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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-10601-59.2019.5.03.0012

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10042D4D186240E9EA.
A C Ó R D Ã O
(4ª Turma)
GMCB/ps/

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA


RECLAMANTE.
1. CUSTAS PROCESSUAIS. BENEFÍCIOS DA
JUSTIÇA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE
INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. AÇÃO AJUIZADA
NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017.
REQUISITOS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE
HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA.
TRANSCENDÊNCIA. RECONHECIDA.
Considerando a existência de questão
nova em torno da interpretação da
legislação trabalhista, quanto à
aplicabilidade dos §§ 3º e 4º do artigo
790 da CLT, com a redação dada pela Lei
nº 13.467/17, verifica-se a
transcendência jurídica, nos termos do
artigo 896-A, § 1º, IV, da CLT.
2. CUSTAS PROCESSUAIS. BENEFÍCIOS DA
JUSTIÇA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE
INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. AÇÃO AJUIZADA
NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017.
REQUISITOS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE
HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. NÃO
CONHECIMENTO.
Trata-se de pedido de concessão dos
benefícios da justiça gratuita
formulado após a entrada em vigor da Lei
nº 13.467/2017.
É cediço que a Lei no 13.467/2017
alterou a redação do § 3º do artigo 790
da CLT, além de ter incluído o § 4º ao
mesmo dispositivo.
Da leitura dos aludidos dispositivos,
depreende-se que foram estabelecidas
duas hipóteses para a concessão do
benefício da justiça gratuita, quais
sejam: a) para os trabalhadores que
percebam salário igual ou inferior a 40%
do limite máximo dos benefícios do
Regime Geral de Previdência social, há
presunção de insuficiência econômica, o
que autoriza a concessão do aludido
benefício; e b) para os empregados que
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recebam acima desse limite, a lei prevê
a necessidade de que haja comprovação da
insuficiência de recursos.
Percebe-se, portanto, que para os
trabalhadores que recebem acima do
limite, a mera declaração de
insuficiência econômica não basta para
a concessão do benefício, devendo haver
prova da ausência de recursos.
Precedentes.
Na hipótese, o egrégio Tribunal
Regional manteve a sentença em que se
indeferiu o pedido de concessão dos
benefícios da justiça gratuita, por
constatar que o reclamante percebe
salário superior a 40% do limite máximo
dos benefícios do Regime Geral de
Previdência social.
Registrou, ainda, que o ora recorrente
não fez prova de sua insuficiência
econômica, a justificar a concessão do
benefício da justiça gratuita.
Assim, não atendida à condição imposta
pelo artigo 790, § 3º, da CLT, não existe
presunção de hipossuficiência
econômica. Cumpria ao reclamante,
portanto, comprovar sua escassez de
recursos para o pagamento das despesas
do processo, nos termos do artigo 790,
§ 4º, da CLT, ônus do qual não se
desincumbiu, sendo insuficiente para
tanto a mera declaração de
hipossuficiência econômica.
Recurso de revista de que não se
conhece.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso


de Revista n° TST-RR-10601-59.2019.5.03.0012, em que é Recorrente BRUNA
FERNANDA PEREIRA e Recorrido ITAÚ UNIBANCO S.A...

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O egrégio Tribunal Regional da 3ª Região, por meio do
v. acórdão às fls. 576/579, decidiu negar provimento ao recurso ordinário
interposto pela reclamante.
Foram opostos embargos de declaração pela reclamante,
os quais não lograram provimento, conforme se extrai do acórdão de fls.
589/592 – numeração eletrônica.
Não se conformando, a reclamante interpõe recurso de
revista; pretende a reforma do v. acórdão regional.
Admitido o recurso da reclamante.
Contrarrazões apresentadas.

O d. Ministério Público do Trabalho não oficiou nos


autos.
É o relatório.

V O T O

1. CONHECIMENTO

1.1. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Presentes os pressupostos extrínsecos de


admissibilidade recursal, referentes à tempestividade, preparo e
regularidade de representação, passo ao exame dos pressupostos
intrínsecos.

