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AO JUÍZO DA VARA DO TRABALHO DE RIO DE JANEIRO

PEREIRA NUNES, casado, freelancer, inscrito no CPF sob nº xxxxxxxxx, e-mail xxxx, CTPS
xxxxxxx , PIS nº xxxxxxx , residente e domiciliado na rua xxxxxxxx , nú mero xx , bairro xxx ,
na Cidade de Rio de Janeiro , RJ , CEp xxxx , vem à presença de Vossa Excelência, por meio
do seu Advogado, infra assinado, ajuizar

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
C/C PEDIDO LIMINAR
em face de xxxxxx. , pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº xxxxxx , com
sede em xxxxx , CEP xxxxxx pelos motivos e fatos que passa a expor.

SÍNTESE DA RELAÇÃO DE TRABALHO


Trata-se de contrato forma verbal de trabalho nas seguintes condiçõ es:
CARGO: reporter;
FUNÇÃO: Interpreta e organiza informaçõ es e notícias, desenvolve reportagens
JORNADA DE TRABALHO: 8 horas diá rias, com 44 horas semanais, com início de 8:00
horas à s 17:00 com 1 hora de intervalo;
REMUNERAÇÃO: R$ 2.000.
Ocorre que o Réu nã o assinou a cTPS e por isso o Autor deseja o reconhecimento do vinculo
empregatício motivo pelo qual vem em busca da tutela jurisdicional pela presente
Reclamaçã o Trabalhista.

DA JUSTIÇA GRATUITA
A Reforma Trabalhista, ao alterar o Art. 790 da CLT, trouxe expressamente o cabimento do
benefício à gratuidade de justiça ao dispor:
Art. 790 (...) § 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo. (Incluído pela Lei
nº 13.467, de 2017)
Assim, considerando que a renda do Reclamante gira em torno de R$2.000, tem-se por
insuficiente para cumprir todas suas obrigaçõ es alimentares e para a subsistência de sua
família.
Trata-se da necessá ria observâ ncia a princípios constitucionais indisponíveis preconizados
no artigo 5º inc. XXXV da Constituiçã o Federal, pelo qual assegura a todos o direito de
acesso a justiça em defesa de seus direitos, independente do pagamento de taxas, por
ausente prova em contrá rio do direito ao benefício.
Trata-se de conduta perfeitamente tipificada pelo Có digo de Processo Civil de 2015, que
previu expressamente:
Art. 99. [...]
§ 2º - O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo,
antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento
dos referidos pressupostos.
§ 3º - Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente
por pessoa natural.
Para tanto, junta em anexo declaraçã o de hipossuficiência que possui presunçã o de
veracidade, conforme expressa redaçã o da sú mula 463 do TST:
Súmula nº 463 do TST
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO - Res. 219/2017, DEJT divulgado
em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017
I - A partir de 26.06.2017, para a concessã o da assistência judiciá ria gratuita à pessoa
natural, basta a declaraçã o de hipossuficiência econô mica firmada pela parte ou por seu
advogado, desde que munido de procuraçã o com poderes específicos para esse fim (art.
105 do CPC de 2015);
Assim, tal declaraçã o só pode ser desconsiderada em face de elementos comprobató rios
suficientes em contrá rio, conforme lecionam grandes doutrinadores sobre o tema:
"1. Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é necessário que a parte seja pobre ou
necessitada para que possa beneficiar-se da gratuidade da justiça. Basta que não tenha
recursos suficientes para pagar as custas, as despesas e os honorários do processo. Mesmo que
a pessoa tenha patrimônio suficiente, se estes bens não têm liquidez para adimplir com essas
despesas, há direito à gratuidade." (MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz.
MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. 3ª ed. Revista dos Tribunais,
2017. Vers. ebook. Art. 98)
Nesse sentido é a jurisprudência sobre o tema:
JUSTIÇA GRATUITA CONCEDIDA AO AUTOR. Sendo a açã o ajuizada apó s a entrada em vigor
da Lei nº 13105/15 ( Novo CPC), nos termos da Lei nº. 1.060/50, a simples declaração
lavrada pelo reclamante gera a presunção de que é pobre na forma da lei, apenas
podendo ser elidida por prova em contrário. Apresentando o autor declaraçã o de
pobreza autô noma, sem qualquer impugnaçã o quanto à sua forma ou conteú do, resta
mantida a concessã o do benefício da justiça gratuita. Recurso a que se nega provimento.
(Processo: RO - 0001367-63.2016.5.06.0145, Redator: Paulo Alcantara, Data de
julgamento: 21/01/2019,Segunda Turma, Data da assinatura: 22/01/2019, #53323612)
#3323612
EMENTA BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PRESUNÇÃ O DE VERACIDADE DA
DECLARAÇÃ O DE INSUFICIÊ NCIA ECONÔ MICA. É presumivelmente verdadeira a
declaração de insuficiência econômica formulada pelo trabalhador, sendo devida a
concessão do benefício da gratuidade de justiça, salvo na hipótese em que
demonstrada a falsidade do seu teor. Aplicaçã o do art. 99, § 3º, do CPC/2015. (TRT4, RO
0020099-75.2016.5.04.0201, Relator (a): Tâ nia Regina Silva Reckziegel, 2ª Turma,
Publicado em: 16/03/2018, #43323612)
AGRAVO INSTRUMENTO. RECURSO ORDINÁ RIO. GRATUIDADE JUSTIÇA.
HIPOSSUFICIÊ NCIA ECONÔ MICA. MERA DECLARAÇÃ O. Para o deferimento do benefício
da justiça gratuita exige-se tão somente a declaração da parte quanto à sua
hipossuficiência. Agravo Instrumento interposto pela reclamante conhecido e
provido. (TRT-1, 00000082120175010521, Relator Desembargador/Juiz do Trabalho:
Marcia Leite Nery, Quinta Turma, Publicaçã o: DOERJ 19-04-2018, #93323612)
Por tais razõ es, com fulcro no artigo 5º, LXXV da Constituiçã o Federal, pelo artigo 98 do
CPC e 790 §4º da CLT requer seja deferida a AJG ao requerente.
Por fim, no caso de qualquer improcedência aos pedidos aqui pleiteados, requer seja
considerada a ADI 5766, na qual o STF declara inconstitucionais as previsões dos Arts.
790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)

