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ATIVIDADES DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Orientações:
● Objetivos do Módulo > Demonstrar o alcance dos objetivos do módulo através de um
texto descritivo breve para cada um dos objetivos.
● Exercícios >Responder às perguntas.

ATIVIDADES SEMANA 4 (correção em aula: 23/11)

UNIDADE 2 - MÓDULO 2.1 - PETIÇÃO INICIAL

Objetivos do Módulo

1.Conhecer os requisitos e as peculiaridades da petição inicial trabalhista em relação à


petição inicial no processo civil. Marcelo

A petição inicial, como em todos os ramos do Direito, é a manifestação da vontade do


autor, em face do réu, levada ao Poder Judiciário, iniciando a movimentação de um processo.
Na seara trabalhista, em regra, chamamos o Autor de Reclamante e o Réu de Reclamado, sendo
que a petição inicial pode ser verbal ou escrita e não possui o mesmo rigor e formalismo da
petição inicial da área cível, como exemplo. Se for verbal, será apresentada perante um servidor
da própria Justiça do Trabalho, que a reduzirá a termo.
Os requisitos da petição inicial da ação trabalhista estão previstos no artigo 840 da CLT,
razão pela qual não se mostram aplicáveis, em princípio, as regras subsidiárias do CPC/2015
(artigo 282). Diferentemente do processo civil (CPC/2015, artigo 319), a CLT (artigo 840) não
utiliza o termo petição inicial. Na verdade, o texto consolidado designa a petição inicial com o
termo reclamação.
O processo trabalhista é baseado na simplicidade. As razões históricas e sociológicas
exercem papel fundamental na adequação e moldagem da petição inicial trabalhista ao longo
do tempo. A CLT surgiu na Era Vargas, momento em que havia hipossuficiência de grande
parte da população, que não tinha condições de contratar um advogado. Dessa forma, houve
menor rigor quanto à elaboração técnica da petição inicial, não exigindo grande formalidade.
Há, portanto, grande influência história/sociológica no ramo jurídico trabalhista
Contudo, a reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), alterou os requisitos da petição inicial
trabalhista, atribuindo nova redação ao art. 840, § 1º, da CLT, exigindo que os pedidos venham
delimitados e qualificados, devendo ser certos, determinados e com a indicação dos respectivos
valores, admitindo apenas, como exceção, as hipóteses de pedidos implícitos, genéricos e
ilíquidos ou estimativos.

2. Identificar a existência de diferença técnica na formulação da petição inicial entre


processos sujeitos ao rito sumaríssimo e ao rito ordinário. Marcelo

O valor da causa deve obrigatoriamente ser indicado na petição inicial (caput do art. 2º
da Lei n. 5.584/70), sendo indispensável para definir o procedimento a ser seguido. Assim, se
o valor for igual ou inferior a dois salários mínimos deverá ser observado o rito sumário (§§ 3º
e 4º da Lei n. 5.584/70)- pouco utilizado na prática trabalhista; se for superior a dois e inferior
a 40 salários mínimos, o rito pode ser o sumaríssimo; por sua vez, se o valor for superior a 40
salários mínimos, o rito a ser seguido deve ser o ordinário.
O novel § 1º do art. 840 da CLT, com redação dada pela Lei n. 13.467/2017, dispõe que
o pedido “deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor”. Caso o autor não
formule na petição inicial pedido certo, determinado e líquido, dispõe a lei que o processo será
extinto sem resolução do mérito (CLT, art. 840, § 3º), arcando o autor, no procedimento
sumaríssimo, com o pagamento de custas calculadas sobre o valor da causa, nos termos do § 1º
do art. 852-B da CLT. Já no procedimento comum, apenas o pedido que não for certo,
determinado e líquido será julgado extinto sem resolução do mérito.
No caso do rito ordinário, pode-se inserir nos pedidos a expressão “a apurar”, dando à
causa um valor por estimativa. Nessa hipótese, no Exame da OAB, sugere-se a utilização de
reticências (...), por exemplo: “Dá-se à causa o valor de R$... (extenso) para fins de alçada”.

3. Apreender as razões pelas quais o pedido deve ser líquido e as consequências do


descumprimento desta regra, identificando as exceções. Valentina
O pedido líquido é aquele que especifica o valor do débito devido pelo réu. É importante a
liquidação do pedido para que seja melhor determinado, permitindo ao réu uma defesa mais
precisa das acusações e ao juízo uma mais clara e precisa análise da demanda. Estabelece a
CLT, em seu artigo 840, que o pedido deverá ser líquido – isto é, que deverá ser indicado o seu
valor –, e a conseqüência para os pedidos que não atendam a tal requisito, que serão julgados
extintos sem resolução de mérito, isso no caso do procedimento comum, sendo que o processo
continua a tramitar em relação aos pedidos adequados. Sendo sumaríssimo o procedimento,
conforme o art. 852-B, o não atendimento desse requisito (de indicação do valor do pedido)
importará no arquivamento da reclamação, ou seja, na extinção do processo, e na condenação
do reclamante ao pagamento de custas sobre o valor da causa.

4. Conhecer os documentos que devem a acompanhar a petição inicial e as situações que


exigem essa providência. Valentina

A petição inicial, conforme estabelece o artigo 787 da CLT, deve ser desde logo acompanhada
dos documentos em que se fundar. Entretanto, raramente isso ocorre na prática forense, uma
vez que o autor da ação geralmente é o trabalhador, o qual dificilmente possui os documentos
necessários à comprovação dos fatos, apresentando, na maioria das vezes, apenas cópia da
CTPS. Situações que exigem obrigatoriamente a apresentação do documento junto à inicial são
aquelas em que o autor realiza pedido baseado em acordo ou convenção coletiva de trabalho,
direito municipal, estadual ou estrangeiro, e quando alega haver interrupção da prescrição de
algum crédito trabalhista, devendo juntar documento que o comprova. Em todo caso,
entendendo o juiz pela obrigatoriedade de que algum documento acompanhe a petição inicial,
não poderá indeferi-la de plano, devendo conceder prazo ao autor para que regularize a petição
juntando o documento requerido. Não sendo feita a adequação, será indeferida a petição inicial
ou o pedido referente àquele documento.

5. Apreender os casos em que a petição inicial, depois de protocolada, pode ser alterada,
bem como os casos de indeferimento da petição inicial no processo trabalhista. Luiza

Duas são as hipóteses em que poderá o reclamante alterar a petição inicial após o seu
protocolo. Em ambas, pressupõe-se que o reclamado não tenha sido, ainda, citado, pois, caso
contrário, a alteração dependerá de sua anuência. A primeira hipótese é o aditamento, previsto
pelo art. 329, I, CPC, que dispõe sobre a possibilidade de que o reclamante altere o pedido ou
a causa de pedir. A segunda hipótese, por sua vez, é a emenda, prevista pelo art. 321, CPC,
segundo o qual, caso a petição inicial não preencha os requisitos necessários à sua instrução
(como o juízo a qual é dirigida, os nomes, os dados pessoais do autor e do réu, o fato e os
fundamentos jurídicos do pedido, o valor da causa, as provas que o autor pretende produzir e a
opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de medicação) ou
apresente “defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento do mérito”, deverá o
juiz intimar o autor para que a complete, no prazo de 15 (quinze) dias; caso não o faça, o juiz
indeferirá a petição inicial.
Nos termos da Súmula nº 263 do TST, esta hipótese de indeferimento da petição inicial
apenas é admitida se comprovado que a parte se manteve inerte mesmo após a intimação para
que retifique a peça, com a indicação expressa do que deveria ser corrigido e completo. Dita
súmula ressalva, porém, as hipóteses do art. 330 do CPC, o qual dispõe que a petição inicial
será indeferida quando: (i) inepta; (ii) a parte for manifestamente ilegítima; (iii) o autor carecer
de interesse processual; (iv) não forem atendidas as prescrições dos arts. 106 (que dispõe ser
obrigação do advogado declarar, na peça inicial, seu endereço, número de inscrição na OAB e
o nome da sociedade de advogados da qual participa) e 321 - já mencionado.

