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PARECER JURÍDICO

Cidade, dia de mês de ano.

Interessado:

Ementa: Constitucional. Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 13.467/2017.


Reforma Trabalhista. Responsabilidade pelo pagamento de ônus sucumbenciais em
hipóteses específicas. Alegações de violação aos princípios da isonomia,
inafastabilidade da jurisdição, acesso à justiça, solidariedade social e direito social à
assistência jurídica gratuita. Margem de conformação do legislador. Critérios de
racionalização da prestação jurisdicional. Ação direta julgada parcialmente procedente.
Supremo Tribunal Federal – STF – Ação direta de inconstitucionalidade: ADI 5766 DF
XXXXX-08.2017.1.00.0000.

DO RELATÓRIO

Trata-se de parecer sobre:

Análise a decisão paradigmática a que se refere é a do Supremo Tribunal Federal


- STF) sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI/5766, que tratou da
constitucionalidade da Lei 13.467/2017, com trechos referentes à reforma trabalhista.
Percebe-se que o problema que foi levado à apreciação do tribunal era a
compatibilidade desta lei com a Constituição Federal, sobretudo em relação aos direitos
dos trabalhadores. As principais alegações dos autores da ADI eram que a lei violava
direitos fundamentais, como a proteção ao salário, à jornada de trabalho, à saúde e
segurança do trabalhador, além de enfraquecer a atuação dos sindicatos, porém, ainda
existem algumas fases em análise, como exemplo o termo proposto no presente
desenvolvimento.
Foi analisado, neste mesmo sentido que atualmente está em análise junto ao
Supremo Tribunal Federal – STF, que ainda existe análise na ADI 5766, proposta pela
Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, que trata da cobrança de custas e honorários
advocatícios dos beneficiários da justiça gratuita na esfera trabalhista.
Diante disso, a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, questiona a
constitucionalidade de dispositivos da Reforma Trabalhista Lei nº 13.467/2017, que
preveem a possibilidade de que, em caso de derrota na ação trabalhista, o trabalhador
beneficiário da justiça gratuita seja obrigado a arcar com as custas processuais e os
honorários advocatícios da parte contrária. Alega-se que essa previsão viola o direito
fundamental à assistência jurídica gratuita, previsto na Constituição Federal. (BRASIL,
2017-1988)
Percebe-se ainda que a ADI 5766 foi distribuída para o ministro Luís Roberto
Barroso, que solicitou informações ao Presidente da República, ao Congresso Nacional
e à Advocacia-Geral da União. Após a apresentação das informações, o ministro deverá
elaborar seu voto e submeter o caso ao julgamento do plenário do STF, matéria na qual
ainda aguarda decisão final sobre o tema em debate.
É o relatório, passa-se ao parecer opinativo.

DOS FUNDAMENTOS

a. Do problema

Analisa-se a existência de controvérsia envolvendo a cobrança das custas e


honorários advocatícios dos beneficiários da justiça gratuita na esfera trabalhista sendo
uma questão complexa e de grande importância para o acesso à justiça no Brasil.

b. Da legislação
Analisa-se que as principais normas que regulamentam a gratuidade de justiça
no Brasil são a Constituição Federal de 1988, a Lei nº 1.060/1950, o Código de

