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Aposentadoria e Pensão

de servidores: Atualizações
conforme Emenda 103/2019
Aposentadoria por Incapacidade
Permanente e Aposentadoria Compulsória

3
Módulo

Políticas Públicas
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Diretoria de Desenvolvimento Profissional

Conteudista/s
José Guilherme Magalhães e Silva (conteudista, 2022);
Diretoria de Desenvolvimento Profissional.

Enap, 2022
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Unidade 1: Aposentadoria por Incapacidade Permanente e
Readaptação................................................................................... 4

1.1 Readaptação................................................................................................................ 5

1.2 Aposentadoria por invalidez permanente (vigente até 12/11/2019, véspera da


publicação da EC nº 103/2019)......................................................................................... 6

1.3 A nova regra de aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho


(Art. 10, II, da EC nº 103/2019).......................................................................................... 8

Referências ...................................................................................................................... 11

Unidade 2: Aposentadoria Compulsória...........................................12

Referências ...................................................................................................................... 16
Módulo

3 Aposentadoria por Incapacidade


Permanente e Aposentadoria
Compulsória
Regras de aposentadoria voluntária são aquelas que, uma vez cumpridos os requisitos
legais, pode o servidor optar por partir para a inatividade ou continuar em efetivo exercício.
Por outro lado, há também situações em que a aposentadoria é o resultado obrigatório de
determinada situação, como o atingimento da idade limite ou a uma condição de saúde
que diminua a capacidade física e/ou intelectual para o exercício laboral. Nesses casos,
não há margem tão ampla de discricionariedade por parte do interessado.

No presente módulo, serão abordadas as regras de aposentadoria que não são


classificadas como voluntárias, a saber:

• Incapacidade Permanente;
• Compulsória.

A seguir, serão apresentadas inovações trazidas pela Emenda Constitucional (EC) nº


103/2019 (BRASIL, 2019), conhecida como Reforma da Previdência, os requisitos e as
formas de cálculo e de reajuste dos proventos.

Unidade 1: Aposentadoria por Incapacidade


Permanente e Readaptação

Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de identificar as hipóteses em que caberá a Readaptação
ou a Aposentadoria por Incapacidade Permanente, as inovações trazidas pela Emenda
Constitucional (EC) nº 103/2019 (BRASIL, 2019) e as formas de cálculo e de reajuste dos proventos.

Determinadas situações inesperadas, como uma doença ou um acidente, podem


reduzir a capacidade laboral do trabalhador. No caso dos servidores federais, deverá
ser aplicado o instituto da Readaptação — forma de provimento prevista nos art. 8º, IV,

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e 24 da Lei nº 8.112/1990 (BRASIL, 1990)— ou, em casos mais graves, a aposentadoria
por incapacidade permanente para o trabalho.

A Reforma da Previdência, EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019), manteve essa cobertura


assistencial, mas alterando substancialmente, tanto a Readaptação, quanto a citada
forma de aposentadoria. Portanto, falaremos aqui sobre as novidades, e também sobre
como eram tais institutos até a publicação da reforma. Tendo em vista que a análise da
Readaptação precede a aposentadoria, vamos começar falando sobre aquele instituto.

1.1 Readaptação

A Readaptação, de acordo com o art. 24 da Lei nº 8.112/1990 é:

“A investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades


compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
mental verificada em inspeção médica” (BRASIL, 1997, art. 24).

Em outras palavras, caso em avaliação médica seja constatado que circunstância


superveniente, como um acidente ou uma doença, tornou as funções atuais do servidor
incompatíveis com sua nova condição física e mental, a administração pública deve avaliar
a possibilidade de adequar as atribuições funcionais do interessado à sua nova realidade.

Aqui já existe uma grande alteração


ensejada pela reforma.

Conforme exposto pelo Ministério da


Economia em palestra de apresentação
da EC nº 103/2019, Novas Regras da
Previdência - Emenda Constitucional nº 103
de 2019 (NOVAS, 2019), transmitida em
19/11/2019 pelo canal “MP Streaming”,
antes da publicação da Reforma da
Previdência, a Readaptação era
aplicada de forma rígida, prevalecendo
a necessidade de que o servidor
mantivesse atribuições inerentes ao seu
cargo de origem.
A saúde mental e o trabalho.
Fonte: Freepik. Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

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Por exemplo: Um dentista deveria manter atividades de limpeza, restauração
e extração dos dentes; um professor deveria manter atividades de docência. Na
ocasião, o Ministério da Economia denominou a forma anteriormente vigente de
readaptação como “Readaptação Rígida”, termo que adotaremos aqui.

A EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019), ao incluir na Constituição o parágrafo 13º do art.


37, prevê a ampliação das possibilidades de readaptação, permitindo, inclusive, a
designação de atribuições diferentes daquelas inerentes ao cargo de origem, desde
que compatíveis com as limitações físicas e mentais do interessado e com sua
escolaridade e nível de habilitação.

Por exemplo: o dentista e o professor citados acima poderiam sair, respectivamente,


do consultório e da sala de aula, e passar a atuar na gestão da equipe, caso as
novas condições físicas e mentais assim permitissem. Ademais, deve ser mantida a
remuneração do cargo de origem. No evento supracitado, o Ministério da Economia
denomina essa novidade de “Readaptação Elástica”.

Nos termos do art. 37, §13, da CF88 (incluído pela EC nº 103/2019):

“O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para


exercício de cargo cujas atribuições e responsabilidades sejam compatíveis
com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental,
enquanto permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e o nível
de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida a remuneração do
cargo de origem” (BRASIL, 2019, art. 37, §13).

Uma vez constada a impossibilidade de readaptação, a perícia médica indicará


a necessidade de que o servidor seja aposentado. Nesse ponto, a reforma
também traz profundas mudanças. Primeiro, será apresentada a norma antiga.

1.2 Aposentadoria por invalidez permanente (vigente até


12/11/2019, véspera da publicação da EC nº 103/2019)

Anteriormente à publicação da reforma, o art. 40, §1º, I, da CF88, com redação dada
pela EC nº 20/1998 (BRASIL, 1998), previa a Aposentadoria por Invalidez Permanente.
Em regra, os proventos da aposentadoria por invalidez eram proporcionais ao tempo
de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional
ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificadas em lei:

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O art. 186, §1º, da Lei nº 8.112/1990, prevê um rol exemplificativo de
doenças graves, contagiosas ou incuráveis, a saber: "tuberculose ativa,
alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior
ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença
de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose
anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte
deformante), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida AIDS, e outras que a
lei indicar, com base na medicina especializada” (BRASIL, 1997, art. 186; §1º).

A base de cálculo e a forma de reajuste variavam de acordo com a data de ingresso


no serviço público, conforme tabela abaixo.

Regras de aposentadoria por invalidez (aplicáveis a diagnósticos anteriores a 13/11/2019)

Fundamento Data-limite para Forma de cálculo Forma de Proporcionalidade


legal ingresso no reajuste dos proventos
serviço público

Art. 40, §1º,


da CF88, c/c Integrais, caso
art. 6º-A,
da EC nº Totalidade da última Com a invalidez seja
Até 31/12/2003 decorrente de
41/2003, remuneração paridade
com redação acidente em serviço,
dada pela EC moléstia profissional
nº 70/2012 ou doença grave,
contagiosa
Art. 40, §1º, Média aritmética
ou incurável,
da CF88, dos salários de
Sem especificadas em
com redação contribuição de
Até 12/11/2019 lei; proporcionais
dada pela EC julho/1994 em paridade
nº 21/1998 diante, exceto os nos demais casos
20% menores

Regras de aposentadoria por invalidez.


Fonte: Brasil (1998; 2012). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

Portanto, determinar a forma de cálculo e de reajuste dos proventos aplicável em


caso de invalidez dependia de conhecer a natureza da causa de invalidez e a data
de ingresso no serviço público.

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Por exemplo, um servidor que houvesse ingressado no serviço público até 31
de dezembro de 2003, cuja causa de invalidez não fosse por acidente em serviço,
moléstia profissional ou doença especificada em lei, faria jus à aposentadoria por
invalidez com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, calculados de
acordo com a totalidade da última remuneração.

Por outro lado, um servidor que houvesse ingressado entre 1 de janeiro de 2004 e
12 de novembro de 2019, cuja invalidez fosse decorrente de acidente em serviço,
moléstia profissional ou doença especificada em lei, faria jus à aposentadoria
por invalidez com proventos integrais, porém calculados de acordo com a média
aritmética dos salários de contribuição da competência de julho/1994, excluídos do
cálculo 20% desses salários, sendo esses excluídos os menores salários do período.

