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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR - 1000376-90.2021.5.02.0053

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ACÓRDÃO
7ª Turma
CMB/mgf/nsl

RECURSO DE REVISTA DA AUTORA. LEI Nº


13.467/2017. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. INTEGRAÇÃO DO CTVA NO
SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO PARA CÁLCULO
DO BENEFÍCIO SALDADO. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS,
SUBSTITUTIVA DA PRETENSÃO DE REVISÃO
DIRETA DE BENEFÍCIO DE PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR DEVIDO PELA FUNCEF.
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA CONSTATADA. O
entendimento firmado pelo STF no julgamento
dos Recursos Extraordinários nºs 586.453 e
583.050 diz respeito à competência para
apreciar conflito em relações jurídicas em que
se discute a própria complementação de
aposentadoria. E, na hipótese vertente, o
pedido recai sobre o pagamento de
indenização para compensar suposto prejuízo
decorrente do cálculo incorreto do benefício
previdenciário, que, segundo narra a autora,
levou em conta montante inferior ao
efetivamente devido. Trata-se de situação
correlata à disciplinada nos temas repetitivos
nºs 955 e 1.021 do STJ, segundo os quais
"eventuais prejuízos causados ao participante ou
ao assistido que não puderam contribuir ao
fundo na época apropriada ante o ato ilícito do
empregador poderão ser reparados por meio de
ação judicial a ser proposta contra a empresa
ex-empregadora na Justiça do Trabalho."
Afirma-se, assim, a competência desta Justiça
Especializada, com fulcro no artigo 114, I e VI,
da Constituição Federal. Determinado o
retorno dos autos ao Tribunal Regional de

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origem. Recurso de revista conhecido e
provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista


n° TST-RR-1000376-90.2021.5.02.0053, em que é Recorrente VERA MARIA LUCHESE e é
Recorrida CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.

A parte autora, não se conformando com o acórdão do Tribunal


Regional do Trabalho da 2ª Região, interpõe o presente recurso de revista, no qual
aponta violação de dispositivos de lei e da Constituição Federal, bem como indica
dissenso pretoriano.
Contrarrazões apresentadas.
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do
Trabalho, nos termos do artigo 95, § 2º, II, do Regimento Interno do TST.
É o relatório.

VOTO

MARCOS PROCESSUAIS E NORMAS GERAIS APLICÁVEIS

Considerando que o acórdão regional foi publicado em


17/09/2021 e que a decisão de admissibilidade foi publicada em 19/10/2021, incidem as
disposições processuais da Lei nº 13.467/2017.
Registre-se, ainda, que os presentes autos foram remetidos a
esta Corte Superior em 08/11/2021.

Presentes os pressupostos extrínsecos de admissibilidade, passo


à análise dos pressupostos recursais intrínsecos.

TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA

Nos termos do artigo 896-A da CLT, com a redação que lhe foi
dada pela Lei nº 13.467/2017, antes de adentrar o exame dos pressupostos intrínsecos
do recurso de revista, é necessário verificar se a causa oferece transcendência.
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Primeiramente, destaco que o rol de critérios de transcendência
previsto no mencionado preceito é taxativo, porém, os indicadores de cada um desses
critérios, elencados no § 1º, são meramente exemplificativos. É o que se conclui da
expressão "entre outros", utilizada pelo legislador.
Pois bem.
A parte pretende a reforma do acórdão regional quanto ao tema:
“COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. INTEGRAÇÃO DO CTVA NO SALÁRIO DE
CONTRIBUIÇÃO PARA CÁLCULO DO BENEFÍCIO SALDADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR PERDAS E DANOS, SUBSTITUTIVA DA PRETENSÃO DE REVISÃO DIRETA DE
BENEFÍCIO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR DEVIDO PELA FUNCEF.”
Observados os requisitos do artigo 896, § 1º-A, I, II e III, da CLT,
eis a decisão recorrida:

“Da incompetência.
A competência ratione materiae é delimitada pela natureza jurídica do
pedido e da causa de pedir, sendo essa Justiça do Trabalho a competente em
razão da matéria para conhecer e dirimir as pretensões relativas aos direitos
consolidados.
Contudo, na situação vertente pretende a reclamante a inclusão da
verba CTVA, que diz ser de natureza salarial, no computo do salário de
contribuições, para efeito de ulterior majoração de sua complementação
de aposentadoria.
Destarte, o que se discute é a correta composição do salário de
contribuição, para efeito do direito à previdência complementar privada
fechada consoante as normas do contrato de trabalho.
Nos termos do par. 2º do art. 202 da Constituição Federal, sob
regulamentação da Lei Complementar nº 109/2002, in verbis:

