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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-RR-10601-59.2019.5.03.0012
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10042D4D186240E9EA.
A C Ó R D Ã O
(4ª Turma)
GMCB/ps/
PROCESSO Nº TST-RR-10601-59.2019.5.03.0012
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recebam acima desse limite, a lei prevê
a necessidade de que haja comprovação da
insuficiência de recursos.
Percebe-se, portanto, que para os
trabalhadores que recebem acima do
limite, a mera declaração de
insuficiência econômica não basta para
a concessão do benefício, devendo haver
prova da ausência de recursos.
Precedentes.
Na hipótese, o egrégio Tribunal
Regional manteve a sentença em que se
indeferiu o pedido de concessão dos
benefícios da justiça gratuita, por
constatar que o reclamante percebe
salário superior a 40% do limite máximo
dos benefícios do Regime Geral de
Previdência social.
Registrou, ainda, que o ora recorrente
não fez prova de sua insuficiência
econômica, a justificar a concessão do
benefício da justiça gratuita.
Assim, não atendida à condição imposta
pelo artigo 790, § 3º, da CLT, não existe
presunção de hipossuficiência
econômica. Cumpria ao reclamante,
portanto, comprovar sua escassez de
recursos para o pagamento das despesas
do processo, nos termos do artigo 790,
§ 4º, da CLT, ônus do qual não se
desincumbiu, sendo insuficiente para
tanto a mera declaração de
hipossuficiência econômica.
Recurso de revista de que não se
conhece.
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O egrégio Tribunal Regional da 3ª Região, por meio do
v. acórdão às fls. 576/579, decidiu negar provimento ao recurso ordinário
interposto pela reclamante.
Foram opostos embargos de declaração pela reclamante,
os quais não lograram provimento, conforme se extrai do acórdão de fls.
589/592 – numeração eletrônica.
Não se conformando, a reclamante interpõe recurso de
revista; pretende a reforma do v. acórdão regional.
Admitido o recurso da reclamante.
Contrarrazões apresentadas.
V O T O
1. CONHECIMENTO
1.2. TRANSCENDÊNCIA
PROCESSO Nº TST-RR-10601-59.2019.5.03.0012
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Assim, uma vez que o recurso de revista interposto
contra acórdão regional publicado em 07.11.2019, após, portanto, a
entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, deve ser feita a análise da
transcendência.
De acordo com o artigo 896-A da CLT, a esta colenda
Corte Superior, em sede de recurso de revista, compete examinar "se a
causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza
econômica, política, social ou jurídica". Nessa perspectiva, apenas
serão objeto de exame as matérias controvertidas que ultrapassem a esfera
dos interesses subjetivos das partes litigantes, alcançando o interesse
público.
Calmon de Passos, ao tratar da antiga arguição de
relevância no recurso extraordinário, já sinalizava a dificuldade em
definir o que seria relevante ou transcendente para os fins da norma,
tendo em vista que a afronta à legislação, ainda que assecuratória de
direito individual, já evidencia o interesse público. Vejamos:
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em que é possível reconhecer o interesse público no julgamento da causa
e, por conseguinte, a sua transcendência, ao prever os indicadores de
ordem econômica, política, jurídica e social.
Na hipótese, considerando a existência de questão nova
em torno da interpretação da legislação trabalhista, quanto à
aplicabilidade dos §§ 3º e 4º do artigo 790 da CLT, com a redação dada
pela Lei nº 13.467/17, verifica-se a transcendência jurídica, nos termos
do artigo 896-A, § 1º, IV, da CLT.
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da justiça não se presume por meio de mera declaração, sendo necessária a
prova de que a parte, de fato, não tem condições de arcar com as despesas
processuais decorrentes da sucumbência.
Por outro lado, a reclamante não demonstrou que preenche os
requisitos para a concessão do aludido benefício, estabelecidos pelo $
3º do art. 790 da CLT. Conforme TRCT de ID. f9f23df a última
remuneração percebida por ela foi no importe de R$ 5.533,42, valor
superior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.
Não obstante a obreira tenha informado que se encontra atualmente
desempregada, ela não produziu prova nesse sentido, pois as páginas da
CTPS juntadas aos autos se encerram na anotação do contrato de trabalho
com o réu (ID. b7a619a - Pág. 4/6). Cabia à reclamante ter juntado aos
autos cópia da página de sua CTPS posterior aquela em que encontra
registrado seu último contrato de trabalho. Desse modo, não é possível
inferir do referido documento que a autora permanece desempregada.