Processo Civil (CPC), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Lei nº


13.467/2017, que por sua vez, alterou a CLT. (BRASIL, 2017-2015-1988-1950)
Neste sentido, a Constituição Federal de 1988 prevê em seu art. 5º, inciso
LXXIV, que "o estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos".
Já, com referência a Lei nº 1.060/1950, por sua vez, regula a concessão da
assistência judiciária aos necessitados, estabelecendo que a parte deve comprovar a sua
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo e honorários
advocatícios. (BRASIL, 1950).
Corrobora-se ainda que o Código de Processo Civil em nossa atualidade,
aprovado pela Lei nº 13.105/2015, estabelece em seu art. 98 que "a pessoa natural ou
jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as
despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na
forma da lei". (BRASIL, 2015)
Percebe-se ainda que a CLT/1943, em seu art. 790, estabelece que "as custas
serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão, quando parcialmente
vencedor o empregado, serão as custas distribuídas pela metade". No entanto, a Lei nº
13.467/2017, que alterou a CLT/1943, trouxe a seguinte redação para o art. 790: "a
responsabilidade pelo pagamento das custas processuais é do empregado, ainda que
beneficiário da justiça gratuita, exceto se este perder a demanda". (BRASIL, 2017-
1943)
No que se refere aos princípios aplicáveis à gratuidade de justiça, destacam-se o
princípio constitucional da igualdade, o princípio da inafastabilidade do controle
jurisdicional, também previsto na Constituição Federal e, o princípio da dignidade da
pessoa humana.
Também é importante mencionar que o Supremo Tribunal de Justiça – STJ, tem
súmulas que tratam do assunto, tais como a Súmula nº 481, que estabelece que "o
benefício da assistência judiciária gratuita não é apenas para o pobre, mas para o
miserável", e a Súmula nº 450 do Supremo Tribunal Federal - STF, que afirma "a
isenção de taxas judiciárias, prevista no art. 5º, LXXIV, da Constituição, estende-se às
execuções". (BRASIL, 2012-1988-1950).

Em relação aos tratados internacionais, destaca-se a Convenção Americana de


Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), que prevê em seu artigo 8º, item
1, que "toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um juiz".
Compreende-se ainda que além da CF/1988 e do CPC/2015, outras normas que
regulamentam o tema, conforme Consolidação das Leis do Trabalho, regulamentando as
questões trabalhistas e prevendo a possibilidade de concessão de justiça gratuita para
trabalhadores que recebem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite
máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. (BRASIL, 1943-2017)
Bem Como, a Lei nº 5.584/1970, que por sua vez estabelece normas para a
concessão de assistência judiciária aos trabalhadores e empregadores que percebam
salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal ou declararem, sob as penas da lei,
que não estão em condições de pagar às custas do processo. (BRASIL, 1970)
Salienta-se ainda a Súmula nº 463 do STJ, que por sua vez dispõe sobre a
vedação da compensação de honorários advocatícios com créditos líquidos e certos,
quando concedida a assistência judiciária gratuita. (BRASIL, 2011)
Foi analisado também que a respeito de Tratados internacionais, a Constituição
Federal de 1988, prevê a incorporação de direitos humanos em seu texto (art. 5º, § 3º),
podendo esses tratados serem utilizados como parâmetros para a interpretação das
normas internas. Nesse sentido, pode-se citar a Convenção Americana de Direitos
Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), que reconhece o direito de toda pessoa à
assistência judiciária gratuita quando não tiver recursos para pagar por ela (art. 8º, § 3º).
(BRASIL, 1988-1969)
A análise do arcabouço normativo aplicável ao tema indica que há previsão legal
tanto para a concessão da justiça gratuita quanto para a possibilidade de cobrança de
custas processuais e honorários advocatícios dos beneficiários da justiça gratuita. A
controvérsia reside na interpretação dessas normas e na aplicação dos princípios
constitucionais, como o acesso à justiça e a isonomia, que devem ser ponderados para a
solução do conflito. Além disso, a jurisprudência e a doutrina têm apresentado
diferentes entendimentos sobre a questão, o que demonstra a complexidade do assunto e
a necessidade de uma análise cuidadosa e detalhada para a sua solução.
c. Da doutrina