1.2. TRANSCENDÊNCIA

À luz do artigo 246 do Regimento Interno desta colenda


Corte Superior, as normas relativas ao exame da transcendência, previstas
no artigo 896-A da CLT, com as inovações trazidas pela Lei nº 13.467/2017,
serão aplicáveis aos recursos de revista interpostos contra acórdãos
publicados a partir de 11.11.2017.
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Assim, uma vez que o recurso de revista interposto
contra acórdão regional publicado em 07.11.2019, após, portanto, a
entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, deve ser feita a análise da
transcendência.
De acordo com o artigo 896-A da CLT, a esta colenda
Corte Superior, em sede de recurso de revista, compete examinar "se a
causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza
econômica, política, social ou jurídica". Nessa perspectiva, apenas
serão objeto de exame as matérias controvertidas que ultrapassem a esfera
dos interesses subjetivos das partes litigantes, alcançando o interesse
público.
Calmon de Passos, ao tratar da antiga arguição de
relevância no recurso extraordinário, já sinalizava a dificuldade em
definir o que seria relevante ou transcendente para os fins da norma,
tendo em vista que a afronta à legislação, ainda que assecuratória de
direito individual, já evidencia o interesse público. Vejamos:

[...]. Se toda má aplicação do direito representa gravame ao interesse


público na justiça do caso concreto (único modo de se assegurar a efetividade
do ordenamento jurídico), não há como se dizer irrelevante a decisão em que
isso ocorre.
A questão federal só é irrelevante quando não resulta violência à
inteireza e à efetividade da lei federal. Fora isso, será navegar no mar incerto
do "mais ou menos", ao sabor dos ventos e segundo a vontade dos deuses que
geram os ventos nos céus dos homens.
Logo, volta-se ao ponto inicial. Quando se nega vigência à lei federal
ou quando se lhe dá interpretação incompatível, atinge-se a lei federal de
modo relevante e é do interesse público afastar essa ofensa ao Direito
individual, por constituir também uma ofensa ao Direito objetivo, donde ser
relevante a questão que configura. (PASSOS, José Joaquim Calmon de. Da
arguição de relevância no recurso extraordinário. In Revista forense:
comemorativa - 100 anos. Rio de Janeiro: Forense, 2007, v. 1, p. 581-607 )

Cumpre destacar que, no caso da transcendência em


recurso de revista, o §1º do artigo 896-A da CLT estabelece os parâmetros
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em que é possível reconhecer o interesse público no julgamento da causa
e, por conseguinte, a sua transcendência, ao prever os indicadores de
ordem econômica, política, jurídica e social.
Na hipótese, considerando a existência de questão nova
em torno da interpretação da legislação trabalhista, quanto à
aplicabilidade dos §§ 3º e 4º do artigo 790 da CLT, com a redação dada
pela Lei nº 13.467/17, verifica-se a transcendência jurídica, nos termos
do artigo 896-A, § 1º, IV, da CLT.

1.3. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

1.3.1. CUSTAS PROCESSUAIS. BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA


GRATUITA. DECLARAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. AÇÃO AJUIZADA NA
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. REQUISITOS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE
HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA.

A respeito do tema em epígrafe, assim decidiu o egrégio


Tribunal Regional:

