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AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE AMPARO-SP.

, brasileiro, solteiro, professor, inscrito sob o CPF nº , portador da cédula de identidade nº ,


residente e domiciliado na , e-mail: , por meio de seus procuradores que esta subscreve,
conforme instrumento procurató rio em anexo, vem respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, ajuizar a presente
AÇÃ O DE OBRIGAÇÃ O DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS
em face da NETSHOES, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº , com
sede estabelecida na CEP: , conforme argumentos fá ticos e jurídicos a seguir arguidos.

I - PRELIMINARMENTE
Em sede preliminar, requer sejam concedidos ao autor os benefícios da assistência
judiciá ria gratuita integral, nos termos dos artigos 98 e 99 do Novo Có digo de Processo
Civil, por se tratar de pessoa de parcos recursos financeiros, desta forma, completamente
incapaz de arcar com as despesas judiciais (custas e honorá rios advocatícios), sem prejuízo
da pró pria subsistência e da família, o que, expressamente, declara para os fins pertinentes.

II. DOS FATOS


No dia 29/11/2019, o requerente efetuou a compra, online, de uma bicicleta, junto à
acionada, especificada pelo modelo - Bicicleta Stark - Aro 29 - Alumínio - Freio a disco -
Câ mbio Shimano - 24 marchas - no valor de , conforme documentos probató rios em anexo.
O escopo do autor ao efetuar a compra da bicicleta, era utilizá -la como forma de
deslocamento para o trabalho, lazer e atividade física. Com relaçã o ao deslocamento para o
trabalho, utilizando o produto em discussã o, o objetivo principal era reduzir custos com
combustível, pois como é pú blico e notó rio que o combustível durante o período discutido
sofre com a alta dos preços.
Ocorre que, a bicicleta chegou apenas no dia 27/12/2019, APÓ S O PRAZO ESTIPULADO
pela requerida e, ao receber o produto, para sua surpresa percebeu que nã o fora o mesmo
que tinha adquirido no site da acionada, ficando absolutamente frustrado, irresignado e
decepcionado com os serviços ofertados pela empresa demandada.
Neste contexto, além de restar manifesta e inequívoca a falha na prestaçã o do serviço, em
razã o da entrega de um produto diverso do que foi pedido, o produto apresentava vícios na
caixa de direçã o, conforme acervo probató rio em anexo.
No dia 27/12/2019, o requerente ao questionar junto ao serviço de atendimento da
empresa ré, como e quando o erro seria reparado, foi informado que o mesmo deveia i at ua
agia dos Coeios paa osegui efetua a toa o suesso, ofoe protocolo de atendimento nº , em
anexo.
Ora Excelência, o problema todo foi causado ú nica e exclusivamente pela Acionada, o erro
em entregar produto diverso do pleiteado, bem como as avarias presentes na bicicleta, sã o
de absoluta responsabilidade da Acionada, devendo, portanto, adotar todas as providências
necessá rias para atender o pedido do consumidor.
No dia 30/12/2019, em mais uma tentativa de solucionar o problema, o autor entrou em
contato com a acionada, conforme nú mero de protocolo nº e, supreendentemente, foi
informado que o atendimento anterior realizado no dia 27/12/2019, foi feito de forma
equivocada, sendo registrado no sistema, ao invés da troca pelo poduto desejado o oeto da
opa, u vale-opa, jaais pleiteado pelo autor.
Absurdamente, ao questionar quando teria uma posiçã o sobre o produto, a atendente
