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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-RO-1847-78.2012.5.15.0000
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A C Ó R D Ã O
(SDC)
GMDMC/Ac/cb/mf
PROCESSO Nº TST-RO-1847-78.2012.5.15.0000
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José dos Campos e Litoral Norte –
SINTRICON, quanto à análise da medida
recursal que busca garantir eventual
direito dos trabalhadores. No caso em
tela, a insurgência diz respeito à
homologação parcial, pelo Regional, da
cláusula relativa ao Crédito
Alimentação como Tíquete-Refeição.
Todavia, não procedem as alegações do
recorrente de que ambos os benefícios
foram objeto de acordo, na audiência. O
pactuado, naquela oportunidade, foi no
sentido de que, além das cláusulas
referentes ao PLR, às horas extras, ao
crédito-alimentação, ao reembolso de
passagem e à folga de campo, deveriam
ser aplicadas as demais normas
constantes da CCT 2012/2013, firmada
pelo sindicato patronal que representa
a empresa suscitante (SINICESP) e o
Sindicato profissional opoente, até o
julgamento da questão da
representatividade sindical. Por outro
lado, a CCT mencionada traz em seu bojo
um único benefício de natureza
alimentar, previsto na cláusula 12 -
REFEIÇÃO/ALIMENTAÇÃO, que apresenta
várias opções ao empregador para a
concessão da vantagem (almoço completo;
tíquete-refeição; cesta básica ou vale
supermercado), e o Regional decidiu
pela alternativa que se mostrou mais
favorável aos trabalhadores. Portanto,
mantém-se a decisão e nega-se
provimento ao recurso ordinário.
Recurso ordinário conhecido e não
provido.
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PESADA - INFRAESTRUTURA E AFINS DO ESTADO DE SÃO PAULO e CONSORCIO
ENCALSO-S.A. PAULISTA.
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econômico de abonar os dias de paralisação. As partes requereram a
homologação do acordo firmado e o julgamento do dissídio coletivo quanto
à questão da representatividade sindical, ressaltando que qualquer que
fosse a decisão proferida, no que diz respeito à representatividade
sindical, o acordo seria cumprido.
O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região,
mediante o acórdão de fls. 1144/1170, decidiu:
a) conhecer da oposição oferecida pelo Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada - Infraestrutura e
Afins do Estado de São Paulo e declarar, incidentalmente, a legitimidade
do referido opoente para representar os trabalhadores da empresa
Consórcio Encalso S.A. Paulista;
b) homologar parcialmente o acordo firmado entre a
empresa e o sindicato profissional suscitado, julgando extinto o
processo, com resolução de mérito, na forma do art. 269, III, do CPC;
c) declarar a não abusividade da greve e,
consequentemente, determinar o pagamento dos dias parados, ressaltando
que assim havia transigido as partes;
d) conceder a garantia de emprego por 90 dias a todos
os trabalhadores, salvo nas hipóteses de dispensa por justa causa,
declarando que, após os primeiros 60 dias, poderia haver dispensas por
motivos de término de etapa da obra e de força maior; e,
e) determinar a realização das adaptações necessárias
à adequação do alojamento e do refeitório, incluindo o que fosse essencial
para seu acesso e uso, nos termos da NR-18 do MTE.
Ao respectivo acórdão, a empresa suscitante opôs
embargos de declaração, apontando omissão no julgado quanto à análise
das formas alternativas de cumprimento da cláusula relativa ao Crédito-
alimentação. Os embargos de declaração foram rejeitados (fls.
1188/1189).
O suscitado, Sindicato dos Trabalhadores nas
Indústrias da Construção do Mobiliário e Montagem Industrial de São José
dos Campos e Litoral Norte interpõe recurso ordinário, às fls. 1198/1215,
alegando ser o legítimo representante dos trabalhadores ativados na obra
de duplicação da Rodovia SP-99 e sustentando que o Regional, ao conceder
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o Tíquete-refeição, deixou de observar que o crédito-alimentação também
fora acordado pelas partes.
Admitido o recurso (fl. 1222), foram oferecidas
contrarrazões às fls. 1227/1234 e 1241/1250.