Foi depreendido que com a existência do enfoque restritivo, vez que a corrente
doutrinária defende que a concessão do benefício da justiça gratuita não deve implicar
na isenção automática do pagamento das custas e honorários advocatícios na esfera
trabalhista, devendo ser analisado caso a caso a capacidade financeira do beneficiário.
Para essa corrente, a ausência de previsão legal expressa nesse sentido não afasta a
possibilidade de cobrança das despesas processuais dos beneficiários, desde que
observados os limites da capacidade financeira. (BRASIL, 2015)
Nesse sentido, a doutrina aponta que o acesso à justiça gratuita deve ser
assegurado apenas aos que comprovadamente não possuem condições financeiras de
arcar com as despesas do processo. A concessão da gratuidade não pode ser automática,
mas deve ser baseada em critérios objetivos de comprovação de insuficiência de
recursos.
Analisa-se que o jurista José Augusto Rodrigues Pinto (2005), defende que a
cobrança das custas processuais dos beneficiários da justiça gratuita na esfera trabalhista
está em conformidade com a legislação trabalhista e constitucional. Para ele, o art. 790,
§ 3º, da CLT prevê a concessão da justiça gratuita apenas aos que comprovarem
insuficiência de recursos, sendo que a falta de previsão expressa de isenção das custas
não pode ser interpretada como vedação à sua cobrança. (PINTO, 2005, p. 110-111)
Esse enfoque é baseado no entendimento de que a concessão da gratuidade não
pode ser automática, mas deve ser baseada em critérios objetivos de comprovação de
insuficiência de recursos, e que a cobrança de custas e honorários advocatícios dos
beneficiários da justiça gratuita na esfera trabalhista está em conformidade com a
legislação trabalhista e constitucional.
O jurista José Cairo Júnior, em seu livro "Curso de Direito do Trabalho" (2019),
defende que a gratuidade da justiça, assim como qualquer benefício, deve ser concedida
apenas aos que efetivamente preenchem os requisitos legais. Para ele, a exigência de
comprovação de insuficiência de recursos para a concessão da gratuidade visa evitar que
pessoas que não necessitam desse

benefício utilize-o indevidamente. Além disso, Cairo Júnior argumenta que a ausência
de previsão expressa de isenção das custas não pode ser interpretada como vedação à
sua cobrança, e que a concessão do benefício da justiça gratuita não pode ser vista como
um direito absoluto, mas sim como um direito condicionado à comprovação da
insuficiência de recursos. (CAIRO JÚNIOR, 2019, p. 85)
Nesse mesmo sentido, o jurista Adriano Sant'Ana Pedra, (2018), em seu artigo
"A justiça gratuita e a necessidade de comprovação da insuficiência econômica",
argumenta que a concessão da justiça gratuita na esfera trabalhista deve ser analisada
caso a caso, e que a exigência de comprovação da insuficiência de recursos é
fundamental para evitar o uso indevido do benefício. Ele ainda afirma que a cobrança de
custas e honorários advocatícios dos beneficiários da justiça gratuita não impede o
acesso à justiça, desde que seja observado o limite da capacidade financeira de cada um.
(PEDRA, 2018, p. 172)
Em resumo, o enfoque restritivo defende que a concessão da justiça gratuita
deve ser baseada em critérios objetivos de comprovação de insuficiência de recursos, e
que a cobrança de custas e honorários advocatícios dos beneficiários da justiça gratuita
na esfera trabalhista está em conformidade com a legislação trabalhista e constitucional,
desde que observados os limites da capacidade financeira de cada um.
Em análise ao enfoque amplo, outra corrente doutrinária defende que a
cobrança de custas e honorários advocatícios dos beneficiários da justiça gratuita na
esfera trabalhista é inconstitucional, tendo em vista que viola o direito fundamental de
acesso à justiça, garantido pela Constituição Federal.
Segundo essa corrente, a concessão do benefício da justiça gratuita tem por
objetivo garantir o acesso à justiça a todos, independentemente da condição financeira,
sendo incompatível com essa finalidade a cobrança de despesas processuais dos
beneficiários da justiça gratuita. A exigência de