pediu para que o autor aguardasse por mais 10 DIAS Ú TEIS, sendo informado que
precisava aguardar uma resposta do lojista, de acordo com có pias dos atendimentos em
anexo.
No dia 08 de janeiro de 2020, o autor tentou mais uma vez solucionar o problema, através
do protocolo nº , contudo, novamente esbarrou nos sucessivos erros cometidos pela
empresa, que sã o desde o produto entregue diferente do pedido e com defeito, até erros no
sistema de atendimento.
Incansavelmente, o autor tentou resolver definitivamente o problema com a Acionada no
dia 15 de janeiro de 2020, por meio de atendimento com nú mero de protocolo nº , etetato,
apeas foi dito ue: foa eaeto u potoolo de pioidade alta paa o lojista.
Apó s incessantes tentativas de solucionar o problema, apenas no dia 24 de janeiro de 2020,
foi autorizado a coleta da bicicleta, conforme guia em anexo. Todavia, até a presente data o
autor nã o recebeu o produto que pagou no valor de , muito menos obteve qualquer
resposta da acionada.
O ordenamento jurídico vigente coíbe veementemente a conduta negligente, irresponsá vel
e omissa adotada pela demandada, pois, ao invés de resolver o problema corrigindo o
pró prio erro, impô s obstá culos ao autor para que a troca do produto fosse realizada com
êxito.
Ocorre que, o autor nã o suportando mais todo o transtorno causado pela ré, dirigiu-se até o
PROCON, com o objetivo de resolver o problema da forma mais célere e amigá vel possível.
Neste contexto, o PROCON designou assentada para o dia 11 de maio de 2020, tendo o
autor comparecido, DESACOMPANHADO DE ADVOGADO e presente também o
Representante Legal da empresa Acionada, conforme Termo de Acordo de Audiência e
Conciliaçã o em anexo.
No referido Termo, o autor, desacompanhado de advogado, nã o vendo outra saída aceitou o
Esdrú xulo acordo proposto pela acionada, qual seja: A entrega da bicicleta comprada,
AINDA NO PRAZO DE 60 DIAS corridos.
EXCELÊ NCIA, já nã o bastasse TODO O TEMPO CONCEDIDO À ACIONADA, haja vista que o
produto fora adquirido no dia 29/11/2020, e, esta, por sua vez, informa um cumprimento
de obrigaçã o apó s AINDA MAIS DOIS MESES?
Infelizmente, o autor com o ú nico objetivo de resolver a celeuma e poder utilizar a bicicleta
o mais breve possível, acabou aceitando a proposta absolutamente lesiva que, por sua vez,
violou as normas que regem a relaçã o de consumo.
Nesta esteira, PASME EXCELÊ NCIA apó s aceitar o acordo totalmente lesivo no PROCON, o
Acionante fora surpreendido com e-mail da Acionada informando o estorno da compra da
bicicleta. Ocorre que, nã o fora esse pactuado entre as partes, em nenhum momento foi
solicitado o estorno do valor pago.
Em razã o das flagrantes violaçõ es ao direito da parte mais frá gil, vulnerá vel e
hipossuficiente na relaçã o de consumo, requer a nulidade do referido termo de acordo, em
razã o da nítida violaçã o aos direitos do consumidor, como medida de inteira justiça.
Nesta esteira, o autor tentou resolver o problema por inú meras vezes na esfera
administrativa, contudo, sem sucesso. Dessa forma, nã o restou outra alternativa, senã o,
ingressar judicialmente para poder resolver um problema sem que lhe tenha dado causa.
Portanto, restou clara e inequívoca a configuraçã o do dano moral, posto que, na concepçã o
da reparaçã o do dano moral prevalece a orientaçã o de que a responsabilizaçã o do agente
se opera por força do simples fato da violaçã o ( in re ipsa) , de modo a tornar-se
desnecessá ria a prova do prejuízo em concreto.