6. Compreender as espécies de tutela provisória (tutela de urgência e tutela de evidência)


e apreender os fundamentos que autorizam o seu cabimento no processo trabalhista.
Luiza

Duas são as espécies de tutela provisória, a saber, a tutela provisória de urgência e a


tutela provisória de evidência.
A primeira delas possui como fundamento processual legal o art. 300 do CPC, o qual
dispõe que será concedida quando presentes dois requisitos: (1) fumus boni iuris, ou seja,
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e (2) periculum in mora, que se desdobra
em perigo de dano (no caso da tutela antecipada) ou em risco ao resultado útil do processo (para
a tutela cautelar).
A segunda, por sua vez, difere-se por prescindir da demonstração do perigo da demora,
sendo apenas necessária a comprovação da verossimilhança do direito. Esta possui previsão
legal no art. 311 do CPC, o qual determina que a sua concessão independe da demonstração de
perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: (i) ficar caracterizado o abuso
do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; (ii) as alegações de fato
puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de
casos repetitivos ou em súmula vinculante; (iii) [inaplicável ao processo do trabalho] se tratar
de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso
em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; (iv)
a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito
do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Na primeira e na
segunda hipótese, é possível que o juiz decida liminarmente, nos termos do parágrafo único.
A CLT não possui previsão legal específica para tratar das tutelas provisórias, dispondo
apenas duas possibilidades em que será possível a aplicação de medida liminar pelo juiz, seja
para tornar sem efeito transferência de empregado, seja para reintegrar no emprego dirigente
sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador (art. 659, incisos IX e X da CLT).
Nesse contexto, as disposições constantes do Código de Processo Civil sobre o tema são
aplicadas subsidiária e supletivamente na justiça trabalhista (art. 3º, VI, IN nº 39/3016 TST).

Exercícios

1) Abílio trabalhou durante 2 anos em uma empresa de transporte e deseja propor uma
reclamatória no setor de atermação do TRT3. Considerando as particularidades da
petição inicial verbal, responda: a) qual o procedimento e quais critérios devem ser
seguidos? b) Nas localidades com mais de uma Vara ou Juízo quando ocorre a
distribuição? Marcelo

a) Os requisitos gerais para a constituição da petição inicial no processo trabalhista


encontram-se no artigo 840 da CLT. O artigo supracitado dispõe que a inicial poderá
ser verbal. Nessa hipótese deve vir reduzido a termo, em duas vias, sendo assinada pelo
escrivão ou diretor de secretaria. Deve ser feita de modo que a redução seja executada
por um servidor público trabalhista.
b) O art. 786 da CLT, estabelece que a reclamação verbal, será distribuída antes mesmo de
sua redução a termo, para garantir que não haja perecimento de direito. O parágrafo
único do artigo citado explica que após tal reclamação ser distribuída, o reclamante
deverá apresentar-se no prazo de cinco dias, ao cartório ou à secretaria da Vara do
Trabalho ou Tribunal, para reduzi-la a termo, salvo motivo de força maior, observando-
se a regra estabelecida no art. 731 da CLT.
2) O juiz do trabalho extinguiu sem resolução do mérito os 3 pedidos sob fundamento de
inadequação (art. 840 da CLT). Responda se o julgador agiu corretamente: a) pedido de
indenização na ação de acidente do trabalho. Empregado permanece internado no
hospital; b) Empregado foi demitido e não recebeu as verbas rescisórias no valor de R$
88.358,42; c) Sindicato ingressa com ação coletiva pleiteando indenização por danos
causados aos direitos individuais homogêneos dos trabalhadores. Marcelo

Embora não seja impossível a declaração da inépcia da petição inicial no processo do


trabalho, seu informalismo determina que a questão seja examinada sem o mesmo rigor técnico
do direito processual comum.
Em paralelo a isso, o próprio Tribunal Superior do Trabalho – TST tem posicionamento
pacífico acerca da aplicação do art.321 do CPC nas demandas trabalhistas, ressaltando tal
entendimento mediante a criação da Súmula 263 que defende que a ausência de documento
indispensável à propositura da ação ou não preencher outro requisito legal NÃO acarreta a
imediata extinção do feito antes de intimada a parte litigante para corrigi-lo.
Logo, a preservação do processo, a atenção ao Princípio da Economia Processual, o
respeito aos litigantes, a adequação processual à legislação subsidiária, e já existente, são
fundamentais e totalmente aplicáveis aos casos suscitados.
Neste contexto, não cabe extinção imediata do feito por ausência de liquidação de
pedidos sem que se tenha dado prazo para o Autor sanar o vício, ou que se tenha elencado no
rol de pedidos da exordial requerimento da Gratuidade da Justiça e expresso pedido de
liquidação pelo Juízo. Assim como, ainda que extinta a ação sem julgamento de mérito não há
que se falar em condenação da parte Autora em honorários de sucumbência face à total ausência
de liquidação da sentença e demonstração efetiva de proveito econômico.

3) Classifique os pedidos: a) autor pede a condenação direta da empresa que o contratou


formalmente pelas verbas trabalhistas por ela não adimplidas e a condenação subsidiária
da empresa tomadora dos seus serviços; b) o autor pede apenas o pagamento do salário
do último mês em que trabalhou na empresa c) dirigente sindical formula pedido em face
do empregador que o dispensou sem ter ajuizado o competente inquérito judicial para
apuração de falta grave, requerendo aplicação de multa diária enquanto não cumprida a
decisão; d) o autor formula, na mesma petição inicial, pedidos de horas extras, 13º salário,
férias e depósitos fundiários. Marcelo
a) Pedido subsidiário. Quando o autor pede a condenação direta da empresa que é
tomadora dos seus serviços, o segundo pedido em relação à empresa tomadora só será
apreciado se o juiz acolher o primeiro pedido em relação à empresa que contratou
formalmente o autor.
b) Pedido simples. O pedido é simples porque contém uma única postulação na ação
proposta.
c) Pedido principal e acessório. Segue a mesma regra das obrigações principais e
acessórias. O pedido é dividido em principal (pedido de revisão da demissão) e acessório
(pedido de multa diária).
d) Pedido cumulativo. O pedido é cumulativo pelo autor deduzir mais de um pedido na
petição inicial. O direito positivo brasileiro permite que, na mesma ação, o autor formule
uma série de pedidos de forma cumulativa, não havendo obrigatoriedade de conexão
entre eles. É o que também dispõe o artigo 327 do CPC/2015.

