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Ao juízo da Vara Cível de Causas Comuns e Defesa do Consumidor da Comarca de

Processo nº.

xxxxxxxxxx, já qualificado nos autos, vem respeitosamente, à presença de Vossa


Excelência, por intermédio de suas procuradoras signatárias, tempestivamente, nos
termos dos art. 41 e seguintes da Lei 9.099/95, interpor o presente RECURSO
INOMINADO em face da respeitável Sentença que julgou “procedente em parte” os
pedidos formulados na ação em epígrafe, com as razões anexas, requerendo que estas
sejam remetidas à Colenda Turma Recursal do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da
Bahia.

✓ Segue anexo comprovante de recolhimento das custas;


✓ Solicita a intimação dos Recorridos para que possam se manifestar quanto ao
conteúdo deste recurso.

Nestes termos, pede deferimento.


Cidade, 08 de Setembro de 2023.

Advogado
OAB

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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESTADO DA BAHIA

RAZÕES DE RECURSO INOMINADO

Recorrente:
Recorridos: BANCO e outros
Autos: xxxxxx
Juízo de Origem: VARA CÍVEL DE CAUSAS COMUNS E DEFESA DO CONSUMIDOR DA
COMARCA DE

COLENDA TURMA RECURSAL,

EMÉRITOS JULGADORES.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte Recorrente ante a decisão que
julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados nos autos da ação em epígrafe.
Com efeito, em que pese o inquestionável saber do eminente Julgador, a decisão
(Sentença) merece reforma, conforme será exposto adiante.

RAZÕES DE RECURSO

O Recorrente foi vítima de erro de processamento bancário, a máquina em que efetuou


o depósito de dois cheques nominais efetuou a operação com erro: A agência e o
Favorecido não foram identificados no comprovante.

Ao constatar o erro, entrou em contato com o Banco informou o problema e solicitou o


estorno da transação, o Banco não o fez e pagou o cheque que estava preenchido
nominal ao Autor e SEM endosso à Segunda Ré.

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A sentença que merece reforma entendeu que não houve responsabilidade do Banco,
primeira Ré, merecendo reforma a decisão como será demonstrado a seguir.

Da tempestividade

A r. decisão recorrida foi publicada em xx/xx/2023. Considerando o prazo legal de 10


dias úteis para a apresentação do presente recurso e, com a suspensão dos prazos em
xx, com prazo final em xxxxx, tem-se respeitado o pressuposto da tempestividade
recursal

1. SÍNTESE DA DEMANDA

Equivocadamente, o juízo a quo, entendeu se tratar de erro em TRANSFERÊNCIA


de valores. Quando se trata erro em processamento de DEPÓSITO de cheques
nominais pago indevidamente à Segunda Ré (sem endosso a terceiro).

A legislação determina expressamente no art. 39 a necessidade de verificar a


existência de endosso na cártula antes de proceder ao depósito de título nominal
em conta de terceiro. Não obedecendo essa premissa, a responsabilidade do
Banco é configurada. É o que se pode observar dos fatos.

O Requerente, em xx de xxx de 2022, efetuou dois depósitos de dois cheques


nominais a ele mesmo - xxxxx - em Caixa Eletrônico do BANCO agência xx, localizada
em xxx, na máquina nº xxx, transações xxx e xxx no total de R$ 8.252,00.

Após o depósito, já em casa, verificou que havia erros nos comprovantes:

1º Campo Favorecido: EM BRANCO;


2º Campo Agência: EM BRANCO;

Importante salientar a mensagem supra nos comprovantes de depósito:


“O depósito realizado nesta máquina será CONFERIDO no primeiro
dia útil subsequente.”

Ocorre que não houve a verificação adequada, se houvesse, o Banco deveria ter
constatado a quem o cheque estava nominal (xxxx) e a ausência de endosso
(transferência do crédito a terceiro).

