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AO JUÍZO DO ...

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE NITERÓI DO


ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PRIORIDADE PESSOA IDOSA

(QUALIFICAÇÃO DO AUTOR), vem, respeitosamente, por seu advogado com


escritó rio localizado na Rua da Conceiçã o, 141, sala 1106, Centro, Niteró i, Rio de
janeiro, CEP XXXXX-085, e-mail gv@valentemourao.com.br, onde receberá futuras
intimaçõ es conforme art. 105, do CPC, com procuraçã o em anexo, propor:
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS E
MATERIAIS c/c TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA
pelo procedimento especial da lei 9.099 de 1995, em face de
· BANCO DO BRASIL SA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ de nº
00.XXXXX/0001-91, com sede na Q Saun Quadra 5 Lote B Torres I, Ii E Iii, Sn, Andar
1 A 16 Sala 101 A 1601 Andar 1 A 16 Sala 101 A 1601 Andar 1 A 16 Sala 101 A
1601, Asa Norte, Brasilia - DF, CEP XXXXX-912, e
· STONE INSTITUICAO DE PAGAMENTO S.A, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ de nº 16.XXXXX/0001-57, com sede na AV DRA RUTH CARDOSO,
nº 7221, Conj 2101, Andar 20, Pinheiros, Sã o Paulo SP, CEP.: 05.425-902,
contato@stone.com.br, (21) 3609-7840/ (21) 39860719, pelos fatos e
fundamentos a expor.

Sumário
1. APLICAÇÃ O DOCÓ DIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: 2
2. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA: 2
3. DA COMPETÊ NCIA: 3
4. DOS FATOS: 3
5. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS: 4
5.1. DA TUTELA DE URGÊ NCIA.. 4
5.2. DA RESOLUÇÃ O BCB Nº 147, DE 28 DE SETEMBRO DE 2021. 5
5.3. DO DANO MATERIAL. 7
5.4. DO DANO MORAL. 8
5.5. DAS PRÁ TICAS ABUSIVAS. 9
5.6. INVERSÃ O DO Ô NUS DA PROVA.. 10
6. DOS PEDIDOS: 11

1. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR:


No que se refere ao caso em questã o, a autora encontra-se na posiçã o de
consumidor, uma vez que adquire a prestaçã o de serviço com base no art. 3º da lei
8.078 de 1990 e utiliza do serviço como destinatá rio final, conforme art. 2º da
mesma lei, possuindo todas as características de vulnerabilidade, tais como a
técnica, econô mica e jurídica.

2. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:
Requer preliminarmente a parte autora, com fulcro no artigo 5º, inciso LXXIV da
Constituiçã o Federal, combinado com o art. 98 do Novo Có digo de Processo Civil,
que seja apreciado e acolhido o presente pedido do direito constitucional à Justiça
Gratuita, isentando a parte autora do pagamento e/ou adiantamento de custas
processuais e dos honorá rios advocatícios e/ou periciais caso existam, tendo em
vista a sua hipossuficiência financeira.

3. DA COMPETÊNCIA:
Trata-se de relaçã o de consumo, com base no art. 3º da lei 8.078 de 1990, sendo,
portanto, aplicá vel o art. 101, I do CDC que autoriza a propositura da presente açã o
demandada no foro do domicílio da parte autora.