4) Igor durante a audiência formula pedido de aditamento da petição inicial. Nesse


sentido, responda: a) é possível no processo do trabalho esse aditamento (discorra sobre
os entendimentos doutrinários)? b) Como proceder se o reclamado já tivesse apresentado
a defesa? Valentina

a) Sim, é possível. Sendo formulada após a notificação citatória (o que ocorre no caso, pois Igor
formulou o pedido de aditamento durante audiência), o aditamento da inicial só será admitido
mediante a concordância do réu. Quando o pedido é feito na própria audiência, o juiz pergunta
o réu se ele concorda com o aditamento; se sim, o juiz o autoriza; se não, não é possível impor
a ele a aceitação, não podendo ocorrer o aditamento.

Há entendimento doutrinário que afirma que, diante do pedido de aditamento na audiência, se


ele for feito antes da apresentação da defesa pelo réu, o juiz deve autorizar o aditamento, caso
em que já designará nova audiência (permitindo a adequada defesa do reclamado).

Mas, se já apresentada a defesa, somente com o consentimento do réu é que será possível o
aditamento da inicial. Contudo, quanto ao ponto, há ainda entendimento doutrinário de que
somente será nulo o aditamento se o réu demonstrar a ocorrência de prejuízo ao exercício de
seu direito à ampla defesa e ao contraditório.

b) Se o reclamado já tivesse apresentado a defesa, primeiramente, seria necessário indagá-lo


sobre sua concordância com o aditamento da inicial. Estando ele de acordo, deveria ser aberto
prazo para que o reclamado pudesse emendar sua defesa, conforme necessário, possibilitando-
o defender-se das novas alegações e dos novos pedidos aditados à inicial pelo reclamante. Não
havendo concordância do réu, não poderia ser realizado o aditamento da inicial.

Entretanto, há doutrina, conforme acima apontado, que entende que o aditamento, no caso,
somente seria nulo se demonstrado pelo réu o prejuízo à seu direito de defesa.

5) Carlos (advogado trabalhista - consultor) foi contratado por Daniel que teve sua petição
inicial indeferida. Realize o parecer consultivo e detalhe as particularidades do
indeferimento da petição inicial na esfera trabalhista, abordando a aplicabilidade do art.
330 do CPC, momento em que a peça é analisada pelo juiz, posicionamento do réu e a
garantia do respeito ao princípio do contraditório e da ampla defesa. Valentina

É raro ocorrer o indeferimento de plano da petição inicial no processo trabalhista.


Primeiramente, porque, em geral, o juiz só toma conhecimento de seu teor na própria audiência,
vez que geralmente não a despacha para determinar a citação do réu, o que é automaticamente
feito pela Secretaria da Vara do Trabalho. Ademais, busca-se aproveitar ao máximo a peça
inicial e seus pedidos, principalmente quando a parte autora está desacompanhada de advogado.
Com isso, determina a súmula 263 do TST que, exceto nas hipóteses do artigo 330 do CPC/15,
somente é possível o indeferimento da petição inicial, por falta de observância a requisito legal,
se oportunizada à parte a correção da irregularidade no prazo de 15 dias, com indicação precisa
da adequação necessária, e ela não o faça.

Então, na prática forense, em geral, os juízes aguardam o conhecimento da defesa em audiência,


e se o réu se manifestar de forma eficaz sobre os pedidos iniciais, admitem as petições iniciais
falhas e confusas quando a defesa permite o conhecimento adequado e pleno da demanda,
possibilitando ao juiz analisar e aplicar adequadamente o Direito, de modo que não se fala em
violação à ampla defesa e ao contraditório. Assim, o comportamento do réu é capaz de elidir
eventual falha do pedido inicial, como quando ele se expressa de forma precisa sobre a matéria
em questão, de modo que não ocorrerá violação aos princípios da ampla defesa e do
contraditório. Observa-se, nesse sentido, o princípio da supremacia das decisões de mérito, e
também o da boa-fé processual.

Pontue-se que o juiz deve, sempre que for possível, oportunizar à parte autora a correção de
eventual falha presente na petição inicial. Também diante dos requisitos da inicial dispostos no
artigo 840 da CLT, antes de extinguir sem resolução de mérito o pedido ou a própria inicial, o
juiz deverá conceder o prazo de 15 dias úteis ao autor para correção do vício ou para emenda
da inicial, e somente após não cumprida a intimação é que será indeferida a inicial.

UNIDADE 2 - MÓDULO 2.2/2.3 - AUDIÊNCIA E CONCILIAÇÃO

Objetivos do Módulo

1. Perceber a diferença entre a dinâmica da audiência trabalhista prevista em lei e a


dinâmica instituída pelo direito processual consuetudinário criado da prática forense
(audiência “una”, audiência inaugural, instrução e de julgamento). Reberth

A Lei trabalhista regulamenta a audiência, em sede dos ritos ordinário e sumário, nos
artigos 843 a 852 da CLT e 2º da Lei n. 5.584/70. Dentre estes artigos, importante destacar o
que dispõe o art. 849 da CLT, que aponta que a audiência de julgamento deverá ser contínua,
mas, não sendo possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou
presidente poderá marcar a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente
de nova notificação.
Por sua vez, a legislação a respeito da audiência no procedimento sumaríssimo, está
prevista pelos artigos 852-C e seguintes da CLT.
Apesar das previsões legais, tem sido verificado um costume jurisprudencial de dividir
a audiência prevista pela legislação em três audiências distintas.
A primeira delas, é a chamada audiência de conciliação, que tem como função apenas a
tentativa de conciliação entre as partes, e tem como embasamento as disposições constantes no
art.846, §§ 1º e 2º da CLT.
A segunda, denominada de audiência de instrução, tem amparo legal no art.848 da CLT
e ocorre em momento posterior à apresentação da defesa, momento em que o juiz pode
interrogar as partes e requerer diligências quanto à necessidade de produção das provas.
Por fim, tem-se a audiência de julgamento que nada mais é do que a prolação da
sentença, nos autos.
No entanto, por se tratar de costume essa divisão das audiências, as partes devem se
atentar que nem todos juízes a implementam. Neste caso, a fim de se evitar surpresas e
contratempos processuais, o ideal é que as partes tenham em mente sempre a audiência como
um ato único, que pode ser dividido apenas em razão do exercício de uma faculdade do juiz.

2. Apreender a importância dada à conciliação da audiência trabalhista e seu no lugar no


procedimento. Reberth

Na justiça do trabalho, em geral, as audiências são UNAs, de maneira que todos os atos
são praticados em um mesmo dia, quais sejam, a conciliação e a instrução.
A audiência de conciliação também é chamada de audiência inicial, e as partes devem
comparecer independente da presença de seus procuradores (art. 843 da CLT). É comummente
proposta no início da audiência, visto que o magistrado é obrigado a iniciar e terminar os
trabalhos, questionando as partes quanto à possibilidade de acordo,nos termos dos art. 846 e
850 da CLT.
Frisa-se, no entanto, que a conciliação trabalhista pode se dar em qualquer momento,
precisando apenas do interesse de ambas as partes para ser bem-sucedida.
A conciliação é estimulada pela nossa legislação com vistas a diminuir a demora
associada à judicialização e os processos na justiça do trabalho caminham nesse sentido,
procurando a solução por meio de negociações, posto que muitos casos são resolvidos por
autocomposição, mediante a conciliação trabalhista. Assim, as partes envolvidas alcançam a
solução através de negociações e concessões recíprocas firmadas em negociações.
Ademais, com a conciliação, além do conflito de interesses ser resolvido de forma bem
mais rápida, é interessante destacar que os acordos firmados na Justiça do Trabalho garantem
soluções equilibradas e segurança jurídica, pois não podem ser questionados no futuro.

