Você está na página 1de 7

EXMO.

JUÍZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO RIO DE


JANEIRO – FÓRUM REGIONAL DA BARRA DA TIJUCA /RJ

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, brasileira, casada, bacharel em direito,


portadora do RG nº xxxxxxxxxxxxxxxx DETRAN/RJ e inscrita no C.P.F. sob o número
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, residente e domiciliada naxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx,
vem, por intermédio de sua advogada com endereço profissional na
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, respeitosamente perante Vossa Excelência,
com fulcro no Art. 319 e seguintes do CPC, ajuizar;

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS

em face de CLARO S.A. com endereço à rua Mena Barreto, 42 - Botafogo, Rio de Janeiro/RJ –
CEP: 22271-100, pelas razões de fato e de direito que passa a expor:

DOS FATOS

A autora possui um combo da NET/CLARO contrato nº


038/068178166, onde inclui; 03 celulares, internet, TV e telefone fixo, o vencimento é todo dia 25
de cada mês.
No mês de agosto e 2019 a autora recebeu as contas de consumo de forma
separada, pois segundo a ré, como foi pedida uma mudança de data de vencimento, toda vez que
ocorre mudança de data de vencimento as contas chegam de forma separada somente no mês da
mudança, então em agosto ela pagou para ré, o valor de R$ 259,97 (Duzentos e cinquenta e nove
Reais e noventa e sete centavos) e para a segunda ré, NET, o valor de R$ 511,78 (Quinhentos e onze
Reais e setenta e oito centavos), os pagamentos são feitos através do Cartão de Crédito.

Passado algum tempo a autora começou a receber ligações da ré com a


informação de que a fatura de R$ 259,97 com vencimento em 25/08/2019, estava em aberto, fato
que foi prontamente negado pela autora, eis que o pagamento foi feito dentro do prazo pelo cartão
de crédito.

As cobranças ainda continuaram a acontecer, mesmo ela informando que


havia feito o pagamento, as linhas dos 03 celulares foram bloqueadas, mais uma vez a autora entrou
em contato com a ré informando que TODAS as faturas estavam pagas, solicitaram que ela enviasse
o comprovante para o e-mail pag@net.com.br, que foi feito imediatamente, depois disso as linhas
foram religadas (protocolo nº 038193921183140).

Ocorre que para a surpresa da autora, em 11 de outubro de 2019 as linhas dos


03 celulares foram bloqueadas de novo, mais uma vez a autora ligou para a ré e novamente precisou
enviar mais um e-mail com o comprovante da conta paga (protocolo nº 038193915190820).
Sua odisseia não terminou, pois apenas três dias depois, no dia 14 de outubro
de 2019 as linhas foram bloqueadas mais uma vez, a situação fugiu do controle, pois o marido da
autora, usuário de um dos celulares abrangidos pelo combo, utiliza para o trabalho.

Mais uma vez a autora entrou em contato com a ré (protocolo nº


038193915136534), onde foi informada que ela deveria se deslocar até uma loja física da ré para
“tentar resolver”, mesmo a autora explicando que não teria como ir até uma loja pois tinha
acabado de ganhar bebê, a sua filha contava com apenas um mês na época do ocorrido, foi
informada que as contas só seriam desbloqueadas caso a autora comparecesse até a loja física,
pois no atendimento eletrônico não haveria como resolver.

Sem saber como resolver, com os celulares bloqueados, com uma bebê de
apenas um mês, a autora no dia 15 de outubro de 2019 compareceu na loja da Claro (primeira ré) do
Barra Shopping, foi atendida pela atendente Nataly (protocolo nº 2019817115355), que tirou cópia
dos comprovantes de pagamento, e informou que enviaria para o setor responsável e que os
celulares seriam desbloqueados e que ela não teria mais problema.

Para sua surpresa novamente no dia 17 de outubro de 2019 as linhas foram


bloqueadas, mais uma vez a autora compareceu à loja da Claro do Barra Shopping, foi atendia pela
Nataly de novo, que pediu desculpas pelo ocorrido e informou que não receberia mais cobranças.

Os telefones foram desbloqueados e ela recebeu uma ligação da primeira ré


onde informaram que os pagamentos haviam sido confirmados e ela não receberia mais ligações, o
que de fato aconteceu.

