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AO JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE

PARTE AUTORA, ______________________, vem, respeitosamente, perante este juízo, por


intermédio de seu advogado adiante assinado (procuraçã o anexa), com base nos
dispositivos legais, PROPOR a presente:
AÇÃO DE OBRIGAÇAO DE FAZER PARA CUMPRIMENTO FORÇADO DA OFERTA
CUMULADA COM PEDIDO DE DANOS MORAIS
Em face de americanas s.a. / CNPJ: 00.776.574/0006-60 / Inscriçã o Estadual: 85.687.08-
5 / Endereço Rua Sacadura Cabral, 102 - Rio de Janeiro, RJ - 20081-902.
I – DOS FATOS:
Trata-se de açã o para cumprimento forçado de oferta veiculada em site da Ré, onde o autor
comprou produto e a empresa de forma unilateral cancelou a compra do autor dias depois
do pagamento ter sido realizado sob o argumento pífio de que houve um imprevisto com o
entregador.
O autor em 07/06/2022 efetuou compra no site da Ré de uma TV 55 Smart 4k Crystal
AU7700 SAMSUNG no valor de R$ 2.699,99 (dois mil e seiscentos e noventa e nove reais e
noventa e nove centavos), pagos via AME DIGITAL.
A aquisiçã o do produto foi condicionada a rá pida entrega prometida pela Ré e devido a
data dos dias dos namorados que se aproximava, qual seja, dia 12/06/2022. Assim, o
produto seria de presente de dia dos namorados.
A compra realizada pelo autor gerou a nota fiscal abaixo:

O pedido e entrega também foi confirmado via e-mail:

Ocorre que em 09/06/2022, a parte Ré cancelou o pedido do autor sem qualquer prévio
aviso:

Sabendo do cancelamento da compra, o autor preocupado com o presente para a data


comemorativa entrou em contato com a parte Ré pra saber o que ocorreu com sua entrega,
e teve uma ingrata surpresa, pois, obteve como resposta que o pedido conformado e que já
fora pago, foi cancelado unilateralmente pois “houve um imprevisto com o entregador”:
Ocorre que, tal argumento nã o merece prosperar, tendo em vista que no endereço de
entrega do autor é de fá cil localizaçã o, tanto é que a pró pria Ré já efetuou entrega de
produtos no mesmo endereço, como podemos notar pelas imagens abaixo:
Nã o se conformando com tal justificativa para o cancelamento da compra, o autor entã o
entrou em contato com a Ré pelo canal oficial do WhatsApp e obteve a mesma resposta
como faz prova os prints da conversa que seguem anexados aos autos:

Em atendimento, o autor manifestou interesse em adquirir o produto, porém, precisava


refazer a compra pelo site.
Ocorre que, a referida TV nã o constava mais no estoque da empresa Ré, estando disponível
apenas outros aparelhos de valores mais elevados para as mesmas configuraçõ es, o que
impossibilitou o autor de adquirir o produto.
Por todo o transtorno, a parte Ré ainda tentou oferecer ao autor um vale no valor de R$
250,00 (duzentos e cinquenta reais) para que este utilizasse na compra de outro aparelho
de TV:

Ocorre que, tal valor do vale nã o viabilizou a aquisiçã o de outro produto já que a empresa
Ré nã o possuía nenhum aparelho com as mesmas configuraçõ es na mesma faixa de preço.

