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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO __ JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL REGIONAL DA FREGUESIA DA COMARCA DA


CAPITAL/RJ

SILVIA SALVADOR ALVES, brasileira, casada, assistente financeira,


inscrita no CPF/MF sob nº 073.498.467-70, portadora da carteira de identidade
RG sob nº 10.982.048-0, expedida pelo DETRAN-RJ, e-mail:
ssalves@mills.com.br, residente e domiciliada na Rua Quintanilha, n° 702,
Casa 101, Freguesia, Jacarepaguá, Rio de Janeiro/RJ, CEP: 22763-007, por
intermédio de seu advogado infra-assinado, o qual receberá todas as
intimações e/ou outras comunicações processuais, com escritório na Avenida
José Luiz Ferraz, nº 355, apartamento 1601, Recreio dos Bandeirantes, Rio de
Janeiro/RJ, CEP: 22795-080, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, propor a presente:

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANO


MORAL

pelo rito da Lei 9.099/95, em face de BANCO ITAUCARD S/A., inscrito


no CNPJ sob o nº 17.192.451/0001-70, situado na AL Pedro Calil, nº 43, Vila
das Acácias, Poá/SP, CEP: 08.557-105, pelos fatos e fundamentos expostos a
seguir:

Ryan Filippo dos Santos Coelho


Advogado – OAB/RJ 210.052
dub_ryan@hotmail.com
(21) 96432-1969
1. DOS FATOS

Inicialmente, cumpre informar que a autora é cliente da ré sem nunca ter


deixado de cumprir com suas obrigações, além de que tentou, de todas as
formas, extrajudicialmente, obter a solução da celeuma, no entanto, a ré
preferiu esquivar-se das obrigações impostas pelo ordenamento consumerista
deste país.

Ocorre que, a autora por ser pessoa de total boa-fé jamais questionou
qualquer tipo de cobrança efetuada pela ré, contudo, ao parar um dia para
analisar as suas faturas do cartão de crédito, para a sua surpresa, percebeu
que ocorreram diversas cobranças indevidas de um serviço chamado
“acelerador de pontos”, o qual a autora em tempo algum
solicitou/contratou. Neste vem sendo cobrado valores diversos desde a fatura
do mês de dezembro de 2015 que, se somados, perfazem o montante de R$
519,19 (quinhentos e dezenove reais e dezenove centavos), conforme
cálculo que pode ser verificado na planilha anexa (DOC 06). Destaque-se que
todos os débitos foram adimplidos pela autora.

A autora ao entrar em contato com a ré, no dia 09 de julho de 2017,


informando o ocorrido, solicitou a restituição dos valores pagos indevidamente
e o cancelamento do serviço que nunca contratou, sendo informada que o
serviço seria cancelado e que a restituição não poderia ser realizada, pois o
serviço contratado tinha período superior a 90 dias, não sendo possível realizar
o estorno dos valores, conforme pode ser verificado na reclamação sob o
protocolo nº 564116562 anexo (DOC 03).

É importante frisar que mesmo após solicitar o cancelamento do serviço


imposto indevidamente pela ré, o valor indevido foi cobrado na fatura do mês
de julho de 2017 (DOC 04), tendo a autora que arcar com mais uma cobrança
indevida sob o valor de R$ 72,85 (setenta e dois reais e oitenta e cinco
centavos).

Ou seja, Excelência, além da ré não restituir os valores pagos


indevidamente, continuou a efetuar a cobrança indevida mesmo após a
solicitação de cancelamento do serviço, o qual a autora em nenhum
momento contratou.

Cabe ressaltar que a autora tentou entrar em contato outras vezes com
a ré, conforme protocolos: 2017. 156.014.406.0000 - 2017.160.764.561.0000 -
564.116.562 - 574.406.468 - 574.621.869 - 547.623.737 - 574.675.485 -
574.944.135 - 574.946.574 - 574.949.455, obtendo a mesma informação.

Nota-se a má fé da ré, tendo em vista que impôs um serviço na


fatura que não foi contratado pela autora, se repetindo a cobrança
indevida, mensalmente, por longa data, o que denota claramente a má fé,

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haja vista que a ré sabia que a cobrança era indevida e mesmo assim
continuou a cobrar, além de se negar a realizar a devolução dos valores.

Não obstante ao contido acima, eis que os transtornos não cessam


por aqui!