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O cheque é ordem de pagamento dirigida à pessoa determinada, a transferência
somente ocorre através do endosso.
No caso em comento, não houve observância ao princípio da literalidade dos títulos de
crédito. A literalidade é o atributo do título de crédito pelo qual só vale aquilo que
nele está escrito.
Logo, o cheque nominal ao Autor, cruzado, e SEM endosso, não era permitido o
pagamento à Segunda Requerida, configurando falha na prestação do serviço por
parte do Banco Bradesco.
Ademais, além da ausência de endosso, antes da compensação que ocorreu na quarta-
feira, o Autor procurou a agência do banco xxx na terça-feira xxxx e informou do
problema, solicitando o estorno da transação.
Naquele momento seria possível a resolução do problema pelo Banco, os cheques
ainda não tinham compensado, estavam nominais ao Autor, cruzados e eram de outra
praça, então a compensação só ocorreria no dia seguinte, na quarta-feira xxxx.
Mas nessa oportunidade, o gerente não agiu de acordo com a necessidade e
importância da situação, informou ao Autor que o cheque já havia sido encaminhado
para agência do Bradesco localizada em Ilhéus e que tentaria entrar em contato com
a referida agência para resolver.
Ocorre que na terça-feira ou no dia seguinte (quarta-feira), inexistiu a solução da
questão. O gerente apenas informou que não conseguiu contato com a agência de
xxxx(mesmo se tratando de agências da mesma instituição financeira) ou com a
xxxxxx (Segunda Ré).
Ao saber disso, o Autor por conta própria conseguiu o número do telefone da segunda
Ré, e tentou contato tanto por ligação quanto por mensagem pelo aplicativo WhatsApp
no número (xx) xxxxxxxxx, informando que por conta de um equívoco da máquina
havia sido creditado na conta desta os cheques depositados e solicitando a devolução
dos valores.
O juízo de primeira instância reconheceu que a Segunda Ré recebeu indevidamente os
R$ xxxxxx referente aos cheques. Entretanto, deixou de observar a responsabilidade
do Banco Ré pela falha na prestação de serviço (verificação das informações no
cheque), pagando os valores a terceiro, indevidamente.
Ressalta-se que conforme a Lei do cheque (LEI No 7.357, DE 2 DE SETEMBRO DE 1985.),
é obrigação do banco antes do pagamento do cheque verificar a quem está nominal
e se há endosso.
Portanto, diante da ausência de endosso, é ilegal e ilegítimo o pagamento feito à
segunda Ré, principalmente diante da notificação do Autor ao Banco, em dia anterior
à compensação dos cheques, informando o erro de processamento dos depósitos
na máquina.
Assim, resta demonstrada a falha na prestação de serviço e a obrigação do banco
enquanto fornecedor para integrar a lide no polo passivo.

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Requer a reforma da sentença para reconhecer a responsabilidade do Banco primeira Ré
pelo defeito na prestação de serviço, o erro de pagamento de cheque sem endosso a
terceiro (Segunda Ré) e a condenação à indenização pelos danos sofridos pelo Autor.

1.1 - Resumo do processo e exposição da Sentença:

Em xxxxxx, após muitas tentativas de resolução da contenda, foi proposta a demanda


face ao Banco xxxx (primeira Ré) e xxxxxx (Segunda Ré).

Houve citação de ambas as Requeridas, sendo que a segunda Ré foi citada por correios
conforme ID xxxxxxx em xxxxxx, mas não compareceu em audiência nem apresentou
defesa, sendo declarada revelia em relação a esta.

Foi solicitado o julgamento antecipado da matéria e proferida Sentença nos seguintes


termos:

“(...)
Segundo o art. 14, § 3º, II, do CDC, o fornecedor do produto ou o prestador do
serviço responde, independentemente da existência de culpa, pelos defeitos na
prestação do serviço, somente se desonerando da obrigação de indenizar se
demonstrar A INEXISTÊNCIA DO DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO, ou
provar a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, o que ocorreu no
caso em tela.