O Ministério Público do Trabalho, em parecer da lavra
do Dr. José Neto da Silva, às fls. 1/6 da seq. 5, opinou pelo conhecimento
e não provimento do recurso ordinário.
É o relatório.
V O T O
I - CONHECIMENTO
II - MÉRITO
“Oposição
O opoente alega que a empresa suscitante desenvolve atividade
econômica que integra o segmento econômico do sindicato patronal da
Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo, o qual corresponde
à representação sindical profissional por ele realizada. Diz, aliás, tratar-se de
representação sindical de categoria específica, qual seja, a categoria dos
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trabalhadores na indústria da construção de estradas, pavimentação,
recuperação, reforço, melhoramento, manutenção, conservação, obras de
terraplanagem em geral, reconhecida pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, enquanto o suscitado não traz no rol de seus representados a
mencionada categoria específica. Aduz em seu favor, que as condições de
trabalho estabelecidas nas normas coletivas firmadas pelo suscitado são
menos vantajosas que aquelas por ele alcançadas. Por fim, que pelas razões
expostas, deve ser reconhecida a legitimidade de sua representação sindical
profissional, bem como a procedência dos seus pedidos:
"01. Formação de comissão específica e unicamente de trabalhadores
para;
02. Cumprimento da norma coletiva e fixação da participação em
lucros e resultados;
03. Fixação de ajuda de custo adicional à cláusula de refeição;
04. Pagamento das horas extras com 70% em dias normais e 100% em
domingos e feriados, e definição de aplicação ou não de banco de horas;
05. Comissão de fiscalização do alojamento;
06. Declaração de não abusividade da greve;
07. Pagamento dos dias de paralisação;
08. Estabilidade de 120 dias." (fl. 385)
Pois bem.
A Constituição Federal em seu artigo 8º, "caput" e incisos I e II, declara
a liberdade de associação profissional ou sindical, e veda a ingerência do
Estado na fundação e na organização dos sindicatos; e, ainda, na parte final
do inciso II, atribui aos trabalhadores e empregadores a definição da base
territorial em que o sindicato se fará representante, desde que não seja
inferior à área de um Município. Desse modo, restringiu o princípio da
liberdade sindical ao manter o princípio da unicidade sindical.
É sabido também que a lei prioriza a organização sindical por
categorias econômicas ou profissionais, fixadas pelo critério de
especificidade da atividade empresarial ou do labor, conforme "caput" do art.
570 da Consolidação Trabalhista, como segue:
‘Os sindicatos constituir-se-ão, normalmente, por
categorias econômicas ou profissionais, específicas, na
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conformidade da discriminação do quadro das atividades e
profissões a que se refere o art. 577.’
Por outro lado, possibilita a dissociação de sindicatos mais abrangentes
em segmentos específicos, de forma a ensejar uma representação sindical
mais especializada e aperfeiçoada, nos termos do art. 571 da CLT, "in
verbis":
‘Qualquer das atividades ou profissões concentradas na
forma do parágrafo único do artigo anterior poderá dissociar-se
do sindicato principal, formando um sindicato específico, desde
que o novo sindicato, a juízo da Comissão do Enquadramento
Sindical, ofereça possibilidade de vida associativa regular e de
ação sindical eficiente.’
Significa dizer que o princípio da unicidade sindical, previsto no art.
8°, II, da CF, impede que mais de um sindicato represente um mesmo grupo
profissional em idêntica base territorial, por outro lado, não a ponto de
obstruir o desmembramento sindical ou a criação de novas entidades
sindicais específicas, que é consequência da liberdade sindical.
Nesse passo, consigna Maurício Godinho Delgado que
‘[...] os estatutos sindicais, no Brasil, devem ser registrados
no correspondente Cartório de Registro Civil de Pessoas
Jurídicas, como qualquer outra entidade associativa.
Contudo, o mesmo dispositivo constitucional fez
referência normativa algo enigmática em seu interior. De fato, ao
proibir à lei que fizesse exigência de autorização do Estado para
a fundação de sindicato, observou: ressalvado o registro no
órgão competente (art. 8º, I, CF/88).