A autora no dia 02/12/2017, foi realizar uma compra em seu cartão de


crédito e, para o seu espanto, a compra não foi autorizada. Ao entrar em
contato com a ré, foi informada que o seu cartão estava bloqueado, visto que
estava para acabar a validade e que não poderia realizar o desbloqueio, pois a
autora somente poderia voltar a realizar compras com um novo cartão, que
seria enviado o quanto antes.

Veja Excelência, o cartão (DOC 05) tinha data de validade até


02/2018 e a ré, arbitrariamente, sem realizar qualquer comunicado a
autora, bloqueou o cartão com 02 (dois) meses de antecedência, com a
justificativa que estava para vencer. Se o cartão tem data de validade, o
vencimento e, consequentemente, qualquer bloqueio somente pode
acontecer após esta data, o que não ocorreu!

Como a autora não poderia ficar sem cartão, já que iria realizar uma
viagem para o exterior, solicitou com máxima urgência o envio do novo cartão.

No dia 06/12/2017, a autora voltou a entrar em contato com a ré, sob o


protocolo de nº 20173405150950000, pois até o momento não tinha recebido o
cartão. A empresa ré não soube informar quanto tempo levaria para o cartão
chegar e pediu que a autora aguardasse.

No dia 11/12/2017, ainda sem receber o cartão, entrou em contato


novamente com a ré sob o protocolo de nº 586954100, indagando sobre o
cartão e obteve a mesma informação, que aguardasse.

No dia 13/12/2017, a autora entrou novamente em contato com a ré sob


o protocolo de nº 2017.347.106.390.0000, sendo que a ré continuava a não
saber informar a data de entrega do cartão de crédito e nem ao menos
conseguia informar o rastreamento. Sugeriram que a autora pedisse uma
segunda via do mesmo, sendo prontamente descartado, tendo em vista que
poderia demorar ainda mais.

O cartão chegou apenas no dia 19/01/2018. Ou seja, 49 dias depois da


solicitação, o que demonstra o total desrespeito com o consumidor.

Pasme Excelência, tamanho é o descaso e desrespeito com a


autora, que se vê de mãos atadas, haja vista que não recebeu os valores
pagos indevidamente e teve o seu cartão bloqueado MUITO antes da data
do vencimento, ficando impossibilitada de realizar qualquer compra.

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Ante o exposto, restou comprovado que a autora buscou diversas vezes
a solução do seu problema diretamente com a ré, sendo que todas as
tentativas restaram frustradas, demonstrando a má fé, tendo em vista que até o
presente momento não obteve solução, não lhe restando outra opção para
reparar os prejuízos experimentados, senão o ajuizamento da presente
demanda judicial.

2. DO DIREITO

2.1 DA APLICAÇÃO DO CDC.

Ab initio, insta salientar que a relação jurídica estabelecida entre as


partes encontra seu fundamento nas normas previstas no Código de Defesa do
Consumidor (Lei Federal nº. 8.078, de 1990), já que ambos encontram
adequação típica de fornecedor e consumidor, previstas nos artigos 2° e 3° do
referido diploma legal.

Diante disso, não restam quaisquer dúvidas quanto à aplicação, no caso


em tela, da referida legislação consumerista, uma vez que restou caracterizado
fornecedor/consumidor.

A desorganização, somada à falta de explicações sobre o ocorrido, é


prova suficiente da falha do serviço prestado pela empresa e do desrespeito
com o autor. A ré age sem qualquer preocupação com os transtornos que pode
ocasionar.

Nesta vertente, o Código de Defesa do Consumidor, traz uma inovação


no inciso VIII, artigo 6º do CDC, onde visa facilitar a defesa do consumidor
lesado, com a inversão do ônus da prova, a favor do mesmo.

Para a inversão do ônus da prova se faz necessária a verossimilhança


da alegação, conforme o entendimento do Juiz, ou a hipossuficiência do autor.
Portanto, haja vista, a verossimilhança das alegações dos autores e da
hipossuficiência dos mesmos, esta faz jus, nos termos do art. 6º, VIII da lei
8.078/90, a inversão do ônus da prova ao seu favor.

Os princípios consumeristas tem por objetivo, em última análise,


proteger também o consumidor contra a publicidade enganosa e abusiva,
métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e
cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos ou serviços (art.
6º, IV, CDC).

Há em todo contrato a incidência dos deveres anexos à boa-fé objetiva,


independentemente de expressa previsão em cláusula contratual. Um destes
deveres é o de segurança e proteção. As pessoas devem viver tranquilas na
confiança que os fornecedores de serviço irão tomar as precauções devidas
para que não sejam atingidas por erros ou engodos.