4. DOS FATOS:
O autor, aposentado apó s trabalhar 35 anos para o BANCO DO BRASIL, no dia
25/04/2022 às 11:23 percebeu que tinha sido vítima do golpe do PIX,
conforme documentos anexo "Comprovante_29-04-2022_160221" e
"Comprovante_29-04-2022_160257" que comprovam as transaçõ es efetuadas.
Sofrendo uma perda material no valor total de R $14.171,00 (quatorze mil cento e
setenta e um reais).
É possível observar os detalhes da conversa através do documento anexo
“Whatsapp - Conversa GOLPE”, no qual o criminoso se passa pelo seu filho, ora
patrono desta presente açã o.
Diante do ocorrido, IMEDIATAMENTE o autor comunicou ao BANCO DO BRASIL,
ora primeiro réu da presente açã o, através do pró prio aplicativo do banco
(conforme orientaçã o de seu gerente). E logo apó s comunicar a contestaçã o ao
banco, o demandante também ligou para o Banco Central, onde foi aberto o
protocolo 2022/4690-092, onde foi relatado todo o ocorrido.
Ainda indignado com a situaçã o, o autor à s 12:00 entrou em contato com o BANCO
STONE (banco receptor das transferências via PIX), que em contrapartida exigiu a
abertura de um Boletim de Ocorrência, como requisito para dar inicio a alguma
tratativa, sendo feito no mesmo momento.
Diante do exposto, o demandante efetuou o registro de ocorrência on-line,
vide doc. Anexo "Registro de Ocorrência" e retornou imediatamente o contato ao
BANCO STONE para a abertura de processo administrativo via protocolo nº
70187518, conforme documento anexo "CCF29042022".
Todavia, no dia 26/04/2022 (dia seguinte) o primeiro réu finalizou o processo
administrativo informando ser DESFAVORÁVEL quanto à s medidas a serem
tomadas, deixando o autor completamente desamparado.
Sendo assim, restou ao autor entrar em contato novamente com o BANCO STONE,
para saber uma posiçã o quanto à tratativa de seu caso. E para sua surpresa, o
banco receptor do PIX informou ao autor que FORAM TOMADAS AS MEDIDAS
e que só o banco tomador (BANCO DO BRASIL), poderia dar uma posição
oficial, mas que os procedimentos cabíveis, embora iniciados (bloqueio do valor
na conta do golpista), encontravam-se incompletos.
Apó s o retorno do BANCO STONE, o autor ligou para a ré, ainda no dia
26/04/2022, que através do SAC foi aberto o protocolo de atendimento nº
88957551, onde o autor informa a instituiçã o financeira reclamada toda a
situaçã o, além de informar que o BANCO STONE, tomou as medidas cabíveis para
que fosse possível reverter o dano material (golpe) sofrido, e ainda perguntou se
haveria possibilidade das duas instituiçõ es financeiras juntas reverem os valores
das transaçõ es. Apó s toda a explanaçã o efetuada, o autor foi informado que seria
dada uma resposta no prazo de 05 dias por e-mail.
Então, no dia 29/04/2022, houve retorno do banco réu, informando que
manteve o posicionamento desfavorável, mantendo-se inerte ao ocorrido,
resposta ABSOLUTAMENTE GENÉRICA, deixando de se comunicar com o
BANCO STONE, que teria efetuado o bloqueio da conta do golpe.
Ao passo que, no retorno de contato com o BANCO STONE, novamente o autor foi
surpreendido com a informação de que a instituição recebedora do PIX, só
estava aguardando um posicionamento do banco que originou a transação,
ou seja, o banco réu.
Frustrado e desamparado, o autor novamente efetuou ligaçõ es junto a ouvidoria
do banco demandado no dia 29/04/2022, relatando todo o panorama do
infortúnio, além de evidenciar que o Banco recebedor (BANCO STONE), só
estava aguardando a manifestação positiva do Banco Réu para verificar a
possibilidade de ressarcimento das operações. E novamente, como resposta o
banco demandado informou que somente apresentaria resposta dentro do prazo
de 10 dias ú teis via e-mail.
É imperioso dizer que, até a presente data o autor encontra-se sem quaisquer
indícios de resoluçã o do problema gerado, tendo em vista o desinteresse por
parte do banco réu, que a todo o momento demonstrou total apatia na
resolução do presente caso via extrajudicial e ignorou até mesmo o auxílio
prestado pelo banco recebedor da quantia (PIX) em resolver a demanda.
Deste modo, a requerente cansou de esperar uma soluçã o administrativa ao caso,
nã o lhe restando alternativa, senã o, bater à s portas do judiciá rio para receber o
que lhe é devido pela instituiçã o financeira requerida.

5. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS:


5.1. DA TUTELA DE URGÊNCIA
Primeiramente, destaca-se o fundamento do pedido de antecipaçã o da tutela
Jurisdicional, disposta na Lei nº 8.078/90, Có digo de Defesa do Consumidor, em
que há a busca de assegurar o resultado prá tico da sentença:
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz
concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
prático equivalente ao do adimplemento.

