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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS

VARAS CIVEIS DA COMARCA DE LINS-SP.

a qual competir por distribuição.

FRANCINE FÉLIX DE BARROS, brasileira, casada, encarregada, portadora


do CI-RG nº 29.613.414-4 SSP/SP e do CPF/MF nº 214.584.638.77, residente e domiciliada à
Rua: Catarina Nicolielo Antunes, nº 575, Bairro: Lins V, CEP 16.401-475, por seus advogado
que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO E C/C


RESSARCIMENTO MATERIAL COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

em face de BANCO DO BRASIL, personalidade jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob o n° 00.000.000/0058-27, localizada na Rua: 21 de Abril, nº 140, CEP:
16.4000-030, pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos:

PRELIMIRNAMENTE

BREVE SÍNTESE DA LIDE

Trata-se de ação declaratória de inexigibilidade de débito, cumulada com


ressarcimento material e tutela de urgência. Transferência de espécie em dinheiro de sua conta
corrente de maneira irregular, com indução ao erro e defeito na prestação de serviços da
requerida.

A autora é pessoa simples, trabalhadora, sendo que é na referida instituição que


mantém suas economias, para sua mantença e de sua família.

Pois bem Exa., a autora no final do ano de 2021, nos dia 27/12/2021 recebeu
contato via telefone, de um correspondente bancário que se identificou como funcionário do
Banco do Brasil, passando riquezas de detalhes referente a conta da autora, com alegações de
que haviam tentado fazer uma transferência no valor de R$ 19.300,00 (dezenove mil e trezentos
reais) e se a ora autora tinha conhecimento disso, como disse que não sabia de nada o
representante solicitou que a autora fosse até a agencia para efetuar o cancelamento da transação
e que por ora iria auxiliar no bloqueio da conta para que nada mais fosse transferido.

No momento da abordagem telefônica a referida pessoa, possuía todos os dados


da conta corrente da autora junto a requerida, a mesma passou a dar credibilidade ao problema
ocorrido.

Contudo, a autora pessoa simples, honesta e trabalhadora, foi até a agência


bancária onde mantém conta, para consultar junto a gerente (nome do gerente) e sua conta o que
era possível e viável a ser feito nesta situação, sendo informada a mesma que tentariam resolver
da melhor forma, solicitando um prazo.

E assim foi feito, porém, a requerida até o momento não apresentou nenhuma
solução plausível para autora.

Pois bem, com o aval e segurança apresentado pela proposta da requerida, a


autora retomou o contato com a pessoa representante de entidade financeira e passou a ser
induzida a erro para que fizesse tais operações totalmente atípicas na conta da autora, que só
economiza proventos de muito trabalho em sua conta, não foram apontadas ou “percebidas” pela
requerida e seus prepostos, mesmo sendo totalmente atípicas com o padrão de renda e
movimentação financeira da autora. O perfil bancário da autora , que fora solicitado formalmente
(carta em anexo) e negado pelos prepostos da requerida poderá demonstrar de forma clara a
atipicidade das atividades bancárias da autora que deveriam ter sido monitoradas pelo sistema de
segurança do banco e não foram.

A bem da verdade e da boa fé objetiva, a autora presenciando o transtorno na


operação manifestou a gerente o desejo de cancelar a operação, em razão das dificuldades, mas
mesmo assim teve assegurado pela funcionária Maria ** que ela (gerente) teria como destravar a
operação o que efetivamente ocorreu, concretizando-se assim a fraude que se busca reconhecer a
inexigibilidade.

Pois bem Exa., realizadas as operações e passados alguns dias a autora percebeu
que os empréstimos consignados que seriam “supostamente” quitados, continuavam a constar de
seu extrato bancário e que outros dois empréstimos agora na modalidade crédito pessoal tinham
sido contratados o primeiro no valor de R$ 90.979,20 em 48 parcelas com vencimentos em
02/03/2023 e outro de R$ 98.904,96 em 48 parcelas com vencimento em 08/02/2023.
Foi em tão que após procurar a agência tomou ciência de que tinha sido vítima de
um golpe bancário, cujo sistema de segurança da requerida não procedeu a constatação e
bloqueio, gerando assim obrigação extremamente onerosa e sem possibilidade de quitação em
razão da forma e das condições de contração, qual seja por meio fraudulento.

Ciente de que teria sido vítima de um crime bancário, a autora então procedeu a
lavratura de boletim de ocorrência nº 2498115/2021 junto a autoridade policial competente,
conforme documento anexo (cf doc. 03), comunicando também através de canal formal do
banco, e tendo então buscado a agência bancária de forma administrativa o cancelamento dos
empréstimos em razão da manifesta falha na prestação de serviços como demonstrado acima,
não obtendo êxito sob alegação de que a responsabilidade era única e tão somente da autora.