Ryan Filippo dos Santos Coelho


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Ora Excelência, tais princípios são valores básicos, inerentes a todos,
que estão inseridos em uma sociedade desde sua fundação, são a base de
uma sociedade, e com total descaso as rés vem desrespeitando-os atacando
diretamente a dignidade da pessoa humana relativa ao autor.

No caso em comento, houve descumprimento na observância das


condições que conduziriam o respeito mais amplo às normas consumeristas,
caracterizada pela falha na prestação do serviço, pois o fornecedor, ao deixar
de fornecer informações claras, precisas e inequívocas, consoante a
inteligência do art. 6º, inciso III, do CDC, descumpre os princípios da
transparência e da boa-fé estatuídos no art. 4º, caput, e inciso III, do referido
diploma legal.

Destarte, observa-se claramente que a ré quebrou tais princípios


basilares da relação de consumo, inclusive no descaso em resolver o problema
gerado, uma vez que poderia ter sido solucionado na via administrativa,
quando pelas diversas vezes o autor a procurou para solucionar o impasse.

Considerando que é aplicável o Código de Defesa do Consumidor nesse


caso dos autos, vigora-se a responsabilidade objetiva da ré. A responsabilidade
civil objetiva do fornecedor de serviço é prevista nos artigos 14, e 20, 22,
parágrafo único, 23 e 25, caput e §1º, do CDC, que diz:

Art. 14, do CDC: “O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados aos seus consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos”.

Logo, conforme artigo legal supracitado deve a ré responder pelos danos


causados aos seus consumidores por defeitos na prestação dos serviços.

Nos ensinamentos de Orlando Gomes “contrato é, assim, o negócio


jurídico bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes à observância de conduta
idônea à satisfação dos interesses que regularam”.

Esses artigos demonstram que tanto no defeito do serviço como no vício


do serviço haverá a imputação da responsabilidade civil objetiva aos
fornecedores de serviço, sendo nulas as cláusulas contratuais que exonerem
as suas respectivas responsabilidades.

Além do mais se adota tanto a teoria do risco criado como a teoria do


risco proveito no tocante à responsabilidade civil objetiva da empresa em
questão.

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A teoria do risco criado diz que é imputada a responsabilidade civil
objetiva aquele que criou o risco da atividade, e, portanto é objetivamente
responsável pelos danos causados a terceiro decorrente pelo risco criado.

A teoria do risco proveito diz que é imputada a responsabilidade civil


objetiva aquele que criou o risco e aufere proveito econômico em sua atividade
normal de trabalho, sendo, portanto, objetivamente responsável pelos danos
causado a terceiro decorrente desse risco criado que detém proveito
econômico nas atividades normais de quem causou o dano.

Essas teorias decorrem da interpretação do art. 927, caput, e parágrafo


único, do Código Civil, cuja aplicação é subsidiária ao Código de Defesa do
Consumidor. Diz esse artigo:

Art. 927, caput, CC: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187) causar
dano a outrem, fica obrigado a indenizá-lo. Parágrafo único: Haverá obrigação
de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.

Ainda, no entender de CAIO MÁRIO, o conceito de risco que melhor se


adapta às condições de vida social é o que se fixa no fato, que se alguém põe
em funcionamento qualquer atividade, responde pelos eventos danosos que
esta atividade gera para os indivíduos, independente de determinar se em cada
caso, isoladamente, o DANO é devido à imprudência, a negligência, a um erro
de conduta, e assim se configura a TEORIA DO RISCO criado.

Fazendo abstração da ideia de culpa, mas atendendo apenas ao fato


danoso, responde civilmente aquele que, por sua atividade ou por sua
profissão, expõe alguém ao risco de sofrer um dano.

Neste diapasão o Código Civil, com a adoção da responsabilidade


objetiva no direito brasileiro, fundamenta-se inegavelmente na teoria do
RISCO, criado assim, um risco de dano para terceiros, que deve ser obrigado a
repará-lo ainda que sua conduta seja ISENTA DE CULPA.

“Assim, a responsabilidade civil, desloca-se da noção de CULPA para a


ideia de RISCO, ora encarada como “risco-proveito”, que se funda no princípio
segundo o qual é reparável o dano causado a outrem em consequência de
uma atividade realizada em benefício do responsável, como vemos no caso em
lide (ubi emolumentum, ibi ônus – ob. Cit. P. 29 Carlos Roberto Gonçalves)”.