Destaco ainda a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, o Novo Có digo de Processo


Civil:
Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade
do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

No que diz respeito aos requisitos genéricos para concessã o de tutela provisó ria, é
necessá rio que a parte apresente probabilidade do direito alegado. O art. 300
esclarece que a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo, conforme o presente caso.
No presente caso concreto, temos todos os requisitos necessá rios para que seja
concedido o dispositivo em comento, como o perigo na demora, visto que se trata
de um golpe, no qual o dinheiro ainda pode estar bloqueado, conforme a
informaçã o dada pelo segundo réu, bem como caso o golpista retire o dinheiro. O
risco do dano encontra-se já consumado. O risco ao resultado ú til do processo
está evidente.
Desta forma, requer a título de tutela provisória de urgência, que seja obrigada
a ré efetuar o bloqueio da quantia de forma imediata no valor de R$
14.171,00 (quatorze mil, cento e setenta e um reais), visto que o crédito já se
encontrava bloqueado pelo BANCO STONE.

5.2. DA RESOLUÇÃO BCB Nº 147, DE 28 DE SETEMBRO DE 2021


Uma atençã o deve ser dada ao fato do presente caso tratar-se de uma operaçã o de
fraude, operada por golpistas que usaram de artimanhas para ludibriar o autor,
convencendo-o a efetuar as duas transações via PIX que totalizaram um prejuízo
de R$ 14.171,00 (quatorze mil, cento e setenta e um reais) ao demandante.
A resoluçã o é clara em dizer através do Art. 38-B sobre a tratativa nos casos de
fraude via PIX:
"Art. 39-B. Os recursos oriundos de uma transação no âmbito do Pix deverão ser bloqueados
cautelarmente pelo participante prestador de serviço de pagamento do usuário recebedor quando
houver suspeita de fraude.
§ 1º A avaliação de suspeita de fraude deve incluir:
I - a quantidade de notificações de infração vinculadas ao usuário recebedor, à sua chave Pix e ao
número da sua conta transacional;
II - o tempo decorrido desde a abertura da conta transacional pelo usuário recebedor;
III - o horário e o dia da realização da transação;
IV - o perfil do usuário pagador, inclusive em relação à recorrência de transações entre os usuários; e
V - outros fatores, a critério de cada participante.
§ 2º O bloqueio cautelar deve ser efetivado simultaneamente ao crédito na conta transacional do
usuário recebedor.
§ 3º O participante prestador de serviço de pagamento deverá comunicar imediatamente ao usuário
recebedor a efetivação do bloqueio cautelar.
§ 4º O bloqueio cautelar durará no máximo 72 horas.
§ 5º Durante o período em que os recursos estiverem bloqueados cautelarmente, o participante
prestador de serviço de pagamento do usuário recebedor deve avaliar se existem indícios que
confiram embasamento à suspeita de fraude.
§ 6º Concluída a avaliação de que trata o § 5º:
I - os recursos serão devolvidos ao usuário pagador, nos termos do Mecanismo Especial de Devolução,
de que trata a Seção II do Capítulo XI, caso se identifique fundada suspeita de fraude na transação; ou
II - cessará imediatamente o bloqueio cautelar dos recursos, comunicando-se prontamente o usuário
recebedor, nas hipóteses em que não forem identificados indícios de fraude na transação.
§ 7º O bloqueio cautelar pode ser efetivado somente em contas transacionais de usuários pessoa
natural, excluídos os empresários individuais.
§ 8º A possibilidade de realização do bloqueio cautelar de que trata este artigo deverá constar do
contrato firmado entre o usuário recebedor e o correspondente prestador de serviço de pagamento,
mediante cláusula em destaque no corpo do instrumento contratual, ou por outro instrumento jurídico
válido.
§ 9º O usuário recebedor poderá solicitar a devolução do Pix em montante correspondente ao valor da
transação original enquanto os recursos estiverem cautelarmente bloqueados.”

