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REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU

BOLETIM OFICIAL
Segunda-feira, 24 de Maio de 2010 Número 21
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SUMÁRIO A alternativa que existia era a de instituir um


PARTE I diploma especial sobre garantias, revogando as
Conselho de Ministros: disposições sobre esta matéria nesses Códi-
Decreto-Lei nº 1/2010.
gos ou alterar os Códigos, adaptando-os aos
Actos Uniformes. Optou-se por uma solução inter-
Reforma do Regime Jurídico relativo à garantias das Obrigações.
média, que foi revogar as disposições do Código
Comercial sobre garantias, determinando que o
PARTE III respectivo regime passasse a constar integral-
AVISOS E ANÚNCIOS OFICIAIS mente do Código Civil. Efectivamente, o Acto Uni-
Ministério das Infraestruturas — Direcção Geral de Geografia
forme não distingue entre garantias civis e comer-
e Cadastro — Edital. ciais, pelo que não faria sentido que estas se
mantivessem repartidas por dois diplomas. No

***************************************
PARTE I
entanto. dado que o Acto Uniforme não abrange
as garantias dos Direitos fluvial, marítimo e aéreo
(art.º 1.º, II do Acto Uniforme) optou-se por não
CONSELHO DE MINISTROS
mexer nestas matérias conservando-se assim
Decreto-Lei n.º 1/2010 as disposições sobre garantias marítimas no Có-
de 24 de Maio digo Comercial.
REFORMA DO REGIME JURÍDICO RELATIVO Como critério geral adoptou-se a solução de
ÀS GARANTIAS DAS OBRIGAÇÕES
manter na medida do possível a redacção tradi-
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS cional do Código Civil, apenas a modificando
1. Generalidades. quando as disposições do Acto Uniforme da
Visa o presente diploma dar cumprimento à OHADA o exigiam. Para esse efeito, introduzi-
obrigação contraída pela República da Guiné- Bis- ram-se números e artigos novos, mas a estrutura
sau perante a Organização Para a Harmonização tradicional do Código foi preservada, evitan-
em África do Direito dos Negócios (OHADA) e os do-se assim a destruição de um monumento le-
demais Estados membros desta de proceder à gislativo fundamental na cultura jurídica guineense.
adaptação do seu Direito interno aos Actos Uni-
formes emanados dessa organização. Neste di- 2. Abolição de garantias não previstas no Acto
ploma visa-se exclusivamente o regime das ga- Uniforme.
rantias das obrigações, o qual se encontra regu- Interpretamos o art.º 150.º do Acto Uniforme no
lado por maneira quase uniforme no Código sentido de não se permitir qualquer outro regime
Civil, sem prejuízo dos poucos preceitos do Có- de garantias que ele não prevê. Nesse enquadra-
digo Comercial que dispõem nesta matéria. mento foram naturalmente abolidas garantias co-
110 BOLETIM OFICIAL DA
mo a consignação de rendimentos, a hipoteca mo-
REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.º 21
Atenta a atipicidade dos negócios de garan-
biliária e o direito de retenção sobre imóveis, dado tia pessoal, não parece haver, porém, obstáculos
que não são compatíveis com o Acto Uniforme. a que as mesmas sejam estipuladas.
Manteve-se, no entanto, a reserva de proprie- À semelhança do que se estabeleceu com a
dade prevista no art.º 409.º do Código Civil Guine- fiança, decidiu-se consagrar simplesmente a
ense, uma vez que, dado o seu cariz, não nos pa- sub-rogação nos direitos do credor caso o garan-
rece abrangida pelo Acto Uniforme, pese embo- te venha a efectuar o cumprimento da carta de
ra a sua grande utilização como garantia. Aponta garantia.
neste sentido a definição de garantias prevista no
art.º 2.º do Acto Uniforme. 5. O Penhor.
O regime do penhor foi objecto de grandes mo-
3. O novo regime da fiança dificações, de que salienta a adaptação do regi-
Foram necessárias bastantes modificações me geral do penhor ao Acto Uniforme e a introdu-
do regime da fiança, dado que o Acto Uniforme im- ção no Código dos regimes especiais de penhor.
plica grandes afastamentos do regime tradicional. Em relação à adaptação do regime geral é de
Em certos casos aproveitou-se as permissões salientar que não se introduziu a faculdade pre-
concedidas pelo Acto Uniforme para não intro- vista no art.º 47.º, I, do Acto Uniforme, que admite a
duzir grandes alterações de regime. Assim, dado oposição do credor pignoratício à reivindicação da
que o art.º 5.º do Acto Uniforme dispensa os Es- coisa empenhada por quem não tem legitimidade
tados-membros de exigir o domicílio do devedor para tal, nos termos aplicáveis ao possuidor de boa
na jurisdição onde a fiança deve ser prestada, re- fé. Efectivamente, este regime relaciona-se com a
solveu dispensar-se esta exigência. Da mesma posse val e título, o qual não se encontra
forma, decidiu manter-se o regime tradicional do be- genericamente consagrado no Código Civil
nefício da excussão, referido nos arts.º 638.º e ss., Guineense.
dado que tal é permitido pelo art.º 10.º do Acto
Uniforme, ainda que este supletivamente consagre Também se decidiu não se consagrar a exigên-
a regra inversa. cia de forma escrita e registo do contrato de pe-
nhor para a sua oponibilidade a terceiros, dado
Os arts.º 20.º e 21.º do Acto Uniforme distin- que o art.º 49.º II do Acto Uniforme expressamen-
guem entre a sub-rogação nos direitos do credor e te o permite.
um direito contra o devedor, com base na relação
entre este e o fiador. Não se considerou, porém, 6. A introdução dos penhores sem entrega.
vantajoso importar esta distinção, que iria afectar
O Acto Uniforme da OHADA sobre as garan-
todo o regime da sub-rogação, previsto nos arts.
tias prevê a figura do penhor sem entrega, apli-
589.º e ss., do Código Civil Guineense.
cável aos penhores sobre direitos sociais e va-
Aboliu-se o regime da oponibilidade do caso jul- lores mobiliários, estabelecimento comercial,
gado contra o fiador em relação ao devedor, cons- equipamento profissional, veículos automóveis
tante do actual art.º 635.º, bem como o chamamen- e estoques de matérias primas e mercadorias.
to à demanda previsto no art.º 641.º, dado que o Hesitou-se em instituir este regime no Código
art.º 15.º do Acto Uniforme passou a impor a cita- Civil, dado que, salvo quanto aos veículos auto-
ção do devedor em caso de demanda do fiador. móveis, se trata de matéria essencialmente co-
mercial. Pensou-se, no entanto, que o facto de o
4. A introdução da carta de garantia. Acto Uniforme da OHADA colocar estas figuras
ao lado do penhor e a conveniência de colocar
O Acto Uniforme da OHADA veio a prever, ao todo o regime das garantias num único diploma
lado da fiança, a carta de garantia, que no fundo levou a que se consagrasse preferível a solução
constitui uma situação de garantia autónoma à pri- de os instituir no Código Civil, para o que se inter-
meira solicitação (cfr. art.º 28.º), com justificação calaram no mesmo os arts. 685.º-C a 685.º-V, que
documental (art.º 34.º), a qual é restrita às pes- reproduzem o regime previsto no Acto Uniforme
soas colectivas (art.º 29.º II). Neste aspecto, en- para esta matéria.
tendeu-se seguir o regime instituído pelo Acto
Uniforme, dado que a sua definição de garantias 7. A Hipoteca.
pessoais no art.º 2.º parece pressupor que a al-
ternativa à fiança se coloca tipicamente na ga- Dado que, nos termos do art.º 117.º do Acto
rantia autónoma à primeira solicitação, nada re- Uniform e da OHADA , a hipoteca constitui
ferindo sobre a garantia autónoma simples, nem necessariamente uma garantia real imobiliária, foi
sobre a fiança ao primeiro pedido, pelo se consi- necessário abolir a hipoteca mobiliária sobre
derou que, se estabelecêssemos uma previsão automóveis, substituída por penhor sem entrega.
legislativa destas figuras, destruiríamos o objec- Não se mexeu, no entanto, na hipoteca sobre navios
tivo de uniformização pretendido. e aeronaves, dado que estas garantias mantêm-se
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reguladas por legislação especial, não sendo CAPÍTULO I