“Inicialmente, ressalto que ao presente caso se aplicam as inovações


trazidas pela Lei n. 13.467/17 em matéria processual, pois a ação foi
proposta em 29/7/2019 e, portanto, após o início da vigência da referida
norma (11/11/17).
Assim, quando a parte ingressou em juízo já tinha ciência das regras
que disciplinavam o processo, não havendo falar em alteração do
paradigma (teoria dos jogos) ou em frustração de legítima expectativa dos
litigantes, decorrente da aplicação de novas regras trazidas no curso do
processo.
Nessa esteira, o § 4º do art. 790 da CLT, incluído pela Lei n.
13.467/17, prevê que “o benefício da justiça gratuita será concedido à parte
que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
processo". Portanto, a miserabilidade para fins de concessão da gratuidade
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da justiça não se presume por meio de mera declaração, sendo necessária a
prova de que a parte, de fato, não tem condições de arcar com as despesas
processuais decorrentes da sucumbência.
Por outro lado, a reclamante não demonstrou que preenche os
requisitos para a concessão do aludido benefício, estabelecidos pelo $
3º do art. 790 da CLT. Conforme TRCT de ID. f9f23df a última
remuneração percebida por ela foi no importe de R$ 5.533,42, valor
superior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.
Não obstante a obreira tenha informado que se encontra atualmente
desempregada, ela não produziu prova nesse sentido, pois as páginas da
CTPS juntadas aos autos se encerram na anotação do contrato de trabalho
com o réu (ID. b7a619a - Pág. 4/6). Cabia à reclamante ter juntado aos
autos cópia da página de sua CTPS posterior aquela em que encontra
registrado seu último contrato de trabalho. Desse modo, não é possível
inferir do referido documento que a autora permanece desempregada.
Registro que não se vislumbra a presença de elementos relevantes
para acolher a inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei n. 13.647/17
que versam sobre a gratuidade da justiça no âmbito da Justiça do Trabalho,
porquanto não impedem o acesso da parte ao Poder Judiciário, nem violam
o princípio da isonomia, mas apenas estabelecem critérios razoáveis à
concessão e extensão do benefício ora pleiteado. Inclusive, não cabe
declaração de inconstitucionalidade, em controle difuso, por esta d. Turma,
porquanto fere a cláusula de reserva de plenário estabelecida pelo art. 97
da Constituição da República.
Ademais, o tema ora tratado já foi objeto de ajuizamento de ação
direta de inconstitucionalidade (ADI 5766), pendente de julgamento pelo
STF, não havendo nem sequer decisão liminar suspendendo os efeitos dos
dispositivos nela questionados.
Pelo exposto, mantenho a sentença, quanto ao indeferimento do
pedido da autora de concessão dos benefícios da justiça gratuita.
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Nego provimento.” (fls. 577/578 – numeração eletrônica – grifos
nossos).

Foram opostos embargos de declaração pela reclamante,


os quais não lograram provimento, conforme se extrai do acórdão de fls.
589/592 – numeração eletrônica.
Em suas razões de recurso de revista, a reclamante,
em síntese, alega, em síntese, que “firmou a declaração de hipossuficiência de fl. 13,
pelo qual DECLARA EXPRESSAMENTE, SOB AS PENAS DA LEI, que não tem condições de
arcar com as despesas judiciais sem prejuízo do próprio sustento” (fl. 597 – numeração
eletrônica).
Sustenta que “não existe nos autos prova que a parte reclamante tenha
condições de arcar com as custas do processo sem prejuízo do próprio sustento, pelo que, os
parágrafos 3º e 4º. do artigo 790 militam a seu favor” (fl. 597 – numeração eletrônica).
Indica violação dos artigos 5º, II, LIV e LV, e 7º,
VI, da Constituição Federal, 468 da CLT e 884 do Código Civil.
O recurso não alcança conhecimento.
Registre-se, inicialmente, que a reclamante cumpriu
o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT, conforme pode ser constatado
à fl. 597.
Pois bem.
É cediço que a Lei no 13.467/2017 alterou a redação
do § 3º do artigo 790 da CLT, além de ter incluído o § 4º ao mesmo
dispositivo, segundo os quais:

"§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos


tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de
ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e
instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
(quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.
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§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que
comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
processo."

Da leitura dos aludidos dispositivos, depreende-se


que foram estabelecidas duas hipóteses para a concessão do benefício da
justiça gratuita, quais sejam: a) para os trabalhadores que percebam
salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime
Geral de Previdência social, há presunção de insuficiência econômica,
o que autoriza a concessão do aludido benefício; e b) para os empregados
que recebam acima desse limite, a lei prevê a necessidade de que haja
comprovação da insuficiência de recursos.
Percebe-se, portanto, que, na situação prevista no
supracitado § 4º, o legislador regulou a matéria de forma diversa da
previsão contida na redação anterior do § 3º do artigo 790 da CLT, o qual
assegurava a justiça gratuita aos trabalhadores que percebessem salário
igual ou inferior ao dobro do mínimo legal ou declarassem , "sob as penas
da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou
de sua família".
Para os trabalhadores que recebem acima do limite,
portanto, a mera declaração de insuficiência econômica não basta para
a concessão do benefício, devendo haver prova da ausência de recursos.
Não se desconhece a orientação preconizada pela
Súmula nº 463, segundo a qual, a "partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência
judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte
ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim".
Ocorre que o aludido verbete jurisprudencial não se
aplica ao caso, na medida em que a sua edição é anterior à alteração
promovida na legislação que disciplina a matéria. Desse modo, ao
estabelecer que a mera declaração firmada pela parte ou advogado com

