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ALUNOS: DÁGILA DE SOUSA SILVA NASCIMENTO E DOUGLAS MELO

DIREITO COLETIVO E PROCESSUAL DO TRABALHO


fls.2

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

TERESINA - PI

15/06/2022

ACÓRDÃO

(6ª Turma)

GMACC/kors /dms/m

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.


RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI
13.467/2017. ADESÃO AO PLANO DE
DESLIGAMENTO INCENTIVADO (PDI).
QUITAÇÃO TOTAL DO CONTRATO DE
TRABALHO. PREVISÃO EM ACORDO
COLETIVO DE TRABALHO. AUSÊNCIA DE
TRANSCENDÊNCIA. Cuida-se de controvérsia
acerca da validade de cláusula de quitação
ampla e irrestrita prevista tanto no plano de
demissão incentivada consagrado em norma
coletiva quanto no termo de adesão à
transação firmada mediante assistência
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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

sindical. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar


o RE 590.415 (Tema 152), no contexto da
sistemática da repercussão geral, fixou tese no
sentido de que "A transação extrajudicial que
importa rescisão do contrato de trabalho, em
razão de adesão voluntária do empregado a
plano de dispensa incentivada, enseja quitação
ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto
do contrato de emprego, caso essa condição
tenha constado expressamente do acordo
coletivo que aprovou o plano, bem como dos
demais instrumentos celebrados com o
empregado". De acordo com os fundamentos
expostos no acórdão, "a quitação geral do
contrato de trabalho (...) consta em ACT
firmado pelo sindicato que a representa, o
qual, inclusive, requereu o seu cumprimento
integral no MPT", que as "cláusulas do PDI,
inclusive as relativas à quitação geral do
contrato de trabalho, portanto, foram
regularmente formalizadas, não havendo falar
em nulidade" e que a "adesão do Reclamante,
a tais regras, portanto, implica na quitação de
todas as verbas trabalhistas do extinto
contrato de trabalho, nos termos do item 17.2
do Regulamento e da cláusula 10 do ACT".
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Dessarte, diante do entendimento firmado pelo


STF, forçoso reconhecer a validade da quitação
geral e irrestrita do contrato de trabalho
mediante a adesão ao plano de dispensa
incentivada. Não ficou demonstrado o
desacerto da decisão monocrática que negou
provimento ao agravo de instrumento. Agravo
não provido, sem incidência de multa.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411, em que é
Agravante OSCAR CORDEIRO e Agravada ADMINISTRAÇÃO DOS PORTOS DE
PARANAGUÁ E ANTONINA.

Contra a decisão que negou provimento ao agravo de


instrumento, a parte agravante interpôs o presente agravo.

Em suas razões, o agravante sustenta a transcendência de seu


recurso.

Aberto o prazo para impugnação do agravo, a reclamada


apresentou manifestação às fls. 1.841-1.856 (numeração de fls. verificada na
visualização geral do processo eletrônico – "todos os PDFs" – assim como todas as
indicações subsequentes).
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É o relatório.

VOTO

1 – CONHECIMENTO

O recurso é tempestivo e está subscrito por advogado habilitado


nos autos.

Satisfeitos os pressupostos de admissibilidade, conheço.

2 – MÉRITO

O reclamante não se conforma com a decisão monocrática que


negou provimento ao seu agravo de instrumento, nos seguintes termos:

Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão mediante


a qual se denegou seguimento ao recurso de revista, nos seguintes termos:

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

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Recurso tempestivo (decisão publicada em 08/05/2019 -


fl./Id. 99f3d8e ; recurso apresentado em 20/05/2019 - fl./Id.
b165e1a).

Representação processual regular (fl./Id. e02b177).

Preparo dispensado (fl. 1581d17 ).

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

TRANSCENDÊNCIA

Nos termos do artigo 896-A da Consolidação das Leis do


Trabalho, cabe ao Tribunal Superior do Trabalho analisar se a
causa oferece transcendência em relação aos reflexos gerais de
natureza econômica, política, social ou jurídica.

Art. 896-A. ..........................................................

§ 1o São indicadores de transcendência, entre outros:

I - econômica, o elevado valor da causa;

II - política, o desrespeito da instância recorrida à


jurisprudência sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou do
Supremo Tribunal Federal;

III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de


direito social constitucionalmente assegurado;

IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da


interpretação da legislação trabalhista.

§ 2o Poderá o relator, monocraticamente, denegar


seguimento ao recurso de revista que não demonstrar
transcendência, cabendo agravo desta decisão para o colegiado.
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§ 3o Em relação ao recurso que o relator considerou não ter


transcendência, o recorrente poderá realizar sustentação oral
sobre a questão da transcendência, durante cinco minutos em
sessão.

§ 4o Mantido o voto do relator quanto à não transcendência


do recurso, será lavrado acórdão com fundamentação sucinta,
que constituirá decisão irrecorrível no âmbito do tribunal.

§ 5o É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em


agravo de instrumento em recurso de revista, considerar ausente
a transcendência da matéria.

§ 6o O juízo de admissibilidade do recurso de revista


exercido pela Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho
limita-se à análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do
apelo, não abrangendo o critério da transcendência das questões
nele veiculadas."

Rescisão do Contrato de Trabalho / Plano de Demissão


Voluntária / Incentivada.

Alegação(ões):

- contrariedade à Orientação Jurisprudencial SBDI-I/TST, nº


270.

- violação do(s) incisos XXXV e do artigo 5º da Constituição


Federal.

- violação da (o) incisos IV e V do artigo 166 do Código Civil;


§2º do artigo 477 da Consolidação das Leis do Trabalho.

- divergência jurisprudencial.

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O recorrente pede que seja declarada nula a quitação


ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de
emprego. Sustenta que o Programa de Desligamento
Incentivado/PDI não foi aprovado em Assembleia Geral
Extraordinária da categoria; que a tese firmada no RE 590.415/SC
contempla circunstâncias fáticas distintas; e que os trabalhadores
foram informados que a adesão ao PDI/2014 implicaria na
renúncia, tão somente, à estabilidade no emprego.  

Fundamentos do acórdão recorrido:

"(...) Insurge-se o Reclamante aduzindo que o PDI não foi


aprovada em assembleia geral, sendo nula a cláusula relativa à
quitação geral do contrato de trabalho. Acrescenta que tal
condição não lhe foi informada na rescisão contratual

O Reclamante aderiu a PDI instituído mediante negociação


coletiva, cujo regulamento dispõe, no item 17.2, que "no ato da
homologação da rescisão, conforme compromisso assumido na
fase de ratificação da adesão ao PDI/2014, o empregado,
mediante a assistência e orientação do SINTRAPORT, confirmará
sua renúncia a qualquer estabilidade no emprego, se for o caso, e
assinará termo para dar quitação a toda e qualquer verba do seu
extinto contrato de trabalho, não havendo sobre ele mais nada a
pleitear ou reclamar" (fl. 781). Na mesma senda, estabelece o ACT
2014/2016 que "o empregado público dará quitação plena, em
caráter geral e irrevogável, dos direitos oriundos da relação de
emprego extintos com esta rescisão contratual" (fl. 364).

O termo de quitação do contrato de trabalho, assinado pelo


obreiro, dispõe que ele dá "quitação total das verbas decorrentes
do Contrato de Trabalho, ora extinto, nada havendo sobre ele
nada a pleitear ou reclamar, nos termos do item 17.2 do
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Regulamento do Programa de Desligamento Incentivado - PDI da


Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina - APPA" (fl.
408). O sindicato ressalvou, todavia, "os direitos postulados nas
ações judiciais trabalhistas ajuizadas até 31/07/2014".

Não se verifica nos autos alguma invalidade das cláusulas


do PDI, sejam as previstas no ACT, sejam as previstas no
regulamento, as quais foram todas submetidas ao sindicato da
categoria do Reclamante. Não obstante as alegações recursais, de
que a quitação geral do contrato de trabalho não tenha sido
discutida pela categoria, ela consta em ACT firmado pelo sindicato
que a representa, o qual, inclusive, requereu o seu cumprimento
integral no MPT (fls. 783/784, 793). A categoria, em assembleia,
ademais, autorizou o sindicato e a comissão de transição a iniciar
a discussão a respeito da minuta de regulamento e a formalizar
os seus critérios (fl. 806). As cláusulas do PDI, inclusive as relativas
à quitação geral do contrato de trabalho, portanto, foram
regularmente formalizadas, não havendo falar em nulidade. A
adesão do Reclamante, a tais regras, portanto, implica na
quitação de todas as verbas trabalhistas do extinto contrato de
trabalho, nos termos do item 17.2 do Regulamento e da cláusula
10 do ACT.

Nesse mesmo sentido, decidiu o STF, consoante os


seguintes termos:

"A Constituição de 1988 restabeleceu o Estado Democrático


de Direito, afirmou como seus fundamentos a cidadania, a
dignidade humana, o pluralismo político e reconheceu uma série
de direitos sociais que se prestam a assegurar condições
materiais para a participação do cidadão no debate público.
Especificamente no que respeita ao direito coletivo do trabalho,

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como já mencionado, prestigiou a autonomia coletiva da vontade


como mecanismo pelo qual o trabalhador contribuirá para a
formulação das normas que regerão a sua própria vida, inclusive
no trabalho (art. 7º, XXVI, CF). Se este não é o espírito das normas
infraconstitucionais que regem a matéria, cabe ao intérprete
rever o conteúdo destas últimas à luz da Constituição.

(...)

Diferentemente do que ocorre com o direito individual do


trabalho, o direito coletivo do trabalho, que emerge com nova
força após a Constituição de 1988, tem nas relações grupais a sua
categoria básica. O empregador, ente coletivo provido de poder
econômico, contrapõe-se à categoria dos empregados, ente
também coletivo, representado pelo respectivo sindicato e
munido de considerável poder de barganha, assegurado,
exemplificativamente, pelas prerrogativas de atuação sindical,
pelo direito de mobilização, pelo poder social de pressão e de
greve. No âmbito do direito coletivo, não se verifica, portanto, a
mesma assimetria de poder presente nas relações individuais de
trabalho. Por consequência, a autonomia coletiva da vontade não
se encontra sujeita aos mesmos limites que a autonomia
individual.