As primeiras interpretações acerta de tal registro,
consideravam-no já atendido pela inscrição dos estatutos
sindicais no respectivo Cartório. O próprio Ministério do
Trabalho chegou a editar Portaria nessa direção, isentando-se de
acolher qualquer novo estatuto sindical em seus arquivos
(Portaria n. 3.301, de novembro de 1988, posteriormente
revogada).
Algumas dificuldades práticas surgiram, no período, em
especial com respeito ao controle da unicidade sindical, que fora
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mantida pelo texto da mesma Constituição (art. 8° II)’ (in Curso
de Direito do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2008, p. 1340)
Noticiando que, diante desse quadro de dúvidas, o Supremo Tribunal
Federal sumulou a matéria, como segue:
‘SÚMULA Nº 677 - ATÉ QUE LEI VENHA A DISPOR
A RESPEITO, INCUMBE AO MINISTÉRIO DO TRABALHO
PROCEDER AO REGISTRO DAS ENTIDADES SINDICAIS
E ZELAR PELA OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA
UNICIDADE.’
No presente caso, a certidão de registro sindical do opoente elenca
como seus representados, as seguintes categorias:
‘Profissional dos Trabalhadores nas Indústrias da
construção de Estradas, Pavimentação e Obras de
Terraplenagem em Geral (Barragens Aeroportos, Canais), e
Engenharia Consultiva, as Categorias Profissionais dos
'Trabalhadores de Empresas que Mediante Concessão atuam na
Exploração, Conservação, Ampliação e demais Serviços
atribuídos, as Estradas de Rodagem, Obras De Pavimentação de
Asfalto (Pavimento Flexível e Rígido. Usina de Asfalto e de
Concreto Asfáltico), Construção, Recuperação, Reforço,
Melhoramentos, Manutenção e Conservação de Estradas,
Pontes, Portos, Barragens, Hidroelétricas, Termoelétricas,
Ferrovias, Túneis, Eclusas, Dragagens, Aeroportos, Canais,
Transportes Metroviários, Dutos para Telefonia e Eletricidade e
Obras de Saneamento, com abrangência estadual e base
territorial no Estado de São Paulo - SP, carta assinada por
despacho em 24.02.1970 e retificado publicado no D.O.U. em
01.04.2010, Seção I, pág. 102." (Certidão de registro sindical, fl.
388)
Enquanto a certidão de registro sindical do suscitado traz o seguinte rol
de representados:
‘Profissionais integrantes do 3º Grupo do Plano da
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria, na base
territorial do Município de São José dos Campos, com sede em
São José dos Campos, no Estado de São Paulo, de acordo com o
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regime instituído pela CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO
TRABALHO. E, para firmeza, mandou passar a presente
CARTA, que vai por ele assinada. Rio de Janeiro, 15 de julho de
1954’ (Certidão de registro sindical, fl. 91)
Consta ainda da certidão, ora mencionada, que em 19/12/1968, houve
extensão da base territorial de representação sindical para os municípios de
Caraguatatuba e Paraibuna, ambos no Estado de São Paulo.
O enquadramento sindical, como é sabido, se dá de acordo com a
atividade preponderante do empregador, salvo quanto às hipóteses das
chamadas categorias diferenciadas, a teor do art. 511, §3° da CLT, que não é
o caso dos autos.
Pois bem.
Na presente hipótese, o objeto social da suscitante, CONSÓRCIO
ENCALSO, constituído pelas empresas Encalso Construções Ltda. e S.A.
Paulista de Construções e Comércio (fl. 22) está estabelecido nos seguintes
termos:
‘Execução de obras e serviços de duplicação da Rodovia
dos Tamoios - SP-099, contemplando o trecho de planalto, do
Km 11+500 ao Km 60+480, compreendendo dois lotes, [...]’