abrangidas pelo Acto Uniforme (art.º 1.º, II). NORMAS INTRODUTÓRIAS
Da mesma forma, dado que o Acto Uniforme ARTIGO 1.º
não prevê a constituição de hipoteca por decla- Adaptação ao Acto Uniforme relativo
ração unilateral (cfr. art.º 126.º), teve que se abo- à organização das garantias
lir essa previsão no âmbito das hipotecas volun- 1. O presente diploma adapta o Direito Guine-
tárias, que por esse motivo se passaram a desi- ense ao Acto Uniforme da OHADA relativo à
gnar por hipotecas convencionais. Optou-se, no organização das garantias, publicado no Bole-
entanto, por conservar, apenas com alguns adita- tim Oficial, n.º 38, de 21 de Setembro de 2005.
mentos impostos pelo Acto Uniforme, o regime
relativo às hipotecas legais e judiciais, dado que 2. O presente diploma não prejudica a aplica-
o art.º 132.º, III, do Acto Uniforme dá liberdade ção directa do referido Acto Uniforme, em confor-
aos Estados Membros para conservar hipotecas midade com as disposições do Tratado de 17 de
coercivas, sujeitas à sua própria legislação. Outubro de 1993, relativo à OHADA.
ARTIGO 2.º
Em termos de forma, manteve-se a exigência
de escritura pública para a hipoteca, apesar de o Normas revogadas
art. º128.º do Acto Uniforme admitir a possibili- 1. São revogadas todas as disposições ante-
dade de ela ser constituída igualmente por riores contrárias ao presente diploma.
documento particular, segundo modelo apro- 2. São em especial revogados:
vado pelo Registo Predial. Essa opção implica,
porém, que a procuração para constituir hipo- a) Os art.ºs 397.º a 402.º e 408.º a 424.º do
teca tenha que revestir a mesma forma, o que se Código Comercial;
consagrou (art.º 128.º, II). b) O Decreto-Lei 29.833, de 17 de Agosto de
1939.
Foi necessário abolir as regras relativas à
extensão da hipoteca, uma vez que o Acto Unifor- ARTIGO 3.º
me não admite que ela abranja as coisas aces- Aplicação no tempo
sórias dos imóveis (Art.º 119.º I).
1. O presente diploma só é aplicável às garan-
tias constituídas após a sua entrada em vigor.
8. Privilégios creditórios.
2. As garantias constituídas em conformi-
Também em relação aos privilégios creditó- dade com a legislação agora revogada ficam su-
jeitas a esta até à sua extinção.
rios, dado que o Acto Uniforme da OHADA não
estabelece qualquer distinção entre privilégios
mobiliários e imobiliários, decidiu-se abolir a dis- CAPÍTULO II
tinção, falando unicamente em privilégios gerais
ALTERAÇÕES AO CÓDIGO CIVIL GUINEENSE
e especiais. Salienta-se, porém, que apesar de o
art.º 39.º do Acto Uniforme qualificar expressa- ARTIGO 4.º
Disposições alteradas
mente os privilégios creditórios como garantias
mobiliárias e reserve à hipoteca a qualificação O Capítulo VI do Código Civil Guineense rela-
tivo às garantias especiais das obrigações é
de garantia imobiliária, a verdade é que os privilé-
integralmente reformulado, com aditamentos e
gios são atendidos na execução dos imóveis, supressões de disposições, passando a corres-
conforme resulta do art.º 148.º do Acto Uniforme, o ponder ao seguinte:
que nos deixa algumas dúvidas sobre a correc-
ção doutrinal do regime instituído pelo Acto Uni- CAPÍTULO VI
forme. Não obstante, seguiu-se a orientação nele GARANTIAS ESPECIAIS DAS OBRIGAÇÕES
prevista.
SECÇÃO I
9. Distribuição e classificação das garantias. NORMAS GERAIS E PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO

Dado que o regime consagrado no Acto Unifor- ARTIGO 622.º-A


me dispõe especificamente sobre a distribuição Garantias especiais
e classificação das garantias, introduziu-se igual- 1. São consideradas garantias especiais os
mente no Código Civil esta matéria. meios concedidos ao credor pela lei ou por con-
Assim, sob proposta do Ministro da Justiça, venção das partes destinados a assegurar o
o Governo decreta, nos termos da alínea d), do cumprimento das obrigações, independentemen-
n.º 1 do Artigo 100.º da Constituição o seguinte: te da respectiva natureza jurídica.
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2. As garantias próprias dos direitos fluvial, SECÇÃO II


marítimo e aéreo são reguladas por disposição FIANÇA
especial.
SUBSECÇÃO I
ARTIGO 622.º-B DISPOSIÇÕES GERAIS
Garantias pessoais
ARTIGO 627.º
1. As garantias pessoais consistem na obri-
(...)
gação de uma pessoa responder pelo cumpri-
mento da obrigação do devedor principal em 1. A fiança é o contrato pelo qual uma pessoa,
caso de incumprimento por parte deste, ou à pri- o fiador, se compromete perante o credor, que
meira solicitação do beneficiário da garantia. aceita, a cumprir a obrigação do devedor se este
a não cumprir.
2. A fiança e a carta de garantia constituem
2. A fiança pode ser prestada sem o conheci-
garantias pessoais.
mento do devedor ou contra a vontade deste.
3. A obrigação do fiador é acessória da que
ARTIGO 622.º-C
recai sobre o principal devedor.
Garantias reais
ARTIGO 628.º
1. As garantias reais traduzem-se no direito de
o credor se fazer pagar preferencialmente pelo (...)
preço de venda do bem móvel ou imóvel afecto 1. A vontade de prestar fiança deve ser ex-
às mesmas. pressamente declarada em documento escrito,
2. A garantia real imobiliária é a hipoteca, a do qual conste a assinatura das partes e a indi-
qual é necessariamente inscrita no registo predial. cação, manuscrita pelo fiador, do montante má-
ximo garantido, por extenso e em algarismos;
3. Constituem garantias reais mobiliárias o di-
em caso de divergência entre a importância ex-
reito de retenção, o penhor, os penhores sem en- pressa em algarismos e por extenso, prevalece
trega e os privilégios creditórios.
a quantia designada por extenso.
4. As garantias reais mobiliárias sujeitas a 2. Caso o fiador não possa ou não saiba es-
publicidade organizada são objecto de inscrição crever, deve o documento referido no número
no registo comercial, salvo quando incidam so- anterior conter a menção de que o fiador se fez
bre navios e aeronaves, que possuirão registos
assistir por duas testemunhas e que as mes-
próprios.
mas, indentificadas no dito documento, atestam
ARTIGO 623.º que o fiador, presente no acto, tomou consciên-
cia da natureza e dos efeitos da fiança; a presença
( ... )
destas testemunhas dispensa o fiador das for-
1. ...................................................................... malidades estabelecidas no número anterior.
2 . ........................................................................ ARTIGO 629.º
3 . ..................................................................... ( ... )
1 . ......................................................................
ARTIGO 624.º
( ... ) 2 . ......................................................................
3 . ......................................................................
1. ..........................................................................
2 . .......................................................................... ARTIGO 630.º
( ... )
ARTIGO 625.º
. .......................................................................
( ... )
ARTIGO 631.º
1 ...........................................................................
( ... )
2 . .........................................................................
1. .......................................................................
ARTIGO 626.º 2 . ......................................................................
( ... ) 3. O devedor não pode agravar a obrigação
do fiador por via de uma convenção posterior à
............................................................................... fiança.
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ARTIGO 631.º-A ARTIGO 633.º


Extensão da fiança (...)
1. Se algum devedor estiver obrigado a dar
1. A fiança pode abranger, para além do mon- fiador não é o credor forçado a aceitar quem não
tante da dívida afiançada e sempre dentro do limi- tiver capacidade para se obrigar ou não tiver bens
te do montante máximo garantido, os acessórios -suficientes para garantir a obrigação, podendo
da mesma e a quantia necessária ao pagamento o devedor, perante a recusa do credor, oferecer em
das despesas de execução, ainda que tais despe-
alternativa uma garantia real idónea.
sas sejam posteriores à interpelação feita ao fia-
dor; esta amplitude da fiança só é, porém, eficaz, 2 . ......................................................................
se constar de declaração manuscrita pelo fiador, 3. Exceptuam-se do número anterior os casos
nos termos previstos no art. 628.º, n.º 1. em que o credor haja escolhido o devedor, tendo
2. O documento constitutivo da obrigação em atenção as qualidades pessoais deste.
deve ser anexado ao contrato de fiança. 4. (Actual n.º 3).
ARTIGO 631.º-B
SUBSECÇÃO II
(Fiança omnibus)
RELAÇÕES ENTRE O CREDOR E O FIADOR
1. A fiança que abranja todas as dívidas do
ARTIGO 634.º
devedor principal, seja sob a forma de fiança de
todas as obrigações, sob a forma do saldo nega- (...)
tivo de uma conta corrente ou sob toda e qualquer 1. (Actual corpo do artigo).
outra forma, somente garante, salvo estipulação 2. O fiador só pode ser chamado a cumprir,
em contrário, as dívidas contratuais directas, de- caso o devedor o não faça.
vendo ser indicado, sob pena de nulidade da fian- 3. O credor deve avisar o fiador relativamente
ça, o montante máximo garantido, que incluirá a qualquer incumprimento do devedor, prorro-
a dívida afiançada e respectivos acessórios. gação do prazo, ou exigibilidade antecipada de
2. A fiança prestada nos termos do número cumprimento, com indicação do montante actual
anterior pode ser renovada sempre que a dívida da dívida, relativamente a capital, juros e despesas.
garantida atinja o montante máximo; porém, a 4. Em caso de fiança omnibus, deve o credor,
renovação carece de constar de declaração dentro do mês seguinte ao termo de cada tri-
expressa no contrato de fiança, considerando-se mestre civil, comunicar ao fiador o estado das dí-
não escrita qualquer cláusula em contrário. vidas do devedor principal, incluindo as respec-
tivas causas, datas de pagamento e respectivos
3. A fiança prestada nos termos deste artigo montantes, seja em capital, juros, comissões,
pode ser revogada a todo o tempo pelo fiador, despesas ou outros acessórios ainda em dívida
ficando a sua responsabilidade limitada às obri- no termo do trimestre findo, recordando-lhe a facul-
gações já contraídas. dade de revogação através da reprodução lite-
4. Salvo declaração em contrário, a fiança ral das disposições do presente artigo e do art.º
prestada nos termos deste artigo não garante 631.º-B.
obrigações constituídas no passado. 5. Em caso de infracção ao disposto no nú-
mero anterior, o credor perde, relativamente ao
ARTIGO 632.º fiador, o direito aos juros vencidos entre a data
( ... ) da informação anterior e a data da comunicação
1. …………………..................……………………. da nova informação, sem prejuízo do disposto
2 . ...................................................................... nos arts. 637.º e 638.º.
6. Considera-se como não escrita qualquer
3. Se o devedor afiançado confirmar o ne-
cláusula em contrário ao disposto no presente ar-
gócio anulável, o fiador só pode invocar a anu-
tigo.
labilidade caso não haja expressamente renun-
ciado a tal invocação. ARTIGO 635.º
4. Nos casos em que a afiançada é uma pes- Acção do credor contra o fiador
soa colectiva, a falta de poderes de representa- 1. O credor só pode accionar o fiador. após ha-
ção da pessoa que a vinculou é invocável pelo ver intimado infrutiferamente o devedor para cum-
fiador, nos previstos nos números anteriores. prir.
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2. Sendo accionado judicialmente o fiador, é ARTIGO 641.º


necessária a citação do devedor. (Revogado)