Cabendo destacar que, o autor cumpriu todas as exigências contidas na referida


resoluçã o, e até mesmo o banco recebedor BANCO STONE, que na suspeita de
fraude do valor transferido via PIX (mediante comprovaçã o documental fornecida
pelo autor), BLOQUEOU na conta recebedora pelo prazo de 72 horas,
aguardando somente a autorização de estorno do banco tomador (BANCO DO
BRASIL), autorizaçã o que nunca aconteceu devido ao descaso empregado pelo réu
na resoluçã o do problema apresentado.
Insta observa que o grande problema ocorre na medida em que o primeiro réu
nada faz para buscar reverter o prejuízo. É certo afirmar que caso o segundo réu
ou o golpista tivessem feito o saque, antes do bloqueio, não haveria
responsabilidade do BANCO DO BRASIL. Entretanto, o primeiro réu, após
saber que o valor estaria bloqueado na conta do SEGUNDO RÉU, nada fez.
Nã o recuperar o valor integral ou parte do valor foi culpa exclusiva dos réus, uma
vez que conforme informaçã o, o valor teria sido bloqueado e aguardava
contestaçã o entre as instituiçõ es financeiras. O dano se concretizou com a demora
em agir, o que é vedado pela resoluçã o do branco central e diversas disposiçõ es em
lei.
Insta dizer que ficou evidente que o dano sofrido pelo autor, que se concretizou
devido a INÉRCIA e DESINTERESSE apresentado pelo BANCO DO BRASIL em
resolver a presente demanda via extrajudicial, que em momento oportuno (saldo
bloqueado na conta recebedora do PIX) nada fez o banco tomador, sequer entrou
em contato com o banco administrador da conta beneficiária para apuração,
e caso possível, reversã o da transaçã o fraudulenta.

5.3. DO DANO MATERIAL


A responsabilidade pelo evento danoso é atribuída à requerida pelo disposto no
art. 14, do CDC, conforme destacado nos fundamentos acima, em que é dever a
prestaçã o de um serviço de qualidade e a resoluçã o do conflito quanto o
fornecedor de serviços descumprem o CDC.
Conforme os artigos 186 e 927, caput, do atual Có digo Civil Brasileiro:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Está evidente que a ré causou danos ao autor (moral e material), devendo,


conforme a lei, repará -los de forma objetiva, pois trata-se de uma relaçã o de
consumo em que o autor é destinatá rio final do serviço prestado e, com fulcro no
art. 14, caput, do CDC, a reparaçã o ocorrerá INDEPENDENTEMENTE de culpa.
Desta forma, o art. 944 do Có digo Civil, deixa claro que, a indenizaçã o se mede pela
extensã o do dano causado e, neste caso, configura-se o valor atual de R$
14.171,00 referente fraude/golpe sofrido pelo autor por terceiros, que se
concretizou devido à negligência/inércia da empresa ré que em momento
oportuno, nada fez para proteger seu cliente/consumidor, deixando o autor
sofrer o dano patrimonial oriundo de uma fraude. Fica evidente que há um abuso
de direito. Houve a reclamaçã o administrativa, a informaçã o de do ocorrido, até
mesmo apresentaçã o de registro de ocorrência, vide documento anexo, e mesmo
assim nada fez a empresa ré.
Nã o recuperar o valor integral ou parte do valor foi culpa exclusiva dos réus, uma
vez que conforme informaçã o, o valor teria sido bloqueado e aguardava
contestaçã o entre as instituiçõ es financeiras. O dano se concretizou com a demora
em agir, o que é vedado pela resoluçã o do branco central e diversas disposiçõ es em
lei.
Desta forma, de acordo com o entendimento jurisprudencial, em detrimento do
dano material sofrido pelo autor, por culpa da má -prestaçã o de serviço fornecida
pela ré, requer o autor o ressarcimento do valor de R$ 14.171,00 (quatorze mil
cento e setenta e um reais), devendo nã o os autores, mas sim a parte ré
demonstrar que nã o houve má -fé tratativa do problema apresentado.