DA IRRETROATIVIDADE DA REFORMA TRABALHISTA NOS CASOS PREJUDICIAIS


AO TRABALHADOR
Nã o obstante a vigência e aplicaçã o imediata da Lei 13.467/17 que instituiu a Reforma
Trabalhista, necessá rio dispor sobre a irretroatividade da lei, quando em prejuízo do ato
jurídico perfeito das relaçõ es jurídicas anteriores à reforma.
Trata-se da observâ ncia pura à SEGURANÇA JURÍDICA inerente ao Estado Democrá tico de
Direito, e de preservar o DIREITO ADQUIRIDO, nos termos de clara redaçã o constitucional
em seu Art. 5º:
XXXVI - a lei nã o prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Trata-se de aplicaçã o inequívoca do PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DE NORMA
NOVA, especialmente quando trazem normas prejudiciais ao trabalhador, conforme
disposto no DECRETO-LEI Nº 4.657/42 (LIDB):
Art. 6º. A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o
direito adquirido e a coisa julgada.
A doutrina ao corroborar este entendimento destaca sobre a nã o aplicabilidade de normas
novas concernentes à situaçõ es constituídas antes de sua entrada em vigor:
"Como se vê, a lei tem efeito imediato, mas não pode retroagir para prejudicar o ato
jurídico perfeito, assim entendido como aquele já consumado segundo a lei vigente ao tempo
que se efetuou (Ar. 6º, § 2º, da LINDB). (...)
Admitir o efeito imediato aos contrato de prestação continuada em curso é autorizar
indevidamente a retroatividade da lei no tempo, ferindo o direito adquirido e o ato
jurídico perfeito." (MIZIARA, Raphael. Eficácia da lei 13.467/2017 no tempo: critérios
hermenêuticos que governam a relação entre leis materiais trabalhistas sucessivas no tempo.
In Desafios da Reforma Trabalhista. Revista dos Tribunais, 2017. p.22-23)
Sobre o tema, a jurisprudência já consolida o presente entendimento:
REFORMA TRABALHISTA. LEI 13.467/17. INTERTEMPORALIDADE PROCESSUAL. As
teorias clá ssicas da intertemporalidade processual podem ser resumidas em 3 vertentes:
(i) Teoria da Unidade do Processo; (ii) Teoria da Autonomia das Fases (postulató ria,
instrutó ria, decisó ria, recursal e executó ria) e (iii) Teoria dos Atos Isolados. O CPC de 2015
parece indicar a adoçã o, em seu art. 14, de uma forma geral, da teoria dos atos isolados, de
aplicaçã o imediata aos processos em curso, sem retroaçã o, preservando a lei da data da
prá tica dos atos. Todavia, o pró prio CPC já mitiga tal teoria, ao distinguir entre 'atos
praticados' e 'situaçõ es jurídicas consolidadas',que é uma clara indicaçã o de que a teoria
dos atos isolados pode e deve ser combinada com a teoria da autonomia das fases
processuais. Há outros exemplos de mitigaçã o da teoria dos atos isolados, como o art. 1047
do CPC, que opta pela lei vigente à época em que a prova foi requerida ou determinada ex
officio pelo juiz, nã o pela data da produçã o da respectiva prova. Por outro lado, o TST já
acenou até mesmo com a adoçã o de uma teoria mais radical, a da unidade do processo, por
ocasiã o da promulgaçã o da Lei 9957/2000, ocasiã o em que se alterou a parte processual da
CLT, oportunidade em que tal teoria foi adotada pela jurisprudência da mais Alta Corte
Trabalhista, vazada na OJ 260 da SDBI-1, que somente admitiu a aplicaçã o do rito
sumaríssimo aos processos iniciados apó s a vigência da nova lei. Dessa forma, toda a
discussão entre as partes é anterior à vigência da Lei nº 13.467/17, não devendo ser
aplicada ao caso em exame. (...) Nã o se imprime eficá cia retroativa a situaçã o processual
postulató ria já consolidada, por expressa vedaçã o pelo art. 1444 4 do CPC de 2015 5 5 5.
(TRT-3 - RO: 00117317820155030027 0011731-78.2015.5.03.0027, Relator: Jose Eduardo
Resende Chaves Jr., Primeira Turma - 09/05/18, #63323612)
DIREITO INTERTEMPORAL INAPLICABILIDADE DAS REGRAS CONSTANTES DA LEI
13.467/2017 ÀS AÇÕES AJUIZADAS ATÉ 10.11.2017. A Lei nº 13.647/2017 nã o trouxe
regramento expresso quanto à aplicaçã o da lei no tempo e a MP 808, de 14 de novembro de
2017, além de ser flagrantemente inconstitucional por nã o preencher os requisitos de
relevâ ncia e urgência preconizados no artigo 62, da Constituiçã o Federal, (...) Nesse sentido
foi que, por ocasiã o da promulgaçã o da Lei 9957/2000, que instituiu o rito sumaríssimo no
processo do trabalho, o TST adotou o entendimento de que a lei só seria aplicá vel aos
processos iniciados apó s a vigência da nova lei, conforme dicçã o da OJ nº 260, da
SDI1.Portanto, tendo em vista a necessidade de conferir segurança jurídica às partes
(art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal), afastando-se o elemento surpresa (art. 10, do
CPC) e em homenagem ao princípio da colaboraçã o (art. 5º, do CPC), decido, por analogia
com o disposto nos arts. 192, da Lei 11.101/2005, e 1046, § 1º, do CPC, considerar
inaplicáveis, às ações ajuizadas até 10.11.2017, as regras processuais constantes da
Lei nº 13.467/2017, com exceçã o da nova disciplina referente à contagem dos prazos
processuais (contados em dias ú teis), por considerar que tal medida nã o resulta prejuízos
processuais para quaisquer das partes. Quanto ao Direito Material do Trabalho, nã o se
pode dar efeito retroativo à lei no tempo, com adoçã o de efeito imediato aos contratos de
trabalho extintos antes da sua vigência, sob pena de ferimento ao direito adquirido e ao ato
jurídico perfeito, em confronto com o arts. 5º, inciso XXXVI, da Constituiçã o Federal e art.
6º, caput, da LINDB. Assim, uma vez que, no presente caso, a lide versa sobre contrato de
trabalho já encerrado no momento da entrada em vigor da Lei 13.467/2017, as disposiçõ es
constantes do referido diploma legal nã o terã o incidência. (TRT-21 - RTOrd:
00009353120175210003, Data de Julgamento: 19/01/2018, Data de Publicaçã o:
19/01/2018)
Este entendimento já foi concretizado pela Sú mula 191 do TST que entendeu em caso
aná logo a nã o aplicaçã o de lei norma por ser prejudicial ao empregado:
Sú mula nº 191 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INCIDÊ NCIA. BASE DE CÁ LCULO
(cancelada a parte final da antiga redaçã o e inseridos os itens II e III)
(...)
III - A alteraçã o da base de cá lculo do adicional de periculosidade do eletricitá rio
promovida pela Lei nº 12.740/2012 atinge somente contrato de trabalho firmado a
partir de sua vigência, de modo que, nesse caso, o cá lculo será realizado exclusivamente
sobre o salá rio bá sico, conforme determina o § 1º do art. 193 da CLT.
Assim, mesmo que em vigor, a nova lei só pode produzir efeitos para a relaçã o existente a
partir 11/11/2017, em respeito à clá usula pétrea de proteção ao direito adquirido.

DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO


Nã o obstante a contrataçã o do reclamante como Freelancer, trata-se de vínculo
empregatício que merece ser reconhecido, pois a atividade desempenhada pela Reclamante
preenchem exatamente os requisitos previstos no art. 3º da CLT:
"Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário".
Afinal, o Reclamante, sempre cumpriu determinaçõ es da reclamada mediante remuneraçã o
pactuada, preenchendo todos os requisitos do referido artigo, a saber:
• Subordinação - O Reclamante era diretamente subordinado à Reclamada, a qual dava
todas as diretrizes necessá rias à execuçã o da prestaçã o do serviço, mediante ordens e
determinaçõ es de Jorge Maicon- Coordenador de Jornalismo, nã o tendo o reclamante
qualquer autonomia na execuçã o das atividades do reclamante.
• Pessoalidade - As atividades e encargos diá rios eram executados exclusivamente pelo
Reclamante, o qual recebeu treinamento específico no início da relaçã o de emprego, e
recebia atribuiçõ es individualmente para o exercício das atividades que lhe eram
delegadas, prestando os serviços com nítida pessoalidade. Como prova do alegado,
junta os e-mail trocados ;
• Habitualidade - Todas as atividades eram executadas pelo reclamante nos mesmos
horá rios com habitualidade, sempre dentro das determinaçõ es impostas pela
reclamada, conforme folha de ponto que junta em anexo.
• Onerosidade - O reclamante percebia habitualmente a remuneraçã o de R$ 2.000por
mês, conforme extrato de sua conta que junta em anexo, caracterizando a onerosidade
das tarefas realizadas;
No presente caso, a existência de contrato de freelancer constitui mera simulaçã o, uma vez
que os requisitos do Art. 3º da CLT ficaram perfeitamente configurados.
Do reconhecimento do vínculo de emprego Incontroverso a presença do requisito da
onerosidade, diante da existência de contraprestaçã o pelos serviços desempenhados, bem
como evidenciada a subordinaçã o estrutural, na medida em que nã o é possível observar
nenhum resquício de que o autor, no exercício das funçõ es de garçom, fosse senhor dos
frutos do seu trabalho ou que possuísse sistematizaçã o pró pria na execuçã o de suas
atividades. Reputo satisfeito, ainda, o requisito da nã o eventualidade, porquanto,
depreende-se da prova oral o labor de quarta a domingo. Outrossim, insubsistente a tese
recursal fulcrada na ausência de pessoalidade, haja vista que enquanto a testemunha
obreira é firme ao declarar que o reclamante nã o podia mandar outra pessoa no seu lugar,
a trazida pela demandada, tã o somente, discursou acerca da relaçã o de trabalho dos
freelances de maneira geral, sem informar, contudo, dados no que se refere ao recorrente.
No mais, as testemunhas ouvidas foram contraditó rias acerca dos fatos, restando a prova
oral dividida, o que pesa em desfavor da recorrida, quem detinha o encargo probató rio.
Destarte, impõ e-se a reforma da r. decisã o de primeira instâ ncia, para reconhecer a
existência de vínculo de emprego e determinar o retorno dos autos à origem, para
apreciaçã o dos demais pedidos. Prejudicada a apreciaçã o das demais matérias recursais.
Acolho. (TRT-2, 1000556-58.2017.5.02.0082, Rel. MARTA CASADEI MOMEZZO - 2ª Turma -
DOE 22/08/2019)
Trata-se, portanto, de contrato simulado, devendo ser considerado nulo, nos termos do Art.
167 do Có digo Civil.
Arnaldo Rizzardo ao disciplinar sobre o tema, esclarece sobre a configuraçã o de contrato
simulado:
"a) (...) c) É feita no sentido de iludir terceiros. Os ajustes aparentam ser positivos e certos,
mas formam negócios jurídicos fantasiosos, imaginários, não queridos pelos interessados, (...).
Constitui a reserva mental uma simulação unilateral; o segundo contratante é o
enganado. Não é admitida pelo direito diante de sua finalidade intrínseca, que é enganar,
formada de negócios eivados de vícios." (RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 16ª ed. Forense,
2017. Kindle edition, p. 6342)
Afinal, tem-se como princípio fundamental a responsabilizaçã o daquele que se beneficia do
trabalho que foi explorado, conforme destaca a doutrina especializada:
"O que precisa ficar bem claro é que no campo do direito do trabalho jamais o
beneficiário da atividade laboral pode ficar de fora da responsabilidade. Ao contrário
de outros segmentos jurídicos, em que cláusulas contratuais de desoneração de
responsabilidade podem ser livremente pactuadas, no direito do trabalho o objeto primordial
é a energia humana, a qual, uma vez empreendida, é irrecuperável e irretornável, sendo
considerado imoral, além de ilegal, que o beneficiário dessa força de trabalho
simplesmente sonegue a contraprestação e se considere irresponsável pelas
reparações cabíveis." (SILVA, Homero Batista Mateus da. Curso de Direito do Trabalho
Aplicado. Vol 1. Editora RT, 2017. versã o ebook, Cap. 12)
Resta claro, portanto, a presença de todos os requisitos necessá rios para o reconhecimento
do vínculo empregatício.