3. Conhecer os efeitos da ausência das partes na audiência trabalhista. Reberth


Na justiça do trabalho é obrigatória a presença das partes em todas as audiências que
ocorrem nas Varas do Trabalho, de maneira que ocorrendo a ausência de uma das partes,
deverão ser aplicadas consequências processuais, nos termos do art. 844 da CLT.
Em caso de não comparecimento do reclamante e falta de sua representação, são
identificadas duas consequências práticas: A ausência na 1ª audiência enseja o arquivamento
da ação com pagamento de custas, ainda que a parte autora seja beneficiária da justiça gratuita,
nos termos do art. 844, caput e § 2º da CLT. Já a ausência em uma 2ª audiência implica em
confissão ficta, sendo considerados verdadeiros os fatos alegados pelo réu em sua contestação.
Já em caso de ausência do empregador ou de seu preposto na 1ª audiência, são
observados os efeitos da revelia e da confissão ficta, pela qual são presumidas verdadeiras as
matérias fáticas deduzidas pelo autor em sua petição inicial. Já a em uma 2ª audiência configura
apenas a confissão ficta.
No entanto a revelia pode ser afastada, de acordo com o art. 844, § 5º, CLT, nos casos
em que ainda que ausente a parte reclamada, mas presente o advogado na audiência, devem ser
aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados.
Essas disposições estão de acordo com a Súmula nº 74 do TST que destaca que "aplica-
se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à
audiência em prosseguimento, na qual deveria depor".

4. Identificar as os efeitos da revelia no processo trabalhista após a reforma oriunda da


lei 13.467/ 17. Leandro

Com o advento da Lei 13.467/17 houve a modificação do instituto da revelia, na medida em


que o artigo 844 da CLT que versa sobre o tema sofreu alterações bastante substanciais.
Anteriormente, havia a visão que o não comparecimento do reclamado importava na revelia,
tratando exclusivamente da apresentação em audiência, em petição escrita ou oralmente, sem
participação de advogado pela capacidade postulatória dos sujeitos do contrato de trabalho.
Assim, a interpretação, de forma equivocada, abria margem para que a ausência do réu, ainda
que representado por advogado em audiência, pudesse implicar na revelia. A Lei 12.467/17
tratou de dirimir a controvérsia aproximando o rigor normativo ao entendimento que vigora no
direito processual civil, passando-se a admitir também hipóteses em que os efeitos da revelia
não vigoram, quais sejam: pluralidade de reclamados e algum deles contestar a ação, em
situações que o lítigio verse sobre direitos indisponíveis, quando a petição inicial não estiver
acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato, bem como
quando as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou estiverem em
contradição com prova constante nos autos.

5. Conhecer as normas que regulam a dinâmica da produção da prova na audiência


trabalhista, especialmente as provas documental e testemunhal. Leandro

No que tange aos institutos normativos que regulam a dinâmica de produção de provas, como
por exemplo: depoimento pessoal, confissão, testemunhal, pericial, inspeção judicial e
documental. No que tange às formas de produção de provas são documental e testemunhal,
cumpre tratar de cada uma especificamente.

Na prova testemunhal há limite máximo de 3 (três) pessoas no rol de testemunhas permitido,


independente de haver litisconsórcio ou não. O juiz pode interrogar as partes em audiência de
instrução, nos termos do art. 848 da CLT. As testemunhas são ouvidas depois do depoimento
das partes, sendo inquiridas primeiro as testemunhas do autor e depois do réu, salvo em
hipóteses de inversão do ônus de prova.

Já no que tange às provas documentais, cumpre informar que os documentos devem ser juntados
pelo autor no ato de ajuizamento da petição inicial, enquanto que as provas documentais do réu
devem ser juntadas no momento do protocolo da defesa. Entretanto, é lícito às partes juntarem
documentos novos a qualquer tempo, quando destinados a tratar de fatos posteriores.

6. Conhecer as peculiaridades da audiência trabalhista nos ritos sumaríssimo e ordinário.


Leandro

Durante o estudo do presente módulo foi possível compreender que a audiência possui
peculiaridades distintas a depender do rito adotado.

No rito ordinário, comum em situações de maior complexidade e altos valores envolvidos, não
há uma audiência una ou única, mas a separação entre audiência inicial e audiência de instrução.
Assim, na audiência inicial busca-se a conciliação, enquanto que na seguinte ocorre a produção
de provas testemunhais e demais produções de provas requeridas pelas partes.
Enquanto que no rito sumaríssimo, esculpido no art. 852-C da CLT, o processo deve ser
instruído e julgado em audiência única, sendo decididos todos os incidentes e exceções
passíveis de impactar o prosseguimento da audiência e do processo. Todas as questões faltantes
serão decididas em sentença, devendo as provas serem produzidas na audiência, mesmo em
casos que não forem requeridas pelas partes.

Assim, a parte deverá se manifestar imediatamente sobre os documentos, na própria audiência,


exceto quando houver absoluta impossibilidade. Essa impossibilidade será averiguada pelo juiz,
podendo ceder ou não, prazo para a manifestação. Há um número reduzido de testemunhas e a
audiência poderá ser interompida por no máximo 30 dias.

Exercícios

1) Josué (estudante de direito da Faculdade XYZ) compareceu ao TRT 3 para assistir


audiências trabalhistas e após o almoço resolveu mascar chiclete e escutar música (via
fone de ouvido) enquanto observava as audiências. Nota-se que o comportamento do
estudante atrapalhou a oitiva de uma testemunha, pois todos do recinto ouviam a música
alta e mesmo sendo advertido 3 (três) vezes pelo juiz não baixou o volume do som.
Responda: a) qual a 1ª medida pode ser tomada pelo juiz, a fim de manter a ordem e
tranquilidade do recinto? Qual poder exerce o juiz? b) Considerando que o estudante se
recusa a sair da audiência, se exaltou e começou a ofender o juiz e os advogados com
palavras grosseiras, qual medida pode ser tomada pelo juiz? Luiza
a) A primeira medida a ser tomada pelo juiz, a fim de manter a ordem e tranquilidade do
recinto, é ordenar que Josué se retire da sala, nos termos do art. 816 da CTL e art. 360,
II, CPC, exercendo, assim, o poder de polícia processual.
b) Nesse caso, não tendo sido suficientes as medidas até então adotadas, o juiz poderá
requisitar força policial (art. 360, III, CP) e, em último caso, prender Josué por desacato.

