 4º) são reduzidos em
5 anos para ambas as regras de transição.

1.3 Aposentadoria especial para policiais

A EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019) prevê também a aplicação de requisitos diferenciados


para concessão de aposentadoria a determinados agentes da segurança pública,
dos sistemas prisional e socioeducativo e da polícia legislativa, a saber:

Agente penitenciário ou socioeducativo;


Policial legislativo da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
Policial federal; Policial rodoviário federal; Policial ferroviário federal;
Policial civil.

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Embora a CF88 preveja a figura do Policial ferroviário federal, a carreira até o
momento não foi criada.

A seguir, você verá a regra de transição e, logo depois, a nova regra geral aplicável
aos profissionais arrolados acima, incluindo os requisitos e formas de cálculo e de
reajuste dos proventos. Tais regras se aplicam aos servidores civis, o que exclui
policiais militares, aos quais se aplica regramento próprio.

Regra de Transição – Art. 5º c/c Lei Complementar (LC) nº 51/1985

Forma de cálculo: Totalidade da última remuneração

Forma de reajuste: com paridade

Data-limite para ingresso no cargo: 12/11/2019

Requisitos (em anos) Mulheres Homens

Idade 55

Tempo de contribuição
25 30

Tempo em cargo de natureza


15 20
estritamente policial

Regras de transição Art. 5º c/c Lei Complementar (LC) nº 51/1985.


Fonte: Brasil (1985). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

O art. 5º, §3º, da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019) dispõe que os servidores abarcados
pela referida regra poderão se aposentar com uma idade mínima inferior - 52
anos (mulheres) e 53 anos (homens) - desde que cumprido período adicional de
contribuição (o denominado “pedágio”) correspondente ao tempo que, na data de
entrada em vigor da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019) (13/11/2019), faltaria para atingir
o tempo de contribuição previsto na LC nº 51/1985 (BRASIL, 1985).

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Regra “geral” – art. 10, §2º, I

Forma de cálculo: 60% da média aritmética das remunerações adotadas como base para
contribuições previdenciárias de julho/1994 em diante (ou a partir da competência inicial, caso
posterior), acrescido de 2% para cada ano de contribuição que exceder 20 anos de contribuição.

Forma de reajuste: sem paridade

Data-limite para ingresso no serviço público: Não se aplica

Requisitos (em anos) Mulheres ou Homens

Idade 55

Tempo de contribuição 30

Tempo em cargo de natureza


25
estritamente policial

Regra “geral” – art. 10, §2º, I.


Fonte: Brasil (2019). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

1.4 Aposentadoria especial para servidores cujas atividades sejam


exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos ou
biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes,
vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação

Os servidores públicos federais estão envolvidos com os mais diversos tipos de


atividades necessárias ao desenvolvimento da saúde, educação, saneamento básico,
ciência, tecnologia, etc. Há servidores cujas atividades são especialmente prejudiciais
à saúde, mesmo que sejam adotadas as mais tecnológicas medidas de segurança.
Por conta disso o sistema previdenciário brasileiro prevê a possibilidade de que
esses indivíduos se aposentem mais cedo, podendo se afastar dessas atividades
que, a longo prazo, podem trazer danos consideráveis à saúde.

A EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019) prevê duas regras (uma de transição e uma regra
geral) aplicáveis aos servidores federais cujas atividades sejam exercidas com
efetiva exposição a agentes químicos, físicos ou biológicos prejudiciais à saúde,
ou associação desses agentes, conforme descrito abaixo.

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Regra de Transição – Art. 21 da EC 103/2019 c/c arts. 57 e 58 da Lei 8.213/1991

Forma de cálculo: 60% do cálculo da média aritmética das remunerações adotadas como base
para contribuições previdenciárias de julho/1994 em diante (ou a partir da competência inicial, caso
posterior), acrescido de 2% para cada ano de contribuição que exceder 20 anos de contribuição.

Forma de reajuste: sem paridade

Data-limite para ingresso no serviço público: 12/11/2019

Requisitos 20 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos


no cargo efetivo, além de requisitos variáveis de pontuação
(soma da idade e do tempo de contribuição, em dias) e
tempo de efetiva exposição nos seguintes termos:
I - 66 (sessenta e seis) pontos e 15 (quinze) anos de
efetiva exposição;
II - 76 (setenta e seis) pontos e 20 (vinte) anos de efetiva
exposição; e
III - 86 (oitenta e seis) pontos e 25 (vinte e cinco) anos
de efetiva exposição.

Regra de Transição – Art. 21 da EC nº 103/2019 c/c arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213/1991.


Fonte: Brasil (2019). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

É comum ter dúvidas sobre essa regra, mas o essencial a ser entendido é que: a análise
do grau de “nocividade” das atividades realizadas é feita pelos profissionais competentes,
na forma de legislação específica. Quanto maior for o grau de “nocividade”, menor
serão os requisitos de pontuação e efetiva exposição exigidos.

Regra “geral” – art. 10, §2º, I, da EC 103/2019

Forma de cálculo: 60% do cálculo da média aritmética das remunerações adotadas como base
para contribuições previdenciárias de julho/1994 em diante (ou a partir da competência inicial, caso
posterior), acrescido de 2% para cada ano de contribuição que exceder 20 anos de contribuição.

Forma de reajuste: sem paridade

Data-limite para ingresso no serviço público: Não se aplica

Requisitos (em anos) Mulheres ou homens

Idade 60

Tempo de contribuição em
25
atividade com efetiva exposição

Efetivo serviço público 10

Cargo efetivo 5

Regra de Transição – Art. 21 da EC nº 103/2019 c/c arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213/1991.


Fonte: Brasil (2019). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

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1.5 Aposentadoria especial para professores

A reforma mantém também a possibilidade de que professores ocupantes de


cargo federal se aposentem com menos tempo de contribuição e idade, desde que
comprovem determinado período de efetivo exercício das funções de magistério
na educação infantil e no ensino fundamental e médio. Isso exclui do âmbito de
aplicação os professores do magistério superior.

Conforme exposto anteriormente, as regras de transição previstas nos arts. 4º e 20 da EC


nº 103/2019 (BRASIL, 2019) aplicam-se também aos professores que tenham ingressado
no serviço público até 12 de novembro de 2019, com requisitos diferenciados. Além
disso, o art. 10 prevê requisitos especiais aplicáveis ao referido grupo.

Os quadros abaixo apresentam as formas de cálculo e de reajuste aplicadas a cada


regra de aposentadoria voluntária da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019). Novamente, não
se preocupe em decorar, tente apenas observar a variedade das formas de cálculo e de
reajuste e identificar em qual situação você se enquadra.

Regra de Transição “da pontuação” – Art. 4º da EC nº 103/2019

Forma de cálculo e de reajuste: a) servidor que ingressou até 31 de dezembro de 2003: totalidade
da última remuneração e com paridade (desde que cumprida idade mínima diferenciada exposta
a seguir); b) servidor que ingressou entre 1 de janeiro de 2004 e 12 de novembro de 2019 e
que não optou pelo RPC: 60% do cálculo da média aritmética das remunerações adotadas como
base para contribuições previdenciárias de julho/1994 em diante (ou a partir da competência
inicial, caso posterior), acrescido de 2% para cada ano de contribuição que exceder 20 anos de
contribuição, e sem paridade.