II DO DIREITO:
É consabido que o art. 30 do CDC estabelece que “toda informaçã o ou publicidade,
suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicaçã o com
relaçã o a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer
veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado”.
Portanto, a publicidade, no sistema de consumo, vincula quem a fizer veicular, integrando o
contrato que vier a ser celebrado. Neste ponto, temos como comprovada a oferta pela
requerida e aquisiçã o, pela autora, do produto.
Além disso, é de notó rio conhecimento que promoçõ es realizadas pela Ré em canais
oficiais, mídias sociais, atraem muitos consumidores dispostos a efetuarem compras.
Logo, no caso dos autos nã o há como presumir má -fé da parte consumidora, preço vil ou
erro de fá cil constataçã o, posto que com o valor de R$ 2.699,99 (dois mil e seiscentos e
noventa e nove reais e noventa e nove centavos) é plenamente possível adquirir uma TV
com as configuraçõ es pretendidas vide pesquisa realizada em site de busca:
https://www.zoom.com.br/tv/smart-tv-led-55-samsung-crystal-4k-hdr-55au7700?
og=18000&gclid=Cj0KCQjwxIOXBhCrARIsAL1QFCZTLUuTC_5M-
vA1mQVP00mMccQy25xLEqXNC-1gfb-lkU39qDgQs9caAhwYEALw_wcB
Assim, mesmo que a parte requerida tenha disponibilizado posteriormente cupom de
desconto para que a autora pudesse comprar novamente o produto, a oferta inicial vincula
a requerida, fazendo parte do contrato.

III - DA NECESSIDADE DO CUMPRIMENTO FORÇADO DA OFERTA:


As provas dos autos sã o claras e inquestioná veis ao demonstrar que a oferta
disponibilizada no site administrado pela aquisiçã o de um aparelho de TV.
Também nã o é possível contestar que o pagamento foi realizado em 07/06/2022:

Os fatos que geraram a demanda reforçam as alegaçõ es do autor, pois nã o temos na


situaçã o, o fato do esgotamento do produto ou do desrespeito à s regras contidas nos
termos e condiçõ es da promoçã o.
A compra foi cancelada unilateralmente devido ao fato: “houve um imprevisto com o
entregador”:

A tutela jurisdicional deve agir in casu, a fim de trazer a legalidade à situaçã o e forçar que a
ré cumpra o que prometeu e honrar seus compromissos, posto que o entregador é preposto
da pró pria empresa, nã o podendo o consumidor estar vinculado e condicionado as normas
da empresa.
A Ré atribui ao consumidor o ô nus do negó cio e logística de entrega, um absurdo!
Simplificando, o autor cumpriu sua obrigaçã o para receber a oferta, e a ré chegou recebeu o
valor e emitiu nota fiscal para cumprir a obrigaçã o a qual se comprometeu. Por isso, nos
ditames do artigo 332 do Có digo civil, o autor cumpriu a condiçã o do pagamento e, devido à
forma da compra, a ré teve ciência inequívoca de sua obrigaçã o de entregar o prometido,
tanto que enviou mensagem eletrô nica confirmando a compra e a data em que se realizou.
Em específico, o Có digo de defesa do consumidor, baseado da regra do adimplemento das
obrigaçõ es, impõ e na relaçã o de consumo, o dever de cumprir a oferta que seja veiculada
de forma clara e precisa, caso dos autos.
O teor da norma é claro:
"CDC - Art. 30. Toda informaçã o ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por
qualquer forma ou meio de comunicaçã o com relaçã o a produtos e serviços oferecidos ou
apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o
contrato que vier a ser celebrado."
Em complemento, temos o artigo 35 do Có digo de defesa do consumidor, que preconiza:
"Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta,
apresentaçã o ou publicidade, o consumidor poderá , alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigaçã o, nos termos da oferta, apresentaçã o ou
publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestaçã o de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituiçã o de quantia eventualmente antecipada,
monetariamente atualizada, e a perdas e danos."
As provas dos autos sã o claras e demonstram que houve a oferta, o autor cumpriu suas
condiçõ es, efetuando o respectivo pagamento na data estipulada e por isso a situaçã o atrai
irresistivelmente a aplicaçã o do dever de cumprir a oferta, em relaçã o à ré, o que se extrai
da interpretaçã o do artigo 30 do CDC acima transcrito.
O senso moral impõ e que a "palavra" dita seja cumprida, e a jurisprudência nã o destoa, o
que analogicamente podemos verificar nos julgados abaixo:
"Bem mó vel - Veículo 0 KM - Oferta de venda em sítio eletrô nico de Associaçã o de Classe -
Proposta formalizada pelo associado com impressã o de"voucher"- Clube de compras -
Venda direta promocional da concessioná ria - Açã o de obrigaçã o de fazer cumulada com
pedido de indenizaçã o por danos morais - Relaçã o de consumo - Incidência das regras do
CDC - Documentos juntados que demonstram a oferta, o preço, as condiçõ es e aceitaçã o -
Tratativas iniciadas e que somente nã o foram concretizadas por falta de disponibilidade do
veículo importado - Oferta da concessioná ria que vincula a fabricante/importadora do bem
- Responsabilidade solidá ria assegurada pelo Có digo de Defesa do Consumidor - Obrigaçã o
de fazer acolhida - Sentença confirmada. - Recurso DESPROVIDO. (TJSP; Apelaçã o
1007816-43.2015.8.26.0114; Relator (a): Edgard Rosa; Ó rgã o Julgador: 25ª Câ mara de
Direito Privado; Foro de Campinas - 6ª Vara Cível; Data do Julgamento: 05/10/2017; Data
de Registro: 30/11/2017)"
"RECURSO INOMINADO. AÇÃ O DE OBRIGAÇÃ O DE FAZER C/C INDENIZAÇÃ O POR DANOS
MORAIS. COMPRA PELA ANÚ NCIO INTERNET DE PRODUTOS COM DESCONTO. RÉ QUE SE
NEGOU A ENTREGAR OS PRODUTOS. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊ NCIA.
CONDENAÇÃ O DA RÉ À OBRIGAÇÃ O DE FAZER CONSISTENTE NA ENTREGA DOS
PRODUTOS ADQUIRIDOS. INSURGÊ NCIA RECURSAL DO AUTOR. RELAÇÃ O DE CONSUMO.
INVERSÃ O DO Ô NUS PROBATÓ RIO. RECUSA AO CUMPRIMENTO DA OFERTA ANUNCIADA.
CUMPRIMENTO FORÇADO NOS TERMOS DA OFERTA. VINCULAÇÃ O DA PROPOSTA.
APLICAÇÃ O DOS ARTS. 30 E 35 DO CDC. OBRIGAÇÃ O DO FORNECEDOR EM CUMPRÍ-LA.
PLEITO DE CONDENAÇÃ O DA RÉ PELOS DANOS MORAIS CAUSADOS. POSSIBILIDADE.
FRUSTRAÇÃ O DO CONSUMIDOR QUE ULTRAPASSA A ESFERA DO MERO
ABORRECIMENTO. VALOR QUE DEVE SER ARBITRADO EM CONSONÂ NCIA COM O
ENTENDIMENTO DESTA TURMA RECURSAL. SENTENÇA REFORMADA. Recurso conhecido
e provido. 1.O descumprimento da oferta anunciada pela fornecedora evidencia o
desrespeito e descaso com que o consumidor, devendo ser indenizado pelos danos morais
suportados, pois este criou uma justa expectativa de possuir e usufruir de produtos em
promoçã o, restando-se frustrada tal expectativa. Tal fato extrapola os limites da
anormalidade e do mero aborrecimento cotidianos do consumidor, conforme já se
entendeu e se pacificou o entendimento nesta Corte, senã o vejamos: , esta 1ª Turma
Recursal resolve, por unanimidade dos votos, em relaçã o ao recurso de Ernan Rodrigues
Vieira, julgar pelo (a) Com Resoluçã o do Mérito - Provimento nos exatos termos do vot
(TJPR - 1ª Turma Recursal - 0027956-82.2015.8.16.0021/0 - Cascavel - Rel.: Leo Henrique
Furtado Araú jo - - J. 20.02.2017) (TJ-PR - RI: 002795682201581600210 PR 0027956-
82.2015.8.16.0021/0 (Acó rdã o), Relator: Leo Henrique Furtado Araú jo, Data de
Julgamento: 20/02/2017, 1ª Turma Recursal, Data de Publicaçã o: 01/03/2017)"
É possível entender agora, que diante das provas apresentadas, da conduta da ré e da
legislaçã o aplicá vel, nã o resta alternativa ao autor, senã o requerer, como ao final o faz, a
total procedência da açã o, para compelir a ré a fornecer o aparelho de TV prometido na
oferta ora apresentada, conforme sua vontade e a opçã o que lhe permite o caput do artigo
35 do CDC e seu inciso I.
Caso a ré nã o cumpra a condenaçã o, que seja a obrigaçã o convertida em perda e danos,
conforme previsã o do artigo 35 inciso I, do Có digo de defesa do consumidor.