2) Estevão passou nas etapas iniciais do concurso para Magistratura Federal do Trabalho
e na fase da prova oral, foi lhe feita a seguinte pergunta: diferencie: a1) audiência de
conciliação, a2) audiência de instrução e a3) audiência de julgamento; b) detalhe a
audiência no procedimento sumaríssimo. Luiza
a) Em primeiro lugar, há que se ressaltar que a divisão da audiência em três é oriunda do
costume processual, pois, segundo a CLT, a audiência será, em regra, una (art. 849,
CLT). Trata-se, assim, de uma faculdade do juiz. Entende-se por audiência de
conciliação a audiência inaugural, destinada à tentativa de conciliação (art. 846, CLT).
Por sua vez, a audiência de instrução, também chamada de audiência de
prosseguimento, é aquela destinada à produção das provas. Por fim, a audiência de
julgamento é o momento em que o juiz proferirá a sentença, publicando-a e dela
cientificando as partes.
b) Os dissídios individuais cujo valor seja inferior a quarenta salários-mínimos são
submetidos ao procedimento sumaríssimo. Nesse caso, a CLT determina que a
audiência será realizada em uma única ocasião (art. 852-C, CLT). O juiz abrirá a sessão
esclarecendo sobre as vantagens da conciliação e tentará realizá-la. Decidirá todos os
incidentes e exceções que possam interferir no prosseguimento da audiência e do
processo. Ato contínuo, é dada às partes oportunidade para que produzam todas as
provas, ainda que não requeridas previamente. Caso uma das partes apresente algum
documento, imediatamente será dada oportunidade para que a outra parte sobre ela se
manifeste; no caso da prova testemunhal, serão ouvidas até duas testemunhas por parte.
Por fim, o juiz resumirá os fatos relevantes ocorridos em audiência e proferirá a
sentença, da qual estarão as partes intimadas.

3) Fábio é empregado do setor metalúrgico e pouco antes de sua audiência (reclamante),


pergunta ao seu advogado os seguintes tópicos quanto ao comparecimento das partes na
audiência: a) no primeiro grau de jurisdição (Varas do Trabalho) é facultativa a presença
das partes? b) O empregador somente poderá ser representado por preposto que for
empregado? c) Quais os entendimentos acerca do não comparecimento simultâneo do
autor e do réu (audiência inaugural ou audiência una)? E se não comparecerem ambas
partes em audiência de instrução em que foram intimadas para depor? d) Havendo
ausência do autor/reclamante na audiência inaugural, quais as consequências
processuais? E se a ausência do reclamante for na audiência de instrução? e) Havendo
ausência do réu/reclamado na audiência inaugural quais as consequências processuais?
Luiza

a) Não, a presença das partes em audiência é obrigatória, nos termos do art. 843 da CLT.
A ausência de qualquer delas importará em consequências processuais (art. 844, CLT).
b) Esse era o entendimento adotado pela jurisprudência, no entanto, a partir da Reforma
Trabalhista, não há mais a necessidade de que o preposto seja empregado da parte
reclamada (art. 843, §3º, CLT).
c) Há divergência doutrinária quanto às consequências para o não comparecimento
simultâneo do autor e do réu na audiência inaugural. De um lado, há quem argumente
que o juiz deve julgar o processo no estado em que se encontra, seja proferindo sentença,
caso matéria apenas de direito, seja aplicando regras de distribuição do ônus probatório,
se matéria fática. Por outro lado, outros autores, a exemplo de Bezerra Leite, entendem
que o processo deve ser extinto sem resolução de mérito.
Se não comparecerem ambas as partes em audiência de instrução em que foram
intimadas para depor, deve o juiz julgar o processo segundo a distribuição do ônus da
prova.
d) Ausente o autor na audiência inaugural, a reclamação trabalhista será extinta sem
resolução de mérito por ausência de interesse de agir do autor (art. 844, CLT). Caso dê
causa a dois arquivamentos seguidos, ficará impedido de ajuizar qualquer demanda
trabalhista pelo prazo de seis meses (art. 731 e 732, CLT).
Por sua vez, ausente o autor na audiência de instrução e expressamente intimado a depor,
aplica-se a confissão ficta da matéria (Súmula 9 e 74, TST).
e) Ausente o réu na audiência inaugural, aplicar-se-ão os efeitos da revelia e da confissão
quanto à matéria de fato (art. 844, CLT).

4) George é Procurador do Município de Contagem-MG e no dia de hoje possui uma


audiência trabalhista referente a empregados sujeitos ao regime Celetista. Como o mesmo
possui muitos processos para dar andamento, decide não ir na audiência, pois entende que
não há revelia/confissão ficta. Está correto o posicionamento do procurador? Esclareça a
existência ou não de revelia e confissão das pessoas jurídicas de direito público. Reberth

De acordo com a jurisprudência dominante, o procurador não está correto.


No processo do trabalho, em geral, não comparecendo o réu à audiência, será este
considerado revel e contumaz, além de confesso, visto que de acordo com o art. 844 da CLT, o
não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão ficta quanto à matéria de
fato.
Em se tratando de pessoas jurídicas de direito público, nos termos da OJ nº 152 da SBDI-
1 do TST, a revelia se faz plenamente aplicável como se infere:
OJ-SDI1-152 REVELIA. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO.
APLICÁVEL. (ART. 844 DA CLT) Pessoa jurídica de direito público sujeita-
se à revelia prevista no artigo 844 da CLT

Já quanto a aplicação da confissão ficta, a doutrina acredita que esta não seria aplicável
às pessoas jurídicas de direito público, uma vez que os bens públicos são considerados
indisponíveis, impenhoráveis e inalienáveis, razão pela qual deles não pode dispor o
administrador público, salvo, é claro, quando houver lei o autorizando. Assim, quando o litígio
versa sobre direitos indisponíveis, a Fazenda Pública estaria apenas e tão somente gerindo esses
direitos, não podendo transigir ou renunciar ou deles dispor como se estivesse em uma relação
privada.
No entanto, apesar deste posicionamento da doutrina, a jurisprudência vem de forma
oposta, entendendo como sendo aplicável a confissão ficta à administração pública em caso de
não comparecimento à audiência, conforme se observa em julgado recente:

EMENTA: CONFISSÃO FICTA APLICADA AO ENTE PÚBLICO.


POSSIBILIDADE. É possível a aplicação da pena de confissão ao ente
público, conforme entendimento firmado na OJSBDI-I nº 152 do col. TST.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ADC Nº 16 DO EXCELSO STF.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. POSSIBILIDADE. CULPA IN
VIGILANDO. QUESTÃO FÁTICA. Com base no entendimento firmado
pelo Excelso STF no julgamento da ADC nº 16/DF, contata-se, no caso
concreto, o flagrante descumprimento do dever de fiscalizar a fiel execução
do contrato, não acompanhando relatórios, fichas e documentos relativos ao
pagamento de todas as verbas trabalhistas. Caracterizada a culpa in vigilando,
atrai-se a aplicação da Súmula nº 331, V, do Colendo TST, de sorte a
responsabilizar, subsidiariamente, a Administração pública pelo
inadimplemento das obrigações trabalhistas pela empregadora. Recurso
ordinário conhecido e não provido.TRT-10 - RO: 00000877620205100801
DF, Data de Julgamento: 01/09/2021, Data de Publicação: 14/09/2021).

