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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR - 11363-84.2021.5.15.0137

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6ABE0F32DF0F1.
ACÓRDÃO
(7ª Turma)
CMB/maf/nsl

RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.467/2017.


PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER.
INTERVALO PARA DESCANSO. ARTIGO 384 DA
CLT. LIMITAÇÃO A 11/11/2017. INCIDÊNCIA
DAS ALTERAÇÕES ADVINDAS DA LEI Nº
13.467/2017 E DA LEI 13.415/2017, QUE
ALTEROU O ARTIGO 318 DA CLT AOS
CONTRATOS FIRMADOS ANTES E EM CURSO
APÓS SUA VIGÊNCIA. PRESTAÇÕES DE TRATO
SUCESSIVO. REGRAS DE DIREITO
INTERTEMPORAL. TRANSCENDÊNCIA
JURÍDICA RECONHECIDA. Discute-se a
incidência da norma inserta nos artigos 384 e
318 da CLT aos contratos firmados antes e em
curso após o advento da Lei 13.467/2017 e da
Lei 13.415/2017. Prevaleceu, no âmbito desta
7ª Turma, a tese da imediata incidência das
aludidas alterações, considerando que o
contrato de trabalho envolve, precipuamente,
prestações de natureza sucessiva.
Ponderou-se, ainda, o fato de que as partes
não tiveram ingerência nas novas disposições,
de origem heterônoma. Preservam-se,
portanto, apenas as prestações consumadas
antes da vigência da novel legislação. Assim,
deve ser mantida a decisão regional que limita
a condenação ao período anterior ao advento
da Lei nº 13.467/2017 e da Lei 13.415/2017.
Recurso de revista não conhecido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista


n° TST-RR-11363-84.2021.5.15.0137, em que é Recorrente ALICIANE RENATA
CRISTIANO e Recorrido MUNICÍPIO DE PIRACICABA.
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A parte autora, não se conformando com o acórdão do Tribunal
Regional do Trabalho da 15ª Região, interpõe o presente recurso de revista, no qual
aponta violação de dispositivos de lei e da Constituição Federal, bem como indica
dissenso pretoriano.
Contrarrazões ausentes.
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do
Trabalho, nos termos do artigo 95, § 2º, II, do Regimento Interno do TST. O Ministério
Público do Trabalho opinou pelo não provimento do Recurso de Revista.
É o relatório.

VOTO

MARCOS PROCESSUAIS E NORMAS GERAIS APLICÁVEIS

Considerando que o acórdão regional foi publicado em


28/09/2022 e que a decisão de admissibilidade foi publicada em 24/07/2023, incidem:
Lei nº 13.015/2014; CPC/2015; Instrução Normativa nº 40 do TST; Lei nº 13.467/2017.
Registre-se, ainda, que os presentes autos foram remetidos a
esta Corte Superior em 29/08/2023.

Presentes os pressupostos extrínsecos de admissibilidade, passo


à análise dos pressupostos recursais intrínsecos.

TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA

Nos termos do artigo 896-A da CLT, com a redação que lhe foi
dada pela Lei nº 13.467/2017, antes de adentrar o exame dos pressupostos intrínsecos
do recurso de revista, é necessário verificar se a causa oferece transcendência.
Primeiramente, destaco que o rol de critérios de transcendência
previsto no mencionado preceito é taxativo, porém, os indicadores de cada um desses
critérios, elencados no § 1º, são meramente exemplificativos. É o que se conclui da
expressão "entre outros", utilizada pelo legislador.
A parte autora insiste no processamento do seu recurso de
revista quanto aos temas "PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER - INTERVALO PARA
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DESCANSO - ARTIGO 384 DA CLT – LIMITAÇÃO A 11/11/2017", e " LIMITAÇÃO DA
CONDENAÇÃO ATÉ O INÍCIO DA VIGÊNCIA DA LEI 13.415/2017, QUE ALTEROU O
ARTIGO 318 DA CLT ".
Em relação a transcendência jurídica refere-se à interpretação
e aplicação de novas leis ou alterações de lei já existente. Na hipótese dos autos, a
discussão recai sobre regra de direito intertemporal para a incidência de dispositivo
revogado pela Lei nº 13.467/2017 e pela Lei 13.415/2017, e, por isso, amolda-se ao
mencionado indicador de transcendência, considerando, especialmente, a necessidade
de construir a jurisprudência uniformizadora desta Corte a respeito dos temas, a
justificar que se prossiga no exame do apelo.
Assim, admito a transcendência jurídica da causa.

“PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER – INTERVALO PARA


DESCANSO - ARTIGO 384 DA CLT – LIMITAÇÃO A 11/11/2017 – INCIDÊNCIA DAS
ALTERAÇÕES ADVINDAS DA LEI Nº 13.467/2017 AOS CONTRATOS FIRMADOS ANTES
E EM CURSO APÓS SUA VIGÊNCIA – PRESTAÇÕES DE TRATO SUCESSIVO – REGRAS DE
DIREITO INTERTEMPORAL” E “LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO ATÉ O INÍCIO DA
VIGÊNCIA DA LEI 13.415/2017, QUE ALTEROU O ARTIGO 318 DA CLT“.
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA

CONHECIMENTO

A reclamante pretende a aplicação do artigo 384 da CLT por todo


o período de vigência do contrato de trabalho. Aponta violação aos artigos 7º, XIII, XVI,
da Constituição Federal; 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro; e 318
e 384 da CLT. Transcreve jurisprudência.
Sobre o tema, o Tribunal Regional se pronunciou nos seguintes
termos:

INTERVALO DO ART. 384, CLT


Prevalece nesta Douta Câmara o entendimento de que o art. 384 da CLT
foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988.
E é nesse sentido a decisão do E. Supremo Tribunal Federal que, por
maioria, negou provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 658312, com
repercussão geral reconhecida.
Portanto, em relação ao lapso contratual anterior à Lei nº
13.467/2017 (considerando que este diploma revogou o dispositivo legal
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em apreço), entendo que o período relativo ao descanso de quinze
minutos, previsto no art. 384 consolidado, deve ser remunerado na
forma do art. 71, § 4º, com as repercussões pertinentes, na esteira da
Súmula nº 437 do C. TST e da Súmula nº 80 deste E. Regional, observando-se
os adicionais, reflexos e demais critérios definidos para as horas extras,
conforme o tópico anterior.
Ressalto que, em relação ao intervalo referido no item anterior desta
fundamentação, não há falar em bis in idem, pois a pausa em comento tem
natureza diversa daquela usufruída pela obreira durante o recreio. Conforme
já expendido alhures, o período do recreio sequer se presta a descaracterizar
o labor em aulas consecutivas dentro de um mesmo turno, configurando
tempo à disposição do empregador.
Pelo exposto, reformo, nos termos acima.

HORAS EXTRAS e INTERVALO DE 15 MINUTOS (RECREIO) -


APLICABILIDADE DA LEI 13.415/2017
“A r. sentença deixou de reconhecer que a autora ministrava mais de 4
aulas consecutivas e indeferiu o pedido de horas extras pela inobservância do
art. 318, CLT, in verbis:
"A reclamante foi admitida pela reclamada em 14.01.2011 mediante
aprovação em concurso público, para exercer o cargo de professora de
educação infantil. O contrato de trabalho permanece vigente.
Sustenta que trabalha em jornada de 5 horas ininterruptas, em
inobservância ao quanto previsto no art. 318 da CLT, requerendo o
pagamento de horas extras excedentes à 4ª aula diária, bem como relativas à
supressão do intervalo previsto no art. 384 da CLT. Afirma ainda que o
intervalo de 15 minutos (recreio) não configura a jornada intercalada,
requerendo também o reconhecimento de tal período como tempo à
disposição do empregador.
A reclamada impugna o pedido, afirmando que a reclamante não
pertence à categoria amparada pelo dispositivo legal em comento, uma vez
que enquanto professora de educação infantil, trabalha com crianças de até 5
anos de idade. Nestas condições, não há divisão de aulas, nem se
contabilizam aulas diárias ou semanais.
No caso dos autos, é incontroverso que a autora é mensalista e
professora de educação fundamental, estando sujeita à jornada semanal de
33 horas. Não há comprovação, sequer alegação, de extrapolação da jornada
máxima semanal a que estava submetida.
Assim, revendo posicionamento anterior, considerando-se o intervalo
de 15 minutos (recreio), entendo que não há como considerar que a
reclamante ministrava mais de 4 aulas consecutivas. Registre-se que não há
qualquer evidência de que estivesse efetivamente à disposição do
empregador durante os 15 minutos de intervalo.
Improcede, pois, a pretensão" (ID aa934d8).
Argumenta a reclamante que usufruía de apenas 15 minutos de
intervalo (recreio) e que este tempo não era suficiente para interromper as