Mesmo posteriormente à publicação da reforma, tais normas ainda devem ser


aplicadas caso a perícia médica indique que a data do diagnóstico da causa
da invalidez é anterior a 13 de novembro de 2019, data da publicação da EC
nº 103/2019 (BRASIL, 2019). Para diagnósticos a partir da mencionada data, deve
ser aplicada a nova regra de Aposentadoria por Incapacidade Permanente para o
trabalho, explicada a seguir.

1.3 A nova regra de aposentadoria por incapacidade permanente


para o trabalho (Art. 10, II, da EC nº 103/2019)

A Reforma da Previdência substitui o termo “invalidez” por “incapacidade permanente


para o trabalho”. Sem um aprofundamento na questão semântica, o que se percebe
aqui é que a aposentadoria por incapacidade é uma hipótese ainda mais excepcional
do que a antiga aposentadoria por invalidez.

Conforme dito anteriormente, a reforma privilegia a Readaptação Elástica, ou


seja, a possibilidade de aproveitamento do servidor em outro cargo, mesmo que com
atribuições diferentes das do cargo de origem, desde que compatíveis, tanto com suas
condições físicas e mentais, quanto com sua habilitação e escolaridade. A partir da
entrada em vigor da EC nº 103/2019, a aposentadoria involuntária do servidor federal por
uma doença ou acidente que restrinja sua capacidade física ou mental passa a ser uma
hipótese ainda mais excepcional, aplicável apenas quando não houver essa capacidade
de aproveitamento, mesmo que em atribuições diversas às do cargo de origem.

Além disso, a reforma inclui no texto constitucional a obrigação de realização


de avaliações periódicas para verificação da continuidade das condições que
ensejaram a incapacidade, no art. 40, §1º, I, da CF88, com redação dada pela EC nº
103/2019 (BRASIL, 2019).

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• A nova regra de aposentadoria por incapacidade permanente para o
trabalho tem também critérios diferenciados para definição da
proporcionalidade dos proventos, e unifica as formas de cálculo e de
reajuste dos mesmos.

• A regra continua sendo a de proventos proporcionais ao tempo de


contribuição. Entretanto, essa proporcionalidade agora é de 60% da
média aritmética dos salários de contribuição de julho/1994 em diante,
(incluídas as 20% menores), acrescido de 2% para cada ano que exceda
20 anos de contribuição.

• A integralidade dos proventos ficou mais restrita, sendo aplicável agora


caso a incapacidade decorra de acidente de trabalho, de doença
profissional e de doença do trabalho. Ou seja, a ocorrência de doença
especificada em lei, como a neoplasia maligna e a doença de Parkinson,
por exemplo, não ensejam mais a integralidade. Os proventos integrais
são calculados de acordo com 100% da média aritmética dos salários de
contribuição de julho/1994 em diante (incluídas as 20% menores).

• Não há mais hipótese de aplicação da totalidade da última remuneração


como base de cálculo dos proventos.

• Independentemente da data de ingresso no serviço público, a forma de


reajuste dos proventos será sem paridade.

Regra de aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho – art. 10,


§1º, II, da EC nº 103/2019 (aplicáveis a diagnósticos a partir de 13/11/2019)

Forma de cálculo Forma de reajuste Proporcionalidade dos proventos

Integrais (100% da média), caso a incapacidade


seja decorrente de acidente de trabalho, de
Média aritmética doença profissional e de doença do trabalho;
dos salários de Proporcionais (60% do cálculo da média
contribuição de aritmética das remunerações adotadas como
Sem paridade
julho/1994 em base para contribuições previdenciárias
diante (incluídos de julho/1994 em diante - ou a partir da
os 20% menores) competência inicial, caso posterior - acrescido
de 2% para cada ano que exceda 20 anos de
contribuição), nos demais casos

Regra de aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho – art. 10, §1º, II, da EC n.º 103/2019.
Fonte: Brasil (2019). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

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Em síntese, caso um fato superveniente, como uma doença ou um acidente, venham
a reduzir a capacidade laboral do servidor, tornando impossível o desempenho de
suas atribuições atuais, a perícia médica deve analisar a possibilidade de Readaptação
Elástica do interessado, inclusive em atribuições não previstas ao cargo de origem,
desde que compatíveis com as novas limitações físicas e/ou mentais; a escolaridade;
e a habilitação, devendo ser mantida a remuneração do cargo de origem.

