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I - PRELIMINARMENTE
Em sede preliminar, requer sejam concedidos ao autor os benefícios da assistência
judiciá ria gratuita integral, nos termos dos artigos 98 e 99 do Novo Có digo de Processo
Civil, por se tratar de pessoa de parcos recursos financeiros, desta forma, completamente
incapaz de arcar com as despesas judiciais (custas e honorá rios advocatícios), sem prejuízo
da pró pria subsistência e da família, o que, expressamente, declara para os fins pertinentes.
III - DO DIREITO
A - DA OBRIGAÇÃO DE FAZER
Em seu artigo 35, o CDC estabelece:
Se o foeedo de podutos ou seviços eusa upieto ofeta, apesetaçã o ou publicidade, o
consumidor poderá , alternativamente e à sua livre escolha:
I-Exigir o cumprimento forçado da obrigaçã o, nos termos da oferta, apresentaçã o ou
puliidade.
Trata-se, em verdade, de espécie de princípio pacta sunt servanda qualificado, eis que
tutela uma das partes da relaçã o consumerista. Essa qualificaçã o é, aliá s, forte expressã o da
distinçã o compreendida pelo legislador entre os contratos entre particulares numa relaçã o
obrigacional equilibrada, e aquela entre empresa e consumidor - que é parte
hipossuficiente.
Assim, evidente também a escolha legislativa pela intolerâ ncia ao descumprimento do
pactuado, especificamente, dentre outras formas de inadimplemento, no que diz respeito
ao prazo de entrega do produto ou realizaçã o do serviço:
At. . É vedado ao foeedo de podutos ou seviços, dete outas patias ausivas: XII - deixar de
estipular prazo para o cumprimento de sua obrigaçã o ou deixar a fixaçã o de seu teo iiial a
seu exlusivo itéio.
Ora, V. Exa., antes mesmo de expirar os vá rios prazos - que já havia prorrogado para datas
posteriores, ficou consignado em contato via atendimento ao cliente, que nã o se sabia ao
certo se a data de entrega seria cumprida. Ou seja, ao suspender a certeza da informaçã o de
que o produto chegaria no dia combinado sem que fosse estabelecido um novo termo, a Ré
incorreu na pratica abusiva descrita no art. 39, inciso XII do CDC.
Isto demonstra, V. Exa., a indiferença da Ré em relaçã o à s obrigaçõ es que assume , cujo
inadimplemento provoca situaçõ es das mais desconfortá veis para suas vítimas. Nem a
formaçã o de uma extensa lista de reclamaçõ es (muito além de cinco mil nos ú ltimos doze
meses), e nem mesmo as cem açõ es ajuizadas, tem alterado o comportamento da empresa,
que continua a descumprir seus contratos e obrigaçõ es perante os consumidores.
Cuida-se, verdadeiramente, de má -fé da GIGANTESCA NETSHOES, eis que a reiterada pá tia
de veda se upieto do pazo ã o , evideteete, eo ipevisto logístio. É vedadeio odo de opeaçã o e
ue sã o aptados eusos dos aduietes e, com o emprego de rendimentos financeiros, que a
empresa obtém com investimentos diversos, na produçã o.
Por esta razã o, o Autor teme que eventual tutela desprovida de imposiçã o de multa diá ria
se faça inó cua, eis que a Ré demonstrou extensamente sua obstinaçã o em inadimplir suas
obrigaçõ es, sem demonstrar qualquer receio face à s consequências.
Também, V. Exa., se faz necessá ria a condenaçã o da Ré ao pagamento de indenizaçã o por
danos morais, sem prejuízo da multa (art. 84, § 3º, CDC), como forma de ressarcimento pelo
constrangimento a que tem submetido o Autor, e também como meio pedagó gico de
persuadi-la a deixar seus métodos eivados de má -fé, incompatíveis com o que prescreve o
legislador brasileiro.
Nesse sentido, convém transcrever o fundamento jurídico que sustenta tal pretensã o
autoral:
At. . Na açã o ue teha po ojeto o upieto da oigaçã o de faze ou ã o fazer, o juiz concederá a
tutela especifica da obrigaçã o ou determinará providencias que assegurem o resultado
prá tico equivalente ao do adimplemento.