ARTIGO 636.º ARTIGO 642.º


Prorrogação do prazo e prescrição da ( ... )
obrigação 1. .......................................................................
1. Caso o credor conceda ao devedor qualquer 2 . ......................................................................
prorrogação do prazo para cumprir, é lícito ao
fiador recusar essa prorrogação e exigir judicial- ARTIGO 643.º
mente ao devedor que cumpra a obrigação, ou ( ... )
preste caução a seu favor, podendo igualmente ...........................................................................
recorrer aos meios de conservação da garantia
patrimonial previstos na lei.
SUBSECÇÃO III
2. (Actual n.º 1). RELAÇÕES ENTRE O DEVEDOR E O FIADOR
3. (Actual n.º 2)
ARTIGO 644.º
4. (Actual n.º 3).
( ... )
ARTIGO 637.º
1. (Actual corpo do artigo).
( ... )
2. Se a fiança garantir uma obrigação solidária,
1 . ...................................................................... o fiador sub-rogado pode exigir de qualquer dos
2 . ....................................................................... devedores aquilo que haja prestado ao credor,
ainda que a fiança só beneficiasse um deles;
ARTIGO 638.º sendo a obrigação parciária, o fiador sub-rogado
( ... ) só pode exigir de cada devedor a parte que a este
compita.
1. .......................................................................
ARTIGO 645.º
2. A invocacão do benefício da excussão pres-
( ... )
supõe que o fiador indique bens do devedor prin-
cipal susceptíveis de penhora imediata, situados 1. ……..................................………………………
no território nacional e de valor suficiente para o 2 . .....................................................................
pagamento da totalidade da dívida, devendo ain-
da proceder ao depósito da quantia necessária ARTIGO 646.º
para o pagamento das despesas de execução ou ( ... )
da quantia arbitrada para esse efeito. …….................................…………………………
3. Se o fiador houver procedido nos termos do
número anterior, o credor é responsável perante ARTIGO 647.º
aquele, até ao limite do valor dos bens indica- ( ... )
dos, pela insolvência do devedor decorrente da ..........................................................................
falta de acção.
ARTIGO 648.º
ARTIGO 639.º
Acção do fiador contra o devedor
( ... )
O fiador pode, mesmo antes de satisfazer do
1. …………...................................………………..
direito do credor, intentar uma acção de cumpri-
2 . ...................................................................... mento contra o devedor, ou recorrer aos meios de
3 . ......................................................................
conservação da garantia patrimonial:
ARTIGO 640.º a) Se for judicialmente citado para cumprir;
( ... ) b) Se o devedor houver cessado o cumpri-
.......................................................................... mento das suas obrigações ou se encon-
a) ................................................................. trar em insolvência;
b) Se o devedor ou o dono dos bens one- c) Se o devedor o não houver liberado na
rados com a garantia não puder, em vir- data convencionada;
tude de facto posterior à constituição da d) Se a obrigação principal se tornar exigí-
fiança, ser demandado no território nacional. vel por decurso do prazo de cumprimento.
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SUBSECÇÃO IV c) por confusão, reunindo-se na mesma pes-


PLURALIDADE DE FIADORES soa as qualidades de credor e fiador.
ARTIGO 649.º 2. A reunião na mesma pessoa das quali-
( ... ) dades de devedor principal, e fiador, nos termos
do art.º 871.º n.º 3, não prejudica o direito do
1 . ......................................................................
credor contra o subfiador.
2 . ......................................................................
3 . ...................................................................... ARTIGO 653.º
( ... )
ARTIGO 650.º 1. (Actual corpo do artigo).
( ... ) 2. Se o facto imputável ao credor limitar sim-
1. …………………..................................………… plesmente a sub-rogação, o fiador libera-se so-
2 . ...................................................................... mente até ao limite da insuficiência da garan-
3 . ....................................................................... tia conservada.
4 . ......................................................................
ARTIGO 654.º
SUBSECÇÃO V
( ... )
EXTINÇÃO DA FIANÇA
(Revogado)
ARTIGO 651.º
( ... ) ARTIGO 655.º
1. A extinção, total ou parcial, da obrigação ( ... )
principal determina, na mesma medida, a extin-
(Revogado)
ção da fiança.
2. A dação em cumprimento determina a ex- SECÇÃO III
tinção definitiva da fiança, ainda que o credor
perca posteriormente a prestação que aceitou; CARTA DE GARANTIA
considera-se não escrita toda a cláusula em SUBSECÇÃO I
contrário. DISPOSIÇÕES GERAIS
3. A novação da obrigação, por alteração do
ARTIGO 656.º
respectivo objecto ou da causa, assim como a
alteração das modalidades ou garantias que a (Noção)
acompanham, determina a extinção da fiança, 1. Carta de garantia é a convenção pela qual, a
salvo se o fiador aceitar transferir a garantia pedido ou na sequência de instruções do ordena-
para nova obrigação considera-se como não es-
dor, o garante se obriga a pagar uma determi-
crita qualquer cláusula em contrário estipulada
nada soma ao beneficiário, logo que este faça a
antes do acordo novatório.
primeira solicitação.
4. Por morte do fiador, somente as obrigações
constituídas antes do seu decesso se transmi- 2. Carta de contragarantia é a convenção pela
tem aos herdeiros, independentemente de haver qual, a pedido ou na sequência de instruções do
sido ou não estipulado o benefício de excussão ordenador ou do garante, logo que este faça a
prévia. primeira solicitação.

ARTIGO 652.º ARTIGO 657.º


Extinção da fiança, independentemente Autonomia
da obrigação principal
1. As cartas de garantia e de contragarantia
1. A fiança extingue-se, independentemen-
criam obrigações autónomas, distintas das con-
te da obrigação principal:
venções, actos e factos susceptíveis de constituir
a) Por compensação, invocada pelo fia-
a respectiva base.
dor, com um crédito que detenha sobre o
credor; 2. Atentos os riscos que envolvem, não podem
b) por remissão, total ou parcial, concedida as mesmas, sob pena de nulidade, ser subscri-
pelo credor ao fiador; tas por pessoas singulares.
116 BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.º 21

ARTIGO 658.º determinados ou determináveis, em datas pre-


Forma e menções cisas ou contra a apresentação ao garante ou ao
contragarante de documentos estipulados para
As convenções de garantia e de contragaran- esse fim.
tia não se presumem, devendo ser reduzidas a
escrito, e mencionar obrigatoriamente, sob pena ARTIGO 662.º
de nulidade: Exercício do direito pelo benefíciário
- A denominação de carta de garantia ou de 1. O pedido de pagamento deve ser feito por
contragarantia à primeira solicitação; escrito pelo beneficiário e deve ser acompanha-
- O nome do ordenador; do dos documentos previstos na carta de garan-
- O nome do beneficiário; tia.
- O nome do garante ou do contragarante; 2. O pedido deve precisar que o ordenador não
cumpriu as suas obrigações para com o benefi-
- A convenção de base, a acção ou o facto
ciário, e no que consiste esse incumprimento.
que deu causa à emissão da garantia;
3. Qualquer pedido de contragarantia deve ser
- O montante máximo da importância garan-
acompanhado por uma declaração escrita do
tida;
garante, que confirme ter este último recebido um
- A data do termo da garantia ou o facto que pedido de pagamento por parte do beneficiário,
provoca a respectiva extinção; em conformidade com o estipulado nas cartas
- As condições do pedido de pagamento; de garantia e de contragarantia.
- A impossibilidade, para o garante, de bene- 4. Qualquer pedido de pagamento fundado
ficiar das excepções da fiança. numa carta de garantia ou de contragarantia deve
ser feito, o mais tardar, até à data do respectivo
SUBSECÇÃO II termo, acompanhado dos documentos exigidos,
REGIME DA CARTA DE GARANTIA no lugar de emissão da garantia ou da contraga-
rantia.
ARTIGO 659.º
ARTIGO 663.º
Intransmissibilidade
Posição do garante ou contragarante.
1. Salvo estipulação expressa em contrário,
o direito do beneficiário à garantia não é trans- 1. O garante ou o contragarante deve dispor de
missível. um prazo razoável para examinar a conformi-
dade dos documentos apresentados com o es-
2. A intransmissibilidade do direito à garantia
tipulado na garantia ou na contragarantia.
não afecta, contudo, o direito do beneficiário ceder
qualquer montante a que tenha direito, em virtude 2. Antes de qualquer pagamento, o garante
da relação subjacente. deve transmitir, sem demora, o pedido do benefi-
ciário e todos os documentos que o acompanham
ARTIGO 660.º ao ordenador, para informação, ou, se for o caso,
Eficácia ao contragarante para transmissão ao ordena-
1. A garantia e a contragarantia produzem efei- dor, para os mesmos fins.
tos a partir da data em que são emitidas, salvo 3. Se o garante decidir recusar um pedido de
estipulação de uma data posterior. pagamento, deverá avisar o ordenador e o bene-
2. Salvo disposição expressa em contrário, ficiário o mais rapidamente possível, e por à dis-
a garantia e a contragarantia são irrevogáveis. posição deste último todos os documentos apre-
sentados.
ARTIGO 661.º 4. O garante deve igualmente dar conheci-
Âmbito mento imediato ao ordenador de qualquer redu-
1. O garante e o contragarante só estão obri- ção do montante da garantia e de qualquer acto
gados até ao limite da soma estipulada nas car- ou acontecimento que lhe ponha fim, ou, se for o
tas de garantia ou de contragarantia, podendo caso, ao contragarante, que por sua vez avisa-
dela deduzir os pagamentos entretanto feitos pelo rá, nas mesmas condições, o ordenador.
garante ou pelo ordenador, não contestados ARTIGO 664.º
pelo beneficiário. Abuso de direito e fraude.
2. A carta de garantia pode estipular que a so- 1. O ordenador só pode impedir o garante ou
ma garantida pode ser reduzida, por montantes o contragarante de pagar, se o pedido de paga-
24 DE MAIO DE 2010 117