21. Ao contrário, o direito coletivo do trabalho, em virtude


de suas particularidades, é regido por princípios próprios, entre
os quais se destaca o princípio da equivalência dos contratantes
coletivos, que impõe o tratamento semelhante a ambos os
sujeitos coletivos - empregador e categoria de empregados. (...)

É relevante, ainda, para a análise do presente caso, o


princípio da lealdade na negociação coletiva. Segundo esse
princípio os acordos devem ser negociados e cumpridos com boa-
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fé e transparência. Não se pode invocar o princípio tutelar,


próprio do direito individual, para negar validade a certo
dispositivo ou diploma objeto de negociação coletiva, uma vez
que as partes são equivalentes, ao contrário do que ocorre no
ramo individual. Quando os acordos resultantes de negociações
coletivas são descumpridos ou anulados, as relações por eles
reguladas são desestabilizadas e a confiança no mecanismo da
negociação coletiva é sacrificada.

25. Por fim, de acordo com o princípio da adequação


setorial negociada, as regras autônomas juscoletivas podem
prevalecer sobre o padrão geral heterônomo, mesmo que sejam
restritivas dos direitos dos trabalhadores, desde que não
transacionem setorialmente parcelas justrabalhistas de
indisponibilidade absoluta. Embora, o critério definidor de quais
sejam as parcelas de indisponibilidade absoluta seja vago, afirma-
se que estão protegidos contra a negociação in pejus os direitos
que correspondam a um "patamar civilizatório mínimo", como a
anotação da CTPS, o pagamento do salário mínimo, o repouso
semanal remunerado as normas de saúde e segurança do
trabalho, dispositivos antidiscriminatórios, a liberdade de
trabalho etc. Enquanto tal patamar civilizatório mínimo deveria
ser preservado pela legislação heterônoma, os direitos que o
excedem sujeitar-se-iam à negociação coletiva, que, justamente
por isso, constituiria um valioso mecanismo de adequação das
normas trabalhistas aos diferentes setores da economia e a
diferenciadas conjunturas econômicas.

(...)

O reverso também parece ser procedente. A concepção


paternalista que recusa à categoria dos trabalhadores a

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possibilidade de tomar as suas próprias decisões, de aprender


com seus próprios erros, contribui para a permanente atrofia de
suas capacidades cívicas e, por consequência, para a exclusão de
parcela considerável da população do debate público. (...)

Nessa linha, não deve ser vista com bons olhos a


sistemática invalidação dos acordos coletivos de trabalho com
base em uma lógica de limitação da autonomia da vontade
exclusivamente aplicável às relações individuais de trabalho. Tal
ingerência viola os diversos dispositivos constitucionais que
prestigiam as negociações coletivas como instrumento de solução
de conflitos coletivos, além de recusar aos empregados a
possibilidade de participarem da formulação de normas que
regulam as suas próprias vidas. Trata-se de postura que, de certa
forma, compromete o direito de serem tratados como cidadãos
livres e iguais.

29. Além disso, o voluntário cumprimento dos acordos


coletivos e, sobretudo, a atuação das partes com lealdade e
transparência em sua interpretação e execução são fundamentais
para a preservação de um ambiente de confiança essencial ao
diálogo e à negociação. O reiterado descumprimento dos acordos
provoca seu descrédito como instrumento de solução de conflitos
coletivos e faz com que a perspectiva do descumprimento seja
incluída na avaliação dos custos e dos benefícios de se optar por
essa forma de solução de conflito, podendo conduzir à sua não
utilização ou à sua oneração, em prejuízo dos próprios
trabalhadores.

(...)

(...) os PDIs, quando aprovados por meio de acordos e


convenções coletivos, como ocorrido no caso em exame,
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desempenham a relevante função de minimizar riscos e danos


trabalhistas. Como já observado, o descumprimento dos PDIs por
parte dos empregados, que, após perceberem proveitosa
indenização, ingressam na Justiça do Trabalho para pleitear
parcelas já quitadas, prejudica a seriedade de tais ajustes e pode
fazer com que os empresários quantifiquem tal risco, optando
por não mais adotar planos de demissão incentivada, ou, ainda
optando por reduzir os benefícios ofertados por meio desse
instrumento, mais uma vez, em prejuízo dos próprios
trabalhadores.

(...)

Por outro lado, o exercício da autonomia da vontade


coletiva não se sujeita aos mesmos limites incidentes sobre o
exercício da autonomia da vontade individual, como já
demonstrado. Em razão da reduzida assimetria de poderes entre
o empregador e a categoria como ente coletivo, não há que se
falar na aplicação, ao caso, do art. 477, §2º, CLT, voltado para a
tutela da relação individual do trabalho e expressamente afastado
com base no legítimo exercício da autonomia coletiva.

37. Coube à autonomia individual da vontade apenas a


decisão sobre aderir ou não ao PDI e, portanto, sobre outorgar ou
não a quitação, nos termos das normas já aprovadas pela
categoria.

(...)

Nesses termos, não há qualquer argumento que justifique o


não reconhecimento da quitação plena outorgada pela
reclamante ou que enseje a invalidade do acordo coletivo que a
autorizou. Ao fazê-lo, a decisão recorrida incorreu em violação ao

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art. 7º, XXVI, da Constituição, uma vez que negou reconhecimento


ao acordo coletivo com base em fundamentos ilegítimos, sendo
de se destacar que o respeito a tais acordos preserva o interesse
da classe trabalhadora de dispor desse instrumento essencial à
adequação das normas trabalhistas aos momentos de crise e à
minimização dos danos ensejados por dispensas em massa.

(...)

Por todo o exposto, dou provimento ao recurso


extraordinário para assentar a validade do termo de quitação
plena assinado pela reclamante, à luz do art. 7º, XXVI, CF, e
declarar a improcedên cia do pedido inicial. Fixo como tese, em
sede de repercussão geral, que: "A transação extrajudicial que
importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão
voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja
quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do
contrato de emprego, caso essa condição tenha constado
expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem
como dos demais instrumentos celebrados com o empregado"
(Recurso Extraordinário 590.415, Rel. Min. Luís Roberto Barroso,
Tribunal Pleno, DJE 29.05.2015).

O teor do v. acórdão está sumarizado na sua ementa:

DIREITO DO TRABALHO. ACORDO COLETIVO. PLANO DE


DISPENSA INCENTIVADA. VALIDADE E EFEITOS. 1. Plano de
dispensa incentivada aprovado em acordo coletivo que contou
com ampla participação dos empregados. Previsão de vantagens
aos trabalhadores, bem como quitação de toda e qualquer
parcela decorrente de relação de emprego. Faculdade do
empregado de optar ou não pelo plano. 2. Validade da quitação
ampla. Não incidência, na hipótese, do art. 477, § 2º da
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Consolidação das Leis do Trabalho, que restringe a eficácia


liberatória da quitação aos valores e às parcelas discriminadas no
termo de rescisão exclusivamente. 3. No âmbito do direito
coletivo do trabalho não se verifica a mesma situação de
assimetria de poder presente nas relações individuais de
trabalho. Como consequência, a autonomia coletiva da vontade
não se encontra sujeita aos mesmos limites que a autonomia
individual. 4. A Constituição de 1988, em seu artigo 7º, XXVI,
prestigiou a autonomia coletiva da vontade e a autocomposição
dos conflitos trabalhistas, acompanhando a tendência mundial ao
crescente reconhecimento dos mecanismos de negociação
coletiva, retratada na Convenção n. 98/1949 e na Convenção n.
154/1981 da Organização Internacional do Trabalho. O
reconhecimento dos acordos e convenções coletivas permite que
os trabalhadores contribuam para a formulação das normas que
regerão a sua própria vida. 5. Os planos de dispensa incentivada
permitem reduzir as repercussões sociais das dispensas,
assegurando àqueles que optam por seu desligamento da
empresa condições econômicas mais vantajosas do que aquelas
que decorreriam do mero desligamento por decisão do
empregador. É importante, por isso, assegurar a credibilidade de
tais planos, a fim de preservar a sua função protetiva e de não
desestimular o seu uso. 7. Provimento do recurso extraordinário.
Afirmação, em repercussão geral, da seguinte tese: "A transação
extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em
razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa
incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as
parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição
tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o
plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o
empregado"

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Observa-se que o STF não restringiu a eficácia do PDI às


hipóteses em que o ajuizamento da reclamatória trabalhista
tenha ocorrido após a rescisão contratual. Assim sendo, e
considerando que o Reclamante foi assistido pelo sindicato
durante todo o trâmite da rescisão contratual e que o
regulamento do PDI concede a quitação total do contrato de
trabalho, sem ressalvas, mister considerar-se válidas as normas
do referido programa de demissão.

A ressalva aposta mediante carimbo pelo sindicato da


categoria, no termo de quitação, portanto, não pode subsistir,
porquanto está em desacordo com os termos do PDI negociado
com o próprio ente sindical (violando a boa-fé objetiva), os quais
eram de pleno conhecimento do Reclamante quando aderiu ao
PDI e assinou o termo de ratificação de adesão (homologado pelo
sindicato) e o termo de quitação do contrato de trabalho (fls.
1595, 1621, 1667). No TRCT, ademais, consta expressamente que
"ao presente Termo de Homologação de Rescisão do Contrato de
Trabalho não se aplica o campo 155 ou outras ressalvas, por
aplicação do item 17.2 previsto no Regulamento (anexo do Acordo
Coletivo de Trabalho do Programa de Desligamento Incentivado),
da Cláusula Décima do Acordo Coletivo de Trabalho do PDI,
registrado no MTE sob o nº PR004412/2014 e previsto no Termo
de Ajuste de Conduta nº 387/2014, firmado perante o Ministério
Público do Trabalho" (fl. 1662). O Reclamante, além disso, recebeu
a expressiva quantia de R$ 172.863,31, a título de indenização (fl.
1672).