Custas e honorários advocatícios dos beneficiários da justiça gratuita impede ou


dificulta o acesso à justiça, ferindo, assim, o princípio da igualdade.
O jurista Gustavo Filipe Barbosa Garcia, em sua obra "Manual de Direito do
Trabalho" (2018), afirma que a cobrança de custas e honorários advocatícios dos
beneficiários da justiça gratuita na esfera trabalhista é inconstitucional, tendo em vista
que viola o direito fundamental de acesso à justiça. Para ele, a garantia do acesso à
justiça gratuita é um corolário do direito à tutela jurisdicional, e não pode ser
condicionada à capacidade financeira do beneficiário. (GARCIA. 2018, p. 585)
O enfoque amplo, por sua vez, defende que a concessão do benefício da justiça
gratuita deve implicar automaticamente na isenção do pagamento das custas e
honorários advocatícios na esfera trabalhista, independentemente da comprovação da
insuficiência de recursos.
Essa corrente argumenta que a exigência de comprovação da insuficiência de
recursos para a concessão da gratuidade pode ser um entrave ao acesso à justiça para
pessoas que não têm condições de arcar com as despesas processuais, mas que também
não conseguem comprovar sua situação econômica.
Em estudo, percebe-se que a advogada trabalhista Gabriela Gomes Coelho, em
seu artigo "Justiça gratuita na esfera trabalhista e a cobrança de honorários advocatícios:
análise da ADI 5766", publicado na Revista Científica da Faculdade de Direito da
Universidade Federal de Uberlândia (2019), argumenta que a concessão da justiça
gratuita deve ser interpretada de forma ampla, e que a isenção do pagamento das custas
e honorários advocatícios na esfera trabalhista deve ser automática, independentemente
da comprovação da insuficiência de recursos. Segundo ela, a exigência de comprovação
da insuficiência de recursos para a concessão do benefício pode dificultar o acesso à
justiça para pessoas que não têm condições de arcar com as despesas processuais, e que
a gratuidade da justiça deve ser vista como um direito fundamental. (COELHO, 2019).

O jurista Pedro Lenza, em sua obra "Direito Constitucional Esquematizado"


(2019), também defende o enfoque amplo, argumentando que a gratuidade da justiça é
um direito fundamental que deve ser garantido a todas as pessoas que não têm
condições financeiras de arcar com as despesas processuais. Segundo ele, a concessão
da justiça gratuita deve ser automática e não pode estar condicionada à comprovação da
insuficiência de recursos, já que isso pode dificultar o acesso à justiça. (LENZA, 2019,
P. 719)
Em resumo, o enfoque amplo defende que a concessão da justiça gratuita na
esfera trabalhista deve implicar automaticamente na isenção do pagamento das custas e
honorários advocatícios, independentemente da comprovação da insuficiência de
recursos, e que a gratuidade da justiça é um direito fundamental que deve ser garantido
a todas as pessoas que não têm condições financeiras de arcar com as despesas
processuais.

d. Da jurisprudência

Foi analisada e constatado a existência de posicionamentos e jurisprudência


sobre a questão da cobrança de custas e honorários advocatícios dos beneficiários da
justiça gratuita na esfera trabalhista. Diante disso, em relação à jurisprudência, o
Tribunal Superior do Trabalho – TST, já se manifestou no sentido de que os
beneficiários da justiça gratuita não estão isentos do pagamento das custas processuais
na esfera trabalhista, a não ser que comprovem insuficiência de recursos financeiros.
Essa interpretação se baseia no art. 790, § 3º, da Consolidação das Leis do Trabalho -
CLT, que prevê que o benefício da justiça gratuita será concedido apenas aos que
comprovarem insuficiência de recursos. (BRASIL, 1943-2017)
No entanto, há também decisões do TST que reconhecem a
inconstitucionalidade da cobrança de custas e honorários advocatícios dos beneficiários
da justiça gratuita na esfera trabalhista, a exemplo do julgamento da Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do TST, no