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horas de trabalho previstas no art. 318, da CLT, ainda que fosse tempo à
disposição do empregador. Fundamenta seu pleito na recente jurisprudência
do C. TST, bem como na Súmula nº 80 deste Tribunal.
Assiste-lhe razão.
Na exordial, informa a autora que laborou, durante o período
imprescrito, cinco horas diárias de forma ininterrupta, sem intervalo para
refeição e descanso, contrariando o disposto no art. 318, da CLT (texto
anterior à reforma trabalhista) e pugnou pela condenação do reclamado ao
pagamento como extras as horas trabalhadas acima da quarta aula
consecutiva. Sustentou, ainda, que tinha 15 minutos de "recreio", mas que
este período era insuficiente, pois muitas vezes tinha que receber pais de
alunos ou mesmo orientações pedagógicas da escola (ID 5c57a8a - Pág. 24).
Restou incontroverso que havia um intervalo de quinze minutos,
relacionado ao "recreio".
Com efeito, a antiga redação do art. 318 da CLT, anterior a 17/02/2017
(Lei nº 13.145/2017) assim previa:
"Num mesmo estabelecimento de ensino não poderá o professor dar,
por dia, mais de 4 (quatro) aulas consecutivas, nem mais de 6 (seis),
intercaladas."
De outra parte, o C. TST, firmou entendimento de que o tempo do
intervalo do "recreio" entre as aulas não é suficiente para quebrar a
continuidade da jornada.
Neste sentido, as recentes decisões da Corte Superior Trabalhista:
"(...) 4. PROFESSOR. INTERVALO. RECREIO. TEMPO À DISPOSIÇÃO. Esta
Corte Superior firmou entendimento no sentido de que o curto período de
intervalo conhecido como "recreio" constitui tempo à disposição do
empregador, devendo o período respectivo, portanto, ser contado como
tempo efetivo de serviço. Registre-se que esse curto intervalo é o que divide
duas aulas sequenciais, não se confundindo com o intervalo maior, que
separa dois turnos totalmente distintos de trabalho (matutino e noturno, por
exemplo). Recurso de revista conhecido e provido no aspecto."
(RR-2742600-73.2008.5.09.0011, 3ª Turma, Relator Ministro MAURICIO
GODINHO DELGADO, DEJT 07/01/2019) - destaquei.
"(...). PROFESSOR. INTERVALO ENTRE AS AULAS DENOMINADO
"RECREIO". TEMPO À DISPOSIÇÃO. HORAS EXTRAS. Esta Corte Superior é firme
no sentido de que o intervalo entre aulas conhecido como "recreio" constitui
tempo à disposição do empregador, nos termos do art. 4º da CLT, devendo,
pois, integrar a jornada de trabalho do professor. Precedentes. Recurso de
revista conhecido e provido, no particular. (RR-218000-66.2009.5.09.0004, 1ª
Turma, Relator Ministro WALMIR OLIVEIRA DA COSTA, DEJT 08/11/2019).
"(...). INTERVALO - RECREIO - TEMPO À DISPOSIÇÃO Vislumbrada
violação ao artigo 4º da CLT, dá-se provimento ao Agravo de Instrumento para
processar o Recurso de Revista. (ARR-1255-46.2011.5.09.0029, 8ª Turma,
Relatora Ministra MARIA CRISTINA IRIGOYEN PEDUZZI, DEJT 20/09/2019).
Assim sendo, considerando a jurisprudência daquela Corte, entendo
que os intervalos de recreio usufruídos pela autora, de quinze minutos, não