Nesse sentido, os seguintes precedentes do C. TST:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA

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LEI Nº 13.015/2014. EXECUÇÃO. APPA. ADESÃO A PROGRAMA DE


DESLIGAMENTO INCENTIVADO (PDI). NEGOCIAÇÃO COLETIVA.
CLÁUSULA DE EFICÁCIA LIBERATÓRIA GERAL. EFEITOS. A
jurisprudência desta Corte Superior firmou-se no sentido de que
a adesão a Plano de Dispensa Incentivada (PDI) não impossibilita
o posterior ajuizamento de ação para postular direitos oriundos
do contrato de trabalho. Nessa direção, consagrou que a quitação
se limita às parcelas contidas expressamente no termo rescisório,
na mesma linha da homologação do recibo de rescisão
contratual, positivado no artigo 477, caput e parágrafos, da CLT.
Inteligência da Orientação Jurisprudencial nº 270 da SBDI-1 do
TST. A tese fixada prevaleceu, inclusive, nos casos em que a
instituição do PDI, com previsão de eficácia liberatória geral do
contrato de trabalho extinto, é estabelecida mediante negociação
coletiva e com assistência no ato da rescisão. Assim se decidiu no
Incidente de Uniformização de Jurisprudência suscitado no ROAA
nº 111500-48.2002.5.12.0000, julgado pelo Tribunal Pleno em
09/11/2006, no qual se manteve a aplicabilidade da citada
Orientação Jurisprudencial aos processos envolvendo o BESC
(sucedido pelo Banco do Brasil S/A). Tal interpretação amparou-se
no entendimento segundo o qual não é possível a transação de
caráter genérico na esfera do Direito do Trabalho, em face do que
preceituam os artigos 9º e 444 da CLT. Isso porque prevalecem
preceitos imperativos que visam à proteção do trabalhador e a
prevalência da justiça social, notadamente no que concerne às
condições mínimas de trabalho. Sob esse norte, consideram-se
nulos, pois, todos os atos que contrariem ou impeçam a aplicação
de normas cogentes de proteção ao obreiro. Não obstante, o
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso
Extraordinário nº 590.415, com repercussão geral reconhecida,
fixou, por unanimidade, a tese de que ' A transação extrajudicial

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que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de


adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada,
enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do
contrato de emprego, caso essa condição tenha constado
expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem
como dos demais instrumentos celebrados com o empregado' .
Para assim decidir, destacou as peculiaridades do caso concreto e
identificou, no particular, a presença de elementos fáticos de
distinção em relação aos precedentes que originaram a
Orientação Jurisprudencial nº 270 da SBDI-1 do TST. De tal forma,
sua decisão não implica necessário cancelamento do verbete,
mas apenas consigna sua inaplicabilidade à hipótese específica.
No presente caso, examinam-se os efeitos da adesão a Programa
de Desligamento Incentivado, instituído pela APPA, por meio do
acordo coletivo de 2014, em que se identificam peculiaridades
similares àquelas em que se fundamenta o referido precedente
do STF (RE 590412). Nesse contexto, tem-se por válida a cláusula
de quitação geral e irretratável dos direitos e verbas trabalhistas
oriundos do extinto contrato de trabalho, com a qual anuiu
livremente o autor, mediante percepção de correspondente
indenização pecuniária, cujos efeitos se sobrepõem à ressalva
oposta pelo sindicato, em ato de homologação, em relação às
ações trabalhistas ajuizadas até 31/7/2014. Precedentes. Incide o
óbice da Súmula nº 333 do TST, a inviabilizar a pretensa violação
direta e literal dos preceitos constitucionais indicados, na forma
imposta pelo artigo 896, §2º, da CLT e a Súmula nº 266 desta
Corte. Destaque-se que o fato de a adesão ter ocorrido já na fase
de execução não afasta tal conclusão, pelo contrário, impõe a
extinção do procedimento, tal como decidido pelo Tribunal
Regional. Não se há de falar, portanto, em afronta à coisa julgada.
Agravo de instrumento a que se nega provimento. (Processo: AIRR

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

- 95100-13.1998.5.09.0022 Data de Julgamento: 21/11/2018,


Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 30/11/2018).

RECURSOS DE REVISTA DAS PARTES. FATO NOVO.


PREJUDICIAL DE MÉRITO. EXTINÇÃO DO PROCESSO COM
RESOLUÇÃO DE MÉRITO. PROGRAMA DE DESLIGAMENTO
VOLUNTÁRIO. TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL. QUITAÇÃO GERAL. A
discussão cinge-se em definir se a adesão voluntária do
empregado a plano de dispensa incentivada, por meio de acordo
coletivo, enseja a quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas
objeto do contrato de trabalho. A jurisprudência desta Corte
Superior firmou-se no sentido de que a adesão a Plano de
Dispensa Incentivada (PDI) não impossibilitava o ajuizamento de
ação para reivindicar direitos oriundos do contrato de trabalho,
inclusive, nos casos em que a instituição do PDI contava com
cláusula expressa de eficácia liberatória geral do contrato de
trabalho extinto (Incidente de Uniformização de Jurisprudência
suscitado no ROAA nº 111500-48.2002.5.12.0000, julgado pelo
Tribunal Pleno, em 09/11/2006). Ocorre que o Supremo Tribunal
Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 590.415,
com repercussão geral reconhecida, tema 152, fixou, por
unanimidade, a tese de que "A transação extrajudicial que
importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão
voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja
quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do
contrato de emprego, caso essa condição tenha constado
expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem
como dos demais instrumentos celebrados com o empregado".
No caso, ao contrário do que afirma o reclamante, as respectivas
ressalvas opostas à quitação firmadas relativas às ações judiciais
trabalhistas ajuizadas até 31/7/2014 não têm o condão de afastar
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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

a quitação ampla e geral do contrato de trabalho, em especial


porque o próprio empregado concordou com o disposto no item
17.2 do Regulamento do Programa de Desligamento Incentivado -
PDI, que não permitia ressalvas. Nesse passo, válida a cláusula de
quitação geral instituída pelo PDI a que anuiu o reclamante. Logo,
a hipótese é de extinção do processo, com resolução de mérito,
nos termos do art. 269, III, do CPC. Prejudicado o exame dos
recursos de revistas do reclamante e do reclamado. (Processo: RR
- 1281-94.2013.5.09.0022 Data de Julgamento: 19/08/2015,
Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 21/08/2015).

Na mesma senda, os seguintes precedentes deste E. TRT9,


envolvendo a mesma Reclamada:

PDV. QUITAÇÃO TOTAL DO CONTRATO DE TRABALHO.


VALIDADE. O STF apreciou sob o rito da repercussão geral a
questão da validade das claúsulas que conferem quitação geral
do contrato de trabalho presentes nos Programas de Demissão
Voluntárias (RE 590415), tendo sido firmada a seguinte tese: "A
transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de
trabalho, em razão de adesão voluntária do empregado a plano
de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de
todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa
condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que
aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados
com o empregado". No caso, o empregado assinou o Termo de
Quitação do Contrato de Trabalho, no qual há expressa menção
pela quitação total das verbas decorrentes do contrato de
trabalho. A ressalva realizada pelo Sindicato quanto aos direitos
postulados por ações trabalhistas ajuizada anteriormente a
31/07/2014 não deve ser considerada válida, tendo em vista a

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

ocorrência de venire contra factum proprium, visto que ao


mesmo tempo em que se concorda com a quitação total das
verbas do contrato se busca ressalvar os direitos postulados nas
ações judiciais. Recurso a que se dá provimento para determinar
a extinção da execução com fulcro no artigo 269, III, do CPC (TRT:
00951-1998-022-09-00-0, Relator Desembargador Celio Horst
Waldraff, publicado em 26/2/2016).

"Destaco, inicialmente, que não há que se falar em


prevalência do PDI sobre os valores deferidos na presente ação,
pois a transação de valores acobertados pela coisa julgada
depende de manifestação individual do Exequente no bojo da
relação jurídica processual, na medida em que o direito subjetivo
de ação se trata de direito individual puro, do qual o Sindicato não
pode dispor na condição de substituto processual. Não se cogita,
pois, em transação extrajudicial realizada pelo Sindicato.

Ainda que assim não fosse, e que se admitisse a hipótese


de transação dos direitos individuais puros já litigiosos, é certo
que a pretensão da Executada encontra óbice na ressalva
consignada no termo de rescisão, de maneira que não há que se
falar em quitação irrestrita, conforme entendimento
consubstanciado na Súmula 330 do TST.

Nesse sentido, a manifestação do Ministério Público do


Trabalho (fls. 1372/1375), por meio do Procurador Regional do
Trabalho José Cardoso Teixeira Júnior, cujos fundamentos peço
vênia para acrescer às razões de decidir:

"(...) A validade do acordo para fins de extinção do contrato


de trabalho é incontroversa. Entretanto, ainda que se trate de ato
jurídico perfeito, o acordo entabulado entre as partes não tem o
poder de quitação plena das verbas trabalhistas, mas apenas das
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verbas e valores expressamente discriminados no recibo de


quitação.

Destaque-se, ademais, que o valor indenizatório é um dos


benefícios concedidos como incentivo a que o empregado adira
ao PDI.

A despeito do contido nas cláusulas supracitadas, o termo


de quitação juntado aos autos pela própria agravada traz a
seguinte ressalva: "ficam ressalvadas da presente homologação e
quitação todos os direitos postulados nas ações judiciais
trabalhistas ajuizadas até 31/07/2014".

Ora, diante dos termos contidos na quitação, não há a


menor dúvida que os direitos postulados na presente demanda,
ajuizada dia 05/04/2005, estão resguardados.