5.4. DO DANO MORAL


O dano moral sofrido pelos autores é incontroverso, uma vez que em primeiro
momento teve que resolver um problema ocasionado pela ré se deslocando a
empresa para resolver a lide e, por fim, fora novamente descontado, acumulando
diversos protocolos de reclamaçã o.
O demandante teve que perder seu tempo, LAZER ou deixar de fazer
qualquer outra atividade para resolver um problema que fora agravado
devido a negligencia e desinteresse aplicado na tratativa do caso em questão,
amargando TODO O ESTRESSE, todo afeto psicofísico ocasionado pelo
péssimo serviço da ré, não restou dúvida quanto a presente ação. É certo dizer
que houve o descumprimento dos preceitos bá sicos do direito do consumidor, tais
como o direito ao serviço de qualidade imposto pela Carta Magna bem como ao
direito de informaçã o clara/precisa.
Conforme dispõ e o Có digo de Defesa do Consumidor, em seu art. 6º, VI, é direito
bá sico do consumidor a efetiva reparaçã o dos danos sofridos. Deve-se levar em
consideração a frustração e INDIGNAÇÃO do autor tendo em vista o péssimo
serviço e atendimento, bem como a falha na entrega do produto em diversas
oportunidades, conforme provas em anexo.
Neste contexto, podemos acrescentar que a responsabilidade da empresa ré é
objetiva, tendo em vista os princípios norteadores do Có digo de Defesa do
consumidor, nã o se falando em responsabilidade subjetiva, ou seja, demonstraçã o
de culpa. Destaca-se, aqui, que a demandada deve PRESERVAR A CONFIANÇA DO
CONSUMIDOR, buscando impor um serviço de excelência, o que não ocorreu. O
simples argumento sobre tentativas frustradas em entregar o produto
correto e falhado, tampouco serve de desculpas para lhe abster do péssimo
serviço prestado, tendo em vista que as justificativas EXTRAPOLARAM
QUALQUER LIMITE DA RAZOABILIDADE e falha na informação.
O art. 927, do CC, nos traz que a reparaçã o está vinculada ao ato ilícito. Desta
forma, a partir do momento em que a empresa ré descumpriu com princípios e
dispositivos do CDC, estamos diante de um dano sofrido pela demandante. O
cá lculo relativo ao dano moral é feito conforme a sua extensã o, de acordo com o
art. 944, CC.
Podemos inferir que nã o pairam dú vidas quanto ao ato ilícito praticado pela
demandada. A prática adotada pela empresa demandada revela absoluto
desprezo pelas mais básicas regras do direito do consumidor e à boa fé
objetiva nas relações comerciais, impondo resposta à altura.
O instituto do dano moral nã o foi criado somente para neutralizar o abalo
suportado pelo ofendido, mas também para conferir uma carga didá tico-
pedagó gica a ser considerada pelo julgador, compensando a vítima e prevenindo a
ocorrência de novos dissabores a outros usuá rios. O caso em apreço se enquadra
perfeitamente nesses ditames, tendo em vista que a empresa demandada pratica
esses atos abusivos apenas porque sabem que muitos clientes/consumidores nã o
buscarã o o judiciá rio a fim de recuperar o valor pago indevidamente, seja por falta
de conhecimento, seja pelo custo/benefício de ingressar na justiça, assim sendo se
torna vantajoso para as demandadas continuarem agindo assim e lesando os seus
clientes.
Desta forma, deve-se imputar as demandadas a obrigaçã o de indenizar os
prejuízos incorridos pelo autor.
Ainda, na Constituiçã o Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso X, também deixa
claro que a todos é assegurado o direito de reparaçã o por danos morais.
Desta forma, cumpre assinalar, que nã o se pode admitir como plausível a alegaçã o
de mero dissabor, conforme explicado acima, tendo em vista que essa justificativa
apenas estimula condutas que nã o respeitam os interesses dos consumidores.

5.5. DAS PRÁTICAS ABUSIVAS


A lei 8.078/90, estabelece que a relaçã o entre fornecedor e consumidor devem
respeitar preceitos bá sicos de boa-fé e equilíbrio, o que nã o ocorreu no caso em
questã o, visto que a ré se aproveitou da fragilidade do consumidor e impô s um
serviço com vícios.
Ocorre que, uma linha telefô nica atualmente, ainda mais que é utilizada por
profissional liberal, é um bem de suma importâ ncia na atual sociedade. Trata-se de
uma identidade.
No que se refere ao art. 6º, do mesmo diploma legal, deixa claro quanto a vedaçã o
dos métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra prá ticas e
clá usulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços
Por fim, os artigos supramencionados estabelecem a proibiçã o do
aproveitamento de certas condições para impingir-lhes seus produtos e
serviços, conforme o ocorrido, posto que se aproveitou da ingenuidade do
requerente para impor os serviços e recusar-se a atender a demanda do cliente.
Portanto, a PRÁTICA É TOTALMENTE ABUSIVA, conforme foi exposto acima.