mento do beneficiário for manifestamente abu- ARTIGO 668.º


sivo ou fraudulento. Objecto do penhor
2. O garante e o contragarante dispõem da 1. Qualquer bem móvel, corpóreo ou incor-
mesma faculdade em igualdade de condições. póreo, é susceptível de ser entregue em penhor.
ARTIGO 665.º 2. As partes poderão convencionar, durante o
Sub-rogação cumprimento do contrato, a substituição da coisa
empenhada por uma outra coisa.
É aplicável à carta de garantia o disposto no
art.º 644.º. 3. O penhor pode de igual modo ser constituído
pelas quantias ou valores depositados, a título de
ARTIGO 665.º-A caução, por funcionários, responsáveis ministe-
Extinção riais ou qualquer outra pessoa, para garantia dos
A garantia ou a contragarantia extinguem-se: abusos pelos quais estes possam ser responsá-
veis, bem como para garantia dos mútuos admi-
a) No dia determinado ou no termo do prazo
tidos pela constituição da referida caução.
previsto;
b) No momento da apresentação ao garante SUBSECÇÃO II
ou ao contragarante do documento que PENHOR DE COISAS
põe termo à garantia, tal como especifi- ARTIGO 669.º
cados na carta de garantia ou de contra -
(... )
garantia;
1. .....................................................................
c) Por declaração escrita do beneficiário,
2. .......................................................................
que desobrigue o garante ou o contra-
garante da respectiva obrigação. 3. A promessa de penhor, em especial quando
verse coisas futuras, obriga o promitente à en-
SECÇÃO IV trega da coisa, de acordo com as condições esti-
PENHOR puladas.
ARTIGO 670.º
SUBSECÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS ( ... )

ARTIGO 666.º ................................................................................


a) .....................................................................
(... ) b) .....................................................................
1. O penhor é o contrato pelo qual é entregue ao c) .....................................................................
credor, ou a um terceiro escolhido por ambas as ARTIGO 671.º
partes, um bem móvel para a garantia do
(... )
cumprimento de uma obrigação.
................................................................................
2. O penhor é acessório da obrigação que ga-
a) .....................................................................
rante, pelo que a invalidade desta determina a
b) .....................................................................
anulação do penhor constituído em sua garantia.
ARTIGO 672.º
3. . .........................................................................
(... )
4. Sobrevindo à constituição do penhor uma
1. ........................................................................
ou mais dívidas entre o mesmo devedor e o
mesmo credor, exigíveis antes do pagamento da 2 . ......................................................................
primeira dívida, o credor pignoratício conserva a
ARTIGO 673.º
garantia até ao pagamento integral de todas as
( ... )
dívidas, mesmo na ausência de estipulação con-
tratual nesse sentido. …………………………………………………………..

ARTIGO 667.º ARTIGO 674.º

(... ) (... )
1. ....................................................................... 1. …………………....………………………………..
2. ....................................................................... 2. ........................................................................
118 BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.º 21

3. ........................................................................ ARTIGO 682.º


ARTIGO 675.º ( ... )
( ... ) .................................................................................
ARTIGO 683.º
1. Em caso de falta de pagamento da obriga-
ção no momento do vencimento, o credor pigno- ( ... )
ratício, munido de um título executivo, pode requerer .................................................................................
a venda judicial da coisa empenhada, oito dias
após uma notificação judicial avulsa dirigida ao ARTIGO 684.º
devedor e, se for esse o caso, ao terceiro autor do ( ... )
penhor, nas condições previstas nos arts.º 998.º
a 103.º do Código de Processo Civil. .................................................................................
2. É lícito aos interessados convencionar que ARTIGO 685.º
a coisa empenhada seja adjudicada ao credor ( ... )
até ao limite do que lhe é devido, e após uma ava-
1. Salvo estipulação em contrário, o credor
liação de acordo com o preço de mercado ou o
pignoratício tem a faculdade de cobrar o crédito em
parecer de um perito.
nome do autor do penhor, logo que este se torne
3. Qualquer cláusula do contrato de penhor que exigível, passando o penhor a incidir sobre a coisa
autorize a venda ou a adjudicação da coisa em- prestada em satisfação desse crédito.
penhada sem a observância das formalidades
2. O credor pignoratício é sujeito à respon-
previstas neste artigo é considerada não escrita.
sabilidade do mandatário pela quantia percebida
ARTIGO 676.º em excesso e pertencente ao autor do penhor.
(... ) 3 . ..........................................................................
1. ..………………………………………………….. 4 ..........................................................................
2 . ......................................................................
3 . ...................................................................... ARTIGO 685.º-A
Pagamento directo ao credor pignoratício
ARTIGO 677.º
1. A solicitação do credor pignoratício, o de-
(... )
vedor do crédito empenhado pode obrigar-se ao
...............................................................................
pagamento directo àquele, devendo essa obriga-
ção constar expressamente de documento es-
ARTIGO 678.º
crito, sob pena de nulidade.
( ... )
2. No caso referido no número anterior, o de-
................................................................................ vedor do crédito empenhado não poderá opor
ao credor pignoratício as excepções relativas às
SUBSECÇÃO III
suas relações pessoais com o seu próprio credor.
PENHOR DE DIREITOS 3. Se o devedor do crédito empenhado não estiver
ARTIGO 679.º obrigado ao pagamento directo ao credor pigno-
ratício, estará, não obstante, obrigado a fazê-lo se,
( ... ) à data do vencimento, não puder opor nenhuma
……………………………………………………………… excepção relativa ao seu próprio credor, ou relativa
ao credor pignoratício.
ARTIGO 680.º 4. O credor do crédito empenhado é solida-
riamente responsável com o devedor deste pelo
(... )
pagamento ao credor pignoratício.
………………………………………………………………
ARTIGO 685-B
ARTIGO 681.º Outros casos de penhor de direitos
( ... )
1. A notificação da cedência do crédito a tí-
1. …………………………......……………………… tulo pignoratício não é necessária no penhor de
2 . ......................................................................... títulos ao portador, que se constitui pela mera
tradição e redacção de um documento escrito do
3. ....................................................................... qual conste o penhor.
24 DE MAIO DE 2010 119

2. A cedência de créditos pignoratícios cons- SUBSECÇÃO II


titui-se, nos títulos à ordem, mediante um endosso PENHOR SEM ENTREGA DE DIREITOS
pignoratício, e nos títulos nominativos através do SOCIAIS E VALORES MOBILIÁRIOS
averbamento do penhor nos registos do estabe-
ARTIGO 685.º-D
lecimento emitente.
Objecto do penhor sem entrega
3. O penhor pode ser constituído por um docu-
Os direitos sociais e os valores mobiliários das
mento de quitação do depósito de valores mobiliá-
sociedades comerciais, bem como os direitos
rios. O documento de quitação é entregue ao credor
transmissíveis de pessoas colectivas sujeitas a
pignoratício e a constituição do penhor notificada
registo comercial podem ser objecto de um pe-
ao estabelecimento depositário, que não poderá
nhor sem entrega contratual ou judicial.
restituir os títulos empenhados ao dador do docu-
mento de quitação sem a apresentação deste ARTIGO 685.º-E
documento, ou de uma decisão judicial transitada Forma e menções obrigatórias
em julgado que ordene ou tenha o efeito da resti- O penhor sem entrega deve ser constituído por
tuição.
documento autêntico ou particular devidamente
4. Para além de antecipações de cumprimento registado, o qual deve incluir, sob pena de nulidade,
sobre títulos submetidos às regras do penhor, os as menções seguintes:
estabelecimentos bancários podem, se para tal
a) Os nomes, apelidos e domicílios do cre-
estiverem autorizados, celebrar contratos de mútuo
dor, do devedor e do dador do penhor se
cuja obrigação de restituição se vença em três
este for um terceiro;
meses, sobre valores mobiliários cotados que o
credor pignoratício possa, na ausência do seu b) A sede social e o número de matrícula no
reembolso, e sem observância de quaisquer ou- registo comercial da pessoa colectiva
tras formalidades, fazer executar em bolsa no dia emitente dos direitos sociais e dos valores
seguinte ao do vencimento. mobiliários;
5. O penhor de mercadorias das quais o devedor c) O montante e, se for caso disso, os núme-
possa dispor por documento de penhor, conheci- ros dos títulos empenhados;
mento de carga, conhecimento de embarque ou de d) A quantia do crédito garantido;
alfândega, é constituído segundo as disposições e) As condições de exigibilidade da dívida
respeitantes a cada um destes títulos ou docu- principal e dos juros;
mentos.
f) O domícilio eleito pelo credor na área
6. As coisas incorpóreas são empenhadas se- geográfica da jurisdição onde se situa o
gundo as condições previstas pelos textos legais serviço de registo do lugar de matrícula da
relativos a cada uma destas; na falta de disposição sociedade.
legal, ou de estipulação em contrário, a entrega
ARTIGO 685.º-F
ao credor do título que reconhece a existência do
direito consubstancia uma renúncia do autor do Constituição por sentença judicial
penhor. 1. Nos mesmos casos, em que é admissível a
SECÇÃO V hipoteca judicial pode ser determinada por senten-
ça judicial a constituição de um penhor sem en-
PENHOR SEM ENTREGA
trega sobre direitos sociais ou sobre valores mobi-
SUBSECÇÃO I liários.
DISPOSIÇÃO GERAL 2. A sentença judicial que determine a constitui-
ARTIGO 685.º-C ção desse penhor sem entrega deve necessa-
riamente conter as menções referidas no número
Casos de penhor sem entrega anterior.
Podem ser empenhados, sem entrega ao credor: ARTIGO 685.º-G
a) Os direitos sociais e os valores mobiliários; Registo e notificação do penhor sem entrega
b) O estabelecimento comercial; 1. Sem prejuízo das disposições especiais
c) O equipamento profissional: relativas ao Direito das sociedades comerciais
e pessoas colectivas visadas, o penhor sem en-
d) Os veículos automóveis;
trega contratual ou judicial não produz efeitos
e) Os estoques de matérias primas e de sem que o mesmo seja inscrito no registo comer-
mercadorias. cial.
120 BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.º 21