Melhor sorte não assiste à agravada quanto ao pedido


sucessivo de compensação da importância recebida a título
indenizatório pelo agravado como incentivo à resilição de seu
contrato de trabalho, sobre valores que porventura sejam
deferidos na presente demanda.

A compensação postulada somente é possível entre


parcelas de idêntica natureza. No caso concreto, a indenização
concedida ao trabalhador como incentivo à resilição de seu
contrato de trabalho, sobre valores que porventura sejam
deferidos na presente demanda.

A compensação postulada somente é possível entre


parcelas de idêntica natureza. No caso concreto, a indenização
concedida ao trabalhador como incentivo para que aderisse ao
PDI não tem a mesma natureza jurídica das verbas decorrentes
do contrato de trabalho mantido entre as partes.
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A Orientação Jurisprudencial nº 356 da SBDI-1 do C. TST


consagra o entendimento sobre os efeitos da adesão ao PDI:

"PROGRAMA DE INCENTIVO À DEMISSÃO VOLUNTÁRIA


(PDV) CRÉDITOS TRABALHISTAS RECONHECIDOS EM JUÍZO.
COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os créditos tipicamente
trabalhistas reconhecidos em juízo não são suscetíveis de
compensação com a indenização paga em decorrência de adesão
do trabalhador a Programa de Incentivo à Demissão Voluntária
(PDV)."

Manteria a sentença, portanto, quanto ao aspecto.

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 590415,


originário de Santa Catarina, acórdão publicado no DJE 29/5/2015,
de relatoria do Ministro Luís Roberto Barroso, com repercussão
geral reconhecida, entendeu, contudo, pela validade da quitação
ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de
emprego decorrente de adesão voluntária do empregado a plano
de dispensa incentivada, desde que referida condição conste
expressamente em acordo coletivo que aprovou o plano e nos
demais instrumentos celebrados com o empregado, a
excepcionar o art. 477, § 2º, da CLT:

"DIREITO DO TRABALHO. ACORDO COLETIVO. PLANO DE


DISPENSA INCENTIVADA. VALIDADE E EFEITOS.

1. Plano de dispensa incentivada aprovado em acordo


coletivo que contou com ampla participação dos empregados.
Previsão de vantagens aos trabalhadores, bem como quitação de
toda e qualquer parcela decorrente de relação de emprego.
Faculdade do empregado de optar ou não pelo plano.

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2. Validade da quitação ampla. Não incidência, na hipótese,


do art. 477, § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho, que
restringe a eficácia liberatória da quitação aos valores e às
parcelas discriminadas no termo de rescisão exclusivamente.

3. No âmbito do direito coletivo do trabalho não se verifica


a mesma situação de assimetria de poder presente nas relações
individuais de trabalho. Como consequência, a autonomia coletiva
da vontade não se encontra sujeita aos mesmos limites que a
autonomia individual.

4. A Constituição de 1988, em seu artigo 7º, XXVI, prestigiou


a autonomia coletiva da vontade e a autocomposição dos
conflitos trabalhistas, acompanhando a tendência mundial ao
crescente reconhecimento dos mecanismos de negociação
coletiva, retratada na Convenção n. 98/1949 e na Convenção n.
154/1981 da Organização Internacional do Trabalho. O
reconhecimento dos acordos e convenções coletivas permite que
os trabalhadores contribuam para a formulação das normas que
regerão a sua própria vida.

5. Os planos de dispensa incentivada permitem reduzir as


repercussões sociais das dispensas, assegurando àqueles que
optam por seu desligamento da empresa condições econômicas
mais vantajosas do que aquelas que decorreriam do mero
desligamento por decisão do empregador. É importante, por isso,
assegurar a credibilidade de tais planos, a fim de preservar a sua
função protetiva e de não desestimular o seu uso.

7. Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em


repercussão geral, da seguinte tese: 'A transação extrajudicial que
importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão
voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja
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quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do


contrato de emprego, caso essa condição tenha constado
expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem
como dos demais instrumentos celebrados com o empregado'."

A matéria é assente nesta Seção Especializada, desse modo,


conforme o precedente AP 2302-2007-322-09-00-0, acórdão
publicado em 12/2/2016, de relatoria do Desembargador do
Trabalho Adilson Luiz Funez, a envolver a mesma Executada
(Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina - APPA).
Reproduzo, como razões de decidir, os fundamentos de Sua
Excelência, a retratar a situação fática da presente demanda:

"No caso em exame, a executada firmou, com o sindicato


que representa o exequente, o acordo coletivo de trabalho 2014-
2016 (fls. 890/896), 'com a finalidade de regulamentar, no mês de
julho de 2014, um Programa de Desligamento Incentivado -
PDI/2014' (cláusula 3ª).

Constou do referido ACT:

CLÁUSULA DÉCIMA - QUITAÇÃO. O empregado público dará


quitação plena, em caráter geral e irrevogável, dos direitos
oriundos da relação de emprego extintos com esta rescisão
contratual. (fl. 891).

Outrossim, o regulamento do referido PDI (Anexo I do ACT


supra - fls. 917v-922), previu:

2. ASPECTOS GERAIS DO PROGRAMA DE DESLIGAMENTO


INCENTIVADO - PDI/2014

(...)

Firmado por assinatura digital em 01/06/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

2.6. A adesão individual do empregado ao PDI/2014, com o


consequente recebimento dos valores pagos a título de rescisão
contratual e indenização implicará plena geral e irrestrita quitação
de todas as verbas decorrentes do extinto contrato de trabalho,
não havendo sobre ela nada mais a reclamar nem pleitear a
qualquer título.

(...)

17. HOMOLOGAÇÃO DA RESCISÃO

(...)

17.2. No ato de homologação da rescisão, conforme


compromisso assumido na fase de ratificação de adesão ao
PDI/2014, o empregado, mediante a assistência e orientação do
SINTRAPORT, confirmará sua renúncia a qualquer estabilidade no
emprego, se for o caso, e assinará termo para dar quitação a toda
e qualquer verba do seu extinto contrato de trabalho, não
havendo sobre ele mais nada a pleitear ou reclamar.

Incontroverso que, em 01º/09/2014, o exequente aderiu ao


programa de desligamento incentivado em questão, conforme
termo de adesão de fl. 902, no qual declarou 'ter conhecimento
de todos os termos do Programa de Desligamento Incentivado -
PDI/2014, comprometendo-me ao fiel cumprimento dos critérios,
forma de participação, etapas e prazos nele estabelecidos.

Ademais, à fl. 914v, está acostado TERMO DE RATIFICAÇÃO


DE ADESÃO AO PDI/2014 APPA, datado de 14/11/2014, assinado
pelo exequente e homologado pelo sindicato profissional, no qual
constam os seguintes dizeres, sem qualquer ressalva: 'ratifico
minha adesão ao PDI/2014, dando quitação a toda e qualquer

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

verba do meu extinto contrato de trabalho, não havendo sobre


ele mais nada a pleitear ou reclamar" (destaquei).

Conforme documentos de fls. 908-v e 910, o valor da


indenização devida ao exequente pela adesão ao PDI foi fixado
em R$ 450.000,00 (quatrocentos e cinquenta mil reais).

Assim, diante da adesão do exequente ao PDI, formalizou-


se a rescisão do contrato de emprego junto ao sindicato obreiro,
em 07/01/2015 (fls. 934-937).

Na ocasião, firmou-se TERMO DE QUITAÇÃO DO CONTRATO


DE TRABALHO, no qual o exequente reafirmou dar 'quitação
TOTAL das verbas decorrentes do Contrato de Trabalho, ora
extinto, não havendo sobre ele nada a pleitear ou reclamar, nos
termos do item 17.2 do Regulamento do Programa de
Desligamento Incentivado (...)'. (fl. 937)

Na mesma direção, constou do TRCT (fl. 934v):

'Ao presente Termo de Homologação de Rescisão do


Contrato de Trabalho não se aplica o campo 155 ou outras
ressalvas, por aplicação do item 17.2 previsto no Regulamento
(anexo ao Acordo Coletivo de Trabalho do Programa de
Desligamento Incentivado), da Cláusula Décima do Acordo
Coletivo de Trabalho do PDI (...)'.

Nada obstante, tanto no documento de fl. 937, quanto no


TRCT, foi aposto carimbo com os seguintes termos: 'Ficam
ressalvadas da presente homologação e quitação, todos os
direitos postulados nas ações judiciais ajuizadas até 31/07/2014'.

Com todo respeito ao Juízo , entendo a quo que referida


ressalva não prevalece sobre as disposições do acordo coletivo e
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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

seu respectivo anexo, no sentido de que a adesão ao PDI


implicará plena, geral e irrestrita quitação de todas as verbas
decorrentes do extinto contrato de trabalho.

De fato, a oposição de ressalva no TRCT constitui um direito


potestativo do trabalhador, ao qual o empregador não pode se
opor.

Logo, por representar manifestação de vontade individual e


unilateral, concluo que a referida ressalva não pode contrariar o
que foi coletivamente acordado, ressaltando-se que o ACT não fez
qualquer condicionamento ou ressalva à eficácia liberatória geral
nele prevista, do que se conclui que abrange inclusive os direitos
postulados judicialmente, pois também oriundos do contrato de
trabalho objeto de quitação total.

Não bastasse isso, como já mencionado, no TERMO DE


RATIFICAÇÃO DE ADESÃO AO PDI/2014 APPA, de fl. 914v, o
exequente deu 'quitação a toda e qualquer verba do meu extinto
contrato de trabalho, não havendo sobre ele mais nada a pleitear
ou reclamar', sem qualquer ressalva.

Por conseguinte, diante da decisão do C. STF no RE


590415/SC, acertada a conclusão da Exma. representante do
Ministério Público do Trabalho, no sentido de que o exequente
não pode agora, tendo livre e espontaneamente aderido a plano
negociado entre o sindicato da categoria e o empregador, em
troca de vultosa quantia, receber novamente verbas derivadas de
um contrato de trabalho a que já deu quitação' (fl. 1223).