Achando que estava tudo resolvido a autora pagou a fatura com


vencimento em 25 de outubro de 2019, e quando foi olhar o detalhamento da fatura, percebeu
que veio a cobrança do valor de R$ 259,97 acrescido de juros e correção do valor já pago em
agosto de 2019, juntamente com essa fatura, como ela já estava desgastada com a situação,
pagou a fatura e resolveu ingressar com a demanda para reaver o valor cobrado
indevidamente.

A autora, recebeu diversas ligações de cobrança da ré, precisou entrar em


contato diversas vezes com a ré (protocolos: 038193921183140, 038193915190820,
038193915136534, 038193911758075, 038193868411405 e 2019817115355), mandou vários e-
mails com os comprovantes, precisou ir até a loja do Barra Shopping por duas vezes com sua filha
bebê recém-nascida, para tentar resolver e ainda assim, acabou sendo cobrada indevidamente por
uma conta já paga.

Por tudo exposto cabe agora a reparação de todos os danos causados a ela, por
ser medida de extrema justiça!

DOS FUNDAMENTOS

Claro está que o caso em tela envolve relação de consumo, figurando a autora
como consumidora final dos serviços oferecidos pela ré, devendo ser reconhecida a incidência dos
preceitos do Código de Defesa do Consumidor.
Conforme dispõe o art. 6º, III e VI do CDC, é direito básico do consumidor a
informação adequada sobre os serviços bem como a efetiva reparação dos danos sofridos. Deve-se
levar em consideração a frustração da autora tendo em vista a falta de transparência e
disponibilidade da ré para resolver a questão.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos
incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
(...)

VI- a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos


e difusos;

De acordo com o art. 14 do CDC a responsabilidade da ré é objetiva:


Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.

DOS DANOS MATERIAIS E REPETIÇÃO DE INDÉBITO

O Código de Defesa do Consumidor define, de maneira bem nítida, que o


consumidor de produtos e serviços devem ser abrangidos pelas suas regras e entendimentos, senão
vejamos:

"At. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestações de serviços.
(...)
§ 2º. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista.”

No caso em tela, tem-se que a autora foi cobrada indevidamente por


um valor já pago em setembro de 2019, teve seus serviços cortados por mais de uma vez, e não
conseguiu resolver, somente parou de ser cobrada quando fez o pagamento em duplicidade.

Assim, a ré incorreu no disposto no parágrafo único do artigo 42 do Código


de Defesa do Consumidor.

Conforme já exposto, a autora sofreu um prejuízo de R$ 259,97 (Duzentos e


cinquenta e nove Reais e noventa e sete centavos), com a cobrança indevida. Portanto, à luz do
Código de Defesa do Consumidor, portanto deve haver a condenação da ré ao pagamento de
indenização pelo dano material em dobro, no importe total R$ 519,94 (Quinhentos e dezenove
Reais e noventa e quatro centavos), com juros e correção desde a data do evento.

DO DANO MORAL

O dano moral ocorre quando há agressão injusta aos bens imateriais da


pessoa, seja ela física ou jurídica. Destarte, ele se torna insuscetível de quantificação pecuniária,
porém não deixando de ser indenizável, respeitando a finalidade de satisfazer a vítima, coibir o
agressor de novas práticas, bem como ser exemplo para a sociedade, seja no sentido de inibir os
atos ilícitos, seja no sentido de obter a tutela dos seus direitos constitucionalmente garantidos,
conforme expressa o artigo 5º da Constituição Federal.

Considerando ainda o fato dela ter ligado para a ré via telefone por seis
vezes, além das inúmeras ligações de cobranças que recebeu, precisou comparecer por duas
vezes em uma loja física da ré no período de puerpério, eis que na época dos fatos estava com
sua filha recém nascida.

Perdeu horas e dias de descanso, ainda considerando o fato de um bebê


demandar muito tempo de dedicação exclusiva da mãe nesses primeiros meses, ficou mais do que
demonstrada a tese já reconhecida pela jurisprudência, do DESVIO PRODUTIVO DO
CONSUMIDOR, no qual o advogado Dr. Marcos Dessaune, em sua obra “Desvio Produtivo do
Consumidor: o prejuízo do tempo desperdiçado.” (Editora Revista dos Tribunais), afirma “o desvio
produtivo caracteriza-se quando o consumidor, diante de uma situação de mau atendimento,
precisa desperdiçar o seu tempo e desviar as suas competências — de uma atividade necessária ou
por ele preferida — para tentar resolver um problema criado pelo fornecedor, a um custo de
oportunidade indesejado, de natureza irrecuperável...”.