Data-limite para ingresso no serviço público: 31/12/2003 ou 12/11/2019 (ver observações acima)

Requisitos (em anos) Mulheres Homens

Idade (referência: 01/01/2022). 52 57

Tempo de contribuição em
efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil 25 30
e no ensino fundamental e
médio

Efetivo serviço público 20

Cargo efetivo 5

Pontuação (idade + tempo de


contribuição, computados em 84 94
dias) (referência: 01/01/2022)

Regra de Transição “da pontuação” – Art. 4º da EC nº 103/2019.


Fonte: Brasil (2019). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

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Em relação à idade, é preciso tecer duas considerações:

(I) a idade mínima, originalmente, era de 51 anos para mulheres e 56 anos para
homens. Entretanto, o art. 4º, §4º, III, da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019) já deixou
programada a elevação desse requisito para 52 (mulheres) e 57 (homens) anos de
idade a partir de 1 de janeiro de 2022;

(II) caso o professor tenha ingressado no serviço público até 31 de dezembro de


2003 e deseje se aposentar com proventos integrais calculados de acordo com a
totalidade da última remuneração e com paridade, a idade mínima é de 57 anos
para mulheres e 60 anos para homens (§6º, I, do referido dispositivo).

Em relação à pontuação, a reforma prevê a elevação da pontuação mínima, tanto


para homens quanto para mulheres, em um ponto a cada ano, a partir de 1 de janeiro
de 2020, até completar a pontuação de 92 pontos para mulheres e 100 pontos para
homens. Na tabela, foi utilizada como referência o período de 1 de janeiro de 2022
a 31 de dezembro de 2022.

Regra de Transição do “pedágio” – Art. 20 da EC nº 103/2019

Forma de cálculo e de reajuste: a) servidor que ingressou até 31 de dezembro de 2003: totalidade
da última remuneração e com paridade; b) servidor que ingressou entre 01 de janeiro de 2004 a
12 de novembro de 2019 e que não optou pelo RPC: 100% da média aritmética das remunerações
adotadas como base para contribuições previdenciárias de julho/1994 em diante (ou a partir da
competência inicial, caso posterior) e sem paridade.

Data-limite para ingresso no serviço público: 31 de dezembro de 2003 ou 12 de novembro


de 2019 (ver observações acima).

Requisitos (em anos) Mulheres Homens

Idade (referência: 01/01/2022) 52 55

Tempo de contribuição em
efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil 25 30
e no ensino fundamental e
médio

Efetivo serviço público 20

Cargo efetivo 5

Pedágio (período adicional de 100% de pedágio sobre o tempo de contribuição que,


contribuição) em 13/11/2019, faltava para completar os 25 anos
(mulheres) ou 30 anos (homens) de contribuição

Regra de Transição do “pedágio” – Art. 20 da EC nº 103/2019.


Fonte: Brasil (2019). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

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Regra geral – Art. 10 da EC nº 103/2019

Forma de cálculo: 60% da média aritmética das remunerações adotadas como base para
contribuições previdenciárias de julho/1994 em diante (ou a partir da competência inicial, caso
posterior), acrescido de 2% para cada ano de contribuição que exceder 20 anos de contribuição.

Forma de reajuste: sem paridade

Data-limite para ingresso no serviço público: Não se aplica

Requisitos (em anos) Mulheres Homens

Idade 57 60

Tempo de Contribuição em
efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e 25
no ensino fundamental e médio.

Efetivo serviço público 20

Cargo efetivo 5

Regra geral – Art. 10 da EC nº 103/2019


Fonte: Brasil (2019). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

1.6 Aposentadoria especial para pessoa com deficiência

A Reforma da Previdência prevê a possibilidade de que lei complementar do respectivo


ente federativo estabeleça critérios diferenciados de idade mínima e tempo de
contribuição aplicáveis à aposentadoria do servidor com deficiência. Aos servidores civis
da União, enquanto não publicada a lei complementar respectiva, aplicam-se desde já
os requisitos previstos no art. 22 da referida emenda e na Lei Complementar (LC) nº
142/2013 (BRASIL, 2013).

A Lei Complementar nº 142/2013 (BRASIL, 2013) dispõe sobre a concessão de


aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência
Social (RGPS). Entretanto, tendo em vista a ausência de lei regulamentando a questão no
âmbito dos regimes próprios, a referida LC era, mesmo antes da publicação da reforma,
aplicada aos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo, desde que beneficiários de
Mandado de Injunção concedido pelo Supremo Tribunal Federal.

A situação era regulamentada pela Instrução Normativa nº 2/2014 (MPS, 2014), da


Secretaria de Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência Social.
Portanto, anteriormente à publicação da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019), o pedido de
aposentadoria para servidor com deficiência era um procedimento tortuoso, dado que

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havia a necessidade de obter uma ordem judicial. O que o art. 22 da EC nº 103/2019
(BRASIL, 2019) faz, imediatamente no caso dos servidores civis da União, é retirar essa
necessidade de impetração prévia de Mandado de Injunção.

Para fins de aplicação da LC nº 142/2013:

Considera-se pessoa com deficiência “aquela que tem impedimentos de


longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em
interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena
e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”
(BRASIL, 2013, art. 2º).

A avaliação da ocorrência de deficiência e de seu grau (se leve, moderada ou grave)


precisa ser realizada pelos devidos profissionais de perícia médica.

Feitas tais considerações, veja os requisitos para concessão do benefício.

O art. 22 da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019) c/c art. 3º da LC nº 142/2013 (BRASIL, 2013)


prevê como requisitos: 10 anos de efetivo exercício no serviço público, 5 anos no cargo
efetivo em que se der a aposentadoria e um tempo mínimo de contribuição que varia
de acordo com o grau da deficiência, conforme tabela abaixo.

Tempo de Contribuição

Grau da deficiência Mulheres Homens

Grave 20 25

Moderada 24 29

Leve 28 33

Tempo de Contribuição.
Fonte: Brasil (2019). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

É importantíssimo destacar que o tempo de contribuição informado na tabela


acima se refere exclusivamente ao tempo de contribuição na condição de
segurado com deficiência. Caso o segurado venha a tornar-se pessoa com
deficiência posteriormente à filiação ao regime de previdência, devem ser aplicados

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determinados parâmetros de ajuste proporcional, considerando-se o número de
anos em que o segurado exerceu atividade laboral sem deficiência e com deficiência.
Entretanto, sendo o presente objeto de aprendizado voltado ao conhecimento
de termos gerais da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019), esses detalhes não serão
apresentados em profundidade.

Completando os requisitos supracitados, o servidor faz jus à aposentadoria


integral calculada de acordo com 100% da média aritmética dos salários de
contribuição da competência de julho de 1994 (ou do mês da primeira contribuição,
caso posterior) em diante.

Além disso a LC nº 142/2013 (BRASIL, 2013) prevê a possibilidade de aposentadoria


com proventos proporcionais ao tempo de contribuição ao servidor com deficiência,
desde que cumpridos os seguintes requisitos:

Regra proporcional do Art. 3º, IV, da LC nº 142/2013 - Requisitos

Requisitos Mulheres Homens

Idade 55 60

Tempo de Contribuição (com


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deficiência)

Efetivo serviço público 10

Cargo efetivo 5

Regra proporcional para servidores com deficiência - Requisitos.


Fonte: art. 3º, IV, da LC nº 142/2013 (BRASIL, 2013) . Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

Nesse caso, os proventos serão calculados de acordo com 70% da média aritmética
detalhada acima, acrescida de um 1% da média por cada ano de contribuição, até o
limite de 30%.