Logo, a oposição de ressalva apenas quando da


homologação da rescisão contratual implica nítida violação ao
princípio da boa-fé objetiva, pois, com seu comportamento

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

anterior de atribuir à adesão ao PDI eficácia liberatória geral


irrestrita, o exequente gerou confiança na parte adversa de que
continuaria a portar-se do mesmo modo (venire contra factum
proprium).

Nesse sentido, leciona Flávio Tartuce:

Pela máxima venire contra factum proprium non potest,


determinada pessoa não pode exercer um direito próprio
contrariando um comportamento anterior, devendo ser mantida
a confiança e o dever de lealdade, decorrentes da boa-fé objetiva.
O conceito mantém relação com a tese dos atos próprios, muito
bem explorada no Direito Espanhol por Luís Díez-Picazo.

Para Anderson Schreiber, que desenvolveu excelente


trabalho específico sobre o tema no Brasil, podem ser apontados
quatro pressupostos para aplicação da proibição do
comportamento contraditório: 1.º) um fato próprio, uma conduta
inicial; 2.º) a legítima confiança de outrem na conservação do
sentido objetivo dessa conduta; 3.º) um comportamento
contraditório com este sentido objetivo; 4.º) um dano ou um
potencial de dano decorrente da contradição. (Manual de direito
civil: volume único / Flávio Tartuce. 5. ed. rev., atual. e ampl. -Rio
de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015).

Dessarte, entendo que o caso se identifica com a tese


firmada pelo C. STF no RE 590415/SC, pois a quitação ampla e
irrestrita de todas as parcelas decorrentes do contrato de
emprego constou dos acordos coletivos e demais instrumentos
assinados pelo empregado.

Por fim, destaco que, ao contrário do que pretende fazer


crer o exequente em sua contraminuta, não há falar em aplicação

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

do art. 842 do Código Civil (Art. 842. A transação far-se-á por


escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige, ou por
instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair sobre
direitos contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou
por termo nos autos, assinado pelos transigentes e homologado
pelo juiz).

Isso porque a finalidade da referida disposição é dar maior


segurança às transações envolvendo direitos litigiosos.

Assim, a violação da referida norma gera, quando muito,


presunção de vício de consentimento ou de não quitação da
avença, o que sequer é cogitado pelo exequente.

Nota-se, ainda, que o dispositivo não comina nulidade pelo


seu mero descumprimento.

Diante de todo o exposto, dou provimento para reconhecer


que a transação extrajudicial, em razão da adesão voluntária do
exequente a plano de dispensa incentivada, ensejou quitação
ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de
emprego, inclusive das postuladas na presente ação, e, por
consequência, declarar extinta a execução, nos termos do art.
794, I, do CPC.

Prejudicados os demais pedidos e questões suscitadas."

A ressalva do Exequente externada no TRCT não tem o


condão de elidir a quitação ampla e irrestrita decorrente da
adesão ao plano de dispensa incentivada, portanto.

Posto isso, dou provimento ao agravo de petição da


Executada para reconhecer que a transação extrajudicial, em
razão da adesão voluntária do Exequente a plano de dispensa
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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

incentivada, ensejou quitação ampla e irrestrita de todas as


parcelas objeto do contrato de emprego, inclusive das postuladas
na presente demanda, e, por conseguinte, declarar extinta a
execução, nos termos do art. 794, I, do CPC.

Prejudicados os demais pedidos e questões suscitadas"


(TRT: 00595-2005-022-09-00-4, Relator Ricardo Tadeu Marques da
Fonseca, publicado em 1/3/2016).

"Os documentos de fls. 723 e seguintes comprovam que o


autor aderiu, em 07/01/2015, a Programa de Desligamento
Incentivado implementado pela ré, no qual consta cláusula que dá
quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas decorrentes do
contrato de emprego.

Era pacífico o entendimento dos Tribunais de que tal


disposição não era válida, uma vez que se estaria conferindo
licitude a ajuste de direitos individuais indisponíveis.

A jurisprudência do TST, consubstanciada na Orientação


Jurisprudencial nº 270, firmou-se no sentido de que o incentivo
financeiro para adesão ao plano de demissão voluntária não
implica a renúncia de direitos do contrato de trabalho:

"ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 270 PROGRAMA DE


INCENTIVO À DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. TRANSAÇÃO
EXTRAJUDICIAL. PARCELAS ORIUNDAS DO EXTINTO CONTRATO DE
TRABALHO. EFEITOS (inserida em 27.09.2002)

A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato


de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão
voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores
constantes do recibo."

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Todavia, em 30/04/2015, o Supremo Tribunal Federal, nos


autos do RE-590.415/SC, ao qual foi conferido repercussão geral,
entendeu que haverá quitação ampla e irrestrita de todas as
parcelas decorrentes do contrato de emprego desde que o Plano
de Dispensa Incentivada contenha cláusula nesse sentido e seja
aprovado por negociação coletiva.

Eis a ementa do entendimento do E. STF:

"DIREITO DO TRABALHO. ACORDO COLETIVO. PLANO DE


DISPENSA INCENTIVADA. VALIDADE E EFEITOS. 1. Plano de
dispensa incentivada aprovado em acordo coletivo que contou
com ampla participação dos empregados. Previsão de vantagens
aos trabalhadores, bem como quitação de toda e qualquer
parcela decorrente de relação de emprego. Faculdade do
empregado de optar ou não pelo plano. 2. Validade da quitação
ampla. Não incidência, na hipótese, do art. 477, § 2º da
Consolidação das Leis do Trabalho, que restringe a eficácia
liberatória da quitação aos valores e às parcelas discriminadas no
termo de rescisão exclusivamente. 3. No âmbito do direito
coletivo do trabalho não se verifica a mesma situação de
assimetria de poder presente nas relações individuais de
trabalho. Como consequência, a autonomia coletiva da vontade
não se encontra sujeita aos mesmos limites que a autonomia
individual. 4. A Constituição de 1988, em seu artigo 7º, XXVI,
prestigiou a autonomia coletiva da vontade e a autocomposição
dos conflitos trabalhistas, acompanhando a tendência mundial ao
crescente reconhecimento dos mecanismos de negociação
coletiva, retratada na Convenção n. 98/1949 e na Convenção n.
154/1981 da Organização Internacional do Trabalho. O
reconhecimento dos acordos e convenções coletivas permite que
os trabalhadores contribuam para a formulação das normas que

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regerão a sua própria vida. 5. Os planos de dispensa incentivada


permitem reduzir as repercussões sociais das dispensas,
assegurando àqueles que optam por seu desligamento da
empresa condições econômicas mais vantajosas do que aquelas
que decorreriam do mero desligamento por decisão do
empregador. É importante, por isso, assegurar a credibilidade de
tais planos, a fim de preservar a sua função protetiva e de não
desestimular o seu uso. 7. Provimento do recurso extraordinário.
Afirmação, em repercussão geral, da seguinte tese: "A transação
extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em
razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa
incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as
parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição
tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o
plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o
empregado." (STF, Tribunal Pleno, Repercussão Geral nos autos
do processo nº RE-590.415/SC, Relator Ministro Roberto Barroso,
DJ-e de 29/5/2015)

O c. TST, após a decisão do Supremo, passou a adotar o


mesmo entendimento, como se observa das ementas a seguir
transcritas:

"RECURSO DE REVISTA DO BANCO-RECLAMADO - ANTIGO


BESC SUCEDIDO PELO BANCO DO BRASIL S.A. - PLANO DE
DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO - PDI - TRANSAÇÃO - QUITAÇÃO DO
CONTRATO DE TRABALHO AMPLA E IRRESTRITA - DECISÃO DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO RE Nº 590.415. A jurisprudência
desta Corte preceituava que a transação extrajudicial que importa
a rescisão do contrato de trabalho, ainda que autorizada por
norma coletiva e efetuada mediante a adesão do empregado a
programade demissão incentivada - PDI não acarreta a quitação

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

plena do extinto contrato de trabalho, a teor do disposto na


Orientação Jurisprudencial nº 270 da SBDI-1 do TST. Precedentes.
No entanto, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
Recurso Extraordinário nº 590.415, datado de 30/4/2015, que
trata de caso semelhante ao dos autos e também figura como
parte o Banco do Brasil S.A. (sucessor do Banco do Estado de
Santa Catarina S.A. - BESC), com repercussão geral reconhecida,
fixo u, por unanimidade, a tese de que "A transação extrajudicial
que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de
adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada,
enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do
contrato de emprego, caso essa condição tenha constado
expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem
como dos demais instrumentos celebrados com o empregado".
Naquela decisão, ressaltou-se nuanças do caso concreto
pontuando ali a presença de elementos fáticos de distinção em
relação aos precedentes que originaram a Orientação
Jurisprudencial nº 270 da Subseção 1 da Seção Especializada em
Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho. No julgado
do Supremo Tribunal Federal foi descrito que a transação fora
precedida de negociação coletiva válida e amplos debates entre a
categoria profissional e a empresa. Nesse passo, ressalvado o
entendimento pessoal deste Relator e desta Corte Superior, por
questões de disciplina judiciária, adota-se entendimento
externando pelo Supremo Tribunal Federal na decisão proferida
no processo nº RE nº 590.415, dotada de efeito vinculante, e que
trata de situação fático-jurídica equivalente à em exame, para
reconhecer a validade do termo de quitação plena do contrato de
trabalho assinado pelo autor. Recurso de revista conhecido e
provido. RECURSO DE REVISTA ADESIVO DO RECLAMANTE.
Prejudicado o exame do apelo obreiro em face do provimento do