(Consórcio Encalso, cláusula segunda, fl. 22);
‘execução de obras públicas ou particulares nos setor da
Engenharia Civil, tais como: terraplenagem, drenagem,
pavimentação e obras complementares de sistema viários,
urbanos ou rurais; rodovias, ferrovias, metrovias e aeroportos,
incluindo terminais, estações, pátios, edificações de apoio,
sistemas de sinalização, telefonia, monitorização de tráfego com
controle eletrônico [...]’(Encalso Construções Ltda., cláusula,
fl.33, grifei).
Note-se que, quanto à categoria profissional representada pelos entes
sindicais, suscitado e opoente, tem-se de um lado: o sindicato suscitado,
eclético, porquanto representa os profissionais integrantes do 3º Grupo do
plano da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria
(Trabalhadores nas indústrias da construção e do mobiliário) com
abrangência intermunicipal (São José dos Campos, Paraibuna e
Caraguatatuba); e de outro: o sindicato opoente, específico, porquanto
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representa os profissionais que se ativam na indústria de construção de
estradas, pavimentação e obras de terraplenagem em geral, etc, de
abrangência estadual.
Sob esse aspecto, caso semelhante já foi julgado por esta Seção
Especializada, cuja ementa peço vênia para transcrever:
‘REPRESENTAÇÃO SINDICAL CONFLITO.
PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE
SOBRE O DA TERRITORIALIDADE. No caso, há um
aparente conflito de representação entre um sindicato específico
com abrangência territorial genérica e um sindicato genérico
com base territorial específica, ou menos abrangente. Em relação
à representação sindical, vigoram, no Direito Coletivo do
Trabalho, os princípios da especificidade (categoria menos
abrangente) e o da territorialidade (maior ou menor base
territorial). Diante do conflito, esse Relator entende que o caso
deve ser resolvido em favor da entidade sindical que represente a
categoria específica, ainda que sua base territorial seja mais
abrangente, posto que a entidade que detém maior especificidade
quanto à classe representada direciona sua atenção às condições
de labor próprias daquela categoria, podendo, deste modo,
atender com maior eficiência aos seus anseios. Recurso ordinário
não provido’ (TRT 15ª Região/SP - Proc. n0
0000306-30.2010.5.15.0016 RO - Decisão 000010/2011-PADC
- Rel. Lorival Ferreira dos Santos - DEJT 17/02/2011).
Registre-se que a decisão, ora mencionada, se deu por unanimidade,
com a participação deste relator.
Assim, mantendo posicionamento já adotado em caso semelhante e
restando evidente que o objeto social da suscitante converge especificamente
para a indústria da construção civil, entendo que a representatividade sindical
de seus empregados melhor se desenvolverá se efetivado pelo sindicato
opoente.
Portanto, com fulcro nos artigos 325 e art. 469, III, do CPC, decido
reconhecer, incidentalmente, a legitimidade do SINDICATO DOS
TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DA CONSTRUÇÃO PESADA
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E AFINS DO ESTADO DE SÃO PAULO para representar os empregados
da suscitante” (fls. 1150/1156 – grifos no original).
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A liberdade de constituição de entidades sindicais,
outorgada pela CF em seu art. 8º, inciso I, contrastada com a manutenção
do princípio da unicidade, previsto no inciso II do mesmo dispositivo,
fez surgir a questão da representatividade da categoria por um ou mais
sindicatos, sendo requisito indispensável para se reconhecer a
legitimatio ad processum em dissídio coletivo o respectivo registro
sindical, conforme a Orientação Jurisprudencial nº 15 da SDC. Ressalta-se
que, no caso, os registros de ambos os sindicatos profissionais foram
juntados aos autos.
Cinge-se, pois, a controvérsia em definir se quem
detém a representação dos empregados da suscitante, contratados para as
obras de duplicação da Rodovia Tamoios, é o sindicato Opoente, específico
da categoria (profissionais que se ativam na indústria de construção de
estradas, pavimentação e obras de terraplenagem em geral), de âmbito
estadual, ou o sindicato suscitado, mais eclético (trabalhadores nas
indústrias da construção e do mobiliário), mas com abrangência
intermunicipal em São José dos Campos, Paraibuna e Caraguatatuba,
municípios nos quais a obra é realizada.