Por fim, sendo os proventos integrais ou proporcionais, a forma de reajuste será a


mesma: sem paridade, ou seja, reajustados na mesma data e na mesma proporção
dos reajustes concedidos aos aposentados e pensionistas do Regime Geral de
Previdência Social (RGPS).

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Mas e aí? Qual a melhor regra dentre aquelas aplicadas ao meu caso?

Não é possível afirmar que uma determinada forma de cálculo ou de reajuste sempre
vai ser mais vantajosa que as outras. Compete ao interessado se informar, com o
auxílio do órgão competente, sobre as regras aplicáveis e, dentre elas, observando
os critérios destacados, eleger a mais benéfica de acordo com o caso concreto.

Exemplo 1
Evandro ingressou no serviço público em 2006, mas já havia trabalhado na iniciativa
privada e contribuído por muito tempo para o Regime Geral de Previdência Social
(RGPS). Esse período foi devidamente averbado em seu órgão. Em janeiro de 2021,
já tendo completado os requisitos, Evandro decide se aposentar. Conversando com
colegas, ele acredita que o melhor cenário é se aposentar nos termos do art. 20, §2º, I,
da EC nº 103/2019, com proventos integrais calculados de acordo com a totalidade da
última remuneração e com paridade. Evandro poderá se aposentar nesses termos?

Resposta Exemplo 1: Não. A regra do art. 20, §2º, I, da EC nº 103/2019 (bem como as demais
regras que permitem tais formas de cálculo e de reajuste) é aplicável, exclusivamente, a
quem ingressou no serviço público até 31/12/2003 e não optou pelo RPC.

Exemplo 2
Diego ingressou na carreira pública em fevereiro de 2005, como Assistente em
Administração, em uma universidade federal. Diego foi lotado no almoxarifado do Centro
Pedagógico, uma unidade da instituição voltada ao ensino fundamental. Na mesma data,
Lúcia ingressou nessa mesma unidade, também em seu primeiro cargo público, como
professora do ensino fundamental, exercendo efetivas funções de magistério. Ambos
permaneceram nesses mesmos cargos e unidade ao longo de toda a carreira funcional.
Em abril de 2021, Lúcia cumpre os requisitos da regra de aposentadoria prevista no art.
20, §§1º e 2º, II, da EC nº 103/2019 (aposentadoria voluntária, com proventos calculados
de acordo com 100% da média aritmética e sem pontuação) e decide se aposentar,
tendo seu pedido deferido. Diego, observando o caso da colega da mesma unidade e
mesma data de ingresso no serviço público, requer a concessão de aposentadoria nos
mesmos termos. O pedido de Diego deve ser deferido?

Resposta Exemplo 2: Não. A regra do art. 20, §§1º e 2º, II, da EC nº 103/2019 é
de aplicação exclusiva aos titulares de cargo de professor federal, que exerçam
efetivas atividades de magistério na educação infantil e no ensino fundamental
e médio por determinado período. Diego, Assistente em Administração, não se
enquadra em tais funções.

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Ao chegar até aqui você finalizou o estudo desta unidade! Em caso de dúvidas,
reveja o conteúdo.

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Referências

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro


de 2019. Altera o sistema de previdência social e estabelece regras de transição
e disposições transitórias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 13 nov. 2019.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/
emc103.htm. Acesso em: 25 jan. 2022.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de


2003. Modifica os arts. 37, 40, 42, 48, 96, 149 e 201 da Constituição Federal, revoga
o inciso IX do § 3 do art. 142 da Constituição Federal e dispositivos da Emenda
Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, e dá outras providências. Diário
Oficial da União. Brasília, DF, 31 dez. 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc41.htm. Acesso em: 25 jan. 2022.

. BRASIL. Lei nº 4878, de 03 de dezembro de 1965. Dispõe sôbre o regime jurídico


peculiar dos funcionários policiais civis da União e do Distrito Federal. Diário Oficial
da União. Brasília, DF, 06 dez. 1965. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l4878.htm. Acesso em: 26 jan. 2022.

BRASIL. Lei Complementar nº 142, de 08 de maio de 2013. Regulamenta o § 1º do art.


201 da Constituição Federal, no tocante à aposentadoria da pessoa com deficiência
segurada do Regime Geral de Previdência Social - RGPS. Diário Oficial da União.
Brasília, DF, 09 maio 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
lcp/lcp142.htm. Acesso em: 26 jan. 2022.

BRASIL. Lei Complementar nº 51, de 20 de dezembro de 1985. Dispõe sobre a


aposentadoria do funcionário policial, nos termos do art. 103, da Constituição
Federal. Dispõe sobre a aposentadoria do servidor público policial, nos termos
do § 4º do art. 40 da Constituição Federal. Diário Oficial da União. Brasília, DF,
23 dez. 1985. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp51.
htm#:~:text=LEI%20COMPLEMENTAR%20N%C2%BA%2051%2C%20DE%2020%20
DE%20DEZEMBRO%20DE%201985&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20
aposentadoria%20do,103%2C%20da%20Constitui%C3%A7%C3%A3o%20Federal..
Acesso em: 26 jan. 2022.

BRASIL. Lei nº 8213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da


Previdência Social e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 14
ago. 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm.
Acesso em: 25 jan. 2022.

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BRASIL. Advocacia-Geral da União. Parecer nº JL - 04, de 9 de junho de 2020. Diário
Oficial da União. Brasília, DF, 17 jun. 2020. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/AGU/Pareceres/2019-2022/PRC-JL-04-2020.htm.

MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - MPS. Instrução Normativa nº 2, de 13 de


fevereiro de 2014. Estabelece instruções para o reconhecimento, pelos Regimes
Próprios de Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, do direito dos servidores públicos com deficiência, amparados por ordem
concedida em Mandado de Injunção, à aposentadoria com requisitos e critérios
diferenciados de que trata o § 4º, inciso I, do art. 40 da Constituição Federal. Diário
Oficial da União. Brasília, DF, 17 fev. 2014. Disponível em: http://sa.previdencia.
gov.br/site/2013/05/INSTRU%C3%87%C3%83O-NORMATIVA-SPPS-n%C2%BA-02-
de-13fev2014-publicada.pdf. Acesso em: 26 jan. 2022.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante nº 33. Aplicam-se ao servidor


público, no que couber, as regras do regime geral da previdência social sobre
aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal,
até a edição de lei complementar específica. [S Brasília, DF, 09 de abril de 2014. Diário
da Justiça Eletrônico. Brasília, 24 abr. 2014. Disponível em: https://jurisprudencia.stf.
jus.br/pages/search/seq-sumula784/false. Acesso em: 27 jan. 2022.

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Unidade 2: A Nova "Regra Geral" de Aposentadoria
Voluntária (Artigo 10, §1º, I)

Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os requisitos e as formas de cálculo
e de reajuste dos proventos da principal regra de aposentadoria voluntária criada pela
Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019 (BRASIL, 2019a).

Por que é chamada de “regra geral”?

A Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019 (BRASIL, 2019a) prevê a possibilidade de


aplicação de regras por ela revogadas, como por exemplo, as regras do art. 3º da
EC nº 47/2005 (BRASIL, 2005) e do art. 6º da EC nº 41/2003 (BRASIL, 2003), desde
que cumpridos todos os requisitos legais até 12 de novembro de 2019 (véspera da
publicação da Reforma da Previdência). Esse é o chamado “direito adquirido”. Além
disso, a EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a) prevê regras de transição (presentes nos
arts. 4º, 5º, 20 e 21), com requisitos e forma de cálculo diferenciadas, aplicáveis aos
servidores que ingressaram no serviço público até 31 de dezembro de 2003 ou até
12 de novembro de 2019, conforme o caso.

