Você está na página 1de 5

TREINANDO A ESCRITA ✍

DIREITO ADMINISTRATIVO - APOSENTADORIA EMPREGADO PÚBLICO

Luís era empregado da Caixa Econômica Federal, tendo se aposentado, voluntariamente, em 2018, por

tempo de contribuição, no regime geral de previdência social (INSS), mas continuou trabalhando

normalmente no banco.

Em 2021, a Caixa Econômica Federal determinou o desligamento de Luís alegando que ele não poderia ter

continuado trabalhando tendo em vista que a aposentadoria voluntária do empregado público causa a

automática extinção do vínculo empregatício.

Inconformado, Luís ingressou com ação de reintegração, na Justiça do Trabalho, argumentando que a

mera concessão da aposentadoria voluntária ao trabalhador não tem por efeito extinguir, instantânea e

automaticamente, o seu vínculo de emprego. Diante do caso concreto, responda:

a) A demanda deverá ser, de fato, julgada pela Justiça do Trabalho?

b) E quanto ao mérito, deve a ação ser julgada procedente?

RESPOSTA

1
2
CONSIDERAÇÕES SOBRE A QUESTÃO

O Supremo Tribunal Federal fixou a seguinte tese pela sistemática da repercussão geral:

A natureza do ato de demissão de empregado público é

constitucional-administrativa e não trabalhista, o que atrai a competência da

Justiça comum para julgar a questão.

A concessão de aposentadoria aos empregados públicos inviabiliza a

permanência no emprego, nos termos do art. 37, § 14, da Constituição Federal,

salvo para as aposentadorias concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social

até a data de entrada em vigor da Emenda Constitucional 103/19, nos termos do

que dispõe seu art. 6º.

STF. Plenário. RE 655283/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min.

Dias Toffoli, julgado em 16/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 606) (Info 1022).

Inicialmente, cumpre ressaltar que a justiça comum (federal ou estadual, a depender da entidade

envolvida) é competente para processar e julgar ação em que se discute a reintegração de empregados públicos

dispensados em face da concessão de aposentadoria espontânea. Isso porque, neste caso, não se discute

relação de trabalho, mas somente a possibilidade de reintegração ao emprego público na eventualidade de se

obter aposentadoria administrada pelo INSS.

O tema envolve a obrigatoriedade de rompimento do vínculo trabalhista a partir da concessão de

aposentadoria ao empregado público, com utilização do tempo de contribuição.

Sobre este tema, importante fazer uma distinção: antes da EC 103/2019 e depois da EC 103/2019.

Antes da EC 103/2019, era possível a manutenção do vínculo trabalhista, com a acumulação dos

proventos com o salário.

No entanto, após o advento da EC 103/2019, a concessão de aposentadoria, com utilização do tempo

de contribuição, leva ao rompimento do vínculo trabalhista nos termos do art. 37, § 14, da CF/88. Veja:

Art. 37 (...)

§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo de contribuição

decorrente de cargo, emprego ou função pública, inclusive do Regime Geral de

Previdência Social, acarretará o rompimento do vínculo que gerou o referido

tempo de contribuição. (Incluído pela EC 103/2019)

3
Assim, após a inserção do art. 37, § 14, pela EC 103/2019, a Constituição Federal, de modo expresso,

definiu que a aposentadoria faz cessar o vínculo ao cargo, emprego ou função pública cujo tempo de

contribuição embasou a passagem do servidor/empregado público para a inatividade, inclusive quando feita sob

o RGPS.

Não obstante, a EC 113/2019 afirmou, expressamente, que não se aplica o novo § 14 do art. 37 da

CF/88 às aposentadorias já concedidas pelo RGPS até a data de sua entrada em vigor da Emenda. Veja:

Art. 6º O disposto no § 14 do art. 37 da Constituição Federal não se aplica a

aposentadorias concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social até a data de

entrada em vigor desta Emenda Constitucional.

Assim, levando em consideração que a aposentadoria de Luís foi concedida pelo Regime Geral de

Previdência Social antes da data de entrada em vigor da Emenda Constitucional 103/19, nos termos do que

dispõe seu art. 6º, a ação deve ser julgada procedente para reintegrá-lo.

ESPELHO DE RESPOSTA

Inicialmente, cumpre ressaltar que a justiça comum (federal ou estadual, a depender da entidade

envolvida) é competente para processar e julgar ação em que se discute a reintegração de empregados públicos

dispensados em face da concessão de aposentadoria espontânea. Isso porque, neste caso, não se discute

relação de trabalho, mas somente a possibilidade de reintegração ao emprego público na eventualidade de se

obter aposentadoria administrada pelo INSS.

O tema envolve a obrigatoriedade de rompimento do vínculo trabalhista a partir da concessão de

aposentadoria ao empregado público, com utilização do tempo de contribuição.

Sobre este tema, importante fazer uma distinção: antes da EC 103/2019 e depois da EC 103/2019.

Antes da EC 103/2019, era possível a manutenção do vínculo trabalhista, com a acumulação dos

proventos com o salário.

No entanto, após o advento da EC 103/2019, a concessão de aposentadoria, com utilização do tempo de

contribuição, leva ao rompimento do vínculo trabalhista nos termos do art. 37, § 14, da CF/88.

Assim, após a inserção do art. 37, § 14, pela EC 103/2019, a Constituição Federal, de modo expresso, definiu que

a aposentadoria faz cessar o vínculo ao cargo, emprego ou função pública cujo tempo de contribuição embasou

a passagem do servidor/empregado público para a inatividade, inclusive quando feita sob o RGPS.

Não obstante, a EC 113/2019 afirmou, expressamente, que não se aplica o novo § 14 do art. 37 da CF/88

às aposentadorias já concedidas pelo RGPS até a data de sua entrada em vigor da Emenda.

4
Portanto, levando em consideração que a aposentadoria de Luís foi concedida pelo Regime Geral de

Previdência Social antes da data de entrada em vigor da Emenda Constitucional 103/19, nos termos do que

dispõe seu art. 6º, a ação deve ser julgada procedente para reintegrá-lo.

PONTUAÇÃO

TÓPICO PONTUAÇÃO MÁXIMA

1. Incompetência da Justiça do Trabalho. A justiça comum (federal ou 2,00

estadual, a depender da entidade envolvida) é competente para

processar e julgar ação em que se discute a reintegração de empregados

públicos dispensados em face da concessão de aposentadoria

espontânea. Isso porque, neste caso, não se discute relação de trabalho,

mas somente a possibilidade de reintegração ao emprego público na

eventualidade de se obter aposentadoria administrada pelo INSS.

2. Distinção temporal em relação à possibilidade de manutenção do 5,00

vínculo trabalhista com a relação de emprego:

Antes da EC 103/2019, era possível a manutenção do vínculo trabalhista,

com a acumulação dos proventos com o salário.

No entanto, após o advento da EC 103/2019, a concessão de

aposentadoria, com utilização do tempo de contribuição, leva ao

rompimento do vínculo trabalhista nos termos do art. 37, § 14, da CF/88.

A EC 113/2019 afirmou, expressamente, que não se aplica o novo § 14 do

art. 37 da CF/88 às aposentadorias já concedidas pelo RGPS até a data de

sua entrada em vigor da Emenda

3. Caso concreto. Antes da EC 113/19. Decisão pela reintegração. 3,00

TOTAL 10,00

Você também pode gostar