5) Hugo recebeu via whatsapp uma intimação do advogado do seu colega de trabalho da
oficina mecânica, Igor, para comparecer no próximo mês à audiência trabalhista, como
testemunha do reclamante. Identifique os principais critérios de comparecimento das
testemunhas nas audiências trabalhistas, no rito sumaríssimo. Reberth
O art. 825 da CLT, aplicável ao rito ordinário do processo do trabalho dispõe que as
testemunhas devem comparecer à audiência independentemente de notificação ou intimação e,
caso não compareçam serão intimadas, de ofício ou a requerimento da parte.
Se não atendida a intimação, sem motivo justificado, a testemunha ficará sujeita a
condução coercitiva, além das penalidades do art. 730.
No rito sumaríssimo, de maneira similar, as testemunhas (duas no máximo) devem
comparecer à audiência, independentemente de ter havido intimação. Sendo intimada apenas a
testemunha que, tendo seu convite comprovado, deixe de comparecer.
Neste sentido, é ônus das partes, no procedimento sumaríssimo comprovar que
realizaram o convite da testemunha, sob pena de se perder a prova. Se a testemunha intimada
não comparecer, pode o juiz determinar sua condução coercitiva ( art. 852-H, §§ 2º e 3º, da
CLT).

6) Acerca da temática conciliação, responda: a) nos processos submetidos aos


procedimentos ordinário e sumário, em que oportunidades o juiz deverá propor a
conciliação? b) o que ocorre se após a conciliação houver acordo? E se não houver acordo?
c) após decisão das partes, o juiz fica obrigado a homologar o acordo? Reberth

a) Dentro dos procedimentos ordinário e sumário, o juiz deve propor que seja realizada a
conciliação em dois momentos. O primeiro deles na abertura da audiência, nos termos do art.
846 da CLT e, o segundo momento, após a apresentação, pelas partes do processo, de suas
razões finais, conforme destaca o art. 850 da CLT.
B) Havendo acordo após a conciliação deve ser lavrado um termo, que deve ser assinado
pelas partes e pelo juiz titular ou substituto da Vara do Trabalho. Este termo tem efeito de
sentença, sendo considerado irrecorrível, podendo ser desconstituído somente mediante ação
rescisória, conforme pontua a Súmula 259 do TST. Se, no entanto, for rejeitada pelas partes a
proposta de conciliação, o processo continuará, passando-se para a fase de apresentação de
resposta pelo Réu e, posteriormente para decisão do juiz.
c) O juiz não está obrigado a homologar um acordo realizado entre as partes litigantes,
nos termos da Súmula 418 do TST, que destaca que a homologação de acordo é uma faculdade
do juiz, não se tratando de um direito líquido e certo das partes. No entanto, em caso de recusa
à homologação, deve o juiz fundamentar a sua decisão, sob pena de nulidade, de acordo com o
art. 93, IX da CF.
ATIVIDADES SEMANA 5 (correção em aula: 23/11)

UNIDADE 2 - MÓDULO 2.4 - RESPOSTA DO RÉU

Objetivos do Módulo

1. Identificar o momento da apresentação da defesa no processo do trabalho. Marcelo

A defesa é apresentada em audiência, após a primeira tentativa de conciliação (art. 846


CLT), a qual pode ser feita oralmente, no prazo de 20 minutos (art. 847 CLT), sem prorrogação,
vez que não há previsão legal. Quando houver mais de um(a) reclamado(a), cada um(a) terá 20
minutos. A defesa também pode ser apresentada por escrito, é o que geralmente acontece e
também, é o mais recomendável pois, além de poder ser elaborada com maior precisão e técnica
jurídica, não atrapalha a pauta de audiências, obedecendo, assim, aos princípios da celeridade
e da concentração dos atos processuais.
A defesa em geral tem como objetivo impugnar a pretensão do(a) autor(a), contestando-
a. Os arts. 146, 335 a 343 do CPC mencionam que a resposta do réu compreende: contestação,
exceção e reconvenção. A CLT utiliza o termo DEFESA (art. 847, 848 § 1°, 799 c/c 767). Na
defesa da reclamação trabalhista o(a) reclamado(a) pode alegar toda matéria com a qual
pretende se defender, salvo suspeição e impedimentos que são matérias de exceção.

2. Conhecer as diversas respostas do reclamado (réu) no processo trabalhista (exceções,


contestação – questões processuais e de mérito). Marcelo

O termo defesa, citado pela CLT, é gênero que tem como espécies a exceção e a
contestação. Além disso, há autores que citam a reconvenção como espécie de defesa, mas na
verdade, a reconvenção não constitui propriamente uma defesa, pois é uma ação do réu em face
do autor, ou seja, é um “ataque” do réu e não uma defesa. Uma vez que há aplicação subsidiária
do Código de Processo Civil e que este prevê as três hipóteses supracitadas, e que cada espécie
de resposta, por sua vez, tem suas especificidades e características típicas do processo
trabalhista, analisar-se-á brevemente cada uma delas.
A exceção é uma defesa contra defeitos, irregularidades e vícios do processo que
impedem seu desenvolvimento normal, não se discutindo o mérito da questão. Até o julgamento
da exceção, o processo poderá ter andamento ou não (art. 146, I e II CPC). A exceção deve ser
oferecida por escrito ou oralmente. Se for por escrito, poderá ser em peça separada (art. 146
CPC) da contestação, mas apresentada juntamente com a contestação (incompetência relativa).
Ou, ainda, apresentada na própria peça de contestação (art.337, II CPC).
A contestação se manifesta como a forma mais usual de resposta do réu, através dela
ele faz uma espécie de reação à ação do autor. Em virtude disso, contestação significa
resistência, discussão, debate. Sob o viés processual, contestação é uma das modalidades de
resposta do réu pela qual ele exerce seu direito fundamental de defesa em face da ação ajuizada
pelo autor. A CLT, nesse sentido, utiliza a terminologia defesa (arts. 847 e 848, § 1º, art. 799,
art. 767). A redação da defesa exige cuidado, precisão, clareza, concisão, estilo, perfeição lógica
e jurídica. Na contestação, o(a) reclamado(a) deverá apresentar toda matéria com a qual
pretende se defender.
A reconvenção é uma das modalidades de resposta do réu que não se trata de espécie de
defesa, mas de contra-ataque do réu em face do autor, dentro do mesmo processo. Isso porque
a reconvenção é uma ação que o réu (que será chamado de reconvinte) propõe em face do autor
(que passa a ser chamado de reconvindo), buscando tutela jurisdicional em que se resguarde
direito seu, que alega ter sido lesado ou ameaçado pelo autor.

3. Conhecer as modalidades de defesa no processo do trabalho. Valentina

A defesa no processo do trabalho pode ocorrer por meio de exceção e de contestação.

A exceção é uma forma de defesa indireta no processo, e versa sobre questões processuais, a
fim de afastar do processo o juiz suspeito (exceção de suspeição), impedido (exceção de
impedimento - aplicação subsidiária do Código de Processo Civil) ou relativamente
incompetente (exceção de incompetência relativa). A suspeição e o impedimento dizem respeito
à imparcialidade do juiz, sendo matérias de interesse público. As exceções de suspeição e
impedimento devem ser apresentadas juntamente à contestação, e suspendem o curso do
processo. Se o fato que a enseja for posterior à audiência, a parte deverá argui-la na primeira
oportunidade de se manifestar nos autos. A exceção de incompetência territorial deverá ser
apresentada no prazo de cinco dias a contar da notificação, antes da audiência, e também
suspenderá o processo até que seja decidida.
Outra modalidade de defesa é a contestação, forma mais usual, pela qual o réu se manifesta
contra as pretensões do autor. Nela, o réu deve alegar toda a matéria de defesa, expondo as
razões de fato e de direito para impugnar os pedidos autorais. Pode ser dirigida contra o processo
ou contra o mérito.