DO NÃO PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS


Conforme narrado, o Reclamante prestou serviços para a Reclamada entre 04/05/2019o
28/06/202 , data em que foi despedido sem justa causa, e, sem receber nenhuma verba
rescisó ria.
Ocorre que, por tratar-se de contrato por prazo indeterminado, além dos pagamentos
proporcionais de salá rio, férias e 13º devidos, o Autor ainda faz jus:
a) Ao aviso prévio, nos termos do Art. 487 da CLT;
b) FGTS sobre verbas rescisó rias e Multa de 40% sobre saldo do FGTS;
c) Liberaçã o das guias do seguro desemprego, sob pena de incidência da indenizaçã o
substitutiva prevista na Sú mula 389 do TST;
d) Multa do Art. 477, § 8º, da CLT.
Diante de todo o exposto, o Reclamante requer a procedência dos pedidos veiculados na
presente reclamaçã o trabalhista, com a condenaçã o da Reclamada no pagamento das
verbas rescisó rias, conforme valores indicados nos pedidos.

HORAS EXTRAS À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR


O Reclamante, além de realizar fielmente suas atividades como acordado, era obrigado a
prolongar sua jornada em até 60 minutos antes seu horá rio, para discutir detalhes de
reportagens que iriam ser informados no jornal e 180 minutos depois para discutir temas e
furos jornalísticos para a pró xima ediçã o .
Ou seja, estava à disposiçã o do Empregador em mais 240 minutos além do horá rio
contratual, sendo devido o reconhecimento de jornada de trabalho:
HORAS EXTRAS. TEMPO GASTO À DISPOSIÇÃ O DA EMPRESA. As atividades do tipo da
desenvolvida pelo Autor implicam em muito suor e contato com diversos materiais que
acabam sujando o indivíduo, nã o sendo razoá vel exigir-se que saia do trabalho
uniformizado e sem banho. Logo, ante a impossibilidade de o Autor ir embora apó s o
término do trabalho, esse tempo gasto no vestiá rio deve ser pago como horas extras.
Aplicaçã o analó gica da Sú mula 429 do TST. (TRT-1 - RO: 00117353320155010040,
Relator: GISELLE BONDIM LOPES RIBEIRO, Data de Julgamento: 15/03/2017, Sétima
Turma, Data de Publicaçã o: 31/03/2017, #83323612)
JORNADA DE TRABALHO. TEMPO À DISPOSIÇÃ O DA EMPRESA. HORAS EXTRAS. Inclui-se
na jornada do empregado o tempo em que permanece nas dependências da empresa à sua
disposiçã o. Tal período deve ser computado na apuraçã o das horas extras. Recurso
ordiná rio a que se nega provimento. (TRT-6 - RO: 00006892820165060281, Data de
Julgamento: 05/06/2017, Terceira Turma, #93323612)
HORAS EXTRAS. TROCA DE UNIFORME. O tempo despendido pelo empregado na troca de
uniforme, quando ultrapassados os cinco minutos de tolerâ ncia previstos no § 1º do artigo
58 da CLT, caracteriza-se como tempo à disposiçã o do empregador, consoante Sú mula 366
do C. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso da reclamada nã o provido, no particular.
HORAS EXTRAS. ACORDO DE COMPENSAÇÃ O. INVALIDADE. A prestaçã o habitual de horas
extras e o labor em condiçõ es insalubres sem a prévia autorizaçã o do poder pú blico, nos
termos do art. 60 da CLT, invalidam o acordo compensató rio de horas extras.
Entendimento firmado pelo Pleno deste Regional no julgamento do IUJ 0024170-
23.2015.5.24.0000. Recurso do reclamante provido. (TRT-24 00248537120155240061,
Relator: RICARDO GERALDO MONTEIRO ZANDONA, 2ª TURMA, Data de Publicaçã o:
14/02/2017, #13323612)
Razã o pela qual, o tempo dedicado a ________ deve ser computado como hora extra e
repercutir em todos os seus reflexos, conforme cá lculo discriminado em anexo.