Entretanto, existe também uma regra que, por seus requisitos e forma de cálculo,
reflete o intuito dos legisladores ao reformar a previdência, sendo aplicável aos
servidores independentemente da data de ingresso no serviço público. Tal regra se
encontra prevista no artigo 10 da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a) e, pela amplitude
de sua aplicabilidade e seu significado, será chamada aqui de regra geral de
aposentadoria voluntária.

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Tipos de regras de aposentadoria de acordo com sua aplicabilidade

Tipo de regra Previsão na EC n.º 103/2019 Aplicabilidade

Direito adquirido Servidor que tenha


Art. 3º, caput e §1º cumprido todos os requisitos
legais até 12/11/2019

Regras de transição Aplicável ao servidor que


tenha ingressado no serviço
Arts. 4º, 5º, 20 e 21
público até determinada data
(31/12/2003 ou 12/11/2019)

Regra para pessoa Apenas servidor


com deficiência Art. 22
com deficiência

Regra geral
Art. 10 Qualquer servidor

Tipos de regras de aposentadoria de acordo com sua aplicabilidade.


Fonte: Brasil (2019a). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

Requisitos gerais da regra do art. 10, §1º, I, da EC nº 103/2019

Por meio da Exposição de Motivos 29, de 20/02/2019, o Ministro da Economia, Paulo


Guedes afirmou que um dos objetivos da Reforma da Previdência é adequar os
requisitos para aposentadoria ao processo de transformação demográfica pelo qual
passa o Brasil). Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a expectativa de vida do brasileiro em 2019 era de 76,6, um aumento de 31,1
anos em relação a 1940 (BRASIL, 2019). Ou seja, os brasileiros têm vivido mais, o que
leva a um maior número de dependentes de benefícios previdenciários, que tendem
a permanecer mais tempo nessa condição.

Ao mesmo tempo, percebe-se uma redução da fecundidade, o que resulta em


uma ameaça à sustentabilidade do sistema previdenciário, vez que, nos termos
anteriormente vigentes, o número de contribuintes tenderia a se tornar menor que
o número de beneficiários eventualmente.

Em face de tal ameaça, a EC nº 103/2019 atualiza a idade mínima para concessão de


aposentadorias, além de redefinir os demais requisitos.

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Idade mínima para concessão de aposentadoria.
Fonte:Freepik. Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

Anteriormente à publicação da Reforma da Previdência, era prevista a concessão de


aposentadoria integral (com proventos calculados de acordo com 100% da média
aritmética das contribuições previdenciárias de julho de 1994 em diante, excluídas as
20% menores) aos servidores civis da União aos 55 anos de idade (mulheres) ou 60
(homens) , desde que cumpridos os demais requisitos (tempo de contribuição, tempo
de serviço público e tempo no cargo). Além disso, aos servidores que contribuíssem até
uma idade um pouco mais avançada (60 anos de idade para mulheres e 65 anos para
homens), era possível a concessão de uma aposentadoria com proventos proporcionais,
contados em dias de contribuição e a partir da mesma base de cálculo da regra integral.

Antiga “regra geral” de aposentadoria voluntária (art. 40, §1º, III, “a” e
“b” da CF88, com redação dada pelas ECs nº 20/1998 e 41/2003)

Requisitos Aposentadoria proporcional


Aposentadoria integral
ao tempo de contribuição

Idade 55 (mulheres) / 60 (homens) 60 (mulheres) / 65 (homens)

Tempo de contribuição 30 (mulheres / 35 (homens) Não se aplica

Serviço público 10 10

Cargo efetivo em que se


5 5
der a aposentadoria

Antiga “regra geral” de aposentadoria voluntária.


Fonte: Brasil (2003). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

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O art. 10, §1º, I, da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a) altera a lógica dos requisitos
mínimos. Agora os servidores poderão se aposentar com idade mínima de 62 anos
(mulheres) ou 65 anos (homens), desde que cumpridos 25 anos de contribuição
(não há mais distinção entre homens e mulheres quanto a este requisito), 10 anos
de efetivo serviço público e 5 anos no cargo efetivo em que se der a aposentadoria.

Nova “regra geral” de aposentadoria voluntária (art. 10, §1º, I, da EC nº 103/2019)

Requisitos Tempo mínimo em anos

Idade 62 (mulheres) / 65 (homens)

Tempo de contribuição 25

Serviço público 10

Cargo efetivo em que se


5
der a aposentadoria

Nova “regra geral” de aposentadoria voluntária.


Fonte: Brasil (2019a). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

• Tais requisitos são aplicados ao RPPS dos servidores civis da União


imediatamente, enquanto não sobrevier lei complementar definindo os
requisitos de tempo de contribuição, serviço público e cargo efetivo (a idade
deve ser prevista na Constituição).

• Aplicam-se às aposentadorias dos servidores dos estados, do Distrito


Federal e dos municípios as normas constitucionais e infraconstitucionais
anteriores à data de entrada em vigor da reforma, enquanto não forem
promovidas alterações na legislação interna relacionada ao respectivo
regime próprio de previdência social. A idade deve ser prevista em
Constituição Estadual ou Lei Orgânica do Município, enquanto os demais
requisitos serão regulamentados por lei complementar do respectivo ente.

Não há mais uma divisão entre aposentadoria voluntária “integral” e


“proporcional”. Cumpridos os requisitos supracitados, o servidor já faz jus a um
determinado percentual da média aritmética das remunerações utilizadas como
base para as contribuições (há também uma nova base de cálculo, explicada a
seguir), podendo solicitar a aposentadoria com base nesse percentual ou optar
por permanecer na ativa e aumentar o percentual da média a ser incorporado à
aposentadoria em dois pontos a cada ano trabalhado a mais (respeitada também a
idade máxima para Aposentadoria Compulsória, que é de 75 anos).

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Forma de cálculo
Anteriormente à publicação da Emenda Constitucional nº 103/2019 (BRASIL, 2019a),
a “regra geral”, determinada no art. 40, §1º, III, “a” e “b”, da Constituição Federal a partir
da redação dada pela EC nº 20/1998 (BRASIL, 1998) e pela EC nº 41/2003 (BRASIL,
2003), previa como base de cálculo dos proventos a média aritmética dos salários e
remunerações utilizadas como base para as contribuições a partir da competência
de julho de 1994 (ou a partir do início das contribuições, caso posterior), excluídas
20% destas contribuições que fossem as menores dentre todas elas. O servidor fazia
jus a 100% dessa média, caso cumpridos os requisitos previstos na alínea “a”, ou à
uma proporção calculada em dias de contribuição, caso de enquadrasse na alínea
“b” do referido dispositivo constitucional.

A Reforma da Previdência alterou a forma de cálculo.

Nos termos no art. 26, caput e §2º, II, da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a), a regra de
aposentadoria voluntária prevista no art. 10, §1º, I, da referida emenda é calculada
da seguinte forma:

60% (sessenta por cento) da média aritmética dos salários de contribuição


e das remunerações adotados como base para contribuições (atualizados
monetariamente), com acréscimo de 2 (dois) pontos percentuais para
cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 (vinte) anos de
contribuição. (BRASIL, 2019a, art. 26, §2º)

Conforme se vê, a nova forma de cálculo considera todas as contribuições a partir


da competência de julho de 1994 (ou a partir do início das contribuições, caso
posterior), sem desconsiderar as 20% menores. Além disso, caso não se atinja 100%
da média aritmética, o cálculo do percentual de proventos será feito em anos, e não
mais em dias de contribuição.