IV - DA PRÁTICA ABUSIVA:
Certamente, nã o podemos classificar a conduta da ré, como das melhores, eticamente
falando.
O artigo 39 do Có digo de defesa do consumidor, que traz rol exemplificativo veda prá ticas
abusivas, que podem ser assim entendidas, principalmente, aquelas que ferem a lei,
vejamos o teor da vedaçã o:
"Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras prá ticas abusivas:
[...]"
É abusiva a situaçã o ora narrada, onde por um erro e/ou uma falha com o entregador, fato
ocorrido por culpa exclusiva da ré, causa dano, prejuízo e constrangimento, além do fato
que a situaçã o pode configurar crime de falsidade ideoló gica, ao fazer constar informaçã o
sabidamente falsa, posto que o autor sempre recebe encomendas no mencionado endereço,
inclusive da pró pria empresa Ré.
Fato é que da forma que se configuraram os fatos, houve um comportamento abusivo da ré,
que nã o quer assumir seus erros e ignora uma das premissas para que seu silogismo
negativo seja possível e, de fato, demonstra que nã o quer cumprir sua palavra!
Atitudes de tal natureza, onde se nega o ó bvio e se finge nã o conhecer fatos conhecidos, sã o
sim abusivas e devem ser coibidas, na forma da legislaçã o vigente.
Por isso a ré deve cumprir sua palavra, a fim de eliminar a situaçã o que desde o
descumprimento da oferta, é ilícita, ilegal, abusiva e constrangedora, razã o pela qual o
cumprimento forçado da oferta é de rigor!