III - DO DIREITO
A - DA OBRIGAÇÃO DE FAZER
Em seu artigo 35, o CDC estabelece:
Se o foeedo de podutos ou seviços eusa upieto ofeta, apesetaçã o ou publicidade, o
consumidor poderá , alternativamente e à sua livre escolha:
I-Exigir o cumprimento forçado da obrigaçã o, nos termos da oferta, apresentaçã o ou
puliidade.
Trata-se, em verdade, de espécie de princípio pacta sunt servanda qualificado, eis que
tutela uma das partes da relaçã o consumerista. Essa qualificaçã o é, aliá s, forte expressã o da
distinçã o compreendida pelo legislador entre os contratos entre particulares numa relaçã o
obrigacional equilibrada, e aquela entre empresa e consumidor - que é parte
hipossuficiente.
Assim, evidente também a escolha legislativa pela intolerâ ncia ao descumprimento do
pactuado, especificamente, dentre outras formas de inadimplemento, no que diz respeito
ao prazo de entrega do produto ou realizaçã o do serviço:
At. . É vedado ao foeedo de podutos ou seviços, dete outas patias ausivas: XII - deixar de
estipular prazo para o cumprimento de sua obrigaçã o ou deixar a fixaçã o de seu teo iiial a
seu exlusivo itéio.
Ora, V. Exa., antes mesmo de expirar os vá rios prazos - que já havia prorrogado para datas
posteriores, ficou consignado em contato via atendimento ao cliente, que nã o se sabia ao
certo se a data de entrega seria cumprida. Ou seja, ao suspender a certeza da informaçã o de
que o produto chegaria no dia combinado sem que fosse estabelecido um novo termo, a Ré
incorreu na pratica abusiva descrita no art. 39, inciso XII do CDC.
Isto demonstra, V. Exa., a indiferença da Ré em relaçã o à s obrigaçõ es que assume , cujo
inadimplemento provoca situaçõ es das mais desconfortá veis para suas vítimas. Nem a
formaçã o de uma extensa lista de reclamaçõ es (muito além de cinco mil nos ú ltimos doze
meses), e nem mesmo as cem açõ es ajuizadas, tem alterado o comportamento da empresa,
que continua a descumprir seus contratos e obrigaçõ es perante os consumidores.
Cuida-se, verdadeiramente, de má -fé da GIGANTESCA NETSHOES, eis que a reiterada pá tia
de veda se upieto do pazo ã o , evideteete, eo ipevisto logístio. É vedadeio odo de opeaçã o e
ue sã o aptados eusos dos aduietes e, com o emprego de rendimentos financeiros, que a
empresa obtém com investimentos diversos, na produçã o.
Por esta razã o, o Autor teme que eventual tutela desprovida de imposiçã o de multa diá ria
se faça inó cua, eis que a Ré demonstrou extensamente sua obstinaçã o em inadimplir suas
obrigaçõ es, sem demonstrar qualquer receio face à s consequências.
Também, V. Exa., se faz necessá ria a condenaçã o da Ré ao pagamento de indenizaçã o por
danos morais, sem prejuízo da multa (art. 84, § 3º, CDC), como forma de ressarcimento pelo
constrangimento a que tem submetido o Autor, e também como meio pedagó gico de
persuadi-la a deixar seus métodos eivados de má -fé, incompatíveis com o que prescreve o
legislador brasileiro.
Nesse sentido, convém transcrever o fundamento jurídico que sustenta tal pretensã o
autoral:
At. . Na açã o ue teha po ojeto o upieto da oigaçã o de faze ou ã o fazer, o juiz concederá a
tutela especifica da obrigaçã o ou determinará providencias que assegurem o resultado
prá tico equivalente ao do adimplemento.
§ 1º A conversã o da obrigaçã o em perdas e danos somente será admissível se por elas
optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtençã o do resultado prá tico
correspondente.
§ 2º A indenizaçã o por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art. 287, do Có digo de
Processo Civil).
§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficá cia
do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou apó s justificaçã o
prévia, citado o réu.
§ 4º O juiz poderá , na hipó tese do § 3º ou na sentença, impor multa diá ria ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigaçã o,
fixado pazo azovel paa o upieto do peeito.
B - DA RELAÇÃO DE CONSUMO
Inegavelmente a relaçã o havida entre os litigantes é de consumo, ensejando, portanto, a
aplicaçã o das normas consumeristas ao caso em tela.
Como exposto, o prazo para entrega dos bens adquiridos pelo Autor nã o foi respeitado pela
Acionada, ainda que tenha o Autor cumprido com a obrigaçã o de pagar o preço, o que por
sua vez, lhe gerou prejuízos de ordem moral.
O Có digo de Defesa do Consumidor estabelece, no seu art. 6º que:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e
serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de
escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de
quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem;
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como
contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão
de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências;
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com
deficiência, observado o disposto em regulamento
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de
comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer
veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