Conforme se vê, a base de cálculo do benefício são os salários e remunerações


adotadas como base para contribuições, apenas da competência de julho de 1994
em diante, ou desde o início da contribuição se posterior àquela competência.
Noutras palavras, são computados aqui os valores remuneratórios sobre os quais
incidiu contribuição previdenciária, o que exclui valores indenizatórios, diárias, etc.
Além disso, não são consideradas contribuições anteriores a julho de 1994.

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Diferenças entre a base de cálculo da antiga e da atual
regra geral de aposentadoria voluntária

Regra (dispositivo legal) Base de cálculo

Art. 40, §1º, III, “a” e “b” Média aritmética das remunerações utilizadas como
da CF88, com redação base para as contribuições a partir da competência de
dada pelas ECs n.º 20/1998 julho de 1994 (ou a partir do início das contribuições,
e 41/2003 (vigência
até 12/11/2019) caso posterior), excluídas 20% destas contribuições
que sejam as menores dentre todas elas.

Art. 10, §1º, I, da EC n.º Média aritmética de todas as remunerações utilizadas como
103/2019 (vigência a base para as contribuições a partir da competência de julho de
partir de 13/11/2019) 1994 (ou a partir do início das contribuições, caso posterior)

Diferenças entre a base de cálculo da antiga e da atual regra geral de aposentadoria voluntária.
Fonte: Brasil (1998; 2003; 2019a). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

A média aritmética é obtida mediante a soma de todos os valores, seguido da divisão


do resultado da soma pelo número de dados desse conjunto.

Após definir a base de cálculo, é preciso identificar o percentual da média aritmética


ao qual o servidor faz jus . Esse cálculo é feito de acordo com o tempo de contribuição
em anos. Com 20 anos de contribuição, teoricamente, o servidor já faz jus a 60% da
média aritmética. A cada ano completo de contribuição que exceder esses 20 anos,
ele faz jus a mais 2% da média aritmética. A tabela abaixo apresenta essa evolução.

Tempo de contribuição Percentual da média aritmética

20* 60

21* 62

22* 64

23* 66

24* 68

25 70

26 72

27 74

28 76

29 78

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26
30 80

31 82

32 84

33 86

34 88

35 90

36 92

37 94

38 96

39 98

40 100

Tempo de contribuição x Percentual da média aritmética.


Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

Atenção!*

É importante registrar que, dentre os requisitos para concessão da


regra do art. 10, §1º, I, da EC nº 103/2019 se encontra o tempo mínimo de
25 (vinte e cinco) anos de contribuição. Portanto, embora um servidor
com 20 anos de contribuição já faça jus à 60% da média aritmética,
ele ainda não poderá se aposentar, eis que não estará preenchido
o supracitado requisito. Ou seja, na prática, os beneficiários dessa
regra de aposentadoria voluntária vão se aposentar com, no mínimo,
70% da média aritmética.

Veja um exemplo: Pedro tem 67 anos de idade, 30 anos de contribuição, 20 anos de


efetivo serviço público e 20 anos no cargo em que deseja se aposentar.

• Pedro já pode optar pela regra do art. 10, §1º, I, da EC n.º 103/2019?
Resposta: Sim, pois já foram cumpridos os quatro requisitos.

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• Pedro, nas atuais condições, faz jus à qual percentual da média aritmética?
Resposta: Com 20 anos de contribuição, Pedro já faria jus à 60% da média.
Mas Pedro possui 30 anos de contribuição, ou seja, 10 a mais do que o
requisito de referência. Cada ano a mais, garante a Pedro dois pontos
percentuais a mais. Tendo em vista que 10 x 2 = 20, Pedro faz jus aos 60
pontos percentuais acrescidos de mais 20 pontos percentuais. Portanto,
Pedro faz jus a 80% da média.

• Quanto tempo Pedro ainda precisaria trabalhar para alcançar 100% da


média aritmética nessa regra?
Resposta: Tendo 30 anos de contribuição, Pedro, em tese, precisaria
contribuir mais 10 anos para alcançar os 40 anos de contribuição, e assim
fazer jus a 100% da média. Entretanto, nesse meio tempo Pedro alcançaria
os 75 anos idade, data em que a administração pública teria o dever de
proceder, ainda que de ofício, à concessão de Aposentadoria Compulsória.

Para fixar ainda melhor a questão da forma de cálculo, tente, sem olhar a tabela
anterior, responder os valores de X, Y e Z na tabela abaixo:

Tempo de contribuição Percentual da média aritmética

25 70

28 X

30 80

Y 86

40 Z

Cálculo de Tempo de contribuição x Percentual da média aritmética.


Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

Resposta:
“X” é igual a 76 (um servidor com 28 anos de contribuição, cumpridos os demais
requisitos, faz jus a 76% da média);

“Y” é igual a 33 (para fazer jus a 86% da média, o servidor deve ter 33 anos de
contribuição e cumprir os demais requisitos);

“Z” é igual a 100 (com 40 anos de contribuição, cumpridos os demais requisitos, o


servidor faz jus a 100% da média).

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Forma de reajuste
Em relação à forma de reajuste, não há novidades. Em caso de aposentadoria
voluntária nos termos do art. 10, §º, I, da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a), os proventos
são reajustados nos termos estabelecidos para o Regime Geral de Previdência
Social. Noutras palavras, os reajustes seguiram os índices e percentuais aplicados
aos reajustes das aposentadorias e pensões do RGPS, sendo assim uma regra de
aposentadoria sem paridade (os reajustes dos proventos de aposentadoria não
acompanham os reajustes concedidos aos servidores ativos)

É importante relembrar que, aos servidores que ingressaram no


serviço público até 31/12/2003, que não tenham optado pelo Regime
de Previdência Complementar (RPC), e que tenham cumpridos todos
os requisitos para determinadas regras de aposentadoria voluntária
(exemplos: art. 6º da EC nº 41/2003; art. 3º da EC nº 47/2005) até
12/11/2019 (véspera da publicação da EC nº 103/2019), é possível aplicar
uma outra forma de reajuste dos proventos, denominada “paridade”,
que consiste na revisão dos proventos na mesma proporção e data
em que forem reajustados os benefícios dos servidores ativos.

Caso surjam dúvidas, retorne para uma releitura dos tópicos de interesse. Bons estudos!

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Referências

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro


de 2019. Altera o sistema de previdência social e estabelece regras de transição
e disposições transitórias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 13 nov. 2019a.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/
emc103.htm. Acesso em: 25 jan. 2022.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de


1998. Modifica o sistema de previdência social, estabelece normas de transição e dá
outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 16 dez. 1998. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm.
Acesso em: 27 jan. 2022.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de


2003. Modifica os arts. 37, 40, 42, 48, 96, 149 e 201 da Constituição Federal, revoga
o inciso IX do § 3 do art. 142 da Constituição Federal e dispositivos da Emenda
Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, e dá outras providências. Diário
Oficial da União. Brasília, DF, 31 dez. 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc41.htm. Acesso em: 25 jan. 2022.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 47, de 05 de julho de


2005. Altera os arts. 37, 40, 195 e 201 da Constituição Federal, para dispor sobre
a previdência social, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília,
DF, 06 jul. 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
emendas/emc/emc47.htm. Acesso em: 25 jan. 2022.