Segundo esta teoria, o dever de indenizar não mais encontra amparo no


caráter da conduta do agente causador do dano, mas sim no RISCO, que o
exercício de sua atividade causa para terceiros, em função do proveito
econômico daí resultante. Portanto, consoante referido posicionamento do
novo Código Civil, vale dizer que a parte que explora determinado ramo da

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economia, auferindo lucros desta atividade deve, da mesma forma, suportar os
riscos de danos a terceiros.

As provas arroladas aos autos demonstram que nenhuma das hipóteses


excludentes de responsabilidade se encontra, enquanto que os três elementos
da responsabilidade civil objetiva estão perfeitamente configurados nos autos,
quais sejam a conduta lesiva, o dano e o nexo de causalidade.

Desta forma, conforme demonstrado, não resta dúvidas que a conduta


por parte da ré gerou enormes prejuízos ao autor, que, portanto, deve
responder por tais danos objetivamente.

In casu et in specie, cabe a justiça imputar a ré o dever de ressarcir


todos os danos sofridos pelo autor, uma vez que, foram oriundos de atos
irresponsáveis, negligentes e abusivos.

Conforme se demonstrou, de todos ângulos ou vertentes que se olhe na


presente demanda não há como negar pretensão legítima à parte autora, onde
saboreou a mácula a sua dignidade com as constantes falhas da ré.

2.2 DO DANO MORAL.

É evidente que o autor teve a sua paz interior abalada, modificada, em


função dos inúmeros transtornos e constrangimentos causados por parte da ré,
que não cumpriu com o informado, causando-lhe estampado abalo a sua
dignidade e personalidade.

Nesse sentido, a Carta Magna, em seu art. 5°, inciso V e X, da Carta


Magna, dispõem:

Art. 5º. (...):


V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;

Para que se possa falar em dano moral é preciso que a pessoa seja
atingida em sua honra, sua reputação, sua personalidade, seu sentimento de
dignidade, passe por dor, humilhação, constrangimentos, tenha os seus
sentimentos violados.

Demonstrada a prática de ato ilícito, resta a verificação da existência de


efetivo dano moral decorrente da conduta da parte demandada.

Ao dissertar sobre a configuração do dano moral, Aguiar Dias [1] assim


se manifesta: “O dano moral deve ser compreendido em relação ao seu

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conteúdo, que não é o dinheiro, mas a dor, o espanto, a emoção, a vergonha, a
injúria física e moral, em geral uma dolorosa sensação experimentada pela
pessoa, atribuída à palavra dor o mais largo significado”.

E o importantíssimo Miguel Reale, nos esclarece o que é direito da


personalidade (direito personalíssimo), dessa forma:

“Direito da personalidade corresponde a um valor fundamental, a


começar pelo do próprio corpo, que é a condição essencial do que somos, do
que sentimos, percebemos, pensamos e agimos”. (REALE, Miguel. Artigo, Os
Direitos Da Personalidade. 17 Jan. 2004).

In casu, o dissabor suportado pelo autor transcende o mero


aborrecimento cotidiano, haja vista que experimentou o sentimento de
vergonha, haja vista ter passado por duas situações de total falta de
descaso da ré!

O valor arbitrado a título de indenização por dano moral não pode ser
apenas simbólico para o agressor e, por outro lado, deve sempre resguardar a
finalidade de alcançar o efeito punitivo pedagógico.

É certo que a condenação ao pagamento de danos morais não pode


importar somente em enriquecimento da vítima, porém, não se pode deixar de
aplicar penalidade ao réu com base neste argumento, não seria justo, tão
pouco plausível, que o fornecedor cometa danos aos consumidores de maneira
recorrente e não seja punido por tal ato.

“Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar
o dano. (...)”.

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”

Considerando que "Se a indenização pelo dano moral não pode ser
fonte de lucro, também não pode servir de estimulo a violação de direitos
personalíssimos de outrem." (TJ/RJ - Ap. Cív. n°: 2000.001.104072ª Câm. Cív.;
Des. Sergio Cavalieri Filho).

O instituto jurídico do dano moral tem três funções básicas:


compensar alguém em razão de lesão cometida por outrem à sua esfera
personalíssima, punir o agente causador do dano, e, por último, dissuadir
e/ou prevenir nova prática do mesmo tipo de evento danoso. Essa
prevenção ocorre tanto de maneira pontual em relação ao agente lesante,
como também de forma ampla para sociedade como um todo.