Caso se verifique a impossibilidade de readaptação, o servidor deverá ser aposentado


por incapacidade permanente, com proventos (em regra) proporcionais, exceto se
a incapacidade for decorrente de acidente de trabalho, de doença profissional ou
de doença do trabalho. Uma vez aposentado, o servidor deve passar por avaliações
periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a
concessão da aposentadoria.

Tais inovações se aplicam imediatamente aos servidores civis vinculados ao RPPS


da União, enquanto não sobrevier lei complementar específica regulamentando
o tema. Já aos servidores de estados, DF e municípios, permanecem aplicáveis as
normas constitucionais e infraconstitucionais anteriores à data de entrada em vigor
da reforma, enquanto não promovidas alterações na legislação interna relacionada
ao respectivo regime próprio de previdência social.

Você completou os estudos desta unidade, caso surja depois dúvidas sobre as
inovações trazidas pela reforma, retorne ao conteúdo e repita o processo de estudos.

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Referências

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro


de 2019. Altera o sistema de previdência social e estabelece regras de transição e
disposições transitórias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 13 nov. 2019. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc103.htm.
Acesso em: 25 jan. 2022.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de


1998. Modifica o sistema de previdência social, estabelece normas de transição e dá
outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 16 dez. 1998. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm.
Acesso em: 27 jan. 2022.

BRASIL. Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Dispõe sobre o regime jurídico dos
servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais.
Diário Oficial da União. Brasília, DF, 11 dez. 1997. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L8112compilado.htm. Acesso em: 31 jan. 2022.

NOVAS regras da previdência - emenda constitucional nº 103 de 2019. Ministério da


Economia. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (1h e 30 min). Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=0BthTvN0oRQ. Acesso em: 28 jan. 2022.

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Unidade 2: Aposentadoria Compulsória

Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de identificar o momento de aplicação da aposentadoria
compulsória, as inovações trazidas pela Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019 e as formas de
cálculo e de reajuste dos proventos.

Pelo envolvimento com demandas do setor, por interesse pessoal, por necessidade
econômica ou pelo não implemento dos requisitos para as regras de aposentadoria
voluntária, o servidor pode estender sua permanência no serviço público até uma
idade mais avançada. Entretanto, há uma idade máxima até a qual o servidor pode
permanecer em atividade, momento no qual a aposentadoria ocorre de ofício.

Para os servidores civis da União, essa idade máxima é de 75 anos, conforme art.
40, §1º, II, da CF88, com redação dada pela EC nº 88/2015 (BRASIL, 2015a), e Lei
Complementar nº 152/2015 (BRASIL, 2015b). Chegada tal idade, é necessariamente
aplicada a denominada “aposentadoria compulsória”, prevista no art. 10, §1º, III, da
Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019 (BRASIL, 2019).

A Reforma da Previdência altera a forma de cálculo dos proventos do benefício. Nos


termos do art. 26, §4º, da EC nº 103/2019:

“o valor da aposentadoria compulsória corresponderá ao resultado do tempo


de contribuição dividido por 20 (vinte) anos, limitado a um inteiro, multiplicado
pelo valor apurado na forma do caput do § 2º deste artigo" (BRASIL, 2019).

Esse “valor apurado” se refere à nova forma de cálculo das regras gerais de
aposentadoria criadas pela reforma, a saber, 60% da média aritmética das
remunerações adotadas como base para contribuições previdenciárias de julho/1994
em diante (ou a partir da competência inicial, caso posterior), incluídas as 20%
menores, acrescido de 2% para cada ano que exceda 20 anos de contribuição.

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A forma de cálculo é um pouco complexa, concorda?

Veja o exemplo.

Paulo é servidor público federal, está às vésperas de completar os 75 anos de idade


e não completou ou completará os requisitos para uma regra de aposentadoria
voluntária até a data do aniversário. Paulo procura você – um especialista nas regras
de aposentadoria do RPPS dos servidores civis da União – para obter uma simulação
da forma de cálculo dos proventos.

Paulo te passa as seguintes informações: (I) ele tem 11 anos de contribuição;

(II) caso pudesse se aposentar nos termos da nova regra geral (art. 10, §1º, I, da EC
nº 103/2019), seus proventos seriam no valor de R$ 12.664,44.

Veja agora como calcular!

Inicialmente é necessário dividir o tempo de contribuição por 20. Vejamos: 11/20 = 0,55.

Em seguida, é preciso multiplicar essa fração obtida (0,55) pelo valor apurado na
forma do art. 26, §2º, da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019) que é de R$ 12.664,44.
Vejamos: 0,55 X R$ 12.664,44 = R$ 6.965,44

Portanto, o valor dos proventos de Paulo será de R$ 6.965,44.