DO TRABALHO AOS DOMINGOS E FERIADOS


A Constituiçã o Federal, por meio do artigo 7º, inciso XV, bem como o artigo 67 da CLT
estabelece o repouso semanal remunerado preferentemente aos domingos e, quando
realizado, será sempre subordinado à permissã o prévia da autoridade competente em
matéria de trabalho, o que de fato nã o ocorreu com o Reclamante.
Dessa forma, diante da sú mula 146 do TST, os dias trabalhados em domingos e feriados
deverã o ser pagos em dobro sem prejuízo à remuneraçã o relativa ao repouso semanal.,
conforme precedentes sobre o tema:
JORNADA DE TRABALHO -domingos e feriados nã o compensados. Sem razã o Como bem
analisado pela origem, restou comprovada a ativaçã o do obreiro em jornada que extrapola
sete dias consecutivos, sem folga compensató ria ou percepçã o da remuneraçã o em dobro
pelo trabalho em tais dias. Nã o trouxe a recorrente, por seu turno, nenhum argumento que
pudesse infirmar a fundamentaçã o lançada em sentença, a qual resta mantida incó lume,
por consequência. (TRT-2, 1000977-54.2017.5.02.0468, Rel. ANA CRISTINA LOBO
PETINATI - 5ª Turma - DOE 02/07/2019)
DOMINGOS LABORADOS NA ESCALA 12 X 36. PAGAMENTO EM DOBRO. INDEVIDO.
INTELIGÊ NCIA DA SÚ MULA REGIONAL Nº 47. O julgado a quo está na contramã o da
jurisprudência deste E. Regional, veja-se: 47 - Jornada de trabalho. Escala 12X36.
Pagamento em dobro dos domingos e feriados trabalhados. (Res. TP nº 06/2015 -
DOEletrô nico 11/12/2015) Os domingos trabalhados no regime de escala 12X36 nã o sã o
devidos em dobro, já que se trata de dia normal de trabalho. Os feriados trabalhados,
sem folga compensatória, são devidos em dobro. Ressalte-se, ainda, a Sú mula nº 444 do
C. TST, que determina o pagamento em dobro apenas dos feriados laborados, nada
mencionando quanto aos domingos. Apelo da reclamada que se acolhe. (TRT-2, 1002252-
81.2016.5.02.0465, Rel. VALDIR FLORINDO - 6ª Turma - DOE 25/03/2019)
RECURSO ORDINÁ RIO DO AUTOR. PAGAMENTO DE DOMINGOS E FERIADOS. No caso em
tela, analisando os cartõ es de ponto, constata-se que nã o havia folga compensató ria em
razã o do labor em domingos e feriados, fora da escala 12x36, e os contracheques provam
que nã o havia o pagamento de todos os domingos trabalhados com o adicional de 100%,
nem tampouco de todos os feriados laborados, conforme exigência das normas coletivas.
Portanto, faz jus o autor ao pagamento de domingos e feriados (municipais,
estaduais e federais) laborados, em dobro, e seus reflexos, devendo ser consideradas
as folgas compensatórias permitidas em cada uma das Convenções Coletivas de
Trabalho adunadas aos autos, durante a vigência de cada uma delas, e autorizando-se a
deduçã o de valores pagos a idêntico título, sob pena de enriquecimento ilícito. Recurso
autoral conhecido e parcialmente provido. (TRT-1, 01010821720175010005, Relator
Desembargador/Juiz do Trabalho: SAYONARA GRILLO COUTINHO LEONARDO DA SILVA,
Gabinete da Desembargadora Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva, Publicaçã o:
2019-06-28)
RECURSO ORDINÁ RIO DA RECLAMANTE. DOMINGOS E FERIADOS TRABALHADOS. A
Constituiçã o Federal assegura, em seu art. 7º, inciso XV, a fruiçã o do "repouso semanal
remunerado, preferencialmente aos domingos". Em que pese nã o haja a imposiçã o de gozo
do repouso semanal exclusivamente aos domingos, conforme disposiçõ es acima
transcritas, a Lei n. 10.101/2000 garante ao empregado seja o repouso usufruído ao menos
em um domingo a cada três semanas, conforme dispõ e o seu art. 6º. Desse modo, ainda que
tenha sido concedido o repouso semanal em dia diverso, fazia jus a reclamante a ver
coincidi-lo em um domingo a cada três laborados, o que nã o foi observado pela ré. Assim,
devido o pagamento em dobro de um domingo a cada três trabalhados. Bem assim,
relativamente ao período contratual sem registros de horá rio, forma-se a presunçã o
relativa de veracidade do alegado na petiçã o inicial quanto ao labor em feriados sem o
correspondente pagamento, (...) (TRT-4, RO 00209444920175040015, Relator (a):
Alexandre Correa Da Cruz, 3ª Turma, Publicado em: 21/02/2019)
Nesse sentido, considerando que o reclamante laborou aos domingos, no período de 2019 o
2022, conforme provas que junta em anexo, deve usufruir da devida remuneraçã o.

DA NECESSÁRIA LIBERAÇÃO DA GUIA DO SEGURO DESEMPREGO


Nã o obstante a ocorrência da rescisã o contratual ocorrer em 10/04/2022 a Reclamante
ainda nã o teve acesso à s guias SD/CD para viabilizar o percebimento do seguro-
desemprego.
Portanto, deve a Reclamada ser condenada à imediata liberaçã o sob pena de indenizaçã o
substitutiva equivalente à cinco parcelas da respectiva verba, bem como a liberaçã o do
TRCT e chaves de conectividade para recebimento do FGTS.

DO CABIMENTO DA MULTA DO ART. 477


Considerando que o Reclamante nã o recebeu no prazo legal as verbas a que fazia jus
quando da dispensa, resta configurada a multa do art. 477, § 8º, da CLT, especialmente
porque o reconhecimento da relaçã o de emprego com a reclamada vir a ocorrer somente
em Juízo.
No mesmo sentido, os seguintes precedentes da Alta Corte Trabalhista:
RECURSO ORDINÁ RIO. RECURSO DO RECLAMANTE. MULTA DO § 8º ART. 477 DA CLT.
PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓ RIAS FORA DO PRAZO LEGAL. DEVIDA A MULTA. A
multa do art. 477 da CLT é gerada pela falha da quitação das verbas rescisórias, em
estrito senso, ou a destempo pela reclamada e, com isso, só é afastada se o
pagamento integral das verbas trabalhistas incontroversas devidas ocorrer dentro
do prazo legal (pará grafo 6º do art. 477 da CLT), independentemente, do tipo de
modalidade de extinçã o contratual e da data da homologaçã o do TRCT, na linha da
jurisprudência pacífica do C. TST e da Tese Prevalecente 08 decorrente de decisã o
proferida em Incidente de Uniformizaçã o de Jurisprudência instaurado perante este
Egrégio Regional do Trabalho da Primeira Regiã o. Nã o depositado, in casu, o valor das
verbas rescisó rias elencadas no TRCT dentro do prazo legal, sem qualquer culpa por parte
do reclamante, dou provimento ao pleito de condenaçã o ao pagamento da multa do
pará grafo 8º do art. 477 da CLT. Recurso provido. (TRT-1, 0101006-61.2017.5.01.0047 -
DEJT 2019-07-30, Rel. ANA MARIA SOARES DE MORAES, julgado em 09/07/2019)
MULTA DO ART. 477 DA CLT. A teor do que dispõe o § 8º do artigo 477, da CLT (com
redação anterior à Lei 13.467/17), é devida multa em valor equivalente ao salário do
empregado quando o pagamento dos haveres rescisórios é feito a destempo, ou seja,
em prazo superior ao dia seguinte ao término do aviso prévio trabalhado, ou, quando este
for indenizado, em 10 dias a contar da data da notificaçã o da demissã o (alínea b, § 6º,
artigo 477, CLT). (TRT-1, 0104068-95.2016.5.01.0451 - DEJT 2019-07-25, Rel. CLAUDIA DE
SOUZA GOMES FREIRE, julgado em 09/07/2019)
RECURSO ORDINÁ RIO. MULTA DO ART. 477, § 8.º, DA CLT. A indenização compensatória
do FGTS tem natureza de verba rescisória e a omissão em seu pagamento enseja a
aplicação da multa do art. 477, § 8.º, da CLT. (TRT-1, 0100104-72.2018.5.01.0080 - DEJT
2019-02-15, Rel. MONICA BATISTA VIEIRA PUGLIA, julgado em 04/02/2019)
Assim, devido o pagamento da multa, eis que as verbas rescisó rias nã o foram pagas no
prazo legal, impondo-se a penalidade em razã o da mora.