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foram aptos a descaracterizar o caráter consecutivo das aulas ministradas por
ela e assim, mesmo o período posterior ao recreio deve ser considerado
consecutivo.
Quitado o pagamento regular das aulas já ministradas, é devido apenas
o adicional sobre as horas excedentes às quatro diárias, como remuneração
pelo trabalho suplementar, bem assim o tempo referente ao intervalo
intrajornada (15 minutos mais adicional), tendo em vista que não houve a
regular fruição do descanso.
Repiso que as alterações de direito material implementadas pela
Lei 13.467/2017 são aplicáveis a todos os contratos vigentes, mesmo
aqueles que tiveram início antes de sua vigência, conforme as regras de
direito intertemporal.
Assim, dou provimento ao recurso da reclamante para condenar o
Município ao pagamento de horas extras, acrescidas do adicional de 50%,
devendo ser consideradas, como tais, as horas trabalhadas acima da
quarta consecutiva, além dos 15 minutos de recreio até 17/02/2017,
observando a prescrição pronunciada pela Origem.
Deverão ser observados a frequência e os horários lançados nos
cartões de ponto acostados aos autos, e na ausência de algum documento,
deve-se considerar a média do período não prescrito; a base de cálculo de
acordo com a Súmula n.º 264 do C. TST e a evolução salarial da obreira; o
divisor 165, considerando que a autora é mensalista, que a carga horária
semanal é de 33 horas, conforme Lei Municipal n.º 7.236/2011, e os termos do
artigo 64 da CLT
Diante da habitualidade, as horas extras devem refletir nos DSRs, 13º
salário, férias + 1/3 e FGTS.” (fls.259/262)

Ao exame.
Tenho posição pessoal no sentido de que as alterações
promovidas pela Lei nº 13.467/2017, que representem supressão ou restrição de direito
material do empregado, não se aplicam aos contratos em curso no momento da sua
vigência.
Trata-se, a meu sentir, de respeitar o ato jurídico perfeito e dar
concretude aos princípios protetivos que permeiam as relações de emprego - em
especial o da condição mais benéfica, o da norma mais favorável ao trabalhador e o da
vedação ao retrocesso social.
Os fundamentos por mim adotados foram externados de forma
minuciosa no julgamento do recurso de revista nº 196-82.2018.5.11.0009, mas
culminaram em voto vencido.
Prevaleceu, no âmbito desta 7ª Turma, a tese da imediata
incidência das aludidas alterações, considerando que o contrato de trabalho

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envolve, precipuamente, prestações de natureza sucessiva. Ponderou-se, ainda, o
fato de que as partes não tiveram ingerência nas novas disposições, de origem
heterônoma.
Preservam-se, assim, apenas as prestações consumadas antes
da vigência da novel legislação.
No caso, discute-se a incidência da norma inserta no artigo 384
da CLT, que assim previa:

"Art. 384 - Em caso de prorrogação do horário normal, será obrigatório


um descanso de 15 (quinze) minutos no mínimo, antes do início do período
extraordinário do trabalho."

Após 10/11/2017, data da vigência da Lei nº 13.467/2017, o


referido artigo foi revogado.
Portanto, conforme a posição firmada neste Colegiado, à qual
me curvo por disciplina judiciária, o direito ao intervalo previsto no referido dispositivo
limita-se ao aludido marco temporal.
Nesse contexto, observa-se ainda que a modificação
promovida pela Lei 13.415/2017, a redação anterior do art. 318 da CLT deve ser
aplicada ao contrato de trabalho da Reclamante somente em relação ao período
trabalhado anterior à entrada em vigor da Lei 13.415/2017, em 17/02/17.
Transcrevo julgados desta Corte no mesmo sentido:

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA. ACÓRDÃO


REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DAS LEIS Nºs 13.015/2014 E 13.467/2017.
1. INTERVALO DA MULHER PREVISTO NO ART. 384 DA CLT. CONTRATO DE
TRABALHO VIGENTE. LIMITAÇÃO DO PAGAMENTO À VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA . CONHECIMENTO E
PROVIMENTO. I. Discute-se a aplicação da Lei nº 13.467/2017 aos contratos de
trabalho firmados antes de 11/11/2017, mas que permanecem em vigor, no
tocante ao intervalo previsto no art. 384 da CLT, que foi revogado pelo
referido diploma legal . II. A Lei nº 13.467/2017, em seu art. 5º, I, "i", revogou o
art. 384 da CLT, que dispunha que " em caso de prorrogação do horário
normal, será obrigatório um descanso de 15 (quinze) minutos no mínimo,
antes do início do período extraordinário do trabalho ". III. Na hipótese, a
Corte Regional condenou a Reclamada ao pagamento do intervalo do art. 384
da CLT, inclusive para o período posterior à vigência da Lei nº 13.467/2017. IV.
No que diz respeito à transcendência, cuida-se de questão jurídica nova, uma
vez que se refere à interpretação da legislação (art. 5º, I, "i", da Lei nº
13.467/2017, que revogou o art. 384 da CLT) sob enfoque em relação ao qual
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ainda não há jurisprudência pacificada no âmbito do Tribunal Superior do
Trabalho ou em decisão de efeito vinculante no Supremo Tribunal Federal
(art. 896-A, § 1º, IV, da CLT). Reconhecida, portanto, a transcendência jurídica
da causa (art. 896-A, § 1º, IV, da CLT) e violação do art. 5º, II, da Constituição
Federal . V. Sob esse enfoque, fixa-se o entendimento no sentido de que a
ausência de limitação das parcelas vincendas, referentes ao pagamento das
horas extras decorrentes da não concessão do intervalo de 15 minutos que
era previsto no art. 384 da CLT, mas que foi revogado pela Lei nº 13.467/2017,
caracteriza ofensa ao disposto no art. 5º, II, da CF . VI. Recurso de revista de
que se conhece e a que se dá provimento" (RR-20544-28.2017.5.04.0664, 4ª
Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 19/12/2022);

"RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017. RITO


SUMARÍSSIMO. CONTRATO DE TRABALHO VIGENTE ANTES E APÓS A LEI
13.467/2017. INTERVALO DO ARTIGO 384 DA CLT. LIMITAÇÃO TEMPORAL DA
CONDENAÇÃO. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA
CONFIGURADA. 1. A questão jurídica objeto do recurso de revista revela
inovação legislativa oriunda das alterações promovidas pela Lei 13.467/2017,
sobre a qual ainda pende interpretação por esta Corte Trabalhista, o que
configura a transcendência jurídica da matéria em debate. 2. As inovações de
direito material introduzidas no ordenamento jurídico pela Lei 13.467/2017
possuem efeitos imediatos e gerais a partir da entrada em vigor do referido
diploma legal, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
julgada (art. 5°, XXXVI, da CF e 6° da LINDB). A Lei 13.467/2017, com vigência
em 11/11/2017, revogou o art. 384 da CLT, em que previsto o intervalo da
mulher na hipótese de prorrogação do horário normal de trabalho . 3. Assim,
em se tratando de contrato de trabalho ainda em curso e iniciado antes da
vigência da Lei 13.467/2017, deve ser limitada a condenação ao pagamento
das horas extras decorrentes da não concessão do intervalo do art. 384 da
CLT, em observância ao ordenamento jurídico vigente . Recurso de revista
conhecido e provido" (RR-20887-53.2020.5.04.0006, 5ª Turma, Relator
Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 10/02/2023);

"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017. HORAS


IN ITINERE. INTERVALO DO ARTIGO 384 DA CLT . CONTRATO DE TRABALHO
VIGENTE NO PERÍODO DE 3/8/2016 A 18/6/2018. ARTIGOS 58, § 2º, E 384 DA
CLT. NOVA REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.467/2017. LIMITAÇÃO
TEMPORAL DA CONDENAÇÃO . No caso, foi dado provimento ao recurso de
revista da Reclamada para restabelecer a sentença em que limitada a
condenação ao pagamento das horas in itinere e do intervalo do artigo 384 da
CLT a 10/11/2017. É incontroverso que a Reclamante laborou de 3/8/2016 a
18/6/2018, em período anterior e posterior à Lei 13.467/2017, portanto. Desse
modo, para os atos praticados após a entrada em vigor da Lei 13.467/2017,
aplicam-se as inovações de direito material do trabalho introduzidas pela
referida legislação, em observância ao princípio de direito intertemporal
tempus regit actum, razão pela qual deve haver a limitação temporal da

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condenação às mencionadas parcelas a 10/11/2017 . Nesse contexto, como os
argumentos trazidos pela parte não são suficientes a alterar tal constatação,
resta íntegra a decisão atacada. Ademais, constatado o caráter
manifestamente inadmissível do recurso, impõe-se a aplicação da multa
prevista no artigo 1.021, § 4º, do CPC/2015, no percentual de 1% sobre o valor
da causa (R$ 18.019,07), o que perfaz o montante de R$ 180,19 (cento e
oitenta reais e dezenove centavos), a ser revertido em favor da Agravada ,
devidamente atualizado, nos termos do referido dispositivo de lei. Agravo não
provido, com aplicação de multa" (Ag-RR-20816-59.2018.5.04.0511, 5ª Turma ,
Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 18/03/2022);

"AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMADO. RECURSO DE REVISTA.