2. A inscrição provisória e a inscrição defini- e suas sucursais, estas devem ser individualiza-
tiva devem ser feitas, respectivamente, após a das pela indicação precisa da sua sede.
decisão que autorize a constituição do penhor ARTIGO 685.º-J
sem entrega e a sentença judicial transitada em
julgado que valide a primeira. Forma e menções obrigatórias

3. Os direitos do credor pignoratício caducam 1. O penhor sem entrega deve ser constituído
passados cinco anos a contar da data da inscrição por documento autêntico ou particular devida-
do penhor, sem prejuízo da possibilidade da sua mente registado, o qual deve incluir, sob pena de
renovação. nulidade, as menções seguintes:

4. Sem prejuízo do disposto nos números an- a) Os nomes, apelidos e domicílios do credor,
teriores, o penhor sem entrega contratual ou judi- do devedor e do autor do penhor, se este
cial deve ser notificado à sociedade comercial ou for um terceiro;
à pessoa colectiva emitente dos direitos sociais e b) O número de matrícula das partes no registo
dos valores mobiliários, ou dos títulos de onde comercial, se as mesmas estiverem sujei-
constem os referidos direitos. tas a esta formalidade;
ARTIGO 685.º-H c) A designação precisa e a indicação da
Efeitos do penhor sem entrega sede do estabelecimento e, se for esse
O penhor sem entrega de direitos sociais e va- caso, das suas sucursais;
lores mobiliários é dotado de sequela e prevalên- d) Os elementos do estabelecimento comer-
cia nos mesmos termos do penhor de coisas, cial empenhado;
sendo-lhe aplicável o disposto no art.º 675.º. e) A quantia do crédito garantido;

SUBSECÇÃO III f) As condições de exigibilidade da dívida


principal e dos juros;
PENHOR SEM ENTREGA g) O domicílio eleito pelo credor na área
DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL geográfica da jurisdição onde se situa
ARTIGO 685.º- I serviço de registo.
Objecto do penhor sem entrega 2. Qualquer modificação convencional, ces-
são, sub-rogação, ou endosso do título do pe-
1. O penhor entrega do estabelecimento co-
nhor sem entrega deve obedecer ao disposto no
mercial abrange a sua clientela, a insígnia do
artigo anterior.
estabelecimento, o nome de estabelecimento, o
direito de arrendamento comercial e as licenças de ARTIGO 685.º-K
exploração.
Constituição por sentença judicial
2. Podem ainda ser abrangidos pelo penhor
É aplicável ao penhor sem entrega de estabe-
sem entrega outros elementos incorpóreos do
lecimento comercial o disposto no art. 685.º-F.
estabelecimento comercial, nomeadamente, as
patentes de invenção, as marcas de fabrico e de ARTIGO 685.º-L
comércio, os desenhos e modelos, e outros direi-
Ónus registral
tos de propriedade intelectual, bem como o
equipamento do estabelecimento. 1. O penhor sem entrega de estabelecimento
comercial, quer seja contratual quer judicial, não
3. No caso previsto no número anterior, a exten-
são da garantia deve ser objecto de uma cláusula produz efeitos sem que o mesmo esteja inscrito
especial que individualize os bens empenhados, no registo comercial.
a qual deve ser objecto da publicidade generica- 2. A inscrição provisória e a inscrição definitiva
mente exígida para o penhor sem entrega de es- do penhor sem entrega judicial devem ser feitas,
tabelecimento comercial, bem como de um aver- respectivamente, após a decisão judicial que au-
bamento particular no registo comercial. torize a constituição do penhor sem entrega e a
4. O penhor sem entrega do estabelecimento decisão judicial transitada em julgado que valide
comercial não pode abranger direitos reais imobi- a primeira.
liários atribuídos ou reconhecidos por contra- 3. Se o penhor sem entrega do estabeleci-
tos sujeitos a inscrição no registo predial mento comercial abranger as patentes de inven-
ção, as marcas de fábrica, de serviços e de comércio,
5. Se o penhor sem entrega incidir simulta- os desenhos e modelos, e outros direitos de pro-
neamente sobre um estabelecimento comercial priedade intelectual, bem como o equipamento
24 DE MAIO DE 2010 121

profissional de laboração do estabelecimento, nhor sem entrega a favor do vendedor, de ter-


deve ser satisfeita, para além da inscrição da ga- ceiro que tenha garantido as obrigações do com-
rantia do credor, a publicidade prevista pelas prador perante o vendedor ou de qualquer pessoa
disposições relativas à propriedade industrial e as que haja mutuado a quantia necessária à aquisi-
regras relativas ao penhor sem entrega do equipa- ção.
mento profissional. 2. O equipamento profissional que se integre
4. Qualquer modificação, transmissão ou ex- no âmbito de um estabelecimento comercial po-
tinção da garantia não produzirá efeitos se não for de ser empenhado sem entrega, simultaneamente
averbada à inscrição inicial. ou não com outros elementos daquele, e inde-
5. O cancelamento convencional apenas pode pendentemente de qualquer venda.
ocorrer mediante o depósito de um documento au- 3. As disposições aplicáveis ao penhor sem
têntico ou particular assinado pelo credor pignora- entrega de equipamento profissional são igual-
tício ou pelo seu cessionário, e provando a sua mente aplicáveis aos veículos automóveis su-
qualidade, dando o seu consentimento ao refe- jeitos a uma declaração de entrada em circulação
rido cancelamento. e a uma matrícula administrativa, qualquer que seja
6. Os efeitos da inscrição do penhor sem en- o fim da respectiva aquisição.
trega cessam ao fim de cinco anos, se a mesma ARTIGO 685.º-O
não for renovada antes do fim desse prazo.
Forma, menções obrigatórias e registo
ARTIGO 685.º-M
1. O penhor sem entrega deve ser constituído
Direitos do credor pignoratício por documento autêntico ou particular devida-
1. O credor pignoratício do goza de sequela e mente registado, o qual deve incluir, sob pena de
de prevalência no pagamento pelo valor do ca- nulidade, as menções seguintes:
pital constante da inscrição registral, e ainda em a) Os nomes, apelidos e domicílios do credor,
relação a dois anos de juros, sendo-lhe aplicável do devedor e, se for caso disso, do terceiro
o disposto no art.º 675.º. requerente da inscrição;
2. Sob pena de exigibilidade antecipada do b) Uma descrição do equipamento profis-
crédito, o titular do estabelecimento é obrigado a sional empenhado que permita a sua
notificar os credores inscritos e obter a sua auto- identificação, a indicação da sua locali-
rização para qualquer mudança de instalações zação, e ainda a indicação, se for esse o
do estabelecimento, denúncia ou resolução do caso, de que os mesmos objectos são sus-
contrato de arrendamento do imóvel onde este ceptíveis de sofrer uma alteração espe-
se encontre instalado. cial:
3. O credor pignoratício tem direito de preferên- c) A quantia do crédito garantido;
cia na alienação do estabelecimento objecto de
d) As condições de exigibilidade da dívida
penhor.
principal e dos juros;
4. Os credores comuns podem obter judicial-
mente a exigibilidade imediata do seu crédito no g) O domicílio eleito pelas partes na área
caso de, posteriormente ao momento da consti- geográfica da jurisdição onde se situa o
tuição dos seus créditos, ser inscrito um penhor serviço de registo.
sem entrega com base na exploração do estabe- 2. O penhor sem entrega de equipamento
lecimento comercial, ou no caso de venda dos profissional e de veículos automóveis não produz
elementos do estabelecimento comercial afectos à efeitos sem que o mesmo esteja inscrito no re-
garantia do credor pignoratício. gisto comercial, sendo aplicáveis os n.ºs 4 e 5
do art.º 685.º-L.
SUBSECÇÃO IV
3. O credor conserva os seus direitos durante
PENHOR SEM ENTREGA DE EQUIPAMENTO cinco anos a contar da data da inscrição; cessam os
PROFISSIONAL E DE VEÍCULOS AUTOMÓVEIS efeitos desta se a mesma não for renovada antes
ARTIGO 685.º-N do fim deste prazo.
Objecto do penhor sem entrega 4. Se o crédito garantido for representado por
1. O equipamento utilizado pelo comprador um ou mais títulos negociáveis, o seu endosso
no exercício da sua actividade profissional, seja acarreta a transferência da garantia pignora-
ele novo ou usado, pode ser objecto de um pe- tícia, sem qualquer outra publicidade, subordinada
122 BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.º 21