Por outra face o art. 14 do mesmo CDC estabelece que:


Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido. § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. § 3º
O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. § 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será
apurada mediante a verificação de culpa.

Ora, ao deixar de cumprir o prazo assinalado para entrega do bem, ultrapassando-o sem
qualquer justificativa implicou em ofensa aos termos da Lei Consumerista, causando ao
Autor prejuízos de ordem moral motivo pelo qual deve ser condenada a acionada em
indenizar o Autor pelos danos morais e materiais causados.

C - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Em regra, o ô nus da prova incumbe a quem alega o fato gerador do direito mencionado ou a
quem o nega fazendo nascer um fato modificativo, conforme disciplina o artigo 373, incisos
I e II do Novo Có digo de Processo Civil.
O Có digo de Defesa do Consumidor, representando uma atualizaçã o do direito vigente e
procurando amenizar a diferença de forças existentes entre polos processuais onde se tem
num ponto, o consumidor, como figura vulnerá vel e noutro, o fornecedor, como detentor
dos meios de prova que sã o muitas vezes buscados pelo primeiro, e à s quais este nã o
possui acesso, adotou teoria moderna onde se admite a inversã o do ô nus da prova
justamente em face desta problemá tica.
Havendo uma relaçã o onde está caracterizada a vulnerabilidade entre as partes, como de
fato há , este deve ser agraciado com as normas atinentes na Lei nº 8.078-90,
principalmente no que tange aos direitos bá sicos do consumidor.
Ressalte-se que se considera relaçã o de consumo a relaçã o jurídica havida entre fornecedor
(artigo 3 º da LF 8.078-90), tendo por objeto produto ou serviço, sendo que nesta esfera
cabe a inversã o do ô nus da prova quando:
O CDC permite a inversão do ônus da prova em favor do consumidor, sempre que for hipossuficiente ou verossímil
sua alegação . Trata-se de aplicação do princípio constitucional da isonomia, pois o consumidor, como parte
reconhecidamente mais fraca e vulnerável na relação de consumo (CDC 4 º , I), tem de ser tratado de forma
diferente , a fim de que seja alcançada a igualdade real entre os participes da relação de consumo. O inciso
comentado amolda-se perfeitamente ao princípio constitucional da isonomia, na medida em que trata
desigualmente os desiguais, desigualdade essa reconhecida pela própria Lei (Código de Processo Civil Comentado,
Nelson Nery Júnior et al, Ed. Revista dos Tribunais, 4 a ed.1999, pág. 1805, nota 13). (Grifo nosso).

Diante dos fundamentos expostos, é indubitá vel que o Acionante faz jus à inversã o do ô nus
probató rio.

D - DOS DANOS MORAIS


Situaçõ es desta espécie sã o demasiadamente complexas, posto que, é difícil provar a
angú stia e a frustraçã o experimentadas que possam perturbar o bem-estar do consumidor.
Nesta senda, a doutrina e a jurisprudência já consolidaram o entendimento de que o dano
moral é desdobramento da pró pria conduta ofensiva.
Assim sendo, basta em regra, a constataçã o do fato danoso suficientemente capaz de causar
consternaçã o ao homem médio, para estar corroborada a agressã o moral.
À empresa fornecedora de produtos esportivos incumbe proporcionar ao consumidor,
parte frá gil e vulnerá vel da relaçã o contratual, fornecimento do serviço adequado conforme
previamente acordado. Nesta esteira, é absolutamente inaceitá vel a negligência, o descaso,
o desrespeito com o consumidor que, até hoje, nã o teve a contraprestaçã o do valor que foi
pago pelo produto.
Nesse contexto, o Poder Judiciá rio tem rechaçado a falta de respeito, existente na conduta
daquele que causa injusta indignaçã o ao lesado, atenuando o dano sofrido e primando pela
ponderaçã o entre o fato danoso e o dano suportado pela parte hipossuficiente, ou seja, o
consumidor.
Nesse ínterim, como nã o existem valores fixos, muito menos planilhas pré-estabelecidas
para o arbitramento do dano moral, cabe ao juiz, analisando cada caso concreto,
respeitando os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, valendo-se de seu bom
senso, fixar o valor indenizató rio do dano moral, tendo como prisma a gravidade do dano
sofrido, a natureza do dano, a repercussã o da ofensa, o grau de culpa, assim como a
situaçã o econô mica-financeira do ofensor .
O dano moral é aquele que lesiona a esfera personalíssima da pessoa, violando a
intimidade, vida privada, honra e imagem, bens jurídicos tutelados constitucionalmente de
forma ilimitada.
Nesta esteira, a moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo de diversos diplomas
legais a proteçã o devida, inclusive, amparada pela Constituiçã o Federal de 1988, nos teos
do atigo 5º, iiso V: asseguado o dieito de esposta, popoioal ao agavo, além da indenizaçã o
por dano material, moral ou à imagem.
Nesta senda, a Constituiçã o Federal em seu inciso x diz:
Art. 5º, Inciso X: são ivioláveis a itiidade, a vida pivada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito de
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua avaliação.

O Có digo Civil no artigo 927, estabelece o presente procedimento legal específico para
ressarcir aos lesados, indenizando-os a título de dano:
At. 927: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.

