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EXCELENTÍSSIMA JUÍZA DA xª VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL ESTADO DE

SANTA CATARINA

AÇÃO DE COBRANÇA – Procedimento Comum.


Autos nº xxxxxxxxxxxx
Autor: xxxxxxxxxxxxx
Réu: xxxxxxxxxxxx

xxxxxxxxxxxx, pessoa física devidamente qualificada no processo em epígrafe, por


intermédio de seu Curador Especial nomeado por este juízo e que esta subscreve, vem perante Vossa
Excelência, com fundamento no artigo 335 do Código de Processo Civil, oferecer a presente

CONTESTAÇÃO

Em face da Ação de Cobrança movida por xxxxxxxxxxxxxxxx, igualmente qualificada, pelas


razões fáticas e jurídicas subsequentes.

1. SÍNTESE DOS FATOS ALEGADOS.

Relatar brevemente os fatos

2. DAS PRELIMINARES.

2.1 DA INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL.


Inicialmente, no que tange as provas trazidas aos autos do processo, cabe frisar que os
documentos juntados na petição inicial são insuficientes para que o Autor demonstre a verdade dos
fatos alegados.
Ao momento do protocolo de partida da ação, o Autor nem se quer havia juntado o contrato
de prestação de serviços que alega ter existido com o Réu. Demandado que o fizesse, despacho de fl.
19, o mesmo pediu a suspensão do feito por 90 (noventa) dias, petição de fl. 24, em veemente ato
procrastinatório.
O artigo 319, VI do Código de Processo Civil é claro quando elenca nos requisitos da petição
inicial onde o Autor necessita indicar as provas com que pretende demonstrar a verdade dos fatos.
Em sua primeira oportunidade não o fez, quando chamado pelo juízo que emendasse a petição
inicial, juntando contrato que evidenciasse a relação entre as partes, o Autor trouxe aos autos
documento ilegível, EM BRANCO e SEM A ASSINATURA DO RÉU, conforme podemos averiguar
nas fls. 31 – 34.
Nos atos subsequentes, em momento algum durante toda a instrução processual, trouxe o
Autor o contrato assinado pelo Réu, se não, manifestações unilaterais produzidas por sua própria
instituição de ensino, as quais alegavam ser o Réu aluno matriculado.
O jurista Plácido e Silva, ensina que Ação de Cobrança:

“...é a que resulta do chamamento do devedor a juízo para pagamento de obrigação


representada em documento assinado pelo devedor ou resultante de qualquer
compromisso dele assinado, ou decorrente de contrato.

E ainda:

...Se, para o documento firmado há princípio legal que determine o ritmo da ação, tal
como o referente a documentos ou títulos de dívida líquida e certa, a ação terá a
denominação que a lei lhe assinala.”. (grifei)

Uma petição inicial inepta apresenta defeitos referentes ao pedido, esses defeitos quando
tangem o corpo probatório, impossibilitam ao Réu o devido contraditório, por isso a importância de tal
exigência.
Aduz sabiamente Wambier que: “Se o juiz não indeferir liminarmente a inicial inepta, poderá
o Réu arguir, na contestação, a inépcia, objetivando a extinção do processo sem julgamento do mérito”
(op. Cit. Pg. 390).
Portanto, considerando que é dever do Autor, nos termos do artigo 320 do Código de Processo
Civil, instruir a inicial com os documentos indispensáveis à propositura da ação, de modo que o
mesmo até o presente momento não o fez, inexistindo contrato assinado para comprovar a contratação
dos serviços, mesmo após determinação deste juízo, fl. 19.
Sendo assim, com fulcro no artigo 337, IV do Código de Processo Civil, requer-se desde já
seja declarada inepto o peticionário inicial e consequentemente a total improcedência da presente
Ação.

2.2 DA INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


É cediço e pacificado no direito pátrio que os contratos de prestação de serviços educacionais
submetem-se às regras do Código de Defesa do Consumidor, pois enquadram-se no que a doutrina
classifica como serviço público impróprio “uti singuli”, traduzindo assim a relação de consumo na
qual o estabelecimento de ensino figura como fornecedor de serviço e o aluno, como consumidor, uma
vez que utiliza o serviço ofertado como destinatário final.
Neste sentido, já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

“A prestação de serviços educacionais induvidosamente é uma relação de


consumo, cujos conflitos devem ser dirimidos pela Lei n.  8.078/90” (STJ, Ag n.
610917/RJ, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro).

Deste modo, a relação jurídica entre as partes configura típica relação de consumo, porquanto
envolve fornecedora de serviços educacionais e destinatários finais da prestação dos serviços, artigos
2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor.
De toda monta, caso não seja arguida a veemente inépcia do peticionário inicial e suas
consequências processuais, item 2.1 desta contestação, pugne Vossa Excelência pela aplicação do
Código Consumerista como lei norteadora no desenrolar do andamento desta lide.

3. DO MÉRITO

3.1 DEFESA POR NEGATIVA GERAL.

Embora seja de longe o ideal, diante da carência no contato com o Réu, porém visando
subsidiar a defesa e com isso satisfazer, formalmente, as garantias fundamentais do contraditório e da
ampla defesa dispostos na Constituição Federal, em seu artigo 5.º, LV, recorre este Curador Especial
ao disposto no parágrafo único do artigo 341 do Código de Processo Civil, que exime tal figura do
ônus da impugnação especifica:

Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações


de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não
impugnadas, salvo se:
(...)
Parágrafo único.  O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao
defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.
Igualmente no tocante ao mérito, por carecer de subsídios necessários para uma defesa
especificada, contestam-se, pois, todos os fatos e argumentos aduzidos pela parte Autora por meio de
negativa geral.
Assim como, de acordo com os preceitos doutrinários e jurisprudenciais, não se aplica o efeito
na revelia disposto no artigo 344 do Código de Processo Civil, ao revel que tenha sido citado por edital
ou com hora certa.

4. DO PEDIDO

Ante o exposto, requer:


a) O recebimento da presente Contestação, por ser esta tempestiva e adequada com o artigo
335 do Código de Processo Civil;
b) O acolhimento das preliminares arguidas, onde requer-se desde já seja declarada inepto o
peticionário inicial e com isso a total improcedência da presente Ação, de acordo com os artigos
330 e 337, IV do Código de Processo Civil e sua consequente extinção sem a resolução de mérito
segundo os artigos 354 e 485, I, do mesmo diploma legal.
c) A condenação do Autor ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios nos
parâmetros previstos pela lei processual civil.
d) A produção de provas por todos os meios admitidos em direito;
Nesses termos, pede o deferimento.

Florianópolis, xx de abril de 20xxx.

xxxxxxxxxx
Advogado
OAB/xxxxxx

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