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poderes para tanto é suficiente para a concessão do benefício, esta Corte
Superior considerou a redação anterior do § 3º do artigo 790 da CLT.
Nessa perspectiva, para os pedidos formulados após
a entrada em vigor da Lei no 13.467/2017, como é o caso dos autos, cuja
ação foi ajuizada em 2019, não se aplica a orientação preconizada no
supracitado verbete jurisprudencial, de modo que a matéria deverá ser
examinada à luz da nova redação dos §§ 3º e 4º do artigo 790 da CLT.
A propósito, citam-se os seguintes precedentes:

“RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE.


ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014 E DA LEI Nº 13.467/2017. 1.
BENEFÍCIOSDAJUSTIÇAGRATUITA. RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA
ECONÔMICA. DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA.
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. NÃO
CONHECIMENTO. I. Em relação à transcendência jurídica(art. 896-A, § 1º,
IV, da CLT), a causa oferecerá transcendência quando versar questão nova
em torno da interpretação da legislação trabalhista. Para tanto, entende-se
como questão nova aquela em relação à qual ainda não haja jurisprudência
atual e pacífica consolidada no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho ou
em decisão de efeito vinculante no Supremo Tribunal Federal. II. Trata-se de
debate em torno da aplicabilidade dos §§ 3º e 4º do art. 790 da CLT, com a
redação dada pela Lei nº 13.467/2017. Portanto, questão jurídica em que
ainda não se firmou jurisprudência nesta Corte Superior, razão pela qual se
reconhece a transcendência jurídica da matéria. III.A Lei nº 13.467/2017
trouxe novas disposições acerca da concessão dos benefícios da gratuidade
da justiça, dando nova redação ao § 3º do art. 790 da CLT e incluindo o § 4º
nesse dispositivo legal. Nos termos do disposto no § 3º do art. 790 da CLT, ‘é
facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do
trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o
benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos,
àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento)
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do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social’. O
§ 4º do referido artigo, por sua vez, assenta que ‘o benefício da justiça
gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para
o pagamento das custas do processo’. Da conjugação dos dois dispositivos,
verifica-se que a Lei nº 13.467/2017 trouxe um único requisito, de caráter
objetivo, apto a ensejar a qualificada presunção relativa da hipossuficiência
econômica, qual seja, a percepção de salário igual ou inferior a 40%
(quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social. Assim, não compete discussão acerca de outros possíveis
quesitos justificadores da presunção de insuficiência de recursos para o
pagamento de custas processuais, tampouco há falar em aplicação supletiva e
subsidiária do art. 99, § 3º, do CPC/2015, diante da disposição expressa e
específica do art. 790, § 3º da CLT. Dessa maneira, não atendida a condição
objetiva imposta pelo art. 790, § 3º, da CLT, não existe presunção de
hipossuficiência econômica, cumprindo ao postulante da gratuidade da
justiça comprovar de forma satisfatória sua escassez de recursos para o
pagamento das despesas do processo, nos termos do art. 790, § 4º, da CLT.
Referido dispositivo legal está em conformidade com o art. 5º, inciso
LXXIV, da Constituição, segundo o qual, a gratuidade de justiça será
prestada aos que comprovarem insuficiência de recursos. IV. No caso em
exame, a Reclamante recebe salário superior a 40% do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social e não há nenhuma
demonstração de insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
processo. V. Considerando que a presente reclamação trabalhista foi ajuizada
após a vigência da Lei nº 13.467/2017, deve ser aplicado o disposto no art.
790, §§ 3º e 4º, da CLT. VI. Sob esse prisma, fixa-se o entendimento segundo
o qual, para as ações ajuizadas após a entrada em vigor da Lei nº
13.467/2017, observado o disposto no art. 790, § 3º e § 4º, da CLT, é ônus do
requerente do benefício da justiça gratuita a comprovação robusta de sua
incapacidade de suportar as despesas processuais, nos moldes do art. 790 §
4º, da CLT. A mera declaração de hipossuficiência econômica firmada pela
parte é bastante para presumir o estado de miserabilidade da pessoa natural,
quando atendido o requisito, de índole objetiva, assentado no § 3º do art. 790
da CLT. VI. Recurso de revista de que não se conhece.” (RR -
1000177-63.2018.5.02.0606 , Relator Ministro: Alexandre Luiz Ramos,
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Data de Julgamento: 24/02/2021, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
26/02/2021) .

“AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA FÍSICA.
REQUISITOS DO ARTIGO 790, §§ 3º E 4º, DA CLT.
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Agravo a que se dá
provimento para examinar o agravo de instrumento em recurso de revista.
Agravo provido. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA FÍSICA.
REQUISITOS DO ARTIGO 790, §§ 3º E 4º, DA CLT.
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Em razão de provável
ofensa ao art. 790, § 4º, da CLT, dá-se provimento ao agravo de instrumento
para determinar o prosseguimento do recurso de revista. Agravo de
instrumento provido. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO
NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA
GRATUITA. PESSOA FÍSICA. REQUISITOS DO ARTIGO 790, §§ 3º E
4º, DA CLT. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. A
denominada Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017) modificou os
requisitos para a concessão do benefício da gratuidade da justiça,
exigindo-se, agora, não apenas a mera declaração ou afirmação de que a
parte não possui condições de arcar com as despesas do processo sem
prejuízo do seu sustento e da sua família, como também a comprovação da
situação de insuficiência de recursos, nos termos do art. 790, §§ 3º e 4º, da
CLT. No caso, considerando que a reclamação trabalhista foi ajuizada sob a
égide da Lei nº 13.467/2017 e havendo, agora, norma específica sobre a
concessão da justiça gratuita no âmbito da Justiça do Trabalho, compete à
reclamante provar a efetiva insuficiência de recursos, ônus do qual se
desincumbiu. Isso porque, embora perceba média salarial de R$ 4.000,00
(quatro mil reais), superior, portanto, a 40% (quarenta por cento) do limite
máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, comprovou
que os gastos mensais destinados ao sustento próprio e de sua família, tais
como moradia, água, luz, alimentação, transporte e escola, no importe, em
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PROCESSO Nº TST-RR-10601-59.2019.5.03.0012

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media, de R$ 3.900,00 (três mil e novecentos reais), somados aos
empréstimos contraídos, ultrapassam o valor da própria remuneração. Sendo
assim, comprovada insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
processo, a reclamante faz jus ao benefício da gratuidade de justiça.
Precedente da SDI-2 do TST. Deserção do recurso ordinário afastada.
Recurso de revista conhecido e provido.” (RR - 65-02.2019.5.12.0056 ,
Relator Ministro: Breno Medeiros, Data de Julgamento: 10/02/2021, 5ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 12/02/2021).

Na hipótese, o egrégio Tribunal Regional manteve a


sentença em que se indeferiu o pedido de concessão dos benefícios da
justiça gratuita, por constatar que o reclamante percebe salário superior
a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência
social.
Registrou, ainda que, o ora recorrente, não fez prova
de sua insuficiência econômica, a justificar a concessão do benefício
da justiça gratuita.
Assim, não atendida à condição imposta pelo artigo
790, § 3º, da CLT, não existe presunção de hipossuficiência econômica.
Cumpria ao reclamante, portanto, comprovar sua escassez de recursos para
o pagamento das despesas do processo, nos termos do artigo 790, § 4º,
da CLT, ônus do qual não se desincumbiu, sendo insuficiente para tanto
a mera declaração de hipossuficiência econômica.
Dessa forma, a decisão do Tribunal Regional está em
consonância com a legislação que rege a matéria. Não tendo o requerente
cumprido os requisitos para concessão dos benefícios da justiça gratuita,
deve ser mantida a deserção do recurso.
Ademais, não há falar em aplicação supletiva e
subsidiária do artigo 99, § 3º, do CPC, uma vez que existe disposição
expressa e específica no diploma celetista, conforme acima mencionado.
Ante o exposto, não conheço do recurso de revista.

Firmado por assinatura digital em 09/06/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.13

PROCESSO Nº TST-RR-10601-59.2019.5.03.0012

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ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade: I – reconhecer a transcendência
política da causa; e II – não conhecer do recurso de revista.
Brasília, 8 de junho de 2021.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


CAPUTO BASTOS
Ministro Relator

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