DA MULTA DO ART. 467 DA CLT


Tratando-se de verbas incontroversas, tem-se pelo devido pagamento da multa prevista no
art. 467 da CLT, que assim dispõ e:
Art. 467.Em caso de rescisã o de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o
montante das verbas rescisó rias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data
do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de
pagá -las acrescidas de cinqü enta por cento".
Portanto, considerando que as verbas referentes os salá rios de fevereiro a junho de 2022
nã o pagos, férias e horas extras , nã o foram pagas ao final do contrato, devido o pagamento
da multa de 50%, conforme precedentes sobre o tema:
MULTA DO ART. 467 DA CLT. INCIDÊ NCIA. BASE DE CÁ LCULO. Sendo infundada a
controvérsia e nã o tendo sido efetuado pagamento em audiência, cabe a incidência da
multa do art. 467 da CLT. Nã o há equívoco ao incluir salá rios vencidos, aviso prévio e
indenizaçã o compensató ria na base de cá lculo dessa multa, porquanto se considera verba
rescisó ria toda parcela devida ao trabalhador no momento da rescisã o. (TRT-1, 0100453-
54.2018.5.01.0281 - DEJT 2019-08-01, Rel. MARIA HELENA MOTTA, julgado em
09/07/2019, #23323612)
MULTA DO ART. 467 DA CLT. BASE DE CÁ LCULO. INDENIZAÇÃ O COMPENSATÓ RIA. A
indenizaçã o de 40% sobre o saldo do FGTS deve ser incluída na base de cá lculo da multa do
art. 467 da CLT, porquanto se considera verba rescisó ria toda parcela devida ao
trabalhador no momento da rescisã o. (TRT-1, 0100440-36.2018.5.01.0061 - DEJT 2019-10-
09, Rel. MARIA HELENA MOTTA, julgado em 02/10/2019)
Assim, devido o pagamento da multa, eis que as verbas rescisó rias nã o foram pagas no
prazo legal, impondo-se a penalidade em razã o da mora.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Nos termos do Art. 818 da CLT, "o ônus da prova incumbe ao reclamante, quanto ao fato
constitutivo de seu direito", ocorre que:
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste artigo ou
à maior facilidade de obtençã o da prova do fato contrá rio, poderá o juízo atribuir o ônus
da prova de modo diverso, desde que o faça por decisã o fundamentada, caso em que
deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ô nus que lhe foi atribuído.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Assim, diante do nítido desequilíbrio na obtençã o das provas necessá rias, tem-se a
necessá ria inversã o do ô nus da prova.
A inversã o do ô nus da prova é consubstanciada na impossibilidade de obtençã o de prova
indispensá vel por parte do Autor, sendo amparada pelo princípio da distribuiçã o dinâ mica
do Ô nus da prova implementada pelo Novo Có digo de Processo Civil:
Art. 373. O ô nus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à
maior facilidade de obtençã o da prova do fato contrá rio, poderá o juiz atribuir o ô nus da
prova de modo diverso, desde que o faça por decisã o fundamentada, caso em que deverá
dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ô nus que lhe foi atribuído.
Referido dispositivo foi perfeitamente recepcionado pela Justiça do Trabalho, conforme
clara redaçã o da IN 39/2016 do C. TST:
Art. 3º Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao Processo do Trabalho, em face de omissã o e
compatibilidade, os preceitos do Có digo de Processo Civil que regulam os seguintes temas:
(...)
VII - art. 373, §§ 1º e 2º (distribuiçã o dinâ mica do ô nus da prova);
Nesse sentido, a jurisprudência orienta a inversã o do ô nus da prova, sob pena de
inviabilizar o acesso à justiça:
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁ RIA. ADMINISTRAÇÃ O PÚ BLICA. Ao analisar Recurso
Extraordiná rio interposto pela Uniã o (RE) 760.931, com repercussã o geral reconhecida, o
Plená rio do STF, por maioria de votos, fixou a tese a ser aplicada quanto à responsabilidade
subsidiá ria da administraçã o pú blica por encargos trabalhistas gerados pelo
inadimplemento de empresa terceirizada:"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos
empregados do contratado nã o transfere automaticamente ao Poder Pú blico contratante a
responsabilidade pelo seu pagamento, seja em cará ter solidá rio ou subsidiá rio, nos termos
do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93"(STF - Tribunal Pleno - RE 760.931 - Relª Minª Rosa
Weber - Relator p/ acó rdã o - Min. Luiz Fux - DJe 12/9/2017). (...). Portanto, é possível que a
Administraçã o Pú blica responda pelas dívidas trabalhistas contraídas pela empresa
contratada e que nã o foram pagas, desde que o ex-empregado Reclamante comprove, com
elementos concretos de prova, que houve falha concreta do Poder Pú blico na fiscalizaçã o
do contrato. No tocante à aferiçã o da culpa, a princípio, o ô nus probató rio incumbe à parte
a quem aproveita, isto é, o Reclamante teria o encargo de demonstrar em juízo que a
Administraçã o foi omissa no seu dever de fiscalizar a contratada. Ocorre, porém, que essa
prova é de difícil, senão impossível, elaboração. Desse modo, é de se aplicar o
princípio da aptidão para a prova, uma vez que a Administração tem o dever de
exigir a apresentação de documentos que comprovem a regularidade, pela
contratada, das obrigações trabalhistas e sociais e, por corolário, tem a posse desses
documentos. (TRT-2, 1000334-12.2019.5.02.0441, Rel. FRANCISCO FERREIRA JORGE
NETO - 14ª Turma - DOE 09/03/2020)
AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃ O
PUBLICADA NA VIGÊ NCIA DA LEI Nº 13.015/2014. HORAS EXTRAS. DISTRIBUIÇÃ O
DINÂ MICA DO Ô NUS DA PROVA. ARTIGOS 818 DA CLT E 373, I, DO CPC. VIOLAÇÃ O NÃ O