"§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as


condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos
de benefícios das entidades de previdência privada não integram o
contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos
benefícios concedidos, não integram a remuneração dos
participantes, nos termos da lei. "

De modo que a questão não diz respeito propriamente ao contrato de


trabalho, mas à questão de natureza civil, por se tratar de aposentadoria
complementar, de modo a suscitar a competência material da Justiça Comum.
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso
Extraordinário nº 586.453-7 decidiu pela competência da Justiça Comum, para
processar e julgar essas ações, modulando os efeitos dessa decisão para
reconhecer a competência da Justiça do Trabalho para processar, julgar e
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executar todas as causas da espécie que hajam sido sentenciadas até
20.02.2013:

Decisão: Preliminarmente, o Tribunal indeferiu o pedido de


nova sustentação oral feito pelos amici curiae. Colhido o voto-vista do
Ministro Joaquim Barbosa (Presidente), o Tribunal, por maioria, deu
provimento ao recurso para reconhecer a competência da Justiça
Comum, vencidos os Ministros Cármen Lúcia e Joaquim Barbosa. Não
votaram os Ministros Teori Zavascki e Rosa Weber por sucederem,
respectivamente, aos Ministros Cezar Peluso e Ellen Gracie. O Tribunal
resolveu questão de ordem no sentido da exigência de quorum de 2/3
para modular os efeitos da decisão em sede de recurso
extraordinário com repercussão geral, vencidos os Ministros Dias
Toffoli, Luiz Fux, Gilmar Mendes e Celso de Mello, que entendiam
haver a necessidade de maioria absoluta. Participaram da votação
na questão de ordem os Ministros Teori Zavascki e Rosa Weber. Em
seguida, o Tribunal modulou os efeitos da decisão para reconhecer a
competência da justiça trabalhista para processar e julgar, até o
trânsito em julgado e correspondente execução, todas as causas da
espécie que hajam sido sentenciadas, até a data de hoje (20/2/2013),
nos termos do voto da Ministra Ellen Gracie (Relatora), vencido o
Ministro Marco Aurélio. Votou o Presidente. Participou da votação
quanto à modulação o Ministro Teori Zavascki, dela não participando
a Ministra Rosa Weber. Redigirá o acórdão o Ministro Dias Toffoli.
Ausente, justificadamente, o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário,
20.2.2013". (RE 586453, STF, Ministra Relatora Ellen Gracie,
Decisão de Julgamento pelo Tribunal Pleno em 20.02.2013).

O E. STF reconheceu a existência de repercussão geral da questão


constitucional suscitada:

"PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DE


APOSENTADORIA. COMPETÊNCIA. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO
GERAL".
(RE 586453 RG, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, julgado em
10/09/2009, DJe-186 DIVULG 01-10-2009 PUBLIC 02-10-2009 EMENT
VOL-02376-04 PP-00716 LEXSTF v. 31, n. 370, 2009, p. 278-283 ).

No presente caso, a r. sentença de origem declarou a competência


material da Justiça do Trabalho e julgou a pretensão em 17.06.21 (ID.
e20cae8 - Pág. 1/22).
Ocorre que o art. 27 da Lei nº 9.868/99 estabelece que o Supremo
Tribunal Federal ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo pode restringir os efeitos desta declaração ou decidir o
momento em que passará a ter eficácia:

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Artigo 27- "Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de
excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por
maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu
trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. "

Assim é que o Supremo Tribunal Federal, ao modular os efeitos da


decisão plenária, optou por restringir os efeitos daquela declaração, o que
equivale dizer que sua eficácia é imediata, independentemente de seu
trânsito em julgado.
Este é o entendimento do C. TST:

"A) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA CAIXA DE


PREVIDÊNCIA DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL - PREVI.
PRESCRIÇÃO. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. SÚMULA N°
327 DO TST. De acordo com a redação da Súmula 327 do TST, a
pretensão relativa a diferenças de complementação de
aposentadoria, desde que não decorram de verbas não recebidas no
curso da relação de emprego e já alcançadas pela prescrição,
submete-se à prescrição quinquenal parcial. Considerando que a
presente demanda versa sobre diferenças de complementação de
aposentadoria em decorrência da aplicação do regulamento vigente à
época da admissão, tem-se que não está enquadrada na exceção
prevista no referido verbete sumular e, por isso mesmo, a única
prescrição a incidir no feito é a parcial. Recurso de revista não
conhecido. B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO BANCO DO
BRASIL S.A. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA
PRIVADA. MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO DO STF EM MATÉRIA
DE REPERCUSSÃO GERAL. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento
do Recurso Extraordinário nº 586453, encerrado em 20/2/2013,
firmou o entendimento de que compete à Justiça comum processar e
julgar as ações nas quais são postulados direitos referentes à
complementação de aposentadoria de ex-empregado, a cargo de
entidade de previdência privada instituída com essa finalidade
específica, sob o fundamento da ausência de relação de trabalho com
o ex-empregado. Entretanto, a fim de preservar a celeridade
processual e a eficiência (arts. 5º, LXXVIII, e 37, caput, da Constituição
Federal), e sendo distintos os sistemas processuais trabalhista e cível,
foi declarada a modulação dos efeitos dessa decisão, para ressalvar a
competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar, até o
trânsito em julgado e correspondente execução, as causas que já
tenham sido sentenciadas até aquela data (20/2/2013). No caso dos
autos, houve decisão anterior, razão pela qual deve ser resguardada
a competência desta Justiça especializada para apreciar a demanda

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até sua final execução. Precedente da SDI-1 do TST. Recurso de revista
não conhecido". (RR - 4836-94.2011.5.12.0026 , Relatora Ministra:
Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 24/04/2013, 8ª Turma,
Data de Publicação: 26/04/2013)

"I - RECURSO DE REVISTA DAS RECLAMADAS PETROBRAS E


PETROS - TEMAS COMUNS - ANÁLISE EM CONJUNTO 1. PRELIMINAR DE
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO - COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA - PREVIDÊNCIA PRIVADA. Esta Corte Superior havia
pacificado o entendimento acerca do reconhecimento da
competência da Justiça do Trabalho para dirimir controvérsia relativa
à complementação de aposentadoria quando a fonte da obrigação é
o contrato de trabalho. No entanto, a Suprema Corte adotou novo
posicionamento, no julgamento do RE 586453, da lavra da Ministra
Ellen Gracie, analisando o disposto nos arts. 114 e 202, § 2º, da
Constituição Federal, reconheceu a competência da Justiça Comum
para examinar os processos decorrentes de contrato de previdência
complementar privada (complementação de aposentadoria privada),
ao fundamento de inexistir relação trabalhista entre o beneficiário e a
entidade fechada de previdência complementar. Na decisão proferida
pelo Supremo Tribunal Federal foi consignado que devem
permanecer, na Justiça do Trabalho, todos os processos em que já
tiveram sentença de mérito. No caso dos autos, já houve decisão de
mérito acerca da matéria, razão pela qual persiste a competência
desta Justiça Especializada. Recurso de revista não conhecido. 2.
DIFERENÇAS DE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA -
CONCESSÃO DE NÍVEL SALARIAL AOS APOSENTADOS. Não procede a
alegada ofensa ao art. 7º, XXVI, da Constituição, mormente quando o
tema em debate já está pacificado nesta Corte Especializada, de que
a concessão de avanço de nível salarial, indistintamente a todos os
empregados da ativa, estende-se à complementação de
aposentadoria dos inativos, a fim de preservar a paridade
assegurada no art. 41 do Regulamento do Plano de Benefícios da
Fundação Petrobras de Seguridade Social - Petros (Orientação
Jurisprudencial Transitória nº 62 da SBDI-1 desta Corte). A incidência
da Orientação Jurisprudencial Transitória nº 62 da SBDI-1 do TST
afasta o exame dos arestos válidos transcritos, nos termos do art.
896, § 4º, da CLT e da Súmula nº 333 desta Corte. Recurso de revista
não conhecido. 3. IMPOSTO DE RENDA - CRITÉRIO DE APURAÇÃO. Com
a edição da Medida Provisória nº 497/2010, convertida na Lei nº
12.350/2010, e da Instrução Normativa nº 1.127/2010 da Receita
Federal, que dispõe sobre a apuração e tributação de rendimentos
recebidos acumuladamente, o imposto de renda será calculado
utilizando-se o critério do mês da competência, ou seja, aquele em
que o crédito deveria ter sido pago. Nesse sentido, tendo em vista a
superveniência da referida alteração legislativa, os descontos para o