processo E-ED-RR-19700-55.2009.5.09.0656, em que se entendeu que a exigência


dessas despesas viola o direito fundamental de acesso à justiça. (BRASIL, 2009)
Por sua vez, o Supremo Tribunal Federal – STF, ainda não se pronunciou sobre
a constitucionalidade da cobrança de custas e honorários advocatícios dos beneficiários
da justiça gratuita na esfera trabalhista e aguarda julgamento pelo plenário.
Percebe-se então, que há existência de correntes jurisprudenciais divergentes
sobre a questão da cobrança de custas e honorários advocatícios dos beneficiários da
justiça gratuita na esfera trabalhista, o que torna o tema controverso e relevante para o
debate jurídico.
Saliento ainda, uma visão crítica, corroborando a respeito do problema do caso
em tela. Nesse sentido:
Depreende-se a corrente restritiva, que defende que a gratuidade da justiça deve
ser concedida apenas para o acesso à justiça, ou seja, para as despesas processuais,
como as custas e taxas, mas não se estenderia aos honorários advocatícios. Segundo
essa corrente, a assistência jurídica gratuita não é uma obrigação do Estado, mas sim
uma faculdade.
Por outro lado, temos a corrente ampla, que entende que a gratuidade da justiça
deve abranger não só as custas processuais, mas também os honorários advocatícios,
sob pena de violação do princípio da isonomia e do acesso à justiça. Essa corrente se
baseia em princípios constitucionais, como a dignidade da pessoa humana, a igualdade,
a ampla defesa e o contraditório, além de normas internacionais de direitos humanos.
No que se refere à legislação aplicável, a Constituição Federal de 1988 prevê em
seu artigo 5º, inciso LXXIV, que o Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. Além disso, o art. 133 da
CF/88 dispõe que o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão. (BRASIL, 1988)

Nesse sentido, enfatizo que a Convenção Americana de Direitos Humanos


(Pacto de San José da Costa Rica) reconhece o direito de toda pessoa à assistência
judiciária gratuita quando não tiver recursos para pagar por ela.
Em relação à jurisprudência, o Supremo Tribunal Federal (STF) já se posicionou
sobre o tema, entendendo que a gratuidade da justiça abrange não só as custas
processuais, mas também os honorários advocatícios, nos termos do artigo 5º, inciso
LXXIV, da Constituição Federal. Nesse sentido, destacam-se os julgamentos das as
ADIs 1.127 e 1.950 foram ajuizadas no Supremo Tribunal Federal – STF, com o
objetivo de questionar dispositivos legais que restringiam o acesso à assistência
judiciária gratuita, especialmente no que se refere à exigência de comprovação de
hipossuficiência econômica. O STF, ao analisar o mérito dessas ações, declarou a
inconstitucionalidade de diversos dispositivos legais que impunham tais restrições,
reconhecendo o direito de todos à assistência judiciária gratuita, desde que comprovada
a impossibilidade de arcar com os custos do processo. Essas decisões consolidaram a
jurisprudência majoritária do STF sobre a matéria. (BRASIL, 2002-1993)
Diante disso, é possível concordar com a jurisprudência majoritária que entende
que a gratuidade da justiça abrange não só as custas processuais, mas também os
honorários advocatícios. Isso porque tal entendimento se baseia na Constituição Federal
e em normas internacionais de direitos humanos, além de garantir o acesso à justiça para
aqueles que não possuem condições financeiras para arcar com as despesas processuais.
Considerando a controvérsia jurídica envolvida na ADI 5766, bem como a
legislação e a jurisprudência aplicáveis ao tema, a decisão mais adequada seria pela
inconstitucionalidade da cobrança de custas e honorários advocatícios dos beneficiários
da justiça gratuita na esfera trabalhista.
A Constituição Federal, por sua vez, prevê o direito à assistência judiciária
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos, garantindo o
acesso à justiça para todos, sem distinção de classe social. Além disso, o Pacto de San
José da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário, reconhece o direito de toda pessoa à
assistência judiciária gratuita.
Corrobora-se que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já se manifestou
pela inconstitucionalidade da cobrança de custas processuais dos beneficiários da justiça
gratuita em outras esferas, como na ADI 1.127 e na ADI 1.950, conforme já citado
acima. Portanto, é coerente estender essa mesma decisão para a esfera trabalhista.
Ademais, a cobrança de custas e honorários advocatícios dos beneficiários da
justiça gratuita na esfera trabalhista pode prejudicar o acesso à justiça, já que muitos
trabalhadores podem desistir de buscar seus direitos por não terem condições
financeiras para arcar com esses custos. Diante disso, é possível concordar com a
jurisprudência majoritária sobre o tema abordado, que é pela inconstitucionalidade da
cobrança de custas e honorários advocatícios dos beneficiários da justiça gratuita na
esfera trabalhista.
São os fundamentos, conclui-se.