Deste modo o Requerente foi vítima de fraude com severa indução ao erro
ocasionado por informação incorreta realizada pela preposta da requerida, que afirmou ser
normal a renegociação e que poderia dar sequência na negocial. Por parte do correspondente da
Requerida.

Tendo a fraude se perpetrado junto a preposto do preposto da Requerida, sob ela


insurge-se a responsabilidade dos atos danosos uma vez que cabe a ela o dever de segurança e
análise dos contratos firmados que ocorrem sob sua tutela.

Com a negativa verbal dos prepostos da requerida, a autora então solicitou


formalmente através de carta protocolada na agência que lhe fosse fornecido PROTOCOLO DE
ATENDIMENTO VIA 0800 ENTRE OS DIAS 22/12 ATÉ 05/01 - CÓPIA DOS DOIS
CONTRATOS DE EMPRÉSTIMOS PESSOAIS (30/12 E 03/01) - COMPROVANTE DE
AUTORIZAÇÃO DE AUMENTO DE LIMITE PARA TRANSFERÊNCIA VIA TED
REALIZADO NO DIA 03/01/2023 - NOME E MATRICULA DAS FUNCIONÁRIAS MARIA
ANTONIA E FERNANDA - HISTORICO DE AVALIÇÃO DE CRÉDITO JUNTO BANCO
(PERFIL). HISTORICO DE EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS PERANTE O BANCO DE
TITULARIDADE DA REQUERENTE.

Mesmo assim e em total desrespeito com as normas consumerista (CDC) a


requerida por seus prepostos, se negaram a fornecer os documentos solicitados e que são de
direito da autora em razão da relação de consumo estabelecida junto a requerida, tendo então
realizado procedimento formal de reclamação junto ao Procon local, conforme faz prova
protocolo em anexo.
Assim sendo, tendo em vista a manifesta resistência da requerida em proceder a
solução administrativa das operações bancárias que foram feitas forma fraudulenta e por falha na
prestação de serviço, não resta outra solução a autora senão buscar a tutela jurisdicional do
estado para solução do caso.

DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

No caso em comento, a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor é


cristalina.

A Requerente se enquadra objetivamente na posição de consumidor, vez que


utiliza dos serviços prestados pela empresa Requerida na qualidade de destinatário final.

A Requerida, por sua vez, encaixa-se lidimamente na qualidade de fornecedora.


Desta forma, límpida é a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor no presente caso,
vez que se trata da matéria, em virtude tanto do enquadramento das partes, quanto à demanda
avençada.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Em que pese toda a documentação dos fatos constitutivos do direito da


Requerente juntado aos autos, mister se faz a inversão do ônus da prova quanto às demais provas
que eventualmente possam ser produzidas.

Assim, é aplicável, na espécie, a disposição do Código de Defesa do Consumidor


relativa à inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII), pela qual, requer, desde já, seja deferida de
plano por Vossa Excelência.

DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

No caso em apreço, a responsabilidade civil, configura-se tão somente com a


demonstração do nexo causal entre as atividades desenvolvidas pelo fornecedor e o dano
produzido.

Em que pese a presença inequívoca dos requisitos ensejadores da responsabilidade


civil, quais sejam, conduta, nexo de causalidade, culpa e dano, dispensa-se a análise da culpa
pelo evento danoso para que seja reconhecido o dever de indenizar da requerida, porquanto é
objetiva a sua responsabilidade, e, desse modo, a procedência do pedido insurge com a
verificação do dano e do nexo causal entre os prejuízos experimentados pelo consumidor e a
atividade desenvolvida pela prestadora de serviços.
Caracterizada a imperfeição dos serviços prestados pela empresa fornecedora ao
consumidor, bem como não comprovada à ocorrência de força maior, caso fortuito ou culpa
exclusiva da vítima, imputa-se à requerida o dever de reparar os danos causados, de acordo com
o art. 14 do Código Consumerista, que determina que o fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Além do mais, o Superior Tribunal de Justiça assim já decidiu:

Súmula 479 - As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos


gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de
operações bancárias.

Observa-se que aqueles que buscam os serviços das instituições bancárias, o


fazem uma vez que visam adquirir da prestação do serviço uma segurança que não podem obter
por meios próprios. Nesta toada o principal e único serviço que se obtém das instituições
bancárias É SENÃO A SEGURANÇA QUE ALEGAM GARANTIR.