Na contestação contra o processo, o réu, antes de discutir o mérito da causa, ataca o processo
ou a ação, alegando questões processuais como a ausência de pressupostos processuais ou de
condições da ação. Compõem essas questões, que devem ser argüidas preliminarmente: a
incompetência absoluta; inépcia da petição inicial; inexistência ou nulidade da citação;
litispendência e coisa julgada; conexão e continência; incapacidade da parte, defeito de
representação e falta de autorização; carência de ação.

Na contestação contra o mérito, o réu se opõe ao pedido, propriamente, postulado pelo autor na
inicial, e pode fazê-lo de forma indireta ou direta. Na contestação indireta do mérito, ou exceção
substancial, reconhece-se o fato constitutivo do direito do autor, mas o réu opõe um outro fato
que seja impeditivo, modificativo ou extintivo do pedido autoral; nesta contestação indireta,
incluem-se as alegações de prescrição e de decadência, que constituem fatos extintivos do
pedido do autor, assim como as alegações de compensação e de retenção. Na contestação direta
do mérito, ou defesa direta de mérito, o réu se opõe ao fato constitutivo do direito do autor pela
negativa de sua existência ou pela negativa de seus efeitos jurídicos.

4. Conhecer as possibilidades de reconvenção no processo do trabalho. Luiza

Apesar de a CLT não possuir normativa específica sobre a reconvenção, entende-se que
esse instituto é admitido também para os processos trabalhistas, tendo-se em vista o princípio
da inafastabilidade do acesso ao Poder Judiciário (CF/88, art. 5º, XXXV). Assim, aplica-se,
supletivamente, as disposições constantes do CPC.
A possibilidade de reconvenção está condicionada à satisfação dos pressupostos
processuais e das condições da ação. Possui, ainda, requisitos próprios, a saber: (i) deve o juiz
trabalhista ser competente para o seu processamento e, portanto, a reconvenção deve ter por
objeto alguma das matérias previstas pelo art. 114 da CF; (ii) deve ser dotada do mesmo rito da
ação principal; (iii) deve haver uma ação principal em curso e (iv) deve existir conexão entre a
reconvenção e a ação principal (art. 343, CPC).
Exercícios

1) João Pedro é estudante universitário e ficou responsável pelo tema contestação


trabalhista. Nesse sentido deve responder:

a) o momento e tempo para a apresentação da defesa;

Após a primeira tentativa de conciliação frustrada, deverá apresentar sua contestação em


audiência, visto que não há que se falar em defesa. Neste sentido, após a leitura da reclamação,
o réu terá 20 minutos para apresentar sua defesa oralmente, nos conformes do art. 847 da CLT.

b) A defesa pode ser apresentada por escrito? Qual o meio e prazo?

Sim, conforme define o art. 847, parágrafo único, da CLT: "A parte poderá apresentar defesa
escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência.".

c) Qual o prazo mínimo legal para o réu preparar a resposta escrita? Se o prazo não for
respeitado, necessariamente será decretada a nulidade dos atos processuais subsequentes?

Após o recebimento da notificação citatória, a audiência deverá ser realizada no prazo mínimo
de 05 (cinco) dias, como define o art. 841 da CLT. Ademais, como a defesa deve ser
apresentada em sede de audiência, este será o tempo mínimo para que o reclamado apresente
sua defesa.
Caso o prazo não seja respeitado, o réu pode arguir, se assim quiser, a nulidade dos atos
subsequentes e o juiz designará nova audiência. Contudo, se preferir não arguir a nulidade, o
processo prosseguirá seu curso normalmente, tendo em vista se tratar de nulidade relativa.

d) Qual o prazo para preparação da contestação possui a pessoa jurídica de direito


público? Leandro

As pessoas jurídicas de direito público possuem prazo quádruplo para contestar, como define o
art. 1º, II, do Decreto-Lei nº 779/1969. Nest senda, o prazo será de 20 (vinte) dias contados da
notificação citatória.
2) Cite, conceitue e explique o procedimento das 3 exceções (defesas) que podem ser
apresentadas pelo réu (reclamado) no processo do trabalho. Leandro

A exceção é uma defesa que possui natureza profissional e visa a denunciar os vícios de
constituição do processo ou dos fatos impeditivos de seu prosseguimento natural, como o
afastamento de juiz suspeito, impedido ou relativamente incompetente. Portanto, as questões
relativas à (i) litispendência, (ii) coisa julgada e (iii) incompetência devem ser alegadas em sede
preliminar na contestação.

O CPC dispõe que há três espécies de exceção: (i) incompetência, (ii) impedimento e (iii)
suspeição. No que tange ao processo trabalhista, apenas duas delas são analisadas:
incompetência e suspeição.

A exceção de incompetência é regulada pelo art. 800 da CLT e poderá ser absoluta - diz respeito
à matéria e à hierarquia - ou relativa - corresponde ao território - sendo certo que, nos casos em
que o reclamado não apresente exceção de incompetência (territorial) em sua defesa, ocorrerá
sua preclusão, estendendo-se a competência ao juízo prevento.

Já as exceções de impedimento e suspeição, por sua vez, envolvem fatos que impedem o juiz
de exercer suas funções. Estas devem ser apresentadas junto com a contestação, em audiência,
conforme os arts. 799 e 847 da CLT e suspendem o processo. O procedimento de regulação
dessas exceções no processo do trabalho está descrito no art. 802, §§ 1º e 2º, da CLT, bem como
nos arts. 146 a 148 do CPC.

Nos processos trabalhistas, as exceções não precisam ser arguidas por petição separadamente,
como ocorre no processo civil. Neste caso, ela deve ser apresentada na contestação, em
audiência, por escrito ou verbalmente, no prazo de vinte minutos.

Oposta a exceção é dada a incompetência e se abre vistas, pelo prazo de vinte e quatro horas,
oportunidade em que a sentença deve ser proferida na próxima audiência. Lado outro, quando
se dá a exceção de suspeição, o juiz designará audiência, no prazo de quarenta e oito horas, para
instrução e julgamento.
Assim, pode-se afirmar que a exceção suspende o andamento do feito principal.

3) Considerando a contestação contra o processo (defesa processual), classifique os


eventos (com fundamento legal) que deverão ser arguidos antes do mérito, como questão
preliminar da contestação (pressupostos processuais e condições da ação):

a) não foi observado o prazo mínimo de cinco dias entre a data do recebimento da
notificação citatória e a audiência;

Na contestação, o réu poderá atacar o processo ou a ação, alegando que não foram preenchidos
os pressupostos processuais, ou as condições da ação, podendo ser aplicado o art. 337 do CPC
com algumas adaptações ao processo do trabalho, sendo certo que a nulidade da citação é um
pressuposto processual, como se dessume do art. 337, I, do CPC.

O prazo mínimo entre a notificação citatória e a audiência objetiva possibilitar à parte adversa
tempo para elaboração da defesa, nos ditames do art. 841 da CLT.

Deve-se salientar que, no caso de não apresentação de nulidade na citação em sua defesa, o juiz
deve prosseguir normalmente com o processo, visto que não se deve declarar nulidade se não
houver prejuízo efetivo às partes (art. 794 da CLT e art. 241, § 1º, do CPC), comparecendo o
réu à audiência apenas para alegar a nulidade, considera-se realizada a citação a partir da data
em que o réu ou advogado foi intimado da decisão (art. 239, § 1º, do CPC).