No que concerne aos atos ilícitos o Có digo Civil dispõ e:


Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Nesse contexto, conforme ensinamentos do respeitá vel Superior Tribunal de Justiça, a
fixaçã o da indenizaçã o deve ser de forma moderada nã o concorrendo para o
enriquecimento indevido da vítima, bem como observar o porte econô mico do causador do
dano.
Conforme estabelece o Có digo de Defesa do Consumidor, nos termos do artigo 6º, inciso VI,
é direito elementar do consumidor a reparaçã o efetiva dos danos sofridos.
Devem ser observadas as consequências que recaíram sobre a parte Autora, quais sejam, a
frustraçã o, humilhaçã o e o estresse sofridos com tentativas de resolver tal celeuma,
contudo, sem sucesso.
Nesta conjectura, a responsabilidade da Ré é objetiva com fulcro no artigo 14 do Có digo de
Defesa do Consumidor , nã o sendo neste caso a responsabilidade subjetiva. Nesta esteira, a
Promovida deve preservar a confiança do consumidor, buscando sempre prestar um
serviço invejá vel, que, por sua vez infelizmente nã o ocorreu.
Vejamos a jurisprudência pá tria acerca de casos semelhantes:
TJ-SP - Apelaçã o APL 00052582120108260590 SP 0005258- 21.2010.8.26.0590 (TJ-SP)
Data de publicação: 19/06/2013
Ementa: APELAÇÃO. CONSUMIDOR. FORNECIMENTO DE PRODUTO. NÃO ENTREGA DE MERCADORIA ADQUIRIDA
EM SITE DE COMPRA PELA INTERNET. DIFICULDADE NA LOCALIZAÇÃO DO ENDEREÇO DA CONSUMIDORA E FALHA
OPERACIONAL DA EMPRESA DE TRANSPORTE. CULPA EXCLUSIVA DE TERCEIRO. ALEGAÇÃO AFASTADA POR FALTA
DE PROVAS. CULPA OBJETIVA DO COMERCIANTE. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 12 E 13 DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR.
RECURSO IMPROVIDO. É do comerciante o ônus de provar a ocorrência das excludentes de responsabilidade
prevista no § 3º, III , do art. 12 do CDC . No caso, como a apelante não forneceu nenhum elemento probatório
capaz de excluir o dever de indenizar, a não entrega do produto adquirido pela consumidora deve ser reparada
integralmente pelo agente que deu causa ao evento ilícito. APELAÇÃO. CONSUMIDOR. FORNECIMENTO DE
PRODUTO. NÃO ENTREGA DE MERCADORIA COMPRADA EM SITE DE COMPRAS PELA INTERNET. DANO MORAL
TIPIFICADO. ARBITRAMENTO CORRETO QUE SE AJUSTOU AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE.
RECURSO IMPROVIDO. 1.- O dano moral está tipificado, não havendo dúvidas sobre a violação da justa expectativa
da consumidora de receber o produto conforme as disposições do site de compras da ré. O inadimplemento da
obrigação de entregar o produto e toda a má prestação de serviços geraram verdadeira intranquilidade, desgaste
emocional e frustração na consumidora, pois portadora de doença gravíssima, ela adquiriu o produto Home
Theater Karaokê como importante entretenimento a ser curtido em sua casa junto com seus familiares nos raros
momentos em que não estivesse internada. Lutou e insistiu perante o SAC para a solução do problema, mas nada
conseguiu. 2.- O valor arbitrado mostrou- se proporcional e razoável para atingir sua finalidade indenizatória:
prevenir condutas futuras, punir o responsável do ato lesivo e ressarcir a vítima, sempre atentando-se às
condições sociais e financeiras das partes para que não importe em enriquecimento sem causa.

Diante do exposto, requer indenizaçã o no valor de a título de danos morais.

E - DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
Visto, na hipó tese, que foram apresentadas provas documentais que demonstram
inequivocamente os fatos e as alegaçõ es, caracterizando-se assim a relevâ ncia do
fundamento da demanda, e diante da demonstraçã o de que a empresa Ré age
temerariamente em desrespeito a suas obrigaçõ es, de modo a levantar fundadas suspeitas
contra a eficá cia de uma tutela desacompanhada de medidas persuasivas, o Autor pleiteia a
este MM. Juízo que seja determinado em cará ter liminar a entrega do produto, sob pena de
multa diá ria, antes mesmo da citaçã o da empresa Ré.
Em outros termos, a nã o prestaçã o jurisdicional em cará ter liminar esvaziaria o objeto
desta açã o, uma vez que a tutela pretendida consiste, justamente, em determinaçã o judicial
que imponha o cumprimento da obrigaçã o de entregar o produto adquirido com
celeridade.
Trata-se, portanto, de hipó tese em que é clara a incidência do artigo 84, § 3º, do Có digo do
Consumidor. A nã o concessã o da tutela antecipada implicaria na ineficá cia do provimento
final, eis que, julgada em definitivo a açã o, apó s o trâ mite processual regular, a prá tica
abusiva de atraso na entrega já teria se consumado, como vem se consumando há meses.
É inadmissível que, apó s 6 meses (seis) meses da compra, e sendo o produto anunciado o
evio iediato, o eso ã o seja etegue. Nota-se que hoje o site anuncia a venda do mesmo
produto, com entrega no prazo de 07 dias ú teis.
Deve-se apontar, ainda, V. Exa., que eventual aplicaçã o de multa em cará ter antecipató rio
da tutela, nã o configuraria risco de dano irreversível à Ré, uma vez que a multa poderia ser
posteriormente revogada, se assim entendesse esse MM. Juízo.
Consigna ainda que, dado o grande porte da empresa, bem como seu histó rico de
indiferença à ordem jurídica e aos contratos com terceiros, qualquer multa diá ria com valor
irrisó ria pode-se mostrar infrutífera, pelo que se requer seja arbitrado valor nã o excessivo,
mas suficiente para contribuir com o rá pido adimplemento da obrigaçã o.

F - DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE


O autor requer o julgamento antecipado da lide nos termos do art. 355, do CPC, tendo em
vista que as provas apresentadas sã o suficientes para a demonstraçã o do pleito em
questã o, sendo que se encontram juntadas todas as fotos, notas, prints e protocolos desde a
compra dos produtos até o ajuizamento da presente açã o.
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas
IV. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer de Vossa Excelência:


a) A concessã o do benefício da Assistência Judiciá ria Gratuita, com base na Lei nº
1.060/50 e posteriores alteraçõ es, e artigo 5º, inciso LXXIV da Constituiçã o Federal de
1988; em razã o do Autor tratar-se de pessoa hipossuficiente, nã o tendo meios de custear as
despesas processuais sem prejuízo do sustento pró prio ou de sua família;
b) Conceder, a inversã o do ô nus da prova em benefício do autor, face à
verossimilhança de suas alegaçõ es e de sua situaçã o de hipossuficiência na relaçã o de
consumo travada com fundamento no art. 6º, inc. VIII do CDC;
c) Inicialmente, a concessã o de medida liminar inaudita altera pars para que seja
determinado o cumprimento forçado do contrato, pela Ré, sob pena de multa diá ria a ser
arbitrada por este juízo em valor nã o irrisó rio;
d) Determinar a citaçã o da Acionada para conhecimento dos termos desta inicial, para
que ofereça a defesa que tiver, sob pena de aplicaçã o dos efeitos da revelia;
e) SEJA JULGADA INTEIRAMENTE PROCEDENTE A PRESENTE AÇÃ O condenando a Ré
de cunho atenuató rio/punitivo pelos danos morais causados ao autor no pagamento a
título de indenizaçã o por danos morais no valor justo e razoá vel de , tudo com juros de
mora, correçã o monetá ria, nos termos dos art. 5º, inc. V da CF/88 C/C art. 186 e art. 927 do
e art. 6º, inc. VI da lei. 8.078/90.
f) Que seja a empresa acionada compelida a proceder a entrega do bem já pago no
valor de , uma Bicicleta Stark - Aro 29 - Alumínio - Freio a disco - Câ mbio Shimano - 24.
g) O julgamento antecipado da lide nos termos do art. 355 do CPC.
h) Requer a produçã o de todas as provas admitidas neste procedimento, com fulcro
no artigo 32 da Lei 9099/95;
i) A condenaçã o da Requerida nas custas processuais e honorá rios advocatícios, no
percentual de 20% (vinte por cento) do valor total da condenaçã o, caso haja recurso apó s
prolaçã o de procedência e este nã o seja provido;
Atribui-se à causa, o valor de .
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Amparo/SP, 03 de junho de 2020.

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