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imposto de renda passaram a ser calculado utilizando-se o critério
mês a mês, motivo pelo qual esta Corte Superior reviu a Súmula nº
368, II, não mais subsistindo o entendimento anterior de que o tributo
deva incidir sobre a totalidade da condenação. Recurso de revista
não conhecido II - RECURSO DE REVISTA DA PETROS - TEMA
REMANESCENTE - BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. A decisão da
Corte Regional, ao manter o deferimento do pedido dos benefícios da
justiça gratuita, ao fundamento de que os reclamantes apresentaram
declaração de insuficiência de recursos financeiros, na conformidade
do art. 4º da Lei nº 1.060/1950, está em consonância com a
Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1 desta Corte. Incidência
do óbice da Súmula nº 333 do TST à admissibilidade do recurso de
revista. Recurso de revista não conhecido. III - RECURSO DE REVISTA
DA PETROBRAS - TEMA REMANESCENTE - RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA. O entendimento que tem sido adotado neste Tribunal é o
de que a entidade de previdência privada e a empresa que a instituiu
e a mantém são solidariamente responsáveis pelo pagamento da
complementação de aposentadoria. Precedentes do TST. Recurso de
revista não conhecido". (RR - 743-51.2010.5.09.0594 , Relatora
Ministra: Maria das Graças Silvany Dourado Laranjeira, Data de
Julgamento: 17/04/2013, 2ª Turma, Data de Publicação:
26/04/2013).

Diante disso, apenas cabe a reforma da decisão recorrida ante a


competência absoluta de uma das Varas Cíveis da Justiça Comum.”

A transcendência jurídica diz respeito à interpretação e


aplicação de novas leis ou alterações de lei já existente e, no entendimento consagrado
por esta Turma, também à provável violação de direitos e garantias constitucionais
de especial relevância, com a possibilidade de reconhecimento de afronta direta a
dispositivo da Lei Maior.
Na presente situação, verifico possível violação do artigo 114, I,
da Constituição Federal, e, por isso, está presente o mencionado indicador de
transcendência.
Assim, admito a transcendência da causa.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. INTEGRAÇÃO DO


CTVA NO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO PARA CÁLCULO DO BENEFÍCIO SALDADO.
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS, SUBSTITUTIVA DA PRETENSÃO DE
REVISÃO DIRETA DE BENEFÍCIO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR DEVIDO PELA
FUNCEF. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA CONSTATADA.
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CONHECIMENTO

A autora, ora recorrente, sustenta que a Justiça do Trabalho é


competente para julgar a demanda em que se pretende indenização por perdas e
danos decorrentes da utilização de base de cálculo incorreta para o cômputo do
benefício de complementação de aposentadoria. Pretende, assim, o pagamento de
indenização - e não recálculo do benefício de previdência privada – em ação movida
exclusivamente em face da ex-empregadora, sob a alegação de que indevidamente
desconsiderada pela CEF o valor da CTVA no cálculo do benefício previdenciário
saldado. Aponta ofensa ao artigo 114, I e VI, da Constituição Federal e contrariedade à
decisão vinculante proferida pelo STJ no julgamento do Resp Repetitivo 1.312.736-RS.
Transcreve arestos para o confronto de teses.
Pois bem.
Inicialmente, convém ressaltar que não se trata de pedido de
complementação de aposentadoria ou de integração de verbas reconhecidas em juízo
nas contribuições devidas à entidade de previdência privada, mas de pedido de
indenização, por perdas e danos, em face do ex-empregador por parcelas não
computadas na base de cálculo do benefício previdenciário saldado (Reg-Replan).
Apenas para que não restem dúvidas, na petição inicial a
autora requereu:

"b) Sendo a Caixa responsável pela integralização das reservas


matemáticas para a FUNCEF, em razão do ilícito trabalhista cometido, e
considerando que a pretensão é de conversão em perdas e danos dos
prejuízos previdenciários havidos com o ilícito trabalhista, pede seja a
Caixa condenada ao pagamento de indenização pelas perdas e danos
advindas da não inclusão, no cálculo do benefício FUNCEF “REG-REPLAN”
(hoje “saldado”), das parcelas salariais de CTVA percebidas pela autora
durante os meses de outubro/2000 a setembro/2001 (meses considerados
para a média de cálculo do benefício), indenização essa correspondente à
diferença entre a reserva matemática necessária para garantir o pagamento
de todas as prestações previdenciárias vencidas imprescritas (prestações de
julho/2015 em diante) e vincendas, vitalícias, calculada pela FUNCEF (ou
mediante perícia atuarial em sede de liquidação) com a consideração do CTVA
na composição do benefício, e a mesma reserva matemática garantidora, para
o mesmo período de parcelas mensais, sem a consideração do CTVA na
composição do benefício previdenciário complementar, a qual deverá ser
apurada em sede de liquidação, posto não ser possível calcula-la no
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presente momento sem a realização de complexa perícia atuarial (que, como
dito, pode ser produzida “automaticamente” pela própria FUNCEF, mediante
dados constantes em seu sistema). Por se tratar de parcela indenizatória, não
há falar em reflexos legais, tampouco em contribuições previdenciárias ou
fiscais. (...)” (fl. 37).

