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CONTESTAÇÃO

A contestação trabalhista, prevista no art. 847


da CLT, é um ato processual pelo qual o réu
impugna as alegações da petição inicial. É a
peça responsável por apresentar a defesa do
réu e debater os argumentos apresentados pela
parte autora.
Apesar de a contestação trabalhista estar
contida na Consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT), veremos a seguir que muitas diretrizes
da defesa trabalhista são baseadas no Novo
Código de Processo Civil (Novo CPC).
CONTESTAÇÃO

A contestação trabalhista é uma das formas de resposta do


réu em um processo. Como o próprio nome indica, é o meio pelo qual
o réu oferece sua defesa à petição inicial do autor.
Em razão do princípio do juspostulandi que vigora no processo do
trabalho, não há necessidade de representação da parte (autor ou
réu) por algum advogado ou advogada. Por isso mesmo, sua forma
de apresentação pode ser simplificada quando comparada ao
processo civil.
Ainda assim, há bastante semelhança entre a contestação trabalhista
e a contestação cível. Inclusive, muitos conceitos e diretrizes do CPC
são aplicados na contestação trabalhista.
Vale ressaltar que é somente depois da apresentação
da contestação que se torna possível saber quais pontos estão
controversos no processo, ou seja, sobre quais aspectos autor e réu
discordam. Essas discordâncias necessitam de provas para que seja
tomada a decisão judicial.
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Prazo para a contestação trabalhista


O prazo para apresentação da contestação trabalhista, previsto no art. 847 da CLT, é uma das suas
peculiaridades em relação ao processo civil. Vejamos a seguir:

Art. 847 – Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da
reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.

Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até
a audiência.”

De acordo com o artigo acima, caso as partes não cheguem a um acordo, a defesa pode ser apresentada
oralmente na própria audiência, pelo tempo máximo de 20 minutos.

Antes de sofrer ampla reforma em 2017, embora a CLT não mencionasse a possibilidade de contestação
trabalhista escrita, a prática forense admitia o seu recebimento dessa forma até a audiência.

Esse costume foi incluído na CLT pela Reforma Trabalhista (Lei 13467/2017), que passou a prever
expressamente a possibilidade de contestação escrita até a audiência por meio do sistema de processo
judicial eletrônico.

A CLT, ao dispor que a defesa deve ser apresentada “até” a audiência, ocasionou dúvidas e controvérsias
quanto ao efetivo prazo para apresentação da contestação trabalhista.
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• Resolução nº 241/2019
• A respeito desse e de outros temas polêmicos, a Resolução nº 241/2019 do Conselho
Superior da Justiça do Trabalho estabeleceu o seguinte:

• Art. 22. A contestação ou a reconvenção e seus respectivos documentos deverão ser


protocolados no PJe até a realização da proposta de conciliação infrutífera, com a
utilização de equipamento próprio, sendo automaticamente juntados, facultada a
apresentação de defesa oral, na forma do art. 847, da CLT.

• § 1º No expediente de notificação inicial ou de citação constará recomendação para que a


contestação ou a reconvenção e os documentos que as acompanham sejam
protocolados no PJe com pelo menos 48h de antecedência da audiência.

• § 2º O autor poderá atribuir segredo de justiça ao processo no momento da

• propositura da ação, cabendo ao magistrado, após a distribuição, decidir sobre a


manutenção ou exclusão dessa situação, nos termos do art. 189 do CPC e art. 770, caput,
da CLT.
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• § 3º Com exceção da petição inicial, as partes poderão atribuir sigilo às petições e


documentos, nos termos do parágrafo único do art. 773 do CPC.

• § 4º Com exceção da defesa, da reconvenção e dos documentos que os acompanham, o


magistrado poderá determinar a exclusão de petições e documentos indevidamente
protocolados sob sigilo, observado o art. 15 desta Resolução.

• § 5º O réu poderá atribuir sigilo à contestação e à reconvenção, bem como aos


documentos que as acompanham, devendo o magistrado retirar o sigilo caso frustrada a
tentativa conciliatória.”

