Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TURMA B
RESENHA CRÍTICA
BELO HORIZONTE
2021
O acórdão da 7ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho, ora analisado no presente
trabalho, versa sobre a matéria de concessão de honorários advocatícios em reclamações
trabalhistas típicas, postuladas antes da vigência da Lei nº 13.467/2017, sem que se atenda aos
requisitos dispostos no art. 14, caput e §§ 1º e 2º, da Lei nº 5.584/70, conforme entendimento
da Côrte expresso nas Súmulas nos 219 e 329, em face do disposto no artigo 5º, inciso LXXIV,
da Constituição Federal de l988, segundo o qual “o Estado prestará assistência jurídica
integral e gratuita aos que comprovem insuficiência de recursos”, inclusive a título de
indenização por perdas e danos, nos termos dos artigos 389 e 404 do Código Civil.
Para tanto, o Relator do Pleno, ministro José Roberto Pimenta, elaborou seu
brilhantíssimo voto em torno de oito teses, as quais foram acompanhadas integralmente por
todos os ministros, com exceção dos ilustres Augusto Cesar Carvalho e Claudio Brandão, que
convergiram, porém salientando ressalvas à tese de número 6.
Assim, tendo em vista esses dois importantes institutos, afirma o Relator, é que os
artigos 14 e 16 da Lei 5.584/70, bem como a Súmula 219 do TST, consolidaram que o
entendimento de que a condenação em pagamento de honorários de advocatícios não se dá, na
Justiça do Trabalho, em virtude apenas da mera sucumbência, mas estabelece requisitos para
tanto, quais sejam: assistência de entidade sindical, ser beneficiário da justiça gratuita e se
encontrar em situação econômica que lhe impossibilite de arcar com as custas processuais sem
que isso lhe afete a subsistência.
Afirma o Relator que não houve essa revogação da Lei nº 5.584/70 pela Lei nº
10.288/2001, uma vez que a última não revogou expressamente a Lei nº 5.584/70 e nem conflita
com a mesma, pois não dispõe a respeito dos honorários sucumbenciais, mas disciplina
somente a questão das custas processuais. Desse modo, não se sustenta o argumento de que a
norma teria sido revogada de maneira tácita. Assim, tem-se que, até a edição da Reforma
Trabalhista, promulgada em 2017, as regramento com relação ao pagamento de honorários
sucumbenciais vão de encontro à Súmula 219, item I. Contudo, após a Reforma, que incluiu o
art. 791-A na CLT, toda sistemática em torno da temática foi alterada.
Assim, de acordo com esse entendimento, aos processos postulados antes de 2017,
deve ser aplicada a regra vigente à época, qual seja a disciplina da Lei 5.584/70, uma vez que
a sentença não constitui um ato processual isolado, mas sim é resultado de vários atos
processuais. Desse modo, pode ser aplicado o princípio da segurança jurídica e proteção da
confiança nessas causas.
Nesse diapasão, entende-se que a lei não poderá retroagir em prejuízo da parte, por
força constitucional, portanto, aqueles que ajuizaram ou sofreram reclamações trabalhistas na
expectativa da aplicação de um regramento, não podem ser prejudicados com normais mais
gravosas no que diz respeito ao honorários sucumbenciais.
REFERÊNCIAS
SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. São Paulo: Malheiros,
2006.