É incontroversa a anterioridade do Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias da Construção, do Mobiliário e Montagem
Industrial de São José dos Campos e Litoral Norte - SINTRICOM, uma vez
que obteve seu registro sindical em 15/7/1954 (fl. 180), enquanto que
o registro do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção
Pesada – Infraestrutura e Afins do Estado de São Paulo foi concedido em
24/2/1970, conforme documento juntado à fl. 778.
Ocorre que a antiguidade, por si só, não constitui
elemento caracterizador da legitimidade do ente sindical, nem lhe confere
o direito adquirido de representação.
A criação de sindicatos ou o desmembramento, por
especificidade ou territorialidade, só encontra óbice na legislação ao
se contrapor ao inciso II do art. 8º da Lei Maior, que não permite a
coexistência de sindicatos representativos da mesma categoria
profissional ou econômica na mesma base territorial.
No julgamento do Agravo Regimental interposto contra
decisão proferida no Recurso Extraordinário nº 433.195-1/RS, foi
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ressaltada a manifestação da Procuradoria-Geral da República, que, em
parecer da lavra do Dr. Wagner de Castro Mathias Netto, assim dispôs:
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É o que se infere dos seguintes julgados:
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nega provimento” (RODC-279500-75.2006.5.01.0000 Rel. Min. Fernando
Eizo Ono, DEJT de 4/2/2011).
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representação sindical. Decisão regional em descompasso com o referido
princípio da especificidade. Precedentes desta Corte. Recurso ordinário a que
se dá provimento” (ROAA-10700-22.2006.5.03.0000, Rel. Min. Fernando
Eizo Ono, DEJT de 27/8/2010).
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retificação e canalização de rios e canais; captação, tratamentos, reservação e
distribuição de água; interceptação, condução e tratamento de esgotos
sanitários e industriais; pisodutos, gasodutos e demais dutos especiais,
marítimos ou terrestres; (...)”.
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Construção Pesada Infraestrutura e Afins do Estado de São Paulo é o
legítimo representante dos empregados da empresa Consórcio Encalso S.A.
Paulista, que laboram na execução das obras de duplicação da Rodovia
Tamoios.
Pelo exposto, nego provimento ao recurso ordinário.
“2.3.- Crédito-alimentação
Embora a pretensão dos empregados fosse um crédito-alimentação no
importe de R$ 200,00 (duzentos reais), até o final da obra, a proposta do
suscitante foi nos seguintes termos:
‘A Empresa pagará, a título de Crédito Alimentação, o
valor de R$ 125,00 ao mês, de outubro de 2012 até abril de 2013,
dentro do próprio mês trabalhado, sendo que as parcelas de
outubro e novembro serão pagas junto com o pagamento dos
salários, efetuado em novembro/2012.’
Nesse aspecto, a razão está com o sindicato opoente.
A cláusula 12ª, B, da CCT 2012/2013, fl. 93 verso, revela ser condição
mais benéfica ao empregado, devendo ser mantida e homologada, em
detrimento da oferta da suscitante. Segue o seu teor:
‘B) TICKET REFEIÇÃO
No valor mínimo de R$ 24,75 (vinte e quatro reais e
setenta e cinco centavos) cada, ressalvadas as condições mais
favoráveis.
Parágrafo único. O empregado receberá tantos tickets
refeição quantos forem os dias de trabalho efetivo no mês.” (fls.
1160/1161)
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trabalhadores, previstas na cláusula 12 – TÍQUETE REFEIÇÃO, da CCT
2012/2013, o Regional complementou:
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e Julgamento da Corte com relação à representatividade sindical, sendo
que qualquer que seja a decisão sobre a representatividade, haverá
cumprimento do Acordo ora formulado”.
Assim, a justa composição do conflito de interesses
das partes, inclusive por parte do SINTRICOM, ampara a análise da medida
recursal interposta com o intuito de obter a garantia de possível direito
dos trabalhadores.