5.6. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Por fim, a inversão do ônus da prova tem como fundamento a situaçã o de
desvantagem entre o consumidor e fornecedor de serviço, conforme art. 6, VIII, do
CDC, em que houve a comprovaçã o de mais que o mínimo de lastro probató rio.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;

Pelo exposto, é de conhecimento geral de todos os operadores do direito que a


regra do ô nus da prova cabe a quem alega, porém, em decorrência da
reconhecida vulnerabilidade e hipossuficiência do consumidor frente à
capacidade técnica e econômica do fornecedor de serviço ou produto, a regra
sofre uma “flexibilização”, com o objetivo de criar uma igualdade no plano
jurídico.
A inversão, para o caso concreto em discussã o, se torna EXTREMAMENTE
essencial, uma vez que o autor possui todos os protocolos anotados,
demonstrando o mínimo de lastro probató rio.
É necessário que o primeiro réu, BANCO DO BRASIL, demonstre que buscou
contato com o segundo réu, no intuito de concretizar o bloqueio do valor,
uma vez que foi informado ao requerente que o segundo réu estaria
aguardando. Vide documentação e protocolos anexos.
Portanto, a inversã o do ô nus da prova ocorre com objetivo de facilitar a defesa dos
direitos do consumidor e, por via reflexa, garantir a efetividade dos direitos do
indivíduo e da coletividade na forma dos artigos 5º, inciso XXXII e 170, inciso IV,
ambos da CF/88.

6. DOS PEDIDOS:
Por todo o exposto, requer o (a):
1. Citaçã o da ré no endereço localizado em seu site oficial, sob pena de revelia
(art. 344, do CPC);
2. Gratuidade de justiça, com fulcro no art. 98, do CPC;
3. Reconhecimento da relaçã o de consumo, com base nos arts. 2º, 3º, e 14º, da lei
8.078 de 1990 e sendo aplicado a responsabilidade objetiva da ré;
4. Inversão do ônus da prova (art. 6, VIII, do CPC), forçando a primeira ré a
comprovar que entrou em contato com a segunda para efetivar o bloqueio,
bem como a segunda ré demonstrar que agiu com o bloqueio. A demora no
tempo de agir, nesses casos, é crucial.
5. a título de tutela provisória de urgência, que seja obrigada a segunda ré a
manter/efetuar o bloqueio da quantia de forma imediata no valor de R$
14.171,00 (quatorze mil, cento e setenta e um reais), visto que o crédito já se
encontrava bloqueado pelo BANCO STONE.
6. Confirmaçã o da tutela provisó ria de urgência em sede de sentença;
7. Condenação da ré ao pagamento do montante de R$ 14.171,00 (quatorze
mil cento e setenta e um reais), a título de danos materiais, frente à devoluçã o
(estorno) que deveria ter sido aprovado pela ré dado o reconhecimento do
golpe sofrido pelo autor pelo banco recebedor do PIX, devendo nã o os autor,
mas sim a parte ré demonstrar que nã o houve má -fé e negligência ao tratar do
problema apresentado pelo demandante;
8. Condenaçã o da ré ao pagamento do montante de R$ 6.000,00 (seis mil reais)
a título de danos morais, frente à açã o voluntá ria da ré mediante a Teoria Do
Desvio Produtivo Do Consumidor dos fundamentos jurídicos, conforme
acima exposto, bem como jurisprudência supramencionada;
Utilizar-se-ão como provas, testemunhal, documentos, e-mails, protocolos de
atendimento e fotos, bem como outras que porventura venham a ser produzidas
posteriormente, conforme preconiza o art. 32, da lei 9.099/90.
Dá -se valor a causa de R$ 20.171,00 (vinte mil cento e setenta e um mil reais).
Termos em que pede deferimento
Niteró i, 23 de maio de 2022.
________________________________________
Guilherme Valente Almeida Cardoso Guimarães
OAB/RJ 197.115

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