• Sendo assim, tanto a contestação trabalhista escrita quanto os documentos devem ser
apresentados via Pj-e até a tentativa de conciliação fracassada. É recomendado, no
entanto, que sejam apresentados com até 48 horas de antecedência, sendo permitida a
atribuição de sigilo à defesa e aos documentos.
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Preliminares de contestação trabalhista


O conteúdo de uma contestação trabalhista é composto por questões de mérito,
ou seja, que impugnam diretamente os fatos e o direito pleiteado pelo autor. Ou
ainda, questões processuais conhecidas como preliminares de mérito.
Preliminares de mérito
São chamadas assim pois é a partir da conclusão das preliminares que se julgará
ou não o mérito. Elas podem ser dilatórias, quando apenas prorrogam a análise
do mérito, ou peremptórias. Nesse último caso, ocorre o julgamento antecipado do
processo sem resolução do mérito, o que quer dizer que o processo foi extinto
em razão de algum vício não sanado. Contudo, pode ser ajuizado novamente.
As hipóteses de preliminares estão elencadas nos incisos do art. 337, do CPC:
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Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


I – inexistência ou nulidade da citação;
II – incompetência absoluta e relativa;
III – incorreção do valor da causa;
IV – inépcia da petição inicial;
V – perempção;
VI – litispendência;
VII – coisa julgada;
VIII – conexão;
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IX – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta


de autorização;
X – convenção de arbitragem;
XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII – falta de caução ou de outra prestação que a lei exige
como preliminar;
XIII – indevida concessão do benefício de gratuidade de
justiça.”
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Prejudiciais de mérito
As prejudiciais de mérito que podem ser arguidas na defesa são
a prescrição e a decadência. Caso reconhecidas, o processo será extinto
com resolução do mérito. Isso quer dizer que foi proferida decisão de
procedência ou improcedência. Dessa maneira, não há possibilidade de
ser ajuizada a ação novamente.
Ambas devem ser arguidas na contestação. No entanto, por serem
matérias de ordem pública, podem ser suscitadas por simples petição ou
oralmente a qualquer momento da fase ordinária do processo, ou seja,
antes que decorra o prazo para interposição do recurso de revista.
Além disso, podem ser, inclusive, suscitadas de ofício pelo próprio
julgador.
O prazo prescricional na Justiça do Trabalho quanto a créditos resultantes
das relações de trabalho é de cinco anos para os trabalhadores
urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho, conforme dispõe o art. 11 da CLT.
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Mérito
A contestação trabalhista que impugna questões de fato e de direito
pleiteadas pelo autor, portanto, está atacando o mérito da causa.
Tal oposição ao mérito pode ser direta ou indireta e disso resultará o ônus
da prova.
A contestação trabalhista é direta quando se limita a negar os fatos
alegados pelo autor na petição inicial, ou seja, apenas nega os fatos
constitutivos do direito do demandante. Nesse caso, aplica-se o art. 373,
inciso I do CPC:
“o ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu
direito”.
Por outro lado, a contestação trabalhista será indireta quando admite
determinados fatos da petição inicial, mas traz fatos obstativos – gênero do
qual são espécies os fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do
direito do autor. Em qualquer desses casos, o ônus da prova recai sobre o
réu (art. 373, inciso II, do CPC).
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Consequências
A depender do que consta expressamente ou não na contestação
trabalhista, podem surgir resultados distintos no processo e diferentes
delimitações da controvérsia.
Vejamos quais são:
1. Reconhecimento expresso de condição que leve à procedência do
pedido do autor
Nesse caso, o réu reconhece expressamente na contestação trabalhista
algum fato que enderece ao cabimento de pedido constante na petição
inicial. É a chamada confissão real, ou seja, é a confissão propriamente
dita. Ela se aplica somente a questões de fato, não abrange questões
jurídicas
2. Silêncio
O silêncio ou a falta de impugnação específica sobre determinado fato
pode acarretar a presunção relativa de veracidade. Presunção relativa
deve ser entendida como aquela que pode ser extinta por prova em
contrário.
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Consequências
A depender do que consta expressamente ou não na contestação
trabalhista, podem surgir resultados distintos no processo e diferentes
delimitações da controvérsia.
Vejamos quais são:
1. Reconhecimento expresso de condição que leve à procedência do
pedido do autor
Nesse caso, o réu reconhece expressamente na contestação trabalhista
algum fato que enderece ao cabimento de pedido constante na petição
inicial. É a chamada confissão real, ou seja, é a confissão propriamente
dita. Ela se aplica somente a questões de fato, não abrange questões
jurídicas
2. Silêncio
O silêncio ou a falta de impugnação específica sobre determinado fato
pode acarretar a presunção relativa de veracidade. Presunção relativa
deve ser entendida como aquela que pode ser extinta por prova em
contrário.
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3. Impugnação total dos pedidos