Registro que não se vislumbra a presença de elementos relevantes
para acolher a inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei n. 13.647/17
que versam sobre a gratuidade da justiça no âmbito da Justiça do Trabalho,
porquanto não impedem o acesso da parte ao Poder Judiciário, nem violam
o princípio da isonomia, mas apenas estabelecem critérios razoáveis à
concessão e extensão do benefício ora pleiteado. Inclusive, não cabe
declaração de inconstitucionalidade, em controle difuso, por esta d. Turma,
porquanto fere a cláusula de reserva de plenário estabelecida pelo art. 97
da Constituição da República.
Ademais, o tema ora tratado já foi objeto de ajuizamento de ação
direta de inconstitucionalidade (ADI 5766), pendente de julgamento pelo
STF, não havendo nem sequer decisão liminar suspendendo os efeitos dos
dispositivos nela questionados.
Pelo exposto, mantenho a sentença, quanto ao indeferimento do
pedido da autora de concessão dos benefícios da justiça gratuita.
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Nego provimento.” (fls. 577/578 – numeração eletrônica – grifos
nossos).
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§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que
comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
processo."
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poderes para tanto é suficiente para a concessão do benefício, esta Corte
Superior considerou a redação anterior do § 3º do artigo 790 da CLT.
Nessa perspectiva, para os pedidos formulados após
a entrada em vigor da Lei no 13.467/2017, como é o caso dos autos, cuja
ação foi ajuizada em 2019, não se aplica a orientação preconizada no
supracitado verbete jurisprudencial, de modo que a matéria deverá ser
examinada à luz da nova redação dos §§ 3º e 4º do artigo 790 da CLT.
A propósito, citam-se os seguintes precedentes:
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do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social’. O
§ 4º do referido artigo, por sua vez, assenta que ‘o benefício da justiça
gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para
o pagamento das custas do processo’. Da conjugação dos dois dispositivos,
verifica-se que a Lei nº 13.467/2017 trouxe um único requisito, de caráter
objetivo, apto a ensejar a qualificada presunção relativa da hipossuficiência
econômica, qual seja, a percepção de salário igual ou inferior a 40%
(quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social. Assim, não compete discussão acerca de outros possíveis
quesitos justificadores da presunção de insuficiência de recursos para o
pagamento de custas processuais, tampouco há falar em aplicação supletiva e
subsidiária do art. 99, § 3º, do CPC/2015, diante da disposição expressa e
específica do art. 790, § 3º da CLT. Dessa maneira, não atendida a condição
objetiva imposta pelo art. 790, § 3º, da CLT, não existe presunção de
hipossuficiência econômica, cumprindo ao postulante da gratuidade da
justiça comprovar de forma satisfatória sua escassez de recursos para o
pagamento das despesas do processo, nos termos do art. 790, § 4º, da CLT.
Referido dispositivo legal está em conformidade com o art. 5º, inciso
LXXIV, da Constituição, segundo o qual, a gratuidade de justiça será
prestada aos que comprovarem insuficiência de recursos. IV. No caso em
exame, a Reclamante recebe salário superior a 40% do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social e não há nenhuma
demonstração de insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
processo. V. Considerando que a presente reclamação trabalhista foi ajuizada
após a vigência da Lei nº 13.467/2017, deve ser aplicado o disposto no art.
790, §§ 3º e 4º, da CLT. VI. Sob esse prisma, fixa-se o entendimento segundo
o qual, para as ações ajuizadas após a entrada em vigor da Lei nº
13.467/2017, observado o disposto no art. 790, § 3º e § 4º, da CLT, é ônus do
requerente do benefício da justiça gratuita a comprovação robusta de sua
incapacidade de suportar as despesas processuais, nos moldes do art. 790 §
4º, da CLT. A mera declaração de hipossuficiência econômica firmada pela
parte é bastante para presumir o estado de miserabilidade da pessoa natural,
quando atendido o requisito, de índole objetiva, assentado no § 3º do art. 790
da CLT. VI. Recurso de revista de que não se conhece.” (RR -
1000177-63.2018.5.02.0606 , Relator Ministro: Alexandre Luiz Ramos,
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Data de Julgamento: 24/02/2021, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
26/02/2021) .
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media, de R$ 3.900,00 (três mil e novecentos reais), somados aos
empréstimos contraídos, ultrapassam o valor da própria remuneração. Sendo
assim, comprovada insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
processo, a reclamante faz jus ao benefício da gratuidade de justiça.
Precedente da SDI-2 do TST. Deserção do recurso ordinário afastada.
Recurso de revista conhecido e provido.” (RR - 65-02.2019.5.12.0056 ,
Relator Ministro: Breno Medeiros, Data de Julgamento: 10/02/2021, 5ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 12/02/2021).
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