Observa-se que a autora está na eminência de ter cobrada as parcelas dos


empréstimos fraudulentos realizados, que se darão respectivamente em 08/02/2023 e 02/03/2023,
descontos esses que se forem concretizados irão comprometer a própria subsistência da autora,
pessoa idosa e que necessita de seus parcos proventos para manutenção da sua saúde.

A validação de operações suspeitas deixa à mostra a existência de defeito na


prestação do serviço, a ensejar a responsabilização da instituição financeira. Se o serviço não
fornece a segurança que dele se pode esperar, levando em consideração o modo do seu
fornecimento e o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam, é ele defeituoso, nos
termos do § 1º do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor.

DA RESPONSABILIDADE DA REQUERIDA ACERCA DE SEUS


PREPOSTOS

Os prepostos da requeridas entre elas as gerentes *** (responsável pela


informação de que era normal a renegociação de empréstimos consignados e que era vantajoso)
E *** (que procedeu a liberação das condições de transferência bancária do segundo
empréstimo, via liberação de TED), foram as responsáveis tanto pela concretização do contrato
fraudulento aqui impugnado, como pelo seu desdobramento quanto o desvio financeiro através
de envio de TED aos golpistas.
Sendo referidas pessoas, prepostos do Banco Requerido responsável pela
realização deste contrato, sua responsabilidade objetiva também se estende ao Requerido o qual
peca no seu dever de vigilância, abrindo as portas de seu negócio para empresas que tem por
objetivo levar a fraude à terceiros.

Observa-se que quando do contato inicial do golpista o mesmo possuía todos os


dados bancários relativo aos empréstimos consignados realizados anteriormente pela autora, o
que demonstra a falha na guarda de informações pessoais que são garantidas por sigilo bancário.

Deveria aqui os prepostos da Requerida ter além de conferido os dados e


informações repassadas a autora, também chegar a origem e os motivos que impediam a
formalização da segunda transação bancária aos fraudadores, o que não fizeram, apenas
liberando o crédito e oferecendo meios para a transferência aos golpistas.

Ou seja, todo este cenário é de responsabilidade da Requerida. Devia a requerida


o dever de segurança e análise dos contratos firmados que ocorrem sob sua tutela, o que não
ocorreu.

Como bem decidiu recentemente o STJ:-

A vulnerabilidade do sistema bancário, que admite operações totalmente atípicas


em relação ao padrão de consumo dos consumidores, viola o dever de segurança que cabe às
instituições financeiras e, por conseguinte, incorre em falha da prestação de serviço. (STJ -
202200971883, Relator: MIN. NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 09/08/2022, Data de
Publicação: 18/08/2022)

Na mesma linha tem decidido o tribunal bandeirante:

VOTO Nº: 53234 P

APEL.Nº: 1052536-93.2022.8.26.0100

COMARCA: FORO CENTRAL CÍVEL

APTE : CLAUDIA REGINA SINADINO DE JESUS

APDO : BANCO PAN S/A RESPONSABILIDADE CIVIL - Danos materiais e


morais Contratação fraudulenta de empréstimo consignado sob pretexto de mera portabilidade
Posterior transferência dos valores disponibilizados a terceiro de má-fé - Relação de consumo
Inversão do ônus da prova Ausência de comprovação da regularidade da contratação
Responsabilidade objetiva Requerido que exerce atividade lucrativa e assume os riscos pelos
danos provocados por tais atividades - Falha na prestação de serviço reconhecida Dano moral
não caracterizado Autora que transferiu a terceiro os valores depositados em sua conta sem o
devido dever de conferência Sucumbência Adequação dos honorários advocatícios ao disposto
no art. 85, § 8º do CPC Recurso da autora parcialmente provido e recurso do réu não provido.

VOTO Nº: 43187

APEL. Nº: 1003325-53.2021.8.26.0220

FORO: FORO DE GUARATINGUETÁ

APTE.: SIMONE PERPETUA GONÇALVES DA SILVA (JUST GRAT)

APDO.: BANCO DO BRASIL S/A

*CONTRATO Prestação de serviços bancários - Aplicação do CDC - Fraude


bancária – desbloqueio de dispositivo, via auto-atendimento, com posterior transferências, as
quais foram contestadas - Inversão do ônus da prova, ante a verossimilhança dos fatos descritos
na exordial - Inexistência de substrato probatório pela casa bancária - Falha na prestação de
serviço caracterizada que não foi elidida, nos termos do artigo 14, § 3º, I e II, do CDC - Danos
materiais configurados - Danos morais in re ipsa Configurados - Quantum indenizatório em
obediência aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade – Ônus sucumbenciais - Sentença
reformada - Recurso provido *

Através das notícias televisivas e públicas, aliadas a soma deste tipo de demanda
sendo destinada ao Poder Judiciário, pode-se notar que a narrativa da Requerente e seu
respectivo pleito não se trata de um caso isolado, mas sim de mais uma pessoa que foi vítima de
um golpe praticado pela Requerida e com a participação omissiva e ou comissiva de seus
prepostos.