INTERPOSIÇÃO EM FACE DE ACÓRDÃO PUBLICADO ANTES DA VIGÊNCIA DA
LEI Nº 13.015/2014 . NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. LEGITIMIDADE
ATIVA DO SINDICATO - DIREITO INDIVIDUAL HOMOGÊNEO. SUSPENSÃO DO
PROCESSO. PROTEÇÃO DO TRABALHO DA MULHER - PERÍODO DE DESCANSO
- INTERVALO DO ART. 384 DA CLT - RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
DE 1988. MULTA DIÁRIA - ASTREINTES . Nega-se provimento a agravo de
instrumento que visa liberar recurso despido dos pressupostos de cabimento.
Agravo desprovido. RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE (SINDICATO DOS
EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS DE PIRACICABA E
REGIÃO). INTERPOSIÇÃO EM FACE DE ACÓRDÃO PUBLICADO ANTES DA
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 . PROTEÇÃO DO TRABALHO DA MULHER -
PERÍODO DE DESCANSO - INTERVALO DO ART. 384 DA CLT - RECEPÇÃO PELA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 - HORAS EXTRAS DEVIDAS - FATO
SUPERVENIENTE - VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017 - DIREITO
INTERTEMPORAL. (violação ao art. 384 da CLT e divergência jurisprudencial)
Esta Corte, em sua composição plena, ao julgar o
IIN-RR-1.540/2005-046-12-00.5, afastou a inconstitucionalidade do artigo 384
da CLT, tendo por fundamento o princípio da isonomia real, segundo o qual
devem ser tratados de forma igual os iguais, e desigual os desiguais, julgando,
assim, que o referido dispositivo celetário é dirigido, exclusivamente, às
trabalhadoras. De outro giro, este Tribunal já acumula decisões proferidas
posteriormente ao julgamento do incidente de inconstitucionalidade, no
sentido de serem devidas horas extras decorrentes da não observância do
intervalo previsto no artigo 384 da CLT, vejamos:
E-RR-1212-62.2010.5.04.0004, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT 14/06/2019;
E-RR-591000-37.2002.5.09.0015, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 09/03/2018;
RR-2002-39.2012.5.03.0025, 7ª Turma, Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de
Mello Filho, DEJT 14/02/2020; e Ag-RR-1802-13.2013.5.15.0009, 7ª Turma,
Relator Ministro Cláudio Mascarenhas Brandão, DEJT 19/12/2019. Ademais,
importante consignar que o Pleno do Supremo Tribunal Federal, na Sessão
Virtual realizada entre os dias 03/09/2021 a 14/09/2021 , retomou o
julgamento do RE nº 658.312 ( Tema nº 528 ), ocasião em que, por

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PROCESSO Nº TST-RR - 11363-84.2021.5.15.0137

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unanimidade, fixou a seguinte tese de repercussão geral: " O art. 384 da CLT,
em relação ao período anterior à edição da Lei n. 13.467/2017, foi
recepcionado pela Constituição Federal de 1988, aplicando-se a todas as
mulheres trabalhadoras ". De outra parte, cumpre examinar a alegação de
fato novo , aduzida pelo reclamado, por meio da qual requer a manifestação
da Eg. 7ª Turma acerca dos efeitos advindos da superveniência da Lei nº
13.467/2017 no julgamento destes recursos, notadamente quanto à limitação
da condenação à vigência daquele diploma legal, o qual extinguiu o direito ao
intervalo do art. 384 da CLT. De plano, oportuno registrar que, a teor da
Súmula/TST nº 394, " O art. 493 do CPC de 2015 (art. 462 do CPC de 1973), que
admite a invocação de fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito,
superveniente à propositura da ação, é aplicável de ofício aos processos em
curso em qualquer instância trabalhista. Cumpre ao juiz ou tribunal ouvir as
partes sobre o fato novo antes de decidir ". E, no termos do precedente da
SBDI-1 do TST, E-ARR-693-94.2012.5.09.0322, conhecido o recurso de revista,
há que se avançar no exame do fato novo. No caso , cinge-se a questão
incidental em saber se o advento da Lei nº 13.467/2017, que revogou
expressamente o art. 384 da CLT, teria o condão de impor limite à
condenação imposta ao banco reclamado. Pois bem, a meu sentir o art. 384
da CLT traduz norma geral de ordem pública destinada a tutelar a mulher
como gênero, e não como empregada. Por esse prisma, conclui-se que o
intervalo previsto no referido dispositivo legal não se classifica como um
direito trabalhista propriamente dito, pois é assegurado à trabalhadora em
decorrência do gênero feminino, e não da sua condição de empregada. É que
a nomogênese que deu ensejo à construção legislativa levou em consideração
fatores externos à relação de emprego, concernentes à posição de
discriminação da mulher na sociedade, no mercado de trabalho, da
sobrecarga de trabalho decorrente da dupla jornada (casa/trabalho), e etc.
Como já destacado, por opção legislativa, possivelmente em virtude dos
notórios avanços e conquistas das mulheres no meio social, o art. 384 da CLT
foi retirado do mundo jurídico, após o advento da Lei nº 13.417/2017. Dessa
forma, a revogação da referida norma geral em direito material, pela Reforma
Trabalhista, é imediata, por se tratar, repise-se, de direito garantido às
trabalhadores em função do gênero, e não como empregada, razão pela qual
não se há de cogitar de direito adquirido ou da incorporação ao contrato de
trabalho. Nesses termos, é o que se verifica da tese firmada pelo STF no Tema
528 , que limitou a incidência do preceito legal " ao período anterior à edição
da Lei n. 13.467/2017 ". Em suma, no presente caso, fica a condenação do
reclamado limitada à data da vigência da Lei nº 13.467/17, isto é, aos
intervalos do art. 384 da CLT não usufruídos até 11/11/2017 . Precedentes.
Recurso de revista conhecido e provido parcialmente. (...)"
(ARR-193-33.2012.5.15.0137, 7ª Turma, Relator Ministro Renato de Lacerda
Paiva, DEJT 02/09/2022);