DO DANO MORAL:
Vá rios sã o os motivos que elevam a situaçã o a um dissabor severo, que impõ e que seja
compensado, na forma da lei.
Em primeiro lugar temos que a ré negou o cumprimento de uma oferta com base em um
erro da sua pró pria logística interna, isso demonstra que a oferta teria que ser cumprida.
Em segundo, causou o constrangimento do autor ter que reclamar por diversas vezes por
via do SAC da ré e fez com que perdesse tempo, o que nã o surtiu efeito, pois manteve-se a
mesma resposta dissimulada, que a compra nã o ocorreu na vigência da promoçã o.
Em terceiro, a situaçã o causou prejuízo financeiro, pois induziu o autor a comprar o
produto para o dia dos namorados.
Assim, temos que se trata de uma situaçã o abusiva, na relaçã o de consumo, o que é vedado
por lei.
O descumprimento de uma oferta é ato ilícito, o que presume que a situaçã o gera danos,
inclusive morais, mas também é imperioso observar, que fora da presunçã o legal a situaçã o
também foi lesiva o bastante para o reconhecimento da obrigaçã o da ré em indenizar o
autor, pelo abalo causado em seu estado de espírito.
A conduta da ré, ao negar a verdade para se furtar ao cumprimento da oferta, vai em
sentido contrá rio a tudo que se entende por ético e aceitá vel em uma relaçã o de consumo.
A ré ainda obriga o autor a ter que contratar advogado e buscar o auxílio da tutela
jurisdicional, o que demanda tempo e dinheiro.
Enfim, nã o é aceitá vel que tamanho desrespeito em uma relaçã o de consumo seja
considerado como uma situaçã o normal do cotidiano.
Aqui a situaçã o se inicia com a quebra de uma promessa e termina na humilhaçã o e
prejuízo financeiro, nã o se tratando, nem de longe, de mero aborrecimento, o que pode ser
compreendido com a aplicaçã o de um processo de empatia com o autor, onde se colocando
em seu lugar em relaçã o aos fatos ora narrados, pode-se ter uma forte noçã o do
constrangimento vivido.
A jurisprudência, como nã o poderia deixar de ser, considera o descumprimento intencional
da oferta como fato causador de dano moral, vejamos os exemplos abaixo:
"DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃ O. INADIMPLEMENTO
CONTRATUAL. A OFERTA VINCULA O FORNENCEDOR. ART. 30 DO CDC. INEXISTÊ NCIA DE
PROVAS. O CONSUMIDOR PODE EXIGIR O CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃ O NOS TERMOS
DA OFERTA. ART. 35, I, DO CDC. RECALCITRÂ NCIA INJUSTIFICADA DO FORNECEDOR.
CONDUTA QUE EXTRAPOLA O INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. DANOS MORAIS
INDENIZÁ VEIS. MANUTENÇÃ O DA CIFRA. CORREÇÃ O MONTERÁ RIA A PARTIR DO
ARBITRAMENTO. SÚ MULA 362 STJ. PROVIMENTO PARCIAL DO APELO. Nas palavras do
Desembargador Rizzato Nunes1: oferta é um veículo, que transmite uma mensagem, que
inclui informaçã o e publicidade. O fornecedor é o emissor da mensagem e o consumidor é
seu receptor."Apó s a vigência do Có digo de Defesa do Consumidor, a oferta vincula o
fornecedor de produtos e serviços, que restará obrigado ao cumprimento do pacto,
inteligência dos art. 30 e 35, I, do CDC. No caso em apreço, como de praxe, a Apelante nã o
produziu as provas capazes de ilidir as alegaçõ es da Apelada, devendo cumprir o pacto no
termos elencados pela consumidora na exordial. O simples inadimplemento contratual nã o
enseja o direito a reparaçã o material. Contudo, a recalcitrâ ncia injustificada em cumprir o
pactuado, impondo condiçõ es desvantajosas ao consumidor, valendo-se de sua posiçã o
privilegiada na relaçã o, transbordam os limites do mero aborrecimento, impondo o
pagamento da indenizaçã o moral. O valor da indenizaçã o que deve proporcionar à vítima
satisfaçã o na justa medida do abalo sofrido, produzindo no agente do ilícito impacto
suficiente para dissuadi-lo de igual procedimento, forçando-o a adotar cautela maior em
situaçõ es como a descrita nestes autos. Adequaçã o do valor arbitrado no 1º Grau
(R$3.000,00 - três mil reais). Nos termos da sú mula 362 do c. STJ, a correçã o monetá ria
incidente na indenizaçã o por danos morais deve fluir a partir do arbitramento e nã o do
ajuizamento da causa, conforme consignado na sentença vergastada. - Recurso
parcialmente provido apenas para deslocar o termo inicial da correçã o monetá ria para a
data do arbitramento. (TJ-PE - APL: 3613116 PE, Relator: Câ ndido José da Fonte Saraiva de
Moraes, Data de Julgamento: 15/04/2015, 2ª Câ mara Cível, Data de Publicaçã o:
22/04/2015)"(grifo do subscritor)
Assim, vemos que a situaçã o invade o preceito e atrai a incidência dos artigos 186 e 927 do
Có digo civil, que determinam o ressarcimento do dano moral, inclusive o causado por ato
ilícito, aplicados subsidiariamente ao direito do consumidor.
Diante da obrigaçã o evidente, a ré deve ser condenada ao pagamento de uma indenizaçã o
que, levando em conta a gravidade do dano à s funçõ es pedagó gica e punitiva do instituto,
tenha um valor que nã o seja suficiente para enriquecer o autor, mas que nã o seja ínfimo a
ponto de nã o atingir a indenizaçã o, sua finalidade legal.
O que ainda deve ser levado em consideraçã o para a definiçã o do valor da indenizaçã o, é o
fato que a ré está no rol das maiores empresas do país, sendo uma empresa que fatura
milhõ es de reais, fato que deve integrar o critério e fixaçã o do valor da indenizaçã o, para
que seja realmente sentido pela requerida.
Dentro desses parâ metros, Vossa Excelência deve arbitrar o quantum necessá rio para que a
indenizaçã o atinja seu fim legal, desde que nã o seja inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais),
valor que entende o autor, como mínimo para que se sinta realmente compensado pelo
sofrimento que passou e passa até hoje e para que a ré dê atençã o ao caso, atingindo-se
assim, as finalidades do instituto.
V - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
O artigo 6º, inciso VIII do CDC prevê a possibilidade da inversã o do ô nus probandi quando
for verossímil a alegaçã o ou quando o autor for hipossuficiente.
Sobre a verossimilhança das alegaçõ es, partimos do pressuposto que nã o haveria como o
autor inventar uma versã o tã o crível, a ponto de indicar datas, documentos e fatos que sã o
congruentes e que possuem nexo de causalidade.
Em relaçã o à hipossuficiência, tal condiçã o para a inversã o do ô nus da prova também está
presente, em vista que o autor é um simples consumidor, enquanto a ré é uma das maiores
empresas de comércio varejista do país, notoriamente rica.
Nã o só isso Exa., mas todas as provas dos fatos encontram-se sob o poder da ré, pois é uma
empresa que está sempre preparada para documentar todos os negó cios jurídicos
realizados com seus clientes, razã o pela qual nã o poderia ser diferente em relaçã o ao autor.
Em razã o desses motivos, é de rigor que o ô nus da prova seja invertido.

VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS
É impossível que apó s o discurso ora apresentado, aliado à s provas que lhe embasam, nã o
seja considerada a obrigaçã o da ré no cumprimento forçado da obrigaçã o de cumprir o que
ofertou.
Diante de tudo que foi apresentado e ante a legislaçã o invocada e aplicá vel, nã o há outro
caminho possível senã o o autor perseguir e esperar que o Estado se imponha, fazendo com
que a ré cumpra a lei e sua pró pria palavra.

VII - DOS PEDIDOS


Face ao exposto requer-se:
a) a citaçã o da empresa ré, para que responda aos termos da presente açã o, contestando-a,
caso queira, no prazo legal, sob pena de revelia e confissã o quanto a matéria de fato;
b) A inversã o do ô nus da prova, com fulcro no artigo 6º, inciso VIII, do Có digo de Defesa do
Consumidor, em vista que se trata o caso, de evidente relaçã o de consumo e claramente
ocorre um gritante desequilíbrio processual atinente à capacidade técnica e financeira de
produçã o de provas sobre os fatos;
c) A total procedência da açã o, para que a ré seja obrigada a cumprir forçadamente a
oferta de disponibilizar para o autor a compra do produto denominado TV 55 Smart 4k
Crystal AU7700 SAMSUNG pelo valor de R$ 2.699,99 (dois mil e seiscentos e noventa e
nove reais e noventa e nove centavos);
d) pagamento de uma indenizaçã o por danos morais a ser arbitrada por Vossa Excelência,
em patamar nã o inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) a fim de que surta seus efeitos
punitivo e pedagó gico, posto que o argumento de que “houve um imprevisto com o
entregador” nã o é suficiente para cancelar a compra e frustrar a expectativa do
consumidor.
e) A condenaçã o da ré no pagamento das custas processuais e honorá rios advocatícios, na
forma da lei;
Por fim, requer o direito de provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, notadamente pelo depoimento pessoal do autor e do representante legal da ré,
oitiva de testemunhas, perícias, vistorias, acareaçõ es e quaisquer outros necessá rios para o
deslinde da questã o.
Nestes termos, pede deferimento.
local e data
advogado
oab/ba

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