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Informativo nº 189 do TST


Eficácia liberatória do PDV

BESC. Programa de Demissão Incentivada (PDI/2001). Negociação


coletiva. Cláusula de quitação geral do contrato de emprego.
Inclusão da indenização por danos morais.
A adesão voluntária do empregado ao Programa de Demissão Incentivada
(PDI/2001), instituído pelo Banco do Estado de Santa Catarina - BESC,
implica o reconhecimento da quitação ampla e irrestrita de todas as
parcelas objeto do contrato de emprego (conforme previsto no acordo
coletivo que aprovou o plano), incluindo o pedido de indenização por
danos morais. No caso, entendeu-se que o referido pedido, decorrente
do transporte irregular de valores, está vinculado ao extinto contrato de
emprego, pois tem como causa de pedir suposto ato ilícito praticado pelo
empregador, sujeitando-se, portanto, à ampla quitação decorrente da
adesão ao PDI. Sob esse fundamento, a SBDI-I, à unanimidade, conheceu
do recurso de embargos interpostos pelo reclamante, por divergência
jurisprudencial, e, no mérito, negou-lhe provimento, mantendo a decisão
turmária mediante a qual se julgara improcedentes os pedidos formulados
na reclamação trabalhista. TST-ERR-446485-88.2007.5.12.0001, SBDI-I,
rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, 13.12.2018

ENTENDENDO O INFORMATIVO

Sobre a eficácia liberatória do PDV, ainda prevalece, como regra, o previsto na OJ


nº 270 da SDI-I do TST. Ausente norma coletiva, somente haverá eficácia liberatória
quanto às parcelas expressamente discriminadas:
Orientação Jurisprudencial nº 270 da SDI-I do TST. A transação extrajudicial que
importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano
de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores
constantes do recibo.
Contudo, a Reforma Trabalhista incluiu o art. 477-B à CLT para prever que o plano
de demissão voluntária ou incentivada, para dispensa individual, plúrima ou coletiva,
enseja a quitação plena e irrevogável dos direitos da relação de emprego desde que
previsto em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho:
Art. 477-B, CLT (acrescentado pela Lei nº 13.467/2017). Plano de Demissão
Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual, plúrima ou coletiva, previsto

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em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, enseja quitação plena e


irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia, salvo disposição em
contrário estipulada entre as partes.
Essa previsão em acordo ou convenção coletiva de trabalho poderá levar à
renúncia de direitos trabalhistas pelo empregado caso aceitem a adesão ao PDV.
A eficácia liberatória geral já era aceita pelo STF desde abril de 2015 quando
presente a negociação coletiva. Nesse sentido, a legislação veio para regulamentar
de forma definitiva o assunto evitando o conflito entre a jurisprudência do TST,
contrária à quitação geral e a jurisprudência do STF, que admitia a quitação ampla e
irrestrita desde que prevista em instrumento coletivo de trabalho.
No caso em apreço, o TST decidiu que a adesão ao PDV implica o reconhecimento
de ampla e irrestrita quitação de todas as parcelas objeto do contrato de
emprego, o que abrange inclusive o pedido de indenização por danos morais. O
Tribunal entendeu que o pedido de danos morais está vinculado ao extinto contrato
de trabalho e, portanto, sujeita-se à ampla quitação decorrente da adesão ao PDV.

COMO UTILIZAR O INFORMATIVO NO DIA A DIA?