(...)
No caso, foi a própria parte autora quem deu causa a TRANSFERÊNCIA
EQUIVOCADA por erro de digitação, portanto, não houve falha na prestação
de serviços pelo réu.
Em não havendo falhas na prestação de serviços por parte da instituição
financeira não há que se falar em restituição do valor ou indenização por danos
materiais.

(...)
Por outro lado, caberia a segunda ré ter restituído os valores que não lhe
pertencia, visto as diligências adotadas pelo autor para reaver seu dinheiro.
Logo, cabe a segunda demandada o dever de restituir a quantia.
Quanto aos danos morais, entendo que resta configurado, haja vista que a
segunda demandada gerou no autor sofrimento que ultrapassa a esfera do mero
aborrecimento.
No caso em tela, verifica-se, em tese, a prática do tipo penal de apropriação
indébita, previsto no art. 168 do CP, o que merece a atenção do Parquet.
Por todo o exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE o pedido para condenar
a segunda ré a restituir o valor de R$ 8.252,00 (oito mil duzentos e cinquenta e
dois reais), corrigido a partir do efetivo desembolso e juros contados da citação.
Condeno, ainda, a segunda ré a pagar, a título de danos morais, o valor de
R$4.000,00, corrigido a partir do arbitramento e juros contados da citação.
Quanto ao primeiro réu, julgo improcedente o pedido.” (grifos nossos)

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Não se trata de “TRANSFERÊNCIA EQUIVOCADA” como entendeu o ínclito julgador na
sentença a quo, e sim de pagamento indevido cheques cruzados e nominais ao Autor
Hilton Mário dos Santos, SEM ENDOSSO, depositado na agência da primeira Ré.

Ademais, a primeira Ré (Banco xxxxxx) foi notificada pelo Autor dois dias antes da
compensação dos cheques sobre a inconsistência dos depósitos nas máquinas, e nada
fez para evitar o pagamento indevido dos cheques.

Portanto, não se trata de culpa exclusiva por parte da vítima quando o Banco ainda que
advertido pelo Autor, compensa indevidamente em favor de terceiro, cheque nominal
ao Autor e sem endosso.

É patente a falha na prestação do serviço bancário, além do erro em processamento


dos depósitos do caixa eletrônico - máquina propriedade do Banco Réu, que não
identificou o favorecido e a agência na transação efetuada.

Fato constatado nos comprovantes de depósito, onde os campos que deveriam


identificar o favorecido e a agência aparecem em branco:

Além falha mecânica, há irregularidades no pagamento dos cheques, vez que estavam
cruzados, PREENCHIDOS NOMINALMENTE AO AUTOR E SEM ENDOSSO A SEGUNDA
RÉ.
Diante de tais circunstâncias é que se requer a reforma da Sentença para reconhecer que
o primeiro Réu (Banco Bradesco) seja responsabilizado pela falha na prestação dos
serviços e da segurança que as operações bancárias requerem, respondendo
solidariamente pelos danos causados ao Recorrente.
2. DO DIREITO

Art. 17, caput da Lei nº 7.357/85: O cheque pagável a pessoa nomeada, com ou
sem cláusula expressa ‘’ à ordem’’, é transmissível por via de endosso.

O cheque é ordem de pagamento dirigida à pessoa determinada, a transferência


somente ocorre através do endosso.
No caso em comento, não houve observância ao princípio da literalidade dos títulos de
crédito. O cheque era nominal ao Autor, estava cruzado, e não possuía qualquer
endosso que permitisse o pagamento à Segunda Requerida, configurando falha na
prestação do serviço por parte do Banco Bradesco.
O Código Civil brasileiro em seu art. 186 prevê que aquele que, por ação ou omissão
voluntaria, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outro, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

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O art. 927 do mesmo diploma segue no sentido da reparação do dano:

“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187) causar dano a outrem fica
obrigado a repará-lo.”