CONFIGURADA. A agravante nã o logra afastar a fundamentaçã o da decisã o agravada. Ao
Processo Trabalhista aplica-se a Teoria da Distribuição Dinâmica do Ônus da Prova,
incumbindo-o à parte que melhor tem condições de produzir a prova. Os artigos 818
da CLT e 373, I, do CPC - ú nico viés recursal vá lido do apelo denegado - disciplinam a
distribuiçã o do encargo probató rio entre as partes, razã o pela qual eventual violaçã o
desses preceitos somente ocorre na hipó tese em que o magistrado decide mediante
atribuiçã o equivocada do onus probandi, o que nã o se verifica no caso concreto, ante o
princípio da aptidã o para a prova. Assim, mantém-se a condenaçã o em horas extras,
calcada na regular valoraçã o do conjunto probató rio. Agravo conhecido e nã o provido.
(TST, Ag-AIRR - 10740-84.2015.5.01.0051, Relator Ministro: Clá udio Mascarenhas
Brandã o, Data de Julgamento: 22/05/2019, 7ª Turma, Data de Publicaçã o: DEJT
31/05/2019)
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁ RIA. ENTE PÚ BLICO. É inequivocamente
desproporcional impor aos empregados terceirizados o dever probatório quanto ao
descumprimento da fiscalizaçã o por parte da Administraçã o Pú blica. A técnica processual
da distribuição dinâmica do ônus da prova, fundamentada nos princípios da
igualdade, aptidão para a prova e cooperação, surge em contraposição ao ônus
estático da prova e tem por diretriz a efetiva capacidade probatória de cada parte. O
CPC de 2015 aplica a teoria dinâ mica do ô nus da prova: no art. 7º, como faceta do devido
processo substancial e no § 1º do art. 373, como flexibilizaçã o da regra rígida de
distribuiçã o do encargo probató rio insculpida nos seus incisos I e II. Oportuno mencionar
que a CLT, no art. 818, com as alterações introduzidas pela Lei 13.467/17 também
passou a aplicar a distribuição dinâmica do ônus da prova. De outro lado, também à luz
dos princípios constitucionais que orientam o Direito Administrativo, sobretudo os da
legalidade e da moralidade, é do ente pú blico o ô nus de provar o cumprimento do poder-
dever fiscalizató rio do contrato de prestaçã o de serviços, mormente no que se refere à
observâ ncia das regras e direitos trabalhistas. A segunda Reclamada alega ausência de
culpa, nã o podendo ser responsabilizada objetivamente pela terceirizaçã o, pelo simples
inadimplemento da primeira Reclamada. Todavia, a Recorrente sequer juntou aos autos o
contrato entabulado entre as Reclamadas, onde constariam os deveres de cada uma.
Ademais, nã o há nos autos qualquer prova, ou mesmo indício, de que houve fiscalizaçã o,
aplicaçã o de sançã o, multas, penalidades, apuraçã o de irregularidades, etc. Vale dizer: a
Recorrente jamais efetuou qualquer controle sobre as atividades da primeira Reclamada.
Se o fez, nada provou, pois nã o apresentou nenhum documento comprovando a fiscalizaçã o
do contrato existente entre as Reclamadas. Portanto, nã o houve, como lhe competia, a
observâ ncia efetiva e profícua na fiscalizaçã o do contrato, sendo necessá rio ao Reclamante
que viesse ao Poder Judiciá rio procurar a satisfaçã o dos seus direitos. (TRT-2, 1001386-
29.2017.5.02.0048, Rel. FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO - 14ª Turma - DOE
06/05/2019, #33323612)
DISTRIBUIÇÃ O DO Ô NUS DA PROVA E TEORIA DA CARGA DINÂ MICA. Em matéria
envolvendo diferenças de comissionamento, embora o ô nus de provar a pertinência do
pedido recaia, em princípio, sobre o autor da demanda judicial, à empresa acionada
incumbe aportar à s suas alegaçõ es defensivas os demais fatos e provas, a fim de subsidiar o
juízo com os elementos de convencimento necessá rios ao deslinde da controvérsia com
pacificaçã o social. A postura ativa da empresa no esclarecimento dos fatos impõ e-se, ainda,
como decorrência da aplicaçã o à seara juslaboral da teoria da carga dinâ mica da prova,
porque o empregador é a parte que detém mais aptidã o para produzir a prova dos
mecanismos de cá lculo, base, percentuais, formas de pagamento e todos os demais
aspectos contá beis relacionados à s comissõ es pagas aos seus empregados. (TRT-1,
01019678820175010471, Relator Desembargador/Juiz do Trabalho: GUSTAVO TADEU
ALKMIM, Gabinete do Desembargador Gustavo Tadeu Alkmim, Publicaçã o: 04/04/2019)
Assim, considerando a busca pela equidade processual, bem como a situaçã o
hipossuficiente do trabalhador, requer a inversã o do ô nus da prova, com base no Art. 818, §
1º da CLT e Art. 373, § 1º do CPC/15.
DOS REQUERIMENTOS
Diante todo o exposto REQUER:
1.O deferimento do pedido liminar para:
1.1 que seja expedido alvará judicial, bem como a certidã o narrativa, para que a
Reclamante possa sacar seu FGTS e habilitar-se no programa do Seguro Desemprego, nos
termos do art. 300 do CPC, bem como seja imediatamente corrigida a notaçã o e
consequente liberaçã o da CTPS, sob pena de multa diá ria, aplicado subsidiariamente por
força do art. 769 da CLT;
1.2 que seja determinado ao Reclamado a exibiçã o de documentos e-mails, folha de ponto,
testemunhas, extrato bancá rio e outros documentos comprobató rios. à composiçã o das
provas necessá rias a esta demanda, para fins de que seja mensurado os valores devidos;
2.A citaçã o dos Réus para responder a presente açã o, querendo;
3.Que seja designada audiência de conciliaçã o ou mediaçã o na forma do previsto no artigo
334 do NCPC;
4.A produçã o de todas as provas admitidas em direito, em especial a documental,
testemunhal e pericial , com a inversã o do ô nus da prova nos termos do Art. 818, § 1º da
CLT;