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

recurso de revista interposto pelo reclamado. AGRAVO DE


INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA UNIÃO. Prejudicado
o exame do apelo do ente público em decorrência do provimento
do recurso de revista interposto pelo reclamado". (Processo: ARR -
49300-17.2008.5.12.0025 Data de Julgamento: 16/12/2015, Relator
Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 18/12/2015, destaquei).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO PELA RECLAMADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI
13.015/2014. EFEITOS DECORRENTES DA ADESÃO AO PROGRAMA
DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. PREVISÃO EM NEGOCIAÇÃO
COLETIVA. EFEITOS DA QUITAÇÃO PELA ADESÃO VOLUNTÁRIA DO
EMPREGADO. Deve ser provido o agravo de instrumento quando
evidenciada a possível ofensa do art. 5º, XXXVI, da CF. Agravo de
instrumento provido. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA.
PROGRAMA DE DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO - PDV. PREVISÃO
EM NEGOCIAÇÃO COLETIVA. EFEITOS DA QUITAÇÃO PELA ADESÃO
VOLUNTÁRIA DO EMPREGADO. VALIDADE DA QUITAÇÃO AMPLA.
PROTEÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA AUTONOMIA COLETIVA DA
VONTADE E DA EQUIVALÊNCIA DOS CELEBRANTES DO CONTRATO
COLETIVO. O e. STF, nos autos do Recurso Extraordinário nº
590.415/SC, mediante acórdão publicado em 29/05/2015, fixou
tese, em repercussão geral, no sentido de que "A transação
extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em
razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa
incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as
parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição
tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o
plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o
empregado". Trata-se, in casu, de ajuste coletivo firmado em que
se negociou a instituição de Programa de Desligamento
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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

Voluntário- PDV, conferindo aos empregados o direito de adesão,


mediante pagamento de vultosa indenização, em troca da
quitação ampla e irrestrita dos direitos oriundos do contrato de
trabalho. Revejo o meu posicionamento para conferir validade à
quitação ampla passada pelo empregado quando da adesão
voluntária ao PDV firmado em negociação coletiva, e julgar
improcedentes os pedidos. Recurso de revista conhecido e
provido. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
INTERPOSTO PELO RECLAMANTE ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI
13.015/2014. Prejudicada a análise do agravo de instrumento
interposto pelo reclamante em virtude do que foi decidido no
recurso de revista interposto pela reclamada". (Processo: ARR -
248-96.2013.5.02.0464 Data de Julgamento: 16/12/2015, Relator
Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 18/12/2015, destaquei).

"RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DO ACÓRDÃO POR


NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. É obrigação do
magistrado prestar a jurisdição (art. 5º, XXXV, da CR) mediante
decisão devidamente fundamentada (art. 93, IX, da CR). Motivar
significa expor os motivos pelos quais o magistrado decidiu nesse
ou naquele sentido. A decisão recorrida apresentou de forma
clara os motivos pelos quais rejeitou a pretensão autoral.
Constatada a regularidade da prestação jurisdicional, não se
verifica violação dos arts. 93, IX, da CR, 832 da CLT e 458, II, do
CPC. Recurso de revista de que não se conhece. 2. BESC. ADESÃO
A PROGRAMA DE DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO. QUITAÇÃO DE
VALORES E PARCELAS CONSIGNADOS NO TERMO DE RESCISÃO. I.
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso
Extraordinário nº 590415, DJE de 29/5/2015, com repercussão
geral reconhecida, firmou entendimento de que "a transação
extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em
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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa


incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as
parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição
tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o
plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o
empregado". II. Não obstante, a Orientação Jurisprudencial 270 da
SBDI-1, impõe-se seguir a jurisprudência do STF, responsável pela
uniformização da interpretação constitucional, desde que
envolvam as mesmas circunstâncias fáticas do citado precedente.
III. No caso concreto, verifica-se a adesão ao Plano de Demissão
Incentivada, pactuado por meio de acordo coletivo, amplamente
discutido entre empregados, empregador e sindicato profissional,
na qual se outorgou quitação expressa de todos os direitos
decorrentes do extinto contrato de trabalho. IV. Desse modo, a
decisão recorrida, em que se reconheceu a quitação ampla com a
adesão do Reclamante ao Plano de Demissão Incentivada está em
sintonia com o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal
Federal, de caráter vinculante, o que inviabiliza o conhecimento
do recurso de revista por violação dos dispositivos de lei e da
Constituição Federal invocadas. Recurso de revista de que não se
conhece". (Processo: RR - 2638-21.2010.5.12.0026 Data de
Julgamento: 11/11/2015, Relatora Desembargadora Convocada:
Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
13/11/2015, destaquei).

No caso dos autos também deve ser observado o


entendimento consolidado pelo STF, não havendo que se falar em
aplicação da OJ nº 270 SBDI-1 do TST, pois o plano de demissão
incentivada foi instituído mediante negociação coletiva (fls.
820/833), bem como contém cláusula expressa dando quitação
geral ao contrato de trabalho (fl. 756).

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

Cabe aqui transcrever os ítens 2.6.2 e 2.6.3 do regulamento


do PDI/2014 (fls. 756/757):

"2.6.2. Empregados públicos que não desejarem quitar


eventuais diferenças resultantes de seu contrato de trabalho com
o pagamento da indenização do PDI/2014, não poderão participar
do programa nem receber as indenizações aqui previstas.

2.6.3. Nos termos do item anterior, empregados públicos


que manifestaram e ratificarem interesse em aderir ao PDl/2014,
mas que não concordarem com a eficácia liberatória geral do
contrato de trabalho, deverão informar essa intenção à APPA e ao
SINTRAPORT, no máximo até o momento da homologação da
rescisão e pagamentos das verbas previstas no PDI/2014, para
que sua adesão seja cancelada e deixe de produzir qualquer
efeito, retomando ao statu quo ante, liberando-se a APPA de
qualquer indenização ao empregado público."

Ademais, observa-se que o reclamante aderiu ao PDI/2014


por meio de documento expresso (fl. 724); assinou termo de
ratificação de adesão ao PDI em que consta a quitação de toda e
qualquer verba do contrato de trabalho, não podendo mais nada
pleitear (fl. 750); e tinha ciência expressa das cláusulas acima
transcritas que conferem quitação ampla ao contrato de trabalho,
visto que rubricou e assinou cópia dos referidos documentos.

Observa-se, ainda, que em razão da adesão ao PDI/2014 o


autor recebeu indenização no valor de R$ 172.863,31 (fl. 748).

No mesmo sentido já decidiu a Seção Especializada Deste


Tribunal, como se observa dos autos 02302-2007-322-09-00-0
(AP), em que foi Relator o Exmo. Des. Adilson Luiz Funez, com
publicação em 12/02/2016. Ainda no mesmo sentido, decisão da

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

7ª Turma deste Tribunal, autos 04596-2014-022-09-00-9 (RO), em


foi Relator o Exmo. Des. Benedito Xavier da Silva, com publicação
em 08/12/2015.

Portanto, em conformidade com o atual entendimento do c.


STF e do c. TST sobre a matéria, reconheço que a adesão
voluntária do empregado ao Programa de Desligamento
Incentivado instituído pela reclamada por meio de negociação
coletiva, acarreta a quitação ampla e irrestrita de todas as
parcelas objeto do contrato de emprego.

Por fim, não afasta tal conclusão a ressalva genérica aposta


pelo Sindicato no TRCT do reclamante (fl. 920), pois quando da
adesão ao PDI (fl. 724) o autor declarou ter conhecimento de
todos os termos do Programa, comprometendo-se ao fiel
cumprimento dos critérios nele estabelecidos, dentre os quais se
destaca que a adesão implicará "plena, geral e irrestrita quitação
de todas as verbas decorrentes do extinto contrato de trabalho,
não havendo sobre ele nada mais a reclamar nem pleitear a
qualquer título" (fl. 756, item 2.6).

Note-se que também constou, do TRCT do autor, que a ele


"não se aplica o campo 155 ou outras ressalvas", justamente em
razão do previsto no item 17.2 do Regulamento (anexo ao Acordo
Coletivo de Trabalho do Programa de Desligamento Incentivado),
a seguir transcrito: "No ato de homologação da rescisão,
conforme compromisso assumido na fase de ratificação da
adesão ao PDI/2014, o empregado, mediante a assistência e
orientação do SINTRAPORT, confirmará sua renúncia a qualquer
estabilidade no emprego, se for o caso, e assinará termo para dar
quitação a toda e qualquer verba do seu extinto contrato de

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

trabalho, não havendo sobre ele mais nada a pleitear ou


reclamar".

Portanto, inaplicável, à hipótese, a ressalva de fl. 920, não


havendo que se falar em condenação da reclamada por litigância
de má-fé, como pretendido pelo reclamante na petição de fls.
908/917.

REFORMO a r. sentença, para reconhecer a quitação


integral do contrato de trabalho em razão da adesão voluntária
do autor ao Programa de Desligamento Incentivado, com a
extinção do feito com resolução do mérito, nos termos do art.
269, inciso III, do CPC. Fica prejudicada, por consequência, a
análise dos demais ítens dos recursos da reclamada e do
reclamante" (TRT 02978-2012-022-09-00-6, Relatora
Desembargadora Sueli Gil El Rafihi, publicado em 3/5/2016).

Assim sendo, houve quitação geral do contrato de trabalho


do Reclamante, mediante transação extrajudicial (adesão
voluntária do Reclamante a PDI negociado mediante Acordo
Coletivo de Trabalho), sendo mister extinguir-se o feito com
resolução do mérito, nos termos da r. sentença.

Posto isso, mantém-se a r. sentença."