à condição de que a criação de tais títulos se en- destinadas a venda podem ser empenhadas sem
contrasse prevista pelo acto constitutivo do penhor entrega através da emissão de um título de penhor,
e registada no registo comercial. com a condição de, antes da emissão deste, cons-
5. No que diz respeito aos veículos automóveis tituírem um conjunto determinado de coisas fun-
sujeitos a uma declaração de entrada em circula- gíveis.
ção e a uma matrícula administrativa, o penhor deve ARTIGO 685.º-S
ser inscrito no registo automóvel, sendo averbado Forma, menções obrigatórias e registo
quer no documento administrativo que corporize a
1. O penhor sem entrega deve ser constituído
autorização de circulação, quer na respectiva
por documento autêntico ou particular devida-
matrícula.
mente registado, o qual deve incluir, sob pena de
ARTIGO 685.º-P nulidade, as menções seguintes:
Direitos do credor pignoratício
a) Os nomes, apelidos, domicílios e profissões
1. O credor pignoratício do equipamento pro- das partes e, se for este o caso, o número
fissional ou dos veículos automóveis goza de se- de matrícula no registo comercial do deve-
quela e de prevalência no pagamento pelo valor do dor que constitui o penhor;
capital constante da inscrição registral, e ainda em b) Uma descrição precisa dos bens em-
relação a dois anos de juros, sendo-lhe aplicável o penhados, que permita a sua identificação
disposto no art.º 675.º. pelos critérios da natureza, qualidade,
2. O disposto no número anterior é igualmente quantidade, valor e situação;
aplicável no caso de o equipamento profissional ter c) O nome do segurador que segura o esto-
sido empenhado em simultâneo com outros ele- que empenhado contra incêndio e des-
mentos do estabelecimento. truição, bem como o nome do imóvel onde
3. O credor pignoratício dos instrumentos profis- estes se encontram armazenados;
sionais goza de preferência no pagamento em caso d) A quantia do crédito garantido;
de execução do estabelecimento.
e) As condições de exigibilidade da dívida
ARTIGO 685.º-Q principal e dos juros;
Posição do devedor f) O nome do banqueiro através do qual o tí-
1. O devedor não pode vender a totalidade ou tulo de penhor foi emitido.
parte do equipamento profissional empenhado 2. O penhor sem entrega de estoques não pro-
sem consentimento prévio do credor pignoratí- duz efeitos sem que o mesmo esteja inscrito no
cio ou, na ausência deste, sem autorização judi- registo comercial, sendo aplicáveis os n.ºs 4 e 5 do
cial. art.º 685.º-L.
2. Na ausência de acordo ou de autorização 3. O credor conserva os seus direitos durante
judicial, a venda dos instrumentos empenhados um ano a contar da data da inscrição; cessam os
acarreta a exigibilidade imediata da obrigação. efeitos desta se a mesma não for renovada antes
3. Não sendo paga a dívida, o devedor estará su- do fim deste prazo.
jeito ao processo de recuperação judicial de em-
presas ou de falência, se estes forem aplicáveis. ARTIGO 685.º-T
Título de penhor
4. A ilegitimidade e ineficácia dos actos prati-
cados decorrentes da falência pessoal, bem como 1. O devedor recebe, após a inscrição um tí-
as sanções previstas para o crime de abuso de tulo de penhor, o qual deve mencionar de forma
confiança aplicam-se ao devedor ou a qualquer legível o seguinte:
pessoa que, por manobras fraudulentas, prive ou
a) As palavras “penhor sem entrega de es-
diminua o credor pignoratício dos seus direitos.
toques”;
SUBSECÇÃO IV b) A data da sua entrega, que corresponde à
data da inscrição no registo;
PENHOR SEM ENTREGA DE ESTOQUES
c) O número de inscrição no registo crono-
ARTIGO 685.º-R lógico;
Objecto do penhor sem entrega d) A assinatura do devedor.
As matérias primas, os produtos de uma explo- 2. O título é entregue pelo devedor ao credor
ração agrícola ou industrial e as mercadorias através de um endosso assinado e datado.
24 DE MAIO DE 2010 123

3. O título de penhor assim emitido pode ser ARTIGO 687.º


endossado e avalizado nas mesmas condições e Registo
com os mesmos efeitos que uma letra de câmbio.
1. Todo o acto convencional ou judicial consti-
4. O título é válido por três anos a contar do mo-
tutivo de uma hipoteca deve ser inscrito no registo
mento da sua emissão, podendo ser renovado.
predial em conformidade com as regras da publi-
ARTIGO 685.º-U cidade predial previstas para esse efeito.
Direitos do credor pignoratício 2. O registo da hipoteca reserva o direito do
O credor pignoratício dos estoques ou o por- credor, com as enunciações do título predial, desde
tador do título de penhor gozam de sequela e de o dia da inscrição, mantendo-o até ao registo da sua
prevalência no pagamento, sendo-lhe aplicável extinção ou à caducidade da inscrição.
o disposto no art.º 675.º. 3. Todo o acto relativo a uma hipoteca que
ARTIGO 685.º-V implique a sua transmissão, alteração de grau,
subrogação, renúncia, ou extinção, é igualmente
Posição do devedor
sujeito a registo, sem o qual não produzirá efeitos
1. O devedor emitente do título de penhor as- perante terceiros.
sume a responsabilidade do estoque confiado à
ARTIGO 688.º
sua guarda e aos seus cuidados.
Objecto
2. O devedor obriga-se a não diminuir o valor
dos estoques empenhados e a segurá-los contra os 1. Somente os imóveis registados, presentes
riscos da sua destruição; em caso de diminuição do e determinados, podem ser objecto de uma hipo-
valor da garantia, a dívida torna-se imediatamente teca, sem prejuízo de disposições especiais auto-
exigível, podendo proceder-se à execução do rizando a inscrição provisória de um direito real no
penhor. decurso de um processo de registo, na condição
de se proceder à inscrição definitiva depois de
3. O devedor terá permanentemente à dispo-
criado o título predial.
sição do credor e do banqueiro domiciliário uma
relação dos estoques empenhados, bem como 2. Podem ser objecto de hipoteca:
a contabilidade respeitante a todas as operações a) Os terrenos, edificados ou não edificados,
que a estes dizem respeito; o credor e o banqueiro suas benfeitorias ou construções super-
podem, a todo o momento, efectuar verificações venientes, com excepção das coisas mó-
ao estado dos estoques empenhados, correndo veis que lhes sejam acessórias;
as despesas por conta do devedor. b) Os direitos reais imobiliários inscritos re-
4. O devedor conserva o direito a vender os es- gularmente segundo as regras do registo
toques empenhados, mas a obrigação de entrega predial.
dos bens vendidos só pode ser cumprida após a
ARTIGO 689.º
consignação do preço obtido no banco domiciliá-
rio, podendo o credor, em caso de incumprimento, Obrigação de notificação
proceder à execução imediata do penhor.
Quando o direito real sobre o imóvel objecto da
hipoteca consista num direito real menor como o
SECÇÃO VI
usufruto, a superfície, a enfiteuse, a inscrição da
HIPOTECA hipoteca deve ser notificada por acto extrajudicial
SUBSECÇÃO I ao proprietário, ao proprietário do solo ou ao fundeiro.

DISPOSIÇÕES GERAIS
ARTIGO 690.º
ARTIGO 686.º ( ... )
Noção
(Revogado)
1. A hipoteca é uma garantia real convencional
ARTIGO 691.º
ou coerciva sobre imóveis registados pertencen- ( ... )
tes ao devedor ou a terceiro.
(Revogado)
2 . .....................................................................
ARTIGO 692.º
3. A hipoteca atribui ao credor as faculdades de
( ... )
sequela e prevalência, a exercer respectivamente
segundo as regras da penhora de imóveis e do 1 . ......................................................................
art.º 760.º. 2. ........................................................................
124 BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.º 21

3 . ......................................................................... ARTIGO 703.º


Espécies de hipoteca
ARTIGO 693.º
1. As hipotecas são coercivas ou convencio-
( ... )
nais.
1 . ......................................................................
2. As hipotecas coercivas são aquelas que são
2 . ...................................................................... constituídas contra a vontade do titular do imóvel,
3 . ..................................................................... sendo qualificadas como legais, quando resultem
da lei, e como judiciais, quando sejam constituídas
ARTIGO 694.º
por sentença judicial.
( ... )
3. As hipotecas convencionais são as que são
..........................................................................
estipuladas por convenção com o titular do imó-
ARTIGO 695.º vel.
( ... ) SUBSECÇÃO II
..........................................................................
HIPOTECAS LEGAIS
ARTIGO 696.º
Indivisibilidade ARTIGO 704.º
( ... )
A hipoteca é indivisível por natureza, subsistindo
por inteiro sobre cada uma das coisas oneradas ............................................................................
e sobre cada uma das partes que as constituem,
ARTIGO 705º
ainda que a coisa ou crédito seja dividido ou se Credores com hipoteca legal
encontre parcialmente satisfeito.
1. (Actual corpo do artigo).
ARTIGO 697.º
( ... ) 2. A hipoteca legal da massa de créditos é
............................................................................ regulada pela lei relativa aos processos de execu-
ção colectiva, sendo inscrita no prazo de dez dias
ARTIGO 698.º
a contar da decisão judiciária de abertura do
( ... )
processo colectivo, a requerimento do escrivão ou
1 . ...................................................................... do síndico.
2 . ...................................................................... ARTIGO 706.º
ARTIGO 699.º ( ... )
( ... ) 1 . ......................................................................
1 . ......................................................................
2 . ......................................................................
2 . ......................................................................
ARTIGO 707.º
3 . ........................................................................
( ... )
ARTIGO 700.º 1 . ......................................................................
( ... )
2 .......................................................................
...........................................................................
(Revogado) ARTIGO 708.º
ARTIGO 701.º Bens sujeitos à hipoteca legal
( ... ) 1. (Actual corpo do artigo).
1 . ......................................................................
2. No entanto, a hipoteca não pode recair se
2 . ...................................................................... não em imóveis determinados e para garantia de
ARTIGO 702.º créditos individualizados pela sua origem e sua
( ... ) causa, e por um montante determinado.
1 . ...................................................................... ARTIGO 709.º
2 ....................................................................... ................................................................................
24 DE MAIO DE 2010 125