DOS PEDIDOS
A total procedência da presente Reclamató ria, condenando o Reclamado a:
5.Seja reconhecido o vínculo empregatício e consequente retificaçã o da anotaçã o da CTPS
da Reclamante, devendo constar a efetiva data de admissã o - 04/05/2019 e consequente
baixa na CTPS com baixa do pacto laboral;
Sucessivamente, seja condenada a reclamada ao pagamento das verbas rescisó rias devidas,
conforme indicaçã o abaixo;
6.Sejam pagas as horas extras trabalhadas, com reflexo, pela habitualidade, nas férias, na
gratificaçã o natalina, nos repousos semanais remunerados, FGTS e multa de 40%;
Valor de horas extras devido R$ xxxxxxx
7.Sejam devidamente remunerados em dobro as horas trabalhadas em domingos e
feriados;
Valor devido R$ xxxxxx
8.Seja o reclamado condenado ao pagamento de férias e 13º proporcional ao período
trabalhado, devidamente atualizado;
Valor devido R$ xxxxxxxxxxx
9.Seja o reclamado condenado ao pagamento de férias em dobro, considerando a
intempestividade do pagamento, devidamente atualizado;
Valor devido R$ xxxxxxx
10.Sejam entregues as guias para encaminhamento do seguro-desemprego imediatamente,
ou seja, na primeira audiência ou pagar o equivalente a 5 parcelas pelo seu nã o
fornecimento;
Valor devido R$ xxxxxxxxxxxxx
11.Seja a reclamada condenada ao pagamento dos reflexos do presente pedido nas verbas
trabalhistas do seguinte período xxxxxxxxxxxxx :
a) Salá rios - R$ xxxxxx ;
b) Horas extras - R$ xxxxxxxxxx ;
c) Férias - R$ xxxxxxxxx:
d) Décimo terceiro - R$ xxxxxxxxxxxxxxx;
e) Aviso prévio, nos termos do Art. 487 da CLT - R$ xxxxxxxxxxxx
f) FGTS sobre verbas rescisó rias - R$ xxxxxxxxxxxxx;
g) Multa de 40% sobre saldo do FGTS - R$ xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx;
h) Gratificaçõ es - R$ xxxxxxxx ;
j) Adicional de periculosidade - R$ xxxxxxxxxx;
l) Adicional de insalubridade - R$ xxxxxxxxxx;
j) Adicional noturno - R$ xxxxxxxxxxxx;
l) Diferença da hora reduzida noturna - R$ xxxxxxxxx;
m) Multa do Art. 477, § 8º, da CLT - R$ xxxxxxx;
12.Seja condenada a reclamada ao pagamento da multa do artigo 477, § 8º, da CLT, pelo
desatendimento do prazo para efetivaçã o e pagamento da rescisã o;
Valor devido R$ INDICAR VALOR E JUNTAR DESCRIÇÃ O
13.Seja condenado ao pagamento dos honorá rios do procurador do Reclamante na razã o
de 15% sobre o valor bruto da condenaçã o, nos termos do Art. 791-A;
Valor devido R$ INDICAR VALOR E JUNTAR DESCRIÇÃ O
14.Seja determinado o recolhimento da contribuiçã o previdenciá ria de toda a
contratualidade;
Valor devido R$ INDICAR VALOR E JUNTAR DESCRIÇÃ O
15.Seja determinado o pagamento imediato das verbas incontroversas, sob pena de
aplicaçã o da multa do artigo 467 da CLT;
Multa, se devida R$ INDICAR VALOR E JUNTAR DESCRIÇÃ O
16.Requer a aplicaçã o de juros e correçã o monetá ria até o efetivo pagamento das verbas
requeridas.
Requer que as intimaçõ es ocorram EXCLUSIVAMENTE em nome do Advogado Monique
Lafayette Rodrigues Pereira Monteiro , OAB 220.489 .
Por fim, manifesta o interesse na audiência conciliató ria, nos termos do Art. 319, inc. VII do
CPC.
Junta em anexo os cá lculos discriminados das verbas requeridas nos termos do Art. 840, §
1º da CLT.
Dá à presente, para fins de distribuiçã o, o valor de R$ xxxxxx
Nestes termos, pede deferimento.
Rio de Janeiro, 28 de Junho de 2022 de de .
MONIQUE LAFAYETTE RODRIGUES PEREIRA MONTEIRO
Documentos anexados:
i. Comprovante de renda
ii. Declaraçã o de hipossuficiência
iii. Comprovante do comprometimento da renda
iv. Prova do trabalho em domingos e feriados
v. Termo de rescisã o
vi. Prova da data do pagamento das verbas rescisó rias
vii. Termo de rescisã o
viii. Prova da data do pagamento das verbas rescisó rias
ix. Procuraçã o
x. RG e CPF do Reclamante
xi. Comprovante de residência
xii. CTPS Reclamante
xiii. Có pia contracheques
xiv. Có pia do extrato da conta do FGTS
xv. Có pia do atestado de saú de demissional
xvi. Incluir cá lculo discriminados - Art. 840, §¹º CLT
xvii. Demais documentos relacionados a cada argumento

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