§ 1º A conversã o da obrigaçã o em perdas e danos somente será admissível se por elas
optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtençã o do resultado prá tico
correspondente.
§ 2º A indenizaçã o por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art. 287, do Có digo de
Processo Civil).
§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficá cia
do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou apó s justificaçã o
prévia, citado o réu.
§ 4º O juiz poderá , na hipó tese do § 3º ou na sentença, impor multa diá ria ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigaçã o,
fixado pazo azovel paa o upieto do peeito.
B - DA RELAÇÃO DE CONSUMO
Inegavelmente a relaçã o havida entre os litigantes é de consumo, ensejando, portanto, a
aplicaçã o das normas consumeristas ao caso em tela.
Como exposto, o prazo para entrega dos bens adquiridos pelo Autor nã o foi respeitado pela
Acionada, ainda que tenha o Autor cumprido com a obrigaçã o de pagar o preço, o que por
sua vez, lhe gerou prejuízos de ordem moral.
O Có digo de Defesa do Consumidor estabelece, no seu art. 6º que:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e
serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de
escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de
quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem;
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como
contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão
de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências;
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com
deficiência, observado o disposto em regulamento
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de
comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer
veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Ora, ao deixar de cumprir o prazo assinalado para entrega do bem, ultrapassando-o sem
qualquer justificativa implicou em ofensa aos termos da Lei Consumerista, causando ao
Autor prejuízos de ordem moral motivo pelo qual deve ser condenada a acionada em
indenizar o Autor pelos danos morais e materiais causados.
Diante dos fundamentos expostos, é indubitá vel que o Acionante faz jus à inversã o do ô nus
probató rio.
O Có digo Civil no artigo 927, estabelece o presente procedimento legal específico para
ressarcir aos lesados, indenizando-os a título de dano:
At. 927: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
E - DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
Visto, na hipó tese, que foram apresentadas provas documentais que demonstram
inequivocamente os fatos e as alegaçõ es, caracterizando-se assim a relevâ ncia do
fundamento da demanda, e diante da demonstraçã o de que a empresa Ré age
temerariamente em desrespeito a suas obrigaçõ es, de modo a levantar fundadas suspeitas
contra a eficá cia de uma tutela desacompanhada de medidas persuasivas, o Autor pleiteia a
este MM. Juízo que seja determinado em cará ter liminar a entrega do produto, sob pena de
multa diá ria, antes mesmo da citaçã o da empresa Ré.
Em outros termos, a nã o prestaçã o jurisdicional em cará ter liminar esvaziaria o objeto
desta açã o, uma vez que a tutela pretendida consiste, justamente, em determinaçã o judicial
que imponha o cumprimento da obrigaçã o de entregar o produto adquirido com
celeridade.
Trata-se, portanto, de hipó tese em que é clara a incidência do artigo 84, § 3º, do Có digo do
Consumidor. A nã o concessã o da tutela antecipada implicaria na ineficá cia do provimento
final, eis que, julgada em definitivo a açã o, apó s o trâ mite processual regular, a prá tica
abusiva de atraso na entrega já teria se consumado, como vem se consumando há meses.
É inadmissível que, apó s 6 meses (seis) meses da compra, e sendo o produto anunciado o
evio iediato, o eso ã o seja etegue. Nota-se que hoje o site anuncia a venda do mesmo
produto, com entrega no prazo de 07 dias ú teis.
Deve-se apontar, ainda, V. Exa., que eventual aplicaçã o de multa em cará ter antecipató rio
da tutela, nã o configuraria risco de dano irreversível à Ré, uma vez que a multa poderia ser
posteriormente revogada, se assim entendesse esse MM. Juízo.
Consigna ainda que, dado o grande porte da empresa, bem como seu histó rico de
indiferença à ordem jurídica e aos contratos com terceiros, qualquer multa diá ria com valor
irrisó ria pode-se mostrar infrutífera, pelo que se requer seja arbitrado valor nã o excessivo,
mas suficiente para contribuir com o rá pido adimplemento da obrigaçã o.