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A função punitiva consiste em punir o agente lesante pela ofensa
cometida, mediante a condenação ao pagamento de um valor indenizatório
capaz de demonstrar que o ilícito praticado não será tolerado pela justiça. Para
Cavalieri, [...] não se pode ignorar a necessidade de se impor uma pena ao
causador do dano moral, para não passar impune a infração e, assim, estimular
novas agressões. A indenização funcionará também como uma espécie de
pena privada em benefício da vítima. [8]

Percebe-se, assim, que a não aplicação da função punitiva acarreta


no estímulo indireto à prática de novas infrações. Essa consequência
indesejada ocorre em virtude da sensação de impunidade do lesante, o
qual muitas vezes acredita ter obtido vantagem com o ilícito.

Com efeito, o dano moral sofrido pelo autor, na modalidade do dano


moral puro, qualifica-se como dano na esfera subjetiva da vítima do evento
danoso, atingindo os seus aspectos mais íntimos.

Desse modo, presentes o dano e a conduta negligente da ré,


comprovado o nexo causal, restam configurada obrigação de reparar o dano
moral causado.

Logo, diante todo o exposto, infere-se que a empresa ré merece ser


compelida ao pagamento de indenização ao autor, a título de danos morais, por
ser medida da mais escorreita Justiça!

2.3 DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO

ART. 42 PARÁGRAFO ÚNICO DO CDC

O consumidor cobrado em quantia indevida tem o direito à repetição do


indébito, por igual valor ao dobro do que foi pago em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais.

Neste engodo, verifica-se que o caso em comento se enquadra


perfeitamente na dicção legal, uma vez que a parte Autora é vítima de
cobranças de taxas indevidas as quais JAMAIS foram contratadas, logo,
faz jus, o consumidor, à repetição do indébito.

Dessa forma percebemos que a repetição do indébito é


condicionada ao efetivo pagamento da cobrança o que de fato aconteceu
no caso em questão, uma vez que a autora teve, conforme se depreende

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na documentação acostada, o pagamento de diversas cobranças
indevidas, conforme discriminado no quadro a seguir:

Valor da tarifa
Data Fatura cobrada Valor em Dobro (R$)
indevidamente (R$)

28/12/2015 R$ 11,40 R$ 22,80


26/01/2016 R$ 72,60 R$ 145,20
25/02/2016 R$ 69,08 R$ 138,16
29/03/2016 R$ 45,51 R$ 91,02
29/05/2016 R$ 24,44 R$ 48,88
28/06/2016 R$ 36,13 R$ 72,26
24/07/2016 R$ 36,59 R$ 73,18
24/08/2016 R$ 3,70 R$ 7,40
26/09/2016 R$ 49,50 R$ 99,00
27/10/2016 R$ 48,71 R$ 97,42
28/11/2016 R$ 48,68 R$ 97,36
28/06/2017 R$ 72,85 R$ 145,70
Total R$ 519,19 R$ 1.038,38

Sendo assim, propugna a Autora pelo ressarcimento da quantia de R$


1.038,38 (mil e trinta e oito reais e trinta e oito centavos), valor já dobrado,
devendo ser corrigido e acrescido de juros desde o desembolso.

3. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

a) A citação da empresa ré no endereço preambularmente declinado


para comparecer à audiência a ser designada e apresente
oportunamente defesa dentro do prazo legal, sob pena de confissão
e revelia nos termos do art. 344 do CPC/2015;

b) Que seja concedida a inversão do ônus da prova, ante a


hipossuficiência da Autora perante a Ré, nos termos do artigo 6°, VIII,
do Código de Defesa do Consumidor;

c) Que seja o réu condenado a pagar a autora, de forma já dobrada, o


importe de R$ 1.038,38 (mil e trinta e oito reais e trinta e oito

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centavos), devendo ser corrigido e acrescido de juros desde o seu
efetivo desembolso, cuja especificação segue no item 2.3;

d) Seja julgado procedente o pedido para condenar a empresa ré a


INDENIZAR a autora no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) reais a
títulos de danos morais.

4. DAS PROVAS

Deferir a produção de provas por todos os meios em direito admitido,


especialmente documentais supervenientes, depoimento da empresa ré sob
pena de confesso.

5. DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 11.038,38 (onze mil e trinta e oito reais e trinta e
oito centavos)

N. Termos,
Pede e espera deferimento.
Rio de Janeiro, 07 de maio de 2018.

Ryan Filippo dos Santos Coelho


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