De acordo com os fundamentos expostos no acórdão,


especialmente os de que "não se verifica nos autos alguma
invalidade das cláusulas do PDI, sejam as previstas no ACT, sejam
as previstas no regulamento, as quais foram todas submetidas ao
sindicato da categoria do Reclamante", que "a quitação geral do
contrato de trabalho (...) consta em ACT firmado pelo sindicato
que a representa, o qual, inclusive, requereu o seu cumprimento
integral no MPT", que as "cláusulas do PDI, inclusive as relativas à

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fls.41

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

quitação geral do contrato de trabalho, portanto, foram


regularmente formalizadas, não havendo falar em nulidade" e
que a "adesão do Reclamante, a tais regras, portanto, implica na
quitação de todas as verbas trabalhistas do extinto contrato de
trabalho, nos termos do item 17.2 do Regulamento e da cláusula
10 do ACT
", não se vislumbra possível contrariedade à orientação
jurisprudencial indicada, nem violação literal e direta aos
dispositivos legais e da Constituição Federal apontados.

O recurso de revista não se viabiliza por divergência


jurisprudencial porque não há identidade entre a premissa fática
delineada no acórdão e aquela retratada no aresto
paradigma. Aplica-se o item I da Súmula 296 do Tribunal Superior
do Trabalho.

Denego. 

CONCLUSÃO

Denego seguimento.

A decisão regional foi publicada após iniciada a eficácia da Lei


13.467/2017, em 11/11/2017, que alterou o art. 896-A da CLT, passando a
dispor:

"Art.896-A - O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista,


examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação aos
reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica.

§ 1º São indicadores de transcendência, entre outros:

I - econômica, o elevado valor da causa;

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fls.42

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência


sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;

III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social


constitucionalmente assegurado;

IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da


legislação trabalhista.

§ 2º Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao


recurso de revista que não demonstrar transcendência, cabendo agravo desta
decisão para o colegiado.

§ 3º Em relação ao recurso que o relator considerou não ter


transcendência, o recorrente poderá realizar sustentação oral sobre a questão
da transcendência, durante cinco minutos em sessão.

§ 4º Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do recurso,


será lavrado acórdão com fundamentação sucinta, que constituirá decisão
irrecorrível no âmbito do tribunal.

...

§ 6º O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela


Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à análise dos
pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não abrangendo o critério da
transcendência das questões nele veiculadas."

Insta frisar que o Tribunal Superior do Trabalho editou novo Regimento


Interno – RITST, em 20/11/2017, adequando-o às alterações jurídico-
processuais dos últimos anos, estabelecendo em relação ao critério da
transcendência, além dos parâmetros já fixados em lei, o marco temporal
para observância dos comandos inseridos pela Lei 13.467/2017:

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

"Art. 246. As normas relativas ao exame da transcendência dos recursos


de revista, previstas no art. 896-A da CLT, somente incidirão naqueles
interpostos contra decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho
publicadas a partir de 11/11/2017, data da vigência da Lei n.º 13.467/2017."

Evidente, portanto, a subsunção do presente agravo de instrumento e


do recurso de revista respectivo aos termos da referida lei.

Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, conheço.

Em sede de agravo de instrumento, a parte insiste no processamento


do apelo.

Analiso.

O Supremo Tribunal Federal, em análise do Recurso Extraordinário RE


590415/SC, em que se atribuiu repercussão geral, entendeu pela possibilidade
da quitação ampla e irrestrita das parcelas objeto do contrato de emprego,
caso essa condição tenha constado expressamente do instrumento coletivo
que aprovou o plano de incentivo à dispensa.

De acordo com os fundamentos expostos no acórdão, "a quitação geral


do contrato de trabalho (...) consta em ACT firmado pelo sindicato que a
representa, o qual, inclusive, requereu o seu cumprimento integral no MPT",
que as "cláusulas do PDI, inclusive as relativas à quitação geral do contrato de
trabalho, portanto, foram regularmente formalizadas, não havendo falar em
nulidade" e que a "adesão do Reclamante, a tais regras, portanto, implica na
quitação de todas as verbas trabalhistas do extinto contrato de trabalho, nos
termos do item 17.2 do Regulamento e da cláusula 10 do ACT".

Dessarte, diante do entendimento firmado pelo STF, forçoso reconhecer


a validade da quitação geral e irrestrita do contrato de trabalho mediante a
adesão ao plano de dispensa incentivada.

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

Fixadas tais premissas gerais, observa-se que o recurso de revista que


se pretende processar não está qualificado, em seus temas, pelos indicadores
de transcendência em comento.

Apesar de tratar-se de apelo do empregado, não há direito social de


patamar constitucional em discussão. Ausente, a transcendência social.

Também não se discute questão inédita acerca da legislação trabalhista,


não havendo de se falar em transcendência jurídica.

Não bastasse isso, não está configurada qualquer dissonância entre a


decisão regional e a jurisprudência sumulada ou vinculante do Tribunal
Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal que configure a
transcendência política.

Ademais, minha compreensão, em relação à transcendência econômica,


seja para o empregador ou para o empregado, é a de que não deve ser
estabelecido um determinado valor a partir do qual todas as causas teriam
transcendência.

A transcendência concerne, por definição, a algum aspecto da causa


que supera o espectro dos interesses individuais e reporta-se ao interesse
coletivo. Mas essa coletividade não pode, por justiça, corresponder a toda a
sociedade brasileira como se empresários e trabalhadores pertencessem,
indistintamente, ao mesmo estrato social e econômico.

O interesse alimentar, ou de sobrevivência, é compartilhado por toda


imensa parcela da sociedade sem emprego ou renda, malgrado a ele sejam
indiferentes, não raro, os trabalhadores cuja sorte ou talento os fez inseridos
no mercado de trabalho. Também, do outro lado, as pequenas e médias
empresas ocupam nicho econômico em que o interesse de subsistir pode
transcender mais que o de ser competitiva ou de constituir monopólio, o
contrário se dando no front em que se digladiam as grandes corporações
econômicas.
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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

São coletividades diferentes, tanto no caso dos empregadores quanto


no dos empregados.

Nada obstante esse entendimento, não havendo indicação clara acerca


de qual fração do valor da causa que corresponderia à pretensão recursal,
resulta inviável, ou mesmo anódino, o reconhecimento de transcendência
econômica.

Todavia, a sexta Turma tem entendido, com ressalva de meu


entendimento, que a despeito dos valores da causa e da condenação, não é
possível o seu reconhecimento quando os demais critérios de transcendência
estão ausentes e não se faz presente matéria a ser uniformizada por esta
Corte.

Em suma, ausente qualquer um dos indicadores de transcendência


aptos a autorizar o exame do apelo nesta Corte.

Ante o exposto, não reconhecida a transcendência da causa, com base


nos arts. 932, IV, c/c 1.011, I, do CPC, e 118, X, do RITST, NEGO PROVIMENTO
ao agravo de instrumento. (fls. 1.802-1.828)

O reclamante alega a transcendência de seu recurso. Pede a


reconsideração ou reforma da r. decisão agravada, pois a matéria tem transcendência -
QUITAÇÃO GERAL – INVALIDADE DO PDI – DISTINGUISHING DO TEMA 152/STF.

Analiso.

Cuida-se de controvérsia acerca da validade de cláusula de


quitação ampla e irrestrita prevista tanto no plano de demissão incentivada consagrado
em norma coletiva quanto no termo de adesão à transação firmada mediante
assistência sindical.
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Ao contrário do alegado pelo reclamante, não está configurado o


distinguishing no particular, pois, reiterando os fundamentos adotados pela decisão
monocrática, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 590.415 (Tema 152), no
contexto da sistemática da repercussão geral, fixou tese no sentido de que "A transação
extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão
voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e
irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha
constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos
demais instrumentos celebrados com o empregado".

De acordo com os fundamentos expostos no acórdão regional,


"a quitação geral do contrato de trabalho (...) consta em ACT firmado pelo sindicato que
a representa, o qual, inclusive, requereu o seu cumprimento integral no MPT’, que as
‘cláusulas do PDI, inclusive as relativas à quitação geral do contrato de trabalho,
portanto, foram regularmente formalizadas, não havendo falar em nulidade’ e que a
‘adesão do Reclamante, a tais regras, portanto, implica na quitação de todas as verbas
trabalhistas do extinto contrato de trabalho, nos termos do item 17.2 do Regulamento e
da cláusula 10 do ACT".

Dessarte, diante do entendimento firmado pelo STF, forçoso


reconhecer a validade da quitação geral e irrestrita do contrato de trabalho mediante a
adesão ao plano de dispensa incentivada.

Assim, mantenho a decisão agravada no sentido de que ausente


qualquer um dos indicadores de transcendência aptos a autorizar o exame do apelo.

Nesse sentido, inclusive, os seguintes precedentes desta Corte


envolvendo a mesma reclamada:

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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-13-60.2017.5.09.0411