DA CONCLUSÃO

Ante o exposto, conclui-se que a controvérsia jurídica envolvendo a cobrança de


custas e honorários advocatícios dos beneficiários da justiça gratuita na esfera
trabalhista é um tema de grande relevância no cenário jurídico brasileiro.
Foi possível verificar que existem duas correntes doutrinárias em relação ao
tema: a restritiva e a ampla. A primeira entende que apenas os beneficiários que
comprovem insuficiência de recursos devem ser isentos de tais custas, enquanto a
segunda defende que todos os beneficiários da justiça gratuita, independentemente de
comprovação de insuficiência de recursos, devem ser isentos.

Analisando a legislação e a jurisprudência, foi possível verificar que a


Constituição Federal de 1988 assegura o acesso à Justiça gratuita para aqueles que
comprovem insuficiência de recursos, e que a Convenção Americana de Direitos
Humanos reconhece o direito de toda pessoa à assistência judiciária gratuita quando não
tiver recursos para pagar por ela.
Por fim, considerando a importância do acesso à justiça para a garantia dos
direitos e o papel da assistência judiciária gratuita nesse contexto, a decisão mais
adequada seria a de que todos os beneficiários da justiça gratuita devem ser isentos das
custas e dos honorários advocatícios, independente de ganhar ou não sua pretensão.

É o parecer.

Estagiário de Prática Supervisionada

Professores Orientadores

REFERÊNCIAS

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 463: A gratuidade da justiça não


abrange os recursos extraordinário e especial interpostos antes da concessão do
benefício, salvo manifestação inequívoca da parte ou prova irrefutável do estado de
miserabilidade. Brasília, 19 de dezembro de 2011. Disponível em:
http://www.stj.jus.br/docs_sjtservicos/Sumulas_STJ_2012-2015.pdf. Acesso em: ?

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI 1.127 MC/DF - DISTRITO FEDERAL,


Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade, Relator (a): Min. CELSO DE
MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 04/08/1993, DJ 03-09-1993 PP-18533 EMENT
VOL-01724-03 PP-00521. Disponível em:
http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=260132439&ext=.pdf. Acesso
em: ?

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI 1950/DF - DISTRITO FEDERAL, Ação


Direta de Inconstitucionalidade, Relator (a): Min. NELSON JOBIM, Tribunal Pleno,
julgado em 29/05/2002, DJ 01-11-2002 PP-00025 EMENT VOL-02088-01 PP-00001.
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?
id=260132534&ext=.pdf. Acesso em: ?

BRASIL. Lei nº 13.427/2017. Altera a consolidação das leis do trabalho (CLT),


aprovada pelo decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as leis nº 6.019, de 3 de
janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de
adequar a legislação às novas relações de trabalho. Chefe de governo: Michel Temer,
Brasília 14 de julho de 2017. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em:
?

BRASIL. Decreto nº 5.452/1943. Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Chefe de


governo: Getúlio Vargas. Brasília, 09 de agosto de 1943. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm. Acesso em: ?

BRASIL. Código de Processo Civil – CPC/2015. Das despesas, dos honorários


advocatícios e das multas. Chefe de governo: Dilma Rousseff. Brasília, 16 de mar. De
2015. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso
em:?

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necessitados. Chefe de governo: Eurico Gaspar Dutra. Brasília, 05 de fevereiro de 1950.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l1060.htm. Acesso em: ?

BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Súmula 481/2012: Faz jus ao benefício da


justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua
impossibilidade de arcar com os encargos processuais. Corte Especial. Relator Ministro:
Cesar Asfor Rocha. Brasília, 28 de junho de 2012. Disponível em:
https://www.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-
2017_43_capSumulas481-485.pdf. Acesso em: ?

BRASIL. Lei nº 5.584/1970: Dispõe sobre normas de Direito Processual do Trabalho,


altera dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho, disciplina a concessão e
prestação de assistência judiciária na Justiça do Trabalho, e dá outras providências.
Chefe de governo: Emílio G. Médici. Brasília, 26 de junho de 1970. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5584.htm. Acesso em: ?

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