Porém, em caso de revelia, o juiz deve determinar de ofício a realização de nova notificação
citatória, que também deverá respeitar o prazo mínimo de 05 (cinco) dias entre o seu
recebimento e a realização da audiência. A não observância deste prazo implica na nulidade
dos atos processuais subsequentes, devendo o juiz designar uma nova audiência, que deverá
ocorrer no prazo mínimo de cinco dias.

b) duas ou mais ações idênticas tramitando perante o mesmo ou juízos diversos;


A litispendência é caso de extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do art.
485, V, do CPC.

c) Petição inicial com pedido indeterminado e incerto;


As hipóteses de indeferimento da exordial estão elencadas no art. 330 do CPC, sendo que o §
1º, II, do referido artigo determina que se considera inepta a petição inicial cujo pedido for
indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico. Contudo,
no processo do trabalho, raramente se observa o indeferimento da petição inicial, tendo uma
forte tendência em se aproveitar ao máximo os pedidos contidos na inicial.

A inépcia da inicial pode ser declarada por provocação do réu ou de ofício pelo juiz, em
qualquer grau jurisdicional, enquanto não houver trânsito em julgado e devendo sempre o juiz
oferecer à outra parte oportunidade de corrigir eventual vício ou emendá-la e, apenas após o
prazo de 15 dias úteis, caso não cumprida a diligência, a exordial poderá ser indeferida, nos
termos da Súmula nº 263 do eg. TST.

d) réu é citado no processo trabalhista, porém a demanda versa sobre lide consumerista;

Está-se diante de incompetência absoluta e deve ser a primeira preliminar a ser suscitada na
contestação, conforme art. 337, II, do CPC. Assim, por se tratar de decisão terminativa do feito
sobre incompetência, o processo deve ser retirado do âmbito da Justiça Trabalhista e o juiz pode
simplesmente remeter os autos ao juízo que entender competente para prosseguir o julgamento
da demanda.

e) verificado que se repete uma ação que já foi decidida por sentença de que não caiba
recurso (transitado em julgado).

Neste caso, por se tratar de coisa julgada, incumbe ao réu alegar, antes de discutir o mérito e,
verificada a coisa julgada, o juiz deverá extinguir o feito sem resolução de mérito, com base no
art. 485, V, do CPC.

4) Considerando a contestação indireta do mérito (exceção substancial), explique e


exemplifique: a) fatos impeditivos; b) fatos modificativos e c) fatos extintivos. Valentina

a) Fatos impeditivos são aqueles que geram a ineficácia dos fatos constitutivos do direito do
autor por este alegados. Assim, o réu não impugna o direito afirmado pelo autor, mas apenas
afirma a existência de fato que impede que aquele direito seja exercido. Um exemplo ocorre
quando um reclamante ingressa com ação trabalhista para requerer pagamento de aviso prévio
com base em dispensa sem justa causa, mas o reclamado, na contestação, apesar de reconhecer
a despedida, aduz que ela ocorreu por justa causa, em razão de ato de improbidade do
reclamante.

b) Fatos modificativos são aqueles que geram alteração dos fatos constitutivos do direito do
autor. Nesse caso, o réu até reconhece em parte o direito alegado, porém aduz um fato que
implica na alteração da relação jurídica material que foi alegada pelo reclamante. Um exemplo
ocorre quando o reclamante afirma ter sido empregado pelo reclamado, e este, na contestação,
alega que, na verdade, o reclamante não era empregado, mas trabalhador autônomo, devendo o
réu provar tal existência de relação jurídica diversa daquela alegada pelo autor e que modifica
o direito deste.

c) Fatos extintivos são aqueles que extinguem o direito alegado pelo autor; são fatos que
extinguem, eliminam ou tornam sem valor a obrigação do réu, na medida em que ela não se
mostra exigível mais. Compreendem-se como fatos extintivos a transação, a renúncia, a
prescrição, a decadência, e também, para Bezerra Leite, a compensação e a retenção. Um
exemplo de fato extintivo ocorre quando, diante do pedido do reclamante de pagamento de
saldo de salários, o reclamado afirma que já realizou tal pagamento reivindicado, devendo
provar a quitação de tal dívida, que é um fato que extingue o direito do autor a seu pagamento,
por ele alegado.

5) Kevin é juiz da 18VT de Belo Horizonte – TRT3 e junto com a equipe de servidores
observou um grande volume de processos prescritos. Nesse sentido, pergunta-se: o. juiz
pode arguir de ofício a prescrição? Discorra acerca dos 2 entendimentos existentes e o
atual posicionamento do TST. Luiza

Há três correntes teóricas principais acerca da possibilidade de o juiz trabalhista


declarar, de ofício, a prescrição. De um lado, parte da doutrina entende ser possível a arguição
sem provocação prévia, posicionando-se pela aplicação do art. 487, II, CPC também às causas
trabalhistas. De outro, alguns doutrinadores entendem que essa norma não é aplicável às causas
trabalhistas: pela natureza alimentícia do crédito trabalhista e pela situação de vulnerabilidade
em que se encontra o trabalhador, não se admitiria a declaração de ofício; este é, inclusive, o
posicionamento adotado pelo TST. Por fim, há ainda, uma terceira corrente, intermediária, que
entende ser possível a declaração, mas desde que, antes de fazê-lo, o magistrado dê
oportunidade para que as partes se manifestem sobre a existência de eventuais causas
impeditivas, restritivas ou suspensivas da prescrição (art. 487, parágrafo único, CPC).

6) Diferencie compensação e retenção/dedução no processo do trabalho. Explique e


exemplifique cada instituto. Reberth

Compensação, retenção e dedução são institutos jurídicos que estão relacionados com
descontos de crédito reconhecidos do trabalhador durante uma ação trabalhista.
A compensação, como instituto processual, está disposta pelo art. 368 do CPC, e é
reconhecida no processo do trabalho pela situação na qual empregado e empregador possuem
créditos e débitos recíprocos, funcionando como uma maneira indireta de extinção das
obrigações.
Dentro da Justiça do Trabalho a compensação somente pode ser aplicável à dívidas de
natureza trabalhista, nos termos da Súmula 18 do TST, e são exemplos de compensação o
adiantamento de salários ou danos causados pelo empregado.
Cabe ainda ressaltar que de acordo com o art. 477,§ 5º da CLT, a compensação no acerto
rescisório deve ser limitada ao valor correspondente à remuneração do empregado.
A retenção, por sua vez, é caracterizada pela situação na qual o empregador detém o
direito de reter algo do empregado enquanto este não fizer a quitação de uma determinada
dívida. Um exemplo é a retenção do imposto de renda, regulada pelo art. 46 da Lei 8.541/92.
Enquanto isso, a dedução nada mais é do que o abatimento de um crédito do trabalhador,
valores previamente e comprovadamente quitados para o mesmo título, como ferramenta para
se evitar o enriquecimento ilícito. Por exemplo, tem-se a dedução de horas extras
comprovadamente pagas.
Conclui-se que a compensação difere da dedução visto que a compensação exige
iniciativa da parte, nos termos do art. 767 da CLT, enquanto a dedução deve ser determinada
de ofício pelo Juiz, por tratar-se de norma de ordem pública, que visa impedir o enriquecimento
sem causa. Ademais, a compensação se dá entre créditos da mesma natureza e a dedução entre
idênticos títulos.

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