DA NULIDADE E DA INEXISTÊNCIA DE DÉBITO IMPUTADO A


REQUERENTE

Trata-se o presente, de mais um caso onde a instituição credora não tomou as


devidas precauções no sentido de atestar a veracidade da criação do contrato de empréstimo.

Há de se reconhecer, portanto, no caso em tela, a inobservância das normas


relativas à proteção do consumidor, especificamente o Código de Defesa do Consumidor.
Neste ponto, faz-se necessária a consideração do Art. 14, §1º deste código, que
consagra a responsabilidade objetiva do fornecedor dos serviços, levados em consideração
alguns fatores.

Não é difícil perceber que houve uma prestação defeituosa do serviço, com
evidente falha na segurança do seu “modo de fornecimento”, não sendo verificada de forma
correta a possível documentação acostada.

A falha na prestação do serviço do Banco Requerido ocorre quando permite que


se realizem de modo ágil e sem a devida verificação de procedência a contratação de
empréstimos de grande monta, sem conferir a autenticidade daquela determinada intenção e seus
respectivos documentos. (PERFIL DE CRÉDITO DA AUTORA).

Verificado, pois, a conduta ilícita praticada pela empresa Requerida, as quais


estão intimamente relacionada com os danos suportados pelo Requerente.

Assim, há que ser declarada a nulidade da transação em comento, com a


devolução de valores que eventualmente forem descontados até decisão suspensiva da cobrança
dos empréstimos.

DA DECLARAÇÃO DE INEXIGIBILIDADE

Superado o ponto o qual indica que o Requerente não firmou o presente contrato
de empréstimo pessoal diante das Requerida, pertinente é a declaração de inexigibilidade deste
contrato, devendo esta inexigibilidade abarcar a totalidade do valor do contrato.

Relembremos:

Valor creditado: R$ 44.216,00

Valor das parcelas ~R$ 1.895,40

Número de parcelas: 48

Datade vencimento d primeira parcela: 02/03/2023

Valor creditado: R$ 45.000,00

Valor das parcelas ~R$ 2.060,52

Número de parcelas: 48

Data de vencimento da primeira parcela: 08/02/2023


Assim sendo, deve ser declarada a inexigibilidade do valor total de R$ 89.216,00
(oitenta e nove mil duzentos e dezesseis reais).

DOS DANOS MATERIAIS

Vem o Requerente requerer pagamento de indenização, a título de danos


materiais, na quantia total de todas as parcelas que forem descontadas mensalmente em sua conta
bancárias em virtude da contratação irregular dos referidos empréstimos.

Tais parcelas deverão ser computadas em sede de cumprimento de sentença, onde


será levado em conta o termo inicial dos descontos e o termo final, e incerto, do cancelamento do
contrato.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

A Requerente requer que seja declarado suspenso os referidos empréstimos de


número desconhecidos os quais tem o condão de realizar descontos de R$ 1.895,40 em
02/03/2023 e R$ 2.060,52 em 08/03/2023, fazendo assim cessar os descontos mês a mês, tendo
em vista que tais débitos só foram possíveis devido a uma falha na prestação dos serviços das
Requerida, falha esta que ensejou o Requerente a ser vítima de fraude.

Com suporte nos artigos 300 e seguintes do novo Código de Processo Civil, o
deferimento da tutela de urgência é evidente. Vejamos:

• Art. 300 - Caput: Nos autos verifica-se a probabilidade do direito do Requerente,


bem como o dano que sofre ao ser vítima de fraude bancária por meio de transação não viciada
por erro e falha na prestação de serviços;

• Art. 300 - §1: Além de o Requerente se encontrar economicamente


hipossuficiente, a Requerida não pode sofrer nenhum dano com a suspensão de cobranças de
uma dívida que o • Art. 300 - §2: É evidente a necessidade do deferimento da tutela de urgência
em caráter de urgência.

• Art. 300 - §3: Não existe perigo de irreversibilidade da decisão, de forma que é
plenamente cabível o deferimento da tutela de urgência de natureza antecipada.

Desta forma, requer o deferimento da Tutela de Urgência para que seja declarado
suspenso os referidos empréstimos pessoais, fazendo cessar os débitos mensais os quais tem
objetivo de perdurar mais 48 meses, sob pena de multa em valor não inferior a R$ 500,00
(quinhentos reais) por cada mês que tais valores forem subtraídos de sua aposentadoria a partir
da decisão que assim decidir o contrário.