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tábua completa de


mortalidade para o Brasil – 2019. Breve análise da evolução da mortalidade
no Brasil. Rio de Janeiro, RJ, 2019. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/
visualizacao/periodicos/3097/tcmb_2019.pdf. Acesso em: 08 fev. 2022

BRASIL. Ministério da Economia. Exposição de Motivos nº 00029, de 20 de fevereiro


de 2019. 2019b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/
ExpMotiv/REFORMA%202019/ME/2019/00029.htm. Acesso em: 25 jan. 2022.

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Unidade 3: Regras de Transição para Quem Entrou
no Serviço Público Antes da EC n° 103

Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os requisitos e as formas de cálculo e
de reajustes dos proventos das regras de transição previstas pela Emenda Constitucional
(EC) nº 103/2019 (BRASIL, 2019a).

Em um contexto de transformação da pirâmide demográfica brasileira, marcado


pelo envelhecimento da população, pela elevação da expectativa de vida e pela
redução das taxas de mortalidade e fecundidade, a Reforma da Previdência busca
assegurar a sustentabilidade do sistema de proteção.

Com o intuito de promover uma proporção sustentável entre o número de


beneficiários e o número de contribuintes dos regimes próprios de previdência, a
Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019 (BRASIL, 2019a) apresenta uma nova “regra
geral” (art. 10, §1º, I, da referida EC), a qual se submetem os indivíduos que ingressem
no serviço público a partir de 13/11/2019, e aplicável também aos servidores que
ingressaram anteriormente, caso assim desejem.

A regra do art. 10, §1º, I, da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a) apresenta requisitos de idade
mais elevada e, além disso, exige 40 anos de contribuição para que o servidor possa
se aposentar com 100% da média aritmética das remunerações de contribuições.

Entretanto, para preservar a expectativa de direitos dos servidores já vinculados ao


RPPS, a EC nº 103/2019 prevê regras de transição, que incluem requisitos e formas
de cálculo e de reajuste de proventos diferenciados, aplicáveis a quem ingressou
no serviço público anteriormente a 13/11/2019 (data de publicação da emenda). A
partir de agora, você irá conhecer essas regras!

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31
3.1 Regras da pontuação (art. 4º)

O artigo 4º da Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019 (BRASIL, 2019a) prevê duas


regras de aposentadoria voluntária cujos requisitos para concessão talvez sejam os
mais complexos do novo regramento. Há requisitos fixos (tempo de contribuição, de
efetivo serviço público e tempo no cargo) e requisitos que variam ao longo dos anos
posteriores à publicação da reforma (idade, e pontuação), conforme tabelas abaixo.

É possível dividir o art. 4º em duas regras, que diferem entre si no que tange aos
requisitos legais, aplicabilidade, forma de cálculo e de reajuste dos proventos.

A EC nº 103/2019 prevê requisitos diferenciados para concessão de


aposentadoria voluntária nos termos do art. 4º ao titular do cargo
de professor que comprovar exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio.

3.1.1 Art. 4º, §6º, I (proventos integrais calculados de acordo com a totalidade da
última remuneração e com paridade)

A) Aplicação
Tal regra é aplicável aos servidores que tenham ingressado no serviço público até
31/12/2003 e não tenham optado pelo Regime de Previdência Complementar (RPC);

B) Requisitos

Requisitos da regra de transição prevista no art. 4º, §6º, I,


da EC nº 103/2019 (referência: 01/01/2022)

Requisito Mulher Homem

Idade 62 65

Tempo de contribuição 30 35

Pontuação - somatório da idade e do tempo de contribuição (calculados em


89 99
dias), incluídas as frações (referência: 01/01/2022) (ver observações a seguir)

Efetivo serviço público 20

Cargo efetivo em que se der a aposentadoria 5

Requisitos da regra de transição prevista no art. 4º, §6º, I, da EC n.º 103/2019.


Fonte: Brasil (2019a). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

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32
Sobre o requisito da pontuação, é preciso fazer uma série de considerações.

• Originalmente, as pontuações mínimas para mulheres e homens eram,


respectivamente, 86 e 96. Entretanto, o próprio art. 4º prevê a elevação da
pontuação em um ponto a cada ano a partir de 01/01/2020. Aqui, utilizamos
como referência 01/01/2022. Essa pontuação necessária vai subir um ponto a
cada ano, sempre em 1º de janeiro, até atingir o limite de 100 pontos para
mulheres e 105 pontos para homens. Veja a seguinte tabela:

Evolução do requisito “pontuação” (soma da idade e tempo de


contribuição) da regra do art. 4º, §6º, I, da EC nº 103/2019

Mulher Homem

2019 86 96

2020 87 97

2021 88 98

2022 89 99

2023 90 100

2024 91 101

2025 92 102

2026 93 103

2027 94 104

2028 95 105

2029 96 105

2030 97 105

2031 98 105

2032 99 105

2033 100 105

Evolução do requisito “pontuação” da regra do art. 4º, §6º, I, da EC n.º 103/2019.


Fonte: Brasil (2019a). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

• Conforme você pode ver, em 2028 a elevação da pontuação aplicada aos homens
chega ao patamar máximo (105 pontos), se estabilizando. Por sua vez, a elevação
da pontuação máxima aplicada às mulheres é alcançada em 2033 (100 pontos).

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• É importante destacar que, na Exposição de Motivos nº 29/2019/ME (BRASIL,
2019b), o Ministro da Economia, Paulo Guedes, esclarece que a pontuação "poderá
sofrer alterações a depender do aumento da expectativa de sobrevida".

• Para fins de cômputo da pontuação, devem ser consideradas as frações de anos


de contribuição e de idade. Para tanto, a idade e o tempo de contribuição devem
ser convertidos em dias.

C) Forma de cálculo
A regra prevista no art. 4º, §6º, I, da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a) tem proventos
calculados de acordo com a totalidade da última remuneração.

De acordo com o art. 4º, §8º, da EC nº 103/2019, é considerado como remuneração:

“o valor constituído pelo subsídio, pelo vencimento e pelas vantagens


pecuniárias permanentes do cargo, estabelecidos em lei, acrescidos dos
adicionais de caráter individual e das vantagens pessoais permanentes”
(BRASIL, 2019a, art. 4º; §8º).

Não entram nesse cálculo alguns valores comumente recebidos pelos servidores,
tais como auxílios (alimentação, transporte, moradia etc) e verbas indenizatórias
(diárias, por exemplo).

D) Forma de reajuste
Se trata de regra com paridade, ou seja, com proventos revistos na mesma
proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores
em atividade, sendo também estendidos aos aposentados quaisquer benefícios ou
vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando
decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a
aposentadoria, na forma da lei (texto adaptado de BRASIL, 2003, art. 7º).

3.1.2 Art. 4º, §6º, II (proventos calculados de acordo com 60% da média
aritmética, acrescidos de 2% para cada ano de contribuição que ultrapassar
20 anos, e sem paridade)

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A) Aplicação
Essa regra é aplicada aos servidores que ingressaram no serviço público anteriormente
à publicação da Reforma da Previdência, ou seja, até 12/11/2019;

B) Requisitos

Requisitos da regra de transição prevista no art. 4º, §6º, II,


da EC nº 103/2019 (referência: 01/01/2022)

Requisito Mulher Homem

Idade (a partir de 01/01/2022) (ver observações a seguir*) 57 62

Tempo de contribuição 30 35

Pontuação - somatório da idade e do tempo de contribuição


(calculados em dias), incluídas as frações (referência: 01/01/2022) 89 99
(ver observações a seguir**)

Efetivo serviço público 20

Cargo efetivo em que se der a aposentadoria 5

Requisitos da regra de transição prevista no art. 4º, §6º, Il, da EC n.º 103/2019.
Fonte: Brasil (2019a). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

*Até 31 de dezembro de 2021, as idades mínimas para mulheres e homens eram, respectivamente,
56 e 61 anos. Por força do art. 4º, §1º, da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a), esses requisitos foram
elevados, nos termos da tabela. Diferentemente do que foi previsto para o requisito pontuação,
conforme exposto a seguir, para o requisito “idade” a Reforma da Previdência não prevê uma elevação
anual, mas sim uma alteração única em 1 de janeiro de 2022.