Continua achando o cálculo complexo? De fato, ele é!

A escolha de apresentar os cálculos neste momento do conteúdo é apenas para


ilustrar o texto do dispositivo legal. Entretanto, há órgãos públicos responsáveis por
orientar os servidores em sua tomada de decisão, fornecendo a devida simulação
dos proventos quando solicitada. Então não se preocupe em ficar fazendo contas.

O que você precisa entender aqui é que:

• Quanto maior o tempo de contribuição, maior será a proporção da


média aritmética a ser recebida, eis que o tempo de contribuição aumenta
tanto o valor apurado na forma do art. 26, §2º quanto o multiplicador
obtido na forma do art. 26, §4º, ambos da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019).
Assim, mesmo que se veja a necessidade de aplicação de aposentadoria

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compulsória, pode ser interessante averbar eventuais tempos de
contribuição externos ao órgão de lotação para fins de aposentadoria;

• O cálculo da aposentadoria compulsória nunca será maior do que o da


regra voluntária geral (art. 10, §1º, I, da EC nº 103/2019). No máximo será
igual, eis que o multiplicador obtido na forma do art. 26, §4º, da EC nº 103/2019
nunca poderá ser maior que um inteiro, conforme expressado no dispositivo
legal, mesmo que o tempo de contribuição seja maior que 20 anos.

Já a forma de reajuste é sem paridade, ou seja, os proventos da aposentadoria


compulsória são reajustados na mesma data e proporção aplicada aos benefícios
de aposentadoria e pensão do Regime Geral de Previdência Social (RGPS).

Regra de aposentadoria compulsória – art. 10, §1º, III, da EC nº 103/2019


(servidores que completam 75 anos a partir de 13/11/2019)

Base de cálculo Forma de cálculo Forma de reajuste

Média aritmética
dos salários de Resultado do tempo de contribuição dividido
contribuição de por 20 (vinte) anos, limitado a um inteiro,
Sem paridade
julho/1994 em multiplicado pelo valor apurado na forma do
diante (incluídos caput do §2º do art. 26 da EC nº 103/2019
os 20% menores)

Regra de aposentadoria compulsória – art. 10, §1º, III, da EC nº 103/2019.


Fonte: Brasil (2019). Elaboração: CEPED/UFSC (2020).

Por fim, cabe destacar os seguintes pontos:

• Tais inovações se aplicam imediatamente aos servidores civis vinculados


ao RPPS da União, enquanto não sobrevier lei complementar específica
regulamentando o tema. Já aos servidores de estados, DF e municípios,
permanecem aplicáveis as normas constitucionais e infraconstitucionais
anteriores à data de entrada em vigor da reforma, enquanto não promovidas
alterações na legislação interna relacionada ao respectivo regime próprio
de previdência social;

• Pela própria natureza da situação ensejadora, tais regras não geram o


direito ao benefício de Abono de Permanência, eis que, uma vez alcançada
a idade limite, a passagem para a inatividade não será uma discricionariedade
do servidor interessado.

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• Por fim, não se aplicam aqui disposições sobre “direito adquirido” (art. 3º
da EC nº 103/2019). Caso o requisito para aposentadoria compulsória (75
anos de idade) tenha sido cumprido anteriormente à 13/11/2019 (data da
publicação da reforma), o interessado já vai estar aposentado desde a
data de aniversário.

Com isso você finalizou o estudo deste módulo! Acesse a atividade avaliativa
desta unidade para fixar o que foi apresentado.

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Referências

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro


de 2019. Altera o sistema de previdência social e estabelece regras de transição e
disposições transitórias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 13 nov. 2019. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc103.htm.
Acesso em: 25 jan. 2022.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 88, de 07 de maio de 2015.


Altera o art. 40 da Constituição Federal, relativamente ao limite de idade para a
aposentadoria compulsória do servidor público em geral, e acrescenta dispositivo ao
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Diário Oficial da União. Brasília,
DF, 08 maio 2015a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
emendas/emc/emc88.htm. Acesso em: 31 jan. 2022.

BRASIL. Lei Complementar nº 152, de 03 de dezembro de 2015. Dispõe sobre a


aposentadoria compulsória por idade, com proventos proporcionais, nos termos do
inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal. Diário Oficial da União. Brasília,
DF, 04 dez. 2015b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp152.
htm. Acesso em: 31 jan. 2022.

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