Excelências, ambas as Rés causaram prejuízo material e moral ao recorrente, a


Primeira Ré tendo sido negligente ao efetuar o pagamento de um cheque nominal
sem endosso, mesmo após ter sido notificado pelo Autor do erro no depósito e antes
da compensação dos cheques. A Segunda Ré, por não devolver valores que
sabidamente não lhe pertencia.
Ora, a Resolução nº 2.878 de 26.07.01 do Conselho Monetario Nacional prevê em
seu artigo 1º que as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar
pelo Banco Central do Brasil, na contratação de operações e na prestação de serviços
aos clientes e ao público em geral, sem prejuízo da observância das demais disposições
legais e regulamentares vigentes e aplicáveis ao Sistema Financeiro Nacional, devem
adotar medidas que objetivem assegurar a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais causados a seus clientes e usuários.
Logo, diante do exposto, é patente o dever de indenizar por parte do banco do xxxxxx
salientando-se o que esta expresso no artigo 39 da Lei nº 7.357 / 1995 (Lei do Cheque):

Art. 39 - O sacado que paga cheque ‘’à ordem’’ é obrigado a verificar a


regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das assinaturas dos
endossantes. A mesma obrigação incumbe ao banco apresentante do cheque
a câmara de compensação.

Competia ao banco Bradesco a conferênciados dados do cheque quando da


compensação, falhando o banco em conferir as informações da conta, o valor, e o
beneficiário da cártula.
Por se tratar de um cheque nominal, é dever do banco, na compensação, verificar o
nome do beneficiário, sendo este divergente dos dados bancários, constatar se há
endosso, eis que ao banco compete verificar a regularidade dos endossos.
Como no caso em tela os cheques estavam nominal ao Sr. xxxxx e sem qualquer
endosso, não poderiam jamais ter sido pago à segunda Ré.

2.1 Do depósito de cheque nominal

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Conforme estabelece a RESOLUÇÃO Nº 2090, é obrigatório a identificação do
beneficiário de cheque de valor superior a R$100,00 (cem reais), ou seja, o cheque
deve ser nominal ou nominativo.

Art. 2º Proibir às instituições financeiras e demais entidades autorizadas a


funcionar pelo Banco Central do Brasil, o recebimento de cheque ao portador de
valor superior a R$100,00 (cem reais), a título de pagamento.

Conforme determina o Banco Central, a partir de R$ 100,00 (cem reais), o emitente é


obrigado a indicar o nome do beneficiário (pessoa ou empresa a quem está efetuando
o pagamento). O cheque nominal pode ser depositado ou pago pelo banco mediante
identificação do beneficiário ou de pessoa por ele indicada no verso do cheque
(endosso).
Assim, o banco apresentante tem o dever legal de verificar a regularidade do título,
tratando-se de cheque nominal só estaria autorizado a realizar o depósito em favor
de terceiro no caso de endosso que exigiria a assinatura do endossante no verso da
cártula, inexistente no caso sub judice.
O STJ já se manifestou sobre o tema:

COMERCIAL E PROCESSUAL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO -


BANCO APRESENTANTE - RESPONSABILIDADE -RECEBIMENTO
DE CHEQUE NOMINAL, NÃO ENDOSSADO, PARA DEPÓSITO EM CONTA DE
TERCEIRO -DENUNCIAÇÃO DA LIDE - ART. 39 DA LEI CHÉQUICA.
I - Presentes no acórdão recorrido as questões suscitadas pelo recorrente em
sede de embargos declaratórios, ainda que tratadas de forma contrária ao seu
interesse, não há que se falar em violação ao art. 535 do CPC.
II - Consoante a exegese do art. 39 da Lei n.º 7357/85, o
estabelecimento bancário apresentante do cheque à compensação não
está dispensado de certificar-se da existência de endosso na cártula antes
de proceder ao depósito do título nominal em conta de terceiro.
Responsabilidade configurada.
III - Descabe a denunciação da lide ao sacado, se inexiste direito de regresso a
lhe ser demandado.
IV - Agravo no Agravo de Instrumento a que se nega provimento.
( AgRg no Ag 217.057/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 21/09/2000, DJ 23/10/2000, p. 135)

No caso em comento, reitera que se trata de cheques cruzados no valor de R$ xxxxx


(xxxxx reais) cada, superando a quantia de R$ 100,00 (cem reais), sendo preenchidos
nominalmente cada cheque em nome do Autor: Hilton Mario dos Santos e sem
endosso.