**Em relação à pontuação, aplicam-se aqui as mesmas observações feitas quando da análise da
regra prevista no art. 4º, §6º, I, da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a).

C) Forma de cálculo
A regra prevista no art. 4º, §6º, II, da EC n.º 103/2019 (BRASIL, 2019a) tem proventos
calculados de acordo com 60% do cálculo da média aritmética das remunerações
adotadas como base para contribuições previdenciárias de julho/1994 em diante (ou
a partir da competência inicial, caso posterior), acrescido de 2% para cada ano que
exceda 20 anos de contribuição.

D) Forma de reajuste
Se trata de regra de aposentadoria sem paridade, ou seja, os proventos são
reajustados na mesma data e com o mesmo índice em que se der o reajuste dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

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35
Quem pode mais, pode menos. Ou seja, os servidores que ingressaram
até 31 de dezembro de 2003 e que cumpriram os demais requisitos
para a regra prevista no art. 4, §6º, I, da EC nº 103/2019, podem optar
também pela regra do inciso II, caso julguem mais interessante.
Entretanto, cada regra de aposentadoria é um “combo” (forma de
cálculo + forma de reajuste). Portanto o interessado não pode formar
uma nova regra de aposentadoria, misturando a forma de cálculo
com a forma de reajuste que julgar mais interessantes.

Para ajudar a fixar as lições, analise o estudo de caso, contando com o apoio das
tabelas anteriores.

Estudo de caso
Lúcia é servidora civil da União, tendo ingressado no serviço público em 2005
como Assistente em Administração, permanecendo no mesmo cargo desde
então. Em 23 de junho de 2025, Lúcia completou 57 anos de idade. Desejando se
aposentar já nessa data, nos termos do art. 4º da EC nº 103/2019, Lúcia gostaria de
saber quais outros requisitos ela precisa comprovar para obter o benefício (tempo
de contribuição, pontuação, efetivo serviço público e tempo no cargo).

Resposta:
• Inicialmente, pela data de ingresso no serviço público (posterior à 31 de dezembro
de 2003), já não se aplica à Lúcia a regra prevista no art. 4º, §6º, I, da EC nº 103/2019
(totalidade da última remuneração e paridade);

• Além disso, pelo cargo, não se aplicam os requisitos especiais de concessão


reservados a professores da educação infantil e do ensino fundamental e médio;

• É possível notar que Lúcia já completou o requisito idade (57 anos para mulheres
a partir de 1 de janeiro de 2022);

• Além disso, Lúcia precisará comprovar, como requisitos fixos, 20 anos de efetivo
serviço público e 5 anos no cargo efetivo em que deseja se aposentar;

• Em tese, Lúcia precisaria comprovar 30 anos de contribuição. Entretanto, na prática,


pode ser necessário comprovar um período maior de contribuição, tendo em vista
o requisito de pontuação;

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36
• A análise mais complexa, portanto, é a pontuação mínima. Conforme tabela
acima, em 2025 a pontuação aplicada às mulheres é de 92 pontos. Tendo
em vista que Lúcia possui 57 anos de idade, ela precisa completar essa
pontuação com 35 anos de contribuição, eis que 92-57=35;

• Assim, além dos 57 anos de idade, Lúcia precisa comprovar 92 pontos


(e, consequentemente, 35 anos de contribuição), 20 anos de serviço
público e 5 anos no cargo.

3.2 Regras do “pedágio” (art. 20 da EC nº 103/2019)

A EC nº 103/2019 prevê mais duas regras de transição em seu art. 20. Essas regras,
embora apresentem requisitos iguais (ver tabela abaixo), diferem uma da outra no
que tange à aplicabilidade (data-limite para ingresso no serviço público), formas de
cálculo e de reajuste dos proventos.

Regras de transição “com pedágio” (art. 20 da EC nº 103/2019)

Regra Data-limite para


Forma de
ingresso no Forma de cálculo
reajuste
serviço público

Art. 20, §2º, I 31/12/2003 Totalidade da última remuneração Com paridade

Art. 20, §2º, II 100% do cálculo da média aritmética


das remunerações adotadas
como base para contribuições
12/11/2019 Sem paridade
previdenciárias de julho/1994 em
diante (ou a partir da competência
inicial, caso posterior)

Regras de transição “com pedágio”.


Fonte: Brasil (2019a). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

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Requisitos das regras de transição previstas no art. 20º, §2º, I e II, da EC nº 103/2019

Requisito Mulher Homem

Idade 57 60

Tempo de contribuição 30 35

Pedágio (período adicional de 100% de pedágio sobre o tempo de contribuição


contribuição) que, em 13/11/2019, faltava para completar os 30
anos de contribuição (mulher) ou 35 (homem)

Efetivo serviço público 20

Cargo efetivo em que se


5
der a aposentadoria

Requisitos das regras de transição previstas no art. 20º, §2º, I e II, da EC nº 103/2019.
Fonte: Brasil (2019a). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

Em síntese, o servidor que tenha ingressado no serviço público até 31/12/2003 e


que não tenha optado pelo RPC, poderá, ao completar os requisitos detalhados
acima, se aposentar, nos termos do art. 20, §2º, I, da EC nº 103/2019 (BRASIL,
2019a), com proventos integrais calculados de acordo com a totalidade da
última remuneração e com paridade.

Por outro lado, o servidor que tenha ingressado no serviço público de 01/01/2004 a
12/11/2019, ou que tenha ingressado anteriormente mas optado pelo RPC, ao
completar os requisitos supracitados, poderá se aposentar, nos termos do art. 20,
§2º, II, da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a), com proventos integrais calculados
de acordo com 100% da média aritmética das remunerações de contribuições
previdenciárias da competência de julho/1994 em diante (ou a partir da data
inicial das contribuições, caso seja posterior), e sem paridade.

A principal inovação aqui é o requisito do “pedágio”, assim popularmente denominado


o período adicional de contribuição correspondente ao tempo que, na data de entrada
em vigor da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a), 13/11/2019, faltaria para atingir o tempo
mínimo de contribuição. Noutras palavras, o pedágio será igual ao dobro do período
de contribuição que faltava para o interessado completar 30 anos de contribuição
(mulheres) ou 35 (homens) em 13 de novembro de 2019.

Por exemplo: Pedro, servidor civil da União, homem, tinha 33 anos e 6 meses de
contribuição em 13 de novembro de 2019. Por ser homem, o tempo de contribuição
de referência necessário para se aposentar é 35 anos. Assim, em 13 de novembro
de 2019 faltava 1 ano e 6 meses de contribuição para que Pedro completasse 35

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anos. Dessa forma, além dos demais requisitos, para se aposentar nos termos
do art. 20, §2º, incisos I ou II da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a), Pedro precisará
cumprir um pedágio de 3 anos (1 ano e seis meses, multiplicado por 2) para poder
se aposentar. Para facilitar a compreensão, foi apresentado um exemplo em anos
e meses, entretanto o cálculo do pedágio deve ser feito em dias.