Advogados de reclamante e aqueles que se ativam em favor dos sindicatos


dos trabalhadores devem atuar com muita diligência. Seu papel será decisivo para
não lesar os trabalhadores de sua base de representação. Aqui, a palavra-chave é
orientação!! Sempre que receber dúvidas sobre “custo benefício” da adesão ao PDV,
consulte a existência de norma coletiva e procure por cláusulas de quitação geral.
Ainda, faça um prognóstico de eventuais direitos que o empregado teria com relação
àquele contrato de trabalho, inclusive danos pós-contratuais.
Se houver a necessidade de judicialização, defenda a tese de que essa previsão (e
esse posicionamento) é extremamente prejudicial aos trabalhadores, pois importa
na criação de novo instrumento para a renúncia de direitos trabalhistas pelo
empregado, com enriquecimento sem causa do empregador e retrocesso social1
e os instrumentos coletivos não podem servir de ferramentas de renúncia. Saiba,
contudo, que conta sua tese haverá forte precedente.
Os advogados de reclamada devem orientar seus clientes acerca da eficácia
liberatória geral do PDV quando assim expressamente disposto em norma coletiva.
Em eventual reclamação trabalhista dispondo sobre o assunto, deve utilizar a
Reforma Trabalhista e o precedente ora comentado em favor de seus clientes.
Para facilitar o dia a dia, segue quadrinho com as principais informações a
respeito da eficácia liberatória do empregador em relação à homologação das verbas
trabalhistas:
1 CASSAR, Vólia Bomfim. Reforma Trabalhista – Comentários ao substitutivo do Projeto de Lei nº 6.787/2016. Disponível
em: https://drive.google.com/file/d/0BxLfUqyUbMSXM2NXUThxNHhVY1lRdlBycmhxMTdTMG12RFNn/view.

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EFICÁCIA LIBERATÓRIA DO CONTRATO

–  Comissão de Conciliação Prévia: eficácia liberatória geral, com exceção das


parcelas expressamente ressalvadas (art. 625-E, parágrafo único, CLT e Informativo 29
TST).
–  Programa de Demissão Voluntária (PDV): eficácia liberatória somente em relação
às parcelas expressamente consignadas (OJ nº 270 da SDI-I do TST). Na existência
de acordo ou convenção coletiva, terá eficácia liberatória geral (art. 477-B da CLT –
acrescentado pela Lei nº 13.467/2017).
–  Quitação anual das verbas trabalhistas: A celebração de termo de quitação anual
das obrigações trabalhistas perante o sindicato profissional tem eficácia liberatória em
relação às parcelas expressamente especificadas (art. 507-B da CLT).
–  Homologação em juízo: De acordo com a OJ nº 132 da SDI-II do TST, é possível
que, mediante acordo judicial, seja conferida eficácia liberatória geral das verbas
trabalhistas. Nesse sentido, o acordo judicial em que o empregado daria plena e ampla
quitação, sem nenhuma ressalva, alcançaria todos os direitos decorrentes do contrato
de trabalho. Com a vigência da Lei nº 13.467/17, há necessidade de alteração dessa
orientação jurisprudencial, uma vez que o art. 855-E prevê que apenas há a suspensão
do prazo prescricional com relação aos direitos nela especificados. Assim, os direitos
decorrentes do contrato de trabalho que não forem expressamente objeto do acordo
extrajudicial não terão a prescrição suspensa, podendo, consequentemente, ser objeto
de nova reclamação trabalhista. Possibilita-se, portanto, que a parte ingresse com
reclamação trabalhista para a discussão dos direitos que não estiverem expressamente
integrados ao acordo extrajudicial, sem que isso viole a coisa julgada.
–  Obs.: Recibo de quitação ou instrumento de rescisão: O recibo de quitação deve
especificar as parcelas paga ao empregado, sendo válida a quitação apenas quanto
às parcelas especificadas (art. 477, § 2º, da CLT). Ressalta-se que, com a Reforma
Trabalhista, não há mais homologação das verbas trabalhistas no final do contrato
de trabalho. O recibo de quitação não assegura eficácia liberatória geral, podendo o
empregado discutir em juízo os valores e as parcelas pagos.

Desde que prevista em instrumento coletivo de trabalho, o PDV dará quitação


plena e irrevogável a todas as parcelas de natureza trabalhista. Em resumo:

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PDV e Reforma Trabalhista

1) Regra geral: Quitação apenas das parcelas e valores expressamente constantes (OJ nº
270 da SDI-I do TST – continua válida);
2) Previsão em norma coletiva: Quitação geral, plena e irrevogável dos direitos
trabalhistas (art. 477-B da CLT);
3) Acordo entre empregado e empregador: Mesmo com a previsão em norma coletiva,
é possível a modificação dos efeitos na hipótese de acordo entre empregado e empregador
(parte final do art. 477-B da CLT). Hipótese raríssima de ocorrer, dada a subordinação do
empregado.

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