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA DA 2ª RECLAMADA. ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS.

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Embargos de declaração acolhidos para, acrescendo fundamentos ao acordão
embargado, tão somente prestar esclarecimentos adicionais, sem imprimir
efeito modificativo. Embargos de declaração acolhidos, sem efeito
modificativo. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO DE REVISTA DA 1ª
RECLAMADA. INTERVALO DO ART. 384 DA CLT - DIREITO INTERTEMPORAL -
FATO NOVO - ENTRADA EM VIGOR DA LEI Nº 13.467/17 - APLICAÇÃO DA TESE
VINCULANTE DO RE Nº 658.312 (TEMA Nº 528) - EFEITO MODIFICATIVO.
Embargos de declaração acolhidos, sob o efeito modificativo, para,
acrescendo ao acórdão embargado as razões consignadas nesta decisão,
acatar o fato novo alegado pela reclamada, alusivo à entrada em vigor da Lei
nº 13.467/17, que extinguiu o intervalo do art. 384 da CLT, devendo ser
aplicada aos contratos em curso, atingindo os intervalos não concedidos a
partir de 11/11/2017, assegurados, no entanto, aqueles não usufruídos antes
daquela data. Tudo nos termos da tese vinculante consagrada no RE nº
658.312 ( Tema nº 528 ) . Precedente ARR-193-33.2012.5.15.0137 desta 7ª
Turma. Embargos de declaração acolhidos, com efeito modificativo "
(ED-ARR-855-62.2012.5.02.0491, 7ª Turma , Relator Ministro Renato de
Lacerda Paiva, DEJT 09/09/2022);

"RECURSO DE REVISTA DA AUTORA. LEI Nº 13.467/2017 . PROTEÇÃO AO


TRABALHO DA MULHER . INTERVALO PARA DESCANSO. ARTIGO 384 DA CLT.
LIMITAÇÃO A 11/11/2017 . INCIDÊNCIA DAS ALTERAÇÕES ADVINDAS DA LEI Nº
13.467/2017 AOS CONTRATOS FIRMADOS ANTES E EM CURSO APÓS SUA
VIGÊNCIA . PRESTAÇÕES DE TRATO SUCESSIVO . REGRAS DE DIREITO
INTERTEMPORAL . TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA . Discute-se a
incidência da norma inserta no artigo 384 da CLT aos contratos firmados
antes e em curso após o advento da Lei 13.467/2017. Prevaleceu, no âmbito
desta 7ª Turma, a tese da imediata incidência das aludidas alterações,
considerando que o contrato de trabalho envolve, precipuamente, prestações
de natureza sucessiva. Ponderou-se, ainda, o fato de que as partes não
tiveram ingerência nas novas disposições, de origem heterônoma.
Preservam-se, assim, apenas as prestações consumadas antes da vigência da
novel legislação. Assim, tendo em vista que a Lei nº 13.467/2017 revogou o
artigo 384 da CLT, correta a decisão regional que limitou sua incidência até
11/11/2017 . Recurso de revista não conhecido " (RR-20857-59.2018.5.04.0015,
7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 10/03/2023);

"AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA COM AGRAVO INTERPOSTO PELA


RECLAMANTE. 1 - INTERVALO DO ART. 384 DA CLT . 2 - INTERVALO
INTRAJORNADA. INCIDÊNCIA DA LEI 13.467/2017. PERÍODO CONTRATUAL
ANTERIOR E POSTERIOR A 11/11/2017. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. 1. A
controvérsia envolve período anterior e posterior à Lei 13.467/2017, sendo
típico caso de subsunção das regras de aplicação da lei no tempo . 2.
Considerando-se a natureza continuativa do contrato de trabalho, não se
vislumbra direito adquirido da reclamante ao intervalo previsto no art. 384 da
CLT, nos termos da sistemática jurídica anterior à Lei 13.467/2017, devendo a

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questão ser solucionada de acordo com a legislação em vigor em cada época,
conforme preceitua o art. 6.º, §§ 1.º e 2.º, da LINDB . 3. Da mesma forma, em
relação ao intervalo intrajornada, para os fatos ocorridos antes de
11/11/2017, incide a redação anterior da norma, bem como o disposto na
Súmula 437, I e III, do TST. Por sua vez, para os fatos ocorridos após essa data,
devem ser observadas as alterações materiais trazidas pela Lei 13.467/2017.
4. Desse modo, incidente os termos da Lei 13.467/2017 ao contrato de
trabalho da autora, observada a respectiva vigência . Agravo não provido"
(Ag-ED-RRAg-1001275-21.2019.5.02.0001, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaide
Alves Miranda Arantes, DEJT 19/12/2022).

"AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA


DO RECLAMANTE. REGIDO PELA LEI 13.467/2017. PROFESSOR. CONTRATO
DE TRABALHO INICIADO EM 01/10/2010 E QUE PERMANECE VIGENTE.
JORNADA DIFERENCIADA. HORAS EXTRAS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO
ATÉ O INÍCIO DA VIGÊNCIA DA LEI 13.415/2017, QUE ALTEROU O ARTIGO
318 DA CLT. INOCORRÊNCIA DE DECISÃO SURPRESA. AUSÊNCIA DE
TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA NA DECISÃO AGRAVADA. A manutenção
da decisão agravada foi fundamentada na ausência de ofensa aos artigos 10 e
1013 do CPC e 468 da CLT. Ao prover parcialmente o recurso ordinário da
Reclamada, o Tribunal Regional determinou a limitação da condenação ao
pagamento de horas extras ao último dia da vigência da antiga redação do art.
318 da CLT. E ao apreciar os embargos de declaração opostos pelo Autor,
consignou que "a decisão surpresa, vedada pelo ordenamento (artigo 10 do
CPC), é aquela fundada em premissas (questões de fato ou de direito) que não
foram objeto de conhecimento prévio pelas partes, o que não se verifica no
caso, pois se trata de questão afeta à vigência da norma invocada pela própria
parte autora". Com efeito, considerando que o contrato de trabalho do Autor
teve início em 01/10/2010 e ainda se encontra vigente, e que o artigo 318 da
CLT fora invocado por ambas as partes, a delimitação temporal dos efeitos do
artigo 318 da CLT, com redação anterior e posterior à Lei 13.415/17, não
ofende o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, tampouco
configura decisão surpresa. Isso porque seja em relação aos novos contratos
de trabalho, seja quanto aos vínculos que, não obstante iniciados
anteriormente, extinguiram-se ou permanecem vigentes após a entrada em
vigor da Lei 13.415/17, as normas de direito material têm incidência imediata
à expressa previsão legal, não comportando, todavia, aplicação retroativa.
Nesse contexto, não afastados os fundamentos da decisão agravada, nenhum
reparo merece a decisão. Agravo não provido, com acréscimo de
fundamentação" (Ag-RRAg-25767-53.2017.5.24.0001, 5ª Turma, Relator
Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 05/08/2022).

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Constata-se, assim, que o acórdão regional foi proferido em
consonância com o entendimento ora exposto, motivo pelo qual não conheço do
recurso de revista, no particular.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal Superior


do Trabalho, por unanimidade, não conhecer do recurso de revista.
Brasília, 3 de abril de 2024.

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CLÁUDIO BRANDÃO
Ministro Relator

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