Você chegou ao fim da Unidade! É importante que tenham ficado claros os


requisitos, a aplicabilidade e as formas de cálculo e de reajuste de proventos das
regras de transição previstas nos arts. 4º e 20 da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a).
Caso surjam dúvidas, consulte novamente as tabelas e exemplos anteriores.

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Referências

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro


de 2019. Altera o sistema de previdência social e estabelece regras de transição
e disposições transitórias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 13 nov. 2019a.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/
emc103.htm. Acesso em: 25 jan. 2022.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de


2003. Modifica os arts. 37, 40, 42, 48, 96, 149 e 201 da Constituição Federal, revoga
o inciso IX do § 3 do art. 142 da Constituição Federal e dispositivos da Emenda
Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, e dá outras providências. Diário
Oficial da União. Brasília, DF, 31 dez. 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc41.htm. Acesso em: 25 jan. 2022.

BRASIL. Ministério da Economia. Exposição de Motivos nº 00029, de 20 de fevereiro


de 2019. 2019b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/
ExpMotiv/REFORMA%202019/ME/2019/00029.htm. Acesso em: 25 jan. 2022.

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40
Unidade 4: Abono de Permanência

Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de identificar as hipóteses de concessão e a


forma de cálculo do benefício de Abono de Permanência.

Após décadas de contribuição, você, servidor civil da União ocupante de cargo


efetivo, completa os requisitos para concessão de aposentadoria voluntária. No
entanto, seja por razões pessoais ou profissionais, você acredita que ainda não seja
o momento de se aposentar. Essa é uma situação cada vez mais comum. O avanço
da expectativa de vida dos brasileiros é acompanhado por uma vida profissional
ativa cada vez mais longa.

A boa notícia é que aos servidores civis que optam por permanecer em atividade é
reservada uma vantagem financeira denominada Abono de Permanência.

Conceito
Criado pela Emenda Constitucional (EC) nº 41/2003 (BRASIL, 2003) e preservado pela
EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019), o Abono de Permanência é uma vantagem financeira
a qual faz jus o servidor que, tendo completado as exigências para determinadas
regras de aposentadoria voluntária, opta por permanecer em atividade. Não se
trata de benefício previdenciário, devendo, portanto, ser custeado pelo tesouro
do ente federativo e não através das contribuições vertidas ao RPPS.

Duração
O direito à vantagem perdura enquanto o servidor permanecer em atividade ou
até que ele complete as exigências para aposentadoria compulsória (momento
em que obrigatoriamente será aposentado). Se trata de uma vantagem que nunca
se incorpora aos proventos de aposentadoria.

Valor
O valor do Abono de Permanência equivale, no máximo, ao valor da contribuição
previdenciária recolhida. No caso dos servidores civis da União, até que seja
publicada lei modificando o valor, o abono corresponderá exatamente ao valor da
contribuição previdenciária.

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41
O implemento dos requisitos de qualquer regra de aposentadoria dá
direito ao Abono de Permanência?

Não, pois o Abono de Permanência é devido aos servidores que completam os


requisitos para aposentadoria VOLUNTÁRIA. Logo, isso exclui as seguintes
modalidades de aposentadoria:

• Aposentadoria por Invalidez;


• Aposentadoria por Incapacidade Permanente;
• Aposentadoria Compulsória.

Já no que tange às regras de aposentadoria voluntária, é extenso o rol de dispositivos


legais cujo cumprimento dos requisitos enseja o direito ao Abono de Permanência.
É possível dividir esse rol em três grupos, conforme a seguir. Embora essa divisão
facilite a memorização, não se preocupe em tentar decorar as hipóteses.

Regras do direito adquirido (art. 3º, §3º, da EC nº 103/2019)

O art. 3º, §3º, da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019) permite a concessão ou continuidade


do benefício de Abono de Permanência aos servidores que tenham completado os
requisitos para determinadas regras de aposentadoria voluntárias até a entrada em
vigor da reforma. Além das regras expressamente arroladas pelo referido dispositivo,
é possível incluir outras regras cujo cumprimento dos requisitos historicamente
garante o direito ao abono.

Regras contempladas: art. 2º e 6º da EC nº 41/2003; art. 3º da EC nº 47/2005;


art. 40, §1º, III, “a” da CF88 com redação dada pela EC nº 41/2003; art. 57 da Lei nº
8.213/1991 (aposentadoria especial); Art. 1º, II, da Lei Complementar (LC) nº 51/1985
(com redação pela LC n.º 144/2014).

Regras de transição e regra para pessoa com deficiência (art. 8º da EC nº 103/2019)

O art. 8º da EC nº 41/2003 (BRASIL, 2003) garante a concessão de abono ao servidor


público federal que cumprir as exigências para a concessão da aposentadoria
voluntária nos termos do disposto nos arts. 4º, 5º, 20, 21 e 22. Isso abrange as mais
diversas regras de transição, incluindo regras com critérios diferenciados para
professores da educação infantil e do ensino fundamental e médio, policiais e
agentes dos sistemas carcerário e socioeducativo (o que não inclui militares) em

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42
exercício de atividade de natureza estritamente policial, pessoas com deficiência
ou servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes.

Regras contempladas:

• Regras especiais para professores em atividade de magistério na educação


infantil e no ensino fundamental e médio: Art. 4º, §§§4º, 5º e 6º, I ou II; Art. 20,
§§1º e 2º, I ou II

• Regras especiais para policiais (exceto militares) e agentes federais


penitenciários ou socioeducativos que comprovem atividade estritamente
policial: Art. 5º c/c Lei Complementar nº 51/1985

• Regras especiais para servidores cujas atividades sejam exercidas com


efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde,
ou associação desses agentes: Art. 21

• Regras especiais para pessoa com deficiência: Art. 22

• Regras para o "público geral": Art. 4º, §6º, I ou II; Art. 20, §2º, I ou II

Nova “regra geral” (art. 10, §5º, da EC nº 103/2019)

O art. 10, §5º, da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019) garante o direito ao Abono de


Permanência entre as regras de aposentadoria voluntária previstas nesse mencionado
artigo. Lembrando que essas são as novas “regras gerais” de aposentadoria,
aplicáveis necessariamente àqueles que ingressarem no serviço público a partir de
13/11/2019 (data da publicação da Reforma da Previdência), podendo os servidores
federais que tenham ingressado anteriormente também optar por elas, desde que
cumpridos os requisitos.

Regras contempladas: Art. 10, §1º, I (“público geral”) ou §2º, incisos I (policiais —
exceto militares — e demais agentes da segurança pública e sistemas penitenciário
e socioeducativo federal), II (atividades insalubres) e III (professor da educação
infantil e do ensino fundamental e médio).

Você finalizou o conteúdo deste módulo! Parabéns! Siga para a atividade avaliativa
para fixar seus estudos.

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Referências

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro


de 2019. Altera o sistema de previdência social e estabelece regras de transição
e disposições transitórias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 13 nov. 2019.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/
emc103.htm. Acesso em: 25 jan. 2022.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de


2003. Modifica os arts. 37, 40, 42, 48, 96, 149 e 201 da Constituição Federal, revoga
o inciso IX do § 3 do art. 142 da Constituição Federal e dispositivos da Emenda
Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, e dá outras providências. Diário
Oficial da União. Brasília, DF, 31 dez. 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc41.htm. Acesso em: 25 jan. 2022.

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