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Assim, resta claro a falha na verificação e compensação do cheque por parte do
banco:
I. O cheque estava nominal ao Sr. xxxxxxx;
II. Não há endosso para a Segunda Ré.

Deve, portanto, a instituição bancária ser responsabilizada pela falha na prestação


dos serviços e responder pelos danos causados ao Recorrente.

2.2. – Da falha na prestação de serviços – ausência de endosso

Após identificar na legislação a obrigatoriedade de o cheque ser nominal para


pagamento, é importante observar se o depósito foi em conta de terceiro divergente
daquele beneficiário indicado no cheque nominalmente, no caso positivo, os cheques
obrigatoriamente necessitam de endosso.
Assim, mesmo os cheques estando preenchidos nominalmente ao Sr. xxxxx, poderiam
ter sido pagos à Sra. Xxxxxx se estivessem endossados a esta. Entretanto, não estavam.
Temos na situação em que se pleiteia erro de processamento dos depósitos em caixa
eletrônico (nos comprovantes não constam as informações do favorecido e da agência)
e de compensação pelo agente bancário que não verificou corretamente o cheque.
A falta de endosso à Segunda Ré torna o pagamento dos cheques indevido,
conforme pode ser verificado no artigo 17 e seguintes da Lei 7.357/1985 a seguir
transcritos:

Art. 17 - O cheque pagável a pessoa nomeada, com ou sem cláusula expressa


‘’ à ordem’’, é transmissível por via de endosso.
§ 2º O endosso pode ser feito ao emitente, ou a outro obrigado, que podem
novamente endossar o cheque.

Art. 18 - O endosso deve ser puro e simples, reputando-se não-escrita


qualquer condição a que seja subordinado.
§ 1º São nulos o endosso parcial e o do sacado.
§ 2º Vale como em branco o endosso ao portador. O endosso ao sacado vale
apenas como quitação, salvo no caso de o sacado ter vários estabelecimentos e
o endosso ser feito em favor de estabelecimento diverso daquele contra o qual
o cheque foi emitido.

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Art. 19 - O endosso deve ser lançado no, cheque ou na folha de alongamento
e assinado pelo endossante, ou seu mandatário com poderes especiais.
§ 1º O endosso pode não designar o endossatário. Consistindo apenas na
assinatura do endossante (endosso em branco), só é válido quando lançado no
verso do cheque ou na folha de alongamento.

Art. 20 - O endosso transmite todos os direitos resultantes do cheque. Se o


endosso é em branco, pode o portador:
I - completá-lo com o seu nome ou com o de outra pessoa;
II - endossar novamente o cheque, em branco ou a outra pessoa; III - transferir o
cheque a um terceiro, sem completar o endosso e sem endossar.

Nesse sentido, é o entendimento perfilhado pela jurisprudência do STJ, conforme pode


ser verificado:

APELAÇÃO CIVIL. DIREITO CIVIL. CHEQUE NOMINAL. SEM ENDOSSO.


COMPENSAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO NÃO BENEFICIADO. ARTIGOS 17 E
39 DA LEI DO CHEQUE. 1. Cheque nominal. Inexistência de endosso. Cheque
depositado em conta de terceiro em razão da indicação errônea da agência
do beneficiário. Inteligência do artigo 39 da Lei do Cheque. Necessidade de
verificar a existência de endosso na cártula antes de proceder ao depósito de
título nominal em conta de terceiro. Responsabilidade configurada.
Devolução da quantia. Jurisprudência do STJ. 2. Devolução que se faz de forma
simples. Afastada a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, a devolução se
faz de forma simples e não de em dobro. 3. Inversão dos ônus sucumbenciais.
PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO.
(TJ-RJ - APL: 00105632520128190003 RJ 0010563-25.2012.8.19.0003, Relator: DES.
MÔNICA DE FARIA SARDAS, Data de Julgamento: 10/03/2015, VIGÉSIMA PRIMEIRA
CAMARA CIVEL, Data de Publicação: 12/03/2015 00:00)(grifos nossos).

Desta forma, diante da comprovação das irregularidades no pagamento dos cheques,


vez que o Banco Réu não agiu de acordo com o disposto na legislação, deve este
responder pela falha na prestação do serviço, sendo reforma a Sentença ora
atacada.
2.3 – Da responsabilidade objetiva e solidária do fornecedor de serviço

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, o fornecedor de produtos ou


serviços possui responsabilidade objetiva, ou seja, deve responder por prejuízos
causados a terceiros independentemente da existência de culpa.

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Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor


dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes,
entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.

Assim, em caso de reparação de dano, cabe ao consumidor demonstrar o defeito do


produto ou serviço, o prejuízo sofrido e o nexo de causalidade entre eles.
Desta forma, resta comprovado a falha na prestação de serviço e que este equívoco
causou danos ao Autor, vez que este não recebeu os valores que lhe pertenciam quando
o Banco Réu não fez a verificação eficiente antes da compensação dos cheques,
pagando indevidamente as cártulas que estavam nominais ao Sr. Hilton Mario dos Santos
a um terceiro sem que houvesse endosso a este.
Assim, requer a reforma da sentença para reconhecer o dever do Banco Réu em
responder, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados ao consumidor por defeitos relativos à prestação dos serviços. É o que se
requer.

2.4 – Da devolução dos valores devidamente corrigidos

A sentença a quo determinou que a Segunda Ré ao ressarcimento em favor do Autor no


importe total de R$ 8.252,00 (oito mil duzentos e cinquenta e dois reais) resultante da
soma dos cheques, com a correção dos valores desde o dia xxxxxxx (data da
compensação em conta) até a data do pagamento.
Requer seja mantida a referida condenação nos moldes da sentença. Contudo, requer a
reforma no sentido de responsabilizar o Banco xxxxx S/A pela falha na prestação do
serviço e este seja obrigado a solidariamente restituir o Autor.

3. DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL

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No caso em comento, o Autor enfrentou desde setembro de 2022 problemas financeiros
em decorrência da compensação errônea de cheques em favor da Segunda Ré.
Apesar de ter comunicado a ambos os Réus sobre o equívoco e ter solicitado
insistentemente a devolução dos valores, estes se isentaram de suas responsabilidades.
As condutas das Rés além de abusivas e ilegais, seja pela falha do fornecedor que não
procedeu à verificação das informações no cheque antes do pagamento ou pelo
locupletamento injusto da segunda Ré, causando prejuízo financeiro ao Autor e
dificuldade para arcar com seus compromissos.
Assim, devem ser responsabilizados SOLIDARIAMENTE pelos prejuízos causados
pela conduta que lhe compete:

• Primeira Ré – falha na prestação de serviço e insegurança bancária – erro


compensação de cheques;
• Segunda Ré – Locupletamento injusto – apropriação dos R$ 8.252,00;

Excelência, estes transtornos ultrapassaram o mero aborrecimento. O problema do


caixa eletrônico e a falha na compensação dos cheques pela Ré, acarretou ao Autor
o amargor do prejuízo financeiro em R$ 8.252,00 recebido indevidamente pela
Segunda Ré.
É imperioso observar que o Recorrente tentou por diversas vezes resolver
extrajudicialmente com as Rés, mas a falta de resolução e as inúmeras tentativas o
levaram a passar por situações estressantes, de desgaste repetitivo, se sentiu frustrado,
constrangido e desamparado para cumprir com os seus compromissos (parte dos
valores deveria ser destinado ao pagamento de fornecedores).
Destarte, leciona o art. 927 do CC/2002:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá
obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco
para os direitos de outrem.