SUBSECÇÃO III ARTIGO 711.º-B


HIPOTECAS JUDICIAIS Hipoteca judicial na construção de imóveis
ARTIGO 710.º 1. Os arquitectos, os empreiteiros e outras
pessoas utilizadas para edificar. reparar ou re-
Constituição
constituir edifícios podem, até ao início dos traba-
1 . ...................................................................... lhos, solicitar uma hipoteca convencional ou, caso
esta seja recusada, requerer hipoteca judicial sobre
2 . ......................................................................
o imóvel que seja objecto dos trabalhos.
3. ........................................................................ 2. A hipoteca é inscrita provisoriamente pelo
4. É aplicável à hipoteca judicial o disposto no montante total que se estime seja devido, tendo a
n.º 2 do art.º 708.º. inscrição terá o grau correspondente a essa data,
mas com validade limitada a um período que não
ARTIGO 710.º-Aº
exceda mais do que um mês depois da conclusão
Registo dos trabalhos constatada por oficial de justiça; a
1. Para efeitos do registo da hipoteca, a senten- hipoteca conserva a sua data se, no mesmo período,
ça referida no artigo deve obrigatoriamente conter: por acordo das partes ou por decisão judicial, a
a) A designação do credor, o seu domicílio inscrição se torne definitiva, por todo ou somente
escolhido e o nome do devedor; por parte do montante que se estime seja devido.
b) A data da decisão; 3. Aquele que financia os trabalhos referidos no
c) A causa e o montante do crédito garantido n.º 1 pode igualmente obter uma hipoteca conven-
em capital, juros e despesas; cional ou judicial nas mesmas condições, desde
d) A designação, pelo número do título pre- que seja atestado autenticamente no acto de
dial, de algum dos imóveis sobre os quais empréstimo que a soma de dinheiro é destinada
a inscrição foi ordenada. aesse uso e, através da quitação dos arquitectos,
empreiteiros e outras pessoas, se comprove que o
2. As disposições do presente artigo não ex-
pagamento foi feito com o dinheiro adquirido.
cluem as formalidades de publicidade previstas
pela legislação do registo predial. ARTIGO 711º-C

ARTIGO 711.º Providência cautelar para inscrição


de hipoteca judicial
( ... )
1. Fora dos casos previstos nos artigos anterio-
……………………………………………………. res, o credor pode ser autorizado a realizar, para
ARTIGO 711.º-A garantia do seu crédito, a inscrição provisória de
hipoteca sobre os imóveis do seu devedor em vir-
Hipoteca judicial na venda de imóveis
tude de uma decisão judicial do tribunal compe-
1. O vendedor, o permutante ou o outorgante tente do domicílio do devedor ou do lugar no qual
em partilha pode exigir da outra parte no acto uma estejam situados os imóveis a hipotecar.
hipoteca sobre os imóveis vendidos, permutados
2. A decisão tomada deve indicar o montante
ou partilhados para garantir o pagamento total
ou parcial do preço, do saldo da troca ou dos pelo qual a hipoteca é autorizada.
créditos resultantes da partilha, podendo, em caso 3. A decisão judicial fixa ao credor um prazo
de recusa, solicitar judicialmente a constituição dentro do qual, sob pena de caducidade da auto-
de hipoteca judicial sobre esses bens. rização, deve intentar no tribunal competente a
2. Aquele que financia a aquisição de um imóvel acção de validação da hipoteca cautelar ou a ac-
vendido, permutado ou partilhado pode obter uma ção creditória, mesmo apresentada sob a forma
hipoteca convencional ou judicial nas mesmas de um requerimento de injunção para paga-
condições que o vendedor, o permutante ou o mento.
outorgante em partilha, desde que seja atestado 4. A decisão pode obrigar o credor a justificar,
autenticamente no acto de empréstimo que a soma previamente, se tem solvabilidade suficiente ou,
em dinheiro é destinada a esse uso e, para quitação na sua falta, a prestar caução por depósito no
do vendedor, permutante ou outorgante em par- cartório notarial ou por meio de uma apreensão
tilha, que o pagamento foi feito com o dinheiro com ou sem a obrigação de observar as regras
adquirido. respeitantes à recepção de cauções.
126 BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.º 21

SUBSECÇÃO IV terminado e levados ao conhecimento de terceiros


HIPOTECAS CONVENCIONAIS pela inscrição no registo.

ARTIGO 712º ARTIGO 717º


( ... )
Noção
Hipoteca convencional é a que nasce de con- 1. .......................................................................
trato. 2 ........................................................................

ARTIGO 713º ARTIGO 717º-A


(...) Hipoteca em garantia de empréstimo
.......................................................................... de curto prazo
ARTIGO 714º A hipoteca convencional que garanta um
empréstimo de curto prazo pode ser deferida por
Noção
um prazo máximo de 90 dias sem que o credor perca
1. O acto de constituição ou modificação da o grau que anteriormente haja adquirido.
hipoteca convencional deve constar de escritura
pública. ARTIGO 717.º-B

2. A procuração emitida a favor de terceiro para Hipoteca em garantia de abertura de crédito


constituir uma hipoteca deve igualmente constar de A hipoteca constituída para garantir uma aber-
escritura pública. tura de crédito até ao limite de um montante
ARTIGO 714º-A determinado tem a prioridade correspondente à
data da sua inscrição registral, sem consideração
Eficácia da hipoteca antes do registo
pelas datas sucessivas de cumprimento das
Enquanto a inscrição predial não for feita, a obrigações contraídas por quem concede o crédito.
hipoteca é inoponível a terceiros e constitui, entre
as partes, uma promessa sinalagmática que as SUBSECÇÃO V
obriga a proceder ao registo. REDUÇÃO DA HIPOTECA
ARTIGO 715º ARTIGO 718.º
Legitimidade para hipotecar ( ... )
1. A hipoteca convencional só pode ser consti- 1 . ........................................................................
tuída por quem seja o titular de direito real imobi-
liário regularmente inscrito e tenha capacidade 2. .......................................................................
para dispor dele. ARTIGO 719.º
2. Aqueles que não tenham sobre um imóvel ( ... )
senão um direito submetido a condição, resolu-
................................................................................
ção ou rescisão inscritas regularmente só podem
constituir uma hipoteca sujeita à mesma condi- ARTIGO 720.º
ção, resolução ou rescisão. ( ... )
3. Todavia, a hipoteca consentida por todos os ................................................................................
comproprietários de um imóvel indiviso conserva o
seu efeito, qualquer que seja, posteriormente, o SUBSECÇÃO VI
resultado da licitação ou da partilha. TRANSMISSÃO DOS BENS HIPOTECADOS
ARTIGO 716.º ARTIGO 721.º
( ... ) ( ... )
1 . ......................................................................... ................................................................................

2 . ......................................................................... ARTIGO 722º


( ... )
ARTIGO 716º-A
................................................................................
Requisitos do crédito a garantir
A hipoteca convencional deve ser constituída ARTIGO 723.º
para garantia de créditos individualizados pela sua ( ... )
causa e origem, representando um montante de- 1 . .........................................................................
24 DE MAIO DE 2010 127

2 . ......................................................................... ARTIGO 731º


( ... )
3 . .........................................................................
1 . ......................................................................
ARTIGO 724º
2 .........................................................................
( ... )
1 . ......................................................................... ARTIGO 731º -Aº
( ... )
2 . .........................................................................
1. O cancelamento do registo de hipoteca obe-
ARTIGO 725º
dece ao preceituado no art.º 197.º do Código do
( ... ) Registo Predial.
................................................................................ 2. Em caso de recusa do credor em consentir no
cancelamento da hipoteca, ou do conservador em
ARTIGO 726º
realizá-lo, o devedor ou o seu herdeiro podem obter
(...) o levantamento judicial dessa garantia.
............................................................................ 3. A decisão judicial de levantamento proferida
contra o credor ou seus herdeiros, uma vez transitada
SUBSECÇÃO VII
em julgado, obriga o conservador a proceder ao
TRANSMISSÃO DA HIPOTECA cancelamento da hipoteca.
ARTIGO 727º ARTIGO 732º
( ... ) ( ... )
1................................................................................ .......................................................................
2 ......................................................................... SECÇÃO VII
PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS
ARTIGO 728.º
( ... ) SUBSECÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
1 . ......................................................................
ARTIGO 733º
2 . .....................................................................
( ... )
ARTIGO 729.º .........................................................................
( ... )
ARTIGO 734º
......................................................................... ( ... )
SUBSECÇÃO VIII .........................................................................
EXTINÇÃO DA HIPOTECA
ARTIGO 735º
ARTIGO 730º Espécies

( ... ) 1. São de duas espécies os privilégios credi-


tórios: gerais e especiais.
a) .................................................................
2. Os privilégios são gerais, se abrangem o valor
b) ..................................................................
de todos os bens móveis existentes no património
c) .................................................................. do devedor à data da penhora ou de acto equivalente;
d) .................................................................. são especiais, quando compreendem só o valor de
e) Pela caducidade da inscrição, atestada determinados bens.
pelo Conservador do Registo Predial; SUBSECÇÃO II
f) em caso de venda em execução, nos termos PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS GERAIS
do art.º 822.º, n.º 2, ou de pagamento ou ARTIGO 736º
consignação final da indemnização em Disposição geral
processo de expropriação por utilidade 1. Os privilégios creditórios gerais atribuem
pública. prevalência no pagamento, a exercer pelos seus
128 BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.º 21

titulares segundo o disposto nos artigos 760.º e da segurança social, o prazo apenas começará a
761.º. correr a partir da notificação ou de qualquer outro
meio de interpelação para o pagamento.
2. A legislação especial que venha estabelecer
4. Os privilégios creditórios do Tesouro Público,
outros privilégios creditórios gerais deverá
da Administração Alfandegária e dos organismos
determinar a sua categoria e hierarquia do confronto de Segurança Social têm a duração de três anos a
com o disposto no art.º 737.º; na falta da mesma contar da data do registo, cessando então os seus
determinação, ocuparão estes privilégios o último efeitos, salvo se ocorrer renovação que ocorra antes
lugar previsto pelo artigo 737.º. do fim do mesmo prazo.