Acerca da TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR, cabe a


colação do recente julgado:

TJRJ: 0018594-35.2015.8.19.0001 – APELAÇÃO


Des(a). AUGUSTO ALVES MOREIRA JUNIOR - Julgamento: 05/05/2020 - OITAVA
CÂMARA CÍVEL
APELAÇÃO CÍVEL. RELAÇÃO DE CONSUMO. EMPRESA PRESTADORA DE
SERVIÇOS DE TELEFONIA, TELEVISÃO POR ASSINATURA E INTERNET. FALHA
NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DEVIDAMENTE COMPROVADA. SERVIÇOS
CONTRATADOS QUE NÃO FUNCIONARAM CONFORME ESPERADO. AUTOR,
ORA APELADO, QUE COMPROVOU O PAGAMENTO DAS FATURAS QUE
FORAM ENVIADAS E ACOSTOU DIVERSOS PROTOCOLOS DANDO CONTA
DAS RECLAMAÇÕES ACERCA DA AUSÊNCIA DE FUNCIONAMENTO REGULAR
DOS SERVIÇOS. EMPRESA RÉ, ORA APELANTE, QUE NÃO COMPROVOU
QUALQUER FATO IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO
DO AUTOR, ORA APELADO, ÔNUS QUE LHE CABIA, NA FORMA DO ARTIGO 373,
INCISO II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL EM VIGOR, E DO QUAL NÃO SE
DESINCUMBIU. DEVER DE COMPENSAR CARACTERIZADO. DANO MORAL
CONFIGURADO. APLICAÇÃO DA TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO
CONSUMIDOR AO CASO EM TELA. QUANTUM COMPENSATÓRIO ARBITRADO
EM PRIMEIRO GRAU NA QUANTIA DE R$ 5.000,00 (CINCO MIL REAIS) QUE
MERECE SER MANTIDO, PORQUE SE COADUNA COM OS PARÂMETROS
IMPOSTOS PELOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA
RAZOABILIDADE, BEM COMO ESTÁ CONFORME COM OS PRECEDENTES
JURISPRUDENCIAIS DESTA EGRÉGIA CORTE DE JUSTIÇA ESTADUAL SOBRE A
MATÉRIA. SENTENÇA QUE MERECE SER MANTIDA. RECURSO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO.

Por tudo relatado, pela falta de respeito e consideração com a autora, por todo
prejuízo causado a ela, que tentou por diversos meses resolver por telefone, foi até a loja física, só
resolveu quando pagou novamente o débito precisando então buscar a via judicial para solucionar a
questão.

Com isso configurados estão os danos morais sofridos, que devem ser fixados
com vistas à sua finalidade compensatória, punitiva e pedagógica, aplicando-se a TEORIA DO
DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR, objetivo este que retrata a vontade da Lei
Fundamental e do CDC, visto que a cobrança indevida dos valores demonstram o grande
desrespeito da ré com seus clientes.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Considerando que a ré possui todas as informações relativas aos débitos, é


cabível e necessária a inversão do ônus da prova, nos moldes do art. 6º, VIII do CDC.

DOS PEDIDOS

Requer a V. Exa. o seguinte:

1. A designação de audiência prévia de conciliação, nos termos do art.319, VII do CPC;


2. A citação da empresa Ré por meio postal, nos termos do art.246, inciso I, do CPC;

3. Seja dado provimento a presente ação, no intuito de condenar a ré ao pagamento de R$


259,97 (Duzentos e cinquenta e nove Reais e noventa e sete centavos) em dobro, no importe
total R$ 519,94 (Quinhentos e dezenove Reais e noventa e quatro centavos), acrescido de ju-
ros e correção monetária, nos moldes do artigo 42, parágrafo único do CDC;

4. Seja condenada ainda ao pagamento de R$ 10.000,00 (Dez mil Reais), a título de danos mo-
rais, aplicando a TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR, por todo trans-
torno causado a ela;

5. Inversão do ônus da prova nos moldes do art. 6º, VIII do CDC e

6. Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito, notadamente a
documental, demais provas que se fizerem necessárias para compor o conjunto probatório.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 10.519,94 (Dez mil, quinhentos e dezenove Reais e


noventa e quatro centavos).

Nestes termos

Pede deferimento

Petrópolis, 25 de maio de 2020.

ADVOGADO
OAB/RJ

Você também pode gostar