Pois bem.
O entendimento firmado pelo STF no julgamento dos Recursos
Extraordinários nºs 586.453 e 583.050 diz respeito à competência para apreciar conflito
em relações jurídicas em que se discute a própria complementação de aposentadoria.
E, na hipótese vertente, o pedido recai sobre o pagamento de
indenização para compensar suposto prejuízo decorrente do cálculo incorreto do
benefício saldado, pretensão que se insere na competência desta Especializada, nos
exatos termos do artigo 114, I, VI e IX, da Constituição Federal.
Trata-se, ainda, de situação correlata à disciplinada nos temas
s
repetitivos nº 955 e 1.021 do STJ, segundo os quais "eventuais prejuízos causados ao
participante ou ao assistido que não puderam contribuir ao fundo na época apropriada ante
o ato ilícito do empregador poderão ser reparados por meio de ação judicial a ser proposta
contra a empresa ex-empregadora na Justiça do Trabalho."
Conheço, pois, do recurso de revista, por violação do artigo 114,
VI, da Constituição Federal.

MÉRITO

Como consequência lógica do conhecimento do apelo, por


violação do artigo 114, VI, da Constituição Federal, dou-lhe provimento para declarar a
competência desta Justiça do Trabalho para apreciar o pedido de indenização pelas
perdas e danos “advindas da não inclusão, no cálculo do benefício FUNCEF
“REG-REPLAN” (hoje “saldado”), das parcelas salariais de CTVA percebidas pela autora
durante os meses de outubro/2000 a setembro/2001 (meses considerados para a média
de cálculo do benefício), indenização essa correspondente à diferença entre a reserva
matemática necessária para garantir o pagamento de todas as prestações previdenciárias
vencidas imprescritas (prestações de julho/2015 em diante) e vincendas, vitalícias, calculada
pela FUNCEF (ou mediante perícia atuarial em sede de liquidação) com a consideração do
CTVA na composição do benefício, e a mesma reserva matemática garantidora, para o

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mesmo período de parcelas mensais, sem a consideração do CTVA na composição do
benefício previdenciário complementar”.
Assim, determino o retorno dos autos ao Tribunal de origem, a
fim de que prossiga no exame da questão, como entender de direito.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal Superior


do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista, quanto ao tema
"COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. INTEGRAÇÃO DO CTVA NO SALÁRIO DE
CONTRIBUIÇÃO PARA CÁLCULO DO BENEFÍCIO SALDADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR PERDAS E DANOS, SUBSTITUTIVA DA PRETENSÃO DE REVISÃO DIRETA DE
BENEFÍCIO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR DEVIDO PELA FUNCEF.
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA CONSTATADA", por afronta ao artigo 114, VI, da
Constituição Federal, e, no mérito, dar-lhe provimento para declarar a competência
desta Justiça do Trabalho para apreciar o pedido de indenização pelas perdas e danos
“advindas da não inclusão, no cálculo do benefício FUNCEF “REG-REPLAN” (hoje
“saldado”), das parcelas salariais de CTVA percebidas pela autora durante os meses de
outubro/2000 a setembro/2001 (meses considerados para a média de cálculo do
benefício), indenização essa correspondente à diferença entre a reserva matemática
necessária para garantir o pagamento de todas as prestações previdenciárias vencidas
imprescritas (prestações de julho/2015 em diante) e vincendas, vitalícias, calculada pela
FUNCEF (ou mediante perícia atuarial em sede de liquidação) com a consideração do CTVA
na composição do benefício, e a mesma reserva matemática garantidora, para o mesmo
período de parcelas mensais, sem a consideração do CTVA na composição do benefício
previdenciário complementar”. Determina-se o retorno dos autos ao Tribunal Regional de
origem, a fim de que prossiga no exame da questão, como entender de direito.
Brasília, 3 de abril de 2024.

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CLÁUDIO BRANDÃO
Ministro Relator

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