Excelências, por quase dois meses o Autor se esforçou para resolver


exrajudicialmente, sendo levado ao cansaço e frustração. A primeira Ré se insentou
da responsabilidade no erro da compensação dos cheques, falhando em verificar a
falta de endosso, enquanto a Segunda Ré recebeu em conta valores que sabiadamente
não lhe pertencia, não fazendo a devolução dos mesmos.
Além destes transtornos, o Autor passou por dificuldade financeira, vez que
recebeu os cheques como pagamento da venda de produção agrícola,
amargando prejuízo e dificuldade para fazer novo plantio.

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Não há dúvidas quanto aos danos causados ao Autor quanto às atitudes das
Requeridas, neste teor, a lei máxima de nosso ordenamento jurídico, a Constituição da
República Federativa do Brasil, garante a todos o direito a ressarcimento por dano
material ou moral:

Art.5º (...) V: È assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,


além da indenização por dano material, moral ou à imagem.

X: São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação.

Portanto, resta claro que o Pleiteante, no caso em epígrafe, está passando por uma
situação que extrapola o mero dissabor, ou seja, o fato não foi apenas um
aborrecimento causado ao Autor, a situação por si só causou desgastes, frustrações e
constrangimento que acarretou danos a moral e ao emocional desta pessoa.
Sendo assim, em face de tal situação vexatória, demonstrando que a
primeira Ré contribuiu para a constituição dos danos, e diante do
reconhecimento do juizo a quo dos requisitos para um ressarcimento por
dano moral, requer a V. Excelência a condenação dos Réus
SOLIDARIAMENTE ao pagamento no importe a ser majorado para R$
8.500,00 (oito mil e quinhentos reais), acrescidos de juros e correção
monetária e devidos desde a data da condenação.

4. PEDIDOS

Por todo exposto, demonstrada a existência de defeito na prestação do serviço


bancário, o Recorrente requer seja o presente recurso conhecido e provido, com a
consequente reforma da r. sentença atacada, determinando-se:

a) Seja reconhecida a falha na prestação do serviço bancário e o dever do Banco


Bradesco de ressarcir o Requerente moral e materialmente, uma vez que
houve tanto falha mecânica do caixa eletrônico (provada pelos comprovantes de
depósito dos cheques, com os campos das informações favorecido e agência
estão em branco).
Quanto falha na verifica da existência ou não de endosso, ferindo a literalidade
do cheque previsto na Lei nº 7.357/1985, já que se tratava de cheque cruzado e
nominal ao Requerente. Reformando a Sentença ora atacada, e condenando

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ambas as partes que integram o polo passivo a restituir ao Autor,
solidariamente, o importe de R$ 8.252,00 (oito mil duzentos e cinquenta e
dois reais), corrigido a partir do efetivo desembolso e juros contados da citação;

b) Demonstrando que a primeira Ré contribuiu para a constituição dos danos, que


houve negligência e imperícia por parte desta, e diante do reconhecimento do
juizo a quo dos requisitos para um ressarcimento por dano moral, requer a V.
Excelência a condenação dos Réus SOLIDARIAMENTE ao pagamento no
importe a ser majorado para R$ 8.500,00 (oito mil e quinhentos reais),
acrescidos de juros e correção monetária e devidos desde a data da condenação

c) A condenação do recorrido nas custas e honorários advocatícios, nos moldes do


artigo 55 da Lei 9.099/95;

Termos em que pede e espera deferimento.


xxxxxx, xx de xxxxxx de 2023.

Advogado
OAB

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