DA VULNERABILIDADE DO IDOSO PARA EFEITO DE CONCESSÃO DE


TUTELA DE URGÊNCIA

Ressalta, ainda, que a Requerente é pessoa idosa, com limitações acerca da


interação com novas tecnologias e dificuldade acerca do entendimento de matérias mais técnicas
sobre as transferências bancárias. Marques (2002, p. 194) é pontual ao dissertar acerca da
situação vulnerável do consumidor idoso:

Tratando-se de consumidor ‘idoso’ (assim considerado indistintamente aquele


cuja idade está acima de 60 anos) é, porém, um consumidor de vulnerabilidade potencializada.
Potencializada pela vulnerabilidade fática e técnica, pois é um leigo frente a um especialista
organizado em cadeia de fornecimento de serviços, um leigo que necessita de forma premente
dos serviços, frente à doença ou à morte iminente, um leigo que não entende a complexa técnica
atual dos contratos cativos de longa duração.

Ainda, em complemento ao excerto doutrinário supracitado, o CDC é cristalino ao


pontuar como prática abusiva a prevalência sobre a idade do consumidor, vejamos:

Art. 39: É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas


abusivas:

V - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua


idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;

O STJ tem a muito decidido acerca da proteção ao indivíduo idoso


hipervulnerável, principalmente no que tange à prestação de serviços bancários.

Na hipótese, contudo, verifica-se que o consumidor é pessoa idosa, razão pela


qual a imputação de responsabilidade há de ser feita sob as luzes do Estatuto do Idoso e da
Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos, sempre
considerando a sua peculiar situação de consumidor hipervulnerável.(STJ - 202200971883,

Relator: MIN. NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 09/08/2022, Data de


Publicação: 18/08/2022)

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Tendo em vista a extensão do dano sofrido pelo Requerente, e considerando que a
requerida se negou até mesmo a fornecer documentos de titularidade da autora em seu poder,
bem como o o valor de alçada permitido pela Requerida em audiências de conciliação, vem o
Requerente informar expressamente que NÃO TEM INTERESSE na designação de audiência de
conciliação.

DOS PEDIDOS

Requer se digne Vossa Excelência,

JULGAR TOTALMENTE PROCEDENTE a presente ação, requerendo ainda:

A concessão da TUTELA DE URGÊNCIA, frente a presença de seus requisitos,


para que seja declarado suspensos os referidos empréstimos pessoais, fazendo cessar ao débito
mensal de R$ 1.895,40 em 02/03/2023 e R$ 2.060,52 em 08/03/2023 referente aos contratos de
números desconhecidos o qual tem objetivo de perdurar por mais 48 meses, sob pena de multa
em valor não inferior a R$ 500,00 (quinhentos reais) por cada mês que tais valores forem
subtraídos da conta corrente e da aposentadoria a partir da decisão que assim decidir o contrário.

Ao final do processo, com a sua procedência, requer-se a conversão da Tutela de


Urgência em Obrigação de Fazer em seus exatos termos.

Seja reconhecida a inversão do ônus da prova;

Seja declarada fraudulenta tal transação que fora efetivada em razão da falha da
prestação de serviços e dever de cautela, sendo esta possível graças a uma brecha na segurança
das Requerida;

A condenação da empresa Requerida para fazer inexigível os contratos de


números desconhecidos no valor total de R$ 189.884,16 (cento e oitenta e quatro mil oitocentos
e oitenta e quatro reais) om correção monetária desde a data da efetivação do contrato por força
da súmula 54 do STJ.

A condenação da empresa Requerida ao pagamento de indenização, a título de


danos materiais na quantia total de todas as parcelas que forem descontadas mensalmente de sua
conta bancárias de recursos oriundos de seu benefício previdenciário em virtude da contratação
irregular do referido empréstimo, devendo as mesmas serem corrigidas a partir de cada desconto,
com correção monetária desde a data da efetivação do contrato por força da súmula 54 do STJ.
A citação da empresa Requerida, no endereço constante no preâmbulo, através da
via postal, para que, querendo, possam apresentar resposta e acompanhar o feito até a sua
extinção;

A condenação da empresa Requerida ao pagamento de todas as despesas


processuais e de honorários sucumbenciais;

Protesta por todos os meios de provas legalmente admitidos.

Dá à causa o valor de R$_ R$ 15.000,00 (quinze mil reais), para efeitos de alçada.

Termos em que,

pede deferimento.

Lins-SP., 06 de fevereiro de 2023.

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