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO AUTOR. ACÓRDÃO


PROFERIDO NA VIGÊNCIA LEI Nº 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA
DA CAUSA RECONHECIDA. ADESÃO A PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA
(PDV). EFEITOS. A controvérsia dos autos diz respeito à validade da transação
que resulta na quitação geral e irrestrita dos direitos oriundos do extinto
contrato de trabalho, por meio de Plano de Demissão Voluntária-PDV, com
previsão em norma coletiva. A questão relativa à quitação das parcelas
decorrentes dos contratos de trabalho em face da adesão a plano de
desligamento incentivado, dadas as particularidades e a relevância da
matéria, gerou inúmeras discussões no âmbito da Corte, resultando o debate
na instauração do IUJ nº TST-ROAA-1115/2002-000-12-00.6, com decisão
proferida em sessão plenária realizada em 09/11/2006, na qual fiquei vencido,
que concluiu pela invalidação da cláusula coletiva que estabelece a quitação
plena do contrato de trabalho, eis que tal adesão implica apenas na quitação
das parcelas constantes do recibo de quitação, tudo em conformidade com o
disposto no artigo 477, § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho, na Súmula
330 do TST e na Orientação Jurisprudencial 270 da SBDI-1 também desta
Corte. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 590.415 (Tema
152 - trânsito em julgado em 30/03/2016), no contexto da sistemática da
repercussão geral, fixou tese no sentido de que "A transação extrajudicial que
importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão voluntária do
empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e
irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa
condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o
plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado".
Nesse cenário, cumpre tão somente averiguar, a partir do quadro fático
delineado no acórdão regional, se a cláusula que estabeleceu a quitação geral
do contrato restou pactuada no acordo coletivo que instituiu o Plano de
Desligamento Incentivado. No caso concreto, o TRT consignou que "o PDV foi
instituído através de norma coletiva, onde constou expressamente o efeito
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jurídico da quitação conferida" e que "A ressalva no TRCT do demandante, por


ser unilateral, não tem o condão de afastar os efeitos da transação
entabulada entre as partes". A decisão de origem, tal como proferida, está em
sintonia com o entendimento consagrado pela Suprema Corte no Tema 152,
pois ficou assentada a adesão do empregado ao plano, sem vício de
consentimento, o que enseja a quitação ampla, geral e irrestrita de todas as
verbas decorrentes do contrato de trabalho, notadamente por ter sido
instituído por meio de norma coletiva de trabalho prevendo o referido efeito.
Ademais, a jurisprudência desta Corte tem firmado entendimento de que a
ressalva no TRCT não invalida ou impede a produção dos efeitos decorrentes
do ajuste específico de vontade firmado pelas partes. Precedentes. Estando a
decisão regional em sintonia com a Jurisprudência desta Corte Superior,
incidem, no caso, o disposto no artigo 896, § 7º, da CLT e o teor da Súmula nº
333 do TST. Recurso de Revista não conhecido" (RR-1000105-
48.2017.5.02.0465, 7ª Turma, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT
08/04/2022).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO A ACÓRDÃO PROLATADO NA


VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO
POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA
NÃO RECONHECIDA. [...] PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. PREVISÃO
EXPRESSA DE QUITAÇÃO AMPLA EM NORMA COLETIVA E NO ACORDO DE
ADESÃO À TRANSAÇÃO. DISCUSSÃO PACIFICADA MEDIANTE DECISÃO DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, COM REPERCUSSÃO GERAL. TRANSCENDÊNCIA
DA CAUSA NÃO RECONHECIDA. 1. Cuida-se de controvérsia acerca da validade
de cláusula de quitação ampla e irrestrita prevista tanto no plano de demissão
incentivada consagrado em norma coletiva quanto no termo de adesão ao
acordo firmado mediante assistência sindical. 2. Uma vez constatado o
preenchimento dos demais requisitos processuais de admissibilidade, o
exame do Recurso de Revista sob o prisma do pressuposto de transcendência

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revelou a) não demonstrada a transcendência política da causa, na medida


em que o acórdão recorrido foi prolatado em consonância com a decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Processo n.º STF-RE-
590.415/SC em sede de repercussão geral e com a jurisprudência atual,
iterativa e notória desta Corte uniformizadora; b ) não se verifica a
transcendência jurídica , pois ausente indício da existência de questão nova
acerca da controvérsia ora submetida a exame, mormente diante da
mencionada decisão emanada do Supremo Tribunal Federal em regime de
repercussão geral, transitada em julgado em 30/3/2016; c) não identificada a
transcendência social da causa, pois, apesar de se tratar de apelo interposto
pelo reclamante, não se cuida de pretensão recursal formulada em face de
indevida supressão de direitos sociais assegurados na legislação pátria; e d )
não há falar em transcendência econômica , porquanto a expressão
econômica da pretensão recursal não destoa de outros recursos de mesma
natureza. 3. Configurado o óbice relativo ao não reconhecimento da
transcendência da causa quanto ao tema sob exame, resulta inviável o
processamento do Recurso de Revista, no particular. 4. Agravo de
Instrumento não provido" (AIRR-1000180-87.2017.5.02.0465, 6ª Turma, Relator
Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 17/12/2021).

"EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA - INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA


LEI Nº 13.015/2014 E DO CPC/2015 - PROGRAMA DE DESLIGAMENTO
INCENTIVADO (PDI) - TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL - QUITAÇÃO AMPLA E
IRRESTRITA DO CONTRATO DE TRABALHO PREVISTA EM NORMA COLETIVA
INFORMADA EM PETIÇÃO AVULSA - FATO NOVO RECONHECIDO EM JUÍZO -
VALIDADE 1. O Supremo Tribunal Federal firmou a tese de que " a transação
extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de
adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja
quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de
emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do acordo

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coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados
com o empregado " . ( RE 590.415/SC, Relator Ministro Luís Roberto Barroso,
DJe 29/5/2015) . 2. A composição plena da C. SDI-1, ao julgar o E-RR-920-
84.2012.5.09.0322, firmou a tese de que, considerando os termos do item 17.2
do regulamento do PDI da APPA, e a ratificação expressa pelo empregado da
adesão dando quitação plena ao contrato de trabalho, prevista em ajuste
coletivo fruto de amplo debate entre as partes convenentes, não tem eficácia
a ressalva, oposta em termo de rescisão contratual, em relação aos direitos
postulados nas ações judiciais trabalhistas ajuizadas até 31/7/2014. 3. O
precedente de repercussão geral é plenamente aplicável à hipótese, em que
foram preenchidos os pressupostos para a quitação ampla e irrestrita de
todas as parcelas do contrato de trabalho . 4. Estando o acórdão embargado
em sintonia com esse entendimento, inviável o conhecimento dos Embargos
(art. 894, II, e § 2º, da CLT). Embargos não conhecidos " (E-RR-499-
84.2013.5.09.0411, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relatora
Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 25/06/2021).

"EMBARGOS EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO DE REVISTA.


RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13 . 015/2014.
APPA. FATO NOVO. TRANSAÇÃO SUPERVENIENTE ENTRE AS PARTES. ADESÃO
DO RECLAMANTE AO PROGRAMA DE DESLIGAMENTO INCENTIVADO -
PDI/2014. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. CLÁUSULA DE QUITAÇÃO GERAL
DO CONTRATO DE TRABALHO. INEFICÁCIA DA RESSALVA CONSTANTE DO
TERMO DE RESCISÃO QUANTO ÀS AÇÕES AJUIZADAS ATÉ 31/7/2014. DECISÃO
DO STF PROFERIDA NO RE Nº 590.415/SC. APLICABILIDADE . A egrégia 6ª
Turma desta Corte, por meio do acórdão de fls. 1061/1090, complementado
pelo de fls. 1108/1114, indeferiu o pedido de extinção do processo com
resolução do mérito e de compensação dos créditos devidos na presente ação
com a indenização percebida pelo autor decorrente de sua adesão ao PDI
(Petição nº 1746-00/2016). A Turma, no acórdão de embargos de declaração,

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esclareceu que "em relação à quitação do contrato de trabalho pela adesão


do autor ao PDI instituído pela reclamada, a decisão ora embargada
reconheceu a validade da ampla e irrestrita quitação do contrato de trabalho
cedida pelo obreiro por ocasião de sua adesão voluntária ao Programa de
Desligamento Incentivado, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal,
desde que obedecidas as condicionantes factuais estabelecidas na referida
decisão. Entretanto, no caso em apreço, a existência da ressalva aposta no
TRCT dá a exata dimensão dos limites da quitação traçados no Plano de
Demissão Incentivada, excluindo de seus efeitos as ações ajuizadas até
31/7/2014". Consagrou-se na jurisprudência desta Corte Especializada, por
meio da Orientação Jurisprudencial nº 270 da SBDI-1, o entendimento de que
"a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a
adesão do empregado ao plano de demissão voluntária implica quitação
exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo", de modo que a
pretensão fundada em reconhecimento de quitação irrestrita do contrato de
trabalho não encontra respaldo, por injunção do artigo 477 da CLT. Ocorre
que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 590.415/SC, erigido à
condição de leading case , firmou tese de que "a transação extrajudicial que
importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão voluntária do
empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e
irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso esta
condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o
plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado".
Por sua vez, a jurisprudência formada nesta Subseção, a partir do julgamento
do E-RR-920-84.2012.55.09.0322, é de que se aplica o entendimento fixado
pelo STF no RE 590.415/SC à hipótese dos autos, em que houve transação
entre as partes, por meio de adesão do autor ao Programa de Desligamento
Incentivado - PDI/2014, instituído por norma coletiva, com cláusula prevendo
a ampla quitação do contrato de trabalho, não tendo o condão de afastar esse
efeito a ressalva aposta no termo de rescisão contratual em relação às ações
trabalhistas ajuizadas até 31/7/2014. Recurso de embargos conhecido e

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provido " (E-ED-RR-165500-42.2004.5.09.0022, Subseção I Especializada em


Dissídios Individuais, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 12/02/2021).

Não foi demonstrado, portanto, o desacerto da decisão


monocrática que não reconheceu a transcendência da causa e negou provimento ao
agravo de instrumento.

Ante os esclarecimentos supra, não incide a multa do § 4° do art.


1.021 do CPC.

Ademais, a 6ª Turma, em sessão realizada no dia 4/9/2019, ao


apreciar o Ag-AIRR 1000880-16.2015.5.2.471, decidiu que, não se tratando de caso que
enseje a imposição de multa por litigância de má-fé, mas tão-somente de eventual
multa por sanção processual, a penalidade estaria, per si, alcançada pela gratuidade
judiciária. No caso concreto, a justiça gratuita foi deferida (fl. 1.593). Portanto, não
incide a multa do § 4º do art. 1.021 do CPC, porquanto a manifesta inadmissibilidade ou
improcedência recursal a que alude o art. 80 do CPC refere-se à constatação de dolo
processual.

Desse modo, não se aplica a citada penalidade, ainda que haja


incidência da Súmula 422 do TST.

Ante o exposto, negar provimento ao agravo.

ISTO POSTO

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ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo.

Brasília, 1 de junho de 2022.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

AUGUSTO CÉSAR LEITE DE CARVALHO

Ministro Relator

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