A contestação trabalhista que impugnar de forma específica e precisa todas as questões de
fato e de direito constantes na petição inicial será, a princípio, capaz de evitar a sucumbência
do réu, o que será definido, também, através do acervo probatório.
Pontos de atenção para sua contestação trabalhista
Impugnação específica
Ainda no que diz respeito ao silêncio sobre fatos constantes na petição inicial, deve-se ter
atenção ao que estabelece o art. 341 do CPC. Segundo o caput do dispositivo, salvo
determinadas exceções, “incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as
alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não
impugnadas”.
Portanto, a contestação trabalhista deve confrontar todos os fatos narrados na petição inicial,
de forma precisa e individualizada. Não será admitida a impugnação genérica dos fatos
constantes na inicial, sob pena de eles serem considerados verdadeiros.
Tal presunção de veracidade é relativa e não absoluta, ou seja, o juiz deve analisar todas as
provas constantes no processo para tomar sua decisão
Importante observar que a impugnação específica se dirige aos fatos e não à matéria de
direito.
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Concentração da defesa
Aplica-se também à contestação trabalhista parte do art. 336 do CPC, que dispõe:

Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato
e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende
produzir.

Significa que a contestação trabalhista deve apresentar todos os argumentos de fato de


direito, assim como os documentos que o réu possui para impugnar fatos e pedidos da
petição inicial, sob pena de preclusão, ou seja, de não poder fazê-lo em outro momento.

À essa regra o CPC prevê três exceções previstas no art. 342:

Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:

I – relativas a direito ou a fato superveniente;

II – competir ao juiz conhecer delas de ofício;

III – por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de
jurisdição.
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Com relação às provas, diferente do que ocorre no processo civil,


não é necessário especificar na contestação trabalhista os meios de prova
que se pretende produzir. Podem ser requeridos de forma genérica, como
dispõe a usual expressão “sob todos os meios de prova permitidos em
direito”.
Como apresentar sua contestação trabalhista
A contestação trabalhista, em regra, é o primeiro momento em que o réu se
manifesta no processo. É o meio cabível para que ele apresente sua
defesa às alegações do autor. Portanto, alguns cuidados elevam seu valor.
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Dedução e compensação
É importante postular a dedução ou compensação de eventuais valores já
quitados ou que possam ser compensados quando existentes.
Ônus da prova
A contestação trabalhista, junto com a petição inicial e os documentos
constantes no processo, determinará os objetos que necessitam de prova,
seja documental, testemunhal ou mesmo pericial. Portanto, convém se
atentar aos passos seguintes do processo, que se formam a partir da
defesa.
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Pedidos finais
Além da impugnação aos pontos da petição inicial, é importante pleitear na
contestação trabalhista, quando cabível, a condenação do autor às penas
pela litigância de má-fé (art. 793-A a 793-D, da CLT), ao pagamento de
custas e honorários advocatícios.
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Réplica à contestação trabalhista


Depois de apresentada a contestação trabalhista que impugnou os termos
da petição inicial, o juiz pode conceder ao autor um prazo para impugnar a
defesa.
Não há previsão legal para réplica no processo do trabalho, contudo, é
comum que a audiência inaugural seja fracionada. Nesse caso, a prática é
que seja concedido ao autor o prazo de 15 dias para manifestação, como
ocorre no processo civil (art. 351 do CPC). Contudo, esse prazo pode ser
alterado para mais ou menos de acordo com a necessidade.
Cabe ao autor, por meio da manifestação, impugnar todos os pontos e
documentos da defesa, de forma específica, tal qual ocorre para o réu na
contestação, sob pena de preclusão.
Os documentos, aliás, devem ser minuciosamente impugnados e, quando
for necessário, demonstrar eventual diferença com o que foi pedido através
de amostragem.
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA XXª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO

Processo nº XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, Inscrita no CNPJ nº XXXXXX com endereço na Estrada XXXXXXXXXXX, NXXXX, CasaXX,
BAIRRO, Rio de Janeiro, RJ, CEP: XXXXXXXXX, em trâmite perante este Douto Juízo nos autos da Reclamação Trabalhista movida por FULANO DE
TAL, por seu advogado, apresentar:

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Aos fatos, fundamentos e pedidos constantes da petição inicial, o que faz de acordo com os motivos a seguir expostos.
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I. Da Habilitação e Publicações
Inicialmente, a Reclamada requer seja HABILITADO o advogado abaixo citado, para a prática de todos os atos
processuais a serem desempenhados nos autos do presente processo eletrônicos, e, ainda, que as futuras
publicações e/ou notificações relativas ao processo em epígrafe, expedidas e/ou encaminhadas em nome do
mesmo, qual seja: XXXXXXXXXXXXXXX -OAB/RJ XXXXXXX, no endereço eletrônico:
adv.XXXXXXX@gmail.com
A inobservância de qualquer dos requerimentos acima formulados implicará a nulidade das notificações e/ou
publicações expedidas irregularmente na forma da Súmula nº 427, do TST, restando pré-questionados os incisos
LIV e LV do artigo 5º da Constituição Federal de 1988 ("CF/88").
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II- PRELIMINARMENTE

a) A presente réplica é devidamente tempestiva, cumpre rito e prazos processuais da demanda. Haja vista, que o prazo para sua
apresentação em contestação é de 15 (quinze) dias, contados da intimação do Reclamante, nos moldes dos artigos 350 e 351,
CPC, publicação no Diário Oficial ou Diário da Justiça Eletrônico.

a) DA CARÊNCIA ACIONÁRIA:
O reclamante não mantinha vínculo empregatício com a reclamada. O transcurso natural da instrução processual deixará
isso claro, tal acionamento do judiciário objetiva simplesmente obter enriquecimento ilícito.
A narrativa constante na exordial evidencia outrossim, a manifesta má-fé do reclamante na medida em que pretende
ludibriar esse Douto Juízo, alegando que mantinha relação de emprego com a reclamada, cujo registro na CTPS deixou de ser
efetivado. NUNCA EXISTIU qualquer vínculo empregatício.
Cumpre destacar que o reclamante prestou serviços eventuais de motorista para a Mãe da Dona da empresa, na
qualidade de pessoa física e sem qualquer relação que constitua um vínculo empregatício, tampouco fez parte do quadro de
funcionários da reclamada, sem ter nos seus arquivos qualquer dado do reclamante.

I.
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c) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Inicialmente se esclarece que com o advento da nova Lei acerca da
reforma trabalhista O Art. 790, parágrafo 4 º CLT que a parte deverá comprovar
a sua insuficiência financeira, assim a mera presunção de mera declaração
não pode mais ser aplicada.
Portanto há ausência de informação quanto à gratuidade (poderes
específicos), assim mais uma razão para não ser concedida a gratuidade de
justiça. O autor deve provar a sua condição de miserabilidade conforme dispõe
a legislação. Outro sim deve ser afastado a concessão da gratuidade de
Justiça ao demandante e indeferindo a gratuidade.
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III -MÉRITO
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CONCLUSÃO

Pelos fatos e fundamentos expostos, requer sejam acatadas as preliminares arguidas, e, caso
não seja este o entendimento deste MM. Juízo, a reclamada requer que os pedidos sejam julgados
improcedentes em relação a ela, admitindo-se, entretanto (e por argumentação), que esse MM. Juízo assim
não entenda, todos os requerimentos formulados ao longo desta contestação deverão ser observados.
Protesta, ainda, pela produção de todos os meios de prova em Direito admitidos, notadamente as provas
documental e oral - essa por meio de depoimentos testemunhais e do depoimento pessoal do reclamante,
sob a pena de confissão (súmula n.º 74 do TST).

Por fim, a reclamada impugna os valores apresentados na exordial, uma vez que os valores ali
inseridos não condizem com a realidade dos fatos narrados, até porque TODOS os pedidos postulados na
presente demanda são carentes de prova, logo devem ser julgados improcedentes.

Rio de Janeiro, 27 de março de 2023.

ADV

OAB

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