Por outro lado, impende verificar os termos da
entabulação efetuada por ocasião da audiência de conciliação,
transcritos no acórdão regional:
PROCESSO Nº TST-RO-1847-78.2012.5.15.0000
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Suscitado desiste, por ora, da reivindicação do Convênio Médico, mediante a
concordância da Empresa em não descontar os dias de paralisação;
4- a Empresa reembolsará passagem para todos os trabalhadores
alojados que, comprovem residência a mais de 100 km do alojamento, sendo
que, para os que residem no Estado de São Paulo, o reembolso será de
passagem Rodoviária e, para os que residem fora do Estado de São Paulo, o
reembolso será de passagem Rodoviária ou Aérea;
5- a Empresa concederá Folga de Campo, a cada 60 dias,
correspondente a 2 dias úteis, subsequentes a final de semana, a todos os
trabalhadores alojados que comprovem residência a mais de 100 km do
alojamento, no forma da cláusula 97 da pauta de reivindicações, (fls. 119);
6- as partes concordam com a manutenção das demais cláusulas já
praticadas, constantes da Norma Coletiva firmada pelo Sindicato Patronal,
que representa a Empresa com o Sindicato Opoente, até Decisão da Seção de
Dissídios Coletivos, relativamente à representatividade sindical dos
trabalhadores, ressalvadas, por parte do Sindicato Suscitado, as cláusulas 29ª
(banco de horas) e 43ª (contribuição retributiva dos empregados);
7- a Empresa concederá garantia de emprego de 90 dias a todos os
trabalhadores, salvo nos casos de dispensa por justa causa, sendo certo que
após os primeiros 60 dias poderá haver dispensas por término de etapa de
obra e força maior;
8- a Empresa concorda em fazer as adaptações necessárias à adequação
de alojamento e refeitório, incluindo o que for essencial para acesso e uso
destes nos termos da NR-18 do Ministério do Trabalho e Emprego;
9 - os trabalhadores se comprometem ao retomo ao trabalho a partir de
amanhã, 25/10/2012, às 07h00, sendo que a Empresa se compromete a
abonar os dias parados.” (fls. 1147/1149)
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dispõe o item 5, a empresa concordou com a concessão do Crédito
Alimentação, estabelecendo, a seguir, o item 6, que “as partes concordam
com a manutenção das demais cláusulas já praticadas, constantes da Norma
Coletiva firmada pelo Sindicato Patronal que representa a Empresa com
o Sindicato Opoente, até o julgamento do dissídio coletivo relativamente
à representatividade sindical dos trabalhadores”.
Importa ressaltar que a mencionada Convenção Coletiva
de Trabalho (fls. 856/898), firmada entre o Sindicato da Indústria da
Construção Pesada do Estado de São Paulo – SINICESP e o Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada - Infraestrutura e
Afins do Estado de São Paulo, especificamente em relação aos benefícios
de natureza alimentar assim prevê em sua cláusula 12:
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C.1) Caso algum dos produtos apresente-se temporariamente
indisponível para fornecimento, face a proibição ou impossibilidade de
abastecimento, poderá ser substituído por produto equivalente no mesmo
peso ou quantidade indicada; ou,
D) TICKET SUPERMERCADO/VALE
SUPERMERCADO/CHEQUE SUPERMERCADO, em valor equivalente à
cesta básica acima.
PARÁGRAFO PRIMEIRO: Conforme orientação do Tribunal
Regional do Trabalho, o fornecimento em qualquer das modalidades
anteriores não terá natureza salarial, nem integrará a remuneração do
empregado, nos termos da Lei n0 6.321, de 14.04.76, de seu regulamento nº
78.676, de 08.11.76.
PARÁGRAFO SEGUNDO: As empresas subsidiarão o fornecimento
da REFEIÇÃO/ALIMENTAÇÃO nas hipóteses acima em, no mínimo, 95%
(noventa e cinco por cento) do respectivo valor.
PARÁGRAFO TERCEIRO: As empresas obrigam-se a fornecer, aos
seus empregados lotados nos canteiros de obras, 01 (um) copo de leite, café e
pão com margarina, sendo que a parte não subsidiada pela empresa não
poderá ser superior a 1% (um por cento) do salário hora do trabalhador.” (fls.
862/864 – grifos apostos e no original)
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