ARTIGO 737.º SUBSECÇÃO III


Privilégios gerais independentes PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS ESPECIAIS
de publicidade
ARTIGO 739º
Gozam de privilégio creditório geral, indepen- Disposição geral
dentemente de qualquer publicidade, e na ordem
1. Os credores titulares de privilégios creditórios
que se segue:
especiais possuem prevalência no pagamento
a) As despesas do funeral e da doença terminal sobre os bens móveis que se lhes encontram afectos
do devedor que precedam a penhora dos por lei, a exercer após a penhora, segundo o disposto
seus bens; no artigo 761º.
b) Os créditos emergentes de fornecimentos
2. A prevalência no pagamento exerce-se
de bens necessários à subsistência do
igualmente, por subrogação, sobre a indemnização
devedor durante o último ano que preceda
do seguro do bem móvel que haja desaparecido ou
a sua morte, a penhora dos seus bens, ou
que se tenha destruído, enquanto esta não se
a sentença judicial de abertura de um
encontrar paga.
procedimento colectivo;
c) As quantias devidas a trabalhadores e ARTIGO 740.º
aprendizes pela execução e resolução do Privilégio do vendedor
seu contrato durante o último ano que
preceda a morte do devedor, a penhora dos O vendedor possui, sobre o bem móvel vendido,
seus bens, ou a sentença judicial de um privilégio creditório para garantia do pagamento
abertura de um procedimento colectivo; do preço não pago, se aquele se encontrar ainda na
posse do devedor, ou sobre o preço ainda em dívida
d) As quantias devidas aos autores de obras pelo sub-adquirente.
intelectuais, literárias e artísticas durante
os três últimos anos que precedam a morte ARTIGO 741º
do devedor, a penhora dos seus bens, ou a Privilégio do trespassante
sentença judicial de abertura de um de estabelecimento comercial
processo de execução colectiva;
1. O trespassante de estabelecimento comer-
e) Dentro do limite da quantia legalmente cial beneficia de privilégio creditório sobre o mesmo,
fixada para a execução provisória das para garantia do pagamento do preço.
decisões judiciais, as quantias pelas quais
o devedor for responsável a título de créditos 2. O privilégio previsto no número anterior é su-
fiscais, alfandegários e dos organismos de jeito às mesmas regras de publicidade que vigoram
segurança social. para o penhor sem entrega de estabelecimento
comercial.
ARTIGO 738.º
Privilégios gerais dependentes 3. A alienação do estabelecimento não produz
de publicidade qualquer efeito translativo nem é oponível a ter-
ceiros sem estar inscrita no registo comercial, sendo
1. São privilegiados, para além da quantia refe- essa inscrição condição para o vendedor bene-
rida na alínea e) do art.º 737.º, os créditos fiscais, ficiar do privilégio creditório e do direito de resolver
alfandegários e dos organismos de segurança a venda por incumprimento.
social.
4. A resolução deve ser inscrita no registo, o qual
2. Estes privilégios creditórios apenas produ- pode ser efectuado provisoriamente por iniciativa
zem efeitos se inscritos, dentro dos seis meses a do vendedor, caso seja apresentado um reque-
contar do momento da sua exigibilidade, no registo rimento judicial ou extrajudicial a ela relativo.
comercial.
5. É proibida a realização de trespasses não
3. Não obstante o disposto no número anterior, litigiosos ou judiciais do estabelecimento comer-
se existir violação da legislação fiscal, aduaneira ou cial sem a apresentação pelo trespassante ou pelo
24 DE MAIO DE 2010 129

funcionário judicial encarregado do trespasse de ARTIGO 746.º


uma certidão das inscrições respeitantes ao mesmo
Privilégio do comissário
estabelecimento.
ARTIGO 742.º O comissário possui sobre as mercadorias que
Privilégio do senhorio detenha por conta do comitente um privilégio
1. O senhorio possui um privilégio creditório creditório para garantir os créditos emergentes do
sobre os móveis que equipem o local arrendado. contrato de comissão.
2. Este privilégio creditório garante, para além da ARTIGO 747º
indemnização e juros que poderão ser devidos, o
crédito do senhorio sobre o arrendatário dos doze Privilégio em consequência de despesas feitas
meses de rendas vencidas em momento anterior à para guarda ou manutenção de uma coisa
penhora, e dos doze meses de rendas vincendas
Aquele que tiver suportado despesas ou prestado
após esta.
serviços para evitar o desaparecimento de uma
3. O arrendatário ou qualquer outra pessoa que, coisa ou para salvaguardar o uso ao qual a mesma
por manobras fraudulentas, prive o senhorio, total esteja destinada possui um privilégio creditório
ou parcialmente, do seu privilégio creditório, comete sobre esse móvel.
um crime sancionado com as penas aplicáveis ao
depositário infiel. SECÇÃO VIII
DIREITO DE RETENÇÃO
4. Em caso de alteração da localização dos mó-
veis referidos sem o consentimento do senhorio, ARTIGO 754.º
este pode proceder à sua apreensão, conservando Noção
o privilégio creditório sobre os mesmos se tiver O credor, que detenha legitimamente um bem do
feito a declaração de reivindicação no acto da apre- devedor, pode reter o mesmo até ao momento do
ensão. cumprimento integral da obrigação que lhe for de-
vida, independentemente da existência de qual-
ARTIGO 743º quer outra garantia.
Privilégio do transportador
ARTIGO 756º
O transportador terrestre possui um privilégio Pressupostos
creditório sobre a coisa transportada por tudo o que
1. O direito de retenção poderá apenas ser exer-
lhe for devido, desde que se verifique uma relação cido:
de conexão entre a coisa transportada e o crédito.
a) Em momento anterior ao da existência de
ARTIGO 744º qualquer penhora;
Privilégio do trabalhador do prestador b) Se a obrigação for certa, líquida e exigível;
de serviços ao domicílio
c) Verificando-se uma relação entre a
O trabalhador de um prestador de serviços ao constituição da obrigação e a coisa detida.
domicílio possui um privilégio creditório sobre as
quantias devidas pelo cliente para garantir os cré- 2. A relação entre a constituição da obrigação
ditos emergentes do contrato de trabalho se os e a coisa detida considera-se estabelecida se a
mesmos forem provenientes da execução dos detenção da coisa e a obrigação forem conse-
serviços referidos. quência de relações comerciais existentes entre o
credor e o devedor.
ARTIGO 745º
Privilégio dos trabalhadores 3. O credor deverá renunciar ao direito de re-
e fornecedores de empresas de construção tenção se for prestada pelo devedor uma garantia
real equivalente.
1. Os trabalhadores e fornecedores de em-
presas de construção possuem um privilégio ARTIGO 757.º
creditório sobre as quantias que permaneçam em Exercício
dívida a estas pelas obras realizadas, em garantia
Se o credor não receber nem o cumprimento da
dos créditos emergentes a seu favor no momento
obrigação nem uma garantia real equivalente, este
da execução das referidas obras.
poderá, após interpelação dirigida ao devedor e ao
2. Os salários devidos aos trabalhadores são proprietário da coisa, exercer as faculdades de
pagos com preferência sobre as quantias devidas sequela e de preferência segundo as regras do
aos fornecedores. penhor.
130 BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.º 21

ARTIGO 758.º a), b), e) e f) do presente artigo, que tenham a


Transmissão e extinção mesma ordem de preferência, eles concorrem à
sua distribuição na proporção dos seus créditos
1. O direito de retenção não é transmissível totais.
sem que seja transmitido o crédito que ele garan-
ARTIGO 761.º
te.
Execução de bens móveis
2. O direito de retenção extingue-se pelas mes- 1. Os dinheiros provenientes da execução dos
mas causas por que cessa o direito de hipoteca e móveis são distribuídos pela seguinte ordem:
ainda pela entrega da coisa.
a) Aos credores por despesas de justiça,
SECÇÃO IX contraídas para proceder à execução do
bem vendido e à distribuição do respectivo
DISTRIBUIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO preço;
DAS GARANTIAS
b) Aos credores por despesas contraídas para
ARTIGO 759º a conservação dos bens do devedor no
Disposição geral interesse de credores com título de data
anterior;
O processo de distribuição do preço obtido em c) Aos credores de salários com privilégios
consequência da penhora é fixado pelas regras creditórios;
relativas aos processos de execução, sob reserva d) Aos credores garantidos por penhor, pela
das disposições seguintes relativas à ordem de ordem da respectiva constituição;
distribuição. e) Aos credores garantidos por penhor sem
ARTIGO 760.º entrega ou por um privilégio submetido à
Execução de bens imóveis publicidade, de acordo com a ordem de
inscrição no registo comercial;
1. Os dinheiros provenientes da execução dos
f) Aos credores beneficiários de um privilégio
imóveis são distribuídos pela seguinte ordem: especial, cada um seguindo o móvel que
onera o privilégio; em caso de conflito entre
a) Aos credores por despesas de justiça.
credores titulares de privilégio especial
contraídas para proceder à execução do sobre o mesmo móvel, é atribuída prioridade
bem vendido e à distribuição do respectivo ao que primeiro efectuar a penhora;
preço; g) Aos credores beneficiários de um privilégio
geral não submetido à publicidade, de
b) Aos credores de salários com privilégios
acordo com o estabelecido no art. 737.º;
creditórios;
h) Aos credores quirografários munidos de um
c) Aos credores titulares de uma hipoteca título executivo, desde que tenham inter-
convencional ou coerciva, inscritos no prazo vindo por via de penhora ou de oposição ao
legal, de acordo com a ordem de inscrição processo de distribuição.
no registo predial; 2. Em caso de insuficiência de dinheiro para
satisfazer os credores designados nas alíneas a),
d) Aos credores beneficiários de um privilégio
b), c), f), g) e h) do presente artigo, que tenham a
geral submetido à publicidade, de acordo mesma ordem de preferência, eles concorrem à sua
com a ordem de inscrição no registo distribuição na proporção dos seus créditos totais.
comercial; ARTIGO 5.º
Entrada em vigor
e) Aos credores beneficiários de um privilé-
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte
gio geral não submetido à publicidade, de ao da sua publicação.
acordo com o estabelecido no art. 737.º;
Aprovado em Conselho de Ministros, de 3 de
f) Aos credores quirografários munidos de um Abril de 2009. – O Primeiro-Ministro, Carlos Gomes
título executivo, desde que tenham Júnior. – O Ministro da Justiça, Mamadú Saliu Jaló
Pires.
intervindo por via de penhora ou de oposição
ao processo de distribuição. Promulgado em 24 de Maio de 2010.
2. Em caso de insuficiência de dinheiro para Publique-se.
satisfazer os credores designados nas alíneas